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DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL – DPC 2016

Legislação Penal Especial – Aula 05


Marcelo Uzeda

POLÊMICA
De acordo com a Jurisprudência UNÂNIME dos
Tribunais Superiores, não se aplica a lei 9099/95 às
Contravenções praticadas com violência contra a
mulher, em razão da vedação do art. 41 da Lei Ma-
ria da Penha.

Em sentido contrário, doutrina minoritária entende


aplicável a lei 9099/95, interpretando restritivamente
Conforme entendimento da doutrina, o DECRETO o art. 41, que usa a expressão crimes.
Nº 3688/1941 foi recepcionado pela Constituição
Federal de 1988 como lei ordinária. De acordo com o STJ:
CR, Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior Alinhando-se à orientação jurisprudencial concebida
que o defina, nem pena sem prévia cominação le- no seio do Supremo Tribunal Federal, a Terceira
gal; Seção deste Superior Tribunal de Justiça adotou o
entendimento de serem inaplicáveis aos crimes e
• Interpretação extensiva para incluir as con- CONTRAVENÇÕES penais pautados pela Lei Maria
travenções penais como espécies do gêne- da Penha, os institutos despenalizadores previstos
ro infração penal. na Lei n. 9.099/95, dentre eles, a suspensão condi-
cional do processo. (HC 196.253/MS, SEXTA TUR-
SISTEMA BIPARTIDO OU CRITÉRIO DICOTÔMI- MA, DJe 31/05/2013)
CO:crimes (delitos) e contravenções
STJ:
• Infração penal é gênero do qual são espé- No contexto dos crimes praticados com violência
cies os crimes e as contravenções. doméstica ou familiar contra a mulher, a palavra
De acordo com o DECRETO-LEI Nº 3.914, DE 9 DE "crime" deve englobar toda e qualquer infração pe-
DEZEMBRO DE 1941 (Lei de introdução do Código nal, conceito mais amplo que abrange as duas es-
Penal e da Lei das Contravenções Penais): pécies: crime e contravenção penal.
(AgRg no AREsp 703.829/MG, Rel. Ministro SE-
Art 1º Considera-se CRIME a infração penal que a BASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado
lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer em 27/10/2015, DJe 16/11/2015)
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; Súmula 536 do STJ

CONTRAVENÇÃO, a infração penal a que a lei A suspensão condicional do processo e a transação


comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos
multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. ao rito da Lei Maria da Penha.
(TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe
• As contravenções, em tese, são espécies de 15/06/2015)
infração penal de menor gravidade em relação aos
crimes. COMPETÊNCIA – Justiça Estadual – JECRIM
• Não há diferença substancial entre crimes e con- O art. 109, inc. IV da CF: os crimes políticos e as
travenções, considerando que as duas espécies infrações penais praticadas em detrimento de bens,
caracterizam ilícitos penais. serviços ou interesse da União ou de suas entida-
• A diferença legal é meramente formal, em razão des autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
da gravidade (ou quantidade de pena). contravenções e ressalvada a competência da Jus-
tiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Segundo a doutrina, as Contravenções Penais, in-
clusive as previstas em outras leis especiais, são STJ, Súmula nº 38:
infrações de menor potencial ofensivo: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da
Constituição de 1988, o processo por contravenção
Lei 9099/95, Art. 61. Consideram-se infrações pe- penal, ainda que praticada em detrimento de bens,
nais de menor potencial ofensivo, para os efeitos serviços ou interesse da União ou de suas entida-
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a des.
que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos, cumulada ou não com multa. Segundo entendimento do STJ e a doutrina majori-
tária, as regras processuais de conexão e continên-
cia, se submetem à regra constitucional do art. 109,

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IV, da CR, determinando a separação obrigatória A exploração ilícita de jogo e a exposição ilícita de
dos processos se houver conexão entre crime fede- material de jogo configuram contravenções penais
ral e contravenção. no ordenamento jurídico brasileiro.
A extensão, nesse ponto, não pode ser concedida,
ATENÇÃO: Se o autor da contravenção for Juiz por expressa vedação do artigo 77, II, da Lei n.
Federal será julgado pelo TRF, pois possui foro por 6.815/80.
prerrogativa de função. O critério funcional se so- (Ext 787 extensão, julgado em 23/03/2006)
brepõe à competência material.
Art. 3º- Para a existência da contravenção, basta a
JURISPRUDÊNCIA DO STJ: ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter
Apesar da existência de conexão entre o crime de em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender,
contrabando e contravenção penal, mostra-se inviá- de um ou de outra, qualquer efeito jurídico.
vel a reunião de julgamentos das infrações penais
perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Trata-se de disposição elaborada à luz da Teoria
Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, Psicológico-normativa, em que dolo e culpa eram
a competência da Justiça Federal para o julgamento espécies de culpabilidade.
das contravenções penais, ainda que praticadas em De acordo com a doutrina, o artigo foi revogado
detrimento de bens, serviços ou interesse da União. tacitamente, pela reforma de 1984 do Código
Penal. Aplica-se o artigo 18, CP (dolo e culpa).
Súmula nº 38/STJ. Precedentes.
Firmando-se a competência do Juízo Federal para Art. 4° - Não é punível a tentativa de contravenção.
processar e julgar o crime de contrabando conexo à “ITER CONTRAVENTIONIS”
contravenção penal, impõe-se o desmembramento • No aspecto fático, obviamente, é possível
do feito, de sorte que a contravenção penal seja tentar-se praticar uma contravenção, mas o
julgada perante o Juízo estadual. legislador trata a hipótese como irrelevante
(CC 120.406/RJ, TERCEIRA SEÇÃO, DJe penal.
01/02/2013) • Pode-se dizer que é atípica a tentativa de
contravenção.
O artigo 109, inciso IX, da Constituição Federal de • Para Damásio, há exclusão da ilicitude.
1988, utilizado pelo Juízo suscitado para embasar o
declínio da competência para o Juízo Federal, refe- Aplicam-se: Art. 14, I, CP – consumação; Art. 16,
re-se tão somente aos crimes cometidos a bordo de CP – arrependimento posterior; Art.17, CP – cri-
navios e aeronaves, EXCLUÍDAS, PORTANTO, AS me impossível.
CONTRAVENÇÕES PENAIS. • Dificilmente será aplicado o artigo 15, CP –
(CC 117.220/BA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe desistência voluntária e arrependimento efi-
07/12/2011) caz – pois, na maioria das contravenções,
não há resultado naturalístico ou este não é
Art. 1° - Aplicam-se às contravenções as regras exigido para consumação.
gerais do Código Penal, sempre que a presente • Em sua maioria, trata-se de infrações de pe-
Lei não disponha de modo diverso. rigo abstrato. Exceção: art. 29, LCP.
Exemplos: abolitio criminis – art. 2º, CP.
Divergência: art. 14, p. único, CP x art. 4º, LCP. Art. 7° - Verifica-se a REINCIDÊNCIA quando o
Além das regras gerais do CP, aplicam-se subsidia- agente pratica uma contravenção depois de pas-
riamente, as disposições do Código de Processo sar em julgado a sentença que o tenha conde-
Penal e da Lei 9.099/95. nado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer
crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
Art. 2° - A lei brasileira só é aplicável à contraven-
ção praticada no território nacional. Atenção! A contravenção penal no estrangeiro não
gera reincidência no Brasil, conforme o disposto no
REGRA: TERRITORIALIDADE DA LCP. art. 2º da LCP.
Não há extraterritorialidade da lei de contravenções
penais. Combinando-se o art. 7º da LCP com o artigo 63
do CP, temos as seguintes situações:
Divergência entre o art. 2º, LCP e o art. 7º, CP.

