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BLUMENAU ~
arte, cultura e as histórias de sua gente
 BLUMENAU
arte; cultura e as histórias de sua gente
_____ (1850 -1~8~

VOLUMEI
 BLUMENAU
arte, cultura e as histórias de sua
 Capa:
Telomar. Florêncio

DigitaçiolEditoraçlo Eletcônica:

Nelson Gomes Capello Júnior

Revisão:
Alfredo Scottinnir e Vilson Nassimento
CG161759

"Somente éfeliz um povo que sabe perpetuar na posteridade as

Catalogação Biblioteca Dr. Fritz, Müeller tradições e os costumes recebidos dos seus antepassados!"
Pedro Calmon
981.642
K84b
Kormann.t Edith
Blumenau: arte, cultura e as, histórias: de sua gente
(1850-1985)/Edith. Konnann. -- Os Colonizadores do Vale do Itajai, além das esperanças de um
futuro melhor na pátr.ia adxuiva, trouxeram em sua bagagem o
4 vols.: il.-- instinto natural de associar-se, sua cultura e seus maravilhosos
pendores artísticos. Blumenau e todo o Vale do Itajai cresceram
1, Blumenau-História 2. Cultura Blumenauense 3. Arte
embalados pelas saudosas canções da pátr.ia distante, pelas' alegres
Blurnenauensc L Ti tulo II. série
peças' teatrais, seufolalore, poesias' e cenas burlescas e ao sabor dos
© Diseitos Resexvados Impresso no Brasil concertos dos conjuntos musicais (bandinhas) que alegravam os
eventos da comunidade.

Edição da Autora
No decorrer do histórico é comum aparecerem nomes alemães
Apoio: alterados e também abrasileirados: Louis - Luiz - Luís; Karl - Carl -
FUNDAÇÃO CATARINENSE DE CULTURA Carlos; Wilhelm - Guilherme; Kurt - Curt; Hermann - Germano e
muitos outros,fato oriundo, geralmente, do envolvimento daspessoas
Av. Rio Branco, 378 - 4°,5° e 6° andar.
com cargos públicos, e a nacionalização/Blumenau.
CEP 88015-20 I - Florianópolis - SC

rol;[ ~ 818!")TE(- aMIIM

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 VOLUMEI

Dr. Blumenau . 13

Histórico de Blumenau.......................................................... 32
- O Vale do Garcia 168
- O Grande Vale das Itoupavas 200
- O Vale da Velha :....................... 253
- O Vale do Testo e Outros 265
- Bom Retiro............................................................................ 274

VOLUME II

Os Templos de Oração.......................................................... 13
Os Nosocômios (Saúde Pública) .........................•................ 75
O Ensino em Blumenau ••••••••••••••••••••.•••••••••••••••••.•••••••••••••••••••• 100
- Colégio Franciscano Santo Antônio 115
- Conjunto Educacional Pedro II 133
- Colégio das Irmãs da Divina Providência 153
- SENAI e SENAC................................................................... 159
- Cursos "Dr. Blumenau'' 161
- Pontinho Estw.lantil................ 162
- Festas Escolares........ 200
- Festa das Crianças "......... 200
- Escotismo........................ 163
Navegação Fluvial................................................................. 176
- Estrada de Ferro Santa Catarina 190
- A Tenacidade dos Construtores das Rodovias 205
- Aviação e o Aero Clube de Blumenau 211

VOLUME III

- Literatura.................................................... 13
- Teatro....................... •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
91
S. D. M. Carlos Gomes. Balé. Clube Germânia 115
- Canto 183
Sociedade de Canto Germânia 192
Sociedade de Canto Liederkranz ; de Blumenau 203
 Sociedade Recreativa e Cultural Lyra , 209
Liga Cultural e Recreativa Vale do Itajaí..; 214
- Músic a...... ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
•••••••••••••••••••
••••••••••••••••227
HINO
Musikkapellén'{bandas __ de música) 231
O Club Musical. 265
Sociedade Musical Lyra de Blumenau 271
Conservatório de Música "Cun Hering'' 274
- Os Italianos no canto, música e teatro .• •.• 282

VOLUME IV

- Artes Plásticas.......... 13
Amsanato............. 44
Fotografia. 45
Cilílema.................................................................................... 54
Folc1ore. 83
Os Nossos Indígenas...................................................... 92
As Cartas. dos Imigrantes (Filatelia)....................................... 97
As Edificações no Contexto Histórico................................... 101
Centro Cultural "25 de Julho" 108
Praça Governador "Hercílio Luz" 110
Fundação Casa "Dr. Blumenau" 125

- Es po rtes... 135
Tabajara Ténis Clube...................... 138
SkGt............. 146
Associação Ginástica Blumenau............................................ 148
O Futebol. _.......... 155
Clubs, Náutico América.......................................................... 159
Clube de Aviação sem Motor Blumenau................................ 162
Bela Vista- "Country Club" 167
SESC...... 170
SES! :....... 173
Guarnições. Militares.............................................................. 178
Nacionalização.. 187
 HINO

t--.- ..•

Dr. Blumenau
*1819 - 'Íi'1899
 DOUTOR BLUMENAU

fundador da cidade, Hennann , Bruno 000 B'lumenau,

O nasceu
dezembro
em Hasselfeld-Alemanha, , no dia 26 de
de 1819, filho mais moço do engenheiro
florestal Karl Friedrich Blumenau e de sua esposa
Christiane Sofie Kegel.. Cursou as primeiras letras na sua cidade natal,
sendo confiado em 1829 ao pastor Gõtting, na localidade de Klein-
Wianigstedt, para prepará-lo para a admissão ao ginásio, época em
que uma grave doença o deisou meio surdo para sempre. Confirmado
em 1834, foi matsiculado no Ginásio Martino-Katharineum de
Braunschweig, Por determinaçãa paterua em 1836, interrompeu os
estudos para ser aprendia; na farmácia de Hampe coahecido Botânico
e musgólogo em Blankenburg e que se dedicava ao comércio de ervas
medicinais e na qual tiaha que trabalhar na primavera desde as quatro
horas da madnngada até as onze horas da noite. Concluiu seu
aprendizado na farmácia de Koch em Erfun, com brilhantismo.
Viajou a pé pela Boémia" Alta. Áustria, Salzburg e Gastein, passando
por Saalfeld e Passau, foi a ErfULt" regressando a Hasselfeld onde
trabalhou na farmácia Gerhard e em Salzufeln na farmácia Brandes.
Em 1842 foi convidado para participar como sócio da fábrica de
produtos químicos que Hennann Trommsdorf instalara em ErflUÍ. Na
casa da família Trommsdorí, Blumenau conheceu e travou relações
com o sábio Alexander von Humboldt e com o célebre naturalista., Dr.
Fritz, Mueller, que, como ele, tinham pendor para a botânica e
ciênsias naturais. O convívio com Humboldt, o viajante e Fritz
Muel1er, o observador, desperraram., em Blumenau idéias de emigrar
para o Brasil, idéias que amadureceram _ numa viagem a Londres a
serviço da fábrica Trommsdorf, quando foi portador de cartas do
químico Justus von Liebig ao professor de química Thomas Graham,
Na ocasião, Blumenau conheceu Johann Jakob Sturtz, Cônsul Geral,
do Império do Brasil na Prússia e encarregado de atrair emigrantes
para o BrasiL. Mais tarde, Sturtz, criou sérios problemas ao Doutor
Blumenau. Ao voltar de Londres, Blumenau desligou-se da fábrica
Trommsdorf, matriculando-se no curso de química da Faculdade de
Filosofia da Universidade: de Erlangen, doutorando-se em 1846,
defendendo tese sobre a1calóides. Durante seus estudos entrou em
contsto com o sábio von Martins e com obras sobre o BrasiL. Após 11

13
publicação do escrito "Emigração e Colonização Alemãs", através do espaço onde foram colocados com cuidado os instrumentos agrícolas
Barão Alexander von Humboldt, Blumenau entrou em entendimentos que iam abrir caminho". Saíram à tarde, quando o sol caía no
com a "Sociedade de Proteção aos Imigrantes Alemães no Sul do horizonte, deixando Itajaí para trás, remando horas e horas, quando o
Brasil" que o nomeou seu procurador para estudar as condições dos Doutor Blumenau resolveu fazer uma parada, era Gaspar, que
Colonos e as possibilidades de novas colónias alemãs no sul do t~J1lpém foi o último ponto de referência antes de entrarem no Vale.
Brasil.. No dia 30 de março de 1846, Blumenau embarcou no veleiro Entretanto, a entrevista; de Manoel Tomaz, referente a sua
"Johannes" para o Brasil e após três meses de viagem apertou no Rio participação na primeira viagem de canoa carece de fundamento,
Grande do Sul, seguindo para Santa Catarina e depois para o Rio de porquanto na época, Manoel Tomaz, contava oito anos de idade e o
Janeiro onde permaneceu de agosto de 1846 até abril de 1847, Doutor Blumenau não levava Julio Bouganh, Marcos Esperem e
entregando tanabérn cartas de recomendações à autoridades do Augusto Keledra.
Império. Para verificar. a situação dos Colonos alemães voltou a Santa Subindo o rio depararam nas margens com as propriedades dos
Catarina e ao Rio Grande do SuL No Rio Grande do Sul visitou São Flores, a Colônia Belga, Pocinho e Belshior, bem como dos Colonos
Leopoldo e outras colónias alemãs e em Santa Catarina trocou idéias alemães provenientes da Colônia de São Pedro de Alcântara, como os
sobre colonização com o Presidente Ferreira de Britto em Desterro e Schrarnm, Deschamps, Wagner, Lukas, Zimmermann e outros. As
em São Pedro de Alcântara, fundada em 1829, com Colonos que famílias Wagner e Lukas tinham boas casas, roças e engenhos de
forneceram informações sobre as terras férteis do Vale do ltajaí.. Após açúcar no local hoje coahecido como "Capim Volta". Ao chegarem à
a viagem, a pé, do Desterro à Freguesia do Santíssimo Sacramento do barra do Ribeirão da Velha, desceram e armaram acampamento. No
Itajaí, adoeceu, tendo que voltar por via marítima até Desterro. dia seguinte, depararam com a queda d'água do Salto e resolveram
Retomou ao Rio Grande do Sul para observações, voltando ao Rio de separar-se. Hackradt explorava o rio do Testo, Itoupava e outros,
Janeiro decidido a explorar as terras do Vale do Itajaí., enquanto o Doutor Blumenau acompanhado de Angelo Dias
Associou-se a Ferdinand Hackradt e do Desterro então capital da continuou até Subida, entrando no rio Benedito até a foz do rio dos
Província, seguiram, para a freguesia do Santíssimo Sacramento do Cedros. O resultado da expedição culminou com uma proposta de
Itajahy, onde foram supridos por Agostinho Alves Ramos, de víveres, colonização do Vale do Itajaí apresentada pelo Doutor Blumenau em
embarcações e um guia. Nos primeiros dias de 1848, iniciaram a nome da Sociedade de Proteção aos Imigrantes Alemães no Sul do
subida de canoa, acompanhados de mais um canoeiro. O Doutor Brasil.. A proposta inicialmente aprovada, foi posteriormente rejeitada
Blumenau, após explorar as terras, estava satisfeito e resolveu voltar .. pela comissão especial constituída na Assembléia do Estado, que
A possível participação dos canoeiros Silvério Francisco Ramos, . apesar de concordar com o Presidente Ferreira de Britto, apresentou
nascido em 1826 e falecido aos 110 anos em 1936, e Desidério Rosa, um substitutivo ao projeto que foi rejeitado em segunda votação,
nascido em 1830 e falecido aos 99 anos em 1929, escravos fazendo com que o secretário da Assembléia Legislativa,
alforriados, arregimentados em Itajaí, conhecidos como os negros encaminhasse ao Presidente Ferreira de Britto um oficio comunicando
mais valentes da época, na primeira viagem do Doutor Blumenau ao "que a Assembléia Legislativa rejeitou o projeto de lei sobre a
Vale do Itajaí são destituídas de fundamento. Entretanto, poderiam ter colonização proposta.. pelo Doutor Blumenau, como representante da
impulsionado a balsa que trouxe os primeiros imigrantes. Companhia Protetora dos Imigrantes Alemães no Sul do Brasil,
O jornal "A Nação" de Blumenau, publicou no dia 22 de abril de estabelecida na cidade de Hamburgo, e julgando a mesma Assembléia
1945, uma entrevista com Manuel Tomaz de 105 anos de idade no que V. Excia. pelas disposições dos decretos provinciais n° 49, de 15
qual ele conta. ter participado da primeira viagem de canoa do Doutor de janeiro de 1836 e n° 79 de 2 de maio de 1839, está autorizado a
Blumenau e outros companheiros na tosca e frágil canoa "João entrar em contato com qualquer particular, ou companhia que
Sacaven". Segundo o relato deixaram Itajaí na canoa "onde somente empreenda a colonização da Província, espera que V. Excia. o fará
sobrava além dos alimentos necessários à demorada expedição e dos com o sobredito Blumenau
objetos indispensáveis para instalação dos ranchos, um pequeno

14 15
 A decisão governamentaL e a dissolução da Sociedade Protetora Sallenthien, Paul Kellner, Julius Ritscher, Karl Wilhelm Friedenreich,
dos Imigrantes Alemães no Sul do Brasil, apesar de abalarem o esposa Minna e as filhas Clara e Alma, Daniel Pfaffendorf, Friedrich
Doutor Blumenau fez com que organizasse a sociedade particular sob Riemer, Friedrich Geier, Erich Hoffman, Andreas Kohlmann e
a razão social "Blumenau & Hackradt'', que adquiriu nas imediações esposa, Johanna Kohlmann e as filhas Maria e Christine, Andreas
do ribeirão Garcia uma gleba de terras, a qual foram incorporadas- Boettscher), que após passarem alguns dias na Alfândega chegaram a
outras, adquiridas de particulares, perfazendo o total de 155.000 ltajaí num iate, e numa balsa improvisada a Belchior, no dia 2 de
jeiras, Após ter conseguido, em junho de 1848, do Presidente da setembro de 1850, sendo transportados por Hackradt e dois caboclos
Província Ferreira de Britto, permissão para demarcar as terras nas até a foz do ribeirão da Velha, Na ocasião alguns imigrantes foram
imediações do ribeirão Garcia (sem título definitivo) o Doutor abrigados na casa do Doutor Blumenau e outros alojados em ranchos
Blumenau mandou para Hackradt que ficara na barra do ribeirão da próximos, inclusive seu sobrinho Reinhold Gaertner, Posteriormente,
Velha" instruções e dinheiro para instalar a Colônia e pagar a foi constrnído um rancho para abrigar de 80 a 100 pessoas para alojar
construção de ranchos, engenhos, roças e adquirir terrenos vizinhos futuros imigrantes até construírem suas casas. Hackradt que ficara
particulares. Em setembro, o Doutor Blumenau embarcou para a encarregado de preparar o local para receber os primeiros imigrantes
Alemanaa, chegando a Hamburgo em novembro, tratando logo de era negligente, não correspondendo à confiança que o Doutor
aliciar, colonizadores, o que foi ditlcil, principalmente após a Blumenau nele depositara. Insistindo em retirar-se da sociedade
publicação em 1836, na Alemanha, do livro de Theodor Bêsche que pediu, além do capital na sociedade, juros e gratificação pelos
esteve no Brasil alguns anos servindo no batalhão de alemães, o 3 ° de serviços prestados, apesar da serraria mal constrnída que estava
Granadeiros, aquartelado na Praia Vermelha e que criticava e prestes a rnir, as plantações quase nulas e o pasto invadido por ervas
ridicularizava os nossos homens e coisas dizendo que: "Tudo o que a daninhas.
natureza fez no Brasil é bonito e admirável; tudo que o homem fez Com a saída de Hackradt em 15 de outubro de 1850, o Doutor
não vale nada". Após muitos esforços, o Doutor Blumenau conseguiu Blumenau tomou-se o único proprietário da empresa. Em 1851, o
dezessete patrícios, contando com seu sobrinho Reiahold Gaertner Doutor Blumenau foi para o Rio de Janeiro e conseguiu o empréstimo
que o auxiliou muito nos primeiros anos da Colônia e a que~ confiou de dez contos de réis do Governo Imperial, com um termo de contrato
o embarque dos dezesseis colonizadores. Voltando para o Brasil, ao bastante rigoroso, cujo texto é o seguinte: "Termo de contrato e ajuste
.desembarcar no Rio de Janeiro foi à casa do seu amigo Schsoeder,
I que na forma da autorização conferida pelo Artigo quarenta e oito da
onde lhe entregaram várias, cartas, três com notícias desagradáveis, a Lei número trezentos e setenta e nove, de dezoito de setembro de mil
morte de seu pai, a notícia do seu fracasso amoroso (a moça com que oitocentos e quarenta e cinco faz o Governo Imperial com o Doutor
pretendia casar-se teve medo de viajar para o Brasil) e a carta, de Hermann Blumenau para a importação e estabelecimento de famílias
Hackradt pedindo dinheiro, dizendo ainda deixar a sociedade. As alemãs, que contenham pelo menos duzentos Colonos, debaixo das
canas fizeram o Doutor Blumenau despachar seus negocies e seguintes condições:
embarcar num veleiro, que ao transferir sua hora de partida, deixou o 1° - O Empresário Doutor Hermann Blumenau se obriga a fundar
Doutor Blumenau no Rio de Janeiro, ficando sua bagagem a bordo. O em terras de sua propriedade, sitas à margem do rio Itajaí Grande, na
Doutor Blumenau tentou alcançar o veleiro com um bote, porém foi Província de Santa Catarina, uma Colônia agrícola e industrial
obrigado a voltar. seguindo somente quatorze dias depois, composta de famílias alemãs, por si e seus agentes engajados na
encontrando toda sua bagagem jogada num quintal exposta.. às Europa, que contenham pelo menos duzentos Colonos.
intempéries, as plantas perdidas e o resto da bagagem desfalcada e 2° - Para os gastos da importação dos referidos Colonos se
estragada, Doutor Blumenau chorou de raiva. Com todos esses obriga o Governo Imperial a adiantar desde já ao Empresário a
problemas, chegaram à capital da Província, a bordo do veleiro quantia de dez contos de réis, correndo porém, por conta e risco do
"Christian. Mathias Schroeder" os 17 primeiros imigrantes mesmo Empresário, todas as despesas que fizer tanto com a
contratados pelo Doutor Blumenau (Reinhold Gaertner, Franz: impor-tação dos Colonos, como a fundação e estabelecimento da

16 17
Colônia, sem que em tempo algum possa reclamar do Goveruo algum
outro auxílio ou indenização, que não seja o adiantamento que ora lhe
faz, dos mencionados dez contos de réis.
3° - O Empresário se obriga a reembolsar a quantia aSSIm
adiantada em três pagamentos, os dois primeiros de três contos de réis
e o terceiro de quatro, por letras que aceitará a dois, três e quatro
anos; hipotecando desde já a segurança do reembolso todas as terras e
estabelecimentos, que possui à margem do rio Itajaí Grande.
4 ° - O Governo Imperial fiscalizará se são fielmente executadas
as condições dos contratos celebrados entre o Empresário e os
Colonos, sendo para esse fim obrigado o Empresário a remeter à
Secretaria de Estado dos Negócios do Império, uma cópia das
condições do contrato, que fizer com cada Colono, e a enviar todos os
semestres por intermédio da Presidência uma exata e fiel exposição
do estado da Colônia.
5° - Obriga-se mais o Empresário, logo que a Colônia esteja
definitivamente fundada, a manter nela uma escola de primeiras letras
para o ensino da mocidade, e a proporcionar aos Colonos os meios
necessários para a prática dos exercícios religiosos, tendo o maior
cuidado em que não falte o pasto espiritual, principalmente aos que
professarem a religião católica.
6° - Dentro do prazo de dezesseis meses, contados da data do
presente contrato, terá o Empresário importado cinqüenta Colonos,
dentro de dois anos cem e no fim de três anos terá importado pelo
menos duzentos, e estará a Colônia definitivamente montada, sob
pena de ser obrigado ao imediato reembolso da soma adiantada,
dando-se por vencidas todas as letras que ainda o não estejam. Em fé
do que se lavrou este Termo, assinado pelo Ilustríssimo
Excelentíssimo Senhor Visconde de Montalegre, Conselheiro de
Estado, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretário de
Estado dos Negócios do Império, e pelo dito Empresário Doutor
Hermann Blumenau, nesta Secretaria do Estado de Negócios do
Império,'; em vinte e um de fevereiro de mil oitocentos e cinqüenta e
um. - Visconde de Montalegre. - Dr. Hermann Blumenau. "
Os termos do contrato demonstram as dificuldades enfnentadas
pelo Doutor Blumenau com a falta, de elementos dispostos a virem
para a Colônia em face da propaganda negativa pregada, inicialmente
por Theodor Bõsche, e depois por Johann Jakob Sturtz, destituído das
funções de Cônsul Geral do Império do Brasil na Prússia. Segundo
estatísticas, somente no ano de 1856 o Doutor Blumenau conseguiu
18
cumprir o art. 6° do contrato. Em 1850 entraram os primeiros
dezessete imigrantes, em 1851-8; 1852-110; 1853-28; 1854-139;
1855-41; 1856-294. Destes aproximadamente 30% não
permaneceram na Colônia.
Em situação precária, o Doutor Blumenau conseguiu empréstimo
de amigos e particulares até receber a quantia aproximada de oito mil
thalers, provenientes da sua parte na herança que lhe coube pelo
falecimento do seu pai. No Rio de Janeiro, comprou maquinaria para
um engenho de açúcar, e num leilão, algumas colmeias de abelhas, 75
mudas de frutas provenientes do sul da França. Despachou o que
havia adquirido no valor de dois mil thalers aos cuidados de um
amigo, num brigue, com destino a Santa Catarina, seguindo alguns
dias depois, porém o brigue foi aprisionado por um vaso de guerra
inglês e levado para Santa Helena, apesar de não traficar escravos.
Depois de muitas reclamações, conseguiu reaver duas colmeias e
umas três plantas, porém, perdeu o engenho de açúcar .. Referindo-se a
notícia da morte da mãe que recebeu antes de embarcar para o Rio de
Janeiro, o Doutor escreveu numa carta a um amigo "Tal foi minha dor
que, por muito tempo, deixei-me invadir de uma apatia e um
desânimo que não sei como não me perdi".
Com os imigrantes de 1852, chegaram a Colônia, o sábio Dr.
Fritz Mueller, seu irmão August e o professor Ferdinand Ostermann.
No mesmo ano, foram abertas picadas à margem direita do
ribeirão Garcia e em 28 de agosto, distribuídos os primeiros dez lotes
de terras entre os Colonos. Também foi iniciada a abertura de uma
picada que partia da barra do ribeirão da Velha, seguia até Salto
Weissbach, acompanhando a margem direita do rio Itajaí, hoje rua
e São Paulo. De 17 a 19 de outubro de 1852, o Doutor Blumenau
recebeu a visita do Diretor da Colônia Dona Francisca (Joinville),
G.W. Schroeder em companhia de Otto Niemeyer que subiram o rio
de canoa. Em dezembro desse mesmo ano, quando o Doutor
Blumenau achava-se no Desterro, sua propriedade foi atacada por
J !. - --, 1 e Ostermann escreveu uma carta ao Doutor Blumenau,
datada de 29 de dezembro de 1852, narrando o acontecido: - "Velha,
29 de dezembro de 1852. Prezado Senhor Doutor. - Um importante
acontecimento obriga-me a escrever-lhe esta carta. Ontem à tarde,
depois da hora do descanso e de haver tomado café, fui ao jardim
plantar feijão, enquanto os meus companheiros Schramm e Toepsel se
ocupavam em limpar as suas espingardas e em recarregá-Ias.
Enquanto estavam nesse mister, ainda brincavam dizendo: 'Se os
19
 ,..
Jffi(hll

