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JKaria Garofina rScoi
ESETec
Editores Associados
Sobre
Comportamento
e Cognição
Contribuições para a Construção da Teoria do Comportamento
Volume 9
Hólio J. Guilhardi • Adólia Maria Santos Teixeira • Almir Del Prette • Ana Lúcia R. Aiello • Angélica
Capelari • Armando R. das Neves Neto • Cacilda Amorim • Clntia Guilhardi • Cristiano V. dos Santos •
• D. Francês • Daniel Boleíra Sieiro Guimarães • Diana T. Laloni • Elisa T. Sanablo • Fani Eta Korn
Malerbi • Helene Shinohara • Jalde A. G. Regra • Joâo dos Santos Carmo • John V. Kellor • José
Antônio Zago • Josele Abreu-Rodrigues • Kester Carrara • Leila Bagaiolo • Luc Vandenberghe • Luiz
Guilherme G. C. Guerra • Makilim Nunes Baptista • Marcelo Beckert • Márcia Edbel Galvão Juzo • Maria
Amália Andery • Maria Rofúgio Rios Saldana • Maria Tereza Araújo Silva • Maura Alves Nunes Gongora
• Miriam Marinotti • Nilza Micheletto • Rachel R. Kerbauy • Regina Cristina Wielenska • Renato Gusmão
• Renato M, Caminha • Rosana Mendes Éleres de Figueiredo • Rosária Verônica de Mello Alves •
Sandra Leal Calais • Sonia dos Santos Castanheira • Suely Sales Guimarães • Tereza Maria de
Azevedo Pires Sório • Vera Regina L. Oíero • Ziida A. P. Del Prette
ESETec
Editores Associados
2002
Copyright © desta edição:
ESETec E d ito re s A ssociados, Santo André, 2002.
Todos os direito s reserv ad o s
390 p. 24cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
ISBN -
ix
Capítulo 35 O prim eiro cliente a gente nunca esquece
Sonia dos Santos Castanheira (U FM G ).................................. 357
Este trabalho pretende identificar 08 componentes verbais envolvidos na aquistçáo do repertório matemático elementar.
Discute a instalação desse repertório no nlvel do ensino pró-escolar, com o propósito de focalizar os comportamentos
propriamente ditos, envolvidos nas aquisições correspondentes. O objeto de estudo foi um programa de contingências do
ensino, testado inúmeras ve/es, especialmente planejado para ser aplicado *m crianças a partir de quatro anos de idado
Esse programa propunha ensinar relações numéricas envolvendo as quantidades de um a dez Os resultados sugerem que,
ao adquirir o repertório matemático elementar, a criança ouve, ecoa e verbaliza certas palavras e expressóes verbais que
remetem a números, h ordenação e à organização numérica Além disso, identifica e descreve verbalmente relações
numéricas em correspondência com manipulações diretas de relações entre quantidades. Os dados destacam os componen
tes verbais Incluídos na aquisição do repertório matemático elementar, oferocendo suporte empírico para uma concepçAo
que associa esse tipo de aquisição á de um tipo arbitrário de comportamento verbal
This study intends to identify the verbal components involved in the elementary mathomatlea! repertory's aequisition. It also
dlscusses this repertory's appllcation at elementary education teaching to focus the properly behaviors Involved In thoso
correspondent acquisltlons. The researched object wa» one's teaching contlngencies program, testnd several times and
speclally designed to be applied on children over 4 years old. This program proposed teaching numerical relationships
involving quantities from 1 to 10. The results suggest that on aequiring elementary mathematlcal repertory, the child llstens,
repeats and verbalizes some words and verbal expressions that remit to numbers, to ordering and to numerical organlzatlon.
Besides that. she Identlfies and verbally describes numerical relationships In correspondency with direct manipulations
between quantities' relatlons. The data outllne the verbal components included In elementary mathematlcal repertory by
offering empirtcal support to a conceptton that assooates this type of aequisition to an arbltraty verbal behavior one.
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p = PASSO
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de um conjunto, nomeando-o e na reprodução de conjuntos (mesmo número, forma e
disposição de elementos). Passava, entào, a distinguir diferença quantitativa de números,
nomeando-os. enquanto comparava conjuntos e, em seguida, igualava quantidades por
complementaçâo (adição).
Finalmente, a primeira parte do programa - Sistema de Numeração I - propunha
a ordenação de conjuntos, números e numerais (precursor do principio lógico de
transitividade). Para tanto, a criança distinguia o número que era um mais ou um menos
que outro, distinguia conjuntos e números que vinham antes ou depois de outro, distinguia
conjunto, número e numeral que estava entre outros dois e ordenava quantidades e numerais.
O tempo todo respondia a números (quantidades representadas graficamente) e a numerais
(símbolos escritos), através de expressões verbais dos tipos: esse conjunto, número
ou numeral ó “ um mais” ou “ um menos" que outro; vem “ antes" ou “ depois" de
outro; está “ entre" outros dois.
Continuando, introduzia-se a segunda parte do programa - Sistema de Numeração II.
A primeira unidade desse programa referia-se às noções de conjunto vazio e
unitário. A criança adquiria a noção de quantidade zero, verbalizando a expressão
conjunto vazio (sem elementos). Por sua vez, designava e nomeava o conjunto de um
elemento pela expressão conjunto unitário
A seguir, o programa propunha a identificação e representação de quantidades
(de um a dez): primeiro, por símbolo oral e depois por símbolo gráfico. Com isso, ampliava
e dava prosseguimento à contagem ató dez. Para tanto, a criança ouvia, ecoava, contava
junto com a professora, contava sozinha, assinalava elementos enquanto contava,
id en tificava e nomeava as novas quantidades e num erais de seis a dez
Concomitantemente, fazia o mesmo com as quantidades e numerais já adquiridos - de
um a cinco. Continuava constatando que conjuntos com mesma quantidade de elementos
podiam ser representados por um mesmo número (precursor de conservação).
Na seqüência, o programa referia-se à ordenação de conjuntos, números e numerais
de um a dez (precursor de transitividade). Como ocorria na primeira parte do programa -
Sistema de Numeração I a criança distinguia o número que era um mais ou um menos
que outro, distinguia números “vizinhos" de outros e números que vinham “antes" e "depois"
de outro, distinguia o conjunto, número e numeral que estava “entre" outros dois e ordenava
quantidade e numerais em séries diversificadas. O tempo todo respondia a números
(quantidades representadas graficamente) e a numerais (símbolos gráficos) através de
expressões verbais dos tipos: esse conjunto, número ou numeral é “ um mais” ou
“ um menos” que outro, vem "antes" ou "depois” de outro; está “ entre” outros dois.
A seguir, o programa introduzia a escrita de numerais de um a dez. Primeiro, a
criança era treinada em coordenação viso-motora de escrita de numerais, compondo-os
de acordo com pistas. Depois traçava e escrevia numerais (algarismos) através de
procedimentos de fading out. Os numerais compostos, traçados ou escritos eram
sempre nomeados.
Na seqüência, o programa introduzia a noção de agrupamento (precursor de
divisão). Primeiro, a criança adquiria esta noção descrevendo o padrão de distribuição de
conjuntos em sub-conjuntos e nomeando o número de elementos de um conjunto e de
seus sub-conjuntos. Ouvia, ecoava e verbalizava eventualmente as expressões:
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A kJentiflcaçâo precoca da stnals da auüsmo tam s*òo apontada, na literatura, como um do» conhecimentos mais oxcltanles
nnsM Area Atualmente o babé portador desse transtorno poda sar reconhecido pelas suas dificuldades na apresentação de
vários comportamontos, tais como, orientação para estimulo social, manutenção do contato visual, imitação o atenção A
possibilidade de diagnóstico precoce de autismo fez surgirem, na literatura, pelo menos quatro conjuntos de pesqulnas: o
primeiro, destinado a identificar e descrever os próprios sinais de autismo, o segundo, relacionado a elaborar Instrumentos
de medida» válidos e sensiveis para detectar esses sln«is; um terceiro conjunto sugerindo programas do Intervenção
precoce mais específicos às dificuldades Apresentadas pelo bebê e seus familiares: e o quarto alertando profissionais da
saúde, principalmente o pediatra, sobre seu papel nasta identificação. O objetivo deste trabaltio è descrever an principais
contribuições dos quatro conjuntos de pesquisas e Indicar, para cada um deles, futuros estudos
The enrly Identification of autlsm has been idnntified in tho literatura as one of the most excltlng flndlnys of thin area
Presently, autlstic infants can be recognized by presenting dlfficulties in several behaviors, such as orlentation to social
stimuli, visual contact mamtenanco, as well as imltatlon and attentional problems. The poasibility of early dlagnostlc of
autism of has been responsible for the occurrence of at least four research areas en the literatura; 1. Identification and
description of autistic slgnals per se; 2. The creation of measurement Instruments which are valid and sensitivo to detect
such signals; 3.the suggestlonn of aarty interventlon programs which are more speclflc to the dlfficulties presented by such
infanta and their families, and 4. Tha awarenass of health professtonals, in particular lhe pediatricians, about thelr role in early
Identification. The goal of the present paper is to descnbe the main contrlbutlons of these four research areas, as well as ttm
indlcation of futuro studles related to each area.
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Instrumentos de medidas
Com o objetivo de determinar parâmetros práticos para triagem e diagnóstico em
autismo, a American Academy of Neurology nomeou Pauline A. Filipek para assumir a
presidência de um comitê que reviu 2750 referências e concluiu que diagnóstico de autismo
requer uma abordagem em dois níveis (ver Figura 1). O primeiro nível (NÍVEL 1 denominado
rotina de vigilância do desenvolvimento) tem por objetivo realizar triagem do desempenho
de todas as crianças, identificando aquelas em risco para qualquer desenvolvimento atípico.
Destinado a todos os profissionais da saúde que trabalham com crianças, aqui o comitê
indica vários instrumentos de medida (ver Figura 1) e especifica comportamentos que, se
presentes na criança, servem de alerta para o seu encaminhamento a avaliações mais
específicas, a saber: não balbuciar aos 12 meses; não apontar ou realizar outros gestos
até 12 meses; não falar palavras simples até 16 meses; não falar frases de duas palavras
espontaneamente (não ser ecolálica) até 24 meses e, sobretudo, apresentar qualquer
perda de linguagem ou habilidade social em qualquer idade. Se a criança apresenta estes
sinais, ela deve ser encaminhada para uma avaliação audiológica formal, a fim de verificar
se eles nâo estão relacionados à perda auditiva. Além disso, se o comportamento de
PICA (consumo de substâncias não comestíveis por, pelo menos, um mês) estiver presente,
deve-se realizar exames para detectar presença de chumbo. Ainda nesse nível, os autores
indicam a necessidade de se realizar triagem para autismo e sugerem os instrumentos:
^ CASSA
Expansão da avaliação i
l este genctico c metabólico, cletroíisiologia, ncuro-imagem.
PEíD: The Parents’tfvaluation o f Developmental Statu* ASQ: The Age» and Stagei Quem iotmaire (2* ed)
('M s ; The Child Devclopment Inventories HKIGA N CK : The Mnuance Sciecns
C l IAT: Checklist for autisin m Toddlcrs PDDS T: Pervasive Developmental diaorders Screening
CiARS: rhe (iilliam Autism Rating Scale PIA: The Parent Interview tbr Autism
Figura 1: Rota de diagnóstico e triagem em autismo proposta por Filipek e cols. (1999).
Programas d© Intervenção
Dawson e Osterling (1997) revisaram os oito programas de intervenção precoce
destinados a autistas existentes nos Estados Unidos propondo-se a questionar sua eficácia
(os programas são eficazes?; A eficácia está relacionada ao tipo ou filosofia da intervenção
ou as características da criança tais como seu Ql ou habilidade verbal?), bem como
descrever os seus elementos comuns.
A Tabela 2 apresenta as características básicas dos programas.
Dawson e Osterling identificaram ganhos notáveis nas crianças participantes dos
programas em termos de inclusão e/ou de ganhos específicos de desenvolvimento: cerca
de 50% delas foram incluídas em classes regulares, após a intervenção, e houve ganho de
aproximadamente 20 pontos no Ql de muitas crianças. Entretanto, se por um lado houve
ganhos, por outro, os autores apontam limitações em relação às conclusões. Por exemplo,
em que medida os ganhos relatados podem ser atribuídos à intervenção precoce?
Infelizmente, apenas um programa publicou estudos envolvendo grupo controle que não
recebeu intervenção (Lovaas, 1987; Lovaas, Srnith e McEachin, 1989). A despeito das
limitações metodológicas dos estudos de Lovaas (falta de distribuição randômica dos
sujeitos para grupo controle e experimental), eles são encorajadores especialmente na
luz dos resultados de 1993 em que os efeitos positivos dessa intervenção se mantiveram
nos anos escolares (McEachin, Smith e Lovaas, 1993).
De forma geral, até o momento, a literatura (por exemplo, Schreibman, 2000;
Rogers, 1998; Dawson e Osterling, 1997; Maurice, Green e Luce, 1996; Lovaas, 1987)
tem indicado que os programas de intervenção mais eficazes com indivíduos autistas são
aqueles que incorporam:
« um modelo comportamental, ou seja, aqueles que utilizam princípios de aprendizagem
aplicados ao comportamento humano;
• uma intervenção intensiva compreendida como a oferta de programas por muitas
horas durante o dia (entre 27 e 40 horas semanais) e em muitos ambientes da criança;
• o ensino de habilidades variadas bem como redução de comportamentos inadequados
em ambientes altamente estruturados;
• uma intervenção o mais precoce possível, de preferência antes dos três anos de
idade;
• o envolvimento da famflia na educação de seu filho com autismo como forma de
favorecer seus sentimentos de competência como pais e diminuir estresse emocional;
• treinamento em generalização e manutenção dos comportamentos aprendidos pela
criança.
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Angélica Capclari"
USrAJMESP
O comportamento de ostudar ê umo atuaçAo complementar n cio sala de aula o devo ser omitido durante toda carroira
acadêmica, de forma continua. A baixa fr*qüência de emisslo deste com(>ortamento tom sido uma das variáveis qut> tem
interferido negativamente no desempenho escolar de adolescentes. Neste peilodo da vida, diversas vunávels contribuem
para a dificuldade da emissào do comportamento de estudar, e todas elas, em maior ou menor grau, com maior ou monor
freqüência, devem ser analisadas pura quo este comportamonto seja (re)mstalado no repertório comportamental, Uma das
formas para essa (re)instalaçflo (tirol a vírgula que estava aqui) tom sido realizada na casa dos cllentos. Tondu acesso direto
ao ambiente natural, no qual o comportamento de estudar deve ocorrer, pode-se atuar do forma mal» direta o efetiva na
análise e na proposta de mudança» que envolvam o comportamento de estudar e os comportamento colaterais a esto na
vida do estudante.
Study behavior outaide school adds to the studenfs behavior 111 the clHssroom. This behavior ntust bo emitted during ali
HCHdemic life, continua))/ II» low froquency has beon considered one vanabJe that interfere» negulively with the adoloscriit'»
school performance. Durlny adolescence, many variables contributo to lessen study behavior and ali of thom, to a grenter
of a losstr extent, must tm analy/ud for Its (re)acquisition and maintenance. One kmd of work designed to Instali and maintain
study behavior can been done in the adolescenfB house In this kmd of work. the therapist is given access to the naturnl
envlronment where study behavior must occur and can work directly with the contlngenr.les that affect it This fact enables
the thorapist to analyze study behavior and propose changes more effectiveiy sinco he or she can work with compnling
contmgencies jji the adolescerit* llfe
'A autorn é uluna de meatrado no programa de Psicologia Experimental da IJniverwJade da Sâo Paulo (USP) • professora da l tnlvnrskMde MetodMtn de SAo
Paulo (UMESP)
’A autora agradece o convite para participar da mata, principalmente * Martha HOtxmr, e agradece também A Jaldn Regre jielna anoa de tiabnlhoem conjunto
30 Angélica Capclari
"inteligentes" (participam das auías, reaíizam de forma adequada as tarefas pedidas), tem
os resultados (as notas) (tirei a vírgula que tinha aqui) aquém do que se espera, em quase
todas as matérias. As queixas ocorrem, na maioria das vezes, na época da adolescência,
por conta da modificação no cotidiano escolar: aumento no número de disciplinas e de
professores, com a passagem do ensino fundamental para o onsino médio, aumento da
exigência em cada disciplina; e, nos dois últimos anos do ensino médio, a iminência
(estava “eminência", mas eu acredito que seja iminência) do vestibular, da preparação
para este (estava "o mesmo", eu substitui) e da decisão de qual carreira seguir.
O processo de aprender conteúdos estritamente em sala de aula é insuficiente
para os critérios de avaliação utilizados pela escola, que passa a medir a aprendizagem
através de notas, no final de um ou dois meses de aulas. Um comportamento deve ocorrer
extraclasse (estava separado “extra classe"): o comportamento de estudar (Hübner e
Marinotti, 2000). Somadas a (estava com crase) essas modificações, na época da
adolescência ocorrem (estava "ocorrerem") outras mudanças (sugeri adicionar mudanças,
já quo o "modificações" está meio distante no período) que também devem ser levadas em
conta: início de relacionamentos afetivos; mudanças físicas, isso tanto para meninos (tirei
a vírgula que tinha aqui) quanto para meninas.
Alguns fatores que podem dificultar a emissão do comportamento de estudar
seriam1quadros neurológicos ou psiquiátricos; defasagem entre o repertório individual e o
nível de exigência escolar, condições temporárias; história de vida e falhas no sistema
educacional (Hübner e Marinotti, 2000). A história de fracasso escolar pode ser especifica
em relação a uma disciplina ou generalizada e pode gerar insegurança, incapacidade de
auto-observação e auto-avaliação.
O comportamento de estudar, segundo Hübner (1999), é uma atuação
complementar às atividades de sala de aula, realizada em casa, através de leituras,
confecção de resumos, esquemas, fichamentos e (troquei uma vfrgt/la pelo “e") exercícios.
É modelado e mantido durante toda vida acadêmica. Envolve diversas contingências no
ambjente escolar propriamente dito e no ambiente familiar. Da mesma forma que a
aprendizagem em si, segundo Marinotti (1997), este comportamento é resultante da
interação do aluno com esses ambientes (escolar e familiar). Em geral, quando adolescentes
apresentam dificuldades (medidas através do baixo rendimento escolar, representado nas
“notas vermelhas", abaixo da média exigida pela escola) em emitir o comportamento de
estudar, são classificados pelos professores como "preguiçosos", "rebeldes" ou
"bagunceiros", piorando ainda mais o quadro geral e (troquei uma vírgula pelo "e”) o
relacionamento com o ambiente escolar e familiar, pois agora, os pais, além do lidarem
com um filho que tira notas baixas, este também é considerado “mal-elemento" (esta frase
está muito estranha! Sugestão:"... os pais lidam com um filho que tira notas baixas e é
considerado um ‘mal-elemento'"). Segundo Kerbauy (2001), envolveria contingências por
parte da comunidade verbal que detém reforçadores e punidores, liberando-os nem sempre
de forma contingente às respostas que deveriam ser mantidas e/ou punidas.
Devemos avaliar, primeiramente, se o comportamento de estudar foi aprendido.
Se foi, o segundo passo (tirei a vírgula que tinha aqui) é avaliar as variáveis que estão
impedindo sua emissão. Investigamos os fatores citados anteriormente, que dificultam a
emissão do comportamento de estudar. Conjuntamente à avaliação, em um processo
contínuo, o comportamento de estudar passa a ser instalado ou reinstalado (treinado).
32 An^ltcd Cdpelan
O duplo papel (terapeuta e professor) proporciona a avaliação constante das
dificuldades apresentadas (se acadêmicas ou não; de entendimento), o fornecimento de
reforços, o esclarecimento de dúvidas e um treino maior e acompanhado. Quando o cliente
passa a acertar os exercícios que faz, (subsititul “e assim," pela vírgula) a resposta de
estudar passa a ser reforçada de forma natural, revertendo a história de fracasso e insucesso
escolar. Com o aumento dos acertos a cada tentativa, na realização de exercícios de
matemática, ao escrever uma redação, quando passa a aumentar a exigência, introduzida
de forma gradativa, o cliente, muitas vezes, ó submetido a um esquema intermitente de
reforço (volta a não acertar sempre), às vezes, (eu tiraria esse “às vezes") inclusive de
forma natural, que visa dificultar a desistência em enfrentar as dificuldades (Sugestão:
trocar "as dificuldades” por "os obstáculos", para evitar repetição) nos estudos.
Discute-se também com os clientes (tirei a vírgula que tinha aqui) dificuldades
que possam estar ocorrendo no relacionamento com o(s) professor(es) que o estejam
impedindo de resolver suas dúvidas e estratégias para superar tais dificuldades.
Aos poucos, uma resposta que não fazia parte do repertório comportamental
corrente do adolescente (comportamento de estudar) ó (re)instalada, a partir do seu
desempenho prévio. Como o acompanhamento é feito individualmente e a avaliação do
desempenho é feita continuamente (sujeito como seu próprio controle), o processo de
aprendizagem ó facilitado.
Neste processo, durante a realização deste trabalho, temos observado aumento
na freqüência de leituras, no interesse pelas disciplinas em geral, aumento das participações
em sala de aula relatado pelas professoras, inclusive na freqüência de emissão do
comportamento de estudar generalizadamente (relatado pelos pais), diminuição da cobrança
do comportamento por parte dos pais, diminuindo o desgaste familiar, e uma acentuada
melhora nas notas obtidas em provas.
Esse tipo de trabalho pode ser facilitado, se o repertório do terapeuta apresentar
as seguintes respostas: conhecimento do conteúdo acadêmico e da linguagem, costumes
e preferências dos adolescentes.
Referências
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estudo: a família.pró-saber. In R. R. Kerbauy & R. C. Wielenska, Sobre ÇQJTlPOrtamentO 0
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res (Org.), Estudos do casos em psicologia clinica comportamental. infantil. Campinas: Papirus
Editora.
usr
O ob|«tivo deste artigo ê dwserever criticamonto os mAtudos «mpregadon pt*la Terapi.) cognitivo comportamental pura o
diagnóstico clinico 0 ava/i«rçdo do swçjuimento t«ra|>dutico. Tricnica* de observação do comportamento, tócnicaa do ontrt>
vi»ta, «vnlioçflo pHÍ(.ométric« ti avaliação fisiológica sâo aprosontada» como Importantes ferramentas para a Psicologia
clinica u da naúdit
The objoctivfi this article is criticai to deacribe tho mothods to use Cognitive-behavioral therapy for clinicai diagnoalic .-inri
thorapeutic following assessment Bohaviour observatlon techmquos, interview technlqueií, psychomotric and phyBiological
assoMmwil are inlroducad ah imporiant» looi» for clinicai and benllh Psychology
T icnln Paulwta do Medicina (UNIf ESP FPM) - Ambulatório de Ansiedade do Instituto d«t Psiquiatria do I to»pita: da* Clinica* du hacuidade deMmilcitiH
da t Jniversidade de Sâo Pauto (AMRAN IPQ HCFMUSP) Setor oe Psioolog<a dn Saúde do IrntKuto Nnuroiógioo de SP - Hovpltal UenefloAncia Portuguem»
Técnicas de observação
As técnicas de observação direta são utilizadas para o registro de dados sobre o
comportamento e o ambiente (Hutt e Hutt, 1974). Charles Darwin (2000), em seu importante
trabalho intitulado A expressão das emoções no homem e nos animais, afirma: "uma
descrição precisa do semblante relacionado a uma dada emoção ou estado de espírito,
determinando as circunstâncias em que este apareceu, seria de grande valia” (pág. 26).
Frente à utilização deste instrumento deve-se estabelecer:
ONDE: será observado/ situação?
QUANDO: será observado/data e horário?
QUEM: será objeto da observação/ sujeito(s)?
O QUE: será observado/ qual(is) comportamento(s) ou ambiente(s)?
POR QUÊ: será observado/ limites e possibilidades desta observação?
COMO: será observado/ técnicas de registro?
A observação cientifica é objetiva (atém-se aos fatos efetivamente objetivos -
exclui a subjetividade e interpretações pessoais) e sistemática (envolve planejamento prévio),
além de utilizar uma linguagem cientifica (objetiva, clara e precisa) diferente da linguagem
coloquial, para o registro. O grau de detalhamento dos dados é determinado pelo objetivo
da observação (Danna e Matos, 1986).
A classe de comportamentos não-verbais (ex. cerrar o punho, morder os lábios
etc.) não $ objeto de interpretação apriorlstica e estática. Por parte das técnicas de
observação, qualquer registro de comportamento será analisado no contexto da observação
e preferencialmente complementada por outros procedimentos. Por exemplo, projetar o
tronco em direção à pessoa do sexo oposto não significa a priori interesse, desejo ou
maior afetividade, como descrevem Weil e Tompakow (1996) no seu livro "O corpo fala - a
linguagem silenciosa da comunicação não-verbal".
O registro poderá ser manual (realizado pelo próprio observador) ou automático
(registradores eletromecônicos e filmagem).
É necessária a criação de um protocolo de observação que previamente estruture
os dados que serão registrados, consistindo basicamente de: identificação geral das
condições em que a observação ocorre e dos comportamentos e ambiente (físico e social).
Utiliza-se o relato para descrição do(s) sujeito(s) e do diagrama para o ambiente físico
(Danna e Matos, 1986; Fagundes, 1993).
Técnicas de entrevista
A entrevista é o instrumento de coleta de dados mais utilizado em Psicologia
(Lodi, 1981; Benjamin, 1996; Miranda e Miranda, 1996). Historicamente, este recurso vem
DiSôrdôCS) para diagnóstico de transtornos mentais, ou qualquer outro roteiro com finalidade
definida previamente.
Avaliação psicomótrica
O emprego de testes, escalas e inventários em Psicologia clinica e da saúde
surgem da necessidade de criar ou confirmar objetivamente as hipóteses levantadas por
observação, entrevista ou mesmo da avaliação fisiológica. Foi através destes instrumentos
de mensuração psicológica (comuns a partir de 1960) que se possibilitou o desenvolvimento
da TCC e o conhecimento sobre sua eficácia e segurança (Beck, 1997; Gorenstein, Andrado
eZuardi, 2000).
Embora haja certa discussão sobre a validade da utilização de procedimentos
psicométricos e a terapia comportamental, atualmente "(...) a maioria dos autores ó a
favor de uma integração entre avaliação comportamental e os princípios o critérios
psicométricos" (Silva e Martorell, 1996, pág. 101). Para isso alguns conceitos fundamentais
são descritos a seguir:
a) confiabilidade - medida utilizada para se referir à reprodutibilidade de uma medida,
ou seja, ao grau de concordância entre múltiplas medidas de um mesmo objeto.
Tipos de confiabilidade: entre diferentes avaliadores e teste-reteste. O Kappa (K) é
o coeficiente freqüentemente utilizado para medir o grau de concordância entre
avaliadores (K= -1 indica concordância menor que o acaso; K= 0 totalmente acaso;
K= +1 concordância perfeita).
b) validade - capacidade do instrumento em medir aquilo que ele realmente se propõe
a medir. Tipos de validade: conteúdo, critério (sensibilidade e especificidade) e
constructo.
Os instrumentos mais utilizados em TCC são descritos na tabela 1.
É importante salientar que muitos desses instrumentos ainda são desconhecidos
pela maioria dos estudantes brasileiros, sendo necessário treinamento adequado e
supervisão para escolha e manipulação dos testes e de seus escores. Ultimamente vem-
se percebendo o maior uso destes métodos através de trabalhos apresentados em
congressos, o que é bastante animador, restando ainda fomentar discussões sobre o uso,
direitos autorais destes materiais e adaptações transculturais dos mesmos.
AA = auto-aplicação
E= entrevistador
P= personalidade
QV= qualidade de vida
SM
= saúde mental
TOC = T ranstorno obsessivo-compulsivo
Avaliação fisiológica
Emborá seja um procedimento pouco divulgado em nosso meio científico e prática
clínica, a avaliação fisiológica complementa as demais técnicas até aqui apresentadas,
por tratar-se de um método empiricarnente demonstrado e possibilitar que os diagnósticos
e/ou seguimento terapêutico também considerem mudanças nos sistemas biológicos, a
partir de intervenções psicossociais (Neves Neto, 2001 c,d).
Os dispositivos de avaliação da fisiologia mais comuns são os biofeedbacks,
aparelhos eletrônicos capazes de monitorar pequenas ou grandes variações do organismo,
como: resistência galvânica da pele, tensão muscular, transpiração, temperatura, freqüência
cardíaca e respiratória, pressão arterial, ondas cerebrais etc. É importante salientar que o
seu alto custo ainda impede que mais profissionais possam se utilizar destes dispositivos.
Conclusão
Os procedimentos discutidos neste trabaího possibilitam um diagnóstico mais
válido e um acompanhamento da terapia mais fidedigno. É importante salientar que bons
terapeutas cognitivo-comportamentais também são bons avaliadores, uma vez que somente
a partir da conceitualização cognitiva ou da análise funcional dos pacientes, são planejadas
as intervenções e fica demonstrada a eficácia desta abordagem para inúmeras condições
de saúde.
Todo programa de treinamento em TCC deverá instrumentalizar seus alunos nestes
procedimentos, sendo a supervisão um aspecto fundamental para o aprendizado e
aperfeiçoamento destes recursos.
Referências
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Sobre Comportamento c C o ^ n l^ o 43
Capítulo 5
Cartas na mesa: uma análise de possíveis
determinantes do comportamento de jogo
patológico
Cacihia Amorim1
I A /’
Rec«»ntementn, o jogo patológico tornou-se um* grand* Interesse para programas de saúda pública. Este trabalho antilisa hr
contlgências que podariam manter o comportamento da jogar O comportamento de jogar poda sar dascrlto como um padrAo
comportamental forte e reslstante à extinção, qua poda levar o jogador à perda de outro» reforçadoras, a respoAtas do
nsquiva » respostas socialmente inaceitáveis ún modo a permanecer jogando. Esquema» razão randômica, probabilidade do
reforço, magnitude do reforço, custo da resposta e controlo por regras supersticiosas foram analisado» enquanto possíveis
determinantes da mstalaçio p manutenção do jogar. Estudos recentes da análise experimental do comportamento do jogui
foram também discutido»
Recently, patholoQicat yambling hns became a tssue of a çjreat Interest for publIc hoalth programa This paper Is an attempt
to analyze the contlnyencies related to gambhng. Gambllng behavior can be described as a well-establishecl and strong pattern
of responding, reslstant to extinction, ttiat can lead the gambler to loss other relnforcers, to emlt avoidance responses and
other soclally unacceptable responses, In order to engage In gambllng. Random rate schedules, probablllty of rolnforcement,
reinforcer magnitude, response cost and superstitlous rule-governed behavior are analy/od as potential determinants of tho
establishment and malntenance of gambllng Recent reports of experimental analyBis of gambling were also diacussed.
Jogos de azar são atividades ilegais em diversos países. Estes jogos são assim
chamados porque oferecem a possibilidade de econômicos significativos mediante apostas
em dinhetro, embora a probabilidade do ganho seja baixa. Em função desta baixa
probabilidade, as quantias apostadas usualmente são perdidas.
Mesmo nos países onde há permissão legal para jogar, estas são atividades
restritas a adultos. A prática de jogos de azar encontra-se, na maior parte das vezes,
concentrada em locais específicos - casas de jogos ou cassinos - nos quais se proíbe a
entrada de menores. Em cassinos, os jogos mais comuns são jogos de cartas, de roleta
e jogos com máquinas eletrônicas.
No Brasil, diversos jogos de azar estão legalizados e alguns deles são explorados
pelo Estado, como as loterias. Os jogos de cassino estão proibidos desde 1946, embora
'A autor» é m#«tr« em Pticotogla Experimental pulo PUC-SP, doutoranda em Psicologia Experimental pela Universidade do Sâo Paulo e profewora
da Universidade Sâo Francisco e Faculdade de Pticologia Padre Anchieta.
44 Cucildd Amorim
haja um projeto de lei em tramitação pelo Congresso Nacional pedindo sua liberação. 0
jogo do bingo - um outro tipo de jogo de azar - foi liberado em 1998 para exploração por
entidades desportivas, sob controle de um banco federal. Casas de bingo tornaram-se, a
partir de então, comuns em todas as grandes cidades; nestas casas, além de mesas
para o bingo, máquinas eletrônicas de outros tipos de jogos podem ser encontradas,
como vldeo-poker e caça-nlqueis.
Recentemente, as oportunidades para engajamento em jogos de azar aumentaram
com a proliferação de cassinos virtuais - acessados pela Internet - e pela presença de
máquinas eletrônicas, como vldeo-bingo, vldeo-poker e caça-nfqueis em diversos
estabelecimentos comerciais abertos. Nos dois casos, esta proliferação ó preocupante,
em especial, porque permite acesso não controlado a menores de idade.
Segundo um levantamento realizado (Escobari, 2001), estima-se que o número
usuários de cassinos virtuais da Internet aumente, dos atuais 13 milhões em 2001, para
111 milhões em 2004. Prevê-se, também, que o faturamento total destes cassinos on
line chegue, em 2004, a 16 bilhões de dólares. De acordo com este mesmo levantamento,
existem hoje aproximadamente 17.000 endereços de cassinos na Internet, nos quais
estão disponíveis diversos jogos eletrônicos similares aos encontrados em cassinos reais.