De acordo com o STF, não é possível extradição


de estrangeiro por Contravenção:

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§ 2° - O trabalho é facultativo, se a pena aplicada


não excede a 15 (quinze) dias.

LIMITE DA PENA

Art. 10 - A duração da pena de prisão simples não


pode, em caso algum, ser superior a 5 (cinco) anos,
nem a importância das multas ultrapassar cinqüenta
ERRO DE DIREITO contos de réis.

Art. 8° - No caso de ignorância ou de errada com- O tempo máximo de prisão simples é de 5 ANOS.
preensão da lei, quando escusáveis, a pena pode Mesmo que haja concurso de contravenções, a
deixar de ser aplicada. pena unificada não deve ultrapassar esse limite.

A Ignorantia legis é o desconhecimento da existên- As causas de aumento e redução de pena da parte


cia da lei – erro de direito. geral do CP aplicam-se às contravenções.

De acordo com o art. 21 do Código Penal, o des- SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL


conhecimento da lei é inescusável, sendo tratado
como mera atenuante (art. 65, II, CP). Art. 11 - Desde que reunidas as condições legais, o
juiz pode suspender, por tempo não inferior a 1 (um)
De acordo com a doutrina, a primeira parte do art. ano nem superior a 3 (três), a execução da pena
8º, a LCP deve ser aplicada, porque é mais benéfi- de prisão simples, bem como conceder livramen-
ca, pois a ignorantia legis enseja o perdão judicial – to condicional.
causa de extinção da punibilidade. • Sursis – regras dos art. 77 a 82, CP – com
PRAZO ESPECIAL DE 1 A 3 ANOS.
Todavia, quanto à errada compreensão da lei – erro • Livramento condicional – ART. 83 a 89, CP.
de proibição – o art. 8º da Lei de Contravenções
Penais estaria tacitamente revogado pelo art. 21 do Art. 9° - A multa converte-se em prisão simples,
Código Penal, que permite a isenção de pena – de acordo com o que dispõe o Código Penal sobre
excludente de culpabilidade -, em caso de erro es- a conversão de multa em detenção.
cusável. Segundo a doutrina, essa norma foi REVOGADA,
uma vez que o art. 51, CP veda a conversão da
Art. 5° - As penas principais são: multa em prisão, sendo considerada dívida de valor
I - prisão simples; e executada na Vara da Fazenda Pública.
II – multa.
• Aplicação da pena privativa de liberdade PENAS ACESSÓRIAS
segue o critério trifásico - art. 68, CP.
• A pena de multa também segue os critérios É AMPLAMENTE MAJORITÁRIO o entendimento
do CP (art. 49 e 60). da doutrina de que O ARTIGO 12 FOI REVOGADO
pela reforma penal de 1984, que aboliu as penas
PRISÃO SIMPLES (PRIVATIVA DE LIBERDADE) acessórias, convolando-as em EFEITOS DA CON-
DENAÇÃO.
Art. 6° - A pena de prisão simples deve ser Nucci entende que não houve revogação.
cumprida, SEM RIGOR PENITENCIÁRIO, em
ESTABELECIMENTO ESPECIAL ou seção espe- Art. 12 - As penas acessórias são a publicação da
cial de prisão comum, em regime SEMIABERTO ou sentença e as seguintes interdições de direitos:
ABERTO. I - a incapacidade temporária para profissão ou ati-
vidade, cujo exercício dependa de habilitação
É vedada a imposição de regime fechado, ressalva- especial, licença ou autorização do poder público;
da a hipótese de transferência, à luz do artigo 33, II - a suspensão dos direitos políticos.
CP.
Parágrafo único - Incorrem:
§ 1° - O condenado à pena de prisão sim- a) na interdição sob nº I, por 1 (um) mês
ples fica sempre separado dos condenados à pena a 2 (dois) anos, o condenado por motivo
de contravenção cometida com abuso de
de reclusão ou de detenção.
profissão ou atividade ou com infração
de dever a ela inerente;