bugres vierem nos atacar, estamos às ordens'. De repente OUVIram. estado gravissimo, Mandei, sem demora, chamar o senhor
gritos vindos da roça de mandioca. Schramm foi ao dormitório, que Friedenreich, para ver o moribundo. Antes porém de ele chegar, o
ficava em cima, para ver o que se passava e viu três bugres no alto do bugre faleceu. Era uma figura alta, robusta. Tinha aproximadamente
rancho de secar tijolos e telhas. Tomou rapidamente da espingarda 20 anos e, no lábio inferior, trazia um pedaço de madeira,
carregada e correu em direção aos bugres. Estes recuaram um pouco. caracterjstica da tribo dos botocudos. Transportamos o cadáver e
Neste momento, aos chamados de Schramm, deixei o jardim e entrei demos-lhe sepultura. Avisei o comandante do destacamento dos
em casa. Schramm procurou, então, falar aos bugres, por mímica, soldados de Belchior para mandar percorr.er os vales do 'Velha' e do
largando a espingarda no chão mostrando-lhes um ramo verde como 'Garcia'. Comunicando estes fatos, observo que aqui continuamos
sinal de paz. Os três bugres conferenciaram entre si. O cacique, que se sempre com coragem e trabalhando para adiantar a Colônia.
achava dentro da plantação e dali dirigia o assalto, ordenou-lhes e Esperando suas ordens, ou seu pronto regresso, subscrevo-me com
mais a outros que se achavam escondidos, que atacassem a casa e os estima (ass.) F. Ostermann".
moradores. q ~~gr~.~! 1vançaram e Schramm levantou a arma do O Doutor Blumenau, sua empregada Lisette, filha de Hertnann
chão. Nesse rnrenrn ;IOepsel havia carregado as restantes espingardas Schrarnm, Ostermann e Gaertner moravam nos ranchos da barra do
existentes. Eu e a criada Lisette, 9~lí~~~ 11 muito assustada, ribeirão da Velha, propriedade particular do Doutor Blumenau e que
apressamo-nos em ir de canoa até a éfi10ót'a"{flltã""'d5Garcia", para não fazia parte da concessão obtida do Governo Provincial.,
chamar os homens ali ocupados. No lugar "Velha" achavam-se, no Em 1853, com os imigrantes chegaram Hermann Wendeburg,
momento do assalto, só quatro homens. Embarcamos na canoa sete Julius Baumgarten e Franz Keiner, primeiro farmacêutico da Colônia,
homens, entre os quais Fritz Deschamps e Friedenreich. Os restantes formado em Weimar e que veio com a esposa e uma filha,
seguiram por terra até a "Velha". Quando chegamos perto do lugar do estabelecendo-se em 1854.
assalto, ouvimos alguns tiros. Schramm e Toepsel tinham recuado de O excesso de trabalho, os desgostos, quase levaram o Doutor
propósito, até o sótão da casa nova para animar os bugres a se Blumenau a desistir dos seus planos de colonização, porém, a
aproximarem. Existia pouca pólvora e chumbo e era preciso gaahar perseverança fez com que seus objetivos se concretizassem e em
tempo até que chegassem os homens do "Garcia". Cinco bugres princípios de 1854, foi para o Rio de Janeiro a fim de solicitar novos
aproximaram-se apressadamente da casa, entraram na sua sala, adiantamentos, comprometendo-se em trazer, nos próximos dez anos
examinaram a mobília e começaram a carregar, com muita alegria, para a Colônia, quatro mil Colonos europeus, constrnir a estrada entre
tudo quanto lhes parecia bom. Ressoou, neste momento, um tiro, a Colônia e o porto de Itajaí e um caminho para a serra até encontrar a
partido do sótão da casa e um dos bugres foi ferido no ombro. O estrada que ligava São Paulo e Curitiba até a Província de São Pedro.
ferido e os demais assaltantes, com gritos e lamentos, abandonaram, No dia 11 de janeiro de 1854, na corte, escreveu uma carta a um
precipitadamente a casa, entrando na roça de mandioca. Enquanto amigo na Alemanha, referindo-se muitas vezes ao seu amigo e
fugiam, atiraram muitas flechas, visando os atacantes das janelas da naturalista Dr. Riedel, que explorou o norte do Brasil, que o auxiliou,
casa, felizmente sem ferir ninguém. Schramm e Toepsel atiraram e que velho e cansado se encontrava no Rio de Janeiro.
também contra os fugitivos, ferindo dois deles. Um caiu, mas Escreveu, também, que assim que o governo o auxiliasse,
auxiliado por seus companheiros; pôde entrar. na roça de mandioca e, voltaria aos estudos, usando os aparelhos de astronomia,
dali, no mato. Como já fosse noite fechada, deixamos de perseguir os meteorologia, química e as coleções que ainda estavam encaixotadas
bugres. Os homens que comigo vinham do Garcia, chegaram pouco desde 1850. Pedia indicar. obras literárias, cientificas e sobre
depois da fuga dos bugres e pernoitaram conosco no "Velha". Perto jardi-agem em alemão ou francês l.Jj-Ifrcomo obras de Saint'Hilaire e
da casa e nas imediações da roça, encontramos quatro arcos e oito Martius, Informações sobre sericijlffra, plantação de amoreiras e a
flechas. Ao romper do dia 29, principiamos, com a assistência de remessa de sementes de plantas úteis, belas e exóticas. Também
Schramm, a perseguir os bugres. Entrando no mato, logo atrás da foram comentários o ataque dos botocudos ao seu rancho à barra do
plantação de mandioca, achamos um bugre ferido, sem sentidos, em ribeirão da Velha, os grandes temporais e as enchentes. Nessa mesma

20 21
carta o Doutor Blumenau escreveu que estava prestes a abandonar d'Aragão, Cavalheiro da Ordem de Christo, Ofisial da Imperial
tudo e desenvolver suas atividades na África Portuguesa, Filipinas ou Ordem da Rosa, Fidalgo Cavalheiro da Casa de Sua Majestade O
Índias, onde o campo fosse mais favorável, caso o Governo não Imperador do Brazil e seu Consul Geral do Reino de Haunover, Gran
colaborasse. Porém, o fundador "não temia contrariedades, pois Ducados de Oldenburg, Mecklenburg Schweoin e Mecklenburg
apesar dos pesares, a Colônia progredia" e, segundo suas palavras: - Strelitz, e nas Cidades Hanseaticas de Hamburg, Lübeck e Bremen -
"seria doloroso, para mim, abandonar, assim, uma terra que já Por este documento, confirmamos que o Dr. Hermann Blumenau,
recebera a minha afeição e o meu suor". natural de Hasselfeld, Gran Ducado de Braunschweig, é possuidor de
Em 1856, o Doutor Blumenau naturalizou-se brasileiro. O teor todos os direitos de cidadão brazileiro, exercendo as funções de
da carta de naturalização é o seguinte:(Ortografia original) Diretor da Colonia Blumenau, no Imperio do Brasil e onde esta.
O Doutor João Jose Coutinho, Commendador da Imperial domiciliado. Assinado: Consulado Imperial Geral do Brazil em
Ordem da Rosa, Cavalheiro da de Christo, e Presidente da Provincia Hamburg, em 29 de maio de 1866. - Pp. Barão Von Linchton, Vice-
de Santa Catharina, consul". O documento comprova ser o Doutor Blumenau, cidadão
Faço saber aos que esta carta de Naturalização virem, que, brasileiro pelos relevantes serviços prestados a S.M. Imperial e por
atendendo a ter declarado na Cam ara Municipal de Porto Bell O querer ser Diretor e Fundador da Colônia Blumenau.
ser Cidadão Brazileiro o Doutor Hermann Blumenau, natural da Em 1856, o Doutor Blumenau publicou na Alemanha o livro
Allemanha, solteiro, da Religião Evangelica, Colono residente na "Deutsche Kolonie Blumenau in der Provinz S. Catharina in Sued
Colonia Blumenau, o reconheci em virtude do artigo terceiro do Brasilien" com 60 páginas e impresso por J. Froebel em Rudolstadt,
Decreto Numero sete centos e doze de dezasseis de Setembro de mil No mesmo ano Reinhold Gaertner volta. de sua viagem a Alemanha
oito centos e cincoenta e trez, Cidadão Brazileiro Naturalizado, o qual como Cônsul do Ducado de Braunschweig.
gozara de todas as honras, direitos, privilegios e mais funções que A distância entre a sede da Freguesia do S.S. Sacramento de
pela Constituição e Leis do Imperio, são e foram concedidos aos Itajaí e a Colônia Blumenau fez com que em maio de 1859, fosse
Cidadãos Brazileiros Naturalizados. Pelo que mando a todas as criado o Distrito de paz, na Colônia, sendo determinado que a eleição
autoridades e subditos do Imperio e a quem mais pertencer, que para os juízes fosse na época das eleições gerais em 1860. Com a
reconheção e tenhão o dito Doutor Hermann Blumenau como Cidadão assinatura desse ato, em setembro, pelo presidente João José
Brazileiro Naturalizado. Em frrmeza do que lhe mandei passar esta. Coutinho, que deixou o Governo Provincial, o Doutor Blumenau viu
Carta, de Naturalização, que sendo por mim assignada e sel1ada com o desanuviarem-se as relações entre a Colônia e a Província. O
SellO das Armas do Impeno se cumprira inteiramente como n'ell a se Presidente João José Coutinho alimentava certa animosidade contra o
contem, registrando-se na Secretaria do Governo e na Camara Doutor Blumenau e a sua obra, pois não gostava dos imigrantes
Municipal da Vila de Porto Bel1o. Dado no Palacio do Governo da estrangeiros, mormente dos protestantes, que o fundador introduzia
Província de Santa Cathanna, aos dezanove dias do mes d'abril de mil em Santa Catarina. Além de não lhe dirigir uma palavra de conforto e
oitocentos e cincoenta e seis (1856). João Jose Coutinho". Por estímulo quando o fundador mais necessitava de apoio e orientação, o
despacho de Sua Excellencia de 18 de abril de 1856. - O Secretário da Presidente João José Coutinho não perdia a oportunidade de
Província (ass.) Manoel da Costa Pereira - Registrada a fls. 30 do desprestigiá-lo.
Livro respectivo. Secretaria do Governo de Santa. Catharina, 19 de Em 1859, o Instituto Livre Alemão de Alta Cultura da "Casa de
abril de 1856 (ass.) Jose Caetano Cardozo. - Prestou hoje juramento Goethe" em Frankfurt, conferiu ao Doutor Blumenau, o título de
que lhe foi deferido pelo Exmo. Snr. Presidente da Provincia mestre e sócio honorário em reconhecimento às realizações em prol
Secretaria do Governo de Sta. Catharina, 26 d'Abril de 1856 (ass.) da Cultura e pelo bem da humanidade.
Manoel da Costa Pereira". No dia 13 de janeiro de 1860, o Doutor Blumenau entregou, após
Em 29 de maio de 1866, o Consulado Imperial Geral do Brazil prévios entendimentos com o Governo Imperial, a Colônia que
em Hamburg emitiu o documento a seguir: "Dr. Francisco Moniz fundara, sendo o acordo assinado em nome do Governo Imperial por

22 23
Manoel Felizardo de Souza e Mello, Conselheiro de Estado e Diretor premio, Este fato contribuiu para eliminar na Europa as prevenções
Geral das Terras Públicas e pelo fiscal interino Inácio Alvares de contra a colonização brasileira.
Azevedo, continuando como Diretor até a emancipação da Colônia e Quando ainda estava na Alemanha, o Doutor Blumenau foi
ver instalada a Câmara em IOde janeiro de 1883. agraciado pelo governo Imperial com o Diploma de Comendador da
A Colônia passou a ser administrada por - "Instruções por que se Ordem da Rosa.
tem de reger a Colônia Blumenau", e o seu Diretor, conforme o Em ortografia original o teor do Diploma: "Dr. H. Blumenau.
Artigo primeiro perceberia quatro contos de réis anuais. Eu, o Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil vos
O Doutor Blumenau como Diretor da Colônia a administrava Envio muito saudar. Querendo Dar-vos um publico testemunho de
com o mesmo entusiasmo e carinho como se fosse sua, e zelando Minha Imperial Consideração pelos serviços que prestastes a
pelos Colonos, escreveu várias cartas ao Presidente da Província, Comissão brasileira junto a Exposição Universal de Paris no armo de
solicitando policiamento contra o ataque dos indígenas, pois um 1867:, Hei por bem Nomear-vos Comendador da Ordem da Rosa. E
ala-e .~ família Holler 70, Garcia, ala-ou _a povoação'A e-tretanto o Nosso Senhor vos Tenha em Sua Santa Guarda. Escripto no Palácio
ressarclmétttú . dos preJUIZOS pela Direeãn da Colônia causou do Rio de Janeiro, em dezasseis de maio de mil oitocentos e sessenta
repercussão positiva entre os imigrantes, considerando que somente a e oito, quadragesimo setimo da Independencia e do Imperio (ass.)
dona da casa foi ferida, não havendo mortes. Imperador Pedro. Jose Joaquim Fernando Souza - Para o Dr. H.
Com a campanha difamatória que Sturtz e outros faziam na Blumenau".
Alemanha contra a emigração para o Brasil, o número de imigrantes Em 1875, mais uma vez o governo Imperial reconhece as
diminuiu e o doutor Blumenau preocupado, em 18 de março de 1865, realizações e caráter íntegro do Doutor Blumenau à frente dos
partiu para a Europa com o apoio do Govemo, a fun de combater as destinos da Colônia, e o nomeia Conselheiro. da ordem de N .S. Jesus
intrigas demonstrando com o seu testemunho e o de outros alemães Christo. É o seguinte o teor do título em ortografia original: "Dom
que estiveram em Santa Catarina da falsidade contra a "província Pedro por Graças de Deos e Unanime Aclamação dos Povos
mais linda da Aménica''. Em 1867 aumentou o número de imigrantes, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil, como Grão
e o Doutor Blumenau viu a Colônia que fundara ser premiada na Mestre da Ordem de N.S. Jesus Christo. Faço saber aos que esta-
Exposição Mundial de Paris para a qual Wendeburg, "mandou, para Minha Carta virem que attendendo aos relevantes serviços que por
nela figurarem, relatórios, quadros estatísticos, mapas, amostras de ocasião do recenseamento da população da província de Santa
produtos coloniais e manufatuzados na Colônia, curiosidades da sua Catharina prestou o Dr. Hermann Blumenau. Hei por bem Nomeai-o
fauna e flora", e o prêmio especial de dez mil francos e a grande Conselheiro da dita Ordem, pelo que lhe Mandei passar a presente a
medalha de ouro foi conferida ao estabelecimento e ao seu fundador qual depois de prestado o juramento de estilo sera sellada com o Sello
de acordo com o regulamento do júri da exposição que no TiL 4, Art, das Armas Imperiais. Dada no Palacio do Rio de Janeiro, em vinte e
30, diz literalmente: "Institui-se uma classe especial de prêmios para trez de junho de mil oito centos e setenta e cinco quinquagesimo
pessoas ou fundações ou povoados que, pela organização geral ou por quarto da Independencia e do Imperio. (ass.) Imperador Pedro".
meio de instituições adequadas contribuam para o bom Carta pela qual Vossa Majestade Imperial Ha por bem Nomear
relacionamento entre todos e o bem-estar dos trabalhadores, tanto Conselheiro da Ordem de N.S. Jesus Christo o Dr. Hermann
moral e intelectual, como fisicamente. Estas recompensas, Blumenau como acima declara.
compreendem dez prêmios, num total de 100.000 francos e vinte - Para Vossa Majestade Imperial Ver. Por Decreto de 27 de
menções honrosas". Ao jun, foi apresentado um folheto janeiro de 1875.
comemorativo, descrevendo a Colônia Blumenau desde a fundação Prometteo obediencia a sua Magestade o Imperador e a Patsia,
com farto documentário sobre o seu progresso, a situação atual com Terceira Directoria da Secretaria d'Estado dos negocios do Imperio
todos os pormenores, o que fez com que a Colônia Blumenau, por em 17 de julho de 1875.
assim dizer, representasse todas as colónias do Brasil e recebesse o

24 25
 -o Diretor Interino A. Midasi .. - Regdo. a fls. 29 do Livro Prevendo a elevação da Colônia a Município, o Doutor
competente. Diretoria da Secretaria d'Estado dos Negocios do Blumenau determinou a dispensa de vários empregados na direeãn da
Imperio, em 17 de julho de 1875. (ass.) Sarmento Jor, - Nr. 4 - Pg. Colônia.
Sessenta milreis - 60$000 de sello. Recebida em 21 de julho de 1875 Na época, influenciados talvez pela próxima elevação da
(ass.) Gamacho. Reg. Livro 1350 - Pg. cincoenta milreis de Colônia a Município, autoridades judiciárias e policiais locais,
emolumentos. Rio, 22 de julho de 1875. Certa. Jose Ribeiro Sarmento achavam desnecessário dar satisfações ao fundador, apesar_ dos seus
Jor. a fez."!. Na ocasiao, também foi agraciado, Hermann trinta anos como Diretor e ser o fundador da Colônia, entretanto, o
Wendeburg, que dirigiu a Colônia durante a estada do Doutor Doutor Blumenau continuava sendo respeitado e admirado pelo
Blumenau na Europa. Governo Imperial e da Província.
Em Hamburgo, o Doutor Blumenau conheceu Bertha Luize Blumenau progredia, e nos relatórios o Doutor Blumenau insistia
Repsold, filha de um fabricante de instrumentos astronômicos, com para que o Governo Imperial decretasse a emancipação da Colônia e a
quem se casou em abril de 1867, aos 47 anos de idade. No dia 4 de sua elevação a Município, o que ocorreu com a aprovação da Lei
maio de 1868, nasceu seu primeiro filho, Peter Hermann (Pedro,' em n" 860 de 4 de fevereiro de 1880. Em 20 de abril do mesmo ano, o
homenagem ao Imperador Pedro II seu amigo), que foi uma das Decreto Imperial n? 7.693, emancipava a Colônia.
vítimas da Grande Guerra. O Doutor Blumenau, preparava o que fosse necessário para
Voltou da Alemanha no dia 23 de novembro' de 1869, com a transferir à Câmara que fosse eleita e empossada todos os serviços e
esposa e o filho, chegando a Blumenau acompanhado de Hermann encargos da Colônia, quando a grande enchente de 22 para 23 de
Wendeburg que os fora receber em Itajaí.. A partir de então o Doutor setembro de 1880, sustou a instalação que foi adiada para 10 de
Blumenau viveu uma vida mais descansada. janeiro de 1883. Nessa enchente, o Doutor Blumenau perdeu a arca
Em fevereiro de 1870, nasceu sua filha Christine, em dezembro_' que trouxera da Alemanha com sua documentação particular e que foi
de 1871, a filha Gertrud e em março de 1874, o filho Otto G. H. encontrada alguns dias depois no barranco do ribeirão Garcia. Um
Blumenau, que faleceu pouco depois do nascimento e está sepultado pouco antes da instalação, pelo Decreto Imperial n" 8.454 de 18 de
no cemitério da Comunidade Evangélica de Blumenau - Centro. março de 1882, a Colônia Blumenau (inclusive Rio do Sul, que não
Em 1878, a imigração foi diminuta, e os métodos exagerados fora incluída no decreto anterior) foi declarada emancipada, sendo a
.tomados pelas autoridades como fumigação de alcatrão, etc... como 17 de janeiro do mesmo ano, por determinação do ministério,
medida profilática para casos suspeitos de febre amarela em Itajaí, dissolvida a dire~ da Colônia e dispensados o diretor e respectivos
suscitaram reclamações não só do Doutor Blumenau, mas também auxiliares (Wendeburg não presenciou a dissolução, pois falecera um
dos imigrantes. ano antes).
E mais uma vez - "o júri de qualificação da Exposição Mundial No dia 14 de agosto de 1882, a família do Doutor Blumenau
de Filadélfia e o da IV Exposição Nacional do Rio de Janeiro regressou à Alemanha, e ele a acompanhou até o Rio de Janeiro,
conferem altos prêmios a vários expositores da Colônia Blumenau". voltando em seguida para a entrega dos documentos relativos a sua
Em 1879, o Doutor Blumenau entra em choque com o escsivão administração e regularização dos seus negócios particulares. Após
da Colônia e posteriormente com o juiz de paz Dr. Fritz. Mueller, por ver instalada a Câsnara, o Doutor Blumenau partiu no dia 15 de
exigir o cumprimento fiel das determinações goveruamentais no agosto de 1884, para juntar-se à família na Alemanha. Na véspera de
registro de nascimentos e óbitos ocorridos na Colônia. sua partida, os amigos, liderados pelo padre Jacobs, prestaram ao
abnegado pioneiro,' tocante homenagem de despedida com discurso e
um acróstico pelo Padre Jacobs, e ainda o documento a seguir,
assinado pelos presentes:
"1 o - Que este Município deve ao Doutor Blumenau, pelos 40
I Blumenau em Cadernos Tomo XX fls. 307 e 308
anos de esforços e grande atividade que desenvolveu, gratidão eterna;

