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POLÊMICA
De acordo com a Jurisprudência UNÂNIME dos
Tribunais Superiores, não se aplica a lei 9099/95 às
Contravenções praticadas com violência contra a
mulher, em razão da vedação do art. 41 da Lei Ma-
ria da Penha.
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DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL – DPC 2016
Legislação Penal Especial – Aula 05
Marcelo Uzeda
IV, da CR, determinando a separação obrigatória A exploração ilícita de jogo e a exposição ilícita de
dos processos se houver conexão entre crime fede- material de jogo configuram contravenções penais
ral e contravenção. no ordenamento jurídico brasileiro.
A extensão, nesse ponto, não pode ser concedida,
ATENÇÃO: Se o autor da contravenção for Juiz por expressa vedação do artigo 77, II, da Lei n.
Federal será julgado pelo TRF, pois possui foro por 6.815/80.
prerrogativa de função. O critério funcional se so- (Ext 787 extensão, julgado em 23/03/2006)
brepõe à competência material.
Art. 3º- Para a existência da contravenção, basta a
JURISPRUDÊNCIA DO STJ: ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter
Apesar da existência de conexão entre o crime de em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender,
contrabando e contravenção penal, mostra-se inviá- de um ou de outra, qualquer efeito jurídico.
vel a reunião de julgamentos das infrações penais
perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Trata-se de disposição elaborada à luz da Teoria
Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, Psicológico-normativa, em que dolo e culpa eram
a competência da Justiça Federal para o julgamento espécies de culpabilidade.
das contravenções penais, ainda que praticadas em De acordo com a doutrina, o artigo foi revogado
detrimento de bens, serviços ou interesse da União. tacitamente, pela reforma de 1984 do Código
Penal. Aplica-se o artigo 18, CP (dolo e culpa).
Súmula nº 38/STJ. Precedentes.
Firmando-se a competência do Juízo Federal para Art. 4° - Não é punível a tentativa de contravenção.
processar e julgar o crime de contrabando conexo à “ITER CONTRAVENTIONIS”
contravenção penal, impõe-se o desmembramento • No aspecto fático, obviamente, é possível
do feito, de sorte que a contravenção penal seja tentar-se praticar uma contravenção, mas o
julgada perante o Juízo estadual. legislador trata a hipótese como irrelevante
(CC 120.406/RJ, TERCEIRA SEÇÃO, DJe penal.
01/02/2013) • Pode-se dizer que é atípica a tentativa de
contravenção.
O artigo 109, inciso IX, da Constituição Federal de • Para Damásio, há exclusão da ilicitude.
1988, utilizado pelo Juízo suscitado para embasar o
declínio da competência para o Juízo Federal, refe- Aplicam-se: Art. 14, I, CP – consumação; Art. 16,
re-se tão somente aos crimes cometidos a bordo de CP – arrependimento posterior; Art.17, CP – cri-
navios e aeronaves, EXCLUÍDAS, PORTANTO, AS me impossível.
CONTRAVENÇÕES PENAIS. • Dificilmente será aplicado o artigo 15, CP –
(CC 117.220/BA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe desistência voluntária e arrependimento efi-
07/12/2011) caz – pois, na maioria das contravenções,
não há resultado naturalístico ou este não é
Art. 1° - Aplicam-se às contravenções as regras exigido para consumação.
gerais do Código Penal, sempre que a presente • Em sua maioria, trata-se de infrações de pe-
Lei não disponha de modo diverso. rigo abstrato. Exceção: art. 29, LCP.
Exemplos: abolitio criminis – art. 2º, CP.
Divergência: art. 14, p. único, CP x art. 4º, LCP. Art. 7° - Verifica-se a REINCIDÊNCIA quando o
Além das regras gerais do CP, aplicam-se subsidia- agente pratica uma contravenção depois de pas-
riamente, as disposições do Código de Processo sar em julgado a sentença que o tenha conde-
Penal e da Lei 9.099/95. nado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer
crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
Art. 2° - A lei brasileira só é aplicável à contraven-
ção praticada no território nacional. Atenção! A contravenção penal no estrangeiro não
gera reincidência no Brasil, conforme o disposto no
REGRA: TERRITORIALIDADE DA LCP. art. 2º da LCP.