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b) na interdição sob n° II, o condenado à (HC 207.978/MS, QUINTA TURMA, DJe


pena privativa de liberdade, enquanto dure 13/04/2012)
a execução da pena ou a aplicação da me-
dida de segurança detentiva. De acordo com a doutrina, os artigos 13 a 15 estão
REVOGADOS, pois se referem ao período em que
SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS o Código Penal adotava o sistema do duplo binário
(aplicação cumulativa de pena e medida de segu-
De acordo com a doutrina e a jurisprudência, é ca- rança).
bível a aplicação dos art. 44 e seguintes do CP, no A reforma de 1984 adotou o Sistema Vicariante,
tocante à substituição das penas privativas de liber- com aplicação de pena para os imputáveis e de
dade por restritivas de direitos e/ou multa. medida de segurança para os inimputáveis.

De acordo com o entendimento firmado pelo Supe- ARTIGO REVOGADO


rior Tribunal de Justiça, é incabível a substituição da Art. 13 - Aplicam-se, por motivo de contravenção,
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos as medidas de segurança estabelecidas no Código
em casos de crime ou contravenção cometido me- Penal, à exceção do exílio local.
diante violência ou grave ameaça à pessoa. Prece-
dentes. Art. 14 - Presumem-se perigosos, além dos indiví-
(AgRg no REsp 1542483/MS, SEXTA TURMA, jul- duos a que se referem os ns. I e II do art. 78 do
gado em 03/09/2015, DJe 22/09/2015) Código Penal:

A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça I - o condenado por motivo de contravenção


pacificou-se no sentido de que a prática de delito ou cometida em estado de embriaguez pelo álcool
contravenção cometido com violência ou grave ou substância de efeitos análogos, quando habi-
ameaça no ambiente doméstico impossibilita a tual a embriaguez;
substituição da pena privativa de liberdade por res- II - o condenado por vadiagem ou mendicância;
tritiva de direitos.
(AgRg no AREsp 700.718/MS, SEXTA TURMA, Art. 15 - São internados em colônia agrícola ou em
julgado em 30/06/2015, DJe 03/08/2015) instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino
profissional, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano:
Em sentido diverso, julgado anterior do STJ: Cons- I - o condenado por vadiagem (art. 59).
tatando-se que a sanção imposta foi inferior a 4 II - o condenado por mendicância (art. 60 e seu
(quatro) anos e que se cuida da contravenção penal parágrafo REVOGADO).
prevista no art. 21 do Decreto-Lei 3.888/41 - vias de III - (Revogado pela Lei n.º 6.416, de 24.05.77.)
fato - infração de natureza menos grave, POSSÍVEL
E SOCIALMENTE RECOMENDÁVEL a substituição Art. 16 - O prazo mínimo de duração da internação
da sanção privativa de liberdade por restritivas de em manicômio judiciário ou em casa de custódia e
direitos, desde que não se resuma ao pagamento tratamento é de 6 (seis) meses.
de cestas básicas, de prestação pecuniária ou de Parágrafo único - O juiz, entretanto, pode, ao invés
multa, isoladamente, como expressamente determi- de decretar a internação, submeter o indivíduo a
nado no art. 17 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Pe- liberdade vigiada.
nha). Precedente deste STJ. A concessão da per-
muta, na espécie, de forma alguma colidiria com a DAMÁSIO afirma que deve prevalecer a regra do
proposta de combate à violência doméstica, tendo artigo 97 do CP.
em vista a sua adequação às finalidades da aplica- Conforme orientação majoritária da doutrina, não se
ção da pena, que são a retribuição e a ressocializa- aplica mais da liberdade vigiada, em face de sua
ção do condenado, servindo ainda para prevenção extinção pela reforma da parte geral do Código Pe-
geral, na medida em que afasta a ideia de impuni- nal em 1984.
dade. NUCCI diverge e entende que o parágrafo continua
em vigor, aplicando-se a liberdade vigiada ao con-
O deferimento do benefício também não ofenderia o traventor, por ser mais favorável.
previsto no art. 41 da Lei Maria da Penha, pois aqui
o que se impede é a aplicação das medidas benéfi- Art. 17 - A ação penal é pública, devendo a autori-
cas previstas na Lei 9.099/95 aos delitos cometidos dade proceder de ofício.
no âmbito doméstico ou familiar contra a mulher, O processo das Contravenções Penais se dá por
independentemente da pena prevista ou efetiva- meio de Ação Penal Pública Incondicionada.
mente aplicada. Rito: sumaríssimo, em regra, se tramitar no JE-
CRIM.

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Se tramitar no juízo comum, o rito é sumário. pressupõe ter a pronta disponibilidade do uso da
Lavra-se termo circunstanciado. arma.
Segundo parte da doutrina, caso o sujeito esteja
PARTE ESPECIAL somente TRANSPORTANDO a arma branca,
CONTRAVENÇÕES PENAIS EM ESPÉCIE sem pronta disponibilidade, não se caracterizará a
contravenção, pela evidente ausência da intenção
Art. 18 - FABRICAR, IMPORTAR, EXPORTAR, de usar o objeto como arma.
TER EM DEPÓSITO OU VENDER, sem permissão
da autoridade, ARMA OU MUNIÇÃO: § 1° - A pena é aumentada de um terço até
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 metade, se o agente já foi condenado, em sen-
(um) ano, ou multa, ou ambas cumulativamente, tença irrecorrível, por violência contra pessoa.
se o fato não constitui crime contra a ordem polí- § 2° - Incorre na pena de prisão simples, de 15
tica ou social. (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, quem, pos-
Segundo a maioria da doutrina, a vigência do suindo arma ou munição:
art.18 restringe-se às ARMAS BRANCAS.
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à
O artigo foi derrogado pela Lei de Armas de Fogo autoridade, quando a lei o determina;
(Lei n.º 9.437/97), posteriormente, revogada pelo b) permite que alienado, menor de 18 (dezoito) anos
Estatuto de Desarmamento - Lei 10826/2003. ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha
Se o objeto material é arma de fogo/munição: consigo;
c) omite as cautelas necessárias para impedir que
1) ter em depósito ou vender estão tipificados na dela se apodere facilmente alienado, menor de 18
lei 10826/2003, nos artigos 14 (uso permitido) ou (dezoito) anos ou pessoa inexperiente em manejá-
16 (uso restrito). la.

