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Gino Gehling
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Pesquisas Hidráulicas
Departamento de Obras Hidráulicas
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto
Engenharia Hídrica
Maio de 2017
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 7 Prof. Gino Gehling
7. FILTRAÇÃO RÁPIDA EM MEIO GRANULAR COM FLUXO DESCENDENTE
A remoção de partículas presentes na água pelo filtro ocorre através de duas etapas
complementares, transporte e aderência de partículas.
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7.1.1. Transporte de partículas até os grãos do meio filtrante
O transporte de partículas até a superfície dos grãos do meio filtrante se dá por cinco
mecanismos:
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Forças de Van der Waals: são forças de atração que ocorrem quando dois objetos se
aproximam, conforme a Equação 1.
d
Fa k p 2 (1)
12 r
Sendo:
k = constante de atração de Van der Waals;
dp = diâmetro da partícula;
r = distância entre a partícula e o grão.
Os meios filtrantes são geralmente de camada simples ou dupla. Os primeiros são formados
por areia e os segundos por areia e antracito. A NBR 12216 (ABNT, 1992) estabelece as
características dos filtros de camada simples e dupla.
Coeficiente de Uniformidade (C.U.): é dado pela razão entre d60 e d10, sendo d60 o tamanho
dos grãos abaixo do qual ficam 60% da massa do material granular.
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Fundo falso com bocais: podem ser simples ou especiais. Os primeiros são usados
quando a lavagem é feita por água somente; o segundo quando se usa ar e água na lavagem
dos filtros. As Figuras 6 e 7 apresentam exemplos de bocais simples e especiais.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 7 Prof. Gino Gehling
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7.5. TAXA DE APLICAÇÃO SUPERFICIAL (TAXA DE FILTRAÇÃO)
As taxas de filtração ou de aplicação superficial correspondem a vazão dividido pela área
superficial dos filtros. A NBR 12216 estabelece que as máximas taxas de filtração em filtros
de camada simples e dupla são, respectivamente, 180 e 360 m 3/m2dia. A maior taxa para
filtros de camada dupla decorre de um melhor aproveitamento da profundidade do leito
filtrante, conforme pode ser visualizado na Figura 10.
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7.6.1. Perda de carga no leito filtrante
Para leitos com tamanho de grãos uniformes, a perda de carga unitária é calculada de acordo
com a Equação 3.
1
2
h 2
1
180 v (3)
L g 3 D
h 1 1 n x i
2
L
180
g
v
3
2 i 1 Di2
(4)
Di D j D k (5)
Para o caso de leito não estratificado e com diversos diâmetros, cada fração em peso, de
diâmetro Di do meio filtrante, contribui para a perda de carga com sua fração. A Equação 6 é
usada neste caso.
1 1 n x i
2
h
2
180 v (6)
L g 3 2 i 1 D i
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Exemplo (Di Bernardo e Dantas, 2005)
Calcular a perda de carga em leito filtrante de areia, limpo, para a taxa de aplicação hidráulica
(taxa de filtração) de 120 m3/m2dia. Considere os seguintes dados: T = 20oC, coeficiente de
esfericidade = 0,8; porosidade = 0,4; espessura do leito de areia = 0,7m. Use os dados de
tamanhos de grãos do teste granulométrico realizado, mostrado na Figura 12.
Figura 12: Teste granulométrico para exemplo (Di Bernardo e Dantas, 2005).
Solução
Preparar a tabela a seguir, calculando Deq e Xi a partir da Figura 12.
Tamanho dos Deq
Subcamada Xi Xi/Deq Xi/(Deq)2
grãos (mm) (mm)
Mínimo Máximo (103/m) (104/m2)
1 0,42 0,59 0,498 0,1 0,201 4,04
2 0,59 0,71 0,647 0,1 0,155 23,9
3 0,71 0,84 0,772 0,1 0,129 16,8
4 084 1,00 0,917 0,4 0,436 47,6
5 1,00 1,19 1,091 0,25 0,229 21,0
6 1,19 1,41 1,295 0,05 0,039 3,0
Ʃ 1,189 152,6
Para L = 0,7 m, a perda de carga no leito estratificado será 0,344 m/m x 0,7m = 0,241 m
A perda de carga em leito não estratificado é calculada substituindo-se os valores na Equação
(6).
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h 1,005 10 3 N s 2 3 1 0,40
2
1
2
1,189 103 1 dia
180 m 120 m
L 998,2 kg 3 9,81 m 2 m dia
2
0,40 3
0,80 2 m 86.400 s
m s
0,319 m
m
Para h = 0,7m, a perda de carga no leito não estratificado será 0,319m/m x 0,7m = 0,223 m.
Obs: Px é a pressão na
superfície da areia, causada
pela coluna líquida sobre a
areia.
Nestas equações, se (x – h) for maior que zero, a pressão aumenta com o movimento do fluxo
no meio filtrante. Contudo, se h for maior que x, (x – h) será negativo, e a pressão diminui
desde o plano B-B até o plano Z-Z. Se h segue aumentando, para um mesmo valor de x,
haverá um momento em que (PX + x) < h. Neste instante, a pressão em x (Plano Z-Z) será
negativa, ou seja, inferior a atmosférica. De acordo com a Lei de Henry, a solubilidade de
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qualquer gás que se encontra dissolvida na água é proporcional a pressão na interface ar-água
Equação 10.
