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JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO
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CONCLUSÃO
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Nesta data, faço estes autos conclusos
a(o) MM. Sr(a). Dr(a). Juiz(a) da(o)
01ª Vara Federal de Itaperuna.
SENTENÇA
(TIPO A)
RELATÓRIO
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construções irregulares ora impugnadas estão albergadas pela Teoria do Fato Fls 53
Consumado.
A municipalidade veio a juízo afirmar que já está tomando medidas eficazes (fls.
455/456), como a edição do Decreto n° 004 de 13/01/2010 (fl. 460) que proíbe
autorização para construção na área determinada pela decisão liminar. Juntou também o
relatório de visita determinado pela decisão liminar (fls. 461/473). Ademais, juntou os
documentos de fls. 474/546.
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A parte ré também juntou os documentos de fls. 573/603. Fls 54
Foi realizada nova inspeção judicial, consoante auto de fls. 617/619. Foi
verificado que o prédio em construção se encontra dentro do limite de 100 metros
apontado na decisão liminar. Foi constatado que a obra era destinada a abrigar a nova
sede do Corpo de Bombeiros.
À fl. 630, a empresa Águas de Santo Antônio S/A, informa que recebeu ofício
do destacamento Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro em Santo
Antônio de Pádua, solicitando ligação de água para nova sede e que foi verificado pela
equipe operacional que o imóvel se encontrava dentro da área delimitada pela decisão
proferida neste processo, pelo que emitiu um Ofício ao destacamento informando a
impossibilidade de cumprir a solicitação.
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À fl. 675, o Estado do Rio de Janeiro comunica a interposição de agravo de Fls 55
instrumento contra a decisão de fls. 622/626.
À fl. 749, foi reiterado ofício à AMPLA para que prestasse as informações
requisitadas pelo Juízo.
FUNDAMENTAÇÃO
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que o Município adote qualquer ação de embargo, interdição ou remoção, renunciando, Fls 56
desse modo, ao poder de polícia que lhe compete.
Com efeito, do conjunto probatório carreado aos autos é possível aferir que, além
de construções antigas, há a presença de várias edificações recentes e em andamento na
faixa de 100 metros, contados do leito do Rio Pomba. (vide informações técnicas de fls.
130/133, autos de inspeção judicial às fls. 398/399 e 617/619, testemunhas ouvidas em
audiência conforme fls. 721/724, bem como as várias fotos acostadas aos autos)
Outrossim, verifica-se que o Código Florestal ( Lei 12.651/2012, art. 4º, I, c que, nesta
parte não inovou a antiga disposição contida na Lei 4.771/65, em vigor à época do
ajuizamento desta ACP) determina que para os rios de 50 a 200 metros de largura é
área de preservação permanente a faixa marginal de 100 metros. Confira-se:
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Neste sentido: Fls 57
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vistoria, sendo certo que para esse estado de coisas contribuiu a conduta omissiva Fls 58
do Município, a quem incumbe, no nível local, a proteção do meio ambiente, com
ações de fiscalização, prevenção e repressão de condutas agressivas ao meio
ambiente (ex vi dos arts. 23, VI, 30, VIII, e 225, da CF/88). Por sua conduta
omissiva, demonstrada nos autos, o Município deve ser reconhecido como
responsável, devendo, portanto, integrar o polo passivo da demanda, juntamente
com o particular construtor. 3. Segundo o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), são
consideradas áreas de preservação permanente as situadas ao longo dos rios, contendo
vegetação típica do local. Ademais, de acordo com referido diploma legal, os
manguezais são tidos como recursos naturais de preservação permanente. 4. Destarte, a
ordem demolitória do imóvel, bem como a imposição de recuperação da área
degradada, mostram-se medidas imprescindíveis, mormente quando a própria autarquia
ambiental, em esforço de harmonização dos direitos à proteção do meio ambiente e à
moradia, pugna pela execução da demolição apenas quando o munícipe tiver sido
recolocado em outro imóvel com condições de garantir habitação digna. 5. Precedentes
desta Primeira Turma em casos análogos (cf. Processos nºs 2003.82.00.005098-1 e
2001.82.00.008097-6). 6. Pelo provimento da remessa oficial e da apelação ( TRF5, 1ª
T., Rel. Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, APELREEX 200482000112735,
DJE - Data::20/04/2012 - Página::59)
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ENCOSTAS DEGRADADAS. CATÁSTROFES. POSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO Fls 59
DO PODER JUDICIÁRIO A TÍTULO EXCEPCIONAL (...)O princípio da
separação dos poderes (CF, art. 2º) não impede que se reconheça a exigibilidade
da efetivação dos direitos fundamentais, como ó o exemplo da tutela efetiva à
vida, à integridade físico-psíquica e à moradia da pessoa humana colocada em
situação de flagrante vulnerabilidade em decorrência da miséria e das condições
em que se encontra para habitar. 6. A argumentação relacionada à possível
substituição da definição dos critérios de conveniência e oportunidade
relativamente às obras e serviços públicos, no caso, não merece acolhimento
quando, em bases excepcionais, possam as políticas públicas ser encontradas no
texto da Constituição Federal (AI-RE 410.715-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, j.