Não há extraterritorialidade da lei de contravenções
penais. Combinando-se o art. 7º da LCP com o artigo 63
do CP, temos as seguintes situações:
Divergência entre o art. 2º, LCP e o art. 7º, CP.
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LIMITE DA PENA
Art. 8° - No caso de ignorância ou de errada com- O tempo máximo de prisão simples é de 5 ANOS.
preensão da lei, quando escusáveis, a pena pode Mesmo que haja concurso de contravenções, a
deixar de ser aplicada. pena unificada não deve ultrapassar esse limite.
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Se tramitar no juízo comum, o rito é sumário. pressupõe ter a pronta disponibilidade do uso da
Lavra-se termo circunstanciado. arma.
Segundo parte da doutrina, caso o sujeito esteja
PARTE ESPECIAL somente TRANSPORTANDO a arma branca,
CONTRAVENÇÕES PENAIS EM ESPÉCIE sem pronta disponibilidade, não se caracterizará a
contravenção, pela evidente ausência da intenção
Art. 18 - FABRICAR, IMPORTAR, EXPORTAR, de usar o objeto como arma.
TER EM DEPÓSITO OU VENDER, sem permissão
da autoridade, ARMA OU MUNIÇÃO: § 1° - A pena é aumentada de um terço até
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 metade, se o agente já foi condenado, em sen-
(um) ano, ou multa, ou ambas cumulativamente, tença irrecorrível, por violência contra pessoa.
se o fato não constitui crime contra a ordem polí- § 2° - Incorre na pena de prisão simples, de 15
tica ou social. (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, quem, pos-
Segundo a maioria da doutrina, a vigência do suindo arma ou munição:
art.18 restringe-se às ARMAS BRANCAS.
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à
O artigo foi derrogado pela Lei de Armas de Fogo autoridade, quando a lei o determina;
(Lei n.º 9.437/97), posteriormente, revogada pelo b) permite que alienado, menor de 18 (dezoito) anos
Estatuto de Desarmamento - Lei 10826/2003. ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha
Se o objeto material é arma de fogo/munição: consigo;
c) omite as cautelas necessárias para impedir que
1) ter em depósito ou vender estão tipificados na dela se apodere facilmente alienado, menor de 18
lei 10826/2003, nos artigos 14 (uso permitido) ou (dezoito) anos ou pessoa inexperiente em manejá-
16 (uso restrito). la.
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Segundo entendimento pacífico do STJ e do STF, a A contravenção do art. 24 não se caracteriza para
Contravenção Penal de vias de fato continua qualquer crime patrimonial, somente para crime de
processada mediante Ação Penal Publica Incondi- furto.
cionada (STF - HC 80058/RJ (02.09.07), não
ensejando a lei 9099/95 qualquer alteração na lei O objeto material deve ter destinação própria para
de contravenções penais. prática de furto, atentando-se para o termo usual-
mente, sendo necessário o exame pericial para a
De acordo com o STJ: sua caracterização.
A contravenção de vias de fato, embora de menor
potencial ofensivo, protege um bem juridicamente Art. 25 - Ter alguém em seu poder, depois de con-
relevante para o direito penal - a incolumidade física denado por crime de furto ou roubo, ou enquan-
- e quem a pratica põe em perigo aquele bem. to sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido
Além disso, a sua prática, no âmbito doméstico, é como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou
dotada de maior reprovação, pois geralmente é o alteradas ou instrumentos empregados usualmen-
prenúncio de uma conduta mais grave, sendo inviá- te na prática de crime de furto, desde que não prove
vel a aplicação do princípio da insignificância. destinação legítima:
O artigo 21 do Decreto-lei 3.688/41 foi recepcionado Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1
pela Constituição Federal, pois o bem jurídico tute- (um) ano, e multa.
lado pela norma - integridade física - possui rele-
vância para o Direito Penal. • Conduta: ter em seu poder (possuir).
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 608.601 – • Objeto material é chave falsa ou instrumento usu-
DF - 04 de agosto de 2015. almente utilizado na prática de furto.
• Sujeito ativo é o condenado definitivo por furto
Informativo nº 0402 do STJ Terceira Seção ou roubo, o vadio ou, ainda, o mendigo.
COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO. LEI MARIA • Se o sujeito usa a chave falsa para furtar alguma
DA PENHA. coisa, a contravenção penal configura ato prepara-
No caso, o autor desferiu socos e tapas no rosto da tório para o furto qualificado, sendo, a contraven-
declarante, porém sem deixar lesões. Os juízos ção absorvida.
suscitante e suscitado enquadraram a conduta no
art. 21 da Lei de Contravenções Penais (vias de Informativo 722/STF: No julgamento do Recurso
fato). Extraordinário (RE) 583523, o Plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF), por unanimidade, declarou
Diante disso, a Seção conheceu do conflito para NÃO RECEPCIONADO pela Constituição Federal
declarar competente o juízo de Direito da Vara Cri- (CF) de 1988 o artigo 25 da Lei de Contravenções
minal, e não o do Juizado Especial, por entender ser Penais (LCP):
inaplicável a Lei n. 9.099/1995 aos casos de violên-
cia doméstica e familiar contra a mulher, ainda que O art. 25 da Lei de Contravenções Penais não é
se trate de contravenção penal. compatível com a Constituição de 1988, por violar
CC 104.020-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis os princípios da dignidade da pessoa humana (CF,
Moura, julgado em 12/8/2009. art. 1º, III) e da isonomia (CF, art. 5º, caput e I).
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Frisou-se que a LCP fora concebida durante o regi- Há contravenção quando não há licença da auto-
me ditatorial e, por isso, o anacronismo do tipo con- ridade, conforme a potencialidade lesiva dos fogos
travencional. de artifício.
Os fogos que possuem queima livre não precisam
Asseverou-se que a condição especial “ser conhe- de autorização.
cido como vadio ou mendigo”, atribuível ao sujeito
ativo, criminalizaria, em verdade, qualidade pessoal Informativo nº 0383 do STJ - Sexta Turma
e econômica do agente, e não fatos objetivos que CRIME. EXPLOSÃO. FOGOS. ARTIFÍCIO.
causassem relevante lesão a bens jurídicos impor- O crime de explosão (de perigo comum), tal como
tantes ao meio social. descrito no art. 251 do CP, exige, como circunstân-
Consignou-se, no ponto, a inadmissão, pelo sistema cia elementar, a comprovação de que a conduta
penal brasileiro, do direito penal do autor em detri- perpetrada causou efetivamente afronta às vidas e
mento do direito penal do fato. integridade física das pessoas, ou mesmo concreto
dano ao patrimônio de outrem.
No que diz respeito à consideração da vida pregres-
sa do agente como elementar do tipo, afirmou-se o Daí que o arremesso de fogos de artifício em local
não cabimento da presunção de que determinados ocasionalmente desabitado (no caso, a bilheteria de
sujeitos teriam maior potencialidade de cometer um cinema), que sequer causou danos ao ambiente,
novas infrações penais. não pode denotar o crime de explosão. Poderia, no
Por fim, registrou-se que, sob o enfoque do princípio máximo, mostrar-se como a contravenção penal do
da proporcionalidade, a norma em questão não se art. 28, parágrafo único, do DL n. 3.688/1941, a qual
mostraria adequada e necessária, bem como afron- já foi alcançada pela prescrição.
taria o subprincípio da proporcionalidade em sentido HC 104.952-SP, julgado em 10/2/2009.
estrito.
(...), em acréscimo, que a tipificação em comento Art.31 - Deixar em liberdade, confiar à guarda
contrariaria, também, o princípio da presunção de de pessoa inexperiente, ou não guardar com a
inocência, da não culpabilidade. devida cautela animal PERIGOSO:
RE 583523/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 3.10.2013. Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois)
meses, ou multa.
Art. 28 - Disparar arma de fogo em lugar habitado
ou em suas adjacências, em via pública ou em dire- ELEMENTO SUBJETIVO: CULPA – OMISSÃO DE
ção a ela: CAUTELA - NEGLIGÊNCIA
Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, Para haver a contravenção, a omissão é relativa a
ou multa. animal perigoso, capaz de causar danos a alguém.