Cequil = KHPg ... (10)
Sendo:
Cequil = concentração de equilíbrio do gás na água;
KH = Constante de Henry para o gás;
Pg = pressão do gás na interface ar-líquido.
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7.7.1. Critérios estabelecidos para determinar a necessidade de lavagem
A lavagem dos filtros é realizada quando ocorre um dos seguintes três critérios: (Tobiason et
al., 2011).
1o) A perda de carga no filtro aumenta até atingir o limite, normalmente entre 2,4 e 3,0
metros de coluna de água;
2o) A qualidade do filtrado apresenta degradação atingindo um limite máximo de
turbidez;
3o) Um limite máximo de tempo foi atingido (1 a 4 dias).
Figura 15: Performance genérica da turbidez e da perda de carga em filtro ao longo do tempo
(Fonte: Tobiason et al., 2011)
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Tabela 1: Métodos de lavagem de filtros (Di Bernardo e Dantas, 2005)
Método de lavagem Meio filtrante
Areia convencional e me estações
Lavagem somente com água, no sentido ascensional*
pequenas
Lavagem auxiliar superficial com tubulação fixa ou
Areia convencional e em estações
com torniquetes hidráulicos e lavagem simultânea (ou
com operação qualificada
não) com água no sentido longitudinal
Lavagem auxiliar sub-superficial com tubulação fixa
Antracito e areia e em estações com
ou com torniquetes hidráulicos e lavagem simultânea
operação qualificada
(ou não) com água no sentido longitudinal
Antracito e areia ou areia
Insuflamento com ar, seguida da lavagem com água no
praticamente uniforme e em
sentido ascensional
estações com operação qualificada
Antracito e areia ou areia
Insuflamento de ar e introdução simultânea de água no
praticamente uniforme e em
sentido ascensional
estações com operação qualificada
* Método mais usual no Brasil.
A perda de carga no leito expandido assim como sua expansão podem ser estimadas pelas
equações apresentadas no manuscrito sobre perdas de carga.
A água para lavagem no sentido ascensional pode vir de reservatório elevado, por
bombeamento direto ou dos demais filtros em operação. A altura do reservatório deve ser
suficiente para vencer as perdas de carga em tubulações e acessórios, fundo do filtro, camada
de pedregulho, meio filtrante expandido e altura da água sobre a crista das calhas coletoras de
água de lavagem.
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Figura 16: Lavagem de filtro com ar e água simultaneamente (Di Bernardo e Dantas, 2005).
Sendo:
Q = vazão (m3/s); b = largura da calha (m);
ho = altura do nível máximo de água na calha.
Mínimo 1,0m
Figura 17: Ilustração de calhas coletoras de águas de lavagem (Di Bernardo e Dantas, 2005).
De acordo com a NBR 12216, as calhas de coleta de água de lavagem devem ter o fundo
localizado acima e próximo do leito filtrante expandido. O espaçamento entre as bordas das
calhas deve ser no mínimo de 1,0 m e no máximo igual a seis vezes a altura livre de água
acima do leito expandido, não devendo, entretanto, ser superior a 3,0 m.
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33,7
v mf
d eq
0,5
33,7 2 0,0408 Ga d eq
(12)
l s l g
Ga d eq3 (13)
2
LF
E 1 (1 F ) (16)
LE
Exemplo
Calcular a velocidade mínima de fluidização e de retrolavagem de um filtro de areia (ρ =
2.650 kg.m-3). Considerar temperatura da água como 20oC. O diâmetro de peneira que deixa
passar 90% em massa dos grãos é 1,15 mm.
Solução:
Número de Galileu:
l s l g (1,15 10 3 ) 3 (9,81) (998,2) (2.650 998,2)
Ga d 3eq = 24.356
2 (1,005 10 3 ) 2
Velocidade mínima de fluidificação (Vmf):
33,7
v mf
d eq
0,5
33,7 2 0,0408 Ga
d eq
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O sistema com taxa de filtração e perdas de carga variáveis é conhecido pela denominação de
taxa declinante. A forma de operação deste sistema é simples, pois dispensa o uso de
controladores de nível de água no filtro e de vazão. Os filtros funcionam com o princípio de
vasos comunicantes. A entrada de água nos filtros se dá abaixo do nível de água. À medida
que a perda de carga aumenta devido à retenção de partículas no meio filtrante, o nível de
água aumenta. A entrada submersa de água assegura que a taxa de filtração será declinante.
Outro filtro, funcionando em paralelo, com menor perda de carga e nível de água receberá
maior vazão. A cota do vertedor de água filtrada deverá estar acima do topo do leito filtrante
para evitar pressão negativa no filtro. A Figura 18 mostra o perfil de um filtro de taxa de
filtração e perdas de carga variáveis.
Figura 18: Sistema de filtração com taxa declinante (Fonte: Libânio, 2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12216: projeto de estação
de tratamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1992.
RICHTER, C.A. Água. Métodos e Tecnologia de Tratamento. São Paulo: Blücher, 2009.