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Grupos: Resumo

1 Definições básicas
Definição 1.1 Um grupo é um conjunto G juntamente com uma operação binária

G×G→G
(a, b) 7→ a · b

que satisfaz os seguintes três axiomas:


1. (Associatividade) Para quaisquer a, b, c ∈ G,

(a · b) · c = a · (b · c)

2. (Existência de elemento neutro) Existe um elemento e ∈ G tal que, para todo a ∈ G,

a·e =e·a= a

3. (Existência de inverso) Para qualquer elemento a ∈ G existe um elemento a−1 ∈ G tal que

a · a−1 = a−1 · a = e

Se, além dos três axiomas acima, o grupo G satisfaz


4. (Comutatividade) Para quaisquer a, b ∈ G

a·b = b·a

então G é chamado de grupo abeliano.

Observe que o elemento neutro é único: se e, e′ ∈ G são dois elementos neutros, então e = e · e′ = e′ . Da
mesma forma, o inverso de a ∈ G é único: se b, b′ são dois inversos de a então b = b · e = b · (a · b′ ) =
(b · a) · b′ = e · b′ = b′ .

Definição 1.2 Dado um grupo G, um subconjunto não vazio H ⊂ G é um subgrupo se o produto de


G se restringe a H e faz de H um grupo. Em outras palavras, H é um subgrupo de G se
1. (H é fechado por produto) a, b ∈ H ⇒ a · b ∈ H;
2. (H é fechado por inverso) a ∈ H ⇒ a−1 ∈ H.

De fato, o axioma 1 garante que podemos restringir o produto de G a H. O par (H, ·) assim obtido
forma um grupo: a associatividade é automaticamente herdada da de G; como H 6= ∅, temos que se
a ∈ H então e = a · a−1 ∈ H; finalmente o axioma 2 garante a existência de inversos.

Definição 1.3 Dados dois grupos G e H, um homomorfismo (ou simplesmente morfismo) entre G e
H é uma função f : G → H compatı́vel com as operações de G e H: para quaisquer a, b ∈ G temos

f (a · b) = f (a) · f (b)

(note que o primeiro produto é o produto em G, enquanto que o segundo é o produto em H).
Um morfismo f : G → H é um isomorfismo se ele for bijetor. Dois grupos G e H são isomorfos (em
sı́mbolos, G ∼
= H) se existe alguma bijeção entre eles. Grupos isomorfos são “iguais” a menos do “nome”
de seus elementos.

Note que um morfismo de grupos f : G → H preserva identidade e inversos. De fato, como f (e · e) =


f (e) · f (e) ⇐⇒ f (e) = f (e) · f (e), multiplicando pelo inverso de f (e) ∈ H à esquerda (por exemplo)
temos que e = f (e). Por outro lado, como f (a · a−1 ) = f (a) · f (a−1 ) ⇐⇒ e = f (e) = f (a) · f (a−1 ) e,
analogamente, e = f (a−1 ) · f (a), temos que f (a−1 ) é o inverso de f (a): f (a−1 ) = f (a)−1 .
2

2 Grupos que aparecem na Natureza


Exemplo 2.1 Seja R o conjunto dos números reais não nulos com o produto usual. Este par (R× , ·)
×

é um grupo: a operação · é associativa, o elemento neutro é o 1 e o inverso de a é 1/a. Este grupo é


abeliano. Da mesma forma, o conjunto dos reais positivos com a operação produto (R>0 , ·) é um grupo
abeliano, que é um subgrupo de (R× , ·).
O conjunto de todos os reais com a soma usual (R, +) também é um grupo abeliano, com elemento
neutro 0 e inverso de a dado por −a. Temos que (R>0 , ·) e (R, +) são isomorfos: um isomorfismo é dado
pelo logaritmo
log: R>0 → R
que transforma a operação do primeiro grupo na do segundo: log(a·b) = log a+log b para todo a, b ∈ R>0 .
O morfismo inverso é dado pela exponenciação exp: R → R>0 .
Exemplo 2.2 (Grupo Trivial) O conjunto unitário {e} com a operação e · e = e é um grupo (o menor
grupo do universo!) chamado de grupo trivial. Para qualquer grupo G, {e} ⊂ G é um subgrupo de G.
Exemplo 2.3 (Inteiros Módulo n) Seja n um inteiro positivo. Seja Z/n o conjunto