Parágrafo único - Incorre na pena de prisão Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou
ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas corrida, ou o confia a pessoa inexperiente;
adjacências, em via pública ou em direção a b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segu-
ela, sem licença da autoridade, causa deflagra- rança alheia;
ção perigosa, QUEIMA FOGO DE ARTIFÍCIO ou c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
solta balão aceso. segurança alheia.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
DISPARO DE ARMA DE FOGO - revogada, confi-
gura o crime do art. 15 do Estatuto do Desarma- Art. 32 - Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na
mento. via pública, ou embarcação a motor em águas pú-
blicas:
CAUSAR DEFLAGRAÇÃO PERIGOSA – revoga- Pena - multa.
da pelo art. 251, §1º do Código Penal e art. Derrogado quanto à direção de veículo automotor
16, parágrafo único, inc. III da L.10826/2003. pelo art. 309/CTB.
Continua em vigor quanto à condução inabilitada
SOLTAR BALÃO ACESO - revogada. Trata-se de de embarcação a motor em águas públicas.
crime ambiental (art. 42, Lei 9605/98).
Súmula 720/STF:
QUEIMAR FOGOS DE ARTIFÍCIO – é a única O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que
conduta do art. 28 que mantém vigência. reclama decorra do fato perigo de dano, derro-
gou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no
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tocante à direção sem habilitação em vias terres- Art. 45 - Fingir-se funcionário público:
tres. Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três)
meses, ou multa.
Art. 34 - Dirigir veículos na via pública, ou embarca- Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
ções em águas públicas, pondo em perigo a segu- Segundo a doutrina minoritária, o funcionário públi-
rança alheia: co pode ser sujeito ativo se fingir ocupar cargo di-
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 verso do que exerce.
(três) meses, ou multa. Para a corrente majoritária caracteriza apenas in-
Segundo o STF (HC 86276/MG), o art. 34/LCP ain- fração administrativa.
da continuaria em vigor quanto à direção perigosa
de veículo automotor, nas hipóteses não abrangi- Na contravenção, a finalidade do agente é somente
das pelos crimes tipificados no CTB. satisfazer a própria vaidade (“garganta”).
Se efetivamente praticar ato privativo de funcionário
Ex.: freadas bruscas; trafegar na contramão; público, responde pelo crime de usurpação de fun-
ultrapassar pela direita. ção pública. (art. 328,CP).
Modalidades de direção perigosa previstas no CTB: Se a intenção do agente é obter vantagem ou
Embriaguez ao volante (art. 306); Racha (art. 308); causar prejuízo a outrem, presente estará o crime
Dirigir sem habilitação (art. 309); Excesso de veloci- de estelionato (art.171) ou o crime de falsa identida-
dade ou velocidade incompatível (art. 311) de do art. 307 do Código penal.
“VIAS PÚBLICAS” - São as vias de acesso ao Art. 47 - Exercer profissão ou atividade econômi-
público (ruas, estradas,etc.). ca ou anunciar que a exerce, sem preencher as
Estacionamento de supermercado, shopping etc condições a que por lei está subordinado o seu
segundo a jurisprudência MAJORITÁRIA, NÃO ca- exercício:
racteriza via pública. Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três)
meses, ou multa.
Art. 42 - Perturbar alguém, o trabalho ou o Só haverá Contravenção Penal se a profissão ou
sossego ALHEIOS: atividade for realizada sem cumprimento das exi-
I - com gritaria ou algazarra; gências legais (norma penal em branco).
II - exercendo profissão incômoda ou ruidosa,
em desacordo com as prescrições legais; Segundo a doutrina, o art. 47 busca garantir sejam
III - abusando de instrumentos sonoros ou si- determinadas profissões exercidas por profissionais
nais acústicos; habilitados, coibindo o abuso e a dissimulação em
IV - provocando ou não procurando impedir desfavor daqueles que acreditam estar diante de
barulho produzido por animal de que tem guarda: profissionais aptos.
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3
(três) meses, ou multa. A Contravenção existe mesmo que não haja finali-
Elemento normativo: A expressão “alheios” faz con- dade de lucro ou prejuízo a terceiros.
cluir que a perturbação de uma única pessoa não De acordo com o STF, se não houver lei regula-
configura esta contravenção. mentando atividade, o fato é atípico.