2) Vender, fabricar no exercício de atividade co- OBS: jurisprudência do STF e do STJ:


mercial ou industrial, configura o crime é de co- É efeito da condenação – o confisco da arma bran-
mércio ilegal - art.17. ca ou perdimento em favor da União, conforme art.
91, inc. I, “a” do Código Penal.
3) Importar e exportar caracterizam o crime de trafi-
co internacional de arma de fogo, - art. 18 do Esta- Art. 21 - Praticar VIAS DE FATO contra alguém:
tuto. Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três)
meses, ou multa, se o fato não constitui crime.
Art. 19 - TRAZER CONSIGO ARMA fora de casa ou • Norma subsidiária - somente é aplicável se
de dependência desta, sem licença da autoridade: o fato não constituir crime (ex. injúria real).
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um
meses, ou multa, ou ambas cumulativamente. terço) até a metade se a vítima é maior de 60
(sessenta) anos (acrescentado pelo Estatuto do
Conforme entendimento adotado por esta Corte Idoso).
Superior de Justiça, o art. 19 da Lei de Contraven-
ções Penais não foi revogado pela Lei n.º 9.437/97 - VIAS DE FATO se caracterizam como atos de vio-
que instituiu o Sistema Nacional de Armas e tipificou lência, sem o dolo e a intensidade suficiente para
como crime o porte ilegal de arma de fogo - mas tão ofender efetivamente a integridade física ou mental.
somente DERROGADA, na medida em que ainda Diz a doutrina, por exclusão: "constitui vias de fato
CONTINUA EM VIGOR EM RELAÇÃO À ARMA toda agressão física contra a pessoa, desde que
BRANCA. não constitua lesão corporal”. Ex.: empurrão, bofe-
(STJ,HC 255.192/MG, QUINTA TURMA, tada, puxar cabelo, rasgar roupa, causando eri-
02/04/2013) temas.

É pacífico o entendimento na jurisprudência que POLÊMICA:


esta Contravenção Penal se classifica como de A Lei 9.099/95 transformou a lesão corporal leve
MERA CONDUTA E DE PERIGO ABSTRATO. em crime de Ação Penal Pública Condicionada à
É típico o simples porte indevido da arma indepen- representação (art. 88).
dentemente de demonstração de que alguém foi Segundo parte da doutrina, deveria ser a ação penal
exposto a perigo concreto. pública condicionada à representação também para
a contravenção vias de fato, por ser menos grave.
“TRAZER CONSIGO” significa que o artefato está
junto ao corpo ou em local de fácil acesso, o que

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Segundo entendimento pacífico do STJ e do STF, a A contravenção do art. 24 não se caracteriza para
Contravenção Penal de vias de fato continua qualquer crime patrimonial, somente para crime de
processada mediante Ação Penal Publica Incondi- furto.
cionada (STF - HC 80058/RJ (02.09.07), não
ensejando a lei 9099/95 qualquer alteração na lei O objeto material deve ter destinação própria para
de contravenções penais. prática de furto, atentando-se para o termo usual-
mente, sendo necessário o exame pericial para a
De acordo com o STJ: sua caracterização.
A contravenção de vias de fato, embora de menor
potencial ofensivo, protege um bem juridicamente Art. 25 - Ter alguém em seu poder, depois de con-
relevante para o direito penal - a incolumidade física denado por crime de furto ou roubo, ou enquan-
- e quem a pratica põe em perigo aquele bem. to sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido
Além disso, a sua prática, no âmbito doméstico, é como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou
dotada de maior reprovação, pois geralmente é o alteradas ou instrumentos empregados usualmen-
prenúncio de uma conduta mais grave, sendo inviá- te na prática de crime de furto, desde que não prove
vel a aplicação do princípio da insignificância. destinação legítima:
O artigo 21 do Decreto-lei 3.688/41 foi recepcionado Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1
pela Constituição Federal, pois o bem jurídico tute- (um) ano, e multa.
lado pela norma - integridade física - possui rele-
vância para o Direito Penal. • Conduta: ter em seu poder (possuir).
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 608.601 – • Objeto material é chave falsa ou instrumento usu-
DF - 04 de agosto de 2015. almente utilizado na prática de furto.
• Sujeito ativo é o condenado definitivo por furto
Informativo nº 0402 do STJ Terceira Seção ou roubo, o vadio ou, ainda, o mendigo.
COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO. LEI MARIA • Se o sujeito usa a chave falsa para furtar alguma
DA PENHA. coisa, a contravenção penal configura ato prepara-
No caso, o autor desferiu socos e tapas no rosto da tório para o furto qualificado, sendo, a contraven-
declarante, porém sem deixar lesões. Os juízos ção absorvida.
suscitante e suscitado enquadraram a conduta no
art. 21 da Lei de Contravenções Penais (vias de Informativo 722/STF: No julgamento do Recurso
fato). Extraordinário (RE) 583523, o Plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF), por unanimidade, declarou
Diante disso, a Seção conheceu do conflito para NÃO RECEPCIONADO pela Constituição Federal
declarar competente o juízo de Direito da Vara Cri- (CF) de 1988 o artigo 25 da Lei de Contravenções
minal, e não o do Juizado Especial, por entender ser Penais (LCP):
inaplicável a Lei n. 9.099/1995 aos casos de violên-
cia doméstica e familiar contra a mulher, ainda que O art. 25 da Lei de Contravenções Penais não é
se trate de contravenção penal. compatível com a Constituição de 1988, por violar
CC 104.020-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis os princípios da dignidade da pessoa humana (CF,
Moura, julgado em 12/8/2009. art. 1º, III) e da isonomia (CF, art. 5º, caput e I).