def
Z/n = {0, 1, 2, . . . , n − 1}

composto de sı́mbolos i para 0 ≤ i < n, representando os possı́veis restos da divisão de um inteiro por
n. A soma módulo n define uma operação binária + em Z/n:

def
a+b = c

onde
def
c = resto da divisão de a + b por n

a+b se a + b < n
=
a + b − n se a + b ≥ n
Então (Z/n, +) é um grupo abeliano. O elemento neutro é 0 e o inverso de a é n − a.
Agora seja
def
(Z/n)× = {a ∈ Z/n | (a, n) = 1}
Então (Z/n)× é um grupo onde a operação é dada pelo produto módulo n: a · b = c onde c é o resto da
divisão de ab por n. O elemento neutro de (Z/n)× é 1 e o inverso de a é dado por x onde x é a solução
de ax ≡ 1 (mod n) (que existe pois (a, n) = 1).
Por exemplo, para n = 5 temos as seguintes tabelas de multiplicação:
+ 0̄
1̄ 2̄ 3̄ 4̄
0̄ 0̄
1̄ 2̄ 3̄ 4̄ · 1̄ 2̄ 3̄ 4̄
1̄ 1̄
2̄ 3̄ 4̄ 0̄ 1̄ 1̄ 2̄ 3̄ 4̄
2̄ 2̄
3̄ 4̄ 0̄ 1̄ 2̄ 2̄ 4̄ 1̄ 3̄
3̄ 3̄
4̄ 0̄ 1̄ 2̄ 3̄ 3̄ 1̄ 4̄ 2̄
4̄ 4̄
0̄ 1̄ 2̄ 3̄ 4̄ 4̄ 3̄ 2̄ 1̄
Z/5 (Z/5)×
−1
Assim, em (Z/5) temos por exemplo 3̄ = 2. Note que temos um isomorfismo φ: Z/4 → (Z/5)× dado
×

por φ(a) = 2̄a para 0 ≤ a < 3 (verifique!).


Exemplo 2.4 (Grupo Cı́clico) O grupo cı́clico Cn de ordem n é o grupo gerado por um elemento a
que satisfaz uma única relação an = e. Assim, os elementos deste grupo são as potências de a

e, a, a2 , a3 , . . . , an−1

e o produto é dado por 


ai+j se i + j < n
ai · aj =
ai+j−n se i + j ≥ n
Note que Z/n ∼
= Cn , sendo um isomorfismo φ: Z/n → Cn dado por φ(i) = ai .
3

Exemplo 2.5 (Grupo Linear) Seja GLn (R) o conjunto das matrizes n×n com determinante não nulo.
Então GLn (R) com o produto usual de matrizes forma um grupo, chamado grupo linear (a existência
de inverso decorre do fato do determinante ser diferente de zero). Note que como det(A·B) = det A·det B
para todas as matrizes A, B ∈ GLn (R), temos que det: GLn (R) → R× é um morfismo do grupo linear
para o grupo multiplicativo dos reais não nulos.
Exemplo 2.6 (Grupo Simétrico) Seja n um inteiro positivo e
def
[n] = {1, 2, . . . , n}
Defina Sn como o conjunto de todas as n! permutações (i.e. bijeções) π: [n] → [n] do conjunto [n]. A
operação é a composição de funções. Isto faz de Sn um grupo (não abeliano para n ≥ 3).
Por exemplo, para n = 6 considere as permutações
   