26 27
 2° - Que este Município deve agradecer a sua fundação e o futuro embolsando o lucro da venda, mas tal procedimento não deixa de ser
grandioso que o aguarda, ao seu iniciador, por muitos anos, diretor, velhacaria que blumenauenses não vão querer imitar."
Doutor Hermann Blumenau e, finalmente, O falecimento do Doutor Blumenau ocorrido no dia 30 de
3 ° - Que estas conclusões deverão ser publicadas pela imprensa, outubro de 1899 em Braunschweig, aos 80 anos de idade, causou
para coahecimento de todos." grande consternação em Blumenau. Foram realizados cultos e
No mar, a bordo do Paquete Alemão "Strassburg'' em 21 de celebradas missas, e a câmara municipal realizou a sessão solene para
setembro de 1884, o Doutor Blumenau enviou uma cana a S.M. homenageá-lo. O Dr. José Bonifácio da Cunha, além de mandar
Imperial D. Pedro II, cujo teor é o seguinte: "Senhor! Vossa publicar uma poliantéia, escreveu um artigo publicado no
Majestade Imperial se dignou ajuntar as muitas provas da sua alta. "Blumenauer Zeitung", que em novembro de 1899, se concretizou
benevolencia, com que me tem honrado e distinguido, ainda o com o lançamento da pedra fundamental do monumento ao Dr.
presente do seu augusto retrato. Agradeço com profundo acatamento e Blumenau e imigrantes (na praça Governador "Hercilio Luz"), no dia
de coração tão preciosa dadiva, que até o fim dos meus dias me será 02 de setembro de 1900 e que foi inaugurado do dia 31 de maio de
uma das mais caras lembranças em qualquer parte do mundo, a que o 1903.
bom ou mau fado acaso me levar ainda, hei de lega-lo ao meu filho No dia 14 de abril de 1904, o Presidente da Câmara Municipal,
como estímulo, que lhe ensine que provas tais de benevolencia e leu um oficio da firma Probst & Filhos, dizendo que por delegação
apreço não se granjeiam e merecem senão por uma longa vida dos herdeir.o.s do Dr. Blumenau estavam à disposição do Município,
honrada e laboriosa. E esperando e desejando que este atual três terrenos localizados na Ponta Aguda, dois deles para escolas, um
adolescente no seu tempo volte a esta sua Patria como homem
instruído e prestimoso, ouso recomenda-lo a augusta benevolencia e
I
rara o cemitério, além de áreas para ruas e praças públicas.
Quando o Dr. Blumenau veio para o Brasil já pertencia à
proteção de V. M., esperando igualmente que della se tome maçonaria, inscrito na loja "Apsalon zu den 3 Nesseln" de Hamburgo,
merecedor e digno como bom e útil subdito de V. M. e cidadão. tendo fundado em Blumenau no dia 24 de junho de 1870, a loja "Zur
Retiro-me profundamente comovido desta minha bella Patria Friedenspalme". Em 1883, quando foi instalado o município, a "Zur
adoptiva, em que passei os dias mais felizes, como tambem os mais Friedenspalme" tinha como mestre o Doutor Blumenau; Wilhelm
tristes de minha vida. Teria desejado deixar um dia minhas cinzas no Scheeffer e Friederich van Ockel- 1° e 2° vigilantes; F. Bockelmann-
torrão em que derramei muito suor; mas tenho de curvar-me aos secretário; Louis Altenburg Senior, Gustav Salinger e Peter Christian
ditames do destino. Feddersen - irmãos.
Meu derradeiro e íntimo desejo, perdendo - e com VIvas Por ocasião do lançamento da pedra fundamental da casa de Carl
saudades - de vista o "gigante que dorme", é que as mais benignas Meyer e Gustav Spierling, no dia 10 de agosto de 1863, o "Kolonie
estrellas iluminem ainda por longos, longos annos os preciosos dias Zeitung" menciona a existência, na época, de diversas sociedades,
de V. M. para felicidade e gloria de sua augusta família e da dizendo inclusive que "somente a maçonaria até esta data não
esperançosa terra de Santa Cruz! conse gniu pro gredir satisfatoriamente. "
De Vossa Majestade Imperial o muito reverente e fiel subdito - A maçonaria funcionava mais como uma associação em face da
Hermano I Blumenau." falta de oficialização, e os seus integrantes se reuniam secretamente
A franqueza e a integridade do Doutor Blumenau se fazia sentir para os rituais que eram realizados de acordo com o ritual Schroeder,
mesmo à distancia da Colônia que fundara. Mantinha correspondência A oficialização ocorreu por parte das Grandes Lojas de Hamburgo,
com amigos residentes em Blumenau e numa carta, ao ser informado que também fornecia os certificados, quando o Doutor Blumenau já
da apropriação indevida de uma área que destinara a uma praça se encontrava na Alemanha, no dia 24 de junho de 1885. Para instalar
pública escreveu: "É verdade que os trapaceiros X e Y roubaram o a loja, no dia 30 de julho de 1884, os membros da loja "Zur
terreno destinado a uma praça publica na margem esquerda do Garcia, Friedenspalme" enviaram uma carta ao Doutor Blumenau, solicitando
a área de terras que o Doutor Blumenau pretendia doar' para constrnir,

28 29
o templo. Como a associação ainda não era reconhecida, o Doutor QUE TALVEZ ~ÃO CONSEGUIRAM MUITOS ESTADESTAS
Blumenau respondeu que o faria quando a loja fosse oficializada. Na NOSSOS QUE. SO NO BRONZE SE PERPETUARAM".
ocasião, sugeriu que a loja deveria ser teuto-brasileira - "Zur
Friedenspalme" e Palma da Paz, o que deveria ser caracterizado
através dos timbres dos carimbos e dos selos. A loja funcionava na
casa n" 516 da rua Itajaí e que mais tarde foi adaptada para um asilo
de velhos.
Por ocasião do falecimento do Doutor Blumenau a "Zur
Friedenspalme" mandou fundir em bronze plaquetes que foram
gravadas, por Max v. Kawaczynski, com a seguinte inscrição: HERM.
BRUNO orro BLUMENAU Dr. Phil.. 25-12-1819 - 31 Oktl899.
(datas do nascimento e morte do fundador de Blumenau).
Após o falecimento do Doutor Blumenau a loja esteve paralisada
por muitos anos.
A fotografia do Doutor Blumenau que se acha no salão nobre da
Prefeitura Municipal foi feita em Braunschweig - Alemanha, - pelo
fotógrafo Josef Raab no início de 1900, encomendada pelo
"Blumenauer Zeitung". Veio com moldura especial dourada e em
abril do mesmo ano, achava-se na alfândega de São Francisco do Sul,
aguardando o pagamento das taxas aduaneiras. Foi inaugurada por
ocasião do 50 aniversário da fundação de Blumenau.
0

Em 1940, no local da fundação da cidade, a figura do Doutor

Blumenau foi eternizada em estátua de bronze, pelo então Prefeito
Professor José Ferreira da Silva.
No ano do sesquicentenárin da imigração alemã no Brasil, em
solenidade especial, no dia 2 de setembro de 1974, foram
transladados os restos mortais do Doutor Blumenau para o Mausoléu,
mandado construir pelo então Prefeito Municipal Felix Christiano
Theiss. O Mausoléu ocupa uma área de 338,56 rn~, tendo no centro
um bloco de quatro umas para os restos mortais do Doutor Blumenau
e familiares.
A solenidade contou com a presença do Governador do Estado,
além de autoridades federais, estaduais e municipais, e grande massa
popular que aguardava na Rua XV de novembro, o cortejo, que vinha
precedido de dezessete figuras, simbolizando os primeiros imigrantes
que apodaram em Blumenau. As solenidades foram abrilhantadas
pela Banda Marcial de Petrópolis.
Referindo-se à grandiosa obra do Doutor Blumenau, disse o
historiador professor José Ferreira da Silva: "FEZ PELO BRASIL, O

30 31
 HISTÓRICO DE BLUMENAU
m1850, as primeiras famílias que vieram com o Doutor
E Blumenau limitavam-se a encontros semanais em casa de
vizinhos onde os homens jogavam "S.KAT" e as mulheres se
euniam em "Kraenzchen" (pequeno círculo) para conversar
sobre os assuntos da semana, notícias recebidas da Alemanha,
bordados, crochê, costuras, filhos, plantações, etc.
Apesar da distância entre os moradores, pois as famílias se
estabeleceram em lotes nas margens do ribeirão Garcia, margem
direita do Itajai-Açu até Salto Weissbach, e pela margem esquerda do
rio Itajaí-Açu até Itoupava Norte, os Colonizadores, nos dias de
guarda, sob a orientação do Doutor Blumenau, se reuniam para os
cultos religiosos. De 1852 em diante os cultos passaram a ser
orientados pelo professor Ferdinand Ostermann e depois pelo Pastor
Hesse que chegou a Blumenau em 1857. Nesses encontros é bem
provável que os Colonizadores já formassem pequeno grupo que se
dedicava ao canto, teatro e música. Entretanto, a vida social e artística
da Colônia começou verdadeiramente com a fundação da Sociedade
de Atiradores em 1859 que concentrava todos os eventos da
Comunidade. "Suas festas eram acontecimentos marcantes na Colônia
e o relato de um dos Colonizadores, publicado em 1903, mostra o
quanto os mesmos eram entusiastas e participantes". Após a fundação
da Sociedade de Atiradores, entrou em pleno funcionamento, em
1860, a Sociedade Teatral Blumenau (Sociedade Teatral "Frohsinn" e
atual S.D.M. "Carlos Gomes") que funcionava anexa à Sociedade de
Atiradores e que durante os festejos da mesma apresentava sempre
um espetáculo teatral. Essas sociedades se formaram, quando
Blumenau tinha apenas 749 habitantes, sendo 394 homens e 350
mulheres. Em 1851, nasceu Ida, a primeira blumenauense, filha de
Karl Wilhelm Friedenreich e esposa.
É evidente, pelo grande número de sociedades fundadas nos
primevos de Blumenau, que na época o instinto natural de associar-se
era imprescindível, como forma de sobrevivência. O Doutor
Blumenau apoiava esses instintos e no Relatório de 1853,já sugeria a
organização de um Conselho Comunal para discutir e resolver
32
problemas da Comunidade, fato que se concretizou, quando
Blumenau tinha apenas 25 famílias. Tudo era resolvido pelo Conselho
e o Diretor da Colônia tinha direito a um voto.
Apesar de solidários uns com os outros, os Colonizadores
tiveram que enfrentar os verdadeiros donos e habitantes das terras - os
indígenas - que os atacava de surpresa levando-os, às vezes, ao
desespero. Paul Kellner foi um dos dezessete primeiros imigrantes
que apartaram em B 1umenau e uma das primeiras vítimas dos
indígenas. Kellner, pensando em negócios de maior vulto, não se
limitou a um simples lote colonial, adquirindo uma área maior na
margem do rio Itajaí-Mirim entre Itajaí e Brusque e, quando estava
preparando o terreno para' instalar seu engenho de serra, com mais
dois trabalhadores, foi atacado pelos indígenas. Para socorrer os
assaltados, deslocaram-se para o Itajaí-Mirim o Doutor Blumenau e o
Dr. Fritz Mueller. Em carta datada de 12 de maio de 1856 ao amigo
Lamprecht, o Dr. Fritz Mueller relatou a ocorrência: - "A 9 de
novembro de 1855, o meu amigo Paul Kellner estava ocupado,
juntamente com um trabalhador belga e outro suíço, nas suas terras do
Itajaí-Mirim, algumas horas para cima do último morador, fazendo
um açude para o seu engenho de serra. Depois do meio dia, ele já
havia carregado o primeiro carro e estava carregando o segundo,
quando o belga, de repente gritou: 'Olha os bugres!' Kellner voltou-se
e viu, a poucos passos diante dele, numa pequena elevação, uns oito
indivíduos cor-de-cobre, nus, que, com o maior sangue frio deste
mundo retesavam os seus arcos. O forte e audacioso Kellner avançou
para eles ameaçando-os com uma pá; um dos bugres pulou para trás,
enquanto outro rebatia a pá com o arco, logo depois de ter disparado
uma flecha, destinada ao peito de Kellner, mas que lhe perfurou o
braço direito, pouco abaixo do ombro, ao mesmo tempo, os seus dois
companheiros caíam varados por flechas. E, enquanto Kellner corria
para casa, que ficava a uma distância de uns oitenta passos, foi
atingido nas costas, por um segundo flechaço. Ele gritou pela mulher
do suíço, para que lhe trouxesse uma espingarda. A mulher, porém,
apavorada, desorientada veio com um tição acesso. Ele mesmo foi,
então, buscar a espingarda e, com as duas flechas, de mais de um
metro de comprimento, cravadas no corpo, conseguiu ainda dar cinco
ou seis tiros nos bugres que, escondendo-se por detrás dos troncos do
mato, desapareceram. O suíço tivera o coração varado por uma flecha
e morrera instantaneamente. O belga, que era o mais alto e o mais
forte dos três, fora atingido por duas flechas de pontas de ferro, as
33
quais, enteando pelas costas, cravaram-se na parede interior do peito.
Kellner e a mulher do suíço conseguiram colocá-lo na canoa e o
primeiro pós-se a remar rio abaixo, com grande dificuldade. Em
viJ:tlLde dos grandes ferimentos que recebera, ele, certamente, não
teria alçançado o vizinho mais próximo, um engenho de serra em
Águas Claras, se depois de remar, mais ou menos, um quarto de hora,
não lhe viessem ao encontro o seu irmão mais moço com dois outsos
homens. Assim, chegaram a Águas Claras, onde, no mesmo dia à
noite, o belga morreu. Kellner deixou que lhe arrancassem a flecha.
Três homens tiveram que puxá-Ia com força, pelas costas, pois a farpa
havia se prendido a uma costela e esta teve que ser quebrada. Só mais
tarde eu consegui reajustá-Ia. No dia seguinte, o ferido foi
transportado para a Barra do Rio, onde um amigo o acolheu e o tratou
em sua casa. De Águas Claras, subiu-se o rio até o terreno de Kellner,
onde se dera o assalto. Verificou-se que as caixas e malas haviam sido
arrombadas; armas, ferramentas, vestidos e roupa branca tudo havia
desaparecido. A farinha fora espalhada e os sacos também haviam
sido levados. Um grande garrafãn de cachaça estava intacto, sobre a
mesa. O relógio de parede fora atirado à rua, diante da porta e
marcava as seis e meia, possivelmente a hora em que o tinham tirado
do lugar., Também, um violino ainda ali estava. Um tabuleiro de
xadrez fora levado e o cachorro havia desaparecido, provavelmente
comido pelos bugres. O corpo do suíço fora despojado da vestimenta.
Kellner reagiu bem aos ferimentos e, em pouco tempo, recuperou-se
e, desde o novo ano de 1856, continuou a construção do seu engenho
de serrar., O presidente da Província indenizou-o com 500 milréis".
(De uma carta ao Senhor Lamprecht, de 12 de maio de 1856). O
Doutor Blumenau e o Dr. Fritz Mueller foram chamados. Ambos
cuidaram do ferido e foram bem sucedidos, porém quando tentaram
voltar para a Colónia Blumenau, a 17 de novembro, um forte
temporal e a enchente provocada pelo rio Itajaíl-A<,Ú,Ique foi uma das
maiores e durou três dias, os deteve na Barril do Rio. Somente no dia
23, do mesmo mês, com cinco remadores começaram a Viagem no
acima,
Em 1856, o Doutor Blumenau adquiriu terras de propriedade de
Bento Dias em Gaspar, mandou dividi-las em datas urbanas,
deslocando para esses lotes todo o movimento comercial de Belchior
e Arraial do Pocinho. A criação, pela Lei 509 de 25 de abril de 1861,
da freguesia de São Pedro Apóstolo com sede na povoação de Gaspar,
34
distante quinze quilómetros de Blumenau, acelerou o
desenvolvimento da Colónia e as relações com as autoridades.
Junho de 1859, no porto do Rio de Janeiro, estava ancorado um
veleiro que viera da Europa repleto de emigrantes alemães. No
convés, quase deserto, uma mocinha debruçada na amurada, envolta.
em pensamentos, contemplava a cidade, quando um homem de meia
idade, óculos de grossas lentes e temo de brim a tirou dos
pensamentos, perguntando se o seu destino era Blumenau e, ao
responder afirmativamente com um sinal de cabeça", o homem que a
interpelara disse-lhe em tom irónico: - "Mas olhe! E bom que saiba
desde já que lá não há bailes, teatros, concertos ... " - e se afastou
apressado. Alguns meses depois, a menina criticada pelo Doutor
~ 1umenau, pois fora ele que a interpelara no veleiro, passava
diariamente diante da casa do fundador, não com o belo vestido à
última moda e sim vestida de chita com uma enxada ao ombro em
companhia do pai para a roça. A mocinha, mais tarde, casou-se com
Viktor Gaettner, sobrinho do Doutor Blumenau ... era Rose Gaettner,
O primeiro sapateiro que veio para Blumenau foi Hindlmayer e
que não exerceu a profissão porque todos andavam descalços. O
calçado era artigo de luxo e só usado aos domingos ou grandes
ocasiões e mesmo assim alguns usavam tamancos. O Doutor
Blumenau o empregou como jardineiro.
Para realizar o trabalho de implantação da Colónia, Ferdinand
Hackradt, sócio do Doutor Blumenau, utilizou-se do trabalho escravo,
conforme ficou registrado pelo próprio Doutor Blumenau - "De nove
negros que ele comprou com o meu capital, existiam apenas dois; os
outros ou fugiram, ou foram seduzidos pelos patrícios e vizinhos".
Entretanto, na proposta. de Colonização que o Doutor Blumenau
submeteu ao governo Provincial, em 1848, como representante da
Sociedade de Protecãn aos Imigrantes, consta entre outros artigos o
seguinte: "Art, 12° - Fica desde já e para sempre proibida a entrada de
escravos nas terras concedidas pelo Governo à Companhia e seus
Colonos, para se empregarem em serviço de qualquer natureza nessas
terras, ou em serviços domésticos, proibição esta que se estende às
aquisições de terras devolutas nacionais que de futuro houverem de
fazer a Companhia ou os Colonos, e que fica também autorizada a
Companhia, de impor, conformando-se às circunstâncias especiais,
nas terras particulares que comprar, ou adquirir por qualquer outra
título. Nunca poderão entrar escravos no serviço da Companhia, nem
das pessoas estabelecidas nas terras concedidas pelo Governo à
35
Companhia e a seus Colonos e nenhum proprietário de qualquer
parcela destes terrenos poderá ficar ao mesmo tempo dono de
escravos" .
Complementando, o Art. 13° diz: "Para execução do Artigo
antecedente deverá o Governo Provincial organizar de acordo com os
agentes da Companhia, um Regulamento Interno das Colônias, em
que, o qual há de marcar o prazo, que nas terras da Companhia ou dos
Colonos, podem demorar-se os escravos dos viandantes das pessoas
que a negócio a elas forem, e estabelecerá multas adequadas, em que
incorrerão os infratores, se a estada dos escravos exceder o prazo
marcado, ou se estes se ocuparem em outro serviço que não seja
doméstico para o seu Senhor, ou amo durante o prazo marcado".
O Doutor Blumenau não aprovava a escravidão, pois além dos
artigos constantes da proposta de Colonização pela Sociedade de
Proteção aos Imigrantes, o Art .. 40° do Regulamento da Colônia,
proibia radicalmente a introdu-ão de escravos na Colônia.
Apesar dos artigos não', possuírem força de Lei, o Doutor
Blumenau, enquanto dirigiu a Colônia, zelou pelo cumprimento das
disposições. Entretanto, Pedro Wagner, que residia no Vale do Itajaí
antes da chegada do Doutor Blumenau, possuía alguns escravos, entre
eles, uma escrava de nome Perpétua a quem Pedro Wagner deu
liberdade no dia 28 de setembro de 1883. Enquanto o Doutor
Blumenau dirigiu a Colônia não houve um só caso de introdução e
comércio de escravos em Blumenau. Em 1880, quando a Colônia foi
emancipada e o Doutor Blumenau não mais a dirigia, foi realizada a
transação de compra de um escravo, cuja escritura foi lavrada no
Livro de Notas n'' 13 - fls. 16 a 17 do 10Tabelião da cidade em 13 de
maio de 1882. O teor da escritura, em ortografia original, é o
seguinte: "Escriptura de venda d'um escravo de nome Camillo que a
Pedro Wagner faz Donna Alexandrina Maria da Conceição pela
quantia de seiscentos milreis, na forma abaixo:-
SAIBAM quantos este publico instrumento de escriptura de
venda virem, que sendo no Anno do Nascimento do nosso Senhor
Jesus Christo de mil oitocentos e oitenta e dois, aos treze dias do mez
de maio do dito anuo, nesta Freguezia São Paulo de Blumenau, em
cartorio comparecerão presentes partes havidas e contractadas, como
vendedora Donna Alexandrina Maria da Conceição representada por
seu bastante procurador Polidorio Dias de Moura, que por isso
exhibio a divida e legal procuração feita pelo Tabellião Tavares da
cidade de Itajahy no Livro de Notas Numero vinte, folhas vinte e
36
nove verso, e como comprador Pedro Wagner, moradores d'este
districto, reconhecidos pelos proprios de que dou fé. E pelo mesmo
procurador da vendedora foi dito, em presença de duas testemunhas
abaixo nomeadas e assignadas, que a Donna Alexandrina Maria da
Conceição é senhora e possuidora de um escravo de nome Camillo,
solteiro, cor parda, natural d'esta província, lavrador de quarenta
annos de Idade mais ou menos, e por que o possui livre e
dezimbaraçado de qualquer penhora ou hypotheca, com todos os seus
achaques novos e velhos, vende como de facto vendido tem, de hoje
para sempre por meio D'esta ao comprador Pedro Wagner, por preço
da quantia de seiscentos milreis RS600$000, o que lhe foi entregue
pelo Dito comprador em moeda corrente D'este Imperio, pelo que lhe
dava plena e geral quitação de pago e satisfeito para mais em tempo
algum lhe não ser pedida por si e nem por seus herdeiros; e que toda a
posse, domínio e senhorio, que no dito escravo tem tido todo cede e
trepassa para a pessoa do comprador, que o gozara como seu que fica
sendo por bem d'esta. E pelo comprador foi dito que aceitava esta
escriptura de venda a elle feita, e desde ja se dava por empossado do
referido escravo Camillo. Pagou o comprador a siza na Collectoria
das Rendas provinciaes como consta de Certidão do teor seguinte -
Guido von Seckendorff, Escrivão interino das rendas provinciaes de
Blumenau. Certifico que o Senhor Pedro Wagner pagou hoje nesta
Collectoria a quantia de quarenta milreis de siza pela compra a
Polydorio Dias de Moura, procurador de Donna Alexandrina Maria da
Conceição do Escravo Camillo. Collectoria das rendas provinciaes de
Blumenau, treize de maio de mil oitocentos e oitenta e dois. Guido
von Seckendorff. E de como assim o disserão, outorgarão e
prometterão cumprir e guardar pediram a mim Escrivão lhes fizesse
esta escritura em meu livro de notas; O que fiz por me cumprir e de
tudo dou fé; E como pessoa publica stipulo e aceito em nome dos
outorgantes e de quem mais o deva ser aos quaes esta li e por acharem
como outorgado, havião, assignarão todos com as testemunhas
presentes Ricardo Voigt e Hermano Baumgarten, meus conhecidos.
Augusto Gloeden Junior, Escrivão de Paz e escrevi e assigno em
publico e raso. - Em testemunha (sinal da Cruz, da verdade). - O
Escrivão de Paz Augusto Gloeden Junior, Polydorio Dias de Moura,
Pedro Wagner, R. Voigt, Hermano Baumgarten. "Nada mais nem
menos se continha" em a referida escriptura da qual bem e fielmente
fiz extrair a presente certidão, reportando-me ao original em o citado
livro em meu poder e cartório, do que dou fé. Eu, Benjamin
37
Margarida, Tabelião, que a fiz datilografar, dou fé, subscrevo e Gaspar, além da serra do Espigão nas cabeceiras do no Itajaí do
as signo em publico e raso." Esta. foi a única transaçãe feita no período Oeste.
de 1882 até 13 de maio de 1888, data. da libertação dos escravos. A Colônia Blumenau foi particular até 13 de janeiro de 1860,
Blumenau não teve problemas com a Lei Áurea, pois ao longo da sua quando passou, depois de várias negociações, a ser Colônia Imperial..
história havia um ou outro escravo pertencente a Pedro Wagner, e O contrato foi assinado por Manoel Felizardo de Souza e Mello,
uma escrava que morreu tuberculosa antes da Lei Áurea, pertencente Conselheiro de Estado e Diretor Geral das terras públicas, e pelo
a Flores Filho. fiscal interino Inácio Alvares de Azevedo, em nome do Governo
Apesar da Comunidade negra ser uma minoria, pois o Vale do ImperiaL. A Colônia, conforme vontade do Imperador, continuou com
Itajaí foi colonizado por europeus, em 1960 foi fundada em Blumenau o nome de Blumenau. O Doutor Blumenau sentiu-se aliviado, e
a "Associação Catarinense dos Homens de Cor", liderada pelo cantor comprometeu-se a apresentar um orçamento das despesas que iam ser
de rádio, Avandiê de Oliveira que se intitulava Príncipe Negro. Em feitas em face da oficialização da Colônia, bem como os Estatutos
nome da associação, Avandiê instituiu o concurso "Miss Mulata" que que a regeriam. Entre os dados do orçamento o Doutor Blumenau
tinha como respaldo o jornal "Colored", para divulgar o concurso e incluiu tudo o que viesse a beneficiar a Colônia e os Colonos,
fatos sociais da Comunidade negra catarinense. O "Colored" tinha esquecendo a sua própria comodidade. Nos Estatutos sugeniu que
como subtítulo: "Órgão Mensal do Concurso 'Miss Mulata'. em Santa permanecesse a proibição da escravidão não só na administração,
Catarina". O jornal, orientado por pessoas incapazes, só serviu para porém, de modo especial, entre os Colonos.
ridicularizar. a Comunidade negra, o que poderá ser confmnado, em Ao transferir a Colônia para o Governo Imperial, esta contava
ortografia original, no trecho a seguir extraído do "Colored": com 943 habitantes, dos quais 553 homens e 390 mulheres, sendo 64
"Caríssimos, se Deus quiser, haveremos de levar nos lares das pessoas de religião católica e 879 protestantes. 716 habitantes
famílias de cor de todo o Brasil, este jornal inédito mesmo do estavam constituídos em &171 famílias e os restantes 227 eram
concurso Miss Mulata Sta. Catarina, uma coisa digo a vocês, a única solteiros, estranhos a essas famílias. Foram auxiliares do Doutor
finalidade deste jornal, é de verdadeira assistência ao Certame, e o Blumenau, na época: Hermann Wendeburg - secretário e guarda
mundo social de cor de Santa Catarina, fazendo coberturas de livros; Hans Breithaupt- agrimensor; Rudolph Oswald Hesse - pastor;
casamentos, festas, bailes, e outras promoções de primeira grandeza Viktor von Gilsa - professor e Karl. Wilhelm Friedeur.eich
no estado, país e exterior". E na última página do número um do subdelegado de polícia.
"Colored" a manchete: - "Blumenau, cidade das louras, deu a S. Em 1862, o Doutor Blumenau enfrentou sérios problemas
Catarina um concurso para as mulatas". O jornal foi impresso nas quando C.W.E. Schadrack e outros Colonos tentaram se apossar de
oficinas do "Lume", era ilustrado e seu primeiro número circulou no terras para fms de especulação.
dia 13 de setembro. de 1962; o segundo, em 13 de dezembro; o C. W. E. Schadrack, ao ver negadas suas pretensões pelo Doutor
terceiro, em fevereiro de 1963 e o quarto, em novembroLdezembro de Blumenau, enviou um abaixo assinado ao Presidente da Província,
1963, sendo que o último númera. apareceu como n° 6 e o nome de "O Conselheiro Vicente Pires da Motta, acompanhado de requerimentos
Kings" com o subtítulo: - Um órgão de aproximação a Bem Coletivo dos Colonos Carl Peneder, Friedrich Riemer, Carl Kühne, Bauer e
da União Catarinense dos Homens de Cor". Apesar de reduzida em Heinrich Mordhost, que instigados por C.W.E. Schadrack, também se
B 1umenau, a Comunidade negra teve o ferroviário Románo da propuseram a comprar terras devolutas situadas no ribeirão Itoupava,
Conceição Badia, eleito vereador. requerimentos estes, que foram, indeferidos devido às informações do
No dia 7 de maio de 1859, foi criado o Distrito de Paz de Doutor Blumenau. C. W. E. Schadrack, na petição enviada ao
Blumenau, em face da Lei n" 74 de 2 de maio de 1837. O território foi Presidente da Província criticou a administração do Doutor
desmembrado da freguesia de Itajaí e compreendia quase toda a bacia Blumenau, relatando ainda o projeto que tinha em mira para as terras
do Itajaí, desde o ribeirão das Minas, divisa dos municípios de Itajaí e que pretendia adquirir. As pretensões de C.W.E. Schadrack não se
concretizaram o que pode ser deduzido da carta. que o Doutor