Art. 24 - FABRICAR, CEDER OU VENDER No mérito, destacou-se que o princípio da ofensivi-


gazua ou instrumento empregado usualmente na dade deveria orientar a aplicação da lei penal, de
prática de crime de furto: modo a permitir a aferição do grau de potencial ou
Pena - prisão simples, de 6 (seis) meses a 2 efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma.
(dois) anos, e multa.
• “Gazua” é chave falsa, mixa. Observou-se que, não obstante
• Condutas: fabricar, ceder ou vender este a contravenção impugnada ser de mera conduta,
instrumento. exigiria, para a sua configuração, que o agente ti-
vesse sido condenado anteriormente por furto ou
Se o agente é surpreendido adquirindo “gazua” o roubo; ou que estivesse em liberdade vigiada; ou
fato é atípico. que fosse conhecido como vadio ou mendigo.
Também não comete receptação, porque se trata
de produto de contravenção penal e o objeto ma- Assim, salientou-se que o legislador teria se anteci-
terial da receptação é produto de crime. pado a possíveis e prováveis resultados lesivos, o
que caracterizaria a presente contravenção como
uma infração de perigo abstrato.

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Frisou-se que a LCP fora concebida durante o regi- Há contravenção quando não há licença da auto-
me ditatorial e, por isso, o anacronismo do tipo con- ridade, conforme a potencialidade lesiva dos fogos
travencional. de artifício.
Os fogos que possuem queima livre não precisam
Asseverou-se que a condição especial “ser conhe- de autorização.
cido como vadio ou mendigo”, atribuível ao sujeito
ativo, criminalizaria, em verdade, qualidade pessoal Informativo nº 0383 do STJ - Sexta Turma
e econômica do agente, e não fatos objetivos que CRIME. EXPLOSÃO. FOGOS. ARTIFÍCIO.
causassem relevante lesão a bens jurídicos impor- O crime de explosão (de perigo comum), tal como
tantes ao meio social. descrito no art. 251 do CP, exige, como circunstân-
Consignou-se, no ponto, a inadmissão, pelo sistema cia elementar, a comprovação de que a conduta
penal brasileiro, do direito penal do autor em detri- perpetrada causou efetivamente afronta às vidas e
mento do direito penal do fato. integridade física das pessoas, ou mesmo concreto
dano ao patrimônio de outrem.
No que diz respeito à consideração da vida pregres-
sa do agente como elementar do tipo, afirmou-se o Daí que o arremesso de fogos de artifício em local
não cabimento da presunção de que determinados ocasionalmente desabitado (no caso, a bilheteria de
sujeitos teriam maior potencialidade de cometer um cinema), que sequer causou danos ao ambiente,
novas infrações penais. não pode denotar o crime de explosão. Poderia, no
Por fim, registrou-se que, sob o enfoque do princípio máximo, mostrar-se como a contravenção penal do
da proporcionalidade, a norma em questão não se art. 28, parágrafo único, do DL n. 3.688/1941, a qual
mostraria adequada e necessária, bem como afron- já foi alcançada pela prescrição.
taria o subprincípio da proporcionalidade em sentido HC 104.952-SP, julgado em 10/2/2009.
estrito.
(...), em acréscimo, que a tipificação em comento Art.31 - Deixar em liberdade, confiar à guarda
contrariaria, também, o princípio da presunção de de pessoa inexperiente, ou não guardar com a
inocência, da não culpabilidade. devida cautela animal PERIGOSO:
RE 583523/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 3.10.2013. Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois)
meses, ou multa.
Art. 28 - Disparar arma de fogo em lugar habitado
ou em suas adjacências, em via pública ou em dire- ELEMENTO SUBJETIVO: CULPA – OMISSÃO DE
ção a ela: CAUTELA - NEGLIGÊNCIA
Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, Para haver a contravenção, a omissão é relativa a
ou multa. animal perigoso, capaz de causar danos a alguém.

Parágrafo único - Incorre na pena de prisão Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou
ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas corrida, ou o confia a pessoa inexperiente;
adjacências, em via pública ou em direção a b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segu-
ela, sem licença da autoridade, causa deflagra- rança alheia;
ção perigosa, QUEIMA FOGO DE ARTIFÍCIO ou c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
solta balão aceso. segurança alheia.
ELEMENTO SUBJETIVO: dolo
DISPARO DE ARMA DE FOGO - revogada, confi-
gura o crime do art. 15 do Estatuto do Desarma- Art. 32 - Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na
mento. via pública, ou embarcação a motor em águas pú-
blicas:
CAUSAR DEFLAGRAÇÃO PERIGOSA – revoga- Pena - multa.
da pelo art. 251, §1º do Código Penal e art. Derrogado quanto à direção de veículo automotor
16, parágrafo único, inc. III da L.10826/2003. pelo art. 309/CTB.
Continua em vigor quanto à condução inabilitada
SOLTAR BALÃO ACESO - revogada. Trata-se de de embarcação a motor em águas públicas.
crime ambiental (art. 42, Lei 9605/98).
Súmula 720/STF:
QUEIMAR FOGOS DE ARTIFÍCIO – é a única O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que
conduta do art. 28 que mantém vigência. reclama decorra do fato perigo de dano, derro-
gou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no