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
π= τ=
4 3 2 1 5 6 3 1 2 4 6 5
A notação acima representa a permutação π ∈ S6 dada por π(1) = 4, π(2) = 3, π(3) = 2, π(4) = 1, π(5) =
5, π(6) = 6 e analogamente para τ . Nesta notação temos que
   
−1 1 2 3 4 5 6 −1 1 2 3 4 5 6
π = τ =
4 3 2 1 5 6 2 3 1 4 6 5
e    
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
π◦τ = τ ◦π =
2 4 3 1 6 5 4 2 1 3 6 5
e podemos ver que τ ◦ π 6= π ◦ τ .
Permutações também podem ser representadas através de suas decomposições em ciclos. Nesta
notação, escrevemos τ = (132)(56): isto significa que τ leva 1 em 3, 3 em 2 e 2 em 1 (primeiro ciclo), 5
em 6 e 6 em 5 (segundo ciclo), e 4 (que não está representado) é fixo por τ . Da mesma forma, temos que
τ −1 = (231)(65) = (123)(56) = (56)(123), π = π −1 = (14)(23), τ ◦ π = (143)(56) e π ◦ τ = (124)(56).
Exemplo 2.7 (Grupo Diedral) Seja Dn ⊂ Sn o subconjunto das permutações dos vértices de um
polı́gono regular de n lados correspondentes às simetrias deste polı́gono. Então Dn é um subgrupo de
Sn , chamado de grupo diedral. Ele é composto por 2n elementos, n rotações e n reflexões.
Por exemplo, para n = 4 seja ρ = (1234) a rotação com centro no quadrado de π/2 no sentido horário e
σ = (12)(34) a reflexão com relação ao eixo que passa pelo centro do quadrado e pelo ponto médio da
aresta 12 (veja a figura a seguir). Temos que
D4 = {e, ρ, ρ2 , ρ3 , σ, σρ, σρ2 , σρ3 }
Aqui, e, ρ, ρ2 , ρ3 correspondem às rotações de 0, π/2, π, 3π/2 no sentido horário enquanto que os elementos
σ, σρ, σρ2 , σρ3 correspondem às reflexões com relação às retas pontilhadas como na figura a seguir.
ρ = (1234)

1 2

σρ2 = (14)(23)

4 3

σρ3 = (13) σ = (12)(34) σρ = (24)

Em geral, se ρ denota a rotação de 2π/n no sentido horário e σ a reflexão com relação ao eixo que
passa pelo centro do polı́gono e pelo ponto médio da aresta 12, temos que Dn é composto pelas rotações
e, ρ, ρ2 , . . . , ρn−1 e pelas reflexões σ, σρ, σρ2 , . . . , σρn−1 . Assim, Dn é gerado por σ e ρ, que satisfazem
as relações σ 2 = ρn = e e σρσ = ρ−1 .
4

3 Teorema de Lagrange

Teorema 3.1 (Lagrange) Seja G um grupo e H um subgrupo. Então os subconjuntos de G da forma

def
g · H = {g · h | h ∈ H}

(chamados de cosets ou classes laterais) formam uma partição de G.

Prova Dados g1 , g2 ∈ G, devemos mostrar que ou g1 · H = g2 · H ou g1 · H ∩ g2 · H = ∅. Suponha que


g1 · H ∩ g2 · H 6= ∅, isto é, que existe um x = g1 h1 = g2 h2 ∈ g1 · H ∩ g2 · H para algum h1 , h2 ∈ H. Neste
caso, temos g1 = g2 h2 h−1 −1
1 . Logo, como H é um subgrupo de G, temos que h2 h1 H = H e portanto
−1
g1 H = g2 h2 h1 H = g2 H.

Corolário 3.2 Seja G um grupo finito.


1. se H é um subgrupo de G então |H| divide |G|;
2. se g ∈ G, a ordem de g (isto é, o menor n > 0 tal que g n = e) divide |G|.