Os jogadores pagam suas apostas com cartões de crédito. Estes cassinos dependem
de uma licença para operar, que podem ser obtidas em locais onde o jogo é liberado,
como por exemplo o estado de Nevada, Estados Unidos, os países Costa Rica e Inglaterra
e a ilha de Antígua, no Caribe. Estas licenças custam, em média, 100.000 dólares
(Escobari, 2001). Uma vez que o jogo esteja disponível na Internet, ele poderá ser acessado
sem restrições por usuários de quaisquer países. Como as informações de identificação
solicitadas aos jogadores na entrada dos cassinos virtuais não podem ser checadas, a
Internet conseguiu, de fato, a liberação do jogo. A única restrição é que se disponha de
dólares para jogar.
Outros locais têm também facilitado o acesso a jogos de azar, nos últimos anos.
Máquinas caça-níqueis tornaram-se comuns em lugares de acesso livre, como padarias,
bares e restaurantes, mesmo sem autorização legal para a exploração do jogo e do uso
destas máquinas. As estimativas são que em 2001 existam, em São Paulo, mais de
10.000 máquinas de jogos eletrônicos ilegais.
Desde que as probabilidades de ganhar em jogos de azar são freqüentemente
programadas a favor do dono do estabelecimento, este se mostra um ramo de negócios
extremamente lucrativo para quem o explora e, por decorrência, extremamente prejudicial
para quem joga em excesso. Apenas considerando as perdas financeiras, os danos sâo
muito altos. De acordo com Siqueira (1999), jogadores patológicos atendidos por um
ambulatório especializado perderam durante a vida, em média, mais de 80.000 dólares,
enquanto os ganhos médios não ultrapassaram 8.000 dólares.
46 Cdcikld Amorim
relações de contingência espúrias entre determinadas topografias da resposta de jogar e
a produção do reforçamento.
48 Caclldd A m orlm
maior pagamento em caça-níqueis chega a 500:1, o que poderia levar a um ganho de
2500:3, no caso da aposta máxima de três fichas ou moedas (Casinoresponse, 2001 b).
Analisando os custos de resposta descritos acima, em relação à probabilidade e
magnitude do reforçamento, observamos que estes jogos permitem que o sujeito emita a
resposta a um custo proporcionalmente baixo, em comparação à magnitude do reforço. É
possível que este baixo custo de emissão de cada resposta individual seja um elemento
fundamental na instalação e na manutenção do padrão de jogar patológico, uma vez que
impede este custo de funcionar como punidor contingente. Respostas de custo mais alto
também podem ser emitidas, mas como decorrência de uma resposta de escolha. De
acordo com a categoria 2 do DSM, a escolha por apostas progressivamente mais altas é
característica de jogadores patológicos, o que sugere um aumento na força da resposta em
função do tempo de jogo.
Contudo, fica igualmente claro que as probabilidades de ganhar e de perder são
muito desproporcionais. Como a probabilidade de reforçamento é baixa, a longo prazo o
jogador perde muito mais do que ganha, o que tem por conseqüências diversos dos problemas
sociais descritos como categorias diagnósticas do jogo patológico, segundo o DSM. No
caso da roleta, no exemplo dado, a probabilidade do sujeito perder o valor apostado é de
97.3%, enquanto a probabilidade de ganhar é de 2.7%. No caso do caça-níqueis, uma
magnitude ainda maior de reforçamento poderia ser obtida, proporcionalmente ao custo da
resposta; o custo mais baixo, ao lado de maior magnitude, pode ser uma das variáveis
relevantes para a explicação da proliferação de tais máquinas, mesmo que a probabilidade
real de reforçamento seja bem mais baixa.
Outro aspecto a ser destacado é a aparente insensibilidade do jogar às suas
conseqüências atrasadas - as perdas econômicas cumulativas. Esta insensibilidade pode
ser interpretada de duas maneiras: primeiro, em termos de um forte controle por variáveis
presentes. Entre elas, estariam o baixo custo para a emissão das respostas individuais,
como foi apontado acima; a produção de reforçadores condicionados, como sons e luzes
correlacionados a ganhos; falta de estimulação ambiental correlacionada a contingências
competitivas (como relógios, janelas abertas indicando o momento do dia, etc.) e imitação
(presença de outros ganhando).
Alternativamente, esta insensibilidade poderia ser decorrente de controle verbal.
De acordo com a literatura da área de controle por regras, descrições de contingências
fornecidas aos sujeitos sob a forma de instruções, ou formuladas por eles mesmos, sob a
forma de auto-regras, podem alterar a probabilidade de emissão da resposta especificada
(Catania, Mattews & Shimoff, 1982; Hayes, Brownstein, Zettle & Korn, 1986), mesmo
implicando em um aumento no custo de resposta à redução na magnitude do reforçamento.
Tal controle seria explicado em termos de uma história anterior de reforçamento social do
operante de seguir regras. Outros estudos, por sua vez, sugerem que o grau de controle
exercido por uma regra ou instrução dependem de características próprias das contingências
em vigor (Amorim, 2001; Torgrud e Holborn, 1990). De acordo com os autores, o controle
verbal seria mais provável sob contingências que exercessem um fraco controle discriminativo
sobre padrões específicos de resposta, liberando reforçamento contingente a diversas
topografias ou padrões, como parece ser o caso das contingências envolvidas no jogar.
Estas também não são contingências fáceis de serem verbalmente descritas.
Como já foi destacado, há diversas probabilidades de obtenção de reforçamento, em
função do custo da resposta, bem como variações na sua magnitude, que, em aíguns
50 Cticiklti Am orim
Algumas variáveis foram manipuladas nestes estudos, de modo a verificar seus
efeitos sobre a manutenção do responder e sobre os níveis de risco da resposta: controle,
pelo sujeito, de elementos da topografia da resposta de jogar (Dixon, 2000); produção de
estímulos correlacionados a ganhos (Porter, Gbezzi & Wilson, 2001; Wilson, Ghezzi &
Porter, 2001); instruções fornecidas aos sujeitos (Dixon, 2000; Dixon, Hayes &Aban,
2000) e manipulação da probabilidade de reforçamento (Dixon, Hayes e Aban, 2000).
Dixon (2000) estudou a influência de duas variáveis - o tipo de descrição das
contingências fornecidas aos sujeitos e o controle sobre a topografia da resposta - como
determinantes do número de jogadas em que o sujeito permanecia jogando e sobre o
nível de risco assumido a cada aposta, medido em termos da quantidade de fichas
apostadas. Participaram deste estudo adultos sem história anterior declarada de jogo
patológico. Um jogo de roleta de mesa foi usado. Neste estudo, os sujeitos só poderiam
fazer um tipo de aposta, que pagaria 8:1, com a probabilidade fixa de reforçamento de
1,25%. Durante todo o experimento, que foi realizado em duas sessões, os sujeitos
poderiam escolher quantas fichas apostar. Durante algumas jogadas, os sujeitos poderiam
decidir em qual número apostar (condição de controle sobre o apostar); em outras, os
sujeitos entregavam as fichas ao experimentador e este escolheria o número para apostar
as fichas (condição de ausência de controle sobre o apostar). Deve-se notar que a
probabilidade de reforçamento era a mesma nas duas condições; o fato do sujeito ou do
experimentador escolher o número da aposta (a topografia da resposta) não alterava a
chance de ganhar. Os sujeitos começaram a jogar sem receber instruções. Depois de
algumas jogadas da primeira sessão, receberam instruções inacuradas, supostamente
"Dicas sobre Roletas". Na segunda sessão, os sujeitos recebiam outras instruções, agora
acuradas.
Os resultados obtidos por Dixon (2000) sugerem que o controle do sujeito sobre
aspectos da topografia da resposta de apostar, embora não alterem a probabilidade de
reforçamento, interferem sobre a quantidade de fichas apostadas. Todos os sujeitos
apostaram comparativamente mais, quando podiam escolher o número para apostar. O
fornecimento de instruções inacuradas, por sua vez, parecem alterar a quantidade de
tempo que o sujeito permanece jogando. O autor interpreta estes resultados como produto
anterior de uma história de controlabilidade e de controle por regras. Contudo, algumas
variáveis não controladas neste estudo, como taxa de reforçamento diferentes entre sujeitos
e entre condições podem ter funcionado como fontes espúrias de controle; assim, há a
necessidade de outros estudos incluindo controles experimentais adicionais.
Em outro estudo, Dixon e colaboradores (2000) tentaram examinar, em um mesmo
experimento, o efeito da densidade do reforçamento, do tipo de regra fornecida e da história
experimental dos sujeitos como determinantes do tempo de permanência no jogo e do nível
de risco das apostas. Para este estudo, foi utilizado um jogo de roleta computadorizado.
Os participantes do experimento relataram não ter experiência anterior com jogo de roleta
nem histórico de problemas com jogo. Os sujeitos poderiam escolher quantas fichas apostar
e qual o tipo de aposta a ser feita, dentre 3 possibilidades: 1:1, com 47% de probabilidade
de ganho; 2:1, com probabilidade de 32% e 8:1, com probabilidade de 11% de ganho. Ou
seja, a probabilidade de reforçamento variava de forma inversa á magnitude. Estas são as
probabilidades e magnitudes reais de ganho em um jogo de roleta "não viciado”. Os sujeitos
eram informados, antes do início do procedimento, sobre serem estes os tipos de apostas
possíveis e sobre suas probabilidades e magnitudes de reforçamento.
52 Cdclliiu A m orim
Jogo patológico: Uma prática cultural “ patológica” ?
O valor da análise experimental do comportamento de jogar dificilmente poderá
ser superenfatizado. O conhecimento das variáveis ontogenóticas responsáveis pela
instalação e manutenção do jogar poderá levar ao desenvolvimento de propostas de
intervenção remediativas, voltadas para jogadores com este padrão já bem estabelecido.
Contudo, como já foi mencionado anteriormente, este ó um comportamento produto
de trôs níveis de seleção natural, dentre elas as práticas culturais vigentes. Um maior
número de jogadores é potencialmente reforçador para aqueles que exploram o jogo; ao
mesmo tempo, alguns representantes das agências que regulamentam as práticas
culturais do grupo social - o Poder Legislativo - têm defendido sua expansão. A análise
experimental do comportamento de jogar pode, de forma importante, colaborar com a
questão, fornecendo subsídios científicos para a discussão dos efeitos desta expansão
das oportunidades de jogo, tanto para aqueles que jogam, quanto para outros a seu
redor.
Vale a pena mencionar os argumentos do parecer sobre o projeto de lei para a
legalização dos jogos de azar (Lobão, 1996). Parte da argumentação da defesa do projeto,
feita pelo senador Edison Lobão, baseia-se no potencial econômico que poderá ser
alcançado, caso o jogo seja liberado em locais de potencial turístico ou em locais sem
outras alternativas de desenvolvimento econômico-social:
"Não há dúvida, assim, que a indústria do jogo é uma atividade econômica
significativa e que potencialmente poderá, de fato, converter-se em fonte de
financiamento para a indústria turística nacional. Sob o aspecto puramente
econômico, portanto, a legalização do jogo é eminentemente meritória"
(Lobão, 1996, pág. 1)
A outra parte da argumentação ó de maior interesse para o analista do
comportamento, pois fundamenta-se em uma concepção de homem autônomo e
autodeterminado, que vem desde muito sendo refutada pelo behaviorismo radical:
"O argumento de ordem moral (de que o jogo é uma atividade perniciosa em
si mesmo), assim, é contrário ao princípio da liberdade. Não cabe ao Estado
tutelar o cuidado que qualquer pessoa tenha ou deixe de ter consigo própria;
note-se que o suicídio, por exemplo, é indiferente ao direito penal (ressalvando
o caso de instigação ao suicídio, naturalmente), embora constitua uma grave
afronta religiosa e moral para alguns"{Lobão, 1996, pág. 2)
A argumentação deste legislador vai na direção de defender a liberação do jogo
em nome da preservação da liberdade e autonomia individual, como fica claro a partir do
trecho citado. A suposta defesa da liberdade, contudo, apenas deixa espaço para o
controle ser exercido por outras fontes, às vezes não explicitas. É igualmente
surpreendente notar como sequer é considerado por este legislador que a liberação do
jogo terminará por expor indivíduos a reforçadores condicionados poderosos que certamente
o instigarão a jogar. Porém, parece que este lapso é facilmente explicável, na medida em
que tornaria sua proposta tão ilegal quanto a instigação ao suicídio. Resta analisar quais
seriam as variáveis que manteriam o comportamento de defesa da liberação do jogo, por
parte de alguns políticos.
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Association for Behavior Analysis, New Orleans.
Desde alguns anos, analistas experimentais do comportamento passaram a utilizar com maior frequAncia software»
especialmente desenvolvidos para suas pesquisas. O presente trabalho apresenta uma das linguagens de programaçflo
mais populares, o Visual Bhsic, da Microsoft, os requisitos desta linguagem de programação a seus fundamentos. A
programação de um software 6 apresentada como atividade que requer, basicamente, habilidades comuns a analistas do
comportamento analisar e programar contlngAncias.
Slnce a fnw years ago, experimental behavior analysts have begun to usa speclally developed software» more frnquontly,
In order to carry their research programs This paper present one of the most popular programming languages, Microsofts's
Visual Basic, the language requlrements and its main issues Developing a software is described as an actlvity that
requlres, basicalfy, skills frequently íound among behavior analysts: analyzing and programming contlngencles.
56 Cacildd A m orim
verbais que usamos para dar instruções em situações de interação social. Estes programas
podem ser utilizados, basicamente, de duas formas.
Primeiro, softwares podem controlar a liberação de estimulação antecedente e
conseqüente em situações experimentais, usualmente em conexão a caixas de Skinner
padrão ou análogos, bem como registrar as respostas emitidas pelos sujeitos. Há algumas
empresas especializadas em produzir equipamentos para laboratório, como caixas
operantes, manipulandos como barras ou medidores de lambidas, dispensadores de água
ou comida, componentes para apresentação de luzes e sons, entre outros. A maior parte
destes componentes são operados por computador, tanto em relação ao registro das
respostas emitidas quanto à apresentação de estímulos. Estas mesmas empresas
desenvolvem softwares para controlar estes equipamentos e que, em alguns casos,
permitem que o pesquisador crie novos programas de modo a atender suas necessidades
específicas (por exemplo, Med-Associates, 2002).
Segundo, e de especial interesse para a análise experimental do comportamento
humano, programas de computador podem ser usados para construir ambientes
experimentais adequados ao estudo de tarefas mais complexas e mais próximas daquelas
realizadas em situação natural.
Com relação a esta segunda forma de utilização de programas de computador, a
literatura mostra um crescente número de procedimentos que apresentam a sujeitos
humanos tarefas experimentais similares a jogos de computador. Há, inclusive, uma revista
internacional especializada em novidades tecnológicas para o estudo do comportamento-
Behavior Research, Methods, Instruments & Computers-q u e regularmente publica artigos
sobre softwares desenvolvidos para o estudo de processos comportamentais, como
modelagem (Silva, 1999), jogar em máquinas de vldeo-poker (Dixon, MacLin & hayes,
1999) e caça-níqueis (MacLin, Dixon & Hayes, 1999), tomada de decisão e solução de
problemas (Buttler, 1996; Summers, 1996), entre outros. Aqui no Brasil, temos observado
uma produção também crescente, desde os últimos anos, de softwares para análise
experimental do comportamento humano (Amorim, 1999; Vasconcelos-Silva, Martins, &
Simonassi, L.E., 2000; Amorim & Santarém, 2001; Jonas, & Chaves, 2001; Moreira, Gomes
& Pereira, 2001; Simonassi, Guimarães, & Martins, 2001).
F u n d a m e n to s da p ro g ra m a ç ã o em V is u a l B a s ic p a ra a n a lis ta s d o
co m p o rta m e n to
Há uma característica das linguagens de programação que podem se tornar um
elemento complicador para analistas do comportamento que pretendam aprendê-las: vários
58 Cacilda A m orim
dos termos usados pelos programadores são os mesmos usados por analistas do
comportamento, mas com significado totalmente diferente. Assim, são comuns referências
a eventos públicos ou privados, funções, propriedades, variáveis e controles. Como uma
estratégia para contornar esta dificuldade, deixaremos de lado esta terminologia técnica
em troca de outra, mais acessível para nossa comunidade.
A programação de um software não ô muito mais que o planejamento de um
conjunto complexo de contingências, em um ambiente a ser criado pelo programador e no
qual algumas interações entre este ambiente e o usuário do programa - normalmente, o
sujeito experimental - deverão ocorrer. Entendendo um programa em termos de
contingências de reforçamento, o analista-programador deverá: 1) planejar e criar o suporte
ambiental para todos os aspectos da situação antecedente; 2) definir quais as respostas
operantes que serão emitidas e criar o suporte ambiental necessário para sua emissão; 3)
definir quais eventos serão produzidos em função de respostas dos sujeitos (conseqüências)
e quais serão independentes da resposta, também criando antecipadamente o suporte
ambiental para estes eventos.
Como já foi mencionado anteriormente, a linguagem visual requer o desenho
antecipado de todos os componentes do programa. Esta linguagem de programação é
chamada de visual porque o suporte ambiental é desenhado - o programador vê, literalmente,
na tela do computador, o ambiente que está sendo construído por ele - e porque as instruções
são anexadas aos elementos do ambiente aos quais estão relacionadas. Desenhar os
componentes do programa é equivalente a criar o suporte ambiental para todas as alterações
ambientais que poderão ocorrer. Estas alterações ambientais ocorrerão em função dos
códigos do programa - o conjunto de instruções que serão executadas pelo computador-
e poderão ser de dois tipos: dependentes ou independentes de uma resposta do sujeito.
Neste último caso, contudo, ainda assim elas serão dependentes de algum outro evento ou
instrução pré-definido, como será visto a seguir.
Como exemplo, suponhamos que o analista-programador esteja interessado em
desenvolver um programa para estudar desempenho de humanos em esquemas múltiplos.
Ao descrever as contingências que devem vigorar em um múltiplo, sabemos que é necessária
a disponibilidade de pelo menos um manipulando e de estímulos que sinalizem os diferentes
esquemas. Para este exemplo, vamos supor que a resposta exigida fosse clicar sobre um
botão. Os dois esquemas programados poderiam ser, para simplificar, CRF e extinção.
Diante de um ambiente de cor branca, o CRF estaria em vigor. Depois de algum tempo,
digamos, um minuto, a cor do ambiente mudaria para preto, sinalizando extinção. A
conseqüência para o responder em CRF poderia ser a apresentação da figura do Smile, por
dois segundos. A Figura 1 mostra como funcionaria este programa; mais à esquerda vemos
o componente branco e no centro o componente preto. Mais à direita, vemos a conseqüência
para a resposta de clicar sobre o botão "Clique aqui", durante o componente branco.
Para começar, o analista-programador precisá, antes de tudo, desenhar todos
os aspectos necessários do ambiente experimental. Como um experimentador que prepara
uma caixa e o aparato controlador, é necessária a construção de um ambiente que contenha
o suporte ambiental para a emissão da resposta - o manipulando; no exemplo, um botão.
Este ambiente deve também possibilitar a ocorrência do evento reforçador - o Smile.
Além disso, este ambiente deve conter igualmente elementos que controlem a passagem
do tempo, de modo a permitir a mudança da cor ambiente ora para branco, ora para
preto, de acordo com a alternação dos componentes esquema múltiplo. É igualmente
necessário controlar a duração do reforço, conforme planejado.
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60 Cdciltld A m orim
Em seguida, o analista-programador passará a incluir no ambiente os elementos
necessários para a interação desejada. Para o múltiplo acima, é necessário um
manipulando, para que o sujeito tenha sobre o que clicar. O Visual Basic possui uma
caixa de ferramentas, com todos os recursos que o analista-programador pode usar para
construir seu ambiente. Esta caixa de ferramentas também pode ser vista na Figura 2, à
esquerda, representada por três colunas paralelas com diversos (cones. À direita da
figura encontra-se outro recurso fundamental para o desenvolvimento dos softwares: a
caixa de propriedades. Como veremos adiante com mais detalhes, todos os elementos
do ambiente possuem algumas características que podem ser alteradas: seu nome, sua
cor, seu tamanho, sua posição, o fato de estarem ligados ou desligados, visíveis ou
invisíveis, entre várias outras. Estas propriedades podem ser definidas a partir desta
caixa de propriedades ou alteradas durante o uso do programa, quando este obedece a
instruções. Somente para tornar mais claro, são as mudanças das propriedades dos
elementos do ambiente que levam às variações requeridas pelas contingências. A primeira
propriedade que definiremos será a propriedade Name (Nome) deste ambiente. Iremos
chamá-lo Ambiente, por questões de conveniência.
Um botão-manipulando pode ser integrado ao ambiente com apenas um clique
duplo sobre o ícone de botão de comando da caixa de ferramentas: um ícone retangular,
na segunda fileira da coluna esquerda da caixa de ferramentas. Iremos alterar a propriedade
Caption (Rótulo) deste botão para “Clique aqui" (ver Figura 1) e sua propriedade Name
para Manipulando. Também, precisamos incluir o suporte ambiental para a liberação da
conseqüência - o Smile. Há a possibilidade de inserir arquivos de figuras nos programas
de Visual Basic, quer sejam fotos (*.jpg ou *.tif), desenhos (*.bmp) ou outros formatos de
arquivos de figuras. Para isso, precisamos de uma moldura; deveremos clicar duas vezes
no ícone de imagem (última fileira, coluna da esquerda). Após o clique duplo, uma moldura
vazia aparecerá na tela. Deveremos então, colocar uma figura nesta moldura. Para isto,
iremos definir a propriedade Picture (Figura) desta imagem para o nome de um arquivo
figura com a imagem do Smile. Com isto, o Smile aparecerá dentro da moldura. Mais um
detalhe: como a conseqüência só estará visível no momento da liberação do reforço,
iremos definir sua propriedade Visible (Visível) para False (Falso). Para terminar, a
propriedade Name desta imagem será Consequencia.
Como foi também dito, ainda falta incluir um elemento para controlar o tempo e
alternar os componentes do múltiplo. Há um componente específico para isto no Visual
Basic, que exerce a função de temporizador (timers ou relógios). Para incluir um timer,
basta clicar sobre um botão (adequadamente, um ícone de relógio) disponível na caixa de
ferramentas do Visual Basic. Deveremos fazer isto duas vezes. O timer que controlará a
alternação dos componentes será chamado TimerMultiplo. Queremos que este timer
seja ativado a cada 1 minuto, portanto estabeleceremos o valor de sua propriedade Interval
(Intervalo) em 60000 milissegundos. Queremos também que este timer comece a funcionar
automaticamente, tão logo o programa seja carregado; portanto sua propriedade Enabled
(Ligado) deverá ser igual a True.
Quanto ao segundo timer que tornará a conseqüência visível durante o
reforçamento, iremos alterar sua propriedade Name para TimerConsequencia e sua
propriedade Interval para 2000 milissegundos (o período durante o qual a conseqüência
permanecerá visível). Como este timer é o elemento que fará com que a conseqüência
desapareça depois de 2 segundos após o reforçamento, ele só será ativado no momento
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Figura 3: Detalhe da caixa de ferramentas à esquerda e o ambiente experimental com
todos os componentes já incluídos, à direita.
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62 Cticlldu A m orim
cor de fundo da tela, ou seja, a BackColor. Na linguagem do Visual Basic, o nome da cor
branca é QBColor (15). Então, a instrução a ser anexada é:
Basta esta instrução para que a cor de fundo da janela Ambiente mude
automaticamente para branco, quando o programa for ligado. O próximo passo ó instruir o
timer que controla o múltiplo para que ele altere a cor da tela, de branco para preto e vice-
versa, a cada 1 minuto. É importante notar que esta alteração no ambiente ó uma independente
da resposta do sujeito experimental, mas que deve ser programada de forma similar.
Quando definimos a propriedade Interval do timer para 60000 milissegundos (1
minuto), determinamos que a cada minuto todas as instruções anexadas a este timer
sejam executadas. Estas instruções deverão levar o programa a mudar a cor da tela, de
branco - QBColor( 15) - para preto - QBColor(O) - e vice-versa. Para tanto, o programa
precisará identificar qual a cor atual, para mudá-la para a cor contrária.
Para inserir estas instruções, deveremos clicar duas vezes sobre o //merque
chamamos de TimerMultiplo. Aparecerá então o local apropriado para inserir as instruções
referentes a este timer. o espaço entre as linhas Private Sub TimerMultiplo_Timer e Exit
Sub (ver Figura 5). Neste espaço, escreveremos os seguintes códigos:
If Ambiente.BackColor = QBColor(15) Then
Ambiente.BackColor = QBColor(O)
Exit Sub
End If
Sobrr C
omportamentocCognição 63
Estes códigos descrevem nada além de relações condicionais: se a cor de fundo
atual for branco, mude para preto e termine a instrução aqui; se a cor de fundo atual for
preto, mude para branco e termine a instrução aqui.
Continuando, devemos agora incluir os códigos para a resposta operante de clicar
sobre o botão. Como planejado, um clique sobre o botão diante da cor de fundo branca
produzirá o Smile por dois segundos. Cliques no botão diante da cor de fundo preta não
produzirá alteração alguma. Para inserir as instruções que serão executadas quando o
botão foi ativado, basta clicar duas vezes sobre ele. O espaço adequado, similar ao produzido
em relação ao ambiente e ao timer do múltiplo, aparecerá. Nele, escreveremos instruções
que também descrevem relações condicionais, apresentadas a seguir:
If Ambiente.BackColor = QBColor(15) Then
Consequencia.Visible = True
TimerConsequencia.Enabled = True
End If
64 Cacilda Amonm
o software desejado, com freqüência são necessários pequenos ajustes posteriores,
quando não durante a coleta de dados, exigindo correções imediatas. O Visual Basic, de
acordo com a experiência da autora, é uma ferramenta de trabalho disponível e acessível
ao analista do comportamento e que pode facilitar sobremaneira a atividade de pesquisa
experimental de laboratório. As vantagens do domínio destas novas tecnologias para o
desenvolvimento da análise do comportamento não precisam ser aqui reiteradas, basta
remeter à literatura recente que tem incluído em seu aparato experimentai softwares
especialmente desenvolvidos para atender a suas questões de pesquisa.
Os maiores desafios encontrados na programação se localizam exatamente no
campo onde as habilidades do analista do comportamento são mais desenvolvidas. Um
bom analista do comportamento já tem bem instalado um pró-requisito fundamental do
bom programador: a habilidade de analisar contingências. Escrever um programa não é
nada mais que planejar um ambiente e todas as possíveis interações entre um humano e
este ambiente, como procuramos demonstrar neste trabalho. Em resumo, desenvolver
um programa não é mais que analisar e programar contingências.
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66 C.icildii Amorim
Capítulo 7
Autismo e preocupações educacionais: um
estudo de caso a partir de uma perspectiva
comportamental compromissada com a
análise experimental do comportamento
LeiIa Hagaiofo
ru c y r
Cíntia í/uilhanlt
ru c s r
O trabalho tem como objetivo apresentai um caso clinico, do uma criança de 7 anos, diagrxisticada com autlstm, a partir das
dlmensAes fundamentais da Análise Experimental do Comportamento As autoras descrovem a intervenção comportamental,
h partii do passos prá-estabelecldos que possibilitam um fazer diretamente compromissado com a Análise Experimental do
Comportamento Os passos sucessivos foram definir as classes de respostas a serem Instaladas/mantidas ou minimizadas;
observar e registrar o* dado» obtido* durante toda a intervenção, estabelecer a tinha de base, estabelecer as metas a serom
cumpridas; escolher os procedimentos a serem utilizados, programar a generalização; avaliar constantemente o programa,
com apresentação e sistematizaçâo dos dados coletados A execução desses passos, a partir do caso clinico, pormitiu As
autoras apresentarem os aspectos mais relevantes de um» intervenção firmemente compromissada com a ciência o com
os objetivos do cltente « seus familiares,« ressaltarem o quanto a eficiência de um tratamento pode estar vinculada ao grau
de clentlficidado presente na Intervenção adotada
The goal is to describe a clinicai mtervention reali/ed with a seven years old child dlagnosed with autlam. Tho inlervnntion
foilowed the dimensions proposed by the Experimental Analysis of Behavior and was designed to incorporato the stopN
commonly used by experimental researchers The steps were: (a) to define the response classes Io bo shaped, maintainod
or reduced; (b) to observe and rncord the procedure oxecuted as well as the behavioral data, (c) to observe tho child inilial
repertoire and establish a haseline ol behaviors; (d) to establish the goals of the mtervention tiofintnt) the classes of behavior
to be incruased, maintamed or decrease In frequency of occurrenca; (o) to select lhe procedures to be applied, (f) to promoto
the generallzation of the classes of behavior tralned directly to new classes, new context» and to be muintained in time; and
(g) to contlnuously ev^uate the goals, the mtervention metfKxls, and results throughout the interventlon. The efflcacy of tho
clinicai mtervention is doscribed and attributed 1o both the direct appllcation of the principies of th» Experimental Analysis of
Behavior and the use of the research steps adopted by the scientiflc community.
Considerações Iniciais
O titulo enfatiza que o trabalho de intervenção realizada com uma criança de 7
anos, diagnosticada com autismo, com nome fictício de Tales, está vinculado em todos os
níveis de sua execução com as dimensões fundamentais da Análise Experimental e Aplicada
do Comportamento.
Assim, mais que apresentar um caso, gostaríamos de convidá-los a uma reflexão:
O trabalho aqui apresentado não é inovador, pelo contrário, possibilita fazer um resgate
histórico e, por isso, sem dúvida nenhuma, recorreremos aos primórdios da Análise do
' PlcUire rxchnng* Comunication System PECS. conforms proposto por Frost & Bondy (1994)
SobreComportamento eCoRnt(cko 69
Observando e Registrando
A observação e o registro de comportamentos, tanto de comportamentos
apropriados como inapropriados, permeiam todos os demais passos e ocorrem durante
toda a intervenção. Não se trata de mero capricho do pesquisador, mas de um compromisso
com a Análise Experimental do Comportamento, com a criança e com seus familiares,
pois sem registro e sem mensuração não há possibilidade de se certificar que ocorreram
(ou não) mudanças na direção desejada nos processos comportamentais com os quais
se está trabalhando.
Segundo Danna e Matos (1986/82), os dados observados e registrados são dados
de pesquisa e possibilitam um controle experimental mais fidedigno e acurado. Além
disso, são também dados relevantes para a criança e seus familiares, pois somente a
partir deles pode-se justificar (ou não) as intervenções que estão sendo manejadas. O que
se pode dizer sobre a adequacidade (ou não) de um procedimento, se não há dados sobre
o efeito de sua aplicação?
No caso de Tales, o registro constante dos comportamentos observados, desde o
início da intervenção, possibilitaram às terapeutas verificar a cada sessão a evolução da
criança a partir dos procedimentos empregados.
* Um* dlscuaUo mau detalhada «obra oa procedlmentoe deecrito* poda aar encontrada em Maurtce Green & l.uoe, 1Wfl e Sidman, 1966
R eferências
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Stokes, F. T., & Baer, D. M. (1977). An implicit technology of generalization. Journal üf Applied
Behavior Analysis, 10, 349-367.
No estabelecimento do* objetivo» da larapia, o» valoro» tanto do terapeuta quanto do cliente assumem uma poslçio critica.
O canctilta d« valores é dlucutido dentro de uma p«rtp*ctlv» enslltico-comportamental como um tipo mtpeclnl de
metacontlngência, na qual a conseqüência comum a todos os comportamentos mantidos por contingências mais especificas
nunca è obtida completamente, o que gera comportamentos muito resistentes a mudanças. O uso do conceito de valores
como metacontingências na terapia pode aumentar a adesão ao tratamento, a manutenção dos comportamentos desejados
o a generali/açéo destas para outros contextos fora da terapia. Esses pontos sAo ilustrados com um estudo de caso, no qual
ocorreu conflito de valores entre o terapeuta e o cliente. Sugestões sobre estratégias terapêuticas relevantes nosses casos
sfio apresentadas
When establishing therapeutlc yoals, the values of both the therapist and the Client ocupy a criticai position The concept of
values is discussed In a behavior-analytlc perspective as n spocial kind of metacontlngency, In which a consoquence that
is common to many dlffernnl behaviors is nevar fully obtained. This fact generates bahaviors that are very resistant to
change and the use of these special klnds of metacontingencies may enhance treatment compliance, the malntenance of
desired behaviors and their generali/ation to other contexts outside therapy These issues are exempllfied by a case study,
durlng thu courso of which confllcts regarding values occurred. Suggestlons on therapeutic stragegies relevant to thoses
situatlons are presented
Estudo de caso
Cliente: sexo masculino, 24 anos, homossexual, estudante de contabilidade,
trabalha em uma pequena firma de contabilidade. Filho mais novo entre cinco, mora só
com a mãe.
Queixas:
• Tremores na mão direita, sem causa orgânica aparente.
• Timidez, medo de criticas, fácil irritabilidade com outras pessoas.
• Dificuldades acadêmicas, atribuídas aos seus problemas interpessoais.
Análise do caso:
• Revolta com a condição homossexual, em função de suas conseqüências (preconceito,
gozação) >busca de aceitação pela conformidade com as normas sociais (comparação
com o comportamento dos outros) -> sentimento de insatisfação generalizado com a
vida por nunca conseguir "ser igual aos outros".
