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Notícias e Perspectivas

Blockchain: o sistema que pode


revolucionar a saúde nos próximos
anos
Dr. Bernardo Schubsky
NOTIFICAÇÃO
27 de dezembro de 2017
O ano de 2017 trouxe aos consultórios e às conversas de plantão um
tema antes restrito ao mercado financeiro e ao setor de tecnologia:
o bitcoin. Um dos fundamentos por trás do bitcoin, o blockchain[1] , tem
um potencial bem mais abrangente que o monetário, e pode
desempenhar um papel crucial em revolucionar a indústria da saúde
nos próximos anos.

Leia também:
Bitcoin: um bom investimento para médicos?
Em termos gerais, o blockchain permite que informações sobre
qualquer transação sejam armazenadas de maneira descentralizada,
segura e potencialmente auditável. Ele é um livro-razão digital, um
banco de dados incorruptível, permanente, descentralizado/distribuído,
validado em múltiplos pontos e criptografado, suportado por uma rede
de computadores, e acessível a todos que estiverem utilizando o
mesmo software ou protocolo.
Uma boa analogia para o blockchain é com os cartórios de registros
de imóveis. Atualmente, se alguém pretende realizar uma transação
imobiliária, precisa ir – fisicamente, na maioria das vezes – até um
cartório e levantar todo o histórico daquele imóvel: quem comprou e
vendeu, quando e por quanto o fez, ao longo do tempo. É ainda
necessário saber se existem pendências tributárias ou judiciais,
múltiplos donos, se faz parte de processo de inventário, etc. Após
comprar o imóvel, é necessário voltar ao registro de imóveis e
certificar o contrato de venda, adicionando mais este documento ao
histórico. E logicamente, para que os cartórios possam manter esta
operação funcionando, eles precisam ser remunerados. Os problemas
com a maneira como essa informação está armazenada é que erros
podem acontecer, valores podem ser adulterados, e cada cartório
gerencia uma região específica.
Em um modelo de blockchain todas as informações sobre o imóvel,
em vez de estarem em um único cartório, passam a estar disponíveis
a partir de qualquer lugar, e todas as operações realizadas para
aquele imóvel ficam vinculadas a ele de maneira indelével.
No mundo das criptomoedas, o banco de dados é atualizado e
mantido por uma rede de computadores, que realizam cálculos e
validam todas as operações, sempre acrescentando mais um bloco de
transações ao bloco anterior, fazendo com que esta corrente de
informações cresça cada vez mais e acumule mais camadas de
segurança. Deletar ou adulterar um bloco (mesmo que isso fosse
possível, apesar da encriptação) impactaria na validação de todos os
blocos anteriores, impedindo que o novo bloco seja acrescentado.
Estes computadores que validam as transações estão "minerando", no
jargão das criptomoedas. O modelo de blockchain utilizado
pelo bitcoin paga aos "mineradores" em criptomoeda. Ou seja, os
computadores que estão empregando poder de processamento em
rede recebem uma taxa por transação, assim como é feito com os
cartórios.
Mas, como seria possível transpor para a saúde este conceito,
incluindo como remunerar os "mineradores" descentralizados, que
manteriam e validariam o blockchain? Pesquisadores do MIT
publicaram um artigo[2] em agosto de 2016 no qual propõem
um blockchain da saúde, com uma rede remunerada, chamado
de MedRec. Nela, cada transação estaria vinculada a uma chave
pública, que é uma identificação reconhecível em larga escala, como
por exemplo o CPF, ou o nome completo.
A remuneração, assim como no caso do bitcoin, seria com o produto
da "mineração". Para o MedRec, o valor está no compartilhamento de
informações populacionais anonimizadas entre os mineradores. Este
modelo de remuneração baseado em dados populacionais é
interessante tanto para os pacientes, que se beneficiariam por ter os
próprios dados armazenados e seguros, quanto para os
"mineradores". E quem poderia ter interesse em dados populacionais
anonimizados de saúde? Sistemas públicos, seguradoras,
universidades e indústria farmacêutica, somente para mencionar
alguns. E isso não teria custo para o usuário do sistema, o paciente, já
que ele está, de certa maneira, pagando com as informações
transacionadas.
No modelo de saúde em blockchain, ao realizar um exame
complementar em qualquer local, consultório ou laboratório, o paciente
deverá compartilhar sua chave pública (que pode ser o CPF) com o
prestador do serviço. Este prestador irá então enviar o produto do
exame para aquela chave pública, somando-a a qualquer outra
informação de saúde pré-existente.
Hoje, todas as informações de saúde de cada paciente são guiadas
por eventos de vida significativos (entrada ou saída de algum plano de
saúde privado, realização de procedimentos ou exames, internações
hospitalares, vacinações, etc.). Cada evento foi registrado em algum
sistema, pertencente ao prestador. Mas, essencialmente, nenhum
destes eventos foi vinculado de maneira indelével ao paciente. Cabe
ao paciente a responsabilidade de coletar, digitalizar, registrar e
manter estas informações em bom estado, para que elas possam ser
utilizadas no futuro. No entanto, ainda que o paciente seja o mais
interessado em que estas informações estejam perfeitas, na maioria
das vezes ele não dispõe das ferramentas adequadas para fazê-lo.

Novos horizontes para a saúde


A partir do momento em que se implementa um modelo
de blockchain de saúde, reduz-se o atrito existente entre os diversos
sistemas e se começa a obter alguns resultados significativos em
boletins epidemiológicos, prontuários eletrônicos e empoderamento de
pacientes, entre outros. Veja abaixo como o blockchain beneficia cada
um deles:

Boletins epidemiológicos
A qualquer momento em que um CID for acrescentado
ao blockchain de um paciente, um pacote de informações pode ser
"minerado" pelo setor público responsável pelo monitoramento. Este
pacote incluiria informações geográficas e demográficas, que
acelerariam a geração de boletins epidemiológicos. Não haveria mais
a necessidade de notificações compulsórias. Isso se reflete em maior
eficiência do processo, ao mesmo tempo em que diminui o trabalho
dos profissionais de saúde, já que as ações ocorrem de forma
"independente" dos profissionais de saúde.

Acompanhamento vacinal
A cobertura vacinal tem potencial de ser imensamente ampliada, já
que nesta "mineração" podem ser enviados dados de vacinas
realizadas e a idade dos pacientes. Campanhas específicas de
conscientização e gerenciamento de estoques seriam direcionados
para áreas mais necessitadas.

Empoderamento de pacientes
Os dois exemplos anteriores utilizam somente a chave pública ao
adicionar transações. Mas os pacientes poderiam autorizar
prestadores a terem acesso a exames e a históricos específicos.
Neste ponto, estamos começando a falar em empoderamento do
paciente, que decide o que e quando compartilhar com seu
profissional de saúde, estimulando um diálogo mais aberto entre todos
os envolvidos.
A tecnologia é muito nova e apenas começamos a vislumbrar as
possibilidades dela.
Se você também tem uma ideia sobre como o blockchain pode ser
utilizado para aprimorar sistemas de saúde, ou melhorar o desfecho
dos pacientes, deixe seu comentário abaixo.
Leia também:
Quais mudanças tecnológicas irão em breve afetar a prática médica?

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