Prova Note que todos os cosets gi H têm o mesmo tamanho (igual ao tamanho de H = e·H), pois temos
uma bijeção H → gi H dada pela multiplicação por gi à esquerda x 7→ gi x; a inversa é a multiplicação
por gi−1 à esquerda x 7→ gi−1 x. Assim, 1 segue do teorema de Lagrange, pois G é particionado em
um número finito de conjuntos de tamanho |H|. Para provar 2, basta aplicar 1 ao subgrupo cı́clico
H = {e, g, g 2 , g 3 , . . . , g n−1 } de G gerado por g.

4 Subgrupos Normais e Grupo Quociente


Definição 4.1 Um subgrupo N de um grupo G é dito normal (notação: N ⊳ G) se, para todo g ∈ G,
gN g −1 ⊂ N . Note que se G é abeliano todo subgrupo de G é normal.
def
Note que para qualquer subgrupo H de G, gHg −1 = {ghg −1 | h ∈ H} também é um subgrupo de G,
chamado de conjugado de H. Se N é normal, então gN g −1 ⊂ N e g −1 N g ⊂ N ⇐⇒ N ⊂ gN g −1 , logo
gN g −1 = N , de modo que a inclusão na definição de grupo normal pode ser trocada pela igualdade.

Lemma 4.2 Se N é um grupo subgrupo normal, então para quaisquer g, h ∈ G temos que

x ∈ gN
⇒ xy ∈ ghN
y ∈ hN

Prova Temos que x = gn1 e y = hn2 para n1 , n2 ∈ N . Logo xy = gn1 hn2 . Por outro lado, como N é
normal temos que h−1 n1 h = n3 ⇐⇒ n1 h = hn3 para algum n3 ∈ N (uma espécie de “comutatividade
relativa” a N ). Logo xy = ghn3 n2 ∈ ghN .

O lema acima mostra que, para um subgrupo normal, podemos definir um produto no conjunto

def
G/N = {gN | g ∈ G}

das classes laterais de H: o produto de duas classes laterais (gN ) · (hN ) é a classe lateral ghN , operação
esta que está bem definida, isto é, independe de como você escreva a classe lateral na forma gN : se
gN = g ′ N e hN = h′ N então g ∈ g ′ N e h ∈ h′ N , logo gh ∈ g ′ h′ N e portanto ghN ⊂ g ′ h′ N ; trocando
os papéis de g, g ′ e h, h′ , temos a inclusão oposta, logo ghN = g ′ h′ N .
O conjunto G/N com o produto acima é um grupo, chamado de quociente de G por N . De fato, a
associatividade segue da associatividade de G, a identidade é dada pelo coset N e o inverso de gN é o
coset g −1 N . Intutivamente, G/N é o grupo obtido “comprimindo” todos os elementos na classe lateral
gN a um único elemento.
5

Teorema 4.3 (Teorema do Isomorfismo) Se φ: G ։ H é um morfismo sobrejetor, então


def
1. ker φ = {g ∈ G | φ(g) = e} é um subgrupo normal de G.
2. φ induz um isomorfismo
G ∼
φ: - H
ker φ
g · ker φ 7→ φ(g)

Intuitivamente, ker φ conta as “repetições” do morfismo φ. Tomando o quociente G/ ker φ (i.e. “compri-
mindo” estas “repetições” a um único elemento) obtemos um morfismo injetor; como φ já era sobrejetor,
obtemos um morfismo bijetor.
Prova Escreva N = ker φ. Temos que se n ∈ N e g ∈ G então φ(gng −1 ) = φ(g)φ(n)φ(g)−1 =
φ(g)φ(g)−1 = e. Logo gng −1 ∈ N para todo n ∈ N , isto é, gN g −1 ⊂ N e N é normal.
Para o item 2, note primeiro que φ está bem definido: se gN = g ′ N então g = g ′ n para algum n e
φ(g) = φ(g ′ n) = φ(g ′ )φ(n) = φ(g ′ ), logo φ não depende da forma como representamos o coset gN .
Temos que
φ(gN ) · φ(hN ) = φ(g)φ(h) = φ(gh) = φ(gN · hN )
o que mostra que φ é um morfismo de grupos.
Como φ é sobrejetor, temos que isto implica imediatamente que φ é sobrejetor e só falta mostrar que
φ é injetor. Para isto, note que se f : G1 → G2 é um morfismo qualquer de grupos, f é injetor se,
e só se, ker f = {e}. De fato, a necessidade é clara; supondo ker f trivial, se f (a) = f (b) então
f (a)f (b)−1 = e ⇐⇒ f (ab−1 ) = e ⇐⇒ ab−1 ∈ ker f = {e} ⇐⇒ a = b, mostrando que f é injetora.
Aplicando este critério para φ temos que