• Problemas interpessoais originados pela não aceitação da homossexualidade
O cliente expressou, ao longo da terapia, um desejo de mudar sua orientação
sexual, pois acreditava que, ao passar a ser heterossexual, tudo se resolveria em sua
vida Ao mesmo tempo, ele expressava certos valores, em forma de auto-regras, como por
exemplo: "as pessoas devem casar e ter filhos; filhos adotivos ou filhos não concebidos
‘naturalmente’ não são filhos"; "profissionais homossexuais não são competentes".
O terapeuta, após realizar a análise funcional e expô-la ao cliente, passou à fase
de determinação dos objetivos da terapia. Nesse momento, cliente e terapeuta
apresentaram desacordo em relação aos objetivos: enquanto o cliente queria que a terapia
fosse dirigida para a mudança de sua orientação sexual, o terapeuta, por questões de
valores pessoais e por uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, não podia
fornecer o serviço requerido pelo cliente. Assim, o terapeuta expôs o problema ao cliente,
enfatizando o tipo de serviço que ele poderia oferecer e a impossibilidade de atender os
desejos do cliente e ressaltando que a escolha de continuar o tratamento dentro dos
moldes sugeridos caberia ao próprio cliente. O cliente concordou, um tanto relutante, e os
objetivos foram, então, estabelecidos. Ao final da terapia, o cliente deveria:
• Entender o que é homossexualidade;
Conclusão
Em vários momentos da terapia, ó preciso que levemos em consideração situações
mais amplas e que, freqüentemente, não são englobadas dentro do conceito de contingência
tríplice. A noção de metacontingência vem somar-se à análise funcional, lembrando-nos
de que não é possível, muitas vezes, atermo-nos somente às conseqüências imediatas
dos comportamentos para entendê-los completamente. A identificação de conseqüências
mais abstratas (abstrata significando comum a vários comportamentos mantidos por
contingências mais específicas) pode, como discutido acima, auxiliar o terapeuta no seu
trabalho, aumentando a adesão do cliente e a manutenção dos comportamentos desejados,
mesmos ambientes fora da terapia.
Referências
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Hayes, S. c., Strosahi, K. d., & Wilson, K. G. (1999). Accectance and commitment therapyian
experientlal approach to behavior change. New York: The Gilford Press.
Quarenta anos atrás, eu vim ao Brasil, pela primeira vez. Eu tinha 49 anos de
idade e meu marido Fred, 63. Ele era professor de Psicologia da Columbia University em
Nova York. Nós vivíamos em Terrafly, N. J., um subúrbio de Nova York. Nosso filho John
tinha recém entrado na faculdade e nossa filha Anne, casado recentemente. Fred tinha
um sabático para gozar no ano de 1961. Ele falou sobre isso com uma estudante e ela deu
essa informação, no Brasil, para o reitor Paulo Sawaya. Para surpresa de Fred, ele recebeu
um telegrama do reitor convidando-o para passar seu ano sabático na Universidade de
São Paulo. Esse foi o começo das cousas que mudaram nossa vida para sempre. Naquele
tempo enviar e receber cartas era incerto e demorado. No entanto, apesar da inflação
crescente, o reitor Sawaya assegurou a Fred que ele podia ter auxilio extra da Fundação
Fulbright e que poderíamos viver confortavelmente e até mesmo ter uma empregada. Uma
experiência nova para mim. Eu estava pessimista com o que aconteceria, mas Fred
perseverou e até mesmo fez um curso de Português. As únicas palavras que aprendi
foram: Bom dia, Boa noite, obrigado, sim senhor e uma frase que eu repetia: “O meu nome
é João BrownVFred havia comprado um disco. Nesse meio tempo Anne ficou grávida e
seu marido John Farmer aceitou uma colocação em um College em Long Island. Era uma
longa distância dirigindo de nossa casa até a ilha, mas eles concordaram em olhar nossa
casa para nós, temporariamente. Fred aceitou o convite do reitor e, num dia frio de inverno,
nós saímos de um aeroporto em Nova York e chegamos ao Rio na manhâ seguinte. A
temperatura era aproximadamente 100° F. Passar nossa bagagem com excesso de peso
na alfândega foi caótico mas um representante da Fundação Fulbright veio nos socorrer.
Professora Carolina Martuscelli Bori e um representante da Universidade nos encontraram
no aeroporto de São Paulo. Fomos levados para o hotel Excelsior e jantamos lá à noite
com Dona Carolina. Ela era muito gentil e nos forneceu informações que solicitávamos.
Agradecer™» à Reviatu BraaHwn d* Tanpm Comportnmantal • Cognitiva a autorização para a puMcaçfto do texto, originalmente publicado no volume
3, número 2, em 2001 da Revitta
88 l>. Francês
O reitor Sawaya não era mais reitor. Seu substituto era o homem que estava com
ela no aeroporto.
O departamento de Psicologia era em dois lugares. Fred poderia escolher entre
eles. A antiga ou a nova Universidade. A mãe de uma estudante, Maria Inês Rocha e Silva,
falava inglês e se ofereceu para ajudar-nos a encontrar um apartamento.
No dia seguinte nos mudamos temporariamente para o Hotel Grand Park. Lá, os
bondes e os ônibus chegavam e nos impediam de dormir, todas as noites. Após uma
semana Dona Mausi encontrou um apartamento mobiliado, para nós, na Avenida São
João e alugou pela duração de nossa permanência. Buzinas substituíram os bondes, Fred
pegava todos os dias um bonde para a Universidade. Eu fazia a compra de mantimentos
em um peg-pag vizinho, localizado do outro lado de uma avenida movimentada. Eu rezava,
a cada vez, para uma volta segura e freqüentemente voltava para casa com alimentos que
não havia comprado. Aprendi uma nova frase: “eu não falo português".
Eu lavava roupa a mão, em um tanque perto da pequena varanda, principalmente
porque estava com medo de falar, mas também porque havia uma diminuição das verbas
do governo. Chegou um telegrama de uma editora de N.Y oferecendo a Fred $1.000 se ele
fosse lá e editasse um livro. Ele foi e eu lembro que fiquei com $14 entre o jejum e eu. Em
retrospecto, considero que foi uma experiência gratificante. Aprendi alguma coisa sobre
sobrevivência.
Logo após termos chegado ao Brasil, Lourdes e Oswaldo Pavan se comunicaram
conosco e nos convidaram para jantar um peixe recém pescado. Nos apresentaram a
Ruth e Simon Matheus e, mais tarde, para Betty e Frota Pessoa, através de quem
encontramos Susana e Roberto Coelho. Depois disso, a lista de pessoas que encontramos
representa muitas profissões. Os Coelho mudaram da Califórnia para o Brasil em meados
dos anos 40. Tinham uma linda casa no Morumbi, dois filhos jovens, ambos formados em
Stanford onde tornaram-se arquitetos. Susana logo tornou-se uma filha substituta. Sua
casa era um paraíso.
Eu voltei para os E.U.A. para o nascimento de meu neto. Decidimos vender nossa
casa e entre preparar a mudança e a chegada do bebê foi um período trabalhoso para
mim. Perdi a Revolução no Brasil mas ouvi sobre ela quando voltei. O dia do pagamento
chegou. Fred voltou para casa com dinheiro sob sua camisa. Parecia Papai Noel. Essa
noite sentamos na mesa da sala com uma lista de coisas para pagar. Foi um alívio das
obrigações.
Tivemos muitas viagens agradáveis ao Guarujá, Rio e São Sebastião e
comparecemos a reuniões durante esse período. Fanny e Enrique Fix (pais de Dora Ventura)
nos levaram a Ouro Preto. Tivemos um período maravilhoso e Dona Maria Ines Rocha e
Silva foi conosco. Outra viagem com Rodolpho Azzi (assistente de Fred) a Rio Preto é
lembrada em seus escritos. Eu não mantenho um diário por isso perdoe-me pela memória
pobre. Maria Amélia Matos e Dora Fix receberam PhD pela Columbia University e Maria
Inês Rocha e Silva pela Indiana University. Tê-las em nosso país foi uma maneira de ter o
Brasil perto de nós.
Mudamos então para o Arizona nos anos 70. João Cláudio Todorov e Silvia
chegaram. Estivemos juntos muitas vezes em sua casa e na nossa, muitas vezes. Dona
90 ^wnccs
Capítulo 10
Estudo sobre estresse traumático e pós-
traumático em funcionários na Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor
(FEBEM - São Paulo)
Daniel Roleira Sieiro C/uimarães '
Márcia Edbel í/alvào lu /o *
Rosária Verônica de Mello Alves*
Renato Gusmão*
0 artigo tom como objetivo apresentar um programa de colaboração institucional entre o PAE / FEB FM -S P (Programa de
Atendimento ao Empregado da FEBEM - S io Pauto) e a IN TER M ÉD IC A (empresa do medicina do grupo prestadora de serviço
de saúde mental). 0 Intuito do programa apresentado foi atender os funcionários com diagnósticos do reaçAo aguda ao stress
o slndromu do struss pós-traumático (om inglês, PTSD). O transtorno do ostresse pós-traumético A um distúrbio psiquiátrico
caracterl/ado por ruaçõos surgidas moses ou até anos após se tor passado por uma experi&ncia traumática, comum om
veteranos de guerra o também vitimas de estupro e violência. Foram realizados dois grupos, entro março o maio do ano do
2000, atendidos por psicólogos do PAE o psiquiatra da IN TER M ÉD IC A , com duraçAo de 6 (sois) semanas cada, do acordo
com um programa do orientação cognitivo-comportamontal, atendendo a 17 casos O grupo teve como m eU dosenvolvor
capacidade de enfrentar o lidar com situações traumáticas vivenciadas pelos funcionários após as rebeliões Os resultados
do grupo em rolaçAo á evolução destes pacientas e depoimentos colhidos no decorrer da IntervençAo mostraram que os
conhecimentos aprendidos no programa foram assimilados, porém muitos pacientas perm aneciam com queixas depressivas
e ansiosas em até 1 uno após reavaliação.
This paper alms to presont a collaboration projoct between (employea assistance program of a corractional and educatlonal
institutlon in SAo Paulo) and IN TER M ÉD IC A (hoalth plan with a mental health program). This program was croated for
employotis with acuto stress reactions and post traumatic stress disorder (PTSD). PTSD is a psychiatric dlsorder characteri/od
with reactions occurlng months or evon years after a traumatic oxperlenco and It is common in war veterana and rapo or
violence victims. Two slx-woek groups and 17 patients were followed betweon March and may 2000 by PAE/FEBEM
p8ychologists and IN TEgM ED IC A psychiatrist with a cogmtive-behavioral program. These groups havo lo dovelop coplng
capabllltles and deallng with traumatic exporiencos in rebellions of inslltution inmates Tho rosults showed comments of the
patients and outcome data Ihus demonstrating an improvement in coping skills but marked depressivo and anxloty symptoms
that wero evaluated in a 1-year follow-up
92 Panicl B. S. C/uimarâes, Morria F.. C/. lu/o, Rosana dc M. Alves e Renato C/usmdo
Transtorno do estresse pós-traumático: Definições e modelos de tratamento
Os transtornos psiquiátricos relacionados ao estresse descritos na décima edição
da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde
(OMS) são a reação aguda ao estresse, os transtornos de ajustamento e o transtorno do
estresse pós-traumático (TEPT).
A reação aguda ao estresse ó uma resposta ocorrida em função de estresse
excepcional físico e/ou emocional. Tem uma evolução rápida (dura horas a dias após o
evento) e surge em indivíduos previamente saudáveis. Porém, sua instalação depende da
capacidade de enfrentamento e vulnerabilidade do indivíduo. Possui sintomas variados
como estados dissociativos de consciência (chamado pelos leigos de "estado de choque”),
sintomas depressivos, ansiosos, até agitação psicomotora. Sua duração média é de até
24 horas, tendo um curso transitório que pode remitir sem tratamento (OMS, 1993).
Os chamados transtornos de ajustamento, por sua vez, são descritos como estados
de estresse emocional e alteração de comportamento subseqüente à mudança significativa
na vida do indivíduo. Várias situações podem desencadear este tipo de reação como
migrações, luto, separação, hospitalização (principalmente em crianças). Sua evolução é
mais crônica, podendo durar de semanas a meses. Nestes casos, haveria um maior peso
da vulnerabilidade individual nos sintomas (OMS, 1993).
O transtorno do estresse pós-traumático (post-traumatic stress disorder, PTSD) é
um transtorno psiquiátrico no qual o indivíduo vitimado passou por uma experiência traumática
excepcional (situações envolvendo violência, estupros, guerras, catástrofes, seqüestros).
Apresentam-se pensamentos intrusivos, pesadelos e flashbacks que recordam o trauma,
assim como uma Esquiva de situações, locais ou pessoas que evoquem elementos do
trauma, queixas de irritação, hipervigilância, insônia. Sua evolução teria um tempo mínimo
de um mês de duração e se manteria até mesmo por décadas, com início que pode ocorrer
após algumas semanas ou até 6 meses após o evento traumático (OMS, 1993).
Casos semelhantes ao TEPT foram descritos freqüentemente em períodos de
guerra. Na Primeira Guerra Mundial acreditava-se que os casos seriam explicados por
seqüelas de estilhaços de bomba, daí o termo"shell-shock". Na Segunda Grande Guerra,
termos como "neurose de combate” ou "fadiga operacional" foram utilizados para explicar
queixas de ansiedade, dificuldade de se expor a situações que rememorassem o conflito
e alterações de comportamento no pós-guerra. Relatos de veteranos da Guerra do Vietnam,
vítimas do Holocausto e casos de violência urbana (seqüestros, estupros, assaltos)
estimularam pesquisa sobre o assunto, apesar de não haver uma denominação comum
para os quadros observados (Foa, Steketee e Fothbaum, 1989).
O termo transtorno do estresse pós-traumático foi reconhecido na década de 80,
com diversas pesquisas sobre seu aparecimento, evolução, curso e comorbidade.
Descobriu-se, por exemplo, que vítimas de TEPT têm uma maior probabilidade de terem
sido expostos recorrentemente a diversos traumas desde a infância, antes do evento que
precipitou o início dos sintomas (Breslau, Chilcoat, Kessler e Davis, 1999). Outros fatores
de risco apontados previamente à exposição ao trauma foram baixo nível educacional,
sexo masculino, problemas precoces de conduta, extroversão e histórico familiar psiquiátrico
(Breslau, Davis, Andreski e Peterson, 1991).
• Primeira sessão
1. Apresentação do programa - folheto explicativo;
2. Relato do evento traumático;
3. Técnica de respiração abdominal;
4. Diferenciação entre medo e ansiedade;
5. Tarefa de casa : lista de situações causadoras de ansiedade em ordem crescente.
• Segunda sessão
1. Ansiedade - folheto explicativo;
2. Discussão da tarefa de casa;
3. Técnica de exposição imaginária;
4. Técnica de relaxamento;
5. Explicação sobre o que é ansiedade;
6. Tarefa de casa : diário com relato de situações enfrentadas e o resultado.
• Terceira sessão
1. Relaxamento rápido (inicio e término);
2. Discussão: pensamento, sentimento, situação e comportamento (modelo cognitivo da
ansiedade);
3. Reforço dos conhecimentos aprendidos;
4. Tarefa de casa : diário com relato de situações enfrentadas e o resultado, contendo
seus pensamentos e sentimentos;
Sobre Comportamento c C o ^ n l^ o 95
• Quarta sessão
1. Técnica do auto-diálogo;
2. Discussão: crença, realidade, imaginação fruto do trauma;
3. Listar situações de estresse e formas de enfrentamento adequadas;
4. Tarefa de casa: diário com relato de situações enfrentadas e o resultado, contendo
seus pensamentos e sentimentos.
• Quinta sessão
1. Discussão de textos de auto-ajuda : "A encrenca está formada", "A essencial arte de
parar" e "O estresse";
2. Explicação sobre o estresse e seus mecanismos;
3. Tarefa de casa : diário com relato de situações enfrentadas e o resultado, contendo
seus pensamentos e sentimentos.
• Sexta sessão
1. Encerramento das sessões e reforço dos assuntos e discutido texto “Como auxiliar o
sobrevivente";
2. Orientações para manutenção dos benefícios e prevenção de recaídas;
3. Formar multiplicadores para identificar o problema na instituição.
Resultados
A situação funcional dos 11 funcionários, que aceitaram ser reavaliados pelo QFC
em 1 ano, encontrava-se da seguinte maneira: 9 Funcionários (81,8%) estavam trabalhando
e 6 (54,5%) estavam em outras unidades. Dois deles (18,1%), na mesma unidade do
conflito que desencadeou o quadro de TEPT. Apenas 1 (9%) foi readaptado pela previdência
para exercer outras funções e 2 Funcionários (18,1 %) ainda permaneciam afastados com
auxilio-doença.
Quanto aos dados clínicos, as maiores taxas de queixas relatadas após 1 ano
freqüentemente pelos funcionários foram: 45,4% (n = 5) relataram que se sentiam
preocupados e ansiosos; 36,3% (n = 4) referiam sensação de perigo iminente ou de ser
perseguidos e se sentiam irrequietos; 18,1% (n = 2) referiam agitação, angústia, perturbações
alimentares e de sono e 9% (n = 1) referiram desinteresse, dificuldade de relaxar, flashbacks,
choro fácil e constante.
Quanto às taxas de queixas relatadas “ocasionalmente” pelos funcionários, todos
os 11 referiam ainda sentir-se em pânico, 81,8% (n = 9) relatavam tremores, cansaço,
flashbacks; 72,7% (n = 8) descreviam dificuldade em relaxar; 63,6% (n = 7) sentiam
perigo, sensação de perseguição e problemas de sono; 54,4% (n = 6) referiam sentir-se
preocupados, ansiosos, com agitação e angústia; 45,4% (n = 5) relatavam choro,
desinteresse, problemas sexuais e inquietação
Houve um alto índice de avaliações positivas dos funcionários ao final do programa
e quando questionados na reavaliação após 1 ano. Ao serem questionados no QFC sobre
mudanças promovidas pelo tratamento, 72,7% (n = 8) dos funcionários recordavam e
Discussão
De acordo com os resultados apresentados, a intervenção terapêutica realizada
nesta população teve um índice maior que 75% de adesão ao programa, numa população
com quase nenhuma experiência prévia neste tipo de abordagem e provavelmente afetada
de forma intensa pelos sintomas do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Na reavaliação após 1 ano feita através de entrevista e questionário, percebemos
nos depoimentos uma dificuldade inicial de lidar com ameaça de situações violentas dentro
e fora das unidades, em função de eventos concretos ocorridos antes e durante o
atendimento. Porém, os funcionários concluintes apresentaram ganhos na compreensão
do problema, acolhidos em relação a suas questões emocionais e de interação em grupo.
Quando da conclusão da terapia, muitos receberam encaminhamento para consulta
psiquiátrica nos casos mais graves e associados à depressão.
Mesmo após 1 ano de seguimento, muitos mantiveram uma aquisição de recursos
para lidar com os sintomas do TEPT e estímulo para observação e informação dos colegas
que enfrentassem dificuldades, funcionando como multiplicadores informados sobre as
características e fatores de risco para desenvolvimento do TEPT, além de buscar novas
opções de vida, avaliando suas necessidades e anseios.
Referências
BRASIL - Governo Federal (1990). Estatuto da Criança e do Adolescente (EGA). Lei n° 8Q69,
de 13/07/1990. Sâo Paulo: IMESP.
Breslau, N., Davis, G., Andreski, P. e Peterson, E. (1991). Traumatic events and posttraumatic
stress disorder in an urban population of young adults. Archives of General Psychiatric 48. 216-
222.
Breslau, N., Chilcoat.H.D., KessIer.R.C. e Davis,G. (1999). Previous exposure and PTSD
effects of subsequent trauma: results from the Detroit Area Survey of Trauma. American Journal
of Psychiatry 156, 902-907.
Foa.E.B., Steketee.G, Fothbaum.B.O. (1989). Behavioral/cognitive conceptualizations of post
traumatic stress disorder, JBfiüaYÍcrôl TherapyJZD. 155-176.
Muran.E.M. e DiGluseppe, R (1995). Estupro. Em F.M. Dattilio e A. Freeman (org), Estratégi
as Coçnitlvo-Cflmportamentais (pp. 209-227). Campinas: Editorial Psy.
Organização Mundial da Saúde (OMS) (1993). Classlficacflo Internacional de DfieoçaJL
Défiíma ÊdífiâO CCÍD - lQix Porto Alegre: Artes Módicas.
100 l>amcl R. S. C /uim arífí, Márcia F. (7 . lu/o, Rosaria tlc M . Alves c Renato QuimJo
Capítulo 11
Avaliação na saúde geral
Apresenta-se Avaliação psicológica como a ação clinica da excelência no* ambientes médicos em especial na saúde geral
Indicam-se os instrumentos de avaliação, escalas e inventários utilizados paro avaliação de padrões de comportamento
assoaadou àa doençaa Minnesota MultlphsMlc PeraonaUty Inventory (MMPI), Symptom Checklitt 90-R {SCL-OO-R), Millon
Behavioral Health Inventory (MBHI), Life Expertence Survey, Jenkins Actlvlty Survey, Sixteen Personality Factor Questlonnalre
(10PF)« Cornell Medicai Index aêo apontados como Instrumentos mais utilizados na saúde geral (Plotrowiski e Rubin, 1990).
Dentre as escalas disponíveis, os Inventários multldimenslonals emergiram como mais usuais na avaliação do risco
pHicolôgico associado ás doenças SCL-90-R ó uma escala multidimensional de auto avaliação para diagnosticar sintomas
psicopatológicos segundo 9 dimensões; somatizaçio, obsesslvidade-compulsivldade, sensibilidade interpessoal, depressão,
ansiedade, hostilidade, ansiedade fôbica, idéias paranôldes e psicoticismo. Apresentam-so pestjulsas com a SCL-90-R orn
populações clinicas, relacionando-se as sub escalas com as patologias físicas.
Behavioral assessment Is presented as the method of choice In medicai settlngs, specfally In general health. ChecWísts,
Surveys and Inventories for assessment of patterns of behavior associated with dlseases are indicatod. Minnesota
Multlphasic Personallty Inventory (MMPI), Symptom Checklist 90-R (SCL-90-R), Millon Behavioral Health Inventory (MBHI),
Life Experlence Survey, Jenkins Activity Survey, Sixteen Personallty Factor Questionnaire (16PF) and Cornell Medicai Index
are polnted out as the most utilized in general health practices (Piotrowiski e Rubin, 1990) Among existing self-report
Inventories, multidimensional tests have emerged as the most widely used In assesslng the psychologlcal risk associated
with diseases SCL-90-R Is a self-report, multidimensional scale used to diagnose psychopathologlcal sennitivity accordlng
to 9 dimensiona: somatlzatlon, compulsivity-obsesslvlty, interpersonal sensitivity, depresslon, anxiety, hostility, phoblc
anxlety, paranoid ideas, and psychoticism. Research trial assessments using the SCL-90-R and the relatlonship of its
dlmensions with diagnosed diseases are presented
Instrumentos de avaliação
No que diz respeito à avaliação psicológica, existem inúmeros inventários para o
diagnóstico sintomatológico de transtornos comportamentais dentro dos padrões de
classificação dos transtornos mentais No entanto, o diagnóstico dos transtornos de
comportamento em condições de internação hospitalar são raros e geralmente associados
a padrões de comportamento com doenças específicas, como as chamadas doenças
psicossomáticas. Um exemplo seria o Minnesota Multiphasic Personality Inventory-MMPI,
Benko e Simões (1970), originalmente idealizado para o uso em pacientes psiquiátricos,
mas também utilizado em pacientes com doenças físicas.
Sweet (1991), em uma análise dos testes utilizados em ambientes hospitalares,
apresenta algumas avaliações utilizadas. Ele se refere por exemplo, á Symptom Checklist-
90, uma escala de avaliação de sintomas com 90 itens, idealizada para medir psicopatologias
em pacientes ambulatoriais. Está organizada em 9 dimensões de psicopatologia primária e
3 índices globais de patologia (Derogatis, Lipman & Covi, 1973); outro exemplo seria a
"Escala de Reajustamento Social" de Holmes e Rahe (1967), composta por uma lista de
auto avaliação de estressores recentes; a Escala de Expenôncia de Vida (Sarason, Johnson
& Siegel, 1978), de 57 itens, que avalia experiências significantes na vida em eventos recentes;
a Entrevista de Padrão de Comportamento (Friedman & Rosenman, 1974), que é uma
entrevista estruturada com a intenção de identificar características da personalidade
associadas a doeflças do coração; o Relatório de Atividades de Jenkins (Jenkins, Zyzanski
& Rosenman, 1979), que é um inventário idealizado para avaliar as características
comportamentais associados ao padrão tipo A de comportamento, entre outros.
O Padrão Tipo A de comportamento definido como um complexo ação-emoção
envolvendo disposições comportamentais tais como: ambigüidade, agressividade, impaciência
e competição; comportamentos específicos como: tensão muscular, vivacidade, estilística
vocal rápida e enfática e ritmo acelerado de atividades; e repostas emocionais tais como:
irritação, hostilidade e potencial crescente para a raiva (Rosenman, 1990).
Um dos testes idealizados especificamente para pacientes com doenças físicas ó
o Inventário de Saúde Comportamental Millon-MBHIàe Millon, Green e Meagher (1982), que
é um questionário auto administrado de 150 Itens, idealizado nos padrões do MMPI. A
intenção deste questionário ó a de fornecer uma descrição da personalidade, atitudes
S C L -9 0 -R
A Symptom Cheklist-90-Revised-SCL-90-R, Derogatis (1994), instrumento produzido
atualmente pela National Computer Systems Inc., é um inventário multidimensional de auto
avaliação de sintomas, projetado para avaliar um amplo espectro de problemas psicológicos
1 0 8 [)idn(i lo tfllü U lo n i
Pesquisas com a SCL-90-R
Um número significativo de pesquisas recentes nas área das patologias biológicas
indicam que a SCL-90-R tem qualidades diagnósticas nessa população.
As referências da utilização da SCL-90-R em populações clinicas (pacientes com
alguma patologia biológica) são inúmeras nos palses da Europa, nos Estados Unidos e no
Canadá. Quanto ao Brasil, não foram encontradas referências de pesquisas.
Alguns autores buscaram a relação entre a doença especifica e fatores psicológicos
utilizando a SCL-90-R e correlacionaram as sub escalas com a patologia. Como demonstraram
Weidner e cols. (1992), num programa de intervenção em dieta para redução de colesterol,
durante um período de cinco anos, ocorreu uma redução significativa nos escores de
Depressão e Hostilidade nesses pacientes, quando avaliados nesse mesmo período com a
SCL-90-R.
Turnbull e Vallis (1995) avaliaram os fatores psicológicos em doenças inflamatórias
intestinais, num estudo com 22 pacientes (8 homens e 14 mulheres), sendo 16 com doença
de Crohn e 6 com colite ulcerativa e a idade média de 32 anos. As doenças inflamatórias
intestinais foram avaliadas com os índices de atividade de Dutch Crohn e St. Mark Colite.
Os aspectos psicológicos foram avaliados com a SCL-90-R, Sickness Impact Profile (SIP)
e Self Control Schedule (SCS). Através de uma análise da combinação das medidas
psicológicas com as medidas da atividade da doença concluíram que apenas as medidas
dos índices de atividade das doenças não foram suficientes para a predíção das recídivas,
mas a combinação das medidas possibilitou a previsão de que maior quantidade de sintomas
psicológicos (SCL-90-R) e maior Indice de impacto da doença (SIP) ajudam a predição de
recidivas e Fatores como sexo, idade e auto controle (SCS) não são preditivos.
Grassi e Rosti (1996) demonstraram uma relação entre sintomas psicológicos e
câncer, estudando 201 pacientes com diagnóstico recente da doença. Os sujeitos foram
avaliados com a SCL-90-R, com uma entrevista clínica baseada no DSM lll-R para avaliar
desordens psiquiátricas passadas e atuais, e com o lllness Behaviour Questionnaire-IBQ,
33 pacientes apresentaram problemas psiquiátricos na história passada, 101 pacientes
demonstraram um problema psicológico atual avaliado pelo DSM lll-R e nesses foi associada
a SCL-90-R e o IBQ. O estudo confirmou a associação entre os distúrbios psicológicos e
respostas mal adaptativas ao câncer, demonstrando um perfil variado de distúrbios
psicológicos e a necessidade de maiores estudos de aprofundamento nessas variáveis.
Outros estudos têm sido efetuados usando a SCL-90-R para avaliar o perfil psicológico
de pacientes que apresentam sintoma de dor. Mc Gregor e cols (1996) avaliaram a resposta
à SCL-90-R de 43 pacientes com eventos infecciosos e dor crônica orofacial comparados
com os resultados em 40 sujeitos do grupo controle. Os pacientes com dor crônica orofacial
apresentaram alta prevalência de escore maior que 62 na sub escala de Somatização e não
apresentaram índices significativos nas escalas de Depressão e Ansiedade quando
comparados com o grupo controle. Em 67% dos pacientes houve uma associação entre o
evento infeccioso e a dor.
Williams e cols. (1995) analisaram distúrbio psicológico de pacientes com dor. O
objetivo do estudo foi identificar sub grupos distintos com dor crônica com base nas respostas
aa SCL-90-R. Foram encontrados 3 grupos, cada um formado de acordo com os escores
obtidos na SCL-90-R e nas suas subescalas. Os grupos foram obtidos pelo método de
/ose/e A breu-Kodrigues
Universidade de HrasHia
Quando estímulos antecedentes exercem funções opmnnte*, eles «Ao axnumente dasstflr«dos como estímulos disorimmativo»
(S°n) Tais nstlmulos exercem efeitos evocativos, pois. umn vn / estando presente. produ/em um iiumonto Imodlata, mas
itKxmntÃnoo, na frequência do comportamento Entretanto, alguns estímulos, freqüentei nonte definidos como S"8, produ/em
mudanças duradoumano comportamento e quo podem ser observadas uxnanta apôs um perhxlodo ntrano. Essns estímulos nflo
evocam diretamente comportamentos, sendo seu principal efeito altorar a função de outros eventos comportamentais (FASs). A
partir dessa distinçAo entre SDe FAS, alguns autores apontam quo o defmiçAo do termo rmjra como um S” verbal é inadequado
e propõem que osse termo se|a empregado somente quando o estimulo verbal exercer efeitos alteradores de funçAo. Uma das
principais dificuldades metodológicas da pesquisa empírica sobre FAS consiste «m diferenciar o» efeitos dlscrlminativos dos
efeitos alteradores de furvçfto A «stwWiyi* uWt/ada alguns autoros tem stdo separar Uimpomlmw\te o estimulo vurbal do
wxnportamento por ele especificado, permitindo, assim, <jue o efeito atrasado seja observado. Os resultados empíricos (ainda om
pequena quantidade), aliados ás análises conceituais, sugerem que <1 distinçAo entro S1’ e FAS deveria ser mais amplamente
investigada pelos analistas do comportamento
When antecedent stlm ull axart operant functions thoy are usually classlfied as dlscrlmlnativo stlm uli (S"s). Such
stlm uli are said to have evocativa effects because they produce an immediate but monientary effect on tha fraquoncy
of behavior. Howover, some stlmuli, often deflned as Su, produce •nduring changes on behavior which are obseived
only after a d»l»y perlod. These stlm uli do not evoke behavior dlrectly; rathar, their maln efect I* to alter the functlon
of other behavioral events (FASs). From this distinctlon between S° and FAS, some authors have polnted out that
deflnlng ru/aa as Sus is Inapropriate and suggest that such term should be employed only when verbal stlm uli exert
functlon-altarlng/ffacts One of the maln m ethodologlcal difflcultles of the emplrlcal research on FAS is to differentiate
discrlm inatlve and functlon-alterlnf effects. The strategy used by some authors has been to Impose a temporal gap
between the verbal stimulus and the corraspondent behavior such that the delayed effect can be observed. The
emplrlcal results (yet In a small amount), together with conceptual analyses, suggest that the distinctlon between 8°
and FAS should be throughly investlgated by behavior analysts.
A Psicologia da Saúde tem investigado como ■ doenç» «feia ■ família e como a família contribui para a otlologla, o cuidado
e o tratamento de uma série de doenças. Há evidência* de que a aquisição e a manutençáo de comportamentos saudáveis
a de comportamentos de risco sáo Influenciadas pela família. O ob|etivo deste trabalho é salientar algumas variáveis
importantes dentro d essa ir e a d e peaquina e de aplicação sob a óptica da A nàllae do Comportamento Os autores que
adotam a perspectiva comportamental tém analisado as contingências de reforçamento envolvidas principalmente nas
relações entre cônjuges/companheiros, pais e filho(s), Irmãos e cuidador e Idoso. O funcionamento familiar tem sido avaliado
pela observaçflo direta das interações entre os membros da família, por registros em diários, Inventários e escalas auto-
relatadas. Várias categorias de análise têm sido empregadas, tais como a coesão familiar, a adaptabilidade/flexibilidade, o
enfrentamento do estresse, a comunicação, o apoio e o conflito familiares e as «moçâes expressas. Terapia familiar e
programas que envolvem educação e fornecem apoio para a família têm «Ido dirigidos a diferentes populações-alvo e os
resultados desses procedimentos de Intervenção atestam a sua contribuição para o tratamento de diversos problemas de
saúde.