38 39
Blumenau enviou ao Presidente da Província em 19 de junho de 1862, Blumenau sobre a compra de terras, que segundo carta enviada ao
cujo teor transcrevemos: - "Para refutar, cabalmente, a representação Presidente da Província, para fins de especulação. Entretanto, - "em
de Schadrack, eu devenia entrar no desenvolvimento dos princípios da 23 de setembro de 1861, adquiriu uma casa de Gustav Meuche por
colonização em geral e escrever uma memória. As suas aleivações e 200$000, pagando ao Doutor Blumenau o valor do terreno. Carl
malignas insinuações e setas envenenadas são incapazes de me Wilhelm Eduard Schadrack voltou para a Alemanha aonde retomou
alcançarem e ferirem e hão de refletir no próprio autor, que, para com a família, permanecendo em Blumenau até maio de 1875,
merecer crédito e confiança, não devia ter mentido com tão insolente voltando novamente para a Alemanha com a família aonde
descaramento, como, do contrário de suas asserções em grande parte, permaneceu até 1895, tendo a sua propriedade, adquirida de Gustav
realmente mentiu na representação citada. E se V. Excia. assim me Meuche, ficado alugada para a família Avé-Lallement e depois para a
permitir, pelo que me havia explicar, muito obrigado a V. Excia. de família de Hercilio Luz onde nasceu o Dr. Amadeu Felippe da Lur".
desmascarar e confundido na própnia presença de V. Excia. "Vender a Durante longos anos a religião oficial do Brasil era a católica, o
cada um especulante quantas terras ele quiser no lugar por ele que invalidava perante as leis brasileiras os casamentos realizados em
escolhido". Sim, é esta a senha de todos os land-sharks ou tubarões de outras confissões religiosas. Entcetanto, essa situação foi regularizada
terras, como os chamam os americanos! Que alguns especulantes pelo Decreto n? 3069 de 17 de abril de 1863, ordenando o registro de
escolham e adquiram a vil preço as melhores terras, contanto que casamentos, nascimentos e óbitos. O Doutor Blumenau cientificou os
teaharn dinheiro, pouco importa; o Estado é que pagará as custas, e os moradores da Colônia da necessidade do cumprimento do Decreto,
Colonos e emigrados pobres, que vão mais longe ao pagar aos pois - "a não observância do mesmo e não registo) destes casos, trará
especulantes 500 ou mil por cento de lucro, quando se quiserem infalivelmente infelicidade a muitas famílias e perda de herança;
estabelecer! Para porém tirar a malevolência, qualquer pretexto de outros beneficios dependerão, igualmente, deste registro, que mais
queixa, terei a honra de propor a V. Excia. um expediente, que não tarde somente poderão obter com grandes despesas, dificuldades e
deixará de satisfazer a todas as exigências razoáveis, sem contudo gasto de tempo, levando a processos dispendiosos". O Doutor
deixar o campo inteiramente livre à perniciosas especulações e sem Blumenau informou ainda que assim que o decreto entrasse em vigor
destruir o plano geral desta Colônia, até hoje seguido pelo Governo e os livros chegassem, que o registo) dos casamentos seria feito na
Imperial, nem tomar ilusório e aniquilar o regulamento estabelecido secretaria da Direção da Colônia com a apresentação da certidão de
pelo mesmo, que se estende de direito também sobre as terras em batismo assinada pelo Pastor, enquanto que os nascimentos e óbitos
questão. Se pois importa tanto aos suplicantes, comprar na indicada seriam registrados em livro competente pelo Juiz de Paz, que
localidade, porém ser satisfeitos conforme o regulamento e deverão forneceria comprovante, único documento que teria validade perante
comprá-las a Direção desta Colônia, com a diferença porém de que um Tribunal do país. A partir de l° de junho de 1895, o casamento
todas as localidades, situadas fora do plano geral, deverão pagar tudo civil, por decisão da Câmara Municipal de Blumenau era gratuito,
à vista. e se comprometer a estabelecer caminhos e as pequenas: pontes sendo cobrados somente os selos; a Prefeitura Municipal os pagava
regulares, às suas próprias custas e sem reclamarem auxílio ou fundos para os pobres.
da Direção ou do Governo, até que a localidade em questão entre no Em 1863, os cantores dirigidos pelo Pastor Hesse, fundaram a
plano geral da colonização. A diferença consiste então em que no raio Sociedade dos Cantores da Colônia Blumenau. Mais tarde, o boião
compreendido no plano geral, as terras podem ser vendidas a crédito e praticado por homens e mulheres formou grupos paralelos às
que nestas logo se estabeleçam bons meios de comunicação, estradas, Sociedades de Atiradores e de Canto, e no mesmo ano começaram a
pontes, etc. ; ficando subsistindo no resto as mesmas condições e aparecer as primeiras Sociedades Escolares, criadas e mantidas pela
preços, como o regulamento os estabeleceu. Deus guarde a V. Excia. - Comunidade, sendo abertas as duas primeiras escolas particulares. No
Colônia Blumenau - 19 de junho de 1862".
Carl Wilhelm Eduard Schadrack, após ter viajado a cavalo da
2 Frederico Kilian - Blumenau em Cadernos -janeiro de 1985.
Venezuela ao Chile onde atravessou os Andes, visitou a Argentina e o

40 41
 aparecer as primeiras Sociedades Escolares, criadas e mantidas pela
Comunidade, sendo abertas as duas primeiras escolas particulares. No
dia 3 de outubro de 1863, o Pastor Hesse, numa de suas crônicas que
remeteu ao "Kolonie Zeitung" de Joinville, escreveu, referindo-se a
Kolonie Blumenau que - "o espiritual e a vida social deram um
grande passo em conjunto (tritt in einem Kultur), uma Sociedade de
Cantores (Gesangverein), um Grupo Teatral (Liebhabertheater) e uma
já importante Sociedade de Atiradores (Schuetzengesellschaft). O ano
de 1863 marcou, também, no dia 19 de julho, a fundação da "Kultur
Verein". Esta sociedade não tinha caráter recreativo, pois tinha como
finalidade principal orientar os Colonos na prática da agricultura e
pecuária. Participaram da "Kultur Verein", o naturalista Fritz
Mueller, o químico Wilhelm Eberhard, o professor August Mueller
(irmão de Fritz Mueller), o químico Doutor Blumenau, o entomólogo
e médico homeopata Karl Wilhelm Friedenreich e muitos outros. A
"Kultur Verein" tinha como meta principal melhorar a economia rural
e as condições sociais, econômicas e culturais de Blumenau. "Para
alcançar esses fins, a sociedade se propunha a promover reuniões
periódicas sobre assuntos científicos relacionados com o cultivo da
terra, organizar sessões para a troca de idéias entre os Colonos e
consultas sobre os temas de maior interesse agrícola, fazer exposições
locais e participar das que se realizassem no país e mesmo no
exterior". A "Kultur Verein" pode ser considerada a mais importante
impulsionadora do desenvolvimento da Colônia Blumenau e, apesar
de não ser considerada sociedade recreativa, vez por outra, realizava
excursões com os associados e familiares, onde não faltavam a
música, o canto, as cenas cômicas e a dança.
No mesmo ano, o Doutor Blumenau escreveu uma carta
(28/12/1863) ao Diretor Geral das Terras Públicas, Dr. Bernardo A.N.
de Azambuja, pedindo cinqüenta mudas, ou pequenos pés enraizados
de amoreira, para introduzir na Colônia a criação do bicho da seda.
Em falta de um jornal próprio, as notícias de Blumenau eram
enviadas pelo Pastor Hesse ao "Kolonie Zeitung" de Joinville e, no
dia 2 de abril de 1864, o Pastor Hesse comentou que - "além da
Sociedade de Cantores de Blumenau, outra surgiu no Alto Itajaí,
porém, como o nome já diz "Geselligerverein", mais tarde chamada
de "Freundschaftsverein" (Sociedade da Amizade), com tendências
mais amplas e dirigida pelo Senhor Scheidemantel".
Em face da reduzida imigração em 1864, em grande parte devido
a contra propaganda feita na Alemanha por Johann Jakob Sturtz e a
42
fim de cumprir a promessa feita ao Governo Brasileiro, o Doutor
Blumenau resolveu ir pessoalmente à Europa, após ter conseguido a
licença do Governo Provincial para ir a Corte e expor seus problemas.
Obtendo da Corte os recursos necessários e nomeado representante do
Governo Brasileiro junto aos Estados Alemães, o Doutor Blumenau
voltou para a sua Colônia, deixando Hermann Wendeburg na direção
da mesma, viajando em março de 1865 para a Europa, sem esquecer,
antes de viajar, de protestar contra a pretensão de certos elementos em
fundar uma Colônia com elementos nacionais nas imediações da
Freguesia de Gaspar, evitando assim a subdivisão da área e
preservando a qualidade dos Colonos, suas aspirações e ideais de
vida.
Enquanto o Doutor Blumenau estava na Alemanha, Hermann
Wendeburg que o substituía na direção da Colônia, preparou tudo
para que a Colônia Blumenau participasse da Exposição de Paris em
1867, mandando relatórios, mapas, estatísticas, curiosidades da fauna
e flora e um dos doze prêmios mais importantes, a grande medalha de
ouro e dez mil francos em dinheiro, foram concedidos a "Kolonie
Blumenau" e ao seu fundador. Também ao "Kultur Verein" foi
concedida a medalha de bronze ao nosso café na exposição de
Amsterdam, no dia 17 de novembro de 1883. Blumenau ainda
participou de muitas outras exposições a nível estadual, nacional e
internacional.
Em 1865, um grupo de imigrantes fundou a "Kranken
Unterstuetzungsverein" (Sociedade de Assistência Mútua em
Enfermidades ).
A direção da Colônia funcionava no prédio de Karl Wilhelm
Friedenreich. Emjunho de 1865, um incêndio danificou seriamente os
compartimentos em que trabalhavam o agrimensor e seu ajudante.
Como Friedenreich não dispunha de dinheiro para recuperá-lo, o
Doutor Blumenau solicitou ao Governo Provincial que fosse feito um
empréstimo à Friedenreich, pela Diretoria da Colônia, para ser pago
em dois anos, mediante o desconto de aluguéis de 50$000 Rs. por
trimestre.
O fato marcante do ano de 1865 foi a formação do BATALHÃO
DE VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, organizado por Colonos
blumenauenses. Estes seguiram para o Desterro no dia 5 de outubro e
em seguida para o Paraguai, sendo comandados por Viktor von Gilsa
que servira no Exército Nacional como capitão e lutara contra a
independência do Uruguai em 1851; Tenente Emil Odebrecht e os
43
Alferes Karl Wilhelm Friedenreich, Guido von Seckendorff e Julius
Sametzki. A maior parte dos voluntários eram sócios da Sociedade de
Atiradores e o característico chapéu de aba quebrada para cima do
lado direito, onde era afixado o emblema de associado foi substituído
pela coroa imperial, encimada por u,m laço onde estavam inscritos os
dizeres - "VOLUNTÁRIOS DA PATRIA". A notícia da partida do
grupo principal dos Voluntários foi publicada no "Kolonie Zeitung"
de Joinville pelo Pastor Hesse e nos dá uma idéia do entusiasmo
como homens, mulheres e crianças assistiram a partida dos
companheiros que atenderam ao apelo da Pátria adotiva que já
amavam. O teor da correspondência foi o seguinte: - "Blumenau, 5 de
outubro. A nossa Colônia viveu, nestes dias, alguns dos momentos
mais emocionantes da sua existência. Há pouco, deixaram-nos 56 dos
que conosco moram aqui e que, como Voluntários, seguiram para os
campos de luta em defesa da nova Pátria e da sua honra. Tão logo
aqui chegara a notícia do pensamento do Presidente da Província de
criar um batalhão de Voluntários alemães, sob o comando de oficiais
alemães, a direção da nossa Colônia apressou-se em publicar um
vibrante e caloroso apelo, levando ao conhecimento de todos esse
pensamento. Com crescente entusiasmo, dia, após dia, foram
aparecendo as inscrições de voluntários. Encontrou-se logo um chefe
na pessoa do antigo oficial prussiano Engenheiro Odebrecht. Assim,
em pouco tempo, estava completo o número acima referido e, o dia de
hoje (5 de outubro), foi o designado para a partida. Às sete da manhã,
o clarim tocou reunir. Num espaço de tempo menor do que seria de
esperar, depois de uma noite de alegrias e emoções, reuniram-se os
voluntários, com poucas exceções, em selecionado batalhão.
Arregimentados em dois grupos, foram eles saudados pelo atual
Diretor da Colônia (o Doutor Blumenau seguira a 18 de março, com
licença de seis meses, para a Alemanha e ainda não voltara), Hermann
Wendeburg, o qual, em alocução muito séria e elevada, chamou-lhes
a atenção para o compromisso que assumiam e entregou-os ao
comando de Odebrecht. Este nomeou, em seguida, dentre os mais
experimentados, cinco graduados e ordenou a um deles, com o seu
grupo, para ir buscar a bandeira nacional que algumas senhoras
haviam enfeitado com brilhantes fitas vermelhas, brancas e amarelas,
com a inscrição: "Colônia Blumenau, cinco d'outubro 1865" e trazê-la
com as costumeiras cerimônias até a frente da tropa" (As cores preta,
vermelha e amarela (ouro) eram as que os democratas alemães de
1848 usaram como símbolo do seu movimento revolucionário, contra
44
o despotismo feudal da Alemanha, movimento que foi sufocado. Por
não suportarem o cerceamento de sua liberdade de expressão e de
pensamento, muitos intelectuais deixaram a sua Pátria, e Fritz
Mueller e outros intelectuais, na década de 50 vieram para
Blumenau). "Era cada vez maior o entusiasmo de todos. Centenas de
circunstantes rodeavam os Voluntários e já se viam aqui e ali,
comoventes cenas de despedida e então o pastor evangélico, Pastor
Hesse (já que ao solene ato não poderia faltar a benção da religião),
tomou a palavra, depois que todos, como obedientes a um comando,
se descobrissem, fazendo algumas reverências e dando, depois, aos
que partiam, a benção da Igreja. Imediatamente depois, os
Voluntários organizaram-se em seções e puseram-se em marcha, sob
brilhantes acordes musicais, com a bandeira tremulando à frente, até o
engenho de serrar que fica, mais ou menos, uns mil passos, rio
abaixo. Antes que embarcassem nas diversas lanchas, Wendeburg
levantou um viva ao Imperador, ao Brasil e aos Voluntários, o qual
foi correspondido com forte hurra! Merece louvores especiais a
exemplar ordem, e não menos justificada ansiedade da espera que se
notaram durante todas as festividades da reunião. O dia de hoje será
inesquecível. Possa ele tomar-se e perpetuar-se como um verdadeiro
dia de glória para os nossos irmãos que o inimigo paraguaio atraiu
para o campo de luta, assim como para a nossa Colônia". Em 1965,
centenário da partida dos Colonos blumenauenses para o Paraguai, o
Governo Municipal perpetuou o acontecimento, inaugurando na Praça
Governador "Hercílio Luz", o monumento aos Voluntários da Pátria,
obra do escultor Miguel Barba. A cerimônia da inauguração, foi das
mais tocantes. "Com a presença do Prefeito Hercílio Deeke, do
Comandante da praça CeI. Paulo Mendes de Carvalho, da oficialidade
do 23° R.L, do Presidente e demais membros da Câmara Municipal,
das demais autoridades, do Vigário da Paróquia e de grande massa
popular, foi descoberto o monumento, após o que o Prof. José Ferreira
da Silva pronunciou comovente oração, lendo a correspondência que,
há exatamente 100 anos, o Pastor Hesse dírigiu ao jornal Joinvill ense
"Kolonie Zeitung", narrando a expressiva cerimônia de despedida dos
Voluntários blumenauenses. Pronunciou, também, belo discurso, o
pracinha Jorge Levy Malty que falou em nome dos seus
companheiros de lutas na Itália. O ponto culminante da cerimônia,
que chegou a arrancar lágrimas de muitos dos presentes, foi o instante
em que o radialista Osny Jacobsen leu, em voz pausada e clara, os
nomes dos Voluntários da Pátria que deixaram a vida nos campos
45
paraguaios, e era executado, pelo corneteiro do 23 o R.I.. o toque de parte de prata. Apesar de tomadas as necessárias providencias o
silêncio, enquanto 21 salvas de canhão glorificavam a memória dos ladrão não foi preso.
heróicos Colonos. Coroas de flores foram, em seguida, depositadas ao Em sua viagem para a Alemanha, o Doutor Blumenau procurou
pé do monumento pelo Prefeito Municipal e pelo comando do 23 o R.I.· não só resolver os problemas da imigração e sim enviar para
e por várias escolas Municipais". A partida dos Colonos Voluntários Blumenau sementes, mudas de plantas, livros e instruções sobre
para o Paraguai é tema da peça teatral "Comuna de Bravos" de autoria agricultura e indústrias relacionadas com as possibilidades e
do Prof. José Ferreira da Silva. O texto, pontilhado de lirismo e poesia necessidades da Colônia, mandando inclusive um pequeno TEAR
dentro de um contexto histórico, onde o amor à Pátsia adotiva para tecelagem e que alguns Colonos mais tarde (1871) aproveitaram
marcam heróica presença, encerra toda a gloriosa odisséia dos nossos para fundar uma sociedade e conseqüentemente uma pequena fábrica
Voluntários. A peça teatral foi encenada e estreada pelo Grupo que não prosperou. Em novembro de 1869, o Doutor Blumenau
Teatral "Phoenix" da FURB, sob direção da professora Edith acompanhado de sua esposa Bertha Luize e do filho Pedro, nascido
Kormann, no dia 25 de agosto de 1974, no Teatro "Canlos Gomes" e em 4 de maio de 1868, voltou ao Brasil, reassumindo a direção da
no dia 7 de julho de 1980, no Centro Cultural "25 de julho" de Colônia. A vida dos colonizadores continuava com suas associações,
Blumenau. O fim da guerra do Paraguai ocorreu, quando às margens festas de atiradores, teatros, corais, bandas e bailes, porém faltavam,
do Aquidabã, no dia IOde março, as forças do General Câmara ira que a Comunidade crescia, os templos adequados para as orações
alcançaram Lopez, que estava gravemente ferido e não querendo 1"
entregar-se, foi morto. Sua mãe, parentes e oficiais foram presos. Em 1871, ainda não havia policiamento permanente em
Em 1866, Bunsen, Secretário da Legação Prussiana no Rio de Blumenau, apesar da Cadeia Pública construída em 1863, pois assim
Janeiro, visitou a Colônia Blumenau, e em 1867, nomeou Viktor que a sede da Colônia estava em harmonia, os policiais eram
Gaertner, Cônsul da Prússia em Blumenau. recolhidos para a capital e os Juízes de Paz e Subdelegados de Polícia
Em 1867, houve uma série de transtornos nos trabalhos ameaçavam renunciar, pois além dos indígenas que assaltavam e
administrativos da Colônia que foram causados pelo Decreto Imperial matavam, o rápido crescimento da Colônia trazia também entre os
do dia 19 de janeiro de 1867, e que dava novo regulamento às novos imigrantes maus elementos. O destacamento policial da
Colônias do Estado, fazendo com que a Direção indicasse para formar Colônia em 1876, sob o comando do Tenente Pedro Felix Gomes,
a primeira Junta Colonial os Colonos August Mueller, Gustav passou a contar com dez soldados em vez de quatro, e o Tenente foi
Spierling, Wilhelm Schreiber, Christian Bauke, Reinhold Freygang e nomeado Delegado de Policia. Mais tarde o destacamento foi retirado
Karl Külps, que funcionou por algum tempo assessorando a Direção, por não haver motivo de permanecer em Blumenau, originando
porém, sem a atuação esperada. O Decreto Imperial continha quatro protestos do Doutor Blumenau, que propôs ao governo, permissão
capítulos que abrangiam: para contratar alguns Colonos, com pequeno salário, que já tinham
I - Fundação das Colônias, distribuição de terras e condições de servido como soldados na Alemanha, dizendo ainda que os "Colonos-
propriedade; soldados eram mais disciplinados do que os da capital". A "Guarda de
II - Administração das Colônias; Batedores do Mato" que protegia os Colonos dos constantes ataques
III - Recepção e estabelecimento dos Colonos; dos indígenas, quando a Colônia ficava sem policiamento, era
IV - Disposições diversas. chefiada por Friedrich Deeke e foi extinta no dia 23 de agosto de
A Colônia ainda era administrada por Hermann Wendeburg, 1879.
quando foi registrado o primeiro roubo em Blumenau, ocorrido na Apesar dos problemas inerentes a uma Colônia em
noite de 16 para 17 de abril de 1869. O ladrão quebrou a vidraça de desenvolvimento, em 1872, os blumenauenses contavam com quatro
uma janela, entrou no primeiro quarto, passou para o segundo e
arrombando a forte fechadura da porta do terceiro em que se achava a
3 "Kolonie Zeitung" - 16-11-1872
mesa do secretário, com um canivete e formão arrombou a gaveta-