ker φ = {gN | φ(g) = e} = {gN | g ∈ N } = {N }

Ou seja, ker φ é trivial, o que encerra a prova.

def
∼ S1 =
Exemplo 4.4 Considere o subgrupo normal R>0 de C× (que é abeliano). Então C× /R>0 =
1
{z ∈ C | |z| = 1}. De fato, temos que o mapa φ: C → S dado por φ(z) = z/|z| (i.e. o argumento
×

de z) é sobrejetor (pois φ(z) = z se z ∈ S 1 ). É fácil verificar que φ é um morfismo de grupos já que
|zw| = |z| · |w|. Por outro lado, temos que ker φ = S 1 pela definição de S 1 . O resultado segue portanto
do teorema do isomorfismo.
Note que temos uma interpretação geométrica simples para o grupo C× /R>0 : as classes laterais de R>0
são as semi-retas partindo da origem; todos os pontos de uma semi-reta foram identificados a um único
ponto no quociente (deixe de ser preguiçoso, pegue lápis e papel e faça um desenho). Como o argumento
do produto de dois números complexos z e w é igual à soma dos argumentos de z e w (“multiplicar soma
ângulos”) temos que a operação é a mesma de S 1 .

5 Ação de grupo
Definição 5.1 Seja G um grupo e X um conjunto. Dizemos que G age sobre X se existe uma função

G×X →X
(g, x) 7→ g · x

satisfazendo os axiomas:
1. e · x = x para todo x ∈ X;
2. (g · h) · x = g · (h · x) para todo x ∈ X e g, h ∈ G.
Exemplo 5.2 O grupo diedral D4 age sobre os vértices 1, 2, 3, 4 do quadrado, permutando-os. Mas
também age sobre suas arestas 12, 23, 34, 41: por exemplo, temos que σ · 12 = 12, σ · 23 = 41, σ · 34 =
34, σ · 41 = 23.
O grupo diedral ainda age sobre as colorações dos vértices do quadrado: por exemplo, se tomarmos X
como o conjunto de todas as colorações dos vértices do quadrado com 3 cores A, B, C, temos que por
exemplo a coloração ABBC (vértice 1 da cor A, vértice 2 da cor B, etc.) é levada por ρ na coloração
CABB.
6

Exemplo 5.3 (Paridade) Vamos construir um morfismo φ: Sn → Z/2 chamado morfismo pari-
dade. Seja Z[x1 , . . . , xn ] o conjunto dos polinômios com coeficientes inteiros nas variáveis x1 , . . . , xn .
Observe que Sn age em Z[x1 , . . . , xn ] através de permutação das variáveis: definimos τ · f (x1 , . . . , xn ) =
f (xτ (1) , . . . , xτ (n) ) para f (x1 , . . . , xn ) ∈ Z[x1 , . . . , xn ].
Agora, dado τ ∈ Sn , considere o polinômio