One of the ob|ectlves of Health Psychology Is to understand familiar reactlons to a m em befs illness as well as how familles
influence the etlology, care and treatment of a range of illnesses. There it increasing evidence that the acquisition and the
mamtenance of heafthy and risk behavior* are affected by famlly. The purpose of this paper is to focus somo Important
variables to this area from the polnt of view of Behavior Analysis Behavior analysts have studied reinforcement contlngencios
involved m relatlonthlp$ matnly between spouses, parents and children and aged people and their caretafcera.Famlly
functlonmg has beên evaluated by direct obaervation, through diarles, inventaries and self-reported scales. Categorles of
analysis auch as famlly cohealon, adaplabillty/flexlblllty, stress coplng, communlcation. famlly support, famlly confllct and
expressed emotion have been employed. Family therapy and educational and social support programs addressod to different
populatlons proved to be interventlon procedures that can contrlbute to the treatment of many disorders.
2) Flexibilidade/adaptabilidade
A categoria flexibilidade/adaptabilidade refere-se à possibilidade de ocorrência de
alteração nos padrões de comportamento quando ocorrem mudanças no ambiente com
estabelecimento de novas regras. Olson e col. (1985) descreveram quatro tipos de famílias
segundo o grau de flexibilidade. No extremo de menor grau de flexibilidade estariam as
famílias rígidas que tenderiam a seguir sempre as mesmas regras de funcionamento a
despeito das mudanças no ambiente. No outro extremo estariam as famílias caóticas que
nunca seguem regras de funcionamento. As categorias intermediárias foram chamadas
por esses autores de famílias estruturadas e de famílias flexíveis e estariam associadas
com uma melhor adaptação ao ambiente.
3) Enfrentamento do estresse
Essa categoria engloba a identificação das situações adversas que constituem o
evento estressor, a avaliação que a família faz dos seus recursos para lidar com tal evento
e as estratégias de ajustamento (“coping") a essas situações. As estratégias de ajustamento
às situações adversas associadas à ocorrência de uma doença referem-se aos
comportamentos apresentados pelos membros familiares para a solução dos problemas
decorrentes da doença ou para promover uma adaptação aos problemas insolúveis.
4) Padrões de comunicação
Referem-se aos episódios verbais que ocorrem entre os membros da família,
envolvendo um orador e um ouvinte, nos quais há fornecimento de informações, explicitação
de regras de funcionamento familiar, relato de estados emocionais evidentes e encobertos,
demonstração de afeto etc. Procedimentos de intervenção têm sido planejados para alterar
padrões de comunicação avaliados como inapropriados.
5) Apoio familiar
Designa a qualidade das relações sociais que se estabelecem entre os membros
da família. Engloba os comportamentos de cuidar, proteger e valorizar um ou vários
indivíduos. Em muitos estudos, confunde-se com a ausência de conflitos familiares. Há
forte evidência de que o apoio familiar influencia a morbidade, a mortalidade e o curso da
maioria das doenças crônicas (Cohen e Syme, 1985; House, Landis e Umberson, 1988).
6 ) Conflito(s) familiar(es)
Essa categoria refere-se à tensão nas relações familiares podendo ser medida
em termos de freqüência de ocorrência e/ou da habilidade das pessoas para a resolução
7) Emoções expressas
Termo geralmente empregado para designar os comportamentos verbais que
envolvem a liberação de estímulos aversivos, como comentários críticos e hostis, ou a
demonstração de uma preocupação excessiva com um determinado membro familiar. A
ocorrência desse padrão de comportamento tem sido associada a desordens psiquiátricas
(Mari, 1994).
Procedimentos de intervenção
Uma revisão recente (Campbell e Patterson, 1994) mostrou que diferentes
procedimentos de intervenção, como terapia familiar (quando se supõe a existência de um
funcionamento familiar problemático), programas que envolvem educação e fornecem apoio
para os familiares de uma pessoa portadora de uma doença têm sido testados com
diferentes populações-alvo. Essas intervenções têm o objetivo de: a) promover um estilo
de vida mais saudável com diminuição de riscos para a saúde (por ex. o apoio do parceiro
mostrou-se um preditor de abstinência de fumar); b) educar os pacientes e suas famílias
a respeito dos métodos de modificação de comportamento; c) promover a adesão ao
tratamento; d) auxiliar o enfrentamento dos eventos estressores visando o ajustamento da
família às situações adversas; e) colaborar para a comunicação construtiva entre os membros
da família e f) encorajar o engajamento em atividades produtivas e agradáveis dentro e fora
da família.
Os resultados indicam que os procedimentos de intervenção familiares produzem
uma melhora no tratamento de diversos problemas de saúde (doenças crônicas como
asma e diabetes em crianças, desordens cardiovasculares, neurológicas e alimentares) e
podem ser promissores em muitas outros.
Referências
Bucher, H.C. (1994) Social support and prognosis following first myiocardial infarction. Journal
lumenthal, M.D. (1979) Psychosocial factors in reversible and irreversible brain damage.
^1,39-55.
126 fa m H a K o rn M a lfr b i
Capítulo 14
Terapia cognitiva dos transtornos de
personalidade
/ Mene Shinoburu'
IXJCRio
A Terapia Cognitiva tem se proposto a trabalhar com os Transtornos de Personalidade e resultados promissores tAm sido
divulgados Algumas características destes transtornos exigem atençAo especial na conduçAo do processo terapêutico. Ente
artigo pretende fornecer algumas InformaçOes básicas sobre os transtornos de personalidade, o entendimento do funciona
mento cognitivo deles e as adaptaçfle* necessárias ao tratamento.
Cognltive Therapy has recently extended the possibility of mterventions to the Personality Disorders and positive outcomes
have been reported Some cfwracterlstlcs of these disorders demartd tpecial attention In conducting the therapoutic procoss.
rhis artlcle intends to glve some basic Information about the personality disorders, the understanding of tholr cognltive
Processing, and tho adaptations necessary to the trealment.
A Terapia Cognitiva
A Terapia Cognitiva é uma das primeiras formas de psicoterapia que tem
demonstrado eficácia em pesquisas científicas rigorosas, e também uma das primeiras a
dar atenção ao impacto do pensamento sobre o afeto, o comportamento, a biologia e o
ambiente. Atualmente ó amplamente utilizada no tratamento da depressão, dos transtornos
de ansiedade, dos transtornos psicossomáticos e alimentares. Mais recentemente,
estratégias para lidar com problemas conjugais e transtornos de personalidade foram
incluídas.
Evidências esmagadoras de que a avaliação cognitiva dos eventos afeta as
respostas a estes eventos levaram ao desenvolvimento de técnicas que pudessem monitorar,
tornar acessível e alterar esta atividade cognitiva. Uma das proposições fundamentais da
Terapia Cognitiva é a de que, com este conhecimento, as mudanças desejadas possam
ser obtidas por um método alternativo que focalize e priorize as mudanças cognitivas.
' Mostrn em Piticologi* Clinica. ProfMtora e Supervisora da PUCRlo • Tarapeul* Cognitivo Comportamenuil
Os Transtornos de Personalidade
Personalidade ó um constructo que visa facilitar a compreensão de um fenômeno
e simplificar a comunicação entre profissionais. Sua definição faz-se então essencial para
que estejamos nos referindo a um mesmo conjunto de fatos.
Para Millon e Escovar (1996), personalidade ó um padrão integrado de
características e inclinações que estão profundamente enraizadas, que não podem ser
facilmente eliminadas e que penetram por todas as facetas da nossa experiência. Beck e
Freeman (1990) definem personalidade como uma organização relativamente estável,
composta por sistemas inter-relacionados responsáveis por desde a recepção dos estímulos
até todo o processo que culmina na resposta comportamental.
O DSM IV estabelece que os traços de personalidade só se constituem em
Transtornostle Personalidade quando são inflexíveis, desadaptativos e causam tanto mal
estar subjetivo quanto uma deterioração funcional significativa. As características que,
então, definem estes transtornos são as de um padrão duradouro de experiência interna e
comportamento que desvia das expectativas da cultura do indivíduo, e se manifestam em
pelo menos duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, relacionamentos interpessoais
e controle de impulsos. Apesar da natureza tênue e flutuante da diferenciação entre o que
é normal e o que é patológico, podem-se observar três características no comportamento
que serviriam como critérios: inflexibilidade adaptativa, uma tendência a fomentar círculos
viciosos autodestrutivos e uma frágil estabilidade emocional em situações de stress (Millon
e Escovar, 1996).
Estudos indicam que cerca de metade dos pacientes com transtornos de
ansiedade, de humor e alimentares apresenta algum tipo de Transtorno de Personalidade
slstematização impulsividade
competitividade pertencer
Conclusão
Mesmo que o tratamento dos pacientes com Transtornos de Personalidade
compartilhe semelhanças com o tratamento do Eixo I, é fundamental que o terapeuta
esteja preparado técnica e emocionalmente para o desafio que estes representam. Os
ganhos terapêuticos e mudanças talvez não sejam os mesmos que ocorrem com os
outros clientes, mas deve-se acreditar nos benefícios consideráveis da terapia para a
qualidade de vida destas pessoas.
Referências
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A resistência do cliento a mudanças ê uma forma de ralação da controle e contra-controle que se observa entro os
comportamentos do cliente e as contingências de reforçamento manejadas pelo terapeuta Trata-so de uma classe de
comportamentos socmi», que segue as mesma» let» que ceyem qualquer outro comportamento humano De acordo com o
behaviorismo radical e a ciência do comportamento, a resistência a mudanças nâo é, necessariamente, indicativa de
patologia psicológica, mas sim funçAo das relaçóes de contingências que se operam entre o cliente o o terapeuta. O cliente
contra-controla o terapeuta emitindo comportamentos de fuga-esqulva, de extinção ou de punlçêo om relaçAo aos compor
tamentos do terapeuta. Os comportamentos de contra-controle sfio função das histórias de contingências de reforçamento
atuais e passadas do cliente, bem como das contingências apresentadas pelo terapeuta no contexto da terapia. Apresenta-
se um eBtudo de caso em que a resistência do cliente a mudanças só foi alterada quando seus comportamentos entraram
ern contato com as conseqüências sociais aversivas emitidas pela comunidade social do cliente.
The cllenfs resistance to change Is a form of control and countercontrol between the cllenfs behavior and the reinforcement
contingencies managed by the therapist It is a class of social behaviors that follows the same laws that apply to any other
human behavior. According to radical behaviorism and to the Science of behavior, resistance to change is not, necessarily,
an Indlcatlon of psychological pathology, but a functlon of the Interrelatlon of contingencles In operatlon between tho cllent
and the therapist The Client countercontrol» the therapist throuyh th* emi»aton of behavior» o< avoldance and escape,
extlnctlon, and pumshment of the therapists behaviors The countercountrol behaviors are a functlon of the clienfs past and
present histories of contingencles of reinforcement, as well as of the contingencles presented by the therapist In the context
of the therapy Thls artlcle presents a case study In which the cllenfs resistance to change was altered only when his
behaviors were exposed to the averslve social consequences emitted by his social community.
1Parta da*ta trabalho foi apraaanlado numa ma*a radonda no I Congratso da Pucotarapu» Cognitiva» Latino Amarlcanaa a I Congraaao BraaHatro da
Psicotarapia» Cognitivas, raalizadoa d* 2 a 4 da abrH da 1W6 am Gramado (RS)
' Agradaço a Eloiaa Ptaizon, Lillan Madairoa. Maria Baatriz Madi. Noraan Aguirre a Patrícia Quairo* pato* oomantárto* leito» duranle a preparação do
todo
Conclusão
A resistência do cliente a mudanças é um fenômeno passível de uma análise
comportamental. Há numerosas variáveis do cliente - algumas explicitadas no presente
texto-que, ignoradas, produzem resistências do cliente a mudanças, mas, se conhecidas
e devidamente manejadas, minimizam as dificuldades para produzir as mudanças
esperadas. Por outro lado, há também numerosas variáveis do terapeuta - algumas aqui
explicitadas - que podem gerar no cliente resistência a mudanças. Sempre que o terapeuta
lida adequadamente com todas essas variáveis, ele está melhor qualificado para compreender
de quais determinantes as resistências do cliente a mudanças são função e, dal, melhor
habilitado a lidar produtivamente com elas. O argumento central do presente trabalho é
que o cliente apresentar (ou não) resistência a mudanças é um fenômeno comportamental
que resulta da interação terapeuta-cliente, não de um ou de outro isoladamente. Além
disso, esse fenômeno pode ser explicado e solucionado a partir de uma ampla análise das
interações dos sistemas de contingências de reforçamento, passadas e presentes, dentro
e fora do contexto terapêutico, tanto do cliente como do terapeuta.
c. Levá-lo a interagir mais intimamente com seu pai, madrasta e irmão, uma vez que
são pessoas reforçadoras para ele (pelo menos não são aversivas), interessando-
se pelo que fazem, procurando ajudá-los no que for possível, falando um pouco
mais de si etc., ou seja, desenvolvendo um repertório que produza possíveis
reforçadores para a família e, potencialmente, aumente a densidade de atenção e
carinho deles em relação a ele;
Referências
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laídc A .Ç . Rcgrd
U M C /U S r
Análise Funcional
Para efetuar uma análise funcional do comportamento, devemos levantar dados
sobre os comportamentos que necessitam ser mudados, especificando os estímulos
2) Mãe deixa (B) na escola. 2) (B) chora e “nâo deixa" mãe ir 2) Mâe fica dentro da esco
embora. la sentada num banco. No
vos acordos e (B) "concor
da" que mâe fique numa
loja em frente à escola.
3) Mãe ao lado de (B) en 3) (B) copia sílaba por sílaba, (olha 3) Mãe fica brava, dá bron
quanto faz a liçâo. no livro, vê uma frase, abaixa a ca ca, diz que vai vai dar tempo
beça e escreve “0 ”; levanta a ca de fazer a lição.
beça, olha no livro, abaixa a cabe
ça e escreve M me"; levanta a cabe
ça, olha no livro, abaixa a cabeça e
escreve “ni"; levanta a cabeça, olha
no livro, abaixa a cabeça e escreve
“no";e assim por diante.
4) Cai um brinquedo no 4) (B) limpa o chão, vinte vezes. 4) Mãe fica brava: "Você que
chão bra tudo e ainda vai sujar o
chão".
5) Mãe longe de (B). 5) (B) faz perguntas óbvias. 5) Mãe mostra irritação e
diz: Vocô está cansada de
saber.
6) Frente a pessoas estra 6) Fala palavrão (compulsiva- 6) Mãe fica muito brava e faz
nhas. mente). ameaças.
8) Mâe no Zoológico. 8) (B) repete uma frase várias 8) Mãe manda parar > (B)
vezes e muito alto. pára 30s e faz novamente
* Mãe ameaça bater ■+(B)
desafia mãe e continua.
9) Mãe manda (B) fazer li 9) (B) vô TV e nâo atende à or 9) Mâe dá várias ordens,
çâo. dem. fica irritada e briga.
11) Mãe dita o texto para 11) (B) começa a escrever. 11) Mãe grita porque (B)
(B). demorou.
12) (B) vô etiquetas na blu 12) (B) fica irritada e pede para 12) Mâe fica muito brava e
sa. tirar a etiqueta. não tira a etiqueta.
13) Mãe manda (B) fazer 13) (B) fica distraída. 13) Mãe aumenta a ajuda.
lição.
14) (B) em frente da lição. 14) Faz sozinha. 14) Mãe faz os trabalhos da
casa.
15) (B) diz que não sabe a 15) Mâe manda telefonar para o 15) (B) pede para a mãe te
resposta de uma pergun tio. lefonar e mãe não telefona.
ta da lição.
16) (B) telefona para o 16) Avô atende ao telefone. 16) (B) passa o telefone
avô. para a mãe que pega o te
lefono, ouve a explicação e
passa para (B) e fica brava
com (B) por ter passado o
telefone.
Conclusão
As hipóteses interpretativas levantadas sobre as possíveis variáveis que controlam
as classes de respostas descritas na queixa de uma criança com TOC auxiliam na identificação
das variáveis mais prováveis, através dos resultados das intervenções cl/nicas. Essas variáveis,
se isoladas para estudo de laboratório, podem fornecer um corpo de dados e procedimentos
clínicos testados de forma mais efetiva, os quais nâo dispomos no momento.
Através do relato verbal dos pais sobre os comportamentos da criança fora do
consultório, do relato professora e coordenadora sobre os comportamentos da criança na
escola, das observações em sessão terapêutica feitas pelo terapeuta, foram constatadas
mudanças nos comportamentos descritos na queixa.
Respirar fundo faz parte da cadeia de respostas e passa a ter a função (do
ponto de vista do sujeito) de levá-lo á obtenção do reforço (acertar as respostas).
Embora, do ponto de vista do terapeuta e das pessoas que observam o
comportamento, apenas o comportamento de ler com atenção tenha efeito de levá-lo a
acertar, a relação supersticiosa entre os comportamentos parece ter sido estabelecida.
Conclusão
Os dados mostraram a relevância da análise funcional do comportamento para se
traçarem procedimentos que possam ser efetivos para produzir as mudanças de comportamento
necessárias para controlar as classes de comportamento que foram denominadas como TOC.
A participação da família no trabalho desenvolvido foi em ambos os casos de
fundamental importância.
A aplicação, em casa, de procedimentos previamente discutidos com o terapeuta
favorecem uma mudança mais rápida dos sintomas descritos.
Referências
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The Psychoiogical Record. 40, 41-49.
Estudos sobre repertórios matomáticos são relativamente escassos em Análise do Comportamento Uma das dificuldades
Iniciais á a utlllzaçAo de expressões ainda nflo definidas claramente pela comunidade dn Analistas do Comportamento e
utilizadas como sinônimos. Entretanto, para que haja um avanço significativo na área, propõe-se maior cuidado em relaçAo
ao ubo de definições operacionais de comportamentos matemáticos, o que exige dos analistas uma busca de aproximaçAo
a trfls campos distintos: fundamentos dos conceitos matemáticos; pesquisas em educaçAo matemática, e a matemática
escolar. No presente estudo, algumas habilidades matemáticas elementares, como comportamento conceituai numórlco,
contagem, aoqüenciaçAo serAo analisadas em termos dos seus componentes operacionais Nas definições operacionais das
habilidades matemáticas aqui apresentadas, seráo utilizados verbos de açAo que descrevem comportamentos (interações
ontre organismo e ambiente), o que facilitará a observaçAo, registro e descriçAo de suas ocorrAnciaB.
Studles on mathematical reperloires are relatively scarce in Behavior Analysis. One obstacle is the use of expressions not
yet clearly deflned by behavior analysts communlty but used as synonymous. However, In order to have an outstandlng
advance in this area, it is proposed a more careful use of operatlonal definltions of mathematical behaviors. This Bhould lead
behavior analysts to three distinct flelds: foundatlons of mathematical concepts; resoarches in mathematical educatlon; and
the school malhemattct. The present study analy/es the operational components of some basic mathematical abllltles, llke
numoric conceptual behavior, counting, sequencing, and ordering. The operational deflnillons use action verbs which describe
behaviors (Interactions between organisms and environment), the mathematical abllltles will be decomposed in concrete
actions thut permlt observation, registar, and description of their occurrences.
K *y words Behavior Analysis; mathematical behavior, operational definltions; mathematics teachlng and learning
'Trabalho Apresentado na mesa redonda 'AnAIMe comportamental do ensino de matemática", durante o X Encotro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina
oomportamenlal, em Campinas/S P , setembro de 3001
• Professor do curso de Psicologia da Universidade Federal do Pará. doutorando em Fducaçto pela Umvrsidade ( edernl de SAo Carlos sob a orienlaçAodo
prolessor Or Jullo de Hose E-mall p(scQiris ufscar br
Conceito de número
Utilizamos o termo conceito quando deveríamos, por coerência com a proposta
de definição operacional em Análise do Comportamento, usar a expressão comportamento
conceituai. Conceito está associado a processos mentais abstratos. Comportamento
conceituai nos remete às relações de controle de estímulos.
A partir dos estudos iniciais de Harlow (1949) descrevendo processos estendidos
de aquisição de discriminações simples, chamados de learning sets, um número considerável
de dados permitiu afirmar que a base para o comportamento conceituai ó o controle
discriminativo simples. Se um organismo responde regularmente a um dado estímulo
discriminativo (SD), em diferentes ocasiões, e se a emissão dessa resposta específica
diante do SD específico pode ser descrita funcionalmente, podemos ter segurança em afirmar
que se estabeleceu uma discriminação. Se entendermos que o SD representa uma classe
de estímulos que ocasiona a emissão de uma dada resposta, e se aquela classe é bastante
ampla, podemos falar em comportamento conceituai. Esta definição é, evidentemente,
arbitrária, mas apresenta algumas vantagens quando falamos em comportamentos conceituais
simples (Leslie, 1996). Assim, por exemplo, dizemos que uma criança consegue discriminar
o amarelo se ela escolhe (aponta, separa) um objeto amarelo dentre outros de outra cor.
Mas, só dizemos que uma criança adquiriu o conceito de amarelo se ela passa a emitir a
mesma resposta para diferentes tonalidades de amarelo e de maneira regular. Nesse caso,
o SD é uma classe bastante ampla. Esta noção ó, de certa forma, rudimentar, mas adequada
para algumas situações restritas e durante muito tempo satisfez os analistas do
“1) Diante de um numeral, escolher (apontar, separar, marcar etc.), dentre dois ou mais
conjuntos de objetos, aquele cuja quantidade de elementos corresponde ao numeral;
2) Diante de um numeral, escolher (apontar, separar, marcar etc.), dentre dois ou mais
nomes escritos de números, aquele que corresponde ao numeral apresentado;
3) Diante de uma coleção de objetos, escolher, dentre dois ou mais nomes escritos de
numerais, aquele que corresponde à quantidade apresentada;
4) Diante de uma coleção de objetos, escolher, dentre dois ou mais numerais, aquele
que corresponde á quantidade apresentada;
‘A nâo r qua «pliquamo» explicitamente um rótulo verbal paru cada oòfelo Podarlamoa. por exemplo, dtzef "o primeiro carrinho", “o «agondo carrinho",
, • aaalm aatabelacar a i relavõea 'anta* da*, ’depota\ 'imedialamenle artea da‘ . "Imadialamanla dapo» de", o que poaalbllilana Identificar aa propriedade»
definidora* do uma relaçAo ordinal Nw m cato. o critério da enfilairamanto dos brlnquadoa n*o a«ria relevante Além do rótulo verbal e como aoflatlcaçAu
no delmeamento da um experimento, podamoa ftMOCiar • cada elemento do conjunto um eatlmulo n*o varbal eapedflco (por exemplo, coree diferentes)
Conclusões
Algumas considerações são importantes quando tratamos da aprendizagem de
habilidades matemáticas fundamentais. Primeiramente, temos uma disciplina científica -
a matemática - cujos fundamentos são constituídos de definições, axiomas, postulados,
teoremas, conceitos, os quais são construídos através de abstrações, inferências lógicas
e comportamentos dedutivos. É uma linguagem específica, que se utiliza de elementos de
nossa língua falada e escrita, mas que possui semântica, sintaxe e pragmática
diferenciadas. Seu aprendizado exige domínio de nossa língua e aquisição de
discriminações sutis e abstrações refinadas (salvo desempenhos rudimentares como a
relação termo-a-termo). Evidentemente, não se exige - e nem é condição sine qua n o n -
"Gelmnn e Gallistel propõem em teu modelo a existência da uma espécie da acumulador biológico responsável |>«la percepçAo da contagem. o qual foi
desenvolvido fllogenellcamente Optamos por considerar apenas a definição operacional de contagem, a qual tem sido útil nos estudos sobre contagem
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John V. K dlcr
Senhoras e Senhores:
Em nome de minha mãe, Francês, minha irmã, Anne, minha esposa, Dawn, e de
toda a minha família, muito, muito obrigado. Estou imensamente feliz por estar aqui hoje.
É uma grande honra para mim o convite para juntar-me a vocôs para relembrar meu pai,
Fred Keller, e sua contribuição para a psicologia brasileira.
Mas vocôs me dão algo mais. O outro presente que vocês me dão é a oportunidade
de, finalmente, deixar de lado um antigo ressentimento meu em relação ao meu pai 3A
elaborar minha raiva edípica, como diria um psicólogo freudiano. Deixem-me explicar.
Pelas minhas contas, minha mãe e meu pai visitaram o grande país de vocês pelo
menos cinco vezes. A primeira visita foi há exatamente 40 anos. Tirando uma licença de
seu cargo na Columbia University, em Nova York, meu pai passou todo o ano de 1961 em
São Paulo, na Cidade Universitária. A época, ele estava envolvido com a divulgação da
teoria do reforçamento e com a construção de um laboratório operante.
Sua visita seguinte foi três anos depois, em 1964, quando estiveram em Brasília.
Dessa vez, Papai estava ajudando a fundação de um Departamento de Psicologia na nova
universidade da nova cidade. Esse foi o ano, também, que marcou o nascimento do PSI,
o Personalized System of Instructiorr1— um revolucionário método de educação que viria
a ser muito identificado com meu pai e que se transformaria em sua grande causa pelo
resto de sua vida.
Fred e Francês voltaram ao Brasil novamente em 1974, para São Paulo e Ribeirão
Preto. Houve mais algumas visitas nos anos 80, creio eu. Depois, finalmente, estiveram
aqui em Campinas em 1994.
' Discurso feito durante cerimônia de homenagem « Fred Keller, durante o X Encontro Bratllelro de Pttcoteraptn e Medicina Compor lamentai, em
Mtembro de 2001, em Campinas, SP (N. T )
; Sistema Personalizado de InstruçAo
194 lo h n V. K eller
curriculum cuidadosamente estruturado da Columbia 3A no qual todos os cursos avançados
eram estruturados sobre fundamentos de ciência básica 3A estava sob sério ataque.
Parece claro para mim que o Brasil ofereceu a meu pai uma rota de fuga, uma forma
de escapar desse declínio para a irrelevância, a futilidade e a discórdia. O que ele descobriu
aqui excedeu qualquer coisa que ele pudesse esperar; enorme respeito, amor, e a oportunidade
de fazer uma verdadeira diferença na educação e no futuro da psicologia brasileira. Nas palavras
de Charles Dickens, meu pai sentiu que fora chamado "de volta à vida”.
Um aluno com disposição encontra um professor com disposição. Estabelecem
um relacionamento intenso, produtivo e mutuamente reforçador. O resto, como dizem, é
história.
John V. Keller
Campinas, Brasil
Setembro, 2001
É «pf»a«rrt*òoo reíatode cincoc«aos de pessoas qu« ioioaram o u io e posteriormente adquiriram a dopendência de cocaína
ou crack, a partir da quarta década de vida, ou s«)a. depois dos 30 anos de idade. Dois aspectos chamaram a atenção nesses
casos: primeiro, evidentemente, o fato de iniciarem o uso da droga a partir da quarta década de vida, pois o trabalho clinico
e estudos opidemlológicos apontam que o inicio do uso de cocaina geralmente ocorre na segunda ou na terceira década de
vida Segundo, em nenhum dos casos foi detectado antecedentes pessoais de transtornos psiquiátricos
SAo discutidoB se esses casos sâo ocorrências isoladas e até esperadas no universo do uso, abuso e dependência de
substância pslcoativa; ou se podem ser identificados como ‘casos sentinelas", Isto é, casos que podem estar acenando um
aumento da prevalência do problema daa droga» numa faixa etàna considerada maia imune ao ingresso no uso de cocaína.
Ao contrário da adolescência, que pode ser considerada uma ópoca de riBco para a curiosidade ou experiência com drogas,
a quarta década de vida supõe que o su|eito esteja estruturado em termos de família constituída, ocupação, lugar social etc.
Nesses casos, a dependência de cocaína seria resultante de problemas do desenvolvimento, ou de eventos locais ou atuais
terem uma maior força de eliciar o comportamento de dependência (perspectiva contextual), ou, ainda, a dependência de
cocaína dos casos apresentados seria de ruptura ou "salto* de um padrão de comportamento para outro padrão inesperado
de comportamento (perspectiva da indeterminaçâo).
It Is presented the report of five cases that they began the use and later on the cocalne dependence, or crack, starting from
the fourth decade of life, that Is to say, after the 30 years of age
Two aspects got the attention in those cases: first. evidently, the fact of they begin the use of the drug starting from the
fourth decade of life, because the clinicai work and «pidemiological studies aim that the beglnning of the cocaine use
generally happens in second or in the third decade of life As, in none of the cases it was detected personal antecedents of
paychlalrlc disorders
They are discussed if those cases are isolated occurrences and until waited in the universe of the use, abuse and dependence
of pslcoatlve substance, or they can be identlfied as ‘ sentry cases ", that Is, cases that they can be waivlng an Increase
of the prevalence of the problem of the drugs in a age group more immune considered to the entrance in the cocaine usu.
Unlike tho adolescence, that a rlsk time can be considered for the curioslty or experience wlth drugs; the fourth docado of
life supposes that the subject Is structured in terms of constltuted famlly, occupation, social place, etc.
In those cases the cocaine dependence would be retultlng of problems of the development, (perspective of the development);
or if local events or you act tlw»y would have a larger force to stimulate the dependence behavior (perspective of tho
contoxt), or, stlll, the dependence of cocaine of the presented cases would be of rupture or "jump" of a pattorn of bohavior
for another unexpected pattern of behavior, a (perspective of the indetermination).
Relato de Casos
Caso 1:
Sexo masculino, 33anos, brasileiro, casado, três filhas menores, comerciante,
ensino médio, católico, procedente do interior de Sâo Paulo. Foi admitido na Clínica no
final de 1993.
Iniciou o uso de cocaína aspirada há seis meses, em abril de 1993. O irmão
informou que a esposa do paciente descobriu que ele havia sido infiel e que então começou
a fazer uso de cocaína para “superar" a crise conjugal e também por curiosidade de
experimentar. Informou também que o uso não é constante, mas a família o internou em
uma clínica psiquiátrica em São Paulo onde permaneceu por 24 dias. Após a alta hospitalar,
permaneceu 30 dias abstêmio e retornou ao uso. Um mês após a alta do hospital, recorreu
ao uso da droga, Na ocasião da entrevista de internação, estava usando cocaína aspirada
quatro vezes por semana. O casamento está em crise; a esposa deixou a casa e levou as
crianças para a casa dos pais. Caiu a produção no trabalho e contraiu dívidas. Negou
furtos ou outros distúrbios de comportamento. Emagreceu, não dorme bem ou somente
consegue dormir com ajuda de soníferos. Disse sentir-se fraco, vê “vultos"quando sob
efeito da substância. Há quatro anos acidentalmente atropelou uma pessoa, mas superou
bem esse episódio. Não faz uso de bebida alcoólica. Já apresentou cólicas renais e é
alérgico á penicilina. O imão comentou que o paciente, desde a infância, é muito emotivo.
A família somente percebeu o envolvimento com droga em maio de 93. É o mais velho de
uma irmandade de três. O pai é bancário aposentado e a mãe é inválida. O paciente é
sócio de um dos irmãos numa empresa de turismo e também possui uma loja de tecidos
com a esposa.
O pai do paciente disse: "Quando a gente acha que os filhos estão criados e que
a gente pode ficar sossegado com eles, acontece um problema desse” (= droga).
Saiu do hospital a pedido, sem concluir o programa terapêutico.
No início de 1996, reinternou-se na Clínica Mirante.
Há dois meses, voltou a usar cocaína aspirada diariamente, apresentando idéias
persecutórias, alucinações visuais e agressividade. Teve problemas no trabalho: usou
dinheiro da empresa em dois finais de semana e foi para boates e hotéis. Durante alguns
Caso 2:
Sexo masculino, brasileiro, 37 anos, casado, três filhas menores, engenheiro
eletrônico de uma empresa multinacional de comunicações, espírita, procedente de São
Paulo - SP.
É a primeira internação em clínica psiquiátrica (1996). Disse que conheceu cocaína
há três anos, ou seja, aos 34 anos, oferecida por um parente numa festa familiar.
Começou a fazer uso esporádico e há seis meses aumentou a freqüência do
consumo. Com o tempo, passou a levar e usar a droga dentro da empresa durante o
período de trabalho.
Começou a apresentar problemas de comportamento como faltas ao trabalho,
retornar tarde*da noite para casa, gastos excessivos, tornou-se irritado e com freqüentes
discussões com a esposa e as filhas. A esposa informou que a princípio pensou que ele
estivesse tendo um caso com outra mulher, mas depois o paciente confidenciou a ela o
real problema.
Sob efeito da droga, sente-se perseguido. Está desinteressado do trabalho e dos
amigos. Após o efeito da droga, fica deprimido e chora muito. Já tentou tratamento
psiquiátrico ambulatorial com uso de neurolépticos, antidepressivos e tranqüilizantes. Usou
essas medicações por dois meses e no final do ano tentou matar o parente que o introduziu
no uso de cocaína. É usuário de tabaco.
É o filho mais velho. Tem um irmão de 36 anos e uma irmã de 34.0 pai faleceu há
dois anos e a mãe tem boa saúde. O paciente é considerado filho amoroso. A infância foi
Caso 3:
Sexo masculino, brasileiro, 46 anos, ensino fundamental, operário, casado, dois
filhos adultos e independentes, católico, procedente de São Paulo - SP.
