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RESUMO
Nesse artigo a discussão é em torno da lógica que fundamenta o processo de globalização,
que nos é colocada como única. Baseado no pensamento de Descartes, discute-se como a
concepção dele de ciência e conhecimento, contribuiu para a formação do mundo que
vivemos no século XXI. Como a racionalidade, considerada como base do método
científico, constituída como idealista, está a serviço da sociedade e dos interesses do
Capital. Mostramos com o método materialista histórico dialético, em contraposição,
procura compreender o homem a partir da realidade material e concreta. Foge de uma
noção ideológica de ciência neutra e sem interesses. O pensador Augusto Comte, um
discípulo tardio de Descartes, é apresentado e problematizado, também a partir do
idealismo, por considerar conhecimento apenas o positivo e científico. A globalização
assim é entendida de forma muito ampla, não apenas como um processo de circulação
global de mercadorias e trabalho, mas como lógica essencial do capitalismo moderno.
Nesse sentido, que sua relação com a ciência é problematizada.
Palavras-chave: Globalização. Cartesianismo. Materialismo. Modernidade.
ABSTRACT
In this article the discussion is around the logic that underpins the process of globalization,
which is placed as the only. Based on the thought of Descartes, discusses how his
conception of science and knowledge contributed to the formation of the world that we live
in the XXI century. How the rationality, considered as the basis of the scientific method,
constituted as idealistic, is at the service of society and the interests of Capital. We show
how the historical dialectical materialist method, in contrast, tries to understand the man
from the material and concrete reality. Escapes from an ideological notion of neutral
science and without interests. The thinker Auguste Comte, a late disciple of Descartes, is
presented and problematized also from idealism, by considering only the positive and
scientific like knowledge. So globalization is understood a very broadly way, not just as a
process of global movement of goods and labor, but as essential logic of modern capitalism.
In this sense, his relation with science is problematic.
Keywords: Globalization. Cartesianism. Materialism. Modernity.
1
Jornalista, Historiador e Mestre em História pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
Professor no curso de jornalismo na Universidade Estadual do Estado de Mato-Grosso (UNEMAT) e no curso
de pedagogia na Faculdade de Alta Floresta (FAF). Vice-coordenador do Programa de Iniciação Científica da
Faculdade de Alta Floresta (FAF). E-mail: leozil@bol.com.br
2
Jornalista, Historiadora e Mestre em História pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
Professora no curso de jornalismo na Universidade Estadual do Estado de Mato-Grosso (UNEMAT) e no
curso de pedagogia na Faculdade de Alta Floresta (FAF). Vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisa e
Extensão (NUPE) na Faculdade de Direito de Alta Floresta (FADAF). E-mail: flaviane@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
Quanto menor o globo, maior as desigualdades sociais. Isso é dialético, mas não
seria escrito pelo método de Descartes, uma vez que descreve que as verdades das coisas,
são atingidas pelo raciocínio ordenado, começa pelo mais simples ao mais complexo,
renega a dialética que busca as contradições. O método científico surge do pensamento de
Descartes (1596 – 1650), que queria conhecer a natureza, para isso apresentou então os
procedimentos de indução e dedução, prontos para substituir a religião na explicação do
mundo. Pensamento que influenciou os filósofos modernos.
É exatamente, no nascimento desse pensamento, nos séculos XVI e XVII, que o
mundo começava a viver o início da globalização, com as grandes navegações. Segundo
Magnoli: “O comércio transoceânico representou a forma original de organização de um
espaço globalizado” (1997, p. 09). Essa ideia aceita por Andrade, quando descreve: “A
primeira fase do capitalismo se havia dado durante o chamado capitalismo comercial,
quando os povos europeus fizeram as grandes navegações e iniciaram a conquista dos
demais continentes” (2001, p. 08).
Podemos entender que os escritos, de Descartes, em busca de uma ciência neutra,
capaz de fazer enumerações tão completas e gerais a ponto de não ficar nada a dizer, nesse
período, ajudou a fundamentar essa globalização, que nos é colocada como única. Porque
Descarte dividiu o corpo da alma. “Compreendi que eu era uma substância cuja essência
ou natureza consiste exclusivamente no pensar e que, para ser não precisa de nenhum
lugar nem de nada material” (2000, p. 42).
Portanto, a alma racional não pode de modo algum, para o autor, derivar da
matéria, mas deve ter sido expressamente criada, porque se não os animais e as máquinas
nada se diferiam dos homens. Por isso o retrato da humanidade é um corpo mecânico que
tem uma alma e sobre ele o espírito de Deus guiando-nos e sustendo-nos a todos.
E ainda, porque Descartes fala que as regras da natureza, são as mesmas da
mecânica. “Quando várias coisas tendem a mover-se conjuntamente para um mesmo lado,
onde não há lugar bastante para todas [...], as mais fracas e menos agitadas devem ser
desviadas pelas mais fortes [...]” (2000, p. 55). Essa forma de entender o mundo
juntamente com a fragmentação, ou divisão em partes para depois se entender o todo, são
os grandes pontos de discussão dessa teoria.