def
Y
P = (xi − xj )
1≤i<j≤n

Como τ permuta os conjuntos {i, j}, temos que τ P = ±P . Definimos



0̄ se τ P = P
φ(τ ) =
1̄ se τ P = −P

Uma verificação simples mostra que φ(σ ◦ τ ) = φ(σ)+ φ(τ ) para todo σ, τ ∈ Sn . Por exemplo, se φ(τ ) = 0̄
e φ(σ) = 1̄ temos que (τ ◦ σ) · P = τ · (−P ) = −τ · P = −P , logo φ(σ ◦ τ ) = 1̄ = 0̄ + 1̄. Dizemos τ ∈ Sn
é par se φ(τ ) = 0̄ e ı́mpar caso φ(τ ) = 1̄.
Na prática, é difı́cil determinar a paridade de uma permutação baseada apenas na definição acima. Tal
cálculo pode ser simplificado observando-se que toda permutação é um produto de transposições, isto
é, permutações da forma (kl), e que uma transposição é ı́mpar. De fato, seja τ = (kl) com k < l. Temos
Y
τ ·P = (xτ (i) − xτ (j) ) = −P
1≤i<j≤n

já que neste produto os únicos pares (i, j) com τ (i) > τ (j) são (k, l), (k, j) com k < j < l e (i, l) com
k < i < l. Assim, as trocas de sinais devidas aos pares (k, j) e (i, l) se cancelam e ficamos com uma
única troca de sinal devida ao par (k, l).
Finalmente observe que toda permutação é um produto de ciclos e que todo ciclo é produto de trans-
posições:
(a1 a2 a3 . . . ar ) = (a1 ar )(a1 ar−1 )(a1 ar−2 ) . . . (a1 a3 )(a1 a2 )

Desta forma, se r for par, (a1 a2 a3 . . . ar ) é ı́mpar, e se r for ı́mpar, (a1 a2 a3 . . . ar ) é par.
Agora é fácil determinar se uma permutação é par ou ı́mpar em termos de sua decomposição em ciclos.
Por exemplo, temos que τ = (132)(56) é ı́mpar.

Definição 5.4 Seja G × X → X uma ação de G sobre X e seja x ∈ X. Definimos o estabilizador de


x como sendo o subgrupo de G dado por

def
Stab(x) = {g ∈ G | g · x = x}

Definimos a órbita de x como sendo o subconjunto de X

def
Orb(x) = {g · x | g ∈ G}

Observe que Stab(x) é realmente um subgrupo de G: se g, h ∈ Stab(x) então (g·h)·x = g·(h·x) = g·x = x
e portanto g · h ∈ Stab(x); por outro lado, se g · x = x temos que g −1 · (g · x) = g −1 · x ⇐⇒ (g −1 · g) · x =
g −1 · x ⇐⇒ x = g −1 · x, mostrando que g −1 ∈ Stab(x).

Exemplo 5.5 Considere a ação do grupo diedral D6 sobre o conjunto X de todas as colorações dos
vértices 1, 2, 3, 4, 5, 6 do hexágono regular utilizando 2 cores A, B. Seja x ∈ X a coloração ABBABB e
sejam ρ e σ os geradores de D6 como no exemplo 2.7. Temos que

Orb(x) = {ABBABB, BBABBA, BABBAB}


Stab(x) = {e, ρ3 , σρ, σρ4 }
7

Teorema 5.6 (Órbita-Estabilizador) Seja G um grupo finito e seja G × X → X uma ação de G


sobre um conjunto X. Então, para qualquer x ∈ X,

|G|
| Orb(x)| =
| Stab(x)|

Prova Seja n = | Orb(x)|. Escolha g1 , . . . , gn ∈ G de modo que g1 · x, . . . , gn · x seja a órbita de x. O


teorema segue do fato de que cada elemento g ∈ G pode ser escrito de maneira única como g = gi · h com
h ∈ Stab(x). De fato, temos que g · x = gi · x para algum i, logo gi−1 g · x = x ⇐⇒ gi−1 g ∈ Stab(x), isto é,
gi−1 g = h ⇐⇒ g = gi h para algum h ∈ Stab(x), mostrando a existência desta fatoração. Para mostrar
a unicidade, suponha que gi h1 = gj h2 com h1 , h2 ∈ Stab(x). Como gi · x = (gi h1 ) · x = (gj h2 ) · x = gj · x,
devemos ter i = j pela escolha dos elementos gi . Mas agora temos gi h1 = gi h2 , logo multiplicando por
gi−1 à esquerda concluı́mos que h1 = h2 também.