Foi admitido em meados de 1997. Começou a usar cocaína há cerca de quatro
meses, após a morte do filho de 6 anos. Segundo a esposa, o casal teve um filho "temporão".
Com os dois outros filhos já adultos e independentes, o paciente tinha uma afeição especial
pelo caçula. O filho caçula veio a falecer de câncer. O paciente dedicou-se muito ao filho
durante a doença. Com a morte do filho, o paciente começou a ficar triste, deprimido e
dizia que não tinha mais vontade de viver. A esposa ficou temerosa de que o marido
pudesse cometer o suicídio.
O paciente até então não tinha problemas com qualquer substância psicoativa.
Ocasionalmente, bebia uma cerveja, mas sem problemas. Segundo a esposa, o paciente
sempre foi trabalhador e dedicado ao lar e à família. Disse que temia que o marido
“cometesse uma besteira" (= suicídio), mas que jamais pensou que ele viesse a ser um
"viciado em cocaína".
O paciente referiu que andava muito triste e um dia uma pessoa ofereceu-lhe
cocaína e “garantiu que isso iria melhorar sua vida." Disse também estar envergonhado
com a situação que criou. Disse sentir muito a falta do filho.
Sem antecedentes de transtornos psiquiátricos na família. Deixou o hospital a
pedido, sem concluir o tempo previsto pelo programa terapêutico.
Caso 4:
Sexo masculino, brasileiro, 43 anos, ensino médio, vendedor, casado, quatro
filhos, católico, procedente de São Paulo - SP.
O paciente vem fazendo uso de cocaína aspirada há três anos, iniciando o uso,
portanto, ao 40 anos. Até os 40 anos teve vida normal, na família, no trabalho e na sociedade.
Há 18 anos conheceu a companheira e conviveram juntos por 13 anos. Ela informou que o
Caso 5:
Sexo feminino, brasileira, 35 anos, casada, um filho adolescente, ensino superior
(Administração de Empresa), funcionária do judiciário, sem religião, procedente do interior
de São Paulo. Admitida em meados de 2001.
Vem usando crack há uma ano. Emagreceu cerca de dez quilos. Por isso, segundo
a irmã, os familiares começaram a desconfiar que a paciente se tornara uma prostituta ou
garota de programa e com isso havia sido contaminada com o HIV, supondo que estivesse
com AIDS. Há 30 dias, confidenciou ao esposo sobre o uso do crack e pediu ajuda. O
esposo comunicou os demais familiares.
Há trôs anos, a paciente vinha apresentando saídas de casa com as mais variadas
desculpas, comportamento que levou os familiares a suspeitarem de prostituição.
200 losé A n tô n io A i r o
A verdade foi que a paciente, há três anos, começou a ter um caso extra-conjugal
com um colega de trabalho, o qual era dependente de crack, pois disse que o casamento
não vinha bem no plano sexual. Informou que antes havia feito um periodo de terapia
individual para tentar melhorar o relacionamento com o esposo. Após dois anos de
envolvimento com o rapaz, este sofreu um acidente de moto e a paciente estava junto. Foi
nessa época que experimentou, "para ver que barato tinha", pela primeira vez, o crack. Até
então, as suas tentativas eram de fazer o rapaz deixar a droga. A paciente nunca teve
problemas com álcool ou qualquer outra dependência, ou experiência com drogas na vida.
Inclusive não usava tabaco.
Embora casada há 18 anos, disse que irá pedir a separação quando sair do
hospital, pois "meu marido é muito bom, mas a gente vive como irmãos.” Disse que também
pretende não continuar o relacionamento extra-conjugal.
A irmã referiu que a paciente é competente no trabalho e de confiança.
Os pais são vivos. São sete irmãos e é a mais nova. Três irmãos têm problemas
com alcoólicos e o pai foi também dependente de álcool e está há 17 anos em abstinência.
A mãe é epiléptica. Irmã disse que a paciente sempre “foi atirada e prá frente, sempre
ansiando por algo".
Deixou o hospital a pedido, melhorada, após 30 dias de internação.
Discussão
Inicialmente dois aspectos chamaram a atenção nesses casos:
Primeiro, o fato de iniciarem o uso da droga a partir da quarta década de vida, pois
o trabalho clínico e estudos epidemiológicos apontam que o inicio do uso de cocaína
geralmente ocorre na segunda ou na terceira década de vida.
No trabalho clínico com dependentes de drogas, temos observado que a prevalência
do início do uso da cocaína crack é na segunda ou terceira década de vida, entre 12 a 25
anos e, geralmente, a dependência ocorre dentro dessa própria faixa etária ou algum
tempo depois.
No Brasil, os estudos epidemiológicos sobre o uso de substâncias psicoativas,
incluindo a cocaína e o crack, têm enfocado grupos específicos da população, por exemplo
estudantes, adolescentes ou usuários em tratamento (Carlini-Cotrim, 1987; Magalhães,
Barros eSilva, 1991; Carlini, Nappo e Galduróz, 1993; Carvalho, Pinsky, Souza e Silva e
Carlini-Cotrim, 1995); usuários de cocaína injetável contaminados com o vlrus HIV com
transtornos psiquiátricos (Malbergier, 1998) e dependentes de substâncias psicoativas
com co-morbidades psiquiátricas (Da Silveira e Jorge, 1999).
Um estudo sobre o aumento do uso de crack em São Paulo revelou que a média
de idade entre 245 usuários de cocaína foi de 24,8 (range 13-45), com tempo médio de
uso de 7 anos (range 1-25) (Dunn, Laranjeira, Da Silveira, Formigoni e Ferri, 1996). Entretanto,
levando-se em consideração o menor e o maior tempo de uso (range 1-25) e a média de
idade dos usuários (24,8) pressupõe-se que o inicio do uso da droga tenha ocorrido, para
a maioria, na segunda ou na terceira década de vida.
204 lo s í A n fò m o Z difo
Especificamente em relação à cocaína, não está evidente o aumento da
vulnerabilidade à dependência determinada por fatores genéticos, exceto que a probabilidade
de dependência de cocaína é aumentada em pessoas com transtornos que tenham uma
predisposição genética, tais como: dependência de álcool, esquizofrenia, transtorno bipolar
ou transtorno da personalidade anti-social (Jaffe, 1999).
Segundo Ferreira e Bernik (2001, pág. 168):
Considerações Finais
"Geralmente nós não pensamos que os acontecimentos do dia a dia no
ambulatório e na enfermaria mereçam uma publicação, mas exatamente
isso que é uma apresentação de caso. Diversos assuntos podem ser
esclarecidos por um relato de caso: sintomas incomuns, sintomas colaterais
desconhecidos, associação de uma doença com outra (Debakey e Debakey,
1983) (conforme citado por Dunn, 1995).
O estudo de caso é uma prática inerente ao nosso trabalho, bem como a
publicação de determinado caso pode contribuir para com a ciência psicológica (Zago,
Santos, Salzani e Araújo, 2000).
Entretanto, o método de estudo de caso é um valioso instrumento de cunho
intelectual que auxilia a compreensão do quadro clínico e dinâmico do paciente, mas que
por si só em nada o ajuda (Zago, 1992).
Quer dizer, por seu caráter didático, o relato de caso é um método importante e
necessário, mas não suficiente, pois tal método não consegue captar a essência do sofrimento
e das interações nutridas de expectativas e desesperos que emergem na relação terapêutica.
214 lo ié A n tô n io
Também, esses cinco casos, pessoas que mudaram de forma radical e paradoxal
suas histórias de vida ao escolherem o uso da cocaína a partir da quarta década de vida,
mobilizaram sentimentos de preocupação e de dúvidas, pois fizeram emergir mais incertezas
ainda sobre o problema das drogas.
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Esta estudo baseia-se na análise apresentada em mesa-redonda no X Encontro da ABPMC (Campinas, 2001), sobre o temn
abordado no histórico artigo de James Holland, intitulado Servirão oa princípios comportamentais para os revolucionários? Ha
ocasiflo (1974), Holland polemizava em torno do impacto dos avanços tecnológicos da AEC sobra quaisquer empreondimentos
que se articulassem a novos delineamentos culturais e, mesmo, a quaisquer outras ações que Imphcassom mudanças
comportamentais no contexto comunitário. Reitera-se a atualidade da pergunta de Holland, bem como argumenta-se Bcerca
de possíveis implicações éticas do emprego dos pressupostos bohavioristas radicais em situações sociais amplas.
Palavras-chave: Delineamentos culturais; Behaviorismo radical; Análise do comportamento
This study is based on the analysis presented in table-round at the X ABPMC Meeting (Campinas, 2001), about tho themo
bourded on James Holland hlstorlcal artlcle, titled Will the behavior principies serve for the revolutionarios? In the occaslon
(1974), Holland created controveray around the impact of AEC's tochnologlcal advances about nny enterprises that would
articulate to new cultural delineations and, even, to any other actions that would imply in behavior changes in the communitarian
context. It Is stood out the actuality of Holland's question. as well as it is argued about the possiblo othlc implicatlons of
radical behaviorist statements use in ample social situations
Key words: Cultural delineations; Radical Behaviorism; Behavior Analysis
'Veraflo preliminar deste trabalho toi apreeanlada, «ot> meemo tltuto, em mesa redonda no X Encontro Braailero de Pwoolerapla a Medicina Comportamental.
lunlamente com a t doutoras Nlt/a Micheletto e Tara/a Marta de A/evedo Pira* Sério, da PUCSP
-'Departamento de PtKxriogM da Fducaçâo a Programa da Póa -graduação *m Educação da Faculdade de Flloaofía e Ciências - UNt SP - Marllla, SP
É nesse contexto que Holland coloca uma questão central relativa ao tema: o que
pode fazer o cientista comportamental que já abandonou a racionalização da neutralidade
222 K « lc r C drrdra
evento não natural causando eventos naturais (portanto, de estofos diferentes, material/
imaterial) tem gerado muitas polêmicas, mas, de todo modo, caracteriza-se como uma
forma de rejeitar o dualismo e reafirmar o monismo fisicalista. Com isso, uma das
características necessárias à atuação do analista nas questões mencionadas por Holland é
essa coerência com os pressupostos essenciais da filosofia de ciência que norteia a AEC.
Assim, o campo de atuação do analista do comportamento, no sentido de disponibilizar
conhecimento acumulado e tecnologia às causas comunitárias amparadas pela idéia de
contracontrole, reflete a idéia de programação de contingências que facilitem a tomada de
decisões que impliquem melhores condições de reforçamento. Em outras palavras, está
presente a idéia de liberdade (neste caso, a ser conquistada) nos termos já explicitados por
Matos (1985), quando se vale da expressão chinesa Dzu Yu, que significa, basicamente, "o
comportamento de tomar decisões". Nesse sentido, a liberdade é vista como a possibilidade
de ter acesso a condições que implicam reforçamento (ou punição) em função de um
determinado comportamento.
Nessa perspectiva, a pergunta de Holland remeteria ao comportamento de tomar
decisões, em cuja tarefa o analista do comportamento pode auxiliar explicitando as
condições para o arranjo de contingências e a previsão de possíveis conseqüências para
cada opção disponível. A liberdade assim entendida remete à idéia de que as decisões
que visam à emancipação econômica, social e política da população em relação aos
modelos sociais fortemente estratificados, implica ações em várias frentes, uma delas
sendo de responsabilidade do psicólogo, qual seja, uma intervenção no limiar da articulação
entre o individual e o coletivo. No caso do analista, via atuação no nível da ampliação do
acesso às variáveis que controlam o comportamento.
Na trilha dessa concepção, indaga-se sobre como tomamos decisões: a partir de
nossa vontade individual, intrínseca, imanente? A partir das contingências que cercam os
comportamentos envolvidos na própria decisão? Para exemplo: a adição às drogas resulta,
de fato, de uma livre opção? O aluno de psicologia pode fazer quaisquer disciplinas e compor
a formação curricular que desejar, a seu livre gosto, ou esse comportamento é eminentemente
controlado por regras? Alguém constrói moradias na favela e favelas às margens de locais de
iminente deslizamento de terra simplesmente porque quer, porque está intimamente motivado
para tal? O masoquista, por certo, escolhe o que designamos, numa primeira avaliação, como
sofrimento, não em virtude de um mecanismo decisório interior chamado livre-arbítrio, mas
provavelmente porque sua tomada de decisão, num rol possível de formas diferentes de
manifestação dam sua sexualidade, é compatível exatamente com comportamentos com os
quais aprendeu a obter prazer como conseqüência. Os grandes idealistas podem até escolher
morrer fuzilados do que abdicar de suas causas (apenas sua história pessoal de interação
com um ambiente particular, via reforçadores e eventos aversivos, explica as diferenças individuais
nos comportamentos apresentados . É a história individual que está em jogo e, por conta
disso, os exemplos podem ser divergentes: Galileu Galilei, num certo momento, abjurou suas
descobertas (no sentido de que nem o homem nem a terra seriam o centro do universo) para
escapar da condenação à morte. Parece insuficiente uma explicação da liberdade dirigida à
busca do agradável, do bem pessoal, de uma motivação privada inacessível. Na verdade, as
contingências são complexas e determinam ações, por vezes auto-mutiladoras, mas funcionais
em virtude da história filogenética e/ou ontogenética. Um exemplo enigmático e provocativo
poderia ser apreendido de Gõethe: “...Não te detêm as distâncias/ Ó, mariposa! e nas tardes,/
Ávida de luz e chama,/ Voas para a luz em que ardes".
Referências
Luc Vtindcnbeiyhe
/X/CVO
Para entender o fenômeno do ato falho, na fala, na escnta ou na açâo, è necessário resgatar o conceito do operante,
índusivo a noção advinda da pesquisa na área do* esquem a* concorrentes, de que um comportamento se sobrapfle a outros
dependendo das contingências, e o conceito da consciência. Desde sua introdução no consultório do clinico, o behaviorismo
radical vem oferecer suportes teóricos importantes para o atendimento psicológico. A abordagem de comportamentos sutis
como sonhar e relações funcionai» conflituosas como as que ostâo no Jogo no ato falho levam a problemas complexos o
impossibilitam toda tentativa de teste exato das hipóteses lançadas pelo terapeuta. Dados contraditórios e questões que não
tôm resposta objetivamente verificável fa/e m parte da realidade clinica quando o terapeuta decide enfrentar estes aspectos
da interação do seu cliente com o ambiente. O método indutivo e o critério de verdade pragmático do Ijehaviorlsmo radical
oferecem ao clinico a possibilidade de atuar de uma forma que respeita e aproveita a complexidade deste maior Ia I
To understand the phenomenon of the slip of the tony or the pen or other parataxis, we have to appoBl to the concept of the
operant, includmg the notion coming from research in the area of concurrent schedules, that one behavior crowds olherb out,
dependlng on the contingencios; and to the concept of consciousness. Since it was mtroduced in the clinician's practice,
radical behaviorism has offered theoretical support for psyclwlogical treatment. Dealing with subtle behaviors llko dreaming
and conflicting functional relations, as those that are at play in the case of the significant slip, load to complox problema and
exclude any pretence of testlng In the style of exact sciences the hypotheses the thoraplst may launch. Contradictory data
and questions that do not have an objectively verifiable answer are part of clinicai reality when the therapist decides to accept
these aspects of the cllenfs interaction with tho envlronment. The inductlve method and tho pragmatlc truth-crlterion of
radical behaviorlsm offer the clinician a possiblllty to reapect and make use of th» complexlty of this material.
226 Luc V a n d r n b r r g h r
com as abordagens comportamentais tradicionais (Hayes & Toarmino, 2000). Tomando
esta definição a sério (Vandenberghe, 1995; 2001), devemos incluir também a Terapia
Analítico-Comportamental ou a Terapia por contingências do cunho brasileiro como uma
forma de Análise Clínica do Comportamento.
Estas terapias se dedicam geralmente ao tratamento ambulatorial de problemas
psicológicos de pessoas com níveis moderados ou altos de funcionamento. Assim elas
se defrontam necessariamente com fenômenos que não são importantes na Modificação
do Comportamento (também conhecido como Análise Aplicada do Comportamento) que
se concentrou tradicionalmente no tratamento de crianças pequenas e pessoas com
deficiências graves. Muitos destes fenômenos foram durante muito tempo alvo de teorização
por parte das psicoterapias mais tradicionais. Um exemplo que capturou a atenção dos
behavioristas é o sonho (Guilhardi, 1995; Delitti, 2000; Conte, 2001), outro é o ato falho
que é assunto do presente texto.
Do que estamos falando? O ato falho é comportamento intencional, que se destaca
pelo fato que o ator nega responsabilidade por ele. Geralmente tem fortes indícios que ele
não tem consciência de porque ele emitiu o comportamento; às vezes nem tem consciência
do fato que fez.
Finalmente, não é raro tal comportamento atropelar o projeto de ação e os alvos
proclamados da pessoa. O ato falho configura assim um paradoxo. É algo que alguém faz
intencionalmente, mas do seu próprio ponto de vista, sem querer. Para entender este
fenômeno inquietante, é preciso resgatar três conceitos Skinnerianos: os de consciência,
de propósito e de esquemas concorrentes.
E xem plos:
O psicanalista Stekel relata a Freud (1904/1983) a seguinte anedota: Entrou numa
casa e ofereceu a mão direita à dona da casa. Nisso, de um modo muito estranho, conseguiu
abrir o laço que prendia o seu largo roupão. Ele não estava ciente de ter uma intenção
desonrosa; no entanto, observa que realizou esse movimento com a habilidade de um
batedor de carteira.
A habilidade como qual o ato foi perpetrado - a realização de uma tarefa difícil -
parece o argumento principal em favor da suposição de que não se tratou de uma
coincidência. Se o movimento foi determinado pela sua conseqüência, ele era proposital
no sentido mais amplo descrito por de Rose (1982). A única distinção entre este
comportamento e outros operantes, que o torna um ato falho, é que atropela o decorrer
das ações planejadas pelo próprio ator.
Depois de uma deliberação sofrida pelos membros de uma banca, um professor
que tinha argumentado em favor da reprovação do candidato e somente se deu por vencido
depois de uma discussão demorada, preencheu a ata. Onde tinha que colocar a nota do
candidato "oito inteiros e cinco décimos", anotou “oito enterros e cinco décimos". O
comportamento parece um tato, onde o professor emite um comportamento verbal sob
controle discriminativo. A prova, a performance do candidato ou a avaliação pela banca
estaria qualificada como um enterro. Este controle deve ter sido mais eficaz neste momento
do que o controle pela audiência, que ia favorecer o preenchimento correto da ata.
Precisa tomar nota também de uma outra possibilidade. O professor, provavelmente
ainda estava^ob controle aversivo do evento, talvez estava com raiva. Assim a emissão de
“enterro” pode ter sido um mando, isto é um comportamento verbal que especifica um evento
que neste momento ia funcionar como reforçador: enterrar e esquecer o que aconteceu,
anular a decisão final tão injusta ou talvez o enterro do candidato, ou dos outros membros da
banca.
Em todo caso se trata aqui de controle múltiplo. O professor em nosso exemplo
não escreve “assassinato" nem “morte", o que mostra que os controles que favoreçam a
topografia "inteiros" estão efetivamente funcionando. Só que uma outra relação funcional
chegou a se impor o suficiente para influenciar de maneira significativa a topografia do operante
emitido.
Muitas vezes, o ato-falho está sob controle de uma conseqüência que o sujeito não
pode discriminar verbalmente como alvo da sua ação. Admitir para os outros, e talvez para
Referências
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E d ito re s A sso cia d o s.
Discute-se o conceito (1e modelo experimental animal para estudo de patologias humanas. Um problema central diz respeito
A similaridade entre o modefo e o transtorno, pois é preciso definir o que é posslvoi simular em um modelo animuf quwndo se
tenta compreender características únicas do comportamento humano Um denominador comum entro comportamento
humano e unimal tem de ser visado, e ele deve envolver uma similaridade baseada (1) na topografia da respoBta, (2) na
seletividade da resposta a drogas, ou (3) nos processos envolvidos. Sâo analisados os limites dos trôs tipos de modelos, e
so conclui que sâo mais robustos aqueles em que hó similaridade de processo básico do comportamento animal e do
comportamento humano modelado Um modelo desse tipo poderia simular um distúrbio nos aspectos de etiologia, mecanis
mos fisiológicos, comportamento tipicos e tratamentos eficazes Considera-se finalmente que o uso de modelos, alóm da
aplicação prática na triagem de drogas, pode contribuir para o avanço da própria conceituaçâo de transtorno mental.
The concept of experimental animal model is discussed A central Issue is tho slmllarlty between the model and tho
disturbance, slnce a deflmtion of which simulatlons are possible is needed when unlque human characterlstics are boing
focused A common denominator between human and animal behavior should be almed at. Such a common denomlnator
should deal with simllarities In (1) topography, (2) drug response selectivity, and (3) processes These three types of models
are analised It is concluded that the most robust among them are those in which the modol animal behavior shares a similar
basic process wlth the modeled human behavior Such a modol would ideally be able to simulato a behavioral disturbance as
to etlology, physiological mechanlsms, typlcal responses and effectlve treatment A final consideratlon addresses the issue
of using animal models to advance the very concept of mental disturbance
Referência
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo podo ser considerado como um do» transtornos de ansiedade mais freqüentos na
população. sendo que sua prevalência varia do 1 a 3%, segundo estudos epidemiológicos Internacionais e Nacionais A
Psicoterapia Comportamental vem sendo empregada no tratamento do TOC com resultados eficazes, no entanto, outros
modelos de Psicoterapia, bom como novas técnica* vem sendo desenvolvidas por clínicos o pesquisadores das abordagem
cognitivo e cognitivo-comportamuntaia, o que ampliaria a gama de possibilidade de tratamentos para o paciente com TOC
Os principais modelos se baseiam nos estudos de Can- (1974), McFall e Wollershelm (1979) e Saikovskls (1985), sondo que
cada modelo apresenta singularidades e diferenças entre si Estes modelos possuem pressupostos básicos nos quais há
uma ênfase na forma como o indivíduo avalia os pensamentos intrusivos, sua relação com as emoções o, conseqüentemen
te com os comportamentos de fuga/esquiva, característicos no Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Obsessive-Compulsive Disorder (OCD) could be considered the most frequent anxlety disorder in population, because its
prevalence range from 1 to 3% of National and International epidemioly atudios. Behavioral Psychothorapy shows efficient
results with OCD patients, however, other cognltive and cognltlve-behavioral psychotherapic pattems and techniques are
being deveioped by clinicians and researchers so that other treatment posslblllties can be glven to OCD patients. Carr (1974);
McFall and Wolleraheim (1979) and Saikovskls (1985) are the maln patterna. Each of theso pattems bas goI soma
dlfferences and singular polnts of view. These models also empha9i*e the way that each person evaluate Intruslve thoughts
and the relation with emotions and escape/avoldance behavior», which are expected behaviors in OCD patients.
O Modelo Cognitivo
Os pressupostos básicos das terapias cognitivas e cognitivo-comportamentais
estão baseados nos modelos que abordam a mediação entre os estímulos ambientais e
os comportamentos. Sendo assim, a interpretação dos eventos ó considerada de grande
valor no desenvolvimento e manutenção dos transtornos psicológicos e psiquiátricos do
homem.
O homem nasce com um potencial biológico, o qual será desenvolvido em função
de suas experiências e suas relações com o meio ambiente (Bandura, 1969; 1987). Estas
Doutor em oénclas p*k> Departamento de Ptteotog* Médica • Psiquiatria da Univer»íd*de Federnl de Sâo Paulo (UNIFESP)- Etcola Paulista de Medicina,
Docente da* Universidade* Braz Cubai e Centro UnivwsitArk) Herminio Ometto de Arara*
242 M d k llim N un o B a p t id a
Diversas pesquisas estão sendo feitas, no sentido de identificar crenças irracionais
e hipóteses de funcionamento cognitivo em pacientes com TOC, a fim de se desenvolver
técnicas psicoterápicas específicas e eficazes a este transtorno. O conhecimento abrangente
de como o paciente com Transtorno Obsessivo-Compulsivo avalia as situações à sua volta
e os tipos de crenças disfuncionais utilizadas por estes podem auxiliar o clinico a elaborar
estratégias mais específicas para o manejo do paciente com Transtorno Obsessivo
Compulsivo.
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A supervisão clinica ó considerada a atividade mais Importante na formação de um terapeuta, o a relação suporvlsor-
supervlsionando, elemento fundamental para o seu bom resultado. O presente capitulo teve como objetivo analisar
alguns aspectos dessa relaçAo, que assume um papel complexo e paradoxal, prejudicial ou favorável na formação do
terapeuta Cumpre distinguir o papel do supervisor do papel de um terapeuta do supervisionando Embora aspectos da
vida pessoal do supervisionando possam ser enfatizado» durante a supervisão, o enfoque será sempro em como esses
aspectos estarão Influenciando seu atendimento. A conseqüência natural dessa análise ó a importância de um terapeuta
terapeutlzado, que possa sempre analisar seu próprio comportamento. Assim, também saberá reconhecer eventos
antecedentes discriminativos aos seus estados emocionais e diferenciar seus conteúdos daqueles do seu cliente,
reconhecendo o tipo de controle sobre «eu comportamento que está prevalecendo durante a sessão. Exemplos de
atendimento em supervisão Ilustrarão a discussão.
Clinicai supervíslon is considered the most vital component in the successful training of a therapist. The supervisor/
tramee relatlonship must also be considered a crucial element for this success. Adequate supervision allows the thorapist
to develop the necessary skills and confldence levei to practice successfully, The therapist must also develop the ablllty
to relate his or her past experiences to one's own behaviors, and those behaviors' subsequent influences on professional
relatlonshlps. Such self-analysis Is strengthened during proper supervision In training. Examples of supervíslon cases
illustrate the discussion.
Mais do.que uma questão de ordem prática ou teórica, a reflexão sobre o papel
da supervisão é um compromisso que deve ser assumido por toda e qualquer instituição
vinculada à formação de psicoterapeutas. Trata-se de uma exigência ótica, considerando
a forte predominância do sistema de formação do psicólogo brasileiro direcionado para a
área clínica (Bastos, Rocha, Pessoa e Ferraz, 1993, conforme citado por Campos, 1998).
Assim, a grande maioria dos psicólogos brasileiros encontram na supervisão clínica uma
atividade vital, se não a mais importante, na sua formação. De fato, historicamente, a
supervisão clínica foi sempre considerada como o aspecto mais importante na formação
deste profissional (Haley, 1998; Henry, Sims e Spray, 1973; Norcross e Guy, 1989).
No entanto, iniciar a participação em um grupo de supervisão clínica é algo cercado
de aspectos inéditos na vida do terapeuta-estudante. Até ali, em sua vida acadêmica, ele
' Neste trabalho o "»upervleionanòo" 4 o terapeuta, na qualidade d* aluno em flnal de curao de graduaçAo. ou anUlo o p*teólogo JA formado qua buaca
•uparvitlo poatertor à graduaçAo Ser* utilizado, antAo, ora o termo supervisionando, ora terapeuta
Exemplo Clínico 13
T: Nâo sei bem por onde começar... uma coisa eu estou achando bem interessante... semana
passada aconteceu um fato curioso e acho que isso está mexendo muito comigo: comecei
três casos novos, e os trôs apresentam a mesma demanda. Sâo três homens questionando
o papel que exercem na sociedade, nos relacionamentos íntimos. Estâo questionando como
a sociedade os vêem.
[supervisor fica atento para a escolha dessa questão, visto que a terapeuta atende outros
casos e aquela era a primeira sessão de supervisão. Como interpretar o “fato curioso" ou
"está mexendo mliito comigo"? Como a “mesma demanda" fora identificada com apenas
uma sessão de atendimento com cada um?]
S: Apesar de estar muito no começo, você vê mais alguma coisa em comum nesses trôs
casos, além da demanda?
[supervisor reforça observação da terapeuta e a direciona para que busque aspectos mais
genéricos em comum nos trôs clientes, além da demanda, já que muito pouco da história de
cada um foi conhecido]
T: - Hum... que são homens... ansiedade?
S: - Que mais?
•Prtmalra ——Io da •up»rvl»*o da T oom S; T com quatro «not da prática proflaatonal; «uparviMo fatta em grupo d* doi» terapaulai a um »uparvl»or,
T para tarapauta e S para «uparviaor
Exemplo Clínico 2
Durante a sessão de supervisão, foi apresentado pela terapeuta (T1) o caso de um
homem que se queixava de "problemas sociais e indecisão". T 1 ressaltou uma grande
dificuldade do cliente em "controlar a própria vida". Quando questionado sobre como se
sentia no caso, T1 mencionou estar muito desconfortável e que era comum sentir
impaciência ou raiva do cliente porque este sempre lhe solicitava "que rumo deveria dar
a sua vida"
S: (ao final da sessão de supervisão): - Bom, acho que por hoje ó isso. T1, qual o feedback
para hoje?
T1: - Hoje nâo foi tão objetivo quanto na sessão passada. Foram tantas informações... tanta
coisa nova que... sei lá... acho que estou mais perdido agora do que antes!
S: - Vocô está querendo dizer que nossa conversa mais atrapalhou do que ajudou...
T1: - ... não!! Foi legal! Eu só acho que o negócio é tão complexo... é tanta coisa que me faz
sentir meio perdido.
T2: (para T1) - Mas vocô foi bem. Eu entendi muito bem o caso... vocô descreveu super bem,
e de forma objetiva. Vocô também nâo entendeu legal (para S)?
S: Super bem...
T1: Só que eu não sei o que fazer agora... Eu queria ter mais controle sobre essa situação.
S: Fiquei com a impressão de que vocô ficou um pouco frustrado com a supervisão hoje.
Será que eu deveria ser mais diretivo e falar o que deveria ser feito?
T1: ... ô... acho que poderia me ajudar mais (risos)... mas sei que não deve ser assim... quem
tem que saber sou eu (mais risos)... que droga!
S: - A gente pôde notar que essa necessidade do seu cliente de ouvir de vocô, seu terapeuta,
o que fazer, te irrita. O que significa para vocô “ter controle”, saber exatamente o que fazer,
como fazer & para onde ir?
T1: - Nossa, são fundamentais para mim)., (pausa... risos).., Tá vendo... esse cara tá me
atrapalhando tanto a cabeça que eu tô ficando que nem ele (mais risos)!!
Exemplo Clínico 3
Ao atender uma jovem que vivia um grande conflito sobre uma gravidez indesejada,
possível conseqüência de uma relação extra-conjugal, a terapeuta revelou em supervisão a
"raiva enorme e incontroíável” e censura que sentiu durante o atendimento. Disse que, em um
primeiro momento, foi categórica (“radical") quanto á "importância de a cliente revelar toda a
'verdade' a seu marido, pedir desculpas e lutar pela reconstrução da relação". Mas, na mesma
'Barmoo (1M7) oferece uma intereeMnte anAItte de como M u i prôpnoe tentimentoe |á mterterlrem *m tua relação oom dientet, duranl» atendimento*.
Conclusões
A despeito da grande relevância da supervisão, ou estágio supervisionado, na
formação do terapeuta comportamental, a literatura em língua portuguesa oferece número
escasso de trabalhos, quase sempre apresentando uma análise do papel, objetivos e
função da supervisão. Na literatura de língua inglesa, o interesse é crescente, mas ainda
oferece grandes lacunas, como a relação entre supervisor e supervisionando aqui discutida
(Campos, 1998).
O presente trabalho teve como objetivo analisar com especial ênfase a relação
supervisor-supervisionando por poder assumir papel prejudicial ou favorável nessa
formação. Poderá funcionar como obstáculo se o supervisor estiver servindo de audiência
punitiva e, por conta disso, o comportamento verbal do supervisionando estiver sendo
controlado muito mais por contingências presentes na sessão de supervisão do que na
sessão de atendimento já ocorrida. O treino do tato fidedigno do supervisionando parece
ser um objetivo importante a ser seguido.
A relação também poderá ser instrumento na formação do terapeuta, já que
poderá servir de modelo para a relação terapeuta-cliente, variável das mais importantes
para o sucesso da terapia. Há de se distinguir o papel do supervisor do papel de um
terapeuta do supervisionando. Embora podendo-se enfatizar aspectos da vida pessoal do
supervisionando durante a supervisão, o enfoque será sempre em como esses aspectos
estarão influenciando seu atendimento. A conseqüência natural dessa análise é a
importância de um terapeuta terapeutizado. Isso significa que terapeutas deveriam avaliar
sempre o seu comportamento, pois ele pode funcionar como instrumento terapêutico na
terapia de seu cliente.