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tocante à direção sem habilitação em vias terres- Art. 45 - Fingir-se funcionário público:
tres. Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três)
meses, ou multa.
Art. 34 - Dirigir veículos na via pública, ou embarca- Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
ções em águas públicas, pondo em perigo a segu- Segundo a doutrina minoritária, o funcionário públi-
rança alheia: co pode ser sujeito ativo se fingir ocupar cargo di-
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 verso do que exerce.
(três) meses, ou multa. Para a corrente majoritária caracteriza apenas in-
Segundo o STF (HC 86276/MG), o art. 34/LCP ain- fração administrativa.
da continuaria em vigor quanto à direção perigosa
de veículo automotor, nas hipóteses não abrangi- Na contravenção, a finalidade do agente é somente
das pelos crimes tipificados no CTB. satisfazer a própria vaidade (“garganta”).
Se efetivamente praticar ato privativo de funcionário
Ex.: freadas bruscas; trafegar na contramão; público, responde pelo crime de usurpação de fun-
ultrapassar pela direita. ção pública. (art. 328,CP).
Modalidades de direção perigosa previstas no CTB: Se a intenção do agente é obter vantagem ou
Embriaguez ao volante (art. 306); Racha (art. 308); causar prejuízo a outrem, presente estará o crime
Dirigir sem habilitação (art. 309); Excesso de veloci- de estelionato (art.171) ou o crime de falsa identida-
dade ou velocidade incompatível (art. 311) de do art. 307 do Código penal.

“VIAS PÚBLICAS” - São as vias de acesso ao Art. 47 - Exercer profissão ou atividade econômi-
público (ruas, estradas,etc.). ca ou anunciar que a exerce, sem preencher as
Estacionamento de supermercado, shopping etc condições a que por lei está subordinado o seu
segundo a jurisprudência MAJORITÁRIA, NÃO ca- exercício:
racteriza via pública. Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três)
meses, ou multa.
Art. 42 - Perturbar alguém, o trabalho ou o Só haverá Contravenção Penal se a profissão ou
sossego ALHEIOS: atividade for realizada sem cumprimento das exi-
I - com gritaria ou algazarra; gências legais (norma penal em branco).
II - exercendo profissão incômoda ou ruidosa,
em desacordo com as prescrições legais; Segundo a doutrina, o art. 47 busca garantir sejam
III - abusando de instrumentos sonoros ou si- determinadas profissões exercidas por profissionais
nais acústicos; habilitados, coibindo o abuso e a dissimulação em
IV - provocando ou não procurando impedir desfavor daqueles que acreditam estar diante de
barulho produzido por animal de que tem guarda: profissionais aptos.
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3
(três) meses, ou multa. A Contravenção existe mesmo que não haja finali-
Elemento normativo: A expressão “alheios” faz con- dade de lucro ou prejuízo a terceiros.
cluir que a perturbação de uma única pessoa não De acordo com o STF, se não houver lei regula-
configura esta contravenção. mentando atividade, o fato é atípico.

Evidenciado que uma pessoa determinada se en- STF: Impossibilidade de prosseguimento da ação
controu em situação de incômodo e prejuízo, devido penal quanto à acusação de exercício ilegal da pro-
a ações do agente, configura-se, em princípio, a fissão de árbitro, ou mediador. Ausência de requisito
perturbação da tranquilidade e, não a perturbação necessário à configuração do delito, contido na ex-
do sossego alheio – figura que prevê prejuízo para pressão "sem preencher as condições a que por lei
número indeterminado de pessoas. está subordinado o seu exercício". Profissão cuja
(RHC 11.235/MG, Rel. Ministro GILSON DIPP, regulamentação é objeto de Projeto de Lei, em trâ-
QUINTA TURMA, julgado em 02/08/2001) mite no Congresso Nacional.(HC 92183, 1ª Turma,
18/03/2008).
O STF, no HC 85032/RJ, decidiu que a perturba-
ção deve alcançar um numero considerável de pes- • Outras figuras mais graves:
soas.  Exercício ilegal de profissão de médico, dentista
Devem ser também considerados outros aspectos, ou farmacêutico (art. 282,CP).
tais como costumes e cultura.  Se o agente exercer atividade da qual está
Segundo o STJ (HC 54536/MS), se ocorrer polui- impedido por decisão administrativa, responde
ção sonora em níveis prejudiciais à saúde huma- pelo crime do art. 205, CP.
na, haverá crime ambiental.

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 Se exercer atividade ou profissão da qual § 1° - A pena é aumentada de um terço, se existe


está suspenso ou privado por decisão judicial entre os empregados ou participa do jogo pessoa
pratica o crime do art. 359,CP. menor de 18 (dezoito) anos.