Exemplo 5.7 Seja G um grupo com |G| = pn para algum primo p e n > 0. Vamos mostrar que existe
um elemento z ∈ G diferente de e tal que zg = gz para todo g ∈ G.
Seja Z ⊂ G o subgrupo formado pelos elementos z ∈ G que comutam com todos os elementos de G. Este
subgrupo é chamado de centro de G; nossa missão é mostrar que |Z| > 1. Defina a ação G × G → G via
def
g · x = gxg −1 para todo g ∈ G e todo x ∈ G. Note que z ∈ Z ⇐⇒ Stab(z) = G ⇐⇒ Orb(z) = {z}.
Como o espaço G é particionado em órbitas, temos pelo teorema anterior que

X |G|
|G| = |Z| +
i
| Stab(xi )|

onde xi ∈ G percorre representantes de órbitas distintas de tamanho maior do que 1. Mas como |G| = pn ,
cada termo no somatório é divisı́vel por p, bem como |G|, logo p divide |Z| ≥ 1, mostrando que |Z| > 1.

6 Lema de Burnside
Definição 6.1 Seja G × X → X uma ação do grupo G sobre conjunto X. Se g ∈ G, definimos o
conjunto fixo de g como sendo o subconjunto de X dado por

def
Fix(g) = {x ∈ X | g · x = x}

Teorema 6.2 (Lema de Burnside) Seja G um grupo finito e seja G × X → X uma ação de G sobre
o conjunto X. O número de órbitas desta ação é dado por

1 X
| Fix(g)|
|G|
g∈G

Prova Primeiramente observe que


X X
| Fix(g)| = | Stab(x)|
g∈G x∈X

pois ambos os lados contam o número de pares (g, x) ∈ G × X tais que g · x = x. Assim a expressão
acima é igual a
X | Stab(x)| X 1
=
|G| | Orb(x)|
x∈X x∈X

pelo teorema da órbita-estabilizador. Mas a última soma é exatamente o número de órbitas, já que cada
um dos | Orb(x)| elementos da órbita de x contribui com 1/| Orb(x)|, logo os elementos desta órbita
contribuem com 1 nesta soma.
8

Exemplo 6.3 (Colorações) Vamos contar o número de maneiras de colorirmos os vértices de um


quadrado com 3 cores se duas pinturas são equivalentes se uma pode ser levada na outra por uma
simetria do quadrado. Na linguagem acima, devemos portanto calcular o número de órbitas na ação de
D4 sobre o espaço X de colorações dos vértices do quadrado com 3 cores.
Temos que calcular | Fix(g)| para g ∈ D4 . Temos alguns casos a considerar:
1. g = e: neste caso, todas as colorações são fixas, logo | Fix(g)| = 34 ;
2. g = ρ, ρ3 : aqui, somente as pinturas com uma única cor são fixas, logo | Fix(g)| = 3 para cada
um destes casos;
3. g = ρ2 : vértices diagonalmente opostos devem ter mesma cor, logo | Fix(g)| = 32 ;
4. g = σ, σρ2 : dois vértices de um mesmo lado do eixo de reflexão podem ser pintados arbitraria-
mente, a pintura dos demais é determinada, logo | Fix(g)| = 32 ;
5. g = σρ, σρ3 : três vértices podem ser pintados arbitrariamente, a pintura do remanescente é
determinada, logo | Fix(g)| = 33 .
Desta forma, temos que o número total de órbitas é

34 + 2 · 3 + 32 + 2 · 32 + 2 · 33
= 21
8

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