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O trabalho pubMcado por Skinner, entre 1931 e 1957, foi analisado com o objetivo de identificar parâmetros para caracterizar
o# programai de pesquisa por ele propostos. Oito publicações mereceram especial atenção: The concept of th» reffex in the
description of behavior (1931/ Curront trenós in experimental psychology (1947); Are theories o f learning necessary? (1950),
A casehistorylnscientiflcmethod (1956), Vertwl Behavior (1957), The experimental analysis of behavior (1957); Reinforcement
today ( 1958); and The fítgbt from the laboratory (1961). Quatro programas de pesquisa foram identificados e aele aspectos
foram considerados na caracterização de cada um destes programas: a especificidade da ciância do comportamento, as
Interfaces com outras ciências, a unidade de análise, a medida privilegiada, as fontes de variaçAo, o contexto para estudo
e os objetivos da ciência do comportamento A análise indicou que, com exceção da unidade de análise e da mudida, todos
os demais aspectos foram gradualmente desenvolvidos. Vários problemas foram Identificados nestes dois aspoctos: as
definiçõeB dos conceitos de força e probabilidade da resposta são por demais amplas e sous limites nflo estão bem
estabelecidos, a relação entre esses conceitos e os conceitos de freqüência e taxa não é claramente estabelecida, e as
mudanças na unidade de análise proposta (reflexo, classe de respostas e contingência de reforçamento) não são suflclen-
tumento analisadas
Skinner'8 published work, between 1931 aixJ 1957, was analyzed with the goal of identlfylng parameters for Sklnner's research
programs. Elght of Skinner'8 publicatlons were especially taken Into account. The concept of the reflox in the description of
behavior (1931| Current trends In experimental psychology (194 7); Are theories of learning necessary? (1960), A case hlstory
in sclentiflc method (1956); Verbal Behavior (1957); The experimental analysis of behavior (1957); Reinforcement today (1958);
and The fllght from the laboratory (1961) Four research programs were Identified and seven aspects were considered and
Identlfled In the charactervatton of these research programs apeclflcity of the Science behavior; relationibipa with olher
sciences; unit of analysll, moasurement of the unit of analysis; subject matter a sources of vanation, the productlon of data;
and tho goals of the Science of behavior The analysis indicated that ali these aspects were yradually built, with tho
exceptlons of unit of analysis and measurement. Various probloms were identified with these two aspects; the definltions of
tho concepts of probability and response strength are too broad; the boundartes of these concept* are not clearly establlshnd;
the relationshlps between these concepts and the concepts of frequency and rate are not clearty asserted; and tho changes
in the proposod unit of analysis (reflex, response class, and contingencies of reinforcement) are not sufflclently analyzed
O artigo publicado por Skinner em 1931 ( The concept ofthe reflex in the description
of behavior) pode ser apontado como o primeiro marco no desenvolvimento do sistema
skinneriano. Do ponto de vista deste trabalho, nesta publicação Skinner propôs um programa
de pesquisa para uma ciôncia do comportamento. Muitos anos e muitas publicações
depois, em 1957, Skinner publicou seu livro Verbal Behavior, que certamente ó outro
» comportamento
• comportamento humano
C2. Que relações entre a ciência do com portam ento e outras ciências são
assumidas?
Paralelamente á preocupação de Skinner com o esclarecimento da especificidade
da ciência do comportamento - que garantiria a ela a possibilidade de ser assumida como
uma ciência independente - há, no trabalho de Skinner, uma clara preocupação com o
estabelecimento de fronteiras claras e definidas com outras ciências. O que parece dirigir
a posição de Skinner, aqui, ó um duplo cuidado: de um lado, a necessidade de garantir
que a ciência do comportamento possa cooperar com outras áreas do conhecimento
científico - considerando dados e conhecimentos produzidos em outros campos e
contribuindo com outros campos com seus dados - de outro, a necessidade de promover
uma perspectiva não reducionista da ciência do comportamento.
1W« hava trlad to amjihaaB» an aaaanllal conllnuity batwaan r a fo ptiyaiology and th* •pactal acianoa of lha daocrtptlon of bahflvtor Wa mu«t not, however,
h»KIo racogntza a groundad dMindion batwaan lha Iwo flaW», w finíi» baaad primarlfy upon a diflaranca In Knmediate purpoaa rhaoneaaokaacJescripIlon
of lha raflax In tarm» of phy»kx> chamtcal avartf». lha othaf a daacripllon of behavkx in tacma of lhe raflax
' Wha( Míippana whan a man spaakt or raapood» to apaach mctaarty a quaatwn about human behavtor and hanoa a quaatlon Io ba anawernd wllh lha concapt*
and techniquaa of paychology a» an axparimental tcianca of bahavtcr
* Fisiologia
• f*"*ÍÂnfMâC
V l C l Iv lC O cd U
n vr iIQ
f l Ii O
c ov hl lUI
i i n1nICll
s nI ds co
• Ciências da linguagem
• Operações experimentais
• Genética
• História pessoal
• Ambiente presente
•
• Condições momentâneas
4Any uparnnt. verbal or otherwtae, acquiree atrength and oonttnuea to be mantamed m «trength when rweponaee ara freqiienlly followecl by the event o a M
relnlorcemenl' Tha procean of operar* condKtonlrig' ia rnoat nonapteuou* when verbel behavtor Ia ftrat acqutrad Heinforcinfl ooneequenoea oooMm<e to
be Important after verbel behavior haa been aoqmred The»principalfuncllon ia IhenlomalnüMnlhereeponaeInalrength Prioratlmuliare .. importantin
the control ol verbal behavior. They are important becauee lhey enter «to a Ihree term oontingency o(remtoreement which may be stated th» way In lhe preaence
ol a given allmulus a glven reeponie Ia characteoatlcalty toWowed by a fliven reinforoement When an operanl Ia acgulred II beoome» a member o f« flroup
of rnaponsea which vary together wrth the retevant (Jeprtvalton
* Two facta ernerge from our aurvey of the bealc fundlonal relalion» in verbal behavior (1) the alrangth of a alngle reaponee may be. and uaually Ia. a functlon
of more lhan one vartabte and (2) a alngle varlable usualty affecta more than one reaponee
• Setting experimental
• delineamento do
sujeito único
• medida contínua - ---------------------- ►
• foco na aquisição e
manutenção
*... we may now tfika that mor» humbte vMw of axptonrton and cauMfeon .wtwrem, n a word, explanatlon ■ raduoed to dMcrtptlon and the notlon of fundior)
is subatituted for that of rauMlion
• Descríçãol
• Teorias para compreender e
W
resolver problemas humanos =
predição e controle
• descrição e explicação
C6. Que parte de fenômeno total é tomado como base para a pesquisa?
Como está bem documentado, Skinner primeiro propôs que o reflexo seria a
unidade de análise de uma ciência do comportamento:
Mantém-se que a essência da descrição do comportamento è a determinação
das leis funcionais que descrevem a relação entre as forças que agem sobre e o movimento
de um dado sistema. O reflexo é, por definição, o instrumento preciso desta descrição.
(Skinner, 1^31/1972, pág. 457)H
Embora em 1947, quando se identificou o segundo programa de pesquisas, Skinner
de há muito já tivesse definido comportamento operante, e embora ele tivesse tomado o
comportamento operante como seu objeto de estudo, é interessante que Skinner, ainda
em 1947, não é explícito em relação a aquilo que deveria ser tomado como a unidade de
análise de sua ciência do comportamento. Com relação à questão, Skinner aponta
problemas, perguntando:
' Th* turvfvaf of (rwMlon«i( concapfno of man m ■ (tm and rMpoowbta «gani • an «xoatwit «urnipto of lh» gw)«ral pnnapiil ffiat a (h«ory n n«v«r overlhrown
by fada. but only for anolher thaory A iww Intarpratatlon har*. a oonaplracy of altanoa thara, and tha trick Ia tumad, and thl» will continua to bo «o untll a naw
and aflectiva thaory Ia worked out. Wa naad to arrtva at a thaory of human bahavnr whlch la not only plaiialbla, rvot only aufflclently oonvlnclng to be sold to
tha pubUc at larga, but a thaory whtch haa proved Hs worth In actanttflc productlvlty It muat anabla u» not only to talk «bout tha problama of tha world, but to do
acxnathing about tham.
' Tha aaaanca of tha daachpflon of bahavior » hakl to ba tha datermmation of functlonal law» daacrtbmg tha ratotlonahlp batwaan tha foroaa actlng upon, and,
tha movamant of, a gtvan ayatam Tha raflax la, by daflnNton. tha practta Inatrumenl of thla daacrtpfion
* Th* flr»t itap to bullding a thaory * lo Idanllfy the batic data It may ba eaay or dlfflcu* depandmg ii[>on lha atíenoe psychology faoe* mi evan mor* difflnilt
probiam what ara lha partt ol bahavior and envlroninent batwean whtch oròarty ralelions may ba damonatratad?
11 <tIs not lha mera form of bahavior which wa undertaka to pradid, but ralhar it> oocurranc* Tha and larm in a thaory of bahavior, in shorl, !• lha (Kobabllity
ofactlon.
11 probabilltla* ara nol eaay to handla Wa wwh lo maka tlalamant» aboul lha llkelihood of oocurrence of a slngla futura response But our data ara in lha
form of Irequenctea of reeponsee which hava alraady occurrad Thaaa responeoe wara praaumabty «Imitar lo aach olhar and to tha reeponse to ba predided
Üut thla riaet lha troubtaaoma problem of raaponaa instance vs raapona* dasa Prectaely what raaponaaa ara wa lo take into aocount In predicting a futura
inalanceV
u What is naedad for tha praaant purpoaaa ,.» a unK of bahavior oompoead of a raaponaa of idanlifiabta form functionally ralalad lo ona or mora indepandant
variaMes In traditional terms wa mighl say that wa naad a unH of bahavior deflned in larms of bo(h ‘form and maaning'. Tha analyala of nonvarbal bahavior ha»
clarlflad tha natura of auch a unit . An axtrapotation of thta concapt to tha vartMl ftald Ia carKral... Tha kinda of bahavior in which wa ara uaually intaraalad
hava, aa wa hava Man. an affect upon tha anvironmant which hat a raturn effect upon tha organism Any unit of auch a bahavior w convanwntly caliad 'an
oparant'
• Classe de respostas
• Classe de respostas +
contingências de
reforçamento
C7. Entre todas as dimensões que compõem a unidade de análise, o que é proposto
como a medida privilegiada desta unidade?
Se há problemas com a escolha, feita por Skinner, da unidade de análise, dever-
se-ia esperar que também houvesse problemas com sua medida. Na análise dos vários
programas de pesquisa propostos por Skinner, de fato, seguidas vezes encontram-se
problemas com relação a esta questão.
Em 1931, com relação à escolha da medida privilegiada de sua unidade de análise,
Skinner afirma:
‘Força do reflexo’ expressa de uma maneira muito geral o estado de uma dada
correlação, em um dado momento, com relação a muitas de suas características [do
reflexo]. (Skinner, 1931/1972, pág. 455)14
15The dlatlnctlon raiaes th* «sue of formaltom A reeponee m an Inetance can be oompletely deecrlbed a form of behavior, An operant tpeofo* al leatl
one relatlon to a vartabte - the effed which the behavior charaderieticaiy though perhap* rtot inevttabty. hai upon the environment - and it themfore not a [Rira
formal unlt. A* an Ir»lance of a verbal operanl, the reaponee mu»t oocur aa a lunctlon of a oertain varlable
14'Reflex títimglh' expresaee In » very general w»y lhe «late ol fí giv*r> ron»t»tion, ai a gtven rim*. w*l> retpeci Io many o) il» ctwmclfmlicg
" . . In turning to probabllity of rnspona* or. mora immadiatiily, to freqimncy of ratpondiog wa find a datum which b*hav*a In an ordarty fnshlon In a gfiwit
varietyofcondition»
Som* pari» of a verbal r*p«rior* ara mora likaly to occur thari othart Thia likalihood Ia an axiramaty important, though difflcult, concaptlon Our baalc
datum * not th» oexurrenoa of a gtvan n*«pon«* <i* tuch boi tha probsMity that It wi» occur ata g<van tmm Ev»ry vartml ofmant may ba conoetvd a i
having und*r apvciftad circumstanara an aaalgnabla probabilKy of amwaion - oonvanwntly catlad Ha ttr*ng(h' W» bata th* notion of atrangth upon
Mtvaral kinds of «vid*noe.
• Força do reflexo
medida pela taxa
de respostas • probabilidade de • Probabilidade (força)
respostas medida pela ■----------- ► medida pela emissôo
freqüência de respostas da resposta propriedades
resposta freqüência do
responder
Referências
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New York: Appleton-Century-Crofts. (Trabalho original publicado em 1972.)
Este ensaio procura resgatar o histórico e a relevAncia da Teoria da Aprendizagem Social de Bandura na constituição r
desenvolvimento da área do Treinamento das Habilidades Sociais Para tanto, apresenta, resumidamente, os diversos
modolos de compreensão sobre o comportamento social desde a Idade Média ató a construção e dlsseminaçflo do Modelo
Médico. Em seguida, analisa algumas das principais formulações teóricas na Psicologia, que antecederam as proposições da
Teoria da Aprendizagem Social. Finalmente, expõe algumas das posições de Bandura, os principais conceitos dessa teoria em
sua relação com a área do Treinamento de Habilidades Sociais, juntamente com seus conceitos e questões.
Palavras-chave; Teoria da Aprendizagem Social, Treinamento de Habilidades Sociais, competAncia social, comportamento
social, cultura.
The Importance of the Social Learmng Theory in tha Constitution of the Social Skills Training Area
This essay trles to rescue the history and the relevance of the Social Leaming Theory by Bandura in the constitution and
development of the area of Social Skills Training. It is briefly presented the several rnodols undorlying the understanding
about the social behavior from the Medium Age to the formulation and the disseminatlon of tho Medicai Model. Following,
some of the main theoretical formulatlons in the Psychology, which preceded the propositions of Social Learning Theory, are
analysed. Ideas and concapts of Bandura's theory are presented and related to the area of Social Skills Training, together with
its main concepts and subjects.
K ty words: Social Learning Theory, Social Skills Training, social competence, social behavior, culture.
278 M .ir i.i R efúflio R io* Sdlihift<i • A lm ir P r l Prette e Z ild d A . I’. D el Prette
Até o momento, não temos em disponibilidade instrumentos validados de avaliação
de habilidades sociais que abranjam todos os principais itens demográficos e características
de nossas populações, como por exemplo, fases de desenvolvimento (infância, adolescência
etc.), escolaridade (não alfabetizados, primeiro, segundo e terceiros graus), diferenças
idiomáticas regionais etc. Em geral, as técnicas de avaliação de habilidades sociais são
empregadas amplamente em outras áreas da terapia comportamental, sendo desenvolvidas
com base no constructo de assertividade (Curran, 1982; Curran, Farrell & Grunberger,
1984; Curran & Wessberg, 1981). Supor que avaliar assertividade seja o mesmo que
avaliar habilidades sociais tem facilitado o equívoco de muitos autores (por exemplo, Hersen,
Eisler & Miller; 1974; Pentz, 1980) que confundem o termo de assertividade com habilidades
sociais ou os usam como sinônimos.
Na avaliação de habilidades sociais se requer a inclusão da pessoa, o
comportamento e o contexto onde elas acontecem. Estas características parecem
necessárias para a emissão das habilidades para lidar com a raiva, a agressão, o estresse,
assim como para planejar metas (Goldstein, Sprafkin & Gershaw, 1979). Isto conduz ao
pensamento de que para manifestar uma habilidade corretamente são necessários todos os
seus componentes (verbais e não verbais), assim como também respostas assertivas. Sem
dúvida, uma pessoa pode ser assertiva, sem ser necessariamente competente em outras
classes de habilidades sociais. Evidentemente, o contrário também se aplica nesse raciocínio.
Uma alternativa considerada viável é a proposta por alguns autores (Roth; 1986;
Del Prette & Del Prette, 1999), que consiste em subordinar o termo de assertividade ao de
habilidades sociais e estabelecer uma ampla classificação das destrezas de modo claro
e objetivo que possa ser aplicada em estudos de investigação empírica. Uma concretização
de proposta semelhante pode ser encontrada na classificação das habilidades sociais
estabelecida por Del Prette e Del Prette (2001).
Goldstein, Sprafkin, Gershaw e Klein (1980) propuseram um manual de treinamento
de habilidades sociais para adolescentes problemáticos, onde apresentam um escala de
avaliação de habilidades sociais para adolescentes, que pode ser aplicada pelo professor em
sala de aula para identificar os que apresentam necessidades de treinamento nessa área.
Há uma tendência atual na área de Treinamento de Habilidades Sociais de se
utilizar programas de intervenção planejados para grupos mais do que para atendimento
individual (Del Prette & Del Prette, 2001 b). Além de outras considerações já apontadas na
literatura da área, sobre as vantagens do formato grupai sobre o individual (Caballo, 1993;
Del Prette & Del Prette, 1999; Falcone, 1998), pode-se acrescentar que o atendimento
grupai maximiza, de forma extraordinária, as possibilidades de uso de procedimentos
embasados na teoria de aprendizagem social (Cautela, 1976).
Na situação grupai, o uso da modelação praticamente se torna um processo
contínuo, onde o participante está, a todo o momento, observando o desempenho do
colega do grupo, prestando atenção a aspectos sutis desse desempenho, confrontando
expectativas e percepções com os demais, mesmo quando ele não está sendo o foco do
treinamento. Além disso, nesse contexto, o terapeuta é observado na “perspectiva de
alguém em um desempenho social", diferentemente do que ocorre no atendimento individual.
Em qualquer contexto grupai e particularmente nos programas de treinamento de
habilidades sociais em grupo, a maioria, senão todos os conceitos da Teoria de Aprendizagem
Referências
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O («ma ‘ eventos pnvados e mentalismo' é tratado aqui da maneira introdutória A partir de alguma» criticas do behaviorismo
radical ao mentalismo, procuras* caracterizar o modo pato qual o behaviorismo radical interpreta a mente. Sugere-se que o
behaviorismo radical refuta uma parte dos fenômenos mentais enquanto analisa outra parte deles, conceituando-os como
eventos privados Procura-se, em seguida, delimitar o campo de estudo dos eventos privados sob o enfoque behaviorlsta
radical. Sflo apresentados esclarecimentos conceituais em relaçáo a alguns tópicos relevantes à análise comportamental do
eventos privados. Para esses esclarecimentos Incluiram-se os seguintes tópicos: a Integração de eventos privados ao
objeto de estudo da Análise do Comportamento; o contato com eventos privados via Introspecção; eventos privados e
comportamento verbal e, finalmente, esclarecimentos relacionados A posição de eventos privados na explicação do
comportamento Destaca-se no último tópico a distinção entre o modelo de explicação mentalista e o behaviorismo radical:
enquanto o primeiro se aproxima de um modelo de ciência duallsta e mecantcmta, o segundo se caracteriza por um modelo
relacionai que se afasta desse tipo de explicação
The theme "private events and mentallsm’ Is treated here in an introductory way Baaad on some critica of radical
behaviourism to mentallsm, it is tryed to set the way by which radical behaviourism interpreis the mind. It Is suggested that
radical behavlorism refutes part of mental phenomena whlle it anylises anothor pari of them, conceivlng them as private
«venta It is tryed, then, to detimt the field 1or studying private events under the radical behaviourist approach Conceptual
clarifications are presented in relatlon to some topics which are relevant to the behavloural analysis of private events. The
following topics wore Included for these clarifications: the Integratlon of private events to thu Behaviour Analysis object of
study, the contact with private events by introspectlon, private events and verbal behaviour and, flnally, clarifications
related to the posltlon of private events in the explanation of behaviour The distinction between the montalistlc oxplanatlon
model and the rAdlcal behaviourism Is highghted at tha last toplc: while the flrst gets closar to a modei of dualistlc and
mechanistlc Science, the second one Is caracterized by a relational model which distances from this type of explanation.
284 M ju r u A lv e s N u n e * Q o nn ora
Antes de iniciar o desenvolvimento do tema, parece importante esclarecer um
equívoco comum quanto á posição behaviorista radical em relação 'a mente. Entende-se
equivocada a interpretação de que, ao defender a filosofia behaviorista radical para a ciência
do comportamento, Skinner (1945/1984,1974,1989a) rejeita por completo a mente, bem
como os eventos mentais. Admite-se aqui, uma tese defendida em Abib (2001) de que o
behaviorismo radical rejeita a mente na forma concebida pela filosofia mentalista, enquanto
apresenta uma outra filosofia da mente e dos eventos mentais.
Na posição behaviorista radical podem-se destacar duas críticas ao mentalismo:
como a mente, nessa concepção, não apresenta dimensões físicas, não poderia,
logicamente, explicar o comportamento, uma atividade do corpo e, como tal, um evento de
dimensões físicas. É uma crítica ao clássico problema do dualismo mente-corpo; o problema
está na dificuldade para explicar as relações entre a mente e o corpo.
A outra crítica relaciona-se à condição oculta da mente, ou seja, não sendo de
domínio público, a mente, e qualquer evento mental, não pode ser diretamente observada.
Nessa condição, eventos mentais são inacessíveis à intervenção e, em decorrência, não
permitem alterar os comportamentos com os quais apresentam relações causais. Segundo
Skinner (1945/1984,1974,1989a), as ciências mentalistas permitem apenas a predição
mas não o controle (alteração) do comportamento. Este é um sério problema para o
behaviorismo radical que defende um papel pragmático para a ciência do comportamento
- a função de instrumento para resolver graves problemas humanos decorrentes do
comportamento humano.
Para dar conta de explicar o comportamento sem incorrer nos mesmos problemas
criticados no mentalismo, Skinner (1950/1968, 1977) adotou um modelo funcional e
descritivista de ciência. Um modelo com o qual se explica um fato observado a partir de
suas relações com outros eventos que se situam no mesmo nível de observação e que
possam ser medidos nas mesmas dimensões do fato a ser explicado. Ou seja,
comportamentos publicamente observados deveriam ser explicados por contingências
publicamente observáveis. Ao defender o modelo funcional de análise do comportamento,
ele se afastou das explicações do tipo causa-efeito ou S-R, mais próximas do mentalismo.
Smith (1986) descreve em detalhes como B. F. Skinner passou a adotar o modelo
descritivista de ciência.
Um desafio para o behaviorismo radical era, com o modelo funcional de ciência,
formular uma nova concepção da mente. A solução encontrada por Skinner (1945/1984,
1974, 1989a) foi analisar os usos dos termos mentais, seja os usos que as pessoas
fazem, seja os usqs que os mentalistas fazem. Com essa forma de análise, ele chegou à
conclusão de que atividades mentais poderiam ser entendidas como comportamento.
Aquilo que, para o mentalismo, a mente faz, passou a ser interpretado como aquilo que a
pessoa faz. Para Skinner, uma ciência completa do comportamento deveria dar conta de
analisar, um a um, todos os termos mentais que se referem a explicações do
comportamento. Ele defendeu, ainda, que tais análises deveriam ser fundamentadas no
modelo de variação e seleção por conseqüências, principalmente na análise das
contingências operantes, responsáveis pelo controle ontogenótico do comportamento.
286 M a u ra A lv e s N u n e * C/ontfora
essas explicações devem ser descartadas da ciôncia, por isso receberam atenção apenas
aqueles fenômenos mentais que podem ser interpretados como eventos privados.
290 M a um A l v e i N u n e s C/ongora
do comportamento, mas porque é no domínio público que as coisas importantes acontecem.
É, basicamente, o ambiente social público que modela comportamentos, também ó ele
que os reforça e os mantém, que os pune ou os coloca em extinção. Se analisarmos
episódios comportamentais mais amplos, encontramos a ação do ambiente público, seja
no inicio ou no final das cadeias comportamentais, enquanto encontramos os eventos
privados compondo elos intermediários dessas seqüências,
No entendimento de Skinner (1987), no mentalismo tende-se a analisar apenas
parte de episódios comportamentais que deveriam ser considerados cadeias causais mais
amplas. São enfocadas unidades públicas de comportamento e seus antecedentes privados
imediatos, geralmente, sentimentos e pensamentos; verifica-se então, apropriadamente,
que há relações de controle entre as respostas consideradas e seus antecedentes e,
assim, com base nessas relações, passa-se a explicar as ações pelos sentimentos ou
pelos pensamentos (ou cognições) que as antecedem. Embora deva-se considerar que as
explicações mentalistas não se resumem a isso, do ponto de vista skinneriano, essa
busca do mentalismo pela explicação do comportamento em seus antecedentes imediatos
é uma visão muito simples com a qual o homem comum explica o comportamento. É,
também, um modelo de explicação que tende para o dualismo mente-corpo e para o
mecanicismo por privilegiar as relações lineares do tipo S*R. Uma detalhada análise e
diferenciação do behaviorismo radical em relação aos modelos mentalistas encontra-se
em Chiesa (1996).
Pode-se finalizar esta apresentação lembrando que na perspectiva behaviorista
radical da Análise do Comportamento, o comportamento operante, seja em ocorrências
de domínio público ou privado, é originariamente explicado por contingências públicas de
reforço. Na explicação por contingências operantes, os comportamentos são constituídos
por múltiplas relações entre os estímulos e as respostas, relações essas não lineares e
cujos antecedentes não são, em geral, imediatos. O behaviorismo radical pressupõe
explicações relacionais para o comportamento que se afastam do modelo de explicação
dualista e mecanicista e, pelo que se argumentou até aqui, eventos privados não explicam
o comportamento, considerando-se um conceito de explicação que pressupõe descrever
a origem do comportamento como um todo. No entanto, enquanto parte de seqüências
comportamentais, eventos privados apresentam relações funcionais com classes de
respostas subseqüentes, possibilitando, inclusive, a sua predição.
R eferências
Mciurd A lv e s N u n c * C/cngord
Capítulo 28
Resolução de problemas e raciocínio lógico
como foco da intervenção psicopedagógica
M iriani Marinotti
O presente artigo aborda o desenvolvimento de habilidade» para resoluçAo de problemas no atendimento psicopodagògico.
Iniciamos defendendo a relevAncia deste repertório frente A meta educacional de formar indivíduos Independentes e
autônomos. A seguir, retomamos conceitos e formulações de Skinner relativos à resoluçAo de problemas, bem como
decorrAncias destes Passamos, entAo, a analisar a necessidade de se trabalhar este repertório no atendimento psicopedagógico
dada a falha, freqüentemente observada no sistema educacional, em desenvolvA-lo. Finalmente, apresentamos propostas
pura o atendimento psicopedagógico visando o aprimoramento destas habilidades
P alavras-ch avt; resoluçAo de problemas; dificuldades de aprendizagem; atendimento psicopedagógico.
The presente article tackles the development of problem-solvlng skills in the context of remedial work with children who
oxhibil luarnlng dlfflcultiea Firatly, the relevance of this repertoire - prob/em-so/ving abllities - will be stafed toearíng irt mind
tho educational goals of deveioping mdependent and autonomous individuais. Secondly, some of Skinner's concepts and
ideas regarding the problem-solvlng area will be considered as well as their derlvations. Thirdly, the need of catermg for this
repertoire, in the context of remedial work, will be taken into account due to the fallure frequently observed In the educational
system in achlevlng this alm. Finally, ways of conductlng this remedial work aiming at Improving these skills will bo
presented.
K«y w ords problem-solvlng behavior; learning difficultles; remedial work
Aqueles familiarizados com a literatura e/ou prática relativas à Educação sabem que
há muito mais controvérsias, nesta área, do que certezas ou posições consensuais.
Talvez uma das poucas exceções seja a tese de que cabe à Escola a formação de
indivíduos independentes, que saibam pensar criticamente e que estejam preparados para
solucionar problemas sem a necessidade de orientação ou supervisão permanentes. Ou seja,
a escola deveria preparar seus alunos para atuar independente e eficientemente em situações
futuras.
Autores das mais distintas vertentes teóricas tendem a concordar com esta visão, a
qual se encontra subjacente a expressões do tipo: "preparar para a vida"; “ensinar a aprender";
“formar indivíduos críticos e criativos’; “não dar o peixe, mas ensinar a pescar'’; “tornar o aluno
sujeito de sua própria aprendizagem’’ etc.
Skinner também aborda esta questão, em vários pontos de seu trabalho. Por exemplo,
ao discutir as Agências Controladoras, afirma: "A educação é o estabelecimento de comportamentos
que serão vantajosos para o indivíduo e para outros em aígum tempo futuro." (1994, pág. 378)
S olução de Problem as para o B e h avio rism o Radicai :re to m a n do a lguns c o nce ito s
Iniciaremos esta seção citando alguns trechos de Skinner que ilustram o tratamento
que dá ao tema “Solução de Problemas”.
Na verdadeira situaçào-problema, o organismo não tem um comportamento
imediatamente disponível que reduza a privação ou forneça um meio de fuga
da estimulação aversiva....Não será necessário especificar a privação ou a
certa probabilidade de emissão que não pode ser emitida. (1994, pág. 238)
"Uma solução é uma resposta que existe com alguma probabilidade de emissão
no repertório do indivíduo, se o problema para ele for solúvel" .(1994, pág. 243)
'Obvlamanla, é Impoaalval aqui <J#**nvotvar uma abordagem «xautttv* ao lama Iramoa noa raatnnglr a apresentar aquelaa aapedoa mala dlretnrnsnle
raalcionadoa h anaáHae qoe aa tngoa
‘‘Quase tudo o que fazemos é relevante para resolver este ou aquele tipo de
problema: não é possível aprendera resolver problemas como se aprende a
prestar atenção ou a estudar, adquirindo algumas técnicas especiais. Há
muitas maneiras de mudar uma situação de modo que seja possível responder
a ela mais eficazmente. "(1972, pág. 125)
296 M ír ia m M a r m o tli
para facilitar a exposição que se segue, tomaremos a liberdade de mencionarmos a
expressão "situação problemática” em lugar de "situações potencialmente / usualmente /
provavelmente problemáticas", considerando-se o sujeito / a população em questão.
Transpondo as colocações de Skinner, anteriormente analisadas, para o ensino,
poderíamos afirmar que a escola pode atuar, basicamente, de duas formas, no que se
refere a preparar o aluno para lidar com situações problema:
a) Transmitindo informações e/ou procedimentos que permitam, ao aluno, chegar à
solução do problema. Tais procedimentos correspondem ao que Skinner denomina
"regras algorítmicas ou de primeira ordem", ou seja, regras que descrevem passos
que conduzem para a resolução do problema (por exemplo, a forma como a escola
ensina a "resolver'’ problemas matemáticos). Ao atuar nestes moldes, a escola estaria,
na realidade, fazendo com que determinadas situações deixassem de constituir um
problema para o indivíduo, visto que ele passaria a dispor da resposta solução
(informação) ou do procedimento que nela resultará (regras algorítmicas).
b) Desenvolvendo, nos alunos, um repertório de comportamentos preliminares úteis para
a resolução de problemas. Dentre estes comportamentos, destacam-se os que Skinner
denomina "regras heurísticas ou de segunda ordem", as quais orientam a manipulação
de variáveis, facilitando o processo de solução de problemas e permitindo, muitas
vezes, que regras de primeira ordem possam ser aplicadas, (um exemplo de
procedimentos heurísticos é a formulação de perguntas que facilitam a organização
dos dados do problema: de que informações disponho? O que é desconhecido? etc).
Sem desconsiderar a importância dos repertórios citados no item a), se tomarmos
como critério o desenvolvimento de indivíduos autônomos, fica evidente a importância do
desenvolvimento de comportamentos preliminares e regras heurísticas, citadas no item b).
Contudo, a escola tende a enfatizar a aquisição de informações e procedimentos
padronizados para abordar situações problemas, em detrimento de habilidades mais
generalizáveis. Dito de outra forma, a escola tem se preocupado mais em fazer com que
os alunos cheguem à (e memorizem) resposta do que em ensiná-los a resolver problemas.
O atendimento psicopedagógico, então, deve dar conta do desenvolvimento de
habilidades heurísticas por dois motivos: em primeiro lugar, devido á relevância deste
repertório para o indivíduo; em segundo lugar, devido á falha do sistema educacional no
desenvolvimento destas habilidades.
Em nosso trabalho clínico, temos procurado atender a este objetivo e passaremos
a expor alguns dos critérios que vimos utilizando nesta tentativa.
1. A diversidade e quantidade de situações problemáticas com que o indivíduo se defronta
são, não apenas inúmeras, como também imprevisíveis. Conseqüentemente, torna-se
impraticável enumerar todos os repertórios relevantes para a resolução de problemas,
bem como buscar regras gerais: a depender do tipo de problema enfrentado, repertórios
mais específicos poderão ser necessários.
Entretanto, podemos identificar algumas habilidades que aumentam a probabilidade
de o indivíduo sair-se bem numa grande porcentagem das situações problema com que se
defronta. Poderíamos agrupá-las sob os rótulos de "habilidades de organizar os estímulos
disponíveis"elou “produzir estimulação suplementar".
'Para uma diacimaio mala detalhada a raapaito. vide Martnotti. M (190?, 1997)
298 M ir iu m M a r m o lti
• Exposição do indivíduo a situações-problema, as mais diversificadas possíveis, seja
do ponto de vista de sua apresentação e formulação, seja no tocante às estratégias de
solução que admitem.3
A utilização de situações problema diferentes daquelas usualmente utilizadas no
ensino formal apresenta várias vantagens.
Em primeiro lugar, tendem a provocar menos respostas de fuga/esquiva, visto
terem menos/nenhum histórico de aversividade a elas associadas diretamente; podem ser
apresentadas de forma lúdica; exigem pouco ou nenhum conhecimento escolar prévio
(visto que, em geral, todas as informações necessárias à sua resolução podem estar
contidas em seu enunciado) etc.
Portanto, a chance de a criança se dispor a tentar é maior e, conseqüentemente,
a chance de ser reforçada por eventuais acertos também é aumentada. Desta maneira,
sua imagem de “mau aluno" ou de alguém que "não consegue aprender/raciocinar" vai
sendo questionada pelos novos sucessos que passa a experienciar.