GUARDADOR DE AUTOMÓVEIS/FLANELINHA o
§ 2 Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00
De acordo com o STJ: (dois mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil re-
Assim, a simples ausência de inscrição no órgão ais), quem é encontrado a participar do jogo, ainda
competente, em casos como o presente, em que que pela internet ou por qualquer outro meio de
não se exige do profissional conhecimento especial comunicação, COMO PONTEIRO OU APOSTA-
ou habilitação específica, não tipifica o delito, inexis- DOR.
tindo justificativa para a intervenção do Direito Pe- (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
nal. (HC 190.186/RS, QUINTA TURMA, DJe
14/06/2013) § 3° - Consideram-se jogos de azar:
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem ex-
Informativo nº 0536 do STJ - Quinta Turma clusiva ou principalmente da sorte;
O exercício, sem o preenchimento dos requisitos b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de
previstos em lei, da profissão de guardador e lava- hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
dor autônomo de veículos automotores (flanelinha) c) as apostas sobre qualquer outra competição
não configura a contravenção penal prevista no art. esportiva.
47 do Decreto-Lei 3.688/1941 (exercício ilegal de
profissão ou atividade). RHC 36.280-MG, Rel. Min.
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar
Laurita Vaz, julgado em 18/2/2014.
acessível ao público:
a) a casa particular em que se realizam jogos de
De acordo com o STF: A profissão de guardador e
azar, quando deles habitualmente participam pes-
lavador autônomo de veículos automotores está
soas que não sejam da família de quem a ocupa;
regulamentada pela Lei 6.242/1975, que determina,
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a
em seu art. 1º, que o seu exercício “depende de
cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo de
registro na Delegacia Regional do Trabalho compe-
azar;
tente”. Entretanto, a não observância dessa disposi-
c) a sede ou dependência de sociedade ou associa-
ção legal pelos pacientes não gerou lesão relevante
ção, em que se realiza jogo de azar;
ao bem jurídico tutelado pela norma, bem como não
d) o estabelecimento destinado à exploração de
revelou elevado grau de reprovabilidade, razão pela
jogo de azar, ainda que se dissimule esse destino.
qual é aplicável, à hipótese dos autos, o princípio da
insignificância. Como é cediço, o Direito Penal deve
• A lei pune o dono do local e o responsável pelo
ocupar-se apenas de lesões relevantes aos bens
negócio, inclusive, na hipótese de cassino clan-
jurídicos que lhe são caros, devendo atuar sempre
destino. Será partícipe, o funcionário que cola-
como última medida na prevenção e repressão de
bora com a efetivação do negócio no estabeleci-
delitos, ou seja, de forma subsidiária a outros ins-
mento.
trumentos repressivos. HC 115046 - 19/03/2013
• Núcleos: estabelecer (organizar, instituir), ex-
plorar (auferir lucro)
Informativo nº 0428 do STJ Terceira Seção
• Jogo de azar: §3º - cujo ganho ou perda depen-
A Seção decidiu que compete ao juizado especial
dem exclusivamente da sorte.
civil e criminal processar e julgar
a contravenção penal referente ao exercício ilegal
EXPLORAÇÃO DE MÁQUINA CAÇA-NÍQUEL
da atividade profissional no caso de um corretor de
imóveis que teve sua inscrição cancelada pelo Creci
1. Para que se vislumbre a suposta prática do crime
por impontualidade do pagamento das anuidades
de descaminho é necessário que haja indícios acer-
(art. 47 do DL n. 3.688/1941) CC 104.924-MG, em
ca da origem estrangeira das mercadorias, já que a
24/3/2010.
adequação típica se perfaz justamente quando o
agente introduz no mercado interno produto sem o
Art. 50 - Estabelecer ou explorar JOGO DE AZAR
devido recolhimento, no todo ou em parte, do res-
em lugar público ou acessível ao público, mediante
pectivo tributo.
o pagamento de entrada ou sem ele:
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um)
2. Não sendo possível atestar a procedência es-
ano, e multa, estendendo-se os efeitos da condena-
trangeira das máquinas eletrônicas apreendidas,
ção à perda dos móveis e objetos de decoração do
ressaltando que o laudo de exame pericial sequer
local.
indicou o fabricante ou fornecedor do produto, per-

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manece a competência da Justiça Estadual para a) os que servirem de intermediários na efetuação


processar e julgar o feito. do jogo;
(CC 117.352/RJ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em b) os que transportarem, conduzirem, possuírem,
28/09/20, DJe 07/12/2011) tiverem sob sua guarda ou poder, fabricarem, da-
rem, cederem, trocarem, guardarem em qualquer
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é parte, listas com indicações do jogo ou material
assente em afirmar que a EXPLORAÇÃO E FUN- próprio para a contravenção, bem como de qualquer
CIONAMENTO das máquinas de jogos eletrônicos, forma contribuírem para a sua confecção, utilização,
caça-níqueis, bingos e similares é de natureza ilíci- curso ou emprego, seja qual for a sua espécie ou
ta, revelando prática contravencional descrita no art. quantidade;
50 da Lei de Contravenções Penais. (RMS c) os que procederem à apuração de listas ou à
21.422/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, organização de mapas relativos ao movimento do
julgado em 16.12.2008, DJe 18.2.2009.). Preceden- jogo;
tes. Súmula 83/STJ. d) os que por qualquer modo promoverem ou facili-
tarem a realização do jogo.
Ademais, ficou decidido por esta Corte que a Lei
Complementar n.116/2003 não legitima a prática de § 2º Consideram-se idôneos para a prova do ato
jogos de azar, como os denominados caça-níqueis, contravencional quaisquer listas com indicações
deixando de prever, expressamente, que se enqua- claras ou disfarçadas, uma vez que a perícia revele
dram no conceito de diversões eletrônicas; e que se destinarem à perpetração do jogo do bi-
também NÃO REVOGOU a norma contida no art. cho. (Vide Lei n º 1.508, de 1951)
50 do Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Lei de Contraven- SÚMULA 51 DO STJ:
ções Penais). A PUNIÇÃO DO INTERMEDIADOR, NO JOGO DO
BICHO, INDEPENDE DA IDENTIFICAÇÃO DO
Sobretudo, em razão da realização de jogos de “APOSTADOR" OU DO "BANQUEIRO".
azar, sem amparo legal, vulnerar a ordem pública, a
economia popular e o direito dos consumidores Polêmica quanto necessidade de juntada do
(além de infringir a legislação penal, notadamente material apreendido para prova da contraven-
os arts. 50 e 51 da Lei de Contravenções Penais). ção:
1ª corrente: Para caracterizar o corpo de delito da
Dessa forma, impossível prestar suporte à ação contravenção, é imprescindível a juntada dos papéis
interposta pela recorrente visando que lhe fosse incriminadores nos autos e não somente o laudo.
garantido o regular exercício do direito de explorar 1ª corrente: basta o laudo de exame de corpo de
as atividades de bingo, sob o fundamento de que é delito. Se houver necessidade de novo exame direto
lícita a exploração da atividade. no material, basta requisitá-lo.
(AgRg no AREsp 98.031/SP, SEGUNDA TURMA,
julgado em 19/02/2003) Princípio da adequação social
Paulo Lucio Nogueira:
Dec-Lei 6259/44 - Art. 58. Realizar o denominado "... o juiz deve aplicar o princípio da adequação da
"JOGO DO BICHO", em que um dos participantes, lei à realidade social, absolvendo em face dos cos-
considerado comprador ou ponto, entrega certa tumes.
quantia com a indicação de combinações de alga- Se os costumes não revogam a lei, não há dúvida
rismos ou nome de animais, a que correspondem de que devem ser levados em consideração na
números, ao outro participante, considerado o ven- interpretação e aplicação da lei“.
dedor ou banqueiro, que se obriga mediante qual-
quer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro. Luiz Flávio Gomes:
"Não existe doutrinador, tampouco juiz, que não
Penas: de seis (6) meses a um (1) ano de prisão reconheça a ampla aceitação pelo povo brasileiro
simples e multa de dez mil cruzeiros (Cr$ do denominado “jogo do bicho”.
10.000,00) a cinqüenta mil cruzeiros (Cr$
50.000,00) AO VENDEDOR OU BANQUEIRO, e VADIAGEM
de quarenta (40) a trinta (30) dias de prisão celular Art. 59 - Entregar-se alguém habitualmente à
ou multa de duzentos cruzeiros (Cr$ 200,00) a qui- ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter
nhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) ao COMPRADOR renda que lhe assegure meios bastantes de
OU PONTO. (Vide Lei n º 1.508, de 1951) subsistência, ou prover a própria subsistência medi-
ante ocupação ilícita:
§ 1º Incorrerão nas penas estabelecidas para ven- Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3
dedores ou banqueiros: (três) meses.