22.11.2005). (...)10. Ao Município incumbe a proteção do meio ambiente,
notadamente quanto tal proteção se vincula inexoravelmente à função da
Municipalidade de zelar pelo adequado ordenamento territorial do espaço
urbano (CF, arts. 23, VI e 30, VII). 11. Os autos evidenciam que, por muito
tempo, o Município se omitiu nas suas relevantíssimas atribuições de ordenar e
fiscalizar a ocupação da área tratada nos autos, permitindo, em razão de sua
inércia, a construção de moradias em áreas de risco, expondo a perigo,
conseqüentemente, a vida e a integridade física das pessoas carentes que construíram
suas habitações. Tanto assim o é que o próprio Apelante Município de Petrópolis
reconhece que, mais recentemente, vem buscando implementar medidas concretas
tendentes a controlar a ocupação de áreas de risco, o que não o exime de
responsabilidade relativamente aos episódios anteriores. 12. Provimento à apelação
do IBAMA, parcial provimento às apelações do Ministério Público Federal e do
Estado do Rio de Janeiro, parcial provimento à remessa necessária e improvimento à
apelação do Município de Petrópolis.' (TRF2, 6a Turma Esp., AC 411.063, rel. des.
Guilherme Calmon, DJU 17.03.2009)
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PACÍFICA DA DEMANDA COLETIVA. INADMISSIBILIDADE. CLÁUSULA Fls 60
DA RESERVA DO POSSÍVEL. GARANTIA DO MÍNIMO EXISTENCIAL.
ATITUDE OMISSIVA DOS RÉUS, MESMO DIANTE DA MANIFESTAÇÃO DO
ÓRGÃO FEDERAL ACERCA DA POSSIBILIDADE DE DISPONIBILIZAÇÃO
DE RECURSOS FEDERAIS PARA AS OBRAS SANITÁRIAS.
DESPROVIMENTO. (...)
No STF é tranquilo o entendimento de que é possível ao Poder Judiciário
determinar políticas públicas, quando a autoridade executiva a quem elas
caberiam, mantêm-se inertes, em detrimento dos direitos fundamentais
constitucionalmente garantidos, não vislumbrando nessa atuação violação ao
princípio da separação de Poderes. Em verdade, sequer cabe mais falar em
inadmissibilidade de controle da discricionariedade administrativa pelo Poder
Judiciário, quando se constata que o comportamento adotado pelo
administrador inviabiliza ou enfraquece direitos humanos de essência.
"Possibilidade de o Poder Judiciário determinar políticas públicas. Precedentes"
(1T, RE 665764 AgR, Relatora Min. CÁRMEN LÚCIA julgado em 20/03/2012).
"O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a
Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos
constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure
violação do princípio da separação de poderes" (1T, AI 593676 AgR, Relator
Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 28/02/2012).(...).( TRF5, 1ª T., Rel Des. Fed.
FRANCISCO CAVALCANTI, AC 200782000093547, DJE - Data::04/05/2012 -
Página::167)
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sentido vide aresto colhido no seio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (AG Fls 61
200904000092992,3ª T, Rel. ROGER RAUPP RIOS , D.E. 19/08/2009).
Por sua vez, deve ser mantida a decisão liminar de fls. 622/626, que determinou
a paralisação da obra pública realizada na RJ-186, Km2, bairro Divineia, Santo Antônio
de Pádua, ao lado do Instituto de Polícia Técnica do Estado do Rio de Janeiro, local
onde se tencionava construir um destacamento do CBMERJ, tendo em vista que foi
verificado em inspeção judicial que a mencionada obra se encontra na área de
preservação permanente em apreço e foi iniciada após a decisão proferida nestes autos
que proibiu a construção na faixa em que se situa.
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DISPOSITIVO Fls 62
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Condeno o então Secretário Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil de Fls 63
Santo Antônio de Pádua, Sr. Ângelo Alberto Abreu Figueiredo, ao pagamento de multa ,
no valor de 20% ao valor da causa, devidamente corrigido, nos termos do art. 14, V e
parágrafo único, do CPC, por ter descumprido decisão judicial proferida neste processo.
P. R. I.
Assinatura Digital
MAURICIO MAGALHAES LAMHA
Juiz(a) Federal Substituto(a) no exercício da Titularidade