Evidenciado que uma pessoa determinada se en- STF: Impossibilidade de prosseguimento da ação
controu em situação de incômodo e prejuízo, devido penal quanto à acusação de exercício ilegal da pro-
a ações do agente, configura-se, em princípio, a fissão de árbitro, ou mediador. Ausência de requisito
perturbação da tranquilidade e, não a perturbação necessário à configuração do delito, contido na ex-
do sossego alheio – figura que prevê prejuízo para pressão "sem preencher as condições a que por lei
número indeterminado de pessoas. está subordinado o seu exercício". Profissão cuja
(RHC 11.235/MG, Rel. Ministro GILSON DIPP, regulamentação é objeto de Projeto de Lei, em trâ-
QUINTA TURMA, julgado em 02/08/2001) mite no Congresso Nacional.(HC 92183, 1ª Turma,
18/03/2008).
O STF, no HC 85032/RJ, decidiu que a perturba-
ção deve alcançar um numero considerável de pes- • Outras figuras mais graves:
soas. Exercício ilegal de profissão de médico, dentista
Devem ser também considerados outros aspectos, ou farmacêutico (art. 282,CP).
tais como costumes e cultura. Se o agente exercer atividade da qual está
Segundo o STJ (HC 54536/MS), se ocorrer polui- impedido por decisão administrativa, responde
ção sonora em níveis prejudiciais à saúde huma- pelo crime do art. 205, CP.
na, haverá crime ambiental.
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GUARDADOR DE AUTOMÓVEIS/FLANELINHA o
§ 2 Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00
De acordo com o STJ: (dois mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil re-
Assim, a simples ausência de inscrição no órgão ais), quem é encontrado a participar do jogo, ainda
competente, em casos como o presente, em que que pela internet ou por qualquer outro meio de
não se exige do profissional conhecimento especial comunicação, COMO PONTEIRO OU APOSTA-
ou habilitação específica, não tipifica o delito, inexis- DOR.
tindo justificativa para a intervenção do Direito Pe- (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
nal. (HC 190.186/RS, QUINTA TURMA, DJe
14/06/2013) § 3° - Consideram-se jogos de azar:
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem ex-
Informativo nº 0536 do STJ - Quinta Turma clusiva ou principalmente da sorte;
O exercício, sem o preenchimento dos requisitos b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de
previstos em lei, da profissão de guardador e lava- hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
dor autônomo de veículos automotores (flanelinha) c) as apostas sobre qualquer outra competição
não configura a contravenção penal prevista no art. esportiva.
47 do Decreto-Lei 3.688/1941 (exercício ilegal de
profissão ou atividade). RHC 36.280-MG, Rel. Min.
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar
Laurita Vaz, julgado em 18/2/2014.
acessível ao público:
a) a casa particular em que se realizam jogos de
De acordo com o STF: A profissão de guardador e
azar, quando deles habitualmente participam pes-
lavador autônomo de veículos automotores está
soas que não sejam da família de quem a ocupa;
regulamentada pela Lei 6.242/1975, que determina,
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a
em seu art. 1º, que o seu exercício “depende de
cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo de
registro na Delegacia Regional do Trabalho compe-
azar;
tente”. Entretanto, a não observância dessa disposi-
c) a sede ou dependência de sociedade ou associa-
ção legal pelos pacientes não gerou lesão relevante
ção, em que se realiza jogo de azar;
ao bem jurídico tutelado pela norma, bem como não
d) o estabelecimento destinado à exploração de
revelou elevado grau de reprovabilidade, razão pela
jogo de azar, ainda que se dissimule esse destino.
qual é aplicável, à hipótese dos autos, o princípio da
insignificância. Como é cediço, o Direito Penal deve
• A lei pune o dono do local e o responsável pelo
ocupar-se apenas de lesões relevantes aos bens
negócio, inclusive, na hipótese de cassino clan-
jurídicos que lhe são caros, devendo atuar sempre
destino. Será partícipe, o funcionário que cola-
como última medida na prevenção e repressão de
bora com a efetivação do negócio no estabeleci-
delitos, ou seja, de forma subsidiária a outros ins-
mento.
trumentos repressivos. HC 115046 - 19/03/2013
• Núcleos: estabelecer (organizar, instituir), ex-
plorar (auferir lucro)
Informativo nº 0428 do STJ Terceira Seção
• Jogo de azar: §3º - cujo ganho ou perda depen-
A Seção decidiu que compete ao juizado especial
dem exclusivamente da sorte.