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Parágrafo único - A aquisição superveniente de HABEAS CORPUS Nº 333.170 – MG - STJ


renda, que assegure ao condenado meios bas-
tantes de subsistência, extingue a pena. Art. 63 - Servir bebidas alcoólicas:
Violação ao princípio da ofensividade. I - a menor de 18 (dezoito) anos;
Fundamento: a cautela com a ociosidade, presu- (Revogado pela Lei nº 13.106, de 2015)
mindo-se que quem não pode prover a subsistência, II - a quem se acha em estado de embriaguez;
seguirá na direção da prática de delitos contra o III - a pessoa que o agente sabe sofrer das faculda-
patrimônio. des mentais;

• Entregar-se à ociosidade: conduta omissiva IV - a pessoa que o agente sabe estar judici-
habitual almente proibida de frequentar lugares onde se
• sendo apto para o trabalho - o sujeito não traba- consome bebida de tal natureza:
lha porque não quer. Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1 (um)
• Prover a própria subsistência mediante ocupa- ano, ou multa.
ção ilícita: conduta comissiva habitual daqueles que
optam se manter através de atividades ilícitas. ECA, Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar
ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
Art. 61 - Importunar alguém, em lugar público ou forma, a criança ou a adolescente, BEBIDA AL-
acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor: COÓLICA ou, sem justa causa, outros produtos
Pena - multa. cujos componentes possam causar dependência
• Segundo Nelson Hungria, pudor é o senti- física ou psíquica:
mento de timidez ou de vergonha de que Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
se sente possuída a pessoa normal di- multa, se o fato não constitui crime mais gra-
ante de certos fatos ou atos que ferem a ve. Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
decência.
o
• A Contravenção é de forma livre, podendo Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990: Capítulo II -
ser realizada através de palavras, atos ou Das Infrações Administrativas
gestos, configurando-se quando praticada
em local público ou de acesso ao público. Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida
• Não se confunde com o ato obsceno no inciso II do art. 81:
(art.233, CP), no qual o agente pretende ser Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
visto ou assume o risco de ser visto, prati- 10.000,00 (dez mil reais);
cando ato que o expõe. Medida Administrativa - interdição do estabeleci-
mento comercial até o recolhimento da multa apli-
Segundo a jurisprudência desta Corte, o contato cada.”
físico do Acusado com as vítimas, consistente em
passar as mãos nas nádegas e pernas para satisfa- Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adoles-
zer a lascívia, é suficiente para caracterizar o delito cente de:
de atentado violento ao pudor. Precedentes. (...)
(AgRg no AgRg no AREsp 152.704/SP, Rel. Minis- II - bebidas alcoólicas;
tra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
18/06/2013, DJe 01/07/2013) Jurisprudência do STJ anterior à Lei nº 13.106,
de 2015:
Esta Corte Superior tem entendimento pacífico “A entrega a consumo de bebida alcoólica a meno-
quanto à caracterização do crime de atentado vio- res é comportamento deveras reprovável. No entan-
lento ao pudor por meio de atos libidinosos de dife- to, é imperioso, para o escorreito enquadramento
rentes níveis, inclusive os toques e contatos volup- típico, que se respeite a pedra angular do Direito
tuosos. Penal,o princípio da legalidade.
(AgRg nos EDcl no AREsp 44.854/MG, QUINTA
TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 15/04/2013) Nesse cenário, em prestígio à interpretação siste-
mática, levando em conta os arts. 243 e 81 do ECA,
Incabível a desclassificação da conduta de atentado e o art. 63 da Lei de Contravenções Penais, de rigor
violento ao pudor para importunação ofensiva ao é o reconhecimento de que neste último comando
pudor, quando se está diante de induvidoso ato enquadra-se o comportamento em foco”. (HC
libidinoso, bastante diferente daquelas situações 167.659/MS, 6ª TURMA, DJe 20/02/2013)
públicas, furtivas e de menor potencial ofensivo a
que o legislador se refere no art.61 da Lei de Con-
travenções Penais.

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