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corais masculinos funcionando ativamente e dois grupos teatrais, estação postal telegráfica do Estado, pOIS na época, ainda não se
sendo um na Sociedade de Atiradores de Blumenau, com subscrição concretizara a união das duas repartições (no local funciona
de ações, e outro no salão do Hotel Schreepp com alguns recursos atualmente o Banco de Crédito Nacional SI A na Alameda Rio
próprios (apresentou-se em novembro no Stadtplatz). Muito Branco). O prédio serviu por muitos anos até ser construído o atual
contribuiu para o desenvolvimento cultural de Blumenau, a que foi inaugurado no dia 30 de janeiro de 1969.
Associação Ginástica, fundada no dia 5 de outubro de 1873. Desde o início da colonização não era fácil a remessa postal para
O Decreto Imigratório 5.663, baixado em 17 de junho de 1874, o extenior, portanto, a nota publicada pelo "Blumenauer Zeitung'' no
em que o Goveruo Imperial do Brasil autoriza o Comendador Joaquim dia 14 de dezembro de 1901, informando que a remessa postal para o
Caetano Pinto Jr. introduzir 100 mil imigrantes revoltou o Doutor extenior tinha sido melhorada, porque as malas postais não eram mais
Blumenau que respondeu entre outras, a informação, de que o Decreto remetidas para as agências de Itajaí, Florianópolis ou Rio de Janeiro
na Alemanha é qualificado de aliciador e traficante, pois só trata de mas diretamente para a cidade de Kmn (Colônia) na Alemanha,
introduzir e não de estabelecer os imigrantes pelo introdutor.. causou satisfação. O ato foi determinado pelo Diretor Geral dos
Entretanto, o célebre Decreto era decorrente do "temor que se Correios, Dr.. Betim Paes Leme. O serviço postal que era irregular,
apossou dos Conselheiros do Imperador, receosos de que se estaria dependendo dos meios de transporte disponíveis na época, a partir de
estabelecendo na Colônia Blumenau um "quisto religioso, com a 3 de junho de 1928, passou a ser diário através da linha postal
vinda de imigrantes alemães de confissão luterana, em detrimento do inaugurada entre Blumenau e Florianópolis, via Itajaí-Tijucas.
catolicismo, religião oficial do Império" 4. Atualmente, a característica da linha postal é a rapidez.
Pouco a pouco a Colônia Blumenau começou a contar com Um fato interessante ocorreu em 1902, quando chegou à Agência
serviços públicos que muito beneficiaram a população, entre eles, a Postal de Blumenau uma carta com este estranho endereço: "Kaspar,
criação da Agência dos Correios no dia 2 de novembro de 1874, Belchior, Baltazar". - "O agente, que era letrado e não se apertava
sendo seu primeiro agente Reynhold Freygang, ex-professor em Rio com pouco, passou logo a matutar.. Inicialmente, assentou que a carta,
do Testo, que assumiu o cargo no dia 16 de fevereiro de 1875. Pouco por certo, não viera dirigida aos três reis magos. Em primeiro lugar
depois Freygang faleceu sendo substituído pelo Dr.. Wilhelm porque, destas bandas do Atlântico, não havia mais rei algum. E
Eberhard. A criação da Agência dos Correios evitou que a depois, porque a terra dos reis magos ficava lá para os lados da
correspondência destinada a Blumenau fosse descarregada em Itajaí e África, segundo as escrituras sacra e profana. Assentada essa
depois distribuída em Blumenau. Entretanto, antes da criação da premissa, passou à análise do restante. Belchior, estava certo. Ficava
agência na povoação de Blumenau, o agente era o Dr. Wilhelm pouco abaixo de Blumenau. Kaspar, podia muito bem ser Gaspar. E,
Eberhard, que em 1868, mudou-se para o Desterro, trabalhando na Baltazar, na certa que era o prenome do destinatário. Mal o agente
farmácia do boticário Luiz Edmundo Horu. Voltando para Blumenau, chegou a essas conclusões, a carta seguiu ao seu destinatário, o Sr.
abriu uma farmácia, sendo também nomeado agente dos corteios, Baltazar' Schmidt em Belchior, que a recebeu espantado da
falecendo no exercício do cargo. Foi substituído por seu filho Paulo perspicácia do agente" 5.
que também exerceu cargo vitalício. A primeira Agência dos Correios Contribuição importante ao desenvolvimento do Vale do Itajaí
situava-se 'nas imediações da atual Casa do Americano, sendo ocorreu em novembro de 1904, quando Hermann Bicheis iniciou o
transferida para o prédio da Auto Mecânica Alfredo Breitkopf.. Na transporte das malas postais, passageiros e pequenas cargas entre
gestão de Kurt Hering, no local onde funcionara a primeira escola Blumenau e Hammonia (Ibirama) em linha regular, parando nas
feminina de Blumenau foi construida a Agência Postal Telegráfica, seguintes estações: Itoupava Seca, Encano, Indaial, Waruow, Neisse,
inaugurada no dia 31 de dezembro de 1927. Blumenau teve a primeira Rio dos Bugres (Apiúna), Morro Pelado e Hammonia. De uma

4 José E. Finardi - Blumenau em Cadernos - fevereiro de 1978 5 Blumenau em Cadernos - abril 1965

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seguintes estações: Itoupava Seca" Encano, Indaial, Warnow, Neisse, objetos em 64 números, alguns de grande valor artístico. O "Kolonie
Rio dos Bugres (Apiúna), Morro Pelado e Hammonia. De uma Zeitung'' de Joinville publicou no dia 6 de outubro de 1866, a relação
estação de parada até a seguinte, os passageiros adultos pagavam dois dos artigos fornecidos para a Exposição: - "Priester - vassouras
milréis e de Hammonia até Blumenau, onze milréis, sendo a ida e a ª-.mericanas, com cabo de bambu. H. Robert e W. Haha, - uma mesa
volta, t~da em vinte milréis. Para o transporte de crianças, ou redonda com trabalho de escultura e tampo de azambujo preto. Karl
família, o preço era combinado previamente. Bicheis saía do Hotel W. Friedeureich - um armário com trabalho de escultura da mesma
Holetz, em Blumenau às sextas-feiras e de Hammonia às qusstas- madeira. F. Keiner - drogas e preparados quumcos, Johann Karl
feiras do Hotel Luederwald. Apesar de funcionar somente uma vez Mueller - uma caixa especial para cartões e selos, ricamente enfeitada
por semana, esse transporte muito contribuiu para que as informações e diversas, cadernetas para anotações. Karl Zopf - um vaso para jardim
sobre eventos culturais e outros, chegassem regularmente ao seu com pedestal, diversos vasos simples e pendentes para plantas, pedras,
destino. Com o advento da ferrovia que fazia o trajeto Blumenau- para canteiros. Sprengel - cera. L. Scheeffer - argila" diversos tipos de
Hammonia, as malas Postais que antes eram enviadas por Hermann tijolos e telhas; Wacknagel - máquina a vapor em miniatura, movida a
Bicheis, de carroça, passaram a ser despachadas pelo trem sob a álcool.. C. Schellenberg - uma caixa para relógio, com incrustações de
responsabilidade de um estafeta. Sedlazeck, o estafeta, em impecável madeira e um açucareiro' de casca de coco. C. Probst - uma
uniforme era assíduo, pois até a sua aposentadoria, , só faltou no dia barriquinaa em diversos tipos de madeira, com quatro divisões e
em que esteve seriamente doente. Trabalhava de segunda a sábado no quatro torneiras" uma cuba trabalhada em diversas madeiras e com
trem que chegava a Blumenau às: 10 horas. e partia às 15 horas.' fundo duplo, dois baldes de madeira araribá. W. Roedel - uma sela
Quando o trem chegava a Blumenau, Sedlazeck retisava as: malas inglesa de couro de porco, ricamente pespontada. Johann Honnecke -
postais do trem, colocava-as: em um carro de mola e as: levava até a uma bolsa ornamentada para caçador, arreios trançados e
agência do correio que se localizaya,., inicialmente, quase na esquinai ornamentados, assim como relhos trançados. ~ um carrinho
da ma XV de Novembro com a ma Itajaí, sendo posteaormente para bebê, com armação de ferro e mola. ~ - artigos de
transferida para o início da Alameda Rio Branco.' Sedlazeck postava estofador. W. Robert - artigos de marceneiro. H. Schulze - um facão
um livro, de notas. fazendo pedidos nas, casas: comerciais, enquanto se: com cabo de prata, ricamente ornamentado com medalhas e
dirigia à Agência e, quando retomava para o trem, coletava o material arabescos, terminando em cabeça de onça, bainha em couro de
pedido, seguindo para Hammonia, Os pedidos incluíam, desde lagarto, com aplicações de prata" imitando as escamas da pele do
agulhas" linhas: para coser, papel, rendas" cadarços, material escolar e animal.. Além dos artigos acima" foram enviadas amostras de milho,
de escritório, ferragens, ferramentas., penas de escrever, papel almaço fubá, farinha de mandiooa, feijão, arroz, açúcar, café, algodão, tabaco
e aiada um jornal em alemão, editado em Curitiba, "Der Kompass'', em diversas formas e qualidades, charntos, cera, velas de cera, mel de
No dia IOde setembro de 1980, o Clubs, Filatélico de Blumenau, abelhas, araruta, e polvilho de ararota., sementes de colza, cachaça,
inaugurou na Biblioteca "Dr. Fritz, Mueller", uma exposição filatélica assim como uma coleeãn de madeiras de lei."
relativa ao serviço postal usado na Estrada, de Ferro Santa. Catasina. A Primeira Exposição de Santa Catarina" aberta no dia 15 de
Nos dias, 18 e 19 de julho de 1875, Blumenau realizou sua agosto de 1866, - "dá uma idéia altamente lisonjeira, posto que
Primeira Exposição agropecuária, tendo por local a Sociedade de incompleta, do estado de adiantamento e da índole industriosa dos
Atiradores, com o palco todo enfeitado de produtos hosti-granjeiros, seus filhos. Essa exposição era preparatória da representação do
enquanto no pátio estavam expostos os animais. O evento foi Brasil na Exposição Internacional que se realizou em 1867 em Paris e
abrilhantado com música. Em 1878, o Júri de qualificação da na qual Blumenau fez magnífica figura", conquistando uma medalha
Exposição Mundial de Filadelfia e o da IV Exposição do Rio de de ouro, que foi entregue ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, pelo
Janeiro" conferem altos prêmios a vários expositores de Blumenau. Ministério da Agricultura e Obras Públicas em 1870. Nessa
EntJ;et<w.to, Blumenau já havia participado em outubro de 1866, da Exposição, a Colônia Blumenau também foi premiada com 10.000
Exposição Provincial realizada no Desterro onde foram expostos 128 francos pelo algodão tipo "Lousiana", ou algodão em rama e

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beneficiado, cultivado pelo Colono Rischbieter.. O algodão premiado metade do capital com juros de 250$000 no fim de dezoito meses e da
motivou um grupo de Colonos a solicitar ao Doutor Blumenau, segunda metade no fim do segundo ano; hipoteca dos lotes de terra
quando este estava na Alemanha, a remeter em 1866, um pequeno que ele possuía. Em 1880, Oswald Otte fundou a primeira indústria de
tear de ferro, toruando Blumenau a pioneira na Indústria Têxtil no sul curtume. Por volta de 1879, surgiram fábricas de extração de óleos e
do país, principalmente, quando em 1871 foi instalada a primeira pedras de amolar. Com Richard Franz Parucker, que veio de Joinvil1e
tecelagem e organizada uma sociedade constituída por moradores da em 1885, Blumenau teve instalada em Altona a sua primeira funilaria.
Colônia. Em 1873, a pequena fábrica fechou por falta de recursos, Em 1886, Blumenau era representada por mais de 50 fábricas, as
dificuldade na aquisição de fios e a colocação dos produtos mais diversas (vinho, vinagre, charutos, manteiga, conservas, banha,
manufaturados, Por volta de 1879, Wilhelm Scheeffer, fez etc.) que empregavam mais de 400 empregados.
experiências com ramie, despertando a indústria da tecelagem. Em 1886, também começaram a ser fundidas as primeiras peças
Em 1880 foi fundada a Indústria Têxtil Companaia Hering, a de ferro, e Louis Altenbur g,~rabl foram proprietários de
Companhia Têxtil Karsten em 1881, a Empresa Industrial Garcia em pequenas fundições. E foi.G, tt que fundiu, em 1893, balas
1884 e a Fábrica de Meias de Erust Eckardt em 1890. de canhão para as forças de Pinheiro Machado.
Em Outubro de 1890, Gustav Hermann Roeder, fez funcionar.' Ao instalar. uma serraria e uma atafona em Itoupava, após ter
uma máquina de sua invenção para desfibramento do ramie, que adquirido em 1885 uma máquina a vapor marca Wolff, Gottlieb Reif
poderia lavar quatro mil pés de ramie verdes ou secos por hora e sem toruou-se o primeiro a utilizar a força-vapor em Blumenau. Mais
água. A máquina foi apresentada ao Dr. Luiz Gualberto, de São tarde vendeu a atafona, serraria e casa comercial para W. Sieben, e a
Francisco, Dr. Euphrásio Cunha, de Campinas e Dr. José Bonifácio da máquina a vapor para o Colégio Santo Antônio que com ela instalou
Cunha, Superintendente de Blumenau. uma atafona, que supriu de farinha de milho, quase toda a população
Na década de vinte foram fundadas a Teka - Tecelagem de Blumenau, durante a enchente de 1911.
Kuehnrich (1926), a Malharia Thiemann (1926) e a Mafisa - Malharia Matheus Staedele, imigrou em 1911, fixando residência em
Blumenau (1929). Em 1935 foi fundada a Cremer S.A. Produtos Itoupava Norte com uma ferraria (fabricava pás, enxadas, carrinhos,
Têxteis e Cirúrgicos, e em 1936 a Artex S.A. Fábrica de Artefatos etc.). Residiu algum tempo em Lontras e ao voltar para Itoupava
Têxteis. Seguiram-se, em 1947 a SulFabril e outras que surgiram Norte, com os filhos Guilherme e Walter, fundou a SIATE, que foi
posteriormente e que engrandecem o parque fabril de Blumenau. vendida em 1981.
Além das indústrias têxteis, outras foram fundadas, sendo algumas, A fundição Garcia, pertencente a Probst, fabricava sinos de alta
originárias, dos artesões dos primórdios da Colônia. Em 1861, qualidade, e em 1915, forueceu um sino de 110 quilos para uma igreja
Wilhelm Schreiber produziu a sua primeira telha sob a qual escreveu: de Florianópolis, de bela aparência e som, que honrararn a Fundição
- "W.S.400- 18-3-1861" (está no museu da Família Colonial- Garcia de Blumenau. Da pequena fundição, fundada por Erust
Blumenau). Com Daniel Kretz, imigrado em 1861, e que em 1866 Auerbach, surgiu no local a Electro Aço Altona (1923).
iniciou uma fábrica de louças de barro, que se caracterizava pelo Ao Pastor Paul Aldinger, que imigrara em 1901, estabelecendo-
barro preto e queima especial, originou-se a fábrica de Manilhas se na Colônia Hansa-Hammonia, o Vale do Itajaí deve a implantação
Kretz Ltdà., sob administração da família desde 1866. Em 1872, e desenvolvimento da indústria de laticínios. Em 1918, Eugen Kieser
Johann Karl Adam, que aprendera o oficio em São Leopoldo - RS, publicou um trabalho que ensinava os processos eficientes para a
instalou o primeiro curtume de couro da Colônia. Para alcançar seus fabricação de laticínios. Enquanto Jens Jensen, fundador da
objetivos, em 6 de janeiro de 1873, recorreu ao Doutor Blumenau, Companhia Jensen, era o pioneiro, na introdução do gado de raça
que solicitou ao Vice-Presidente da Província Dr. Manoel do holandesa no Vale do Itajaí..
Nascimento da Fonseca Gaivão, permissão para conceder a Adam, o Quando Hans Lorenz, neto do Dr. Fritz. Mueller, encaminhou um
empréstimo de 500$000, por dois anos, nas seguintes condições: juros seu parente para a Alemanha para aprender a arte da porcelana, a
de 8% anuais, pagáveis semestralmente; reembolso da primeira Porcelana Schmidt Ltda. tendo como técnico responsável, o cerâmico

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 A energia, entretanto, era insuficiente e em 1908, Peter Christian
Rodolpho P. Schmidt, formado na Alemanha, Blumenau (pomerode
Federsen foi a Berlin expor aos bancos os planos e os orçamentos
foi emancipada de Blumenau em 21 dejaneiro de 1959)tomou-se em
fornecidos pela firma Bromberg, Hacker & Cia. para a construção da
1946, a pioneira na fábricação de porcelana no Brasil, A fábrica foi
usina do "Salto". Em 1911, foram assinados os contratos de
fundada no dia 19 de dezembro de 1945 por Hans Ernst Schmidt,
financiamento e iniciadas as obras que ficaram a cargo da Bromberg,
Arthur Leopoldo Schmidt, Arthur Heinrich Kraemer, Alfredo
Schmidt, Hilda Schmidt e Rodolpho P. Schmidt, com o capital
500$000, tendo registrado seu primeiro empregado, Hans Oerding em
1946. Em 12 de fevereiro de 1948, transformou-se em sociedade
anônima, A porcelana Schmidt é reconhecida como a porcelana dos
nobres, pois atende todas as grandes instituições nacionais, inclusive
o Itamarati, E quando o Brasil recebeu a visita da rainha Elizabeth da
Inglaterra, no banquete, foi usada a porcelana Schmidt, sob
encomenda especial. Usa matéria prima nacional, menos o carbureto
de silício que é utilizado para queima (como cápsulas) que é
importado.
A industrialização que começou no período de 1883/1914, não
foi afetada pela Primeira Guerra Mundial, e Blumenau que contava
em 1897 com 262 engenhos de açúcar, 48 engenhos de farinha de
milho, 50 engenhos de farinha de mandioca, 46 serrarias, 29 olarias,
13 cervejarias, 9 fábricas de charutos, 6 tecelagens, 3 gráficas, 2
fábricas de sabão, 3 fábricas de vinho de laranja, 2 fabricas de água
mineral, 4 fábricas de meias, 2 fábricas de licor, etc., a partir de 1916
começou a exportar tecidos. Além das indústrias citadas, na década de Colônia Blumenau
vinte, foram fundadas: fábricas de chocolate (1923-1928), chapéus e
gaitas (1923), pás e ferramentas, agrícolas (1925), papelão (1928), Hacker & Cia. de São Paulo, que ingressou como interessada no
móveis (1929). Na década de trinta, foram fundadas fábrica de linhas consórcio formado por Gustav Salinger, Peter Christian Feddersen,
para bordar, sapatos e artefatos de couro e muitas outras, no decorrer Paul Zimmermann e Carl Jensen, que se constituíram com o nome
dos anos, que somadas tomaram Blumenau um dos maiores parques "Empresa de Eletricidade Salto", que entrou em funcionamento em lo
industriais do Estado de Santa Catarina. de maio de 1915, ligando Blumenau, Gaspar, Itajaí, Brusque, Indaial,
Entretanto, a industrialização de Blumenau só foi possível com a Warnow, Timbó, Rodeio, Hammonia, Rio do Sul, Tijucas e outras,
instalação em 1906 em Gaspar Pequeno, da primeira usina levando o progresso a esses locais. A falta de lucros desmotivou a
hidrelétrica por Frederico Busch Sênior. Em maio de 1910, Frederico firma em expandí-Ia o que desagradou aos blumenauenses que
G. Busch Sênior publicou o seguinte - AVISO - "Empresa de Luz e necessitavam de energia para a indústria e comércio. Para sanar o
Força em Blumenau. Avisa-se aos moradores do distrito de Gaspar, problema foi formado um consórcio integrado pelos grupos Hering,
Gaspar Pequeno, Gaspar Grande, Garuba, etc. especialmente, aos Renaux, Organização Hoepke, o Banco Agrícola e o Banco Alemão
moradores de Blumenau em geral, que no dia 15 de junho do corrente Transatlântico que adquiriram as ações da firma de São Paulo que
ano - 1910, principia de funcionar a linha de corrente forte. Os fios havia financiado a usina. A demanda de energia com o aparecimento
estão SEMPRE carregados com a voltagem de 10.000 volts. A de novas indústrias, exigiu que em 1959 ela fosse racionada. Apesar
ninguém é permitido tocar nesses fios, nem mesmo indiretamente. de em 1963 ter entrado em funcionamento a primeira fase da usina de
Comunicar com esses fios resulta a morte imediata. Maio de 1910".