civil e criminal processar e julgar
a contravenção penal referente ao exercício ilegal
EXPLORAÇÃO DE MÁQUINA CAÇA-NÍQUEL
da atividade profissional no caso de um corretor de
imóveis que teve sua inscrição cancelada pelo Creci
1. Para que se vislumbre a suposta prática do crime
por impontualidade do pagamento das anuidades
de descaminho é necessário que haja indícios acer-
(art. 47 do DL n. 3.688/1941) CC 104.924-MG, em
ca da origem estrangeira das mercadorias, já que a
24/3/2010.
adequação típica se perfaz justamente quando o
agente introduz no mercado interno produto sem o
Art. 50 - Estabelecer ou explorar JOGO DE AZAR
devido recolhimento, no todo ou em parte, do res-
em lugar público ou acessível ao público, mediante
pectivo tributo.
o pagamento de entrada ou sem ele:
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um)
2. Não sendo possível atestar a procedência es-
ano, e multa, estendendo-se os efeitos da condena-
trangeira das máquinas eletrônicas apreendidas,
ção à perda dos móveis e objetos de decoração do
ressaltando que o laudo de exame pericial sequer
local.
indicou o fabricante ou fornecedor do produto, per-
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• Entregar-se à ociosidade: conduta omissiva IV - a pessoa que o agente sabe estar judici-
habitual almente proibida de frequentar lugares onde se
• sendo apto para o trabalho - o sujeito não traba- consome bebida de tal natureza:
lha porque não quer. Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1 (um)
• Prover a própria subsistência mediante ocupa- ano, ou multa.
ção ilícita: conduta comissiva habitual daqueles que
optam se manter através de atividades ilícitas. ECA, Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar
ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
Art. 61 - Importunar alguém, em lugar público ou forma, a criança ou a adolescente, BEBIDA AL-
acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor: COÓLICA ou, sem justa causa, outros produtos
Pena - multa. cujos componentes possam causar dependência
• Segundo Nelson Hungria, pudor é o senti- física ou psíquica:
mento de timidez ou de vergonha de que Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
se sente possuída a pessoa normal di- multa, se o fato não constitui crime mais gra-
ante de certos fatos ou atos que ferem a ve. Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
decência.
o
• A Contravenção é de forma livre, podendo Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990: Capítulo II -
ser realizada através de palavras, atos ou Das Infrações Administrativas
gestos, configurando-se quando praticada
em local público ou de acesso ao público. Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida
• Não se confunde com o ato obsceno no inciso II do art. 81:
(art.233, CP), no qual o agente pretende ser Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
visto ou assume o risco de ser visto, prati- 10.000,00 (dez mil reais);
cando ato que o expõe. Medida Administrativa - interdição do estabeleci-
mento comercial até o recolhimento da multa apli-
Segundo a jurisprudência desta Corte, o contato cada.”
físico do Acusado com as vítimas, consistente em
passar as mãos nas nádegas e pernas para satisfa- Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adoles-
zer a lascívia, é suficiente para caracterizar o delito cente de:
de atentado violento ao pudor. Precedentes. (...)
(AgRg no AgRg no AREsp 152.704/SP, Rel. Minis- II - bebidas alcoólicas;
tra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
18/06/2013, DJe 01/07/2013) Jurisprudência do STJ anterior à Lei nº 13.106,
de 2015:
Esta Corte Superior tem entendimento pacífico “A entrega a consumo de bebida alcoólica a meno-
quanto à caracterização do crime de atentado vio- res é comportamento deveras reprovável. No entan-
lento ao pudor por meio de atos libidinosos de dife- to, é imperioso, para o escorreito enquadramento
rentes níveis, inclusive os toques e contatos volup- típico, que se respeite a pedra angular do Direito
tuosos. Penal,o princípio da legalidade.
(AgRg nos EDcl no AREsp 44.854/MG, QUINTA
TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 15/04/2013) Nesse cenário, em prestígio à interpretação siste-
mática, levando em conta os arts. 243 e 81 do ECA,
Incabível a desclassificação da conduta de atentado e o art. 63 da Lei de Contravenções Penais, de rigor
violento ao pudor para importunação ofensiva ao é o reconhecimento de que neste último comando
pudor, quando se está diante de induvidoso ato enquadra-se o comportamento em foco”. (HC
libidinoso, bastante diferente daquelas situações 167.659/MS, 6ª TURMA, DJe 20/02/2013)
públicas, furtivas e de menor potencial ofensivo a
que o legislador se refere no art.61 da Lei de Con-
travenções Penais.
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