Ou seja, partes empregadas até hoje, porque essa lei da mecânica justifica a
desigualdade social, como algo natural, que os homens não podem intervir. Dessa forma,
através de seu método racionalista, deduzimos cada vez mais coisas, que nos levam a crer
que desde o início da globalização, e se ela existe até os dias de hoje, excludente da forma
que é, é porque existe uma lei dita como natural justificando-a.
E na verdade, temos que compreender, mas parar de valer-se dessa explicação da
verdade. Pois ela esconde que pode existir outra globalização, como propõem Milton
Santos. “Uma globalização constituída de baixo para cima, em que a busca de
classificação entre potências deixe de ser uma meta, poderá permitir que preocupações de
ordem social, cultural e moral possam prevalecer” (2000, p.154). Ou seja, um processo
que se constitui a partir da classe trabalhadora.
Comparato então declara: “A humanidade em seu conjunto vem sendo submetida a
um processo fortemente contraditório de unificação de técnica e desagregação social”
(2000, p. 03). E muitas vezes isso não é relatado com ênfase, porque tendemos sempre a
pensar que com o avanço da mecânica, ou no caso a técnica, acontece uma melhora na
qualidade de vida de todos os cidadãos do mundo e isso não é real. Até porque alguns
fragmentos da ciência através da descrição tendem a não interpretar os fatos como eles
são, apenas relatam, deixam muitas dúvidas para serem esclarecidas.
É como denuncia o economista Oliveira: “Como construir a igualdade em um
mundo onde apenas quatro cidadãos norte-americanos (Bill Gates, Larry Ellyson, Paul
Allen e Warren Buffet) ganham o equivalente ao PIB de 42 países, com população
superior a 600 milhões de pessoas?” (2004, p. 01). Isso demonstra como a técnica e o
progresso estão para a melhora da qualidade de vida e a serviço de poucas pessoas.
À medida que vemos, com a informação e com os transportes, o mundo ficar cada
vez menor, percebemos também que esse globo não diminui para todos e somente para
quem tem dinheiro pode utilizar esse “progresso”. “A modernização criou uma
necessidade de bem-estar e aspirações igualitárias, mas não os meios de satisfazê-los”
(CLAVAL, 2001, p. 390). Não basta falarmos e igualdade se na prática ela não existe.
Então essa globalização fundamentada no método no cartesianismo não pode ser
de toda descartada – a ciência - uma vez que nasceu num contexto histórico para justificar
a materialidade da vida nesse período. Pelo rompimento que teve em relação ao passado
medieval acaba por ser uma base do pensamento moderno, serve até mesmo
dialeticamente de tese para a síntese de Hegel. Porém é necessário entender que estamos
em outra fase em que esse modelo precisa ser descartável, para continuarmos com o
desenvolvimento do pensamento e principalmente da prática humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para refletir sobre as ligações entre a ciência, seus métodos com a sociedade de
maneira ampla, partimos da realidade do bairro, ao macro universo da globalização. Isso é
necessário e se torna indispensável à medida que desmascara as noções que sustentam o
conhecimento imparcial e objetivo. Mostrar imbricações milimétricas e gigantescas entre
ciência e os interesses da globalização nos faz refletir que talvez seja necessário
discorrermos, assim como no passado, que outra forma de representação da realidade se
faça necessária.
O materialismo histórico dialético, ao não negar a ciência e seu método, mas apenas
ao colocá-lo como mecanicista, além de uma crítica pertinente, pois mostra que atende a
interesses apenas de grupos. Assim se torna possibilidade de avanço da própria ciência, que
se vê por vezes traída pelos interesses do capital. Ao fim prestamos conta da ciência que
produzimos não só à nossa consciência, sempre fáceis de serem limpas ou limpadas, como
quando pensamos: ninguém faz diferente, por que vou fazer? Mas prestamos conta à
história da humanidade, que precisa avançar e não ser vista como Comte, como encerrada,
no último estágio evolutivo.
Para não produzirmos conhecimentos mortos e descartáveis, precisamos questionar
os métodos científicos atuais. Interrogar o cartesianismo idealista que não relaciona, a
aniquilamento da floresta amazônica e as cartilhas capitalistas de destruição voraz em
beneficio de uns poucos.
Se o racionalismo parte de uma concepção de que o pensamento existe antes, o
materialismo nos ensina a ver e contar os caminhões carregados de madeiras que vemos
passar em frente a nossas casas. Ensina-nos principalmente a aceitar o pensamento e o
argumento de um analfabeto, mas que trabalhou anos na extração ilegal e que pode não
conhecer tanto quanto o pesquisador ao defender indústrias devastadoras da região, mas
não nega a contradição dialética de ser forçado a derrubar, por necessidade, e que ajuda a
destruir.
Do mesmo modo a perspectiva de Comte de querer hierarquizar o conhecimento, ao
dizer que apenas o positivo é científico é válido por que segue uma invariabilidade da
natureza é falso. Pois o humano e histórico do qual somos feitos, não pode seguir o modelo
invariável das ciências físicas. Nossa sociedade não pode ser administrada apenas com base
no mais esplêndido e complexo banco de dados numérico, pois ainda influirá os interesses
econômicos, as lutas e conflitos deles decorrentes, a racionalidade e a irracionalidade
humana para sobreviver.
REFERÊNCIAS
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. São Paulo: Editora Hucitec, 1999.
SANTOS, Milton. Por Uma Outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000.