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Palmeiras, a energia ainda era escassa e muitos estabelecimentos
usavam geradores particulares. Com a instalação da usina
termoelétrica "Sotelca", o Governo Estadual em 1962, desapropriou a
maioria das ações da Empresa Força e Luz de Santa Catarina S.A. que
servia o Vale do Itajaí, integrando-a no plano estadual de
eletrificação.
Blumenau é freqüentemente assolada por enchentes e foi na
cheia de 24 de dezembro de 1875, que o São Lourenço, que só subia o
rio Itajaí-Açú até Gaspar, devido às fortes corredeiras e pouca
profundidade, sob o comando de João Esteves Várzea, se aventurou e
subiu até Blumenau, por sugestão de Louis Altenburg, levando muitas
famílias de Gaspar, sendo recebido em Blumenau com espoucar de
foguetes, duas bandas musicais, Presidente da Câmara de Vereadores
e grande massa popular, regressando em seguida, porque as águas do
rio Itajaí-Açú começaram a baixar. João Esteves Várzea era pai do
escritor catarinense Virgílio Várzea.
Em 1875, aportaram em Blumenau os primeiros Colonos
italianos provenientes de Trento e Tirol do norte da Itália. Esses
Colonos se estabeleceram entre a confluência dos rios Cedros e
Benedito e deram origem à "Colônia Italiana" (Rio dos Cedros,
Ascurra, Apiúna). Rodeio também foi formada por esses Colonos, o
local, porém não foi demarcado pela Direção da Colônia. Segundo o
historiador prof. José Ferreira da Silva, "Os Colonos italianos eram
bem diferentes dos alemães, eram menos pacientes, mais exigentes,
apesar de suas condições de vida na Europa serem, talvez, bem piores
do que a dos alemães. Criaram muitos problemas para o Doutor
Blumenau, porém, era gente ativa e trabalhadora".
No início de 1876, o Colono Hermann Junk teve a idéia de
convidar o Imperador Dom Pedro II para padrinho do seu sétimo
filho. O Imperador excusou-se e o Doutor Blumenau resolveu o
assunto. Aliás, para evitar os constantes convites para padrinho das
crianças que nasciam na nove I Colônia, o Doutor Blumenau disse,
certa ocasião, na casa de Friedenreich que só seria padrinho no dia em
que Auguste Lake, doméstica, tivesse o seu décimo segundo filho e
quando Auguste, casada com Wilhelm August Siebert, deu a luz ao
seu décimo segundo filho, o severo Diretor da Colônia cumpriu a
promessa. No dia do batismo, enviou um enorme bolo para a casa da
afilhada, que foi sua única afilhada na Colônia. Anos mais tarde,
quando Auguste foi visitar o Doutor Blumenau em Braunschweig,
este logo a reconheceu como a filha do "Siebert de óculos" (como era
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conhecido) que fazia o trabalho de transporte de correspondência e
era lancheiro.
O recenseamento de 1876, acusou 10.701 habitantes, e em 1877,
segundo o Doutor Blumenau, a Colônia completaria vinte e cinco
anos de fundação. Atualmente, a data de fundação da cidade é
festejada no dia 2 de setembro mas o Doutor Blumenau considerava
como data da fundação o dia 28 de agosto de 1852, data em que
entregou os primeiros lotes aos colonizadores. A data de 2 de
setembro de 1850 foi fixada pela Câmara Municipal depois de estudos
minuciosos, quando Blumenau já era município, porém os 25 anos de
Blumenau, foram festejados no dia 28 de agosto de 1877 6
Além dos votos de congratulações por parte do Subdelegado e do
Juiz de Paz, leitura e entrega de um memorial por Karl Wilhelm
Friedenreich e Max Merk, relatando o desenvolvimento da Colônia,
bem como, de um programa festivo ilustrado e elaborado pelo
litógrafo Bernhard Scheidemantel, dando uma visão clara de
Blumenau dos anos de 1852 a 1877, o Doutor Blumenau recebeu
congratulações de todas as formas e principalmente de uma comissão
do "Kulturverein", que passou às mãos do Doutor Blumenau um
álbum com vistas da Colônia confeccionado pelo livreiro Johann Karl
MueIler com vistas fotográficas por Bernhard Scheidemantel. Além
da alvorada na frente da casa do Doutor Blumenau, a partir das duas
horas da tarde houve concentração de todas as sociedades na rua
principal do centro e ainda oito cavaleiros montados em cavalos
brancos. Todos marcharam até a Sociedade de Atiradores, onde as
sociedades de canto, Germânia, Sãngerbund, Freundschaftsverein,
Frohsinn e Sociedade Teatral Blumenau se apresentaram. As
festividades se prolongaram por vários dias. Também, foi muito
importante a inauguração da nova casa da direção da Colônia,
construída em bonito estilo pelo arquiteto Heinrich Krohberger, e que
foi ocupada em setembro de 1877. Tudo transcorreu
maravilhosamente, num dia lindíssimo e em perfeita harmonia "como
sempre" nos festejos da Colônia. Todos os velhos Colonos, que
lutaram lado a lado com o Doutor Blumenau, prestigiaram as
festividades. Em seguida, houve o banquete, teatro e, depois, baile. O
Doutor Blumenau também foi carinhosamente homenageado pela
Sociedade de Atiradores de Gaspar.
"Kolonie Zeitung'' de 10.11.1877
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 N o dia 14 de junho de 1878, a Colônia foi visitada pelo
Presidente da Província de Santa Catarina, Doutor Lourenço
Cava1canti de Albuquerque, que assumiu o cargo no dia 7 de maio de
1878, cargo que lhe foi transferido pelo Vice-presidente em exercício
Joaquim da Silva Ramalho. O fato digno de registro é que o Doutor
Lourenço Cava1canti de Albuquerque assistiu ao espetáculo
"Preciosa", encenado pela Sociedade Teatral "Frohsinn", e que falou
em alemão com os presentes.
Para o sisudo e rigoroso Doutor Blumenau, que expedia
"Certificados de Probidade" para os imigrantes que se afastavam da
Colônia, que discutia com Wilhelmine, esposa de Johann Karl
Mueller (que em 1866 participou da la Exposição realizada no
Desterro e que ilustrou o programa dos 25 anos de Blumenau), que o
acusava de "rigoroso demais, pois chegava a revistar as panelas das
casas dos Colonos para controlar o racionamento da carne verde", a
circular n? 6, de 16 de dezembro de 1878, do Ministério da
Agricultura, exigindo maior economia na aplicação de rendas
públicas e que os imigrantes antes de 10 de janeiro de 1877 não
deveriam ser mais contemplados com obras públicas, com exce<PkJ de
alguns casos isolados e autorizados pelas autoridades superiores,
irritou-o profundamente, principalmente com as ameaças de conflitos
na Colônia, que após ponderações, o levaram a colocar seu cargo à
disposição, entretanto, reconsiderou a decisão.
A comunicação via terrestre era precária e o melhor meio para se
chegar até a capital da Província eram os barcos. Pelo Decreto
Federal 6.989, de 10 de agosto de 1878, foram aprovados os Estatutos
da Companhia de Navegação Fluvial a Vapor Itajahy-Blumenau.
A Colônia Blumenau, pela Lei n" 860, de 4 de fevereiro de 1880,
foi elevada à categoria de município e as freguesias de São Pedro
Apóstolo de Gaspar e São Paulo Apóstolo de Blumenau foram
desmembradas do município de Itajaí com sede na freguesia de São
Paulo Apóstolo que passou à categoria de Vila de Blumenau, ficando
dependente da-Comarca de Itajaí quanto ao poder judiciário. Em 20
de abril de 1880 o decreto Imperial 7.693 emancipou a Colônia.
O ano de 1880 foi também cenário, na noite de 22 para 23 de
setembro, da grande enchente que inundou toda a Colônia,
excetuando as duas Igrejas, únicos lugares não atingidos. Segundo o
relatório oficial, as águas do Itajaí subiram 15 metros e 3 decímetros.
O "Kolonie Zeitung", de 9 de outubro de 1880, publicou: "A Colônia
Blumenau foi atingida por uma grande desgraça. Depois de muitas
SS
horas, de chuva torrencial, as águas do Itajaí subiram a tal altura e tão
repentinamente, que a maior parte dos atingidos mal pôde salvar a
vida. Não há palavras que possam descrever a enorme catástrofe,
Perderam-se vidas preciosas e os danos materiais foram incontáveis:
casas demolidas, plantações destruídas; casas inteiras foram
carregadas pela água. Pela uma e meia da madrugada, começou a se
manifestar o perigo. E embora no dia precedente só se ouvisse falar
em possibilidades de inundação, as águas tudo invadiram de repente,
despertando homens e animais. Foi com enorme ânsia que se esperou
o clarear do dia para o inicio da obra de salvamento. Neste, tomaram
pgrte saliente o comandante e a tripulação do vapor "Progresso",
incansáveis no transporte de pessoas do Garcia e da Vila, acolhendo-
ª§, nas Igrejas católica e protestante. A eles, principalmente, se deve o
fato de não ter havido perdas de vidas a lamentar na Vila e seus
próximos bairros. Com o nascer do dia, as colinas das Igrejas citadas
encheram-se de gente que foi socorrida pelo Padre Jacobs e pelo
Pastor Sandreczki, O número de pessoas que se refugiaram nas Igrejas
subiu a mais de quatrocentas. Indescritível o espetáculo que ali se
observava. As crianças tiritando de frio, chorando aos gritos, punham
naquele cenário tristíssimo uma nota comovedora de desespero.
Algumas famílias conseguiram salvar alguma coisa dos seus haveres;
outras ficaram apenas com a roupa do corpo. Os objetos que iam
sendo retirados das águas eram amontoados na maior desordem. Os
moços fizeram fogo, improvisaram uma cozinha. Em volta, toda a
enorme extensão, parecia um mar. Medonhas correntes d'água
arrastavam portas, janelas, móveis e animais. O "Progresso" e outras
embarcações venciam com dificuldade o ímpeto das águas orientando-
se pelas copas emergentes dos altos coqueiros. No dia 26, as águas
começaram a baixar, aparecendo as cumeeiras do casario. Avaliava-se
o prejuízo na medida em que as águas iam baixando. Aqui uma casa
completamente demolida; ali, dezenas cobertas de lama negra; os
objetos e utensílios domésticos completamente inutilizados. Onze
pessoas morreram afogadas".
N a época, era Presidente da Província, João Rodrigues Chaves,
que assim que o tempo melhorou esteve em Blumenau para avaliar a
extensão da ocorrência e determinar as necessárias providências. A
ocorrência faz parte do relatório anual de João Rodrigues Chaves.
No dia 2 de novembro chegou a Blumenau o engenheiro Joaquim
Rodrigues Antunes chefiando uma comissão nomeada pelo Governo
Imperial para tratar da recuperação da Colônia. Blumenau recebeu
S9
auxílio do país, do exterior, de subscrições públicas e também do alemã o "Blumenauer Zeitung" foi fechado no dia 2 de dezembro de
Imperador Pedro II e da Imperatriz Dona Thereza Christina, que na 19381. O "Blumenauer Zeitung" defendia os Colonos, e os partidários
época colaboraram com a importância de cinco contos de réis do de Antunes, com a colaboração de Berahard Scheidemantel fundaram
próprio bolso. A comissão Antunes provocou uma série de incidentes o "Immigrant", no dia 5 de abriL de 1883, para se defenderem das
entre os Colonos que o acusaram de ladrão, por lográ-los nos salários, acusações. Karl Wilhelm Friedenreich era o redator e Fritz. MueUer
indenizaçêes, etc., a que tinham direito. Acontece que Antunes que também se envolveu na polêrnioa, apesar de sócio honorário da
casara-se com a filha de Karl Wilhelm Friedenreich, muito Imperial Academia Alemã de Ciências Naturais Leopoldina, laureado
prestigiado na Colônia, e este reuniu amigos para defender o genro e por universidades e sociedades científicas dos países cultos, homem
rebater os ataques do "Blumenauer Zeitung". As ocorrências que Darwin denominou o "Príncipe dos Observadores", com obras
culminaram com processos judiciais e a chegada a Blumenau do imperecíveis sobre Ciências Naturais, foi exonerado do cargo de
Presidente da Província, Joaquim Augusto do Livramento e do Chefe naturalista colecionador e colaborador do Museu Nasional do Rio de
de Policia com 40 praças, no dia 21 de março de 1882, que seguiram Janeiro, cargo que vinha exercendo ha décadas "por motivos de
para Warnow, voltando no dia 24 com os Colonos Thon, Splitter e economia", no dia la de março de 1884, quando contava 63 anos de
Schultz, presos, por pleitearem os seus ordenados e os dos colegas de idade, causando protestos dos intelectuais da Comunidade. A
turma que trabalhavam na medição de terras com Antunes. Os polêmica entre os jornais degenerou em briga política e a discórdia
Colonos foram recolhidos a cadeia de Itajaí.. afetou a vida administrativa do município que se refletiu no período
No dia 13 de janeiro de 1881, faleceu Hermann Wendeburg, revolucionário de 1893 e, para terminar com a polêmica, um grnpo de
guarda-livros do Doutor Blumenau desde 1860. Em sua homenagem, blumenauenses mandou publicar nos dois jornais locais o seguinte:
o Doutor Blumenau denominou a atual Alameda Duque de Caxias de "Os signatários convidam os redatores e colaboradores do
Bouleward Wendeburg. 'Blumenauer Zeitung' e do 'Immigrant' _ a cessarem todas as questões,
Os amigos de Hermann Wendeburg mandaram pintar a sua foto, intrigas e ataques, pois isso não interessa à maioria dos leitores,
a óleo, pelo conhecido pintor Wislecinus, Professor da Academia de prejudica os jornais e depõe muito contra a nossa Colônia. Esperamos
Düsseldorf-Alemanha, e na sala das sessões da Câmara Municipal de que este nosso desejo seja satisfeito. Blumenau, 14 de agosto de 1883.
Blumenau, no dia 2 de fevereiro de 1885, a foto foi inaugurada. Otto Stutzer, A, Persuhn, A.H .. von Hartentaal, Gustav Salinger, Fr.
Falaram, na ocasiao, Sametzki, em língua alemã, enaltecendo as Lungershausen, A, Meldola, Louis Altenburg, K. Friedem:eich, H.
qualidades excepcionais de Wendeburg. Discursaram em português o Clasen, Andreas Grassmann, Jacob Graesser, Peneder, Hugo Riedel,
Dr. Antunes e o Dr. Fontes. Bernhard Hoeppner, Fr. van Ockel, k Knoblauch, J. Baumgarten, F.
Em la de janeiro de 1881, o hlumenauense já contava com o Faust, H. Koehler, E. Gropp, 'q. Grahlj G. Hindlmayer, Fr. Raabe".
primeiro número do "Blumenauer Zeitung" que registrava todas as O final do ano de 1880 e
todo o ano de 1881 foi empregado na
ocorrências importantes, não só de Blumenau e sim também do recuperação do município.
Estado, Brasil e exterior. Fundado por Hermann Baumgarten, que em Um fato que marcou Blumenau após a grande enchente de 1880
1879, participou da comissão integrada por Wilhelm Scheeffer, Louis foi o auxílio recebido da Loja Maeânica "Zur Eintracht" (Concórdia),
Sacht1eben, Otto Stutzer, Heinrich Clasen e Theodor Klein, que iria de Porto Alegre, da quantia de 2:667$000, quantia esta agradecida
levantar fundos para fundar a primeira tipografia em Blumenau, cujo pela Comissão de Socorro integrada pelo Padre Jacobs - Vigário,
contrato foi assinado em 31 de dezembro de 1880, tendo, como Wilhelm Scheeffer, Heinrich Probst, Louis Sacht1eben, P.F. Faust,
redator, Anton Hertel e, Hermann Baumgarren Sênior, como editor. Julius Baumgarten, Franz Lungershausen, Doutor Blumenau, Dr .. Fritz
Os fundos levantados foram entregues a Hermann Baumgarten Sênior Mueller e Viktor Gaertner, em carta datada de 2 dejaneiro de 1881.
para liquidar dentro de um prazo estabelecido. Hermann Baumgarten
Sênior faleceu em 6 de fevereiro de 1908. Por motivos de segurança
nacional, como os demais órgãos de imprensa, editados em língua 7 A Imprensa em Blumenau - José Ferreira da Silva - p.8

60 61
 No dia 25 de abril de 1882, o Dr. Antunes, membros da comissão ainda, grandes nomes da indústria, comermo 'e administração do país.
e soldados retiraram-se da Vila" embarcando no vapor "Progresso". Faziam parte da Sociedade, o Doutor Blumenau e Karl von Kozeritz...
Os blumenauenses, apesar da enchente que devastou tudo, não que muito trabalharam para que o "Heydt Restrikt'', que proibia a
esmoreceram, trabalharam muito, e, nos primeiros dias de janeiro, C. emigração de alemães para o Brasil, fosse revogado.
Hertel, E. Neubach e H. Baumgarten fundaram uma Sociedade de No dia 18 de março de 1882, por decreto Imperial, a Colônia
Estenografia para o ensino e prática do método de Gabelsberger. Blumenau, inclusive Rio do Sul, excluída do decreto anterior, foi
Também Madalena von Hartentaal, iniciou, no dia IOde janeiro de declarada emancipada. Antes, porém, foi dissolvida a dire<PftJ da
1881, um curso de trabalhos manuais, Colônia e dispensados o diretor e auxiliares. No dia 30 de julho de
No dia 14 de agosto de 1882, a família do Doutor Blumenau, sua 1882, os blumenauenses compareceram a Igreja Matriz para eleger o
esposa e as filhas Christine e Gertrud regressaram para a Alemanha, primeiro governo do município a ser inaugurado no dia 10 de janeiro
onde já se encontrava, estw.lando, o filho Pedro Hermann. O Doutor de 1883. Na ocasião, Blumenau já contava com uma população de
Blumenau acompanaou a família até o Rio de Janeiro e voltou para 16,380 habitantes. Um fato interessante é que a entrada dos lusos não
Blumenau, só viajando no dia 15 de agosto de 1884, depois de ver era registrada pela direeão da Colônia.
instalada a Câmara, entregar a documentação da sua administração e Na época, era reduzido o numero de adultos blumenauenses que
regularizar' seus negócios particulares. O regresso do Doutor sabiam falar o português, e conseqüentemente, Blumenau só tinha 14
Blumenau para a Alemanha prendeu-se mais aos desejos da esposa, votantes na Vila, enquanto que Gaspar, com grande número de
que era de família rica e se ressentia da falta de conforto a que estava Colonos nacionais, contava com 35 eleitores. A estes 49 eleitores
habituada; entretanto, o Doutor Blumenau, várias vezes, manifestou cabia eleger sete vereadores.
desejos de permanecer e morrer na sua cidade. O Doutor Blumenau Foram eleitos apenas 4 vereadores: Louis Sachtleben, Otio
regressou para a Alemanha, pobre, porém a posteridade fez-lhe justiça Stutzer, Jacob Louis Zimmermann, I Francisco Sálvio de Medeiros e os
e, no governo do prefeito José Ferreira da Silva, em 1940, a sua figura 4 juízes de Paz: Julius Baumgarten, Wilhelm Eberhard, Wilhelm
foi eternizada na estatua em bronze, no local da fundação da cidade, Scheeffer e Francisco da Rocha. Em decorrência de tal fato, foi
pelo escultor Francisco de Souza. realizada nova eleição para completar o numero de vereadores e
O Doutor Blumenau lutou pela revogação dos dispositivos que também para substituir Wilhelm Eberhard que não podia ser votado,
dificultavam a emigração para o Brasil, fazendo palestras, em pois era agente dos Correios desde 1875. O número de vereadores foi
associações de geografia em Leipzig e Dresden. E como integrante da completado com Heurique Watson, José Heurique Flores Filho e José
Sociedade Central de Imigração; em IOde outubro de 1884, já na Joaquim Gomes. Os atos oficiais foram presididos pelo Presidente da
Alemanha, foi nomeado agente oficial da Colonização Brasileira em Câmara de Itajaí, Luiz Fortunato Mendes, e secretariado por Luiz
Hamburgo. Vitonno da Silva, tendo por local o edifício da direeãn da Colônia,
No dia 16 de janeiro de 1884, Louis Sachtleben e Henrique que passou a ser a sede do governo do município. Desmembrado de
Watson, preocupados com os problemas da imigração, convocaram Itajaí, estavam presentes às solenidades grande número de pessoas de
uma reunião para fundar em Blumenau uma filial da Sociedade destaque de ltajaí e Blumenau. O primeiro presidente da Câmara foi
Central de Imigração, e como na ocasião os presentes não chegassem José Heurique Flores Filho, o Vice-presidente Louis Sachtleben e
a um acordo foi convocada nova reunião para o dia IOde fevereiro, do secretário Henrique Watson. Em reunião da Câmara foram nomeados
mesmo ano. A Sociedade Central de Imigração, foi fundada no Rio de auxiliares do governo municipal como procurador Heurique A vé-
Janeiro, e instalada com a presença do Imperador no dia 17 de Lallement, e Guido von Seckendorff, como secretário. A primeira
novembro de 1881, para fazer propaganda do Brasi I como terra ideal sessão do júri realizada em B 1umenau foi presidida pelo juiz de
para a imigração, incentivar, a vinda de Colonos estrangeiros' e dar" direito de Itajaí, Dr. Francisco Martins Fontes, em 1883 8. Durante a
lhes assistência nos primeiros tempos em sua nova Pátria, A
sociedade foi fundada sob os auspícios do Visconde de Taunay e, 8 História de Blumenau - José Ferreira da Silva - 1972 - p.145

62 63
 primeira câmara foi construída a primeira linha telefónica entre A linha telefónica, instalada por Asseburg, no dia 13 de junho de
Blumenau e Itajaí.. Com a experiência dos vereadores, autoridades 1883, ligando Itajaí, Blumenau e Brusque já estava pronta e foi por
judiciárias e policiais de, Itajaí, o novo município de Blumenau telefonema que os blumenauenses foram avisados da chegada, no dia
resolveu os principais problemas administrativos, incluindo também a 23 de junho, às 6 horas, pelo "Progresso", do Presidente da Província
adaptação do Código de Posturas, que vigorou até Blumenau adotar acompanhado da esposa. Foi organizada uma festiva recepção à qual
legislação própria. O Código foi impresso em português e alemão pela compareceram povo, autoridades, professores e alunos. Quando o
Tipografia Baumgarten. O primeiro Código foi baseado em vapor apontou na curva do rio espoucaram foguetes e a banda de
necessidades prementes da época, pois era fruto da experiência dos música tocou o Hino Nacional. . O Presidente hospedou-se no Hotel de
legisladores. Também foi publicado na época um regulamento para Johann Schreepp, sendo homenageado depois do jantar pela
carroças, carros de mola e outras veículos com 20 artigos 9. Sociedade de Canto Germânia. No dia 24 visitou a vila e as
Na época, o município já era servido por estradas e trilhas e a repartições públicas, e à noite foi realizado um baile. No dia 25, ~
principal, a que margeava a direita do Itajaí-Açú, corria da sede do Presidente foi até Gaspar com o vapor "Progresso" e de lá para
município até o passo do Braço do Sul, onde por uma trilha chegava- Brusque foi a cavalo, enquanto sua esposa seguiu direto para Itajaí..
se a Lages e Curitibanos. Margeavam a estrada pequenas povoações Em 1883, apesar do artigo do Pastor Hesse, no "Kolonie
como Salto Weissbach, Passo Manso, Encano, Warnow, Aquidabã e o Zeitung" de 3 de outubro de 1863, comentando que só a "maçonaria
acesso à margem esquerda do Itajaí-Açú era feito com balsas ainda não encontrara ambiente para fixar-se", no dia 24 de fevereiro,
localizadas em Itoupava Norte, Badenfurt, Passo Manso, Carijos e Otto Stutzer, Franz Lungershausen e Wilhelm Scheeffer, formularam
Ascurra, O desenvolvimento aparecia em toda parte e a vida social, convite, para uma reunião com a finalidade de fundar uma loja
artística e cultural era intensa e até uma sociedade para informar e maçónica. E no mesmo ano, já sem utilidade, o velho barracão dos
defender as causas judiciais (Verein für Rechtskunde und imigrantes, pertencente ao Estado, através de um edital publicado pela
Gesetzschutz) foi fundada no dia 8 de janeiro de 1882, tendo na Coletona de Rendas Gerais, através do Coletor Wilhelm Engelke,
presidência Augusto Mueller e na secretaria Bruno Hering. tomou público que no dia 5 de maio o material do mesmo seria
No mesmo ano, em reunião de 30 de abril, os associados da leiloado.
Sociedade de Atiradores conferiram ao Deputado Geral, Dr. Alfredo Com a volta do austero' Doutor Blumenau para a Alemanha, a
d'Escaragnole Taunay, o título de sócio honorário pelos bons serviços honestidade, característica dos colonizadores, em alguns,
prestados à Colónia. Igual gesto tiveram as sociedades, Kulturverein, desapareceu, oponunizando o artigo publicado no "Blumenauer
Turnverein e a Sociedade de Cante Germânia, no dia IOde maio. Zeitung" de 11 de outubro de 1884: "Como se sabe, a Câmara cobra
Taunay, voltou a Blumenau com grande comitiva pelo vapor um mil réis por cabeça de gado suíno abatido para consumo. No
"Progresso" em propaganda para o cargo de deputado à Assembléia trimestre de julho a setembro, foram arrecadados 159$000 desse
Nacional nos dias 22 e 23 de novembro de 1884. Grande amigo de imposto. No mesmo período de tempo, foram exportados: toucinho,
Blumenau foi recebido com festas, sendo homenageado pela 969 quilos; carne de porco defumada e seca, 15.523 quilos e banha,
Associação Ginástica, Sociedade de Atiradores e Cantores. Houve 47.554 quilos, do que resulta. que cada porco, sem ossos e outros
discursos, fogos de artificio, música, canto, marcha "aux flambeaux", restos, pesou 403 quilos, ou cerca de 27 arrobas. Levando-se em
etc., culminando com um baile na Sociedade de Atiradores. consideração que, em media, 50 porcos dão 2.000 quilos de banha e
Hospedou-se na casa de Julius Baumgarten e dia 24 viajou com a sua 600 quilos de carne, a Câmara teria que receber 1:131 $000 e não
comitiva para Itajaí.. 159$000. Onde ficam os restantes 1:072$000 de imposto? Ou será
que, aqui, de fato, o porco pesa, sem ossos e outros restos, 403 quilos?
Ou será que a Câmara é que está sendo lograda?"
O evento que marcou o ano de 1884, foi a visita. do Conde d'Eu a
9 História de Blumenau - José Ferreira da Silva - 1972 - p.148
Blumenau, e que integrava o programa que a Princesa Isabel, herdeira

,
64 65
do trono, empreendia às Províncias do Sul, acompanhada do marido,
entretanto, por motivos de saúde, a Princesa Isabel, de São Francisco
do Sul, foi diretamente para a capital da Província onde aguardou o
consorte. II
O Conde d'Eu,e sua comitiva chegaram a Blumenau no dia 15 de
dezembro, entre as três e quatro horas da tarde pelo vapor
"Progresso", sendo recepcionado com a banda de música, que tocou o
Hino Nacional, por autoridades, povo, fogos de artificio e o repicar
festivo dos sinos das duas Igrejas. Ao som da "Musikkapelle Ruediger
& Lingner" e repique dos sinos, tendo à frente os alunos do Colégio
São Paulo (atual Colégio Santo Antônio), e grande massa popular, o
Conde d'Eu dirigiu-se para a Igreja Católica, sendo recebido com
festivas salvas de morteiros. A festa religiosa encerrou-se com um
solene "Te Deum" e uma saudação em português e alemão na qual o
Padre Jacobs traduziu a alegria do povo pela visita De regresso da
Igreja o Conde d'Eu visitou a Câmara Municipal e a Coletoria. As
perguntas que formulou aos diversos membros da Câmara,
demonstraram interesse por tudo que dizia respeito ao município e
grande conhecimento das atividades rurais. Da Câmara, o Conde d'Eu
e comitiva dirigiu-se ao Hotel de Johann Schreepp, onde foram
reservados aposentos pelo governo municipal. Depois do jantar, o
Conde d'Eu deu um passeio pelas ruas que apresentavam uma
iluminação nunca vista antes. "Pelo meio das palmeiras da 'Palmen
Allee' ostentavam-se lanternas de todas as formas e cores, e, no
princípio dessa rua, um "arco de triunfo", com bandeiras, desenhos e
lâmpadas coloridas", davam um maravilhoso aspecto. Também
algumas casas particulares como à do Cônsul Viktor Gaertner, Karl
Wilhehn Friedenreich e Franz Lungershausen, aumentaram com a sua
iluminação o ar festivo. Às 9 horas da noite, após um passeio pelas
ruas principais da Vila, o Conde d'Eu compareceu a reunião dançante
realizada em sua honra no salão dos Atiradores, onde antes das danças
se apresentaram a Sociedade de Canto Germânia e o Coral Misto
Urânia, qu;e foram muito aplaudidos pelo homenageado. No dia
seguinte, pela manhã, de carruagem, o Conde d'Eu visitou escolas, a
Igreja Evangélica, o Hospital, a Cadeia, a tricotagem de Hermann
Hering Sênior, e o escritório da Comissão de Agrimensores, antes de
fazer um passeio até a casa de Heinrich Clasen (atual residência do
Dr. Julio Zadrozny); na entrada do bairro, em frente da casa de
Bernhard Hoeppner, o Conde d'Eu foi recebido por uma delegação de
senhoritas e moços a cavalo, sendo cumprimentado por uma das
'66
Jovens com uma breve alocução, recebendo vanos ramalhetes de
flores. O Conde d'Eu apeou na frente da casa de Heinrich Clasen,
onde lhe ofereceram refrigerantes e petiscos. Na volta fez uma rápida
parada na casa de Bernhard Hoeppner e também na cervejaria ~e
Heinrich Hosang que lhe despertou grande interesse e agrado. As
doze e trinta, após despedir-se dos blumenauenses que o
acompanharam até o porto, onde o vapor "Progresso" já o aguardava,
o Conde d'Eu foi saudado com "vivas" pelos presentes. Antes de
deixar Blumenau, o Conde d'Eu doou à Câmara Municipal a
importância de cem milréis para distribuir entre os pobres. O Conde
d'Eu usou o idioma alemão em suas palestras, o que agradou muito os
blumenauenses. O único fato negativo, ocorrido na ocasião, foi o
afogamento de um músico de 17 anos, filho do mestre-pedreiro
Gauche. Para recepcionar o Conde d'Eu, Itajaí contratou a banda
Schneider que foi de canoa até a mesma cidade porém, com o atraso
da viagem, nas imediacões da Barra do Itajaí-Mirim, o vapor
"Progresso" já vinha subindo o rio Itajaí com o Conde d'Eu a bordo e
as ondas produzidas pelo vapor e o descuido do canoeiro viraram a
canoa, salvando-se, a nado, só dois dos três ocupantes.
Emancipada desde 18 de março de 1882 por Decreto Imperial, a
Colônia Blumenau, implantou seu primeiro governo eleito no dia 10
dejaneiro de 1883, tendo José Henrique Flores Filho como primeiro
Presidente da Câmara. Entretanto, até a data da instalação da
Comarca, Blumenau era um termo da Comarca de Itajaí. O primeiro
processo julgado pelo Juiz de Direito de Itajaí, Dr. Francisco Martins
Fontes, foi marcado para o dia 27 de março de 1883, porém a primeira
sessão do Júri na Vila, só foi realizada no dia 30 de março, por não
comparecer número legal de jurados. Na ocasião foi julgado José
Maria Chacão, acusado de causar ferimentos graves em outra pessoa.
Tendo como defensor Gregório Joaquim Coelho, Chacão foi
absolvido por unanimidade. No dia 17 de novembro de 1884, em
sessão do Júri, foi julgado, pela segunda vez, Carl Teske, que no
primeiro julgamento fora condenado às galés perpétuas por
homicídio. No segundo foi condenado a 12 anos de prisão com
trabalhos forçados.
Em outubro de 1883, a Colônia Blumenau foi premiada com
medalha de bronze na Exposição de Amsterdam (Holanda) pela linda
coleção de madeiras do Vale do Itajaí. Na mesma exposição, a
"Kulturverein" foi premiada, pelo café exposto, com medalha de
bronze. Entretanto, devido às fortes geadas que se abateram sobre o
67
Vale do Itajaí em 1860/1870, e que estragaram as plantações, os
que estaria à disposição da associação, li ser fundada, para auxiliar em
Colonos desanimaram de cultivá-lo.
tudo o que fosse necessano para que os imigrantes de início
Em 1886, foi realizada uma exposição em Berlin-Alemanha, da
obtivessem, "bons resultados de seu árduo trabalho no desbravamento
qual participou o Colono August Germer, e o "Volkszeitung"
e cultivo de suas propriedades". Finalizando com um viva à imigração
escreveu: - "um Colono de Blumenau teve a feliz lembrança de
alemã. Seguiram-se uma série de brindes, tendo o Presidente brindado
estabelecer o seu bazar em um rancho, igual aos que os imigrantes
os imigrantes como fator fundamental no desenvolvimento económico
brasileiros ocupavam no mato. Esse rancho blumenauense é feito de
da Província; Asseburg brindou o Senador Taunay; o Juiz Costa
varas de palmito, coberto de palha e ornado com musgos. Os palmitos
Moreira brindou o Deputado Hackbarth, sendo os brindes finais
e as palhas da cobertura são amarrados com cipó que tem a mesma
resistência das nossas cordas. O cipó, que é um vegetal muito comum erguidos aos Imperadores do Brasil e da Alemanha. À noite,
participou do baile na Sociedade de Atiradores. No dia 5, devido as
ali, não apodrece nem bicha e o proprietário do rancho teceu, com ele,
chuvas, o Presidente não foi até Indaial, porém, visitou repartições,
o assento do banco compnido. No rancho blumenauense, vendem-se
escolas, Igrejas, fábricas de conservas e outras indústrias. Com a
peles de animais selvagens, plumagens de aves multicores, chapéus de
participação de autoridades locais, realizou-se no Hotel Freygang, às
palha, minerais e borboletas douradas e azuis. Causaram sucesso o
5 horas da tarde, um jantar, no qual o Presidente agradeceu a acolhida
vinho de laranjas brasileiro e a cachaça de cana. Ao lado dos ricos
e as homenagens recebidas. No dia 6, arutes do regresso a Desterro, na
produtos agrícolas havia amostras de carvão e ferro, materiais
hora do almoço, o Presidente comunicou ter nomeado uma diretoria
necessários às indútrias de base". August Germer recebeu medalha de
ouro, prata. e bronze. provisória para a Associação de Imigração integrada pelos senhores
Malburg, Sacht1eben, Salinger, Probst, Altenburg, Flores e Koehler.
No dia 4 de janeiro de 1887, o Dr. Francisco José da Rocha,
Após o ahnoço visitou a cadeia, o Hospital Municipal (que achou
Presidente da Província, visitou Blumenau sendo recebido sob
obsoleto), a bibli.oteca do Kulturverein e o "Blumenauer Zeitung".
aplausos pelos blumenauenses, ao som de duas bandas musicais do
Antes de embarcar, pousou no cais para uma foto. Durante o regresso,
espoucar de foguetes e acompanhado até o Hotel Freygang, onde foi
a bordo do vapor, pessoas que o acompanharam até Gaspar,
cumprimentado. No salão dos Atiradores, todo ornamentado com
abordaram a constrnção da estrada Blumenau-Curitibanos.
flores e bandeiras foi servido um banquete, sendo o Presidente
Em 1887, Blumenau contava com sessenta milhas de estradas
saudado pelo Juiz Dr. Costa Moreira, que no [mal, convidou os
carroçáveis e duzentas e cinqüenta milhas de caminhos vicinais, que
presentes a um "Viva" e votos 4e boas vindas ao homenageado. O
duplicaram no decorrer de nove anos.
Presidente agradeceu, dizendo que ocupava o cargo, por ser Santa.
Catarina um dos principais centros de imigração européia e ter O "Blumenauer Zeitung", a partir de 1881, registrava todos os
fatos importantes da Colónia, o que entretanto não impedia que
defendido como jornalista a política de estímulo a essa imigração.
Solisitou aos blumenauenses a formação de uma associação, visando houvesse pessoas que eram verdadeiros jornais falados. Entre eles,
quem muito influiu e participou da vida blumenauense foi Friedrich
incentivar a imigração e amparar os imigrantes. Na ocasião, citou a
Hoffmann, conhecido pelo apelido de "Schirmonkel". Consertava
exposição realizada na Alemanha, onde August Germer demonstrou a
guarda-chuvas e outros pequenos objetos de uso pessoal..
"evolução, da Colónia e progressivo bem estar do imigrante",
Temperamental,. vivia de brigas com os vizinhos. Tinha veia poética e
convidando a todos para acompanhá-lo num brinde e viva - "Viva o
fazia versos humonísticos sobre tudo e todos. Apesar das brigas e
Senhor August Germer, pioneir.o blumenauense, na Exposição de
outras virtudes, quando o "Schirmonkel" faleceu, no dia 5 de janeiro,
Beslin'', sendo acompanhado pelos presentes. August Germer, em
aos 75 anos de idade, deixou uma grande lacuna e porque não dizer,
poucas palavras, relatou como se desenvolveu a exposição sul-
saudades. O ano de 1887, ainda foi marcado, pela morte de Ferdinand
americana em Berlin, onde recebeu cumprimentos e congratulações,
Hacknadt, no dia 22 de fevereiro, com quase 70 anos de idade. O
inclusive do Ministro Imperial von Boettcher. Falou em seguida o
Doutor Blumenau veio para o Vale do Itajaí com o sócio Ferdinand
Engenheiro Dr. Paula Ramos, Chefe da Comissão de Terras, dizendo
Hacknadt. . Mais tarde, devido a desentendimentos, Hackradt mudou-se

68
69
para o Desterro, onde fundou a maior fuma de importação da Oftcial do Registro de Hipotecas.: A ata de instalação da Comar.ca de
Província" a Carl Hoepcke & Cia. Blumenau foi lavrada no livro de atas, do Tribunal do Júri da Comarca
Também é quase inacreditável que em 1887, alguém pudesse de Blumenau.
morrer por acidente de trâasito em Blumenau, entretanto, o O teor da Lei que criou a Comarca é o seguinte: "O Doutor
"Blumenauer Zeitung", de la de outubro de 1887, noticiou o Francisco José da Rocha, Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa,
atropelamento, da viúva Johanna Dankwardt, de 56 anos, no dia 23 de Comendador da de Nossa Senhora da Conceição da Vila Viçosa e
setembro, e que veio a falecer no dia 25 do mesmo mês, apesar do Presidente da Província de Santa Catarina., faço saber a todos os
socorro médico imediato. Na época, não havia calçadas nem habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu
acostamento para pedestres e o boleeiro da carruagem do Conde von sancionei a Lei seguinte: Art. 1 O termo de São Paulo de Blumenau
0
-

Koppy, talvez não tivesse tido tempo para desviar a carruagem e fica desmembrado da Comarca de Itajaí.. Art. 2 0
-O dito Termo
Johanoa não tivesse ouvido a aproximação do veículo. Johanna era formará uma Comarca com a denominação de Comar.ca de São Paulo
governanta.. na casa do comerciante Hermano I Hering e era muito de Blumenau. Art. 3 0
- Os limites da nova Comarca serão os
estimada e prestativa. A nota. do jornal ftnaliza com a advertência; atualmente existentes do município do mesmo nome. Revogadas as
"Que este fato sirva de lição, pois o constante aumento de veículos em \ disposições em contrário, Mando, portanto a todas as autoridades, a
nc--sa ma principal, acidentes semelhantes poderão ocorrer com que o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a
freqüência'' . cumpram. e façam. cumprir inteiramente como nela se contém".
Quando o mandato da primeira Câmara Municipal (1883/L887) A primeira sessão do Tribunal do Júri da Comarca realizou-se no
estava chegando ao fim, Flores Filho já manobrava a sua reeleição dia 17 de março de 1890, sob a presidência do primeiro Juiz de
para presidente da mesma, lançando mão de recursos pouco Direito da Comarca, Dr. Pedre Celestino Felício de Araújo, que foi
recomendáveis, entre eles, o protesto contra a eleição de Franz: Juiz em Blumenau até 10 de outubro de 1890, quando foi substituído
Lungershausen e Heinrich Clasen, alegando que os mesmos pelo Dr. Manoel Cava1canti de Arruda Câmara,
desconheciam.. a língua portuguesa. Em consulta. formulada ao Em outubro de 1893, o Tribunal do Júri de Blumenau condenou,
Presidente da Província, este considerou o protesto de Flores Filho por furto, a cinco anos de prisão o Colono Johann Schwãrnmle,
sem fundamento, determinando a posse dos mesmos. Flores Filho enquanto os irmãos Aradt, que assassinaram o Colono Selke, foram
negou-lhes o direito de prestar. juramento, porém ordens terminantes absolvidos, fato que causou grande revolta em Blumenau.
do Governo Provincial, deram posse aos mesmos. No dia 7 de janeiro de 1889 foi eleito Presidente da Câsaara,
A segunda Câmara (1887/~89) contou com Wilhelm Scheeffer, Gustav Salinger e, sob sua presidência, no dia 25 de novembro do
Franz Lungershausen, Leopold Hoeschl, Jacob Louis Zimmermann, mesmo ano, em sessão especial e solene, a Câmara aderiu à forma
Heinrich Clasen e Louis Altenburg, tendo como suplentes José republicana de governo. Terminado mandato de um ano, Salinger
Henrique Flores, José Joaquim Gomes e Heinrich Krohberger, Sob a concentrou-se em atividades comerciais, sociais e artísticas. Foi um
presidência de Wilhelm Scheeffer foi providenciada a criação de uma dos fundadores da Loja Maçônica "Palma da paz" e da Associação
estação telegráftca, a constituição de um patrimônio histórico Comercial., Gustav Salinger também foi Cônsul da Alemanha após a
municipal e' os trabalhos para melhorar. o acesso da estrada para morte de Viktor Gaettner, exercendo o cargo até a sua morte. Com a
Curitibanos. República foi nomeado Governador interino do Estado o Tenente -
Apesar. de assinada no dia 30 de agosto de 1886 pelo Presidente Engenheiro, Lauro Severiano Mueller, natural de Itajaí, que ao
da Província, a Lei Estadual n" 1.109 que criou a comarca de assumir o governo, decretou a dissolução da Assembléia Legislativa e
Blumenau, a mesma só foi instalada no dia IOde fevereiro de 1890, Câmaras Municipais, criando as Intendências Municipais.
pelo 1° Suplente do Juiz Municipal, o cidadão Gustav Salinger, que, A primeira Intendência de Blumenau contou com o Dr. José
após deferir o juramento ao 1° Promotor Público, Dr. Manoel Bonifácio da Cunha (presidente), Heinrich Clasen (vice-presidente),
Agostinho Demoro, nomeou o Tabelião Elesbão Pinto da Luz, para Friedrich Rabe, Gottlieb Reif e José Agostinho Pereira, sendo

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instalada com solenidade no dia 18 de janeiro de 1890. Um dos Superintendente e, como Conselheiros: August Mueller, Louis
primeiros atos dos novos governantes do município foi mudar os Altenburg, Heinrich Reuter, Leopold Knoblauch, Pedro Schmidt,
nomes de algumas ruas. A rua do Itajaí é hoje a rua 15 de novembro; a Ferdinand Braatz, Heinrich Krohberger, Louis Abry, Emílio
rua do Imperador passou a chamar-se 7 de janeiro e é a atual Alameda Wehmuth, Aleandro Lenzi, Gustav Salinger, Friednich van Ockel e
Rio Branco; a Alameda Wendeburg continuou com o mesmo nome Georg Wamser.
até 1899 quando passou a chamar-se "Doutor Blumenau". Durante a Com a República, a Igreja divorciou-se do Estado o que
"nacionalização" foi denominada Alameda Duque de Caxias desagradou o clero, e o Vigánio José Maria Jacobs, fundador do
(conhecida também como Rua das Palmeiras); a rua do Hospital, hoje Partido Católico, não' hesitou em fazer campanha aberta. contra os
rua Itajaí, foi denominada 13 de maio. republicanos, sendo processado e condenado a três meses de prisão.
A República pôs em cena o Dr. José Bonifácio da Cunha, Paula A consolidação do regime republicano não foi fácil, a começar
Ramos, Santos Lostada, Francisco Margarida, Cunha Silveira e com Deodoro da Fonseca que renunciou, e Floriano Peixoto que
Hercilio Luz. Entre os citados salienta-se o Dr.. José Bonifácio da deixou o Brasil numa instabilidade sem precedentes. Essa
Cunha, médico, que tendo recebido do Governo Imperial a "Cruz da instabilidade atingiu os governantes de Santa Catarina e,
Ordem de Cristo", por sua atuação na "Expedição Madeira Mamoré", principalmente, o povo blumenauense.
durante a construção da ferrovia, chegou a Blumenau em 1885. Lauro Sevetiano Mueller, Governador do Estado, foi intimado a
Inicialmente não se envolveu em política, dedicando-se à sua renunciar, entretanto, os que o apoiavam formaram o batalhão "Lauro
profissão no município e localidades do interior. Era associado de Mueller", que com o auxílio de voluntários de outras localidades,
sociedades recreativas e desportivas, participando de grupos de marcharam para o Desterro. Blumenau também se organizou com um
cantores e conjuntos musicais, pois tocava violoncelo: batalhão de 150 homens comandados por Guido von Seckendorff
Aprendeu o idioma alemão, integrando-se à sociedade tomou-se (como Seckendorff era alemão, figurava no comando, Francisco da
o elemento capacitado a orientar o município dentro da República, Cunha Silveira, coletor), que foram transportados até Itajaí pelos
fato que só lhe trouxe desgostos, pois foi preso e processado, sofrendo vapores "Progresso" e "Jan". Em Itajaí, o batalhão passou pára uma
perseguições e injustiças. Governou Blumenau até 7 de abril de 1892, lancha da firma Asseburg que foi rebocado pelo vapor "Jan"
quando renunciou, Foi no seu governo, que no dia 9 de julho de 1890, comandado por Stein que seguiu para o Desterro em fins de dezembro
foi inaugurada a Primeira Agência Telegráfica de Blumenau, sendo de 1891. O movimento em Blumenau foi chefiado por Hercílio Luz,
primeiro telegrafista João Corcoroca. No dia 12 do mesmo mês, com Bonifácio da Cunha, Paula Ramos, Peter Feddersen, Margarida e
espoucar de foguetes, foi anunciada a conclusão dos trabalhos da outros. Na viagem para o Desterro, a meio caminho, o cabo que
linha telegráfica de Itajaí-Blumenau e conseqüentemente a integração rebocava o "Jan" rebentou e o batalhão teve que desembarcar em
de Blumenau à rede de comunicação telegráfica com o exterior, Porto Belo, seguindo, via Tijucas, onde foram recebidos festivamente
Corcoroca foi substituído por Luiz Silveira da Veiga em dezembro de no dia 29 de dezembro, data em que Lauro Severiano Mueller, no
1894. Desterro, renunciou, pois o 250 Batalhão reforçou os adversários de
A Constituição Estadual, promulgada em 11 de junho de 1891, Lauro Severino Mueller. Os blumenauenses regressaram por Nova
alterou o sistema administrativo municipal, sendo extintas as Trento e Brusque, revoltados com a atuação de' Lauro Sevesiano
Intendências e criados os Conselhos Municipais. As eleições de 31 de Mueller..
agosto de 1891 colocaram o Dr. José Bonifácio da Cunha como Na ocasiao, Santa Catarina foi governada por uma Junta
Provisória, integrada pelo Coronel Luiz dos Reis Falcão, 10 Tenente
da Anaada Arthur Diocleciano de Oliveira e Christovão Nunes Pires,
• Obs: os nomes: Hercflio Pedro da Luz, José Bonifácio da Cunha, Victorino de Paula Ramos, que decretou a dissolução do Congresso Estadual e Conselhos
Manoel dos Santos Lestada, Francisco Amónio de Oliveira Margarida" Francisco da Cunha Municipais, sendo criados, os Conselhos de Intendência, a exemplo
Silveira e outros, aparecem também, nas pesquisas , simplificados.
do regime monárquico. Esse ato foi repudiado em Brusque e Tijucas,

72 73
baseado em decisão do Tribunal de Justiça" que negou a autoridade da do Dr. Fritz.. Mueller, permanecendo no cargo até 14 de novembro. Os
Junta. em anular as eleições e dissolver os Conselhos Municipais. Em demais Conselheiros Intendentes eram: Adão Schmidt, José Joaquim
Blumenau, o Conselho e o Superintendente Bonifácio da Cunha Gomes, August Germer e Franz Lungershausen. Durante a gestão de
negaram-se a cumprir as ordens da Junta. Provisória, , não entregando o Franz Faust, realizaram-se eleições à nova constituinte, sendo eleitos
governo ao Dr. Fritz. Muel1er. por Blumenau, em 24 de abril, Leopold Engelke, filho de Wilhelm
Para substituir a Junta Provisória, o Governo Federal enviou para Engelke, e Elesbão Pinto da Luz, com uma votação inexpressiva.
Santa. Catarina, como Interventor, o Tenente Manoel Joaquim Apesar das manobras da oposição, que considerava a administração
Machado, que na sua viagem deveria escalar em Itajaí, fazendo com imposta de usurpadora, o município foi dividido em onze seçêes
que os chefes políticos blumenauenses resolvessem ir até Itajaí pelo eleitorais, porém, os republicanos se abstiveram de votar.
vapor "Jan" não' só para cumprimentá-lo e sim para entendimentos, Na sua curta. gestão, o Dr. Fritz. Mueller nomeou Paul
visando restabelecer a ordem no município. Informados da ida dos Schwanzer, colaborador do jornal "O Immigrant", que defendia os
blumenauenses até Itajaí, os itajaienses resolveram de qualquer forma federalistas, (maragatos), para o cargo de Procurador da Intendência, e
impedir o encontro com o Tenente Machado, postando policiais nos Hugo Riedel, liberal ferrenho, para secretário. As atitudes do Dr. Fritz,
pontos de possível desembarque, colocando no trapiche populares Mueller, apesar de respeitado como cientista, famoso, eram
para vaiarem os blumenauenses, jogarem pedras no barco, assentando incompatíveis com a opinião pública.
inclusive um velho caahão carregado de pregos enferrujados para Com o Tenente Machado, a Força Policial e a Instrução Primána
disparar se necessário fosse, fazendo com que os blumenauenses foram reorganizadas e os juízes de direito que o hostilizavam, não
voltassem para Blumenau. Posteriormente, o governo do Tenente reconhecendo a Junta. Provisória, foram transferidos.
Machado enviou para Blumenau o Chefe de Policia para" por meio O novo Congress~ Estadual instalou-se no dia 14 de junho de
persuasivo, conseguir a adesão ao seu governo, sendo rechaçado, pois 1892, elegendo o Tenente Machado como Governador, e os vice-
os blumenauenses se dispunham a reconhecer o Governo Estadual, governadores Eliseu Guilherme da Silva e Christóvão Nunes Pirés.
porém sem interferência na política local ou sujeição à dissolução do Também foi designado o dia 20 de novembro para as eleições
Conselho e deposição do Superintendente eleito pelo povo. Apesar do municipais, nas quais os republicanos obtiveram estrondosa vitória,
Dr. Fritz. Mueller oficiar ao Conselho intimando-o a entregar-lhe o que foi anulada pelo Conselho da Intendência no dia 21 de dezembro,
governo do município, August Mueller, irmão do Dr. Fritz.. Mueller, sob o pretexto de terem sido eleitos nove conselheiros em vez de sete.
concitou os Conselheiros a resistirem ao ato ilegal do governo, sendo Novas eleições foram marcadas para o dia 21 de janeiro de 1893, I

apoiado por todos, menos por Heinrich Reuter que se demitiu. Para onde os federalistas foram novamente derrotados, obrigando-os a
obrigar os blumenauenses a cumprirem as determinações reconhecer o resultado do pleito com Heinrich Probst, Louis Abry,
governamentais foi enviado para Blumenau o Capitão Servílio José Antônio Bernardo Haendschen, Jens Jenserr;- Ferdinand Hackbarth,
Gonçalves, da polícia estadual, com 45 praças para empossar à força Aleandro Lenzi, João Scoz e August Keunecke, sendo este último
os nomeados pelo governo, fazendo com que o Superintendente rejeitado, por ser agente do correio em Indaial.. Apesar do dinheiro
Bonifácio da Cunha entregasse o cargo, porém, este, só o entregou, recebido de Bonifácio da Cunha que o havia depositado em banco no
após depositas. todo o dinheiro. dos cofnes municipais em casa bancária Desterro e tê-lo empregado em benfeitorias no município, os
no Desterro. Na curta passagem dos "maragatos" pelo poder no federalistas não venceram as eleições, tendo os eleitos tomado posse
Estado, o Dr. Fritz, Mueller, empossado pela força no dia 7 de abril de no dia 2 de março de 1893.
1892, no cargo de Presidente do Conselho da Intendência de No dia 18 de junho de 1892, apareceu o jornal "O Município",
Blumenau, não suportou as pressões, sendo substituído em 6 de maio órgão oficial da Intendência, que trazia, além dos atos oficiais,
de 1892, por Wilhelm Engelke, que apesar de garantido pelos noticiário geral, sem envolver-se em discussões políticas e agressões
soldados do Chefe de Polícia, entregou o posto no dia 20 de maio do pessoais, pois estas eram divulgadas pelos federalistas, através de
mesmo ano a Franz Faust, que fora nomeado interinamente em lugar panfletos, respondendo aos ataques do "Blumenauer Zeitung". Em

7S
 agradou ao Tenente Machado que tentou afastá-lo do Estado de
outubro de 1892, o Comissário de Polícia solicitou ao Editor do
qualquer maneira, inclusive com transferência. Ao regressar, Paula
"Blumenauer Zeitung" para assinar o "Termo de Responsabilidade".
Ramos foi impedido pelos governistas de desembarcar em Santa.
O editor dirigiu-se à Delegacia dizendo já o ter assinado há alguns
anos atrás e, se houvesse necessidade, o assinaria novamente. Apesar Catarina, voltando para o Rio de Janeiro.
Em janeiro de 1893, o ambiente politico em Blumenau era tenso.
de tudo parecer em ordem, se não fosse a guarda de alguns
Durante a campanha eleitoral aconteceram fatos desagradáveis e de
blumenauenses a oficina teria sido empastelada. Comentou-se, na
sérias conseqüências, pois além da animosidade reinante por motivos
época, que foram prometidos duzentos milréis para alguns
políticos, as preferências do Juiz de Direito da Comarca de Blumenau
empastelarem o "Blumenauer Zeitung", o que não ocorreu devido a
desentendimentos sobre a partilha do dinheiro, Em novembro de pelo Tenente Machado, levaram Hercílio Luz a esbofetear numa
discussão, o juiz na sua própria residência, , fazendo com: que o
1892, nova ameaça de empastelamento por elementos da Polícia,
Governador mandasse para Blumenau o Chefe de Polícia com um
evitada pela presença de pessoas e também pela chegada de amigos do
proprietário do jornal. . contingente policial, porém, o fato não teve maiores conseqüências
por falta de provas. Entretanto, o incidente do dia 16 de fevereiro de
Fatos como esses, levaram os blumenauenses a se colocarem em
189310 que teve origem na negativa em fornecer uma certidão
dia com a nova situação do país e, através do "Blumenauer Zeitung",
de 11 de janeiro de 1893, R. Finster formulou convite aos eleitores solicitada por Hercílio Luz ao Juiz de Paz, Friedrich Rabe,
blumenauenses para orientá-los sobre as eleições, fixando o dia 22 de desencadeou a violência e pôs em polvorosa toda a Comunidade
janeiro para as reuniões nas diversas localidades onde deveriam ser blumenauense.
Manoel dos Santos Lostada, auxiliar do Dr .Hercilio Pedro da
escolhidos os delegados para representar os eleitores na Assembléia
Luz, na Comissão de Terras, foi solicitar uma certidão, porém lá
Geral de 5 de fevereiro, a ser realizada no salão Gross (centro). Os
encontrou o escrivão de Polícia, Elesbão Pinto da Luz, despachando
delegados levasiam aos políticos as reivindicações das suas
papéis de Juízo que não eram de sua alçada, proibindo ao escrivão de
localidades em troca do apoio nas eleições. O convite foi assinado por
H ..F. Schmidt, Carl Hertel, Heinrich Probst, Hermann Hering Sênior, fornecer a certidão. Lostada retirou-se protestando e quando estava na
Bruno Hering e Gottlieb Reif., Casa Comercial de Heinrich Probst, a alguns passos da Câmara, foi
preso e trancafiado em xadrez comum por ordem do Delegado de
No dia 15 de janeiro de 1893, Tolentino Vieira de Souza e
Policia. A indignação foi geral.. Os amigos de Lostada exigiram a sua
Pereira de Oliveira, membros da Comissão Executiva do Partido
Republicano do Desterro, foram.homenageados no salão dos soltura imediata, ou usariam a força. Como se passassem horas e o
Atiradores com um baile. Tolentino Vieira de Souza veio para Delegado não soltasse o preso, os amigos de Lostada dirigiram-se ao
defender e patrocinar causas, caso houvesse arbitrariedades por parte quartel e Elesbão, ao ver a aproximação dos homens armados mandou
das autoridades. Os homenageados foram cumprimentados em nome soltar Lostada. Os ânimos estavam exaltados e a turba queria saber o
"porquê" da arbitrariedade. Elesbão, irritado, sacou de um revólver,
dos organizadores do baile pelo Dr. Hercilio Pedro da Luz. O discurso
foi respondido com palavras enaltecedoras aos "Colonos". O povo exclamando:- "Eu morro, mas vocês não me prendem!" disparando a
arma em direção a Hercílio Luz, seu cunhado. Houve troca de tiros e
blumenauense também foi elogiado pelo apoio à orientação política
de Lauro Severiano Mueller. o Delegado, levemente ferido fugiu. O Delegado, antes de abrir fogo,
Lauto Severiano Mueller, deposto do cargo de governador, afirmava continuamente de que derrubaria com um só tiro uma
continuava no Rio de Janeiro, como deputado, conseguindo, através de centena de alemães, porém, enganou-se, pois a "canalha alemã" não
adesões ao Governador Federal, o esfriamento das relações entre era como ele imaginava. O jornal citou ainda o provérbio "Quem
Floriano Peixoto e o Tenente Machado. semeia ventos, colhe tempestades".
Enquanto isso, no Desterro, o Dr. Victorino de Paula Ramos é
preso na rua e depor.tado para o Rio de Janeiro, apesar do "habeas lO "Blurnenauer Zeitung" de IOde fevereiro de 1893.
corpus" para que o mesmo regressasse a Santa Catasina, o que não

76 77
 o incidente, além do cunho político,passou para o racial e para
apaziguar os ânimos, uma comissão dirigiu-se ao juiz solicitando
providências para a não repetição dos fatos. Os federalistas, na
ocasião, contestaram as notícias do "Blumenauer Zeitung", afirmando
que após a discussão de Elesbão com Lostada, este foi contar o
ocorrido para Hercílio Luz, que se dirigiu ao Cartório onde
discutiram, e que, segundo Elesbão, resultou na prisão de Lostada.
O Governo do Estado, ciente das ocorrências, enviou para
Blumenau, com grande reforço policial, o Chefe de Polícia,
Dr. Caldas, famoso por suas arbitrariedades, que mandou abrir
inquérito, que em poucas horas estava concluído determinando a
prisão dos indiciados: Hercílio Pedro da Luz, Manoel dos Santos
Lostada, José Bonifacio da Cunha, Francisco Margarida, Francisco da
Cunha Silveira, August Schulze, Hermann Baumgarten, 0110
Moldenhauer, Fides Deeke, Gustav Binder, H.F. Schmidt, Ernst
Eckardt e Paul Zimmermann. Segundo o jornal, o mandado continha
ordens expressas para capturar os indiciados "de qualquer forma,
podendo até ser alvejados pela Polícia, ou pelos oficiais de Justiça,
caso resistissem à prisão". Os republicanos refugiaram-se em casa de
amigos e correligionários, entretanto a prisão do Dr. Bonifácio da
Cunha e Santos Lostada fez com que Hercílio Luz deixasse o
esconderijo e voltasse para sua casa, onde foi preso e levado entre'
soldados de baionetas caladas, para a prisão, sendo encaminhados, no
dia 3 de março de 1893, para o Desterro. Os federalistas de
B 1umenau, livres dos seus adversarias fundaram o 2 "Immigrant" que
0
estreou em março e desapareceu em julho com apenas 16 números
publicados.
Os indiciados foram impronunciados no julgamento do processo
pelo Superior Tribunal de Justiça. Em represália, o Tenente Machado
dissolveu o Tribunal de Justiça, criando o de Relação, para o qual
foram nomeados novos juízes que elegeram seu presidente o
Desembargador José Ferreira de Mello. Entretanto, pela interferência
de advogados, o Supremo Tribunal Federal "avocou o processo e a
presença dos acusados no Rio de Janeiro", concedendo aos mesmos
"habeas corpus", anulando o processo. A decisão do Supremo
Tribunal Federal foi festejada em Blumenau com espoucar de
foguetes no dia 20 de maio de 1893. Também foi organizada uma
comissão para recepcionar os políticos no dia 8 de junho e
programado um baile no Hotel Schreepp, onde houve um conflito
entre povo e policiais. Os populares armados de sarrafos e garrafas
78
vazias feriram o Tenente, soldados e CIVIS.OS militares foram ao
QUa.rtel, armaram-se e voltaram ao local do baile, fazendo descargas
de carabina para dentro do salão.
Nesse interim, a situação no Rio de Janeiro agravou-se, onde 13
generais que publicaram um manifesto contra as arbitrariedades de
Floriano Peixoto foram presos, exilados e reformados. Enquanto os
federalistas, chefiados pelo General Silva e pelo caudilho
Gumercindo Saraiva, vindos do Uruguai, invadiram o Rio Grande do
Sul, o Tenente Machado rompia com Floriano Peixoto, expondo a sua
simpatia pelos federalistas que engrossavam as fileiras do Rio Grande
do Sul, ameaçando invadir Santa Catarina, sendo tomadas medidas
para aumentar o efetivo policial no Estado e afastar dos postos os
funcionários públicos simpatizantes dos federalistas. Floriano Peixoto
e Lama Mueller tentaram derrubar legalmente o Tenente Machado,
porém, o fato só ocorreu quando Felippe Schmidt denunciou o
Governador perante o Superior Tribunal de Justiça do Estado como
incurso no art.112 do Código Penal, sendo o Tenente Machado
pronunciado, transferindo o governo para Eliseu Guilherme da Silva,
o que não impediu que partidários do Tenente Machado se
apresentassem para defendê-lo.
Enquanto Hercílio Luz e Bonifácio da Cunha agiam em
Blumenau, Paula Ramos, no Desterro, tratava de armar os
republicanos dos municípios vizinhos, inclusive Blumenau, para onde
trouxe 12 praças do exército sob o comando do Tenente Carlos
Alberto Camisão, para treinar os componentes do batalhão em
formação, integrado por Colonos aliciados, sob o fundamento de que
seriam voluntáios para defender as fronteiras do sul do Estado. Desse
batalhão também faziam parte elementos da melhor sociedade local e
foi chamado de "Batalhão de Cívicos".
No dia 22 de julho de 1893, em face da anarquia reinante na
administração estadual, a Câmara Municipal de Blumenau e grande
massa popular repudiaram o governo de Eliseu Guilherme da Silva,
elegendo, através de sessão extraordinária da Câmara Municipal, sob
a presidência de Heinrich Probst e secretário Francisco Margarida, o
Dr. Hercílio Pedro da Luz, Governador de Santa Catarina, com sede
provisória em B lumenau e, depois, em Florianópolis. Da sessão foi
lavrada a seguinte ata: - "Aos vinte e dois dias do mês de julho de mil
oitocentos e noventa e três, no Paço da Municipalidade de Blumenau,
presentes os membros do Conselho, Heinrich Probst, Jens Jensen,
Ferdinand Hackbarth, Antônio Bernardo Haendschen, foi aberta a
79
 sessão, declarando o cidadão Presidente que esta tinha sido convocada
a fim de prestar juramento o cidadão Dr. Hercílio Pedro da Luz,
aclamado pelo povo catarinense governador do Estado de Sta.
Catarina. Em seguida o mesmo cidadão Dr. Hercílio Pedro da Luz
prometeu cumprir bem e fielmente com toda a dedicação e
patriotismo o cargo de Governador de que foi investido pela
população catarinense. E nada mais havendo a tratar-se, o Sr.
Presidente suspendeu a sessão pelo que se lavrou a presente ata. Eu,
Francisco Antônio de Oliveira Margarida, a escrevi. (assinados)
Heinrich Probst, Jens Jensen, Louis Abry, Ferdinand Hackbarth,
Antônio Haendschen, Hercílio Pedro da Luz, Leopold Knoblauch, Dr.
José Bonifácio da Cunha, Francisco da Cunha Silveira, Victorino de
Paula Ramos, Manoel dos Santos Lostada, Hermann Baumgarten,
Antônio José Schneider Ernst Eckhardt, Leopoldo Francisco
Zimmermann, H.F. Schmidt, Wilhelm Gross, Johann Wagner, Guida
von Seckendorff, Augusto Bussi, Jacob Schmidt, Ferdinand Kinder,
Robert Boddenberg, August Arnold, Carl (ilegível). Otto Freygang,
Otto Wehmuth Jr., Curt Michel, Hermann Schossland, Otto Bublitz,
Hermann Brunner, Ferdinand Fritzke, Wilhelm Klein, Christian Reif
Jr., Carl Jacobsen, Karl Kampert, Gottlieb Reif, Hermann Klein,
Oscar Kretzschmar, João Bento, Reinhold Butzke, Bruno
Scheidemantel, Paul Meyer, Hermann Jahn, Ferdinand Teske,
Wilhelm Otte, Hermann Marquardt, Emil Wachholz, August Leber,
E1Win Wagner, August Fey, Richard Enke, Franz Schroeder, (ilegível)
Seifert, Otto Steinbach, Otto Schneider, Leopold Richter, Luiz Jasper,
Fritz Reif, Richard Jurk, Hermann Jurk, Max Haertel, Ernst Neumann,
August Boettger, Adolf Grummenauer, P.Chr.Feddersen, Otto
Wehmuth".ll
O Batalhão de Cívicos com 130 homens bem armados, sob o
comando do Tenente Camisão, deixou Blumenau no dia 24 de julho
por terra, via Brusque, Tijucas e Porto Belo, onde o restante do trajeto
foi feito a bordo do vapor "Itapernirim", desembarcando no Desterro
em trajes civis, e em ordem unida, sob o comando do Coronel Serra
Martins, do Distrito Militar, sendo aquartelados no 25° Batalhão de
Infantaria, no Campo do Manejo. No dia 30 de julho, o Batalhão de
Cívicos de Blumenau, fardado, seguido de dois canhões Krupp,
pertencentes à fortaleza Santana, desfilaram pelas ruas da capital, na
II Frederico Kilian - Blumenau em Cadernos, Tomo II p.155
80 '
. retaguarda da Guarnição Federal. Às duas horas da madrugada, no
Palácio, onde se mantinham aguardando os acontecimentos, o
Governador Eliseu Guilherme da Silva, o Tenente Machado e grande
número de correlegionários, foi atacado por densa fuzilaria e tiros de
canhões. Houve vários mortos tanto na praça como no interior do
Palácio. No dia seguinte, os blumenauenses, auxiliados por forças
federais, ocuparam a Câmara Municipal, o Tesouro do Estado e o
Palácio onde Hercílio Luz tomou posse. Eliseu Guilherme da Silva,
basead~ no ~. 6 § 3° da Constituição, telegrafou para Floriano
Peixoto mantendo sua autoridade de Governador eleito. Os
blumenauenses voltaram para Blumenau, o Batalhão de Cívicos foi
dissolvido e Hercílio Luz foi demitido do cargo de Chefe da
Comissão de Terras. e Colonização.
Antes das ocorrências: em Desterro, Hercílio Luz, que era
prestigiado pelo governo republicano, à frente de civis armados, e em
companhia do Juiz de Direito de Tijucas, Genuino Vidal, depôs à
Câmara da Vila de Tijucas ..
Eliseu Guilherme da Silva, informado pelo telégrafo da decisão
dos blumenauenses, resolveu criar a "Guarda Patriótica", enviando
para Tijucas e Blumenau grupos de policiais.
A força policial, há tempo estacionada em Itajaí, com cerca de
200 homens de cavalaria e infantaria, recebeu ordem de atacar
Blumenau e ocupá-la, assim que o "Batalhão de Cívicos" tivesse se
afastado com destino ao Desterro. Os blumenauenses, desfalcados de
seus líderes, que haviam seguido para o Desterro, via Brusque e
Tijucas, informados do ataque, se reuniram às pressas e com as
poucas armas disponíveis entrincheiraram-se nas encostas do Morro
do Aipim (imediações da atual rua Pedro Krause) e quando a tropa do
Governo apontou na curva do caminho, abriram fogo contra os
cavaleiros que vinham à frente dos policiais. Estes, surpresos, pois
acreditavam que a cidade estivesse indefesa, trataram de se proteger,
porém em grande confusão e desordem fugiram desordenadamente,
em menos de um quarto de hora, deixando no local 2 mortos, mais de
30 feridos, 14 carabinas. "Cornblain", 20 baionetas, cerca de 20 mil
cartuchos, kepis, etc. Os soldados desertaram no caminho até Itajaí,
chegando ao destino somente uns 100. Os blumenauenses, em número
de 70, nada sofreram.
No dia 7 de agosto de 1893, o Legislativo do Estado votou várias
represálias contra os blumenauenses. Indaial e Gaspar foram
desmembrados de Bl umenau. Indaial, como município autônomo, teve
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 sua sede elevada à categoria de Vila (4/10/1893) e Gaspar foi anexado Enquanto isso, os maragatos haviam adentrado Santa Catarina,
à Itajaí.. Em 7 de fevereiro de 1894, foram realizadas eleições em sob o comando de Gumercindo Saraiva e Paulíno das Chagas, que
Blumenau porque João Scoz, Aleandro Lenzi e Antônio Bernardo pediram permissão através do Tenente Jorge Wallan para atravessar
Haendschen, residiam nos municípios desmembrados e as vagas em Blumenau e seguir até ltajaí.. As negociações foram divulgadas
aberto em Blumenau foram preenchidas por Heinrich Miehe, Anton através de boletins e nota publicada no "Blumenauer Zeitung" de 2 de
Schrceder e Heinrich Grewsmuehl, que tomaram posse no dia 2 de novembro de 1893, para tranquilizar os moradores de Blumenau e
abril., demais localidades do Vale, pois as tropas vinham de Lages e
As represálias votadas contra Blumenau pelo Legislativo Curitibanos. O General Paulino, com seu estado maior, ao chegar a
Estadual foram vetadas por Christovão Nunes Pires, que estava Blumenau publicou um manifesto no qual afirmava, sob sua palavra
substituindo o Governador Eliseu Guilherme da Silva, que Viajara de honra, que respeitaria as famílias e seus bens, e que se alguém
para o Rio de Janeiro. O veto foi rejeitado, sendo mantido o transgredisse as suas ordens, que se dirigissem a ele, pois só sairia da
município de Indaial com os intendentes: Hoeschl, Keunecke, van Vila após o último soldado do seu comando, a fim de resolver
Ockel, Kleine, Reuter, Heidorn e Struwe. A Intendência foi instalada qualquer reclamação por parte dos blurnenauenses, Entretanto, antes
no dia 20 de novembro de 1893 e funcionou até maio de 1894, quando da chegada do grosso da tropa, um sargento que. acompanhava o
foi extinta. Com o desmembramento, a área de Blumenau ficou General Gumercindo, espalhara boatos sobre as' intenções da tropa,
reduzidíssima, o que muito influiu na sua vida económica e política. que sofrida sem roupas e alimentos, iria saquear a Vila. Os
Com o agravamento da situação política no país e em especial em blumenauenses, apreensivos, trataram logo de pôr suas familias e os
Santa Catarina, os blumenauenses mantiveram-se cautelosos, temendo bens de maior valor a salvo, levando-os para longe da zona onde
novas represalias. passariam as tropas, enquanto os que ficaram, tomaram providências
No Rio de Janeiro, Custódio de Mel1D sublevara parte da para, com armas na mão, defenderem suas propriedades e a própria
esquadra contra o Governo de Floriano Peixoto, rumando para o sul. vida. Algumas famílias até se refugiaram em ranchos armados no
Em Santa Catarina, o Capitão dos Portos recebeu ordens para não mato.
permitir ~ saída de embarcações do Desterro, enquanto os federais No dia 20 de novembro, chegaram a Blumenau 100 homens,
tomaram providencias para evitar desembarques e aumentar o efetivo entre policiais, militares, mulheres, crianças e alguns paisanos, sendo
da Força Policial.. Com a chegada dos navios revoltosos "República" e estes últimos recrutados à força em Lages.
"Palias", que trocaram tiros com a Fortaleza de Santa Cruz, apresando O General, segundo o "Blumenauer Zeitung", era simpático e
vários barcos de cabotagem, em 25 de setembro de 1893, foi afável e os seus soldados se portavam com civilidade. As tropas que
decretado o "estado de sítio" em Santa Catarina. Após uma série de chegaram numa segunda-feira, na quarta e quinta começaram a ser
incidentