Вы находитесь на странице: 1из 3

RESENHA DE TEXTO

Texto resenhado:
Batista, Luís Eduardo. (2005). Masculinidade, raça/cor e saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 10, 71-80.

Sobre o autor:

Luís Eduardo Batista possui mestrado e doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002). Pós-doutorado pela Escola de Enfermagem da USP.
Pesquisador Científico, foi coordenador da área técnica de saúde da população negra
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo durante oito anos. Tem desenvolvido
estudos sobre impacto do racismo na saúde e sobre desigualdades raciais e saúde.
Pertence ao grupo de pesquisadores que tem colaborado com a implementação da
Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Possui experiência na área
de Saúde Coletiva, atuando principalmente nos seguintes temas: populações em situação de
vulnerabilidade, desigualdades raciais e saúde, gênero e raça/etnia. É líder do grupo de pesquisa
Saúde da População Negra e Indígena do Instituto de Saúde e do Grupo de Pesquisa em Educação,
Territórios Negros e Saúde da UFSCar. Integra o colegiado gestor do Grupo de Trabalho Racismo e
Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). (Texto informado pelo autor no
Currículo Lattes, atualizado em 2018).

Resenhado por: Ivón Cuervo

No artigo, Batista destaca que o processo saúde-doença-morte é uma construção social


marcada pelas desigualdades socioeconômicas. Desigualdades que dependem das características do
indivíduo referentes às variáveis de gênero, raça, faixa etária, lugar de moradia, nível educativo,
situação de emprego e acesso a serviços públicos. Batista começa explicando que existem diversos
estudos que falam das desigualdades no perfil de saúde das pessoas, e que ele se propõe aprofundar
nessa análise associando os indicadores de saúde à inserção social desqualificada dos negros na
sociedade brasileira.

A fonte de informação estatística primária foram os registros de óbitos do Estado de São


Paulo do ano de 1999, segundo consta na metodologia da pesquisa “foi analisada a mortalidade pelo
grupo de causas de morte da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde –
CID-10” (Batista, 2005, p. 2). Além disso, o autor tomou como fonte secundária vários estudos para
concluir que as taxas de morbimortalidade no Estado de São Paulo se concentram na população
negra, acentuando-se nos homens negros a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, entre

1
elas tuberculose e HIV/Aids, os transtornos mentais (especificamente derivados do consumo de
álcool e drogas) e as mortes por causas externas. Entre as limitações da pesquisa, o autor coloca que
no atestado de óbito a cor da pele é registrada por um profissional da saúde e depende do seu
critério subjetivo. Por outro lado, reconhece que “a pesar de o Sistema de Informação de
Mortalidade possuir campos para informar escolaridade e ocupação/ramo de atividade, seu
preenchimento é deficiente, dificultando realizar proxy do status socioeconômico do indivíduo e
sua raça/cor e ou causa de morte” (p. 2).

Batista releva que no Estado de São Paulo existe uma maior mortalidade dos homens em
relação às mulheres. Na Tabela 1 do artigo (p. 3) referente à taxa de óbito (CID-10) dos residentes
no Estado de São Paulo, segundo causas, sexo e raça/cor no ano de 1999 pode-se observar que, no
geral, as diferenças de porcentagens de óbitos são significativamente mais altas entre homens que
entre mulheres. Segundo o autor, “no ano de 1999, ocorreram 236.025 óbitos no Estado de São
Paulo: 141.446 de homens e 94.579 de mulheres; 93 mil eram homens brancos (perfazendo 750
óbitos a cada 100 mil homens brancos); 6.921, negros (954 por 100 mil homens negros); 23.073,
pardos, amarelos e indígenas (528 por 100 mil homens pardos, amarelos e indígenas) e 18.452
óbitos masculinos, cuja cor foi ignorada” (p. 4). Nestes dados, vale destacar que, proporcional ao
tamanho da população, os homens negros têm uma maior taxa de mortalidade, e que existe uma
quantidade alta de casos em que a cor da pele não foi registrada, assunto que se torna uma limitante
para a pesquisa.

Quanto aos óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, o autor conclui que no sistema de
saúde pública “a dificuldade de acesso e a má-qualidade da atenção podem estar colaborando
para este quadro da mortalidade dos negros. A dificuldade de as pessoas com menor escolaridade
e renda se perceberem em risco e aderirem ao tratamento é uma questão a ser considerada em
estudos futuros” (ibid.). Adicionalmente, Batista aponta que os fenómenos de feminização,
proletarização e pauperização da expansão da epidemia HIV/Aids são evidentes, porém, no ano de
1999 a taxa de mortalidade por esta causa no Estado de São Paulo foi maior entre os homens
negros. Ele destaca que alguns fatores que podem estar acentuando esse fenômeno são o
comportamento sexual, o acesso limitado a serviços de saúde e a discriminação racial.

Consequentemente, ele assinala como futuras rotas de pesquisa indagar sobre o impacto da
discriminação racial no serviço de saúde oferecido a homens e mulheres de raça negra. De forma
complementar, seria válido fazer um estudo comparativo entre o acesso e uso do serviço de saúde
das pessoas de raça negra brasileiras e as pessoas da mesma raça que são estrangeiros,

2
principalmente migrantes refugiados, para saber se existe uma desigualdade em ambos casos.
Pessoalmente, antecipo que a falta de informação sobre os procedimentos para ser atendidos,
marcada por diferenças culturais como a língua, acentuam as limitações para acessar a esses
serviços.

Batista considerou outras causas da morte no seu estudo, entre elas o uso de álcool e drogas
e a morte por causas violentas, comprovando em ambos casos que as maiores taxas de mortalidade
encontram-se entre os homens negros, principalmente aqueles que estão na faixa dos 15 aos 40 anos
de idade (Tabela 2, p. 7). O autor salienta a maior exposição dos homens negros à violência,
fundamentalmente de tipo “estrutural”, associada com as desigualdades sociais. Considero que entre
os dados estudados faltou identificar os casos de suicídio, aspecto que pode ser considerado um
sintoma de outros problemas sociais estruturais.

Nas considerações finais, o autor propõe que os(as) pesquisadores ou as pessoas que
desenham as políticas públicas trabalhem desde uma perspectiva relacional, que compare o
processo de saúde-doença-morte com as causas estruturais desse fenômeno. Posteriormente, o autor
coloca em destaque a luta dos movimentos sociais negros pela defesa de um Sistema Único de
Saúde no Brasil que atinja as necessidades específicas das minorias.

Вам также может понравиться