Uma vez, então, que a criança se disponha a resolver este tipo de problema e
passe a conseguir fazê -Io , problemas tipo acadêmicos que utilizem habilidades
desenvolvidas nestas atividades podem também ser solucionados, graças à diminuição
do caráter aversivo dos mesmos e generalização de estratégias aprendidas.
• Expor a criança a situações problemáticas que envolvam as mais diferentes disciplinas
acadêmicas. Ou seja, elaborar atividades que, utilizando o conteúdo das diferentes
disciplinas treinem, simultaneamente, comportamentos preliminares que possam ser
relevantes para a resolução de problemas (ex.: classificação de palavras segundo
diferentes critérios - semânticos; classe gramatical; gênero, número ou grau;
características ortográficas; características fonológicas; tonicidade etc).
"Ao final do texlo silo Apresentado* algun* tipos de «tueçOee-probtema que ilustram a anáHee aqui apreeentada
4Acréscimo nosso.
0Idem
(apresentação gráfica)
* Vário» doa problamaa aqui apraaantadoa foram ratradoa «/ou adaptado* da jornaia e revista» variadas, laia como. ravlala* da paiiatampo. Revtalo
Oalilau, Coqualel ate
4. Ladrão maratonista
- Não é curioso que estejamos usando vestidos de cores branca, rosa e violeta,
embora nenhuma de nós esteja usando um vestido de cor igual ao seu próprio nome?
- Uma simples coincidência - respondeu a senhora com vestido violeta .
Qual a cor do vestido de cada senhora?
6. Quatro casais divertem-se juntos à noite. Os seus nome sâo: Isabel. Joana, Ana e
Maria; Henrique, Pedro, Luís e Rogério. A certa altura, podemos constatar que:
- a mulher de Henrique não dança com o marido, mas com o de Isabel;
- Ana e Rogério não dançam;
- Pedro toca trompete, acompanhado ao piano por Maria;
- Ana não é mulher de Pedro.
Quem é a mulher de Rogério?
É prática dltundtda entre nó» avaliar « t teoria» presentes na psicologia, a partir dos mate diversos sistemas dasstflcatôrios
quu destacam diferentes aspectos das teorias avaliadas. O behaviorismo radical parece ter sido objeto privilegiado destas
avaliações. O resultado deste sabatina tem sido curioso Partindo de sistemas de avaliação com catogorias que se
apresentam como mutuamente exclusivas, dlferontes autores tám atribuído ao behaviorismo radical compromissos que
supostamente deveriam se excluir Por qualquer razão que seja - devido a sua possível complexidado, ou a sua possível
diferença em relação às outras teoria, ou a sua possivel falta de clareza. - tem sido difícil atribuir ao behaviorismo qualquer
outro ‘forno’ . Se o recurso às avaliações feitas por outros autores produz resultados perturbadores, o recurso às proposições
e análises que o próprio Skinner faz sobre os compromissos que marcam o sistema por ele elaborado, pode ser ainda mais
porturbador. Considerando algumas oportunidades nas quais Skinner analisa opistemologicamente suas propostas, encontra-
se quase que a mesma variedade de conclusões Nossa análise da concepção de Skinner sobre o conhecimento indica dois
troços distintivos que seriam perdidos com a atribuição de qualquer outro 'Ismo' ao behaviorismo radical: a caracterização do
conhecimento como comportamento operante e como comportamento operante eminentemente social.
It is common to evaluate psychology theones in terms of different classiflcatory systems that emphasize distlnct aspects
of such theories. Radical behaviorism seems to be a especially chosen subject of tltese evaluatioim, with curlous resulta
Different milhors have assigned to radical behavlonsm comniitments to systems, and categorlns, that are mutually
exclusive. Either because behaviorlsm is too complex, or b*cau»e it Is too dlstinct from other systems, or because it Is not
woll understood it has been difficult to assiyn to behaviorlsm another 'Ism', But It is not only when other authors ovaluate
radical behaviorlsm that we find troublesome results We find these same results when Skinner himBelf writes about hls
systonVs commitmont; alteost the same scope of different conclusions are found In Skinner'8 eplstemologlcal analyses of
hls own commitments. Our analysis of Skinner'» conception of knowledge «uggests two Important characterlstlcs ot
Skinner'8 system that would be lost with the assignment of arxither 'ism' to radical behaviorlsm: his conception of knowledge
as operant behavior and as operant social behavior.
Referências
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1938. T he Journal o tM n d and B ehavior. 5, 4, 471-500.
Entra as ferramentas básicas do trabalho utilizadas pelo psicólogo, priortzo dois orgãos dos sentidos: os olhos e os ouvidos.
Observar e escutar Evidentemente, todas as formas possíveis de comunicação, tão poderosas como a linguagem verbal,
autuo atuando no trabalho do pttcólogo, quando os tá diante do cliente. Entretanto, foram publicados o DSM-3 e (X)stfíriormen-
te o DSM-4, manual estatístico dos distúrbios mentais, trabalho importante, por unificar a linguagem diagnóstica; desconheço
se houve previsão de todas as conseqüências que adviriam desse fato. Entre elas, facilitar a busca de medicamentos para
melhorar a qualidade de vida do doente, permitir que saiam de asilos e com sintomas diminuídos ou até abolidos e passem
a conviver com a doença, escolhendo novas maneiras de estruturar sua vida. Ê, realmente, um avanço. Mas a busca da
pilula mágica para terminar com os sintomas e a apresentação de uma palavra para denominar a doença e a descrição dos
Sintomas fizeram com que essa dlade, nome-slntoma, passasse a ser utilizada sem uma análise acurada daqueles
comportamentos e de sua função e história de desenvolvimento Sem excluir variáveis fisiopatológicas, discutiremos como
os processos comportamentais que exigem a observação acurada das inúmeras relações organismo-ambiente estão pouco
explicadas na dlade: slntoma-denomlnação da doença.
A psychologlst works with two sense organs: eyes and ears. He observes and listens Ali the communication forms as
powerful bb verbal language, are acting during the psychologlsfs work. The publlcatlon of DSM-3 and DSM-4, American
Psychiatric Assoclation • Dlagnostic and Statistlcal Manual of Mental Disorders. was important for unifying the diagnostic
language Mowever It Is not clear whether or not ali consequences were consldered Among them the modlcIneB to improve
tho quality of llfe, the exil from aaylum and with rttducod or auproaam) tymptoma, Io llve bettsr Ifve with new ways of
behaving. It is really an advancement But the search for the maglc pill and of a word to describe the symptoms, changed
the name-symptom: they are used wlthout the descrtption of the behavlors and their function In the personal hlstory Includlng
phlslopatological varlabíes, we are going to discuss the behavior process necessary (o the exact observation of the
environment and behavior variables that are not explalned In the dlade: symptom-denomlnatlon of the diseaBe.
314 K d c h rl R c x J rljiu fí K e rb au y
maneira mais confortável, podendo escolher novas maneiras de estruturar sua vida. É,
realmente, um avanço. Mas a busca da pílula mágica para terminar com os sintomas e a
apresentação de uma palavra para denominar a doença e a descrição dos sintomas fizeram
com que essa díade, nome-sintoma, passasse a ser utilizada sem uma análise acurada
daqueles comportamentos e de sua função e história de desenvolvimento para aquela
pessoa especifica e naquele contexto.
Abundância de classificações para enquadrar os sintomas em transtornos permite
o uso de medicação acoplado a um sistema de saúde de poucas consultas, mas que
ensina o doente a nomear alguns sintomas que apresenta, descrevê-los (muitas vezes
com auxilio de livros de auto-ajuda e consultas a recursos da mldia ou descrições de
outros doentes) e a utilizar esse conhecimento fragmentado para obter o que se convencionou
chamar “ganhos secundários", e que eu diria perdas, pois o doente não conhece o que
tem e o que faz e o prejuízo em termos de sofrimento pessoal. Principalmente, é tratado,
muitas vezes, com número de consultas reduzido e insuficiente. Os medicamentos, as
informações incompletas e as consultas esporádicas podem até permitir o convívio com a
doença, mas não conhecê-la ou...curá-la, se possível.
Há também o agravante do interesse financeiro, sendo o mesmo medicamento indicado
para vários transtornos embora com mudança da dosagem. Talvez o primordial seja a busca de
um medicamento mais específico. É claro que isto tem um custo e as indústrias farmacêuticas
observam, além do doente, os lucros e seria contra-senso pensar diferente. Pesquisa é cara e
as firmas não trabalham por caridade. É, evidentemente, um problema de política de saúde que
o governo de cada país terá que decidir dentro de princípios éticos.
A composição medicamento e terapia com análise do comportamento conduz a
bons resultados. O diagnóstico mais genérico é um ardil que prioriza os sintomas. A análise
funcional do caso é que mostra o significado do problema para a pessoa. Na realidade do
ponto de vista funcional, todo problema é adaptativo, foi construído com interações especificas
organismo-ambiente e são maneiras daquela pessoa interagir com o meio em que vive. Um
diagnóstico com uma denominação no eixo fisiopatológico e o medicamento correspondente
não provocará mudanças duradouras. O que fará mudar é o terapeuta que particulariza,
analisa sintomas secundários, verifica reações condicionadas e analisa o ambiente em toda
j sua complexidade da interação com a pessoa. Talvez, mais especificamente, o terapeuta
demonstra e espera a demonstração de que os comportamentos estão mudando e que um
novo conceito de vida e interação é adotado.
j 2. A própria classilicação passa a ser determinação cuitural: Com a difusão das
! classificações, os pacientes tornam-se doentes com denominações atualizadas. Há uma
! psiquiatrização ocorrendo na sociedade e quase ninguém escaparia de um diagnóstico de
j problemas mentais, como afirma Costa e Silva (2001), em uma entrevista. Acrescenta que
I coisas normais da vida estão sendo encaradas como patologias.
De fato, com os sintomas descritos e propagados, é possível o excesso do próprio
diagnóstico, ou até profissionais despreparados empregá-los, uma vez que tudo é equipe de
saúde com linguagem... comum. O nome doença enquadra a pessoa no grupo dos doentes
e ele passa a obter os ganhos secundários da doença, sem que esta exista realmente.
Decorre que em nosso trabalho de terapeutas temos também essa armadilha
verbal para desmantelar. Diagnóstico inexistente, mas aceito como verdadeiro pelo
paciente, e às vezes por outros profissionais.
Referências
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Campinas: Papirus
O comportamento de consumir será visto como análogo ao d« comprar. O sustento de notaoa ancestrais dependia da
uflclêncla com que emitissem ações de caça e coleta e também da disponibilidade dos bens de consumo na regiAo Açôo»
complexa s que aumentassem o potencial sucesso cia busca por it brigo, por alimento e outras benmses em um meio hostil
foram modelados ao longo do nossa evoluçfto, sob o controle de conseqüências biológicas e sociais Um eventual excesBO
do bens (obtidos com a coleta, cultivo, armazenamento, caça, criaçflo de animais e outros métodos) tornou-se mercadoria
de troca, para suprir necessidades de dois ou mais Indivíduos que iniciariam alguma forma de negociaçflo. Considorando que
nossa espécie ampliou sua qualidade de vida através de operações como pennutas, compras e até usurpaçõe», não parece
simples delimitar a exata fronteira entre manifestações patológicas do comportamento de comprar (o comprar compulsivo,
uma avareza aparentemente desnecessária, que beira o pauperismo, o furtar, etc.) e o comportamento de comprar, om
beneficio próprio e alheio, sem conseqüências adversas para as pessoas envolvidas ou para o meio fislco. Comprar
compulsivamonte é considerado sintoma ou sinal de quadros clínicos distintos conforme o conglomerado de sintomas em
evidência no Indivíduo. Há critérios que facilitam avaliar se o ato de comprar seria um problema clinico: ausência de controle
sobre o próprio ato, prejuízos ao orçamento, desperdício usual do bem adquirido ou uma aquisiçêo desprovida do propósito
cultural/socialmente validado, posterior arrependimento ou constrangimento com a compra, etc. Portadores do transtornos
do espectro obsessivo-compulsivo, indivíduos em fase hlpomanlaca ou maníaca do transtorno bipolar do humor, entre
outros, podem apresentar sintomas como comprar em excesso, consumir bens e serviços desorganizadamente, endividar-
se ao extremo, etc A análise funcional detalhada nos remete á identificação do diferentes padrões de comportamento.
Decisões terapêuticas dependerflo da análise contextuallzada do comprar, considerando o repertório geral do Indivíduo, suas
privações, os eventos privados correntes, sua história de vida, a disponibilidade de bens e serviços, bom como variáveis
de cunho econômico e culturais (status sócio-econômlco do indivíduo, o papel dos meios de comunica çêo como favorecedoros
ou inibidores do consumo, etc.). Algumas destas variáveis serio salientadas em análises funcionais do comportamento de
comprar/consumir bens e serviços, sejam estes tangíveis ou simbólicos
In this artlcle, consumlng Is understood as an analogue to buylng The subsittenco of our ancestor» depended upon the
efficlent emisslon of behaviors as huntlng and gathering, and «Iso upon the availabillty of goods in the surroundings
Complex behaviors airned to assure, In a hostile erivlronament, a successful search for shelter, food and other benefits wero
shaped durlng our evolutlon, under the control exherted by biologlcal and social consequences Galns derlved from huntlng.
agricultural practlces, and similar behaviors became the object of exchange operations, to supply the different noods of two
of moro Individuais. As human specles Improved signlficantly the quallty of living by exchange operations, acqulsltions or
even undue usurpations, it Is hard to establish the frontler between normal and pathologlcal shopping. How to clearly
distínguísh compulsivo shopping, pathologlcal hoardlng of what is acqulred, excessive savlng, stealíng from shopping
behavior, for your own or someone'* else beneflt? Compulslve shopping l« part of a clinicai condition when the context
Indlcates th e presence of other symptoms in tho individual. Shopping becomes a clinicai problem if the person faces the lack
of control upon his/her behavior, when tho family or Individual budget Is serlously or frequently affected, when there are signs
of regret or shame after acquisítion, etc.. Obsesslve-compufsíve spectrum dlsordered individuais, hypomanlac or mamar.
Referências
Michael J. Silvorstein e George Stalk Jr. (0rgs.).(2001) The Boston Consulting Group. Rom-
pendo hábitos de consumo; potencializando as oportunidades com criatÍYidadeJl0xibilidadfi_e
coragem; tradução: Juliana Saad, Rio de Janeiro: Campus.
Mowen, JC e Mínor, M. (1998) QonsumecJíehayior. New Jersey: Prentice Hall (Fifth Edition)
Renato M. C'aminha *
O presente trabalho define conceitualmente abuso sexual infantil, lua distribuição epiderrvolôglca, o impacto cognitivo-
comportamental e as principais alterações neuropsicolôgicas gerada* nas criança» e adolescente* submetido* a esta forma
do maus-tratos ê proposto um modelo cognitivo-comportamental onde sflo descritas as trAs fases que compõe o tratamento,
o modelo de compreensão e de intervenção, bem como as principais técnicas utilizadas em cada fase e em cada sessão de
terapia.O formato proposto é de 18 sessões na modalidade de grupoterapia, com crianças de 8 a 12 anos de idade devido
á proximidade neuropsicolôgica das mesmas, num sistema de terapia e co-terapia, para intervenção no efeito traumático,
principalmente o Transtorno de Estresse Pôs-Traumático (TEPT), sintomas depressivos, dlssoclatlvos e comportamentos
agressivos e hipersexualizados, e a formação de esquemas disfuncionais decorrentes do abuso sexual infantil.O modelo
aqui apresentado ostã sendo validado experimentalmente na clinica escola da Universidade do Vale do Rio dos Sinos -
Unisinos, RS.
Palavras-chav*: Grupoterapia cognitivo-comportamental, Abuso sexual infantil, Transtorno de estresse pós-traumátlco (TEPT)
The following work defines childhood sexual abuse, ita epidemidogical distribution, the cognitive-behavioral Irnpact and the
maln neuropsychological changes engendered in children and adolescents submitted to this klnd of abuso.A cognitive-
behavioral model is proposed where the three stages of the treatment. the compretienslon and the mtervention model as well
as the main techniques used In each stage and In each therapy sassion are descrlbed The therapy haB a format of 18 group
therapy sessions, with children from 8 to 12 years old, due to the same neuropsychological stuge, on a therapy and co-
therapy system, for the mtervention on the traumatic outcome. malnly the post traumatlc stress disorder (PTSD), depressive
and dissociative symptoms and aggressive and hypersexual behaviors and tha development of dysfunctional schemas due
to the childhood sexual abuse. The model shown Is betng expenmentally validated at a university cllnlc at Universidade do
Vnle do Rio dos Sinos - Unisinos, RS
K#y w ord*: cognitive-behavioral grouptherapy; Childhood sexual abuse; Po*t Traumatlc Stress Disorder (PTSD).
Palcôlogo, Metlre em PslcolOQia. Professor Haaquiseòor • Coordenador da Erapadaluaçfto am Psicoterapia* CognlUvo-Compodamentala da Unisinos/
RS. Membro fundador da Sociedade Brasileira da larapia» Cognitivas (S6TC)
322 R on.ito M . C a m in h a
O conceito de Abuso Sexual Infantil possui uma complexidade muito maior. O
comportamento sexual humano resulta de um intrincado processo relacionai entre condições
anatômicas, hormonais, neuroanatômicas, psicológicas e comportamentais, sendo o
ambiente o fator gerador do produto final comportamental.
A sexualidade humana ó produto da interação dos fatores acima. Assim sendo,
estímulos que despertem na criança interesses artificiais por atitudes ou comportamentos
sexualizados, sâo considerados Abuso Sexual. Ou ainda: qualquer estímulo externo à
criança que lhe desperte interesse e conduta sexual precoce de modo repetitivo, intencional
ou às vezes involuntário, é considerado Abuso Sexual (Caminha & Habigzang, 2002).
Há outras formas de abuso sexual descritas na literatura: estímulos visuais como
voyerismo, filmes pornográficos, revistas, fotos ou atos sexuais, bem como estímulos
táteis - que vão desde toques e carícias íntimas (com ou sem roupas) até manipulação
direta dos genitais, sexo oral, penetração digital total ou parcial, penetração peniana total
ou parcial - estão sendo estimuladas abusivamente (Furniss, 1993).
Há ainda a relação entre abuso sexual e incesto. Como a grande maioria dos
Abusos Sexuais são perpetrados por pessoas próximas à criança, geralmente podem ser
considerados incestuosos.
Incesto è considerado pela genética como: filhos de parceiros que possuem laços
de consangüinidade, portanto, com possibilidades de replicação de genes deletérios até
então recessivos, o que seria desadaptativo no mais estrito senso darwiniano (Thompson,
1995). A antropologia sociobiológica, por sua vez, considera incesto como contato sexual
ou matrimônio entre parentes muito próximos, por isso, proibido em algumas sociedades
e condenado em muitas delas (Fox, 1990). No Brasil, não há punição específica para
incesto, ele é considerado agravante de crime e não um crime em si.
Todas as relações de poder, mesmo sem laços de consangüinidade, envolvendo
uma criança e um adulto responsável - tutor, cuidador, membro da família ou familiar á
criança - são relações que se enquadram no conceito moderno de incesto no caso de
haver abuso sexual (Caminha, 2000).
Quando há familiaridade entre a criança e abusador, deduzimos haver fortes laços
afetivos, tanto positivos quanto negativos, entre ambos, o que corrobora para que os abusos
sexuais incestuosos intrafamiliares possuam maior impacto cognitivo-comportamental para
a criança.
Furniss (1993) aponta para dois aspectos igualmente importantes em casos de
abuso sexual infantil: a Síndrome de Segredo, que está diretamente relacionada com a
psicopatologia do agressor - a pedofilia - que, por gerar intenso repúdio social, tende a se
proteger em uma teia de segredo, mantido às custas de ameaças e barganhas à criança
abusada; e a Síndrome de Adicçâo, caracterizada pelo comportamento compulsivo de
descontrole de impulso frente ao estímulo gerado pela criança, ou seja, o abusador, por
não se controlar, usa a criança como uma droga, adotando um comportamento adicto.
324 Rendto M . C a m in h a
Para Post & Weiss (1998), o cérebro infantil é mais afetado pelo estresse - por
ainda estar organizando circuitos anatômicos e bioquímicos - do que o cérebro adulto.
Não que adultos não sofram também intensamente com o estresse. Mas, devido à
maturidade neural, o impacto acaba sendo bem menor do que na criança.
Perry & Pollard (1998) apontam que a Hiperestimulação e a Dissociação são as
primeiras respostas ao estresse. Quando a fase inicial da hiperestimulação se instala,
ocorre uma reaçào de alarme no corpo, o qual atinge o sistema nervoso simpático. Esta
reação é mediada pelo Locus Coeruleus (LC).
A dissociação, por sua vez, ó caracterizada por uma variedade de mecanismos
mentais envolvidos no desprendimento do mundo externo, gerando distração, fuga, fantasia
e despersonalização.
As crianças vítimas de abuso sexual devido ao estresse e ao trauma dissociam
em demasia e alteram sua homeostase no que se refere ao eixo HPA (hipotálamo-hipófise-
adrenal), nos núcleos dopaminórgicos e opióides. Há uma dramática alteração na capacidade
de modulação do cérebro e isso se dá pelo alto desenvolvimento neurofisiológico das
áreas do tronco encefálico e do mesencéfalo, bem como das funções reguladas por eles.
Também é verificado um baixo desenvolvimento neurofisiológico do Sistema Límbico e
Córtex, gerando alterações na empatia, resolução de problemas e a mediação de afetos e
humor, ou ainda, aumento da ansiedade, impulsividade e hiperatividade motora (Perry &
Pollard, 1998).
Caminha (2000) demonstra que uma das principais funções cognitivas afetadas
em crianças vítimas de abusos sexuais é a de Discriminação Cognitiva, função ligada
principalmente ao córtex pré-frontal.
Na prática, crianças abusadas possuem dificuldades de discriminar estímulos
agressivos de estímulos cooperativos, bem como de adequar as respostas a estes
estímulos. Possuem, ainda, a dificuldade de mediar e discriminar afetos, principalmente
afetos negativos dos positivos, afetos sexuais dos não sexuais, tendo-se como resultante,
crianças agressivas e com condutas hipersexualizadas (Caminha; 1999; 2000).
Um grande número de comorbidades são decorrentes clinicamente de TEPT na
infância, sendo elas: depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno
dissociativo e demais transtornos de ansiedade (Kaplan & Sadock, 1993; Perry, 1999).
O Transterno de Hiperatividade com Déficit de Atenção (THDA) costuma ser uma
das comorbidades mais comuns em TEPT originado pela violência doméstica. O THDA é
capaz de desencadear, ainda, comportamentos de dificuldades de limites e cumprimento
de regras sociais, agressividade, crises de raiva, mentiras, furtos e outras manifestações
de Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) (Kolb & Gibb, 1999; King, Tonge,& Mullen, 2000),
flashbacks autônomos, pesadelos, hiperestimulação, intenso sobressalto e sensação de
entorpecimento (Post & Weiss, 1998).
Caminha & Habigzang (2001), em avaliação de 12 meninas vítimas de abuso
sexual infantil na idade de 8 a 14 anos na clínica escola da Unisinos/RS, encontraram as
seguintes variáveis de impacto cognitivo-comportamental: memórias traumáticas intrusivas
(em 10 pacientes); esquiva de afetos, locais e estímulos cotidianos (09); flasbacks
autônomos (09); déficit de atenção (07); desamparo (05); conduta de reconstituição (05);
Intervenção
A intervenção em abuso sexual infantil deve ser uma prática terapêutica devidamente
treinada em programas específicos de intervenção em violência. Abuso sexual infantil fere
a lei, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o que gera a necessidade
de intervenções interinstitucionais nos casos.
Há um a priori no tratamento de abuso sexual infantil - cessar a exposição da
criança ao agente estressante. Isso só é possível com intervenções do Conselho Tutelar,
do Ministério Público ou do Juizado da Infância e Juventude.
Assim sendo, o tratamento terapêutico das crianças e de suas famílias possui
uma aliança terapêutica diferenciada, tendo em vista serem terapias compulsórias, ou
seja, há obrigatoriedade do tratamento. Havendo medidas de proteção, passamos ao item
seguinte que é o tratamento.
A intervenção terapêutica em abuso sexual infantil está estruturada e sendo validada
através de estudos experimentais por Caminha, Wainer & Piccoloto (1998) na modalidade
de grupoterapia, após o diagnóstico, conforme o modelo de Flores & Caminha (1994), para
meninas (devido à maior incidência epidemiológica) na idade de 8 a 12 anos (devido á
proximidade neuropsicológica) e com atendimento paralelo de familiares e/ou responsáveis
afetivos pelas crianças.
O tratamento visa, após cessar a exposição aos estímulos considerados geradores
de abuso sexual, os seguintes objetivos (Caballo, 1996; Kaplan & Sadock, 1996; Caminha,
2000):
• proteção externa (familiares e/ou cuidadores) à criança;
• estratégias cognitivo-comportamentais de auto proteção;
• estabilização de reações psicológicas e fisiológicas relativas ao trauma;
• exploração e validação de percepções e emoções relativas ao trauma;
• identificação e modificação de crenças, ao nível estrutural e semântico, imagístico e
proposicional, e de esquemas desadaptativos;
• recuperação de lembranças do (s) evento (s) traumático (s);
• ativação e reestruturação semântica, de modo prolongado e repetitivo, da memória
morfológica, cognitiva, emocional e comportamental do trauma (Post & Weiss,1998);
• compreender metacognitivamente os efeitos cognitivos, emocionais, fisiológicos e
comportamentais do trauma;
• alteração do repertório cognitivo-comportamental no manejo do estresse interpessoal.
326 Renato M . C a m in h a
A modalidade de grupoterapia se deve ao fato do grupo reunir pares. Meninas,
bem como os meninos, vítimas de abuso sexual tendem a desenvolver crenças específicas
com relação á situação abusiva. Crenças condicionadas do tipo "os homens são ruins,
devemos evitá-los", "eu sou ruim, sou suja, destruí minha família", foram identificadas
como recorrentes por Caminha, Wainer & Piccoloto (1998) em amostra de meninas
sexualmente abusadas de 6 a 12 anos de idade. A grupoterapia permite agregar crianças
que passaram por situações muito semelhantes e com as mesmas tendências de impacto
cognitivo-comportamental.
Uma menina que sente culpabilidade pelo abuso sexual, ao qual foi vitimada, ó
beneficiada pelo efeito terapêutico gerado pela grupoterapia conforme estudos experimentais
de Caminha (1997). Ao chegar no grupo, a paciente irá encontrar outras meninas na
mesma situação que a sua, usufruindo, desse modo, do aspecto de ajuda mútua que o
grupo possui (Kaplan & Sadock, 1996).
O modelo de terapia cognitivo-comportamental que está sendo utilizado
experimentalmente no Pipas/Unisinos1, inicia-se pela abordagem dos registros afetivos, que
são bem intensos em situações de abuso sexual infantil, e do estresse deles decorrentes.
Desse modo, o modelo que estamos utilizando segue a seguinte estrutura:
' Pipa* 6 o Programa Intardlaclplinar ri* Promoção e Alançâo à Saúda. ■ clinica sacola da Univanúdad» do Vale do Rio dos Sino*, Unitlnoo.
330 R enalo M . C a m in h a
5* Sessão
Educação quanto ao modelo: o que pensamos influencia o modo como sentimos,
identificação de pensamentos automáticos intrusivos; role play com três personagens: um
é o pensamento, outro o afeto e outro o comportamento.
Monitoramento: retomada do material surgido nos monitoramentos extra-sessão;
situações que desencadearam ansiedade fora do contexto terapêutico.
6a Sessão
Educação quanto ao modelo: os pensamentos e afetos influenciam nossos
comportamentos e podem provocar reações físicas; histórias em quadrinhos e quebra-
cabeças ilustrativos: neste momento, já está introduzida a abordagem integral do modelo
cognitivo-comportamental.
Educação quanto ao problema: o quanto as situações identificadas nos
pensamentos, afetos, comportamentos e reações fisiológicas estão associadas ao fato
traumático: as mudanças cognitivo-comportamentais como conseqüência do trauma.
Técnicas de relaxamento: exercícios que têm como objetivo a mediação da
ansiedade gerada pelo efeito dos pensamentos intrusivos.
Monitoramento: retomada do material surgido nos monitoramentos extra-sessão;
relato e descrição de situações problema e as reações apresentadas pelos pacientes.
7" Sessão
Oficina educação sexual (interdisciplinar)2: as alterações naturais sofridas
pelo corpo feminino e a modificação de crenças de que o corpo está se desenvolvendo ou
não está se desenvolvendo, motivado pela estimulação do abuso.
Monitoramento: retomada do material surgido nos monitoramentos extra-sessão;
seguindo-se os mesmos propósitos anteriores do automonitoramento.
8aSessão
Treino de ínoculação de estresse: utilização dos compartimentos mentais,
“caixas de memórias”, dentro de nossas cabeças; geração e contraposição de memórias
positivas e negativas e suas interposições.
Treino de habilidades sociais: introdução de repertórios comportamentais que
ajudem a controlar memórias negativas e/ou estimular memórias positivas.
Reestruturação cognitivo-comportamental: treinamento das situações de
substituição de memórias e comportamentos enunciados nos objetivos acima.
Monitoramento: retomada do material surgido nos monitoramentos extra-sessão,
seguindo-se os mesmos propósitos anteriores do automonitoramento.
9a Sessão
Reestruturação cognitivo-comportamental: retomada do treinamento das
situações de substituição de memórias e comportamentos enunciados nos objetivos acima.
332 R enato M . C a m in h a
informações e crenças acionadas no trabalho com o corpo; preparação para a próxima sessão
de psicomotricidade onde haverá continuidade progressiva do trabalho corporal.
Prevenção à recaída; mediação metacognitiva para possíveis situações de lapsos
ou recaídas surgidas fora do contexto grupai; verificação da eficácia do repertório cognitivo-
comportamental no gerenciamento de situações de estresse reais ou dramatizadas no grupo.
16aSessão
Oficina de psicomotricidade: continuidade do encontro anterior; neste momento
visamos aprofundar os exercício de percepção e integração de esquema corporal.; feedback,
ao final da sessão, para avaliação dos objetivos trabalhados na oficina.
17aSessão
Resumo de metas: neste momento são resgatadas, junto aos componentes do grupo,
as metas traçadas no inicio do trabalho de grupoterapia e também apresentados os dados de
evolução do grupo e as modificações positivas; aplicação de reforço verbal e visual através de
material gráfico e jogos, das conquistas realizadas no grupo terapêutico; são apresentadas as
modificações ao nlvel cognitivo, afetivo, comportamental e fisiológico dos componentes do grupo.
18aSessão
Teatro final: o grupo de pacientes prepara um roteiro onde a tônica gira em tomo das
situações que trouxeram os pacientes à grupoterapia; há também a apresentação das principais
modificações adquiridas pelos componentes do grupo.
Registro de mudanças: os pacientes registram em forma de “carta" como eram suas
vidas pré e pós grupo terapêutico.
Certificado: os componentes do grupoganham um reforço positivo em forma de "certificado"
como vencedores no controle do estresse gerado pelas experiências e memórias traumáticas.
Adulto monitor: indica-se, ao final do grupo, um adulto referência a quem a
criança poderá recorrer caso avalie situações reais ou presumidas de perigo; este adulto
deverá gozar da confiabilidade da equipe técnica e deverá se comunicar com a equipe uma
vez por mês, durante um ano, após o termino do grupo e, se necessário, o monitoramento
poderá ocorrer por um prazo de tempo mais longo.
Ao final de todas as dezoito sessões, os terapeutas realizavam um resumo dos
itens trabalhados-ao longo da sessão e pediam o feedback de cada uma das componentes
do grupo, ou seja, como haviam compreendido e processado cognitivamente o trabalho
terapêutico. As sessões foram realizadas em sala de espelho com supervisão direta e
registradas em vídeo para posteriores análises e como forma de documentação.
Foram realizados três encontros individuais, após as 18 sessões de grupo, com
o terapeuta responsável pela avaliação inicial (pré-teste) com cada paciente que compunha
o grupo terapêutico, para a avaliação multimodal (testes neuropsicológicos, avaliação
diagnóstica e clínica), num esquema de pós-teste, verificando-se a eficácia ao nlvel
quantitativo e qualitativo do trabalho grupoterápico.
Idealmente, visamos o acompanhamento (follow up), em cortes temporais
semestrais, durante o período de adolescência destes pacientes até início da idade adulta.
Referências
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UNISINOS. Anais do Congresso Interamericano de Psicologia, Santiago do Chile.
* Fntende-se por farollla, neete* caao*. o* mttpooMvM pala criança, quem paMuJ a guarda judicial, ou ainda, oa monitore* de cniwi Hbnyo onde a i criança#
poaaam Miar vivendo Em caso de crianças abrigadas sugere se crNenou avaliação de candidato* a adoção
334 R cna lo M. C a m in h a
Caminha, R.M. & Habigzang (2002, no prelo). Reestruturação da memória traumática em
abuso seüuaLiníantil. In: Knapp, P. (org.) TCC na prática: fundamentos científicos e técnicos das
O fracasso 0 a evasão escolar continuam apresentando Indicas significativos, 0 que nos conduz à conclusão de que as
propostas apresentadas de solução para esses problemas n io vèm obtendo 0 èxilo esperado. O presente trabalho tove como
ob|etlvo descrever os principais ‘ erros’ que vèm sendo apresentados por alunos do ensino fundamental, na disciplina
matemática e que estAo sendo caracterizados pela escola como aluitua cumiUItóriade fracas&Q &8.CtíJar o, por este motivo,
pertencem às salas especiais de um projeto denominado do prQjOtQ aceleração Participaram deste estudo B4 crianças d«
uma escola da periferia da cidade de Belóm. Procurou-se detectnr os desempenhos escolares dessas crianças, diante de
tarefas supostamente Indicadas como produtoras de erros Os principais resultados apresentados foram categorizadas como
"erro de contagem"; "erro do armação"; "erro por dificuldade em operar com o zero"; “erro por troca de sinal" e “erro de
procedimento". Os resultados obtidos apontam para a Insistência na individualizaçâo do ensino e na contlnuldado de
investigações que visem a operacionalizaçáo das seqüências comportamentais correspondentes A execução das quatro
operações fundamentais no ensino da matemática e na compreensão do professor como um programador de contingências
0
P alavrat-chav ; Anàhse do Comportamento, Fracasso Escolar em Matemática e Alunos do Ensino Fundamental.
Failure and evasion from school is still high, because the attempts to solve these problems are not havlng the expected
results. The objectlve of thls study was: to descrlbe math "errors" In the four operations, presented by students characterized
as havlng "hlstory of school failure" and, for that reason, induded in a special class of a project designated as "celeration
project" A test designed to detect math skills was applled to 84 chlldren of a publlc school at a poor neighborhood. The
frequency of tf>e fodowlng categories of errors were m osured: 'counting'; 'framfng”, 'operatíon with zero*; 'change sign' and
"procedure". Results Indicate that personali/ed programmed instruetion can revert school failures in matti skills and improvement
in teacher's ability in contlngency programmlng would also be Important to reduce school failure and evasion.
Um problema “real”
As concepções behavioristas radicais acerca do ensino apresentadas por F. S.
Keller e B. F. Skinner estão muito distantes das concepções tradicionais subjacentes às
práticas educativas nas escolas brasileiras atualmente. O que alguns estabelecimentos
de ensino vém discutindo é acerca da "autonomia” e da "heteronomia" que seus alunos
poderiam adquirir (Tuma e Torres, 2000; Souza e Silva, 2000). Subjacentes às concepções
tradicionais, estão explicações internalistas para a aprendizagem. Desta forma, a proposta
de programação de ensino com base nos princípios da AC ainda não foi implantada e
aceita, mesmo após várias experiências isoladas com relativo sucesso (cf. Carmo 1995 e
1996; Teixeira, 1983; Witter, 1972; 1976; Witter e Copit, 1972).
Além do mais, muitos professores, principalmente aqueles vinculados à rede pública
de ensino, em especial do ensino fundamental, possuem uma formação que conduz a
uma compreensão internalista acerca da aprendizagem pelos indivíduos. Interpretações
tais como: "a criança ó inteligente"; "sabida"; "sabe pensar"; "a motivação é um processo
interno" etc., são freqüentemente verbalizadas, o que não conduz a uma análise adequada
do que está ocorrendo de fato com a criança (o porquê de seus comportamentos) na sala
de aula, ou seja, as relações entre o que o professor está fazendo quando está,
supostamente, ensinando, os comportamentos que a criança está apresentando frente
aos procedimentos de ensino e as conseqüências planejadas (e efetivamente apresentadas)
para esses comportamentos.
Vários aspectos das relações entre comportamento e ambiente imediato são
relevantes para o professor. A conseqüência imediata do comportamento afeta a
probabilidade de sua ocorrência quando a mesma situação ou situação similar ocorrer. As
conseqüências que aumentam a probabilidade de ocorrência futura de comportamentos
são, tecnicamente, chamadas de reforço, e sua ocorrência imediatamente após o
comportamento, reforçamento. O conhecimento desse principio ó necessário, mas não é
suficiente para o professor, porque em uma situação de sala de aula, não é possível ter
controle completo das conseqüências, uma vez que conseqüências reforçadoras planejadas
competem com conseqüências naturais para os comportamentos.
Um aSpecto da utilização dos princípios do comportamento no ensino é a gradual
substituição do reforçamento arbitrário pelo reforçamento natural dos comportamentos.
Enquanto, no início da aprendizagem, reforços planejados, "artificiais", são necessários, o
professor deve planejar a passagem gradual do controle por reforço social para o controle
pela conseqüência natural da resposta. Outro aspecto refere-se às seqüências de ensino
planejadas, partindo de comportamentos disponíveis no repertório do aprendiz ou
semelhantes aos existentes, passando por comportamentos gradualmente mais complexos,
até o objetivo de ensino ser atingido. Outro aspecto, ainda, refere-se à atenção a ser dada
às instruções, que devem ser cuidadosamente testadas quanto a seus efeitos, pois é
muito comum o uso de instruções incompletas ou inconsistentes, gerando comportamentos
diferentes dos esperados.
Referências
ANEXO 1
1) Arme e efetue:
a) 61 + 14 9) 989-353 m) 75 4x3
b) 332 + 34 h) 7x2 n) 8+2
c) 985 +145 i) 8x3 o) 9+3
d) 564 + 124 + 56 j) 32x2 P) 24 + 2
e) 6 5 -2 9 k) 114x2 q) 45 + 3
f) 76 5 -3 0 I) 43x3
Este artigo oferece uma visão das principais característicos, da prevalência, dos instrumentos de avaliação, dos fatores de
risco, da morbidade, do tratamento farmacológico e de algumas formas de intervenção do Transtorno do Stress Pós-
Traumático. 0 TSPT é um transtorno que foi reconhecido pela APA somente em 1980 Caracteriza-se por reaçfles a uma
situação ou a um evento estressor, excepcionalmente ameaçador, ou catástrofe natural que envolve morte, sério ferimento
ou outra ameaça á integridade fisica; ou conhecimento sobre morte violenta ou inesperada de pessoa da família ou de
intimidado com o Indivíduo Há o desenvolvimento de respostas como: revivência persistente do evento traumático,
esquiva persistente dos estímulos associados ao trauma e sintomas persistentes de excitação/irritabilidade aumentados. Os
instrumentos criados para avaliar T SP T parlem de modelos teóricos diversos, porém sua utilização encontra graves
problemas pela falta de especificação de critérios. Nos fatores de risco encontram-se abusos na infância, família com
história psiquiátrica e história pessoal psiquiátrica. Estudos comprovam que uma larga escala do alterações psicológicas
como depressão, desordens psicosBomáticas, ansiedade e outras desordens psiquiátricas estôo associadas a seqüelas de
acidente» traumáticos Modelos e técnicas de intervenção vêm sendo estudados e desenvolvidos para dar melhor suporte
ás vitimas do TSPT
This article offers a vlew about some characteristics, prevalénce, evaluation Instruments, risk factors, morbidity, pharmacology
treatment and some treatment In Post-traumatlc Stress Dlsorder (PTSD). PTSD is a disorder only recogm/ud by APA In 1980
This is characterized by reactions to a situation or to b stressing event, exceptlonally threatening or natural catastrophe whlch
Involve» death, serious Injury or other threat to physical integrily; or knowledge about violent or unexpected dnath of a
famlly'8 person or a person close to the individual. There Is the development of responses like: reexperienclng symptoms,
avoidance of stimulus agsociated to the trauma and continuous symptoms of exclting/irrltabillty Increased. The Instruments
created to evaluate TSPT starts from several theoretical models though its use meets serious problems by lhe lack of criterla
speciflcation. In the factors of rlsk It Is found abuses during chlldhood, famlly with psychiatric hlstory and personnel
psychiatrlc history. Studies have been showing that a large scale of psychologlcal changes as depression, psychosomatlc
diBorders, anxiety and others psychiatric disorders are associated to traumatic accidents sequeis. Models and techniques of
Interventlon have been studied and developed to glve the best assistance to the TSPT's victlms.
Duulora am Paicotogia pala Ponilflaa Univaraidnda Católica da Campina» (PUC Campina») a docanta da Umvarcldiida F atadual Paullata “Júlio d*
Momiulta Filho" UNFSPBauru
"Doutoranda pala Unlvaraldada da Campinas (IJNICAMP), Docanla do Centro Univaraitário Harmlnlo Omatto d* Araras
" Doutor am Ciências paio Dapartamanto da Psicologia Médica • PsiQuiatrla da Univanidada Fadaral da S*o Paulo • Fscoia Pauluta da Mndiclna
UNIFESP. Docante daa Univanidada* Brtu Cuba* a Cantro UnivarsHArto Harmlmo Omatto da Arara*
Prevalência
Kesller, Sonnega, Bromet, Hughes e Nelson (1995), entrevistando 5877 pessoas
de 15 a 54 anos, em um levantamento epidemiológico nos Estados Unidos, indicaram a
prevalência de 7,8% de TSPT, na população em geral, independente do tipo de trauma do
qual a pessoa fora vítima. Foa e Street (2001) argumentam que, embora a maioria das
pessoas atingidas por um evento traumático tenha remissão espontânea, cerca de 30%
desenvolvem sintomas persistentes de TSPT.
Em uma pesquisa epidemiológica, de 1997 a 1999, Jong e cols. selecionaram
randomicamente populações da Argélia, Camboja, Etiópia e Gaza, que haviam passado
por combates, indicando que a prevalência de TSPT na Argélia era 37,4%, no Camboja,
28,4% na Etiópia, 15,8% e 17,7% em Gaza. O fator de risco presente nas quatro amostras
foi ter mais de 12 anos. Tortura não foi fator de risco para a população de Camboja, mas
sim morte ou separação em família, abuso de álcool dos pais e violência doméstica. Os
autores chamam a atenção para a violação dos direitos humanos.
Schnurr e cols. (2000), em um estudo sobre veteranos da 2a guerra mundial que
fizeram treinamento com gás mostarda, comprovaram, 40 anos após o término da guerra,
a presença de sintomas de TSPT. Embora haja casos de remissão espontânea, aqueles
que desenvolvem o transtorno podem conviver durante muito tempo com seus efeitos
nocivos.
Mayou, Tyndel e Bryant (1997) também encontraram, em uma amostra de vítimas
de acidentes de veículos, após cinco anos, 10% com TSPT, relatando memória intrusiva e
stress emocional, além da piora dos problemas de saúde advindos do acidente.
350 Sandra Leal C alais, Rosana R ig lie lto Dias e M a k ilim N u n e s Raptista
Examinando diferenças de gênero para TSPT, Stein, Walker e Forde (2000) verificaram
que as mulheres tendem a ter mais risco de TSPT do que os homens após a exposição a
traumas graves, excluindo-se estupros que predominam para elas. Quando se ajustam o
tempo do evento, as conseqüências e reações particulares, esse Indice ainda não diminui.
Todavia, as mulheres são mais vulneráveis após ataques físicos não sexuais, mas não a
traumas como vivenciar incêndios ou testemunhar ferimentos em outrem.
Em 2001, Fuflerton e cols. estudaram 122 adultos v/tlmas de acidentes de veículos,
concluindo que as mulheres tiveram maior risco de sintomas agudos de stress e reatividade
física para as memórias do acidente. O sintoma de esquiva apareceu 4,7 vezes mais do
que nos homens, e a excitação, 3,8 vezes mais.
Morbidade
Alguns estudos comprovam que uma larga escala de alterações psicológicas
como depressão (Erickson, Wolfe, King, King e Sharkansky, 2001), desordens
psicossomáticas (Blanchard e cols., 1996), ansiedade e outras desordens psiquiátricas
estão associadas a seqüelas de acidentes traumáticos.
Blaszczynski e cols. (1998), em um estudo revisional, concluíram que acidentes
de veículos, mesmo os de natureza leve, aumentam nos sobreviventes o risco de morbidade
psiquiátrica severa. Os sintomas mais presentes são depressão, ansiedade, dor de cabeça,
fobia em dirigir veículos, perturbações de sono e agressividade.
Tratamento Farmacológico
Os resultados de estudos farmacológicos para TSPT ainda são inconsistentes.
Geralmente, as drogas são usadas para atenuar sintomas agudos que dificultam a adesão
à psicoterapia (Shalev, Boone e Eth, 1996). Van der Kolk e cols. (1994) atestaram a
superioridade de pílulas placebo em relação à fluoxetina em um estudo para vítimas do
transtorno.
Sauer e Bhugra (2001) acreditam que o tratamento com drogas pode ser mais
efetivo quando sua ação é no sistema serotoninérgico, com inibidores de recaptação da
serotonina e inibidores da monoaminoxidase (IMAO). Para uma boa resposta terapêutica,
são necessárias altas dosagens e longos períodos de tratamento. Entretanto, pelas
limitações desse tipo de estudo, os resultados não são concludentes.
Crianças
As crianças também podem apresentar TSPT e a forma de elas expressarem o
transtorno ó através de jogos e brincadeiras sobre o tema, de forma repetitiva. Punamaeki,
Qouta e El Sarraj (2001) avaliaram 86 crianças palestinas (idade média 14 anos), após
três anos, da Intifada de 1993, e concluíram que o TSPT era alto nas crianças que haviam
sido expostas a um elevado grau de eventos traumáticos e respondido passivamente à
violência. Perceberam que era decisivo, para o ajustamento, o fato de perceberem seus
pais discrepantemente, ou seja, as que percebiam suas mães como amorosas, mas seus
pais não, mostravam maior nível de sintomas de stress pós-trauma. Também constataram
Intervenções
Stallard, Velleman e Baldwin (2001), em um estudo exploratório, avaliaram o falar
sobre o acidente traumático em 40 crianças (média de 15,3 anos) envolvidas em acidentes
de veículos, seis semanas e oito meses após o evento. Dez das 21 crianças com TSPT
preencheram o critério no inicio e no follow-up. Não houve evidência de que a criança que
não tinha desenvolvido o transtorno em seis semanas teria um transtorno atrasado. No
entanto, o falar sobre o acidente e entender o sentimento foi associado à recuperação do
trauma, levando os autores a concluir que, prover oportunidades para a criança falar do
acidente, pode ajudar a prevenir ou reduzir o trauma. Não havendo mais catástrofes, é
mais fácil a recuperação das vítimas.
Marks, Lovell, Noshirvani, Livanou e Thrasher (1998), em um estudo controlado,
propuseram quatro condições de tratamento a 87 pacientes adultos com TSPT: a) exposição
prolongada imaginária e ao vivo; b) reestruturação cognitiva; c) exposição prolongada e
reestruturação cognitiva e d) relaxamento. Concluíram que a exposição e a reestruturação
cognitiva trouxeram bons resultados, porém quando associadas não melhoraram esses
índices, embora as três condições tivessem sido superiores ao relaxamento.
Repetindo o mesmo estudo em 2001, Lovell, Marks, Noshirvani, Thrasher e Livanou
usaram 77 sujeitos e concluíram que os tratamentos ativos foram novamente superiores
ao relaxamento (placebo) na melhoria do grupo de sintomas e características associadas
de TSPT em alguns, mas não em todos os sintomas isolados. Já a exposição e
restruturação cocjnitiva melhoraram igualmente quase todos os sintomas isolados.
Everly (1995) refere que há fatores que podem predispor alguém a desenvolver o
TSPT. Esses fatores seriam hipersensibilidade neurológica (alterações autonômicas
neuroendócrinas) e hipersensibilidade psicológica (inabilidade em assimilar o trauma dentro
de sua visão de mundo), Esse autor propõe um modelo fenomenológico de intervenção
terapêutica em que os dois fatores são considerados. O objetivo de qualquer intervenção
é criar a percepção de que o mundo é novamente seguro, previsível e sem perigo. Mostrar
que a visão anterior foi invalidada e formular uma nova visão (Everly, 1993).
Maslow (1970) chama a atenção para o apoio familiar. Há relevâncias
determinísticas do papel da família nas reações aos eventos traumáticos como entidade
de coesão, segurança e proteção.
Shalev e cols. (1996) propõem um modelo de quatro níveis, baseado no paradigma
biopsicossocial de Engel (1980): o nível biológico supõe alterações no funcionamento
Referências
Akjuns autores chamam a atençáo para os vários comportamentos, para a formação técnico-conceitual, para as características
h as habilidades pessoais que deveriam fazer parte do repertório comporta mental do terapeuta iniciante e onde as supervlsóes
e estruturas curriculares tôm falhado Onde e como aprender todo este repertório? é a primeira vez que o aluno precisa
colocar-se no papel de terapeuta, comportar-se como tal e nflo apenas abordar a Psicologia à distância, discutindo textos e
teorias Mas, é possível um terapeuta iniciante começar seu atendimento clinico já possuindo todas estas habilidades?
Como a prática supervisionada constitui a principal estratégia utilizada para a formaçáo do psicólogo clinico, este trabalho
tem como objetivo levantar algumas questões e partilhar algumas dúvidas e considerações no que diz respeito à formaçAo
do terapeuta comportamental e ao treino de habilidades necessárias aos seus primeiros atendimentos, além de apontar as
dificuldades que um supervisor de estágio encontra para transformar um aluno em terapeuta profissional.
Some authors polnt towards the variety of behaviors, the technical-conceptual origin, the personal characteristlcs and skills
that mu st be part of the mltial therapisfs repertory and, also, where ours supervisions and course‘s stmetures havo falled.
Where and how to learn ali this behavioral repertory? “Ita first time" is the flrst one he needs to put hlmaelf in the role of
therapist, behave like one and not only approach Psychology at a distance, with texts and theories dlscussion.
This article questions if the initiate therapist can already begln his clinicai attendance owlng ali these necessary skllls As ttio
supervised practlce constltutes the main strategy used for the clinicai psychologisfs preparation, this study h*s the purpose
to ralse some questions and share some of the doubts and considerations concerning the preparation of the behavior of the
therapist and his first attendance, besldes setting the difficulties one supervisor meets In transformlng « student in a
professional psychotheraplst
Key worda: The flrst attendanco > Therapist shaping - Supervised intershlp.
O primeiro cliente nem sempre nos traz lembranças tão agradáveis quanto as do
primeiro sutià, do primeiro beijo ou do primeiro amor. Ao contrário, quase sempre foi uma
experiência um tanto quanto difícil da qual não gostamos ou queremos nos recordar.
Todo terapeuta deve lembrar-se de seu primeiro atendimento e das dificuldades
no manejo de situações aparentemente simples, mas especiais, do tipo: Como me vestir
;Dapartamanto da Psicologia - Faculdada da Filosofia a CMnclaa Humana* (FAFICH) - UnivafikJaòa Fadaral da Mmaa Qarat*
Referências
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Campos, L. F. L. (1998). Formação, Supervisão e Treinamento.em Psicoiofl& CJínica, Sâo
Paulo: EPU.
Cardoso, E. R. G. (1985). A formação profissional do psicoterapeuia, Sâo Paulo: Summus
Instituições hospitalares, em especial enfermarias, sAo os principais campos de atuaçAo do psicólogo da saúde.
Entretanto, nem sempre a expectativa da equipe local é atendida, porque geralmente è esperado que o psicólogo
desenvolva um trabalho de assistência geral àdemanda nAo biomédica. Por ser área ainda muito nova, os procudlmentos
e fundamentos da psicologia da saúde precisam ainda de pesquisas constantes, que nem sempre tôm aplicação imediata
e nem sâo do interesse geral. Mas é assim que pode ser avaliado o impacto da intervenção para o paciente, a eficácia
do treinamento na construção do repertório do estudante e o mecanismo mediador entre variávois psicológicas e o
processo saúde - doença. Como a carga horária de estágio em psicologia difere substancialmente da carga regular do
interno de medicina ou estagiário da enfermagem nAo prevê plantões noturnos, aos feriados ou finais de semana, o tempo
disponível nAo 6 suficiente para a assistência esperada e a pesquisa necessária. Procedimentos pura contornar o
probloma incluem negociar horários complementares com os estagiários, gerar programas de pesqulsa-intervençdo,
avaliar previamente a demanda do serviço e expor as condições de trabalho à equipe.
Hospital Inflrmarles are the main work field for Health Psychologlsts. However, the medicai team expectancies are not
always met, because it usually expects the psychologist to provide a global assistance to ali non-medical conditlons in
the ward. Health Psychology Is still a very new specialty that requires frequent evaluation of Its fundamentais and
procedures, whlch has not always Immediate Application Research Is the resource we have In order to aosess the
outcomes of psychological interventlon on patíents' evolution, the efflcacy of training procedures to build students' skills,
and to understand the medlator mechanisms between psychological varlables and the health-disease process Because
the amount of hours requlred for practlcum In psychology Is much lower than the amount requlrod for practlcum In medicai
and nurse school, does not Include assistance at night time. on weekends and on holldays, the worklng time for
psychology students is not enough for both, research and asslstanca. Procedures to handle the problem Include arranglng
extra hours with the students, doveloping program for resoarch-lntervention, assessing the prevlous taam's expectancy
before startlng the work and dlscusslng the actual work conditlons with the medicai team.
Universidade de Brntllla
'The Henlth 1’aychologlst, 19, (4)
Muito embora não haja dúvidas sobre a influência reciproca entre variáveis psicológicas
e variáveis orgânicas resultando em variações no estado de saúde das pessoas, o
mecanismo pelo qual esta interação ocorre ainda não foi esclarecido. A descrição
acurada desse processo virá permitir aos profissionais da área desenvolver programas
de intervenção específicos, mais adequados e pontuais a cada situação.
tratar de sua saúde física, buscando os cuidados médicos que são oferecidos pela
enfermagem e outros profissionais com tradição em saúde. A ciência moderna
reconhece os mediadores psicossociais do processo saúde-doença e demanda a
inclusão do psicólogo nas equipes hospitalares. Mas nós próprios não temos ainda a
dimensão do efeito de nosso trabalho nas diferentes enfermarias, especialidades e
momentos. Que diferença faz, de fato, para o paciente, o trabalho que realizamos?
Temos de fato habilidades profissionais únicas que justifiquem nossa inclusão naquelas
equipes? Quanto somamos ao produto final quando o paciente deixa a enfermaria
recuperado, quando fica com seqüelas ou quando vai a óbito?
de graduação não oferecem, ainda, de modo geral, disciplinas suficientes para sustentar
o desenvolvimento do repertório prático do aluno nesta área. Mesmo com o aumento
na oferta de disciplinas voltadas para o tema, o estudante chega ao momento do
estágio despreparado para adentrar uma enfermaria hospitalar. Na maioria das vezes,
o supervisor acresce o treinamento de seu estudante com um grande volume de
conteúdo teórico-prático e procura o melhor procedimento para introduzi-lo no setor,
conforme a demanda e peculiaridades da enfermaria e das patologias tratadas. Não
temos ainda um padrão de treinamento do estudante, como ocorre nas outras
R e fe rê n c ia s
Belar, C. D., & Geisser, M. E. (1995). Roles of the clinicai health psychologist In the
management of chronlc illness. In P. M. Nicassio & T. W. Smith (Eds.), Manflflínfl GTQnic lllness;
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Brannon, L., & Feist, J. (1992). Health Psychology: An Introduction to Behavior and Health
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Matarazzo, J. D. (1980). Behavioral health and behavioral medicine: Frontlers for a new
hoalth psychology. Amfirican.J?ay£hííJogt5L 35^.807-817.
lim programa de intervenção em grupo para o Transtorno Obsessivo Compulsivo foi criado com o ob|etlvo de investigar a
eficácia da técnica de ERP e do uso de um Protocolo de Registro de Progresso para grupos; otimizar o uso de tempo e
recursos financeiros no atendimento à populaçflo; integrar a pesquisa e extensáo. O programa ó realizado com grupos de até
oito pacientes, maiores de 16 anos, recrutados através da imprensa local ou que procuram a clinica A duração é de 16
semanas, com sessões semanais de duas horas de duraçio, feedback individual a cada sessAo, uma sessão familiar para
esclarecimento e orientaçôo, follow-up mensal por seiB meses e depois, uma vez, ao Final de 12 meses As sessões incluem
educação sobre o TOC, treino em técnicas de relaxamento, revisão e hierarquização dos sintomas e programação individual
das exposições. As avaliações do programa feito pelos participantes e a comparação dos resultados obtidos pelo V-BOCS
no inicio e no final do programa demonstram a eficácia do procedimento
A group treatment program for Obsessive Compulslve Disorder was developed with the aim to investigate the efficacy of
the ERP and a Progress Record Prutocol for groups; save time and financial resources in lhe assistance to the community;
and integrate research and intervention. That program takes up to eight patients at a time, older than 16 years, recruited
through the local media or who comes to the center asklng for assistance There are 16 weekly sesslons with two hours each,
individual feedback every week, one sesston for famlly Information and orientation, six monthly follow-up sessions and one
moro on the 12* month after the program is over. Sesslons include patients' education on OCD, training on relaxing
techniques, symptoms revlewlng and ranking, and Individual exposure programmlng. The program evaluatlon by patients and
a comparíaon between pre and post program V-BOCS tcom s demonitrate the proc*dur« efflcacy on symptoms reducUon
Umv*r»Kl*d« de Rrutllia
Objetivos
Os objetivos desse programa para tratamento grupai do TOC ficaram assim
definidos:
1. Investigar a eficácia e efeitos da intervenção em grupo para tratamento do TOC com a
técnica de ERP e com o uso de um Protocolo de Registro de Progresso. A técnica de
ERP foi escolhida por ser a mais referida na literatura como bem sucedida no tratamento
do TOC e porque já tínhamos uma larga experiência também bem sucedida em seu
uso. O Protocolo de Registro Progresso é um protocolo simples para registro diário,
que desenvolvemos para o tratamento individual, e que vinha se mostrando útil tanto
para colher informações sobre a realização das tarefas diárias pelo paciente, como
para dar a ele evidências de seu sucesso com o uso da ERP.
2. Otimizar o uso de tempo e recursos financeiros no atendimento á população. O formato
grupai proposto representa um ganho substancial para terapeutas e pacientes. A
economia de tempo e de custos beneficia ambos por permitir que mais pessoas sejam
assistidas ao mesmo tempo - e num rodízio maior, porque o programa tem duração
definida - e os custos ficam obviamente menores para o paciente e para o terapeuta.
3. Integrar a pesquisa e extensão. A proposta permite a condução de um projeto de
pesquisa capaz de gerar dados importantes para a compreensão do processo terapêutico
do TOC e simultaneamente oferecer assistência à população.
Contexto e Material
Local: O trabalho ó realizado no CAEP, que fica na área do Instituto de Psicologia da Universidade
de Brasília
Material: No processo de avaliação são usados a escala Y-BOCS; o Checklist de Sintomas da
Y-BOCS e uma lista de tempo consumido em atividades rotineiras. Diariamente, ó usado o
Protocolo de Registro de Progresso, que o paciente ó treinado a preencher. Além disso usamos
cadeiras individuais e colchonetes de tamanho grande para treino de relaxamento.
Formato
Número de sessões: 16.
Periodicidade: Semanal.
Duração da sessão: 2 horas.
Número de participantes: até 08. Depois de iniciado o grupo, se algum participante não
puder continuar por algum motivo, outro não ocupa seu lugar.
Fdlow-Up: 12 meses. Após as 16 sessões semanais, acontecem seis sessões mensais
e uma sessão semestral de acompanhamento.
Programa
As sessões seguem o seguinte protocolo:
SessâQl
Informativa. Os participantes do grupo são instruídos sobre o conceito e etiologia do
TOC conforme o modelo comportamental. A sessão ó essencialmente educativa, com o objetivo
de desmistificar a sintomatologia e o poder "mágico" das compulsões. É firmado entre os
participantes um compromisso ótico de respeito e sigilo e ó reafirmado o contrato de aceitação
do tratamento e freqüência a todas as sessões.
M Rtu Deitar »rm contem qualquer po ria apò» trancar unia vez
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Conclusão
Nossos resultados até agora mostram que o formato grupai tem favorecido de
modo especial a interação entre os participantes e que há uma grande descontração entro
eles. Já nas primeiras sessões, quando se começa a falar em sintomatologia, há uma
disposição e expectativa grande entre eles para falar de si e comparar sintomas e receios.
Em geral reafirmam que não imaginavam que mais alguém pudesse "ter as mesmas coisas".
Demonstram também satisfação e conforto em perceber que pessoas “normais", produtivas
e interessantes, também são portadoras de TOC.
A descontração e popularização dos sintomas que acontece nas sessões parecem
reduzir o estigma de "coisa terrível" que acompanha o TOC. É comum ocorrer risos quando
alguém relata ter ficado estanque em alguma compulsão. A compreensão entre eles e a
repetição dos sintomas que às vezes é o mesmo ou que muda só na topografia, mas tem
a mesma natureza, traz evidências da fragilidade da obsessão e da inutilidade real da
compulsão. Essà compulsão que inicialmente parecia algo absolutamente necessário
para o alcance do alívio, agora parece perfeitamente descartável, ao ouvir o relato do
colega. Ao mesmo tempo em que alguém refere um determinado nível de ansiedade frente
a um estímulo, encoraja o colega a realizar a prevenção de resposta frente a outro estímulo
que tem a mesma natureza daquele que lhe gera ansiedade. Acabam rindo de si mesmos
e tendo mais disposição para as prevenções. As verbalizações sobre melhoria na auto-
estima, confiança no sucesso e determinação para resistir compulsões, ocorrem mais
rápido e são mais estáveis no grupo do que na terapia individual.
Comparando os dois formatos, o grupai parece trazer muito mais vantagens, que
só são alcançadas porque os participantes podem trocar experiências entre si e observar
o sucesso do colega que fez a exposição e nem por isso “estourou de ansiedade".
Entretanto, essas vantagens são decorrentes de nossas observações clínicas - isso precisa
Referências
A literatura contém pouco* dados sobra o “comprar compulsivo'. Este padrflo de comportamento é considerado um distúrbio
quando a pessoa apresenta uma incapacidade de controlar o impulso de comprar, envolvendo a si própria e a outros em
conseqüências desastrosas Para a maioria da9 pestsoas, o comportamento de comprar adquire diversas funções em
diferentes situações: dar-se um prazer; compensar-se por algo ruim que tenha vivido; "passaporte* para a pessoa sentir-se
incluida num grupo social; indicação de capacidade para obter algo; "moeda de troca" nos relacionamentos entre os casais;
fugir de ostados internos desagradáveis, evitar algum comportamento inadequado etc. Uma análise mais acurada destes
significados na vida de compradores permitirá que os ajudemos a identificar suas frustrações e a discriminar, entre as
opções possíveis, quais comportamentos as minimizariam sem a ocorrência de punlçAo Freqüentemente, o comprar
inconseqüente é prazeroso apenas no momento Mais tarde, quando a pessoa é colocada diante de conseqüências aversivas
por ter comprado Impensadamente, o prazer da compra transforma-se em puniçflo. Podemos ensinar uma pessoa a fazer
análises funcionais dos seus comportamentos de comprar e, a partir delas, melhorar suas escolhas de enfrontamento das
diferentes situações
Palavras chaves: análise funcional do "comprai', educar para consumir, comprar compulsivo
There is a few data in the literatura about compulsive buying. This pattern of behavior is considered a disturb when the persori
presents an incapacity of controlllng the impulse of buying, involving itself and others in disastrous consequences. The act
of obtalnlng something by the behavior of buying may assume different functions such as; give itself a pleasure;
compensate • bad llfe moment; a way to feel soclally Included; an indlcatíon of the capaclty to get hold of something;
exchange currency In a couple relatlonship, escape from uncomfortable feelings; avold an Inadequate behavior; etc. An
accurate analysis of the meanmg of theso behavior* in the llfe of a buyer will allow us to identlfy their frustrations and to
dlscrlmlnate, among lhe possible options, whlch behaviors would minimize them wlthout the presence of punishment. Often,
the incontaquent buying is pleaturabte just at the moment Later, when the person facet the avarslve consequences for
having bought thoughtless, the pleasure of buying Is transfornwd in punishment. We may Instruct the person how to make
functional analysis of their own bthavlor of buying, improvlng their cholces of copying with the different sltuations.
Key words: Functional analyses of buying, compulsive buying, instruct how to consume.
6) P roporcionar-se prazer
Comprar, adquirir qualquer coisa é prazeroso, independentemente de precisarmos
ou não do que adquirimos.
Qualquer aquisição que não nos prejudique, que esteja dentro das nossas
possibilidades financeiras, pode nos dar prazer. Compramos porque gostamos, queremos
nos agradar. Compramos porque todos nós temos os nossos sonhos de consumo que ao
serem realizados nos gratificam.
Esta forma de comprar contém longas cadeias de comportamentos que podemos
incluir em algumas possíveis categorias:
— Sonhar com uma "aquisição".
— Planejar como conseguí-la.
— Avaliar a viabilidade da compra e suas possíveis conseqüências.
— Comprar o que foi planejado.
— Usufruir a aquisição.
— Partilhar o produto da compra com outras pessoas.
— Exibir o produto da compra para outras pessoas, etc.
Referências
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nos mentais -DSM-IV (Trad. Dayse Batista) (4*ed.). Porto Alegre: Ed.Artes Médicas Sul. (Traba
lho original publioedo em 1994.)
Del Porto, J. A. (1996). Compulsões e impulsos: cleptomania, jogar compulsivo, comprar
compulsivo, compulsões sexuais, in C. Miguel (Ed.), Iranstornos do Espectro Obsessivo Com
pulsivos Diagnóstico e tratamento* cap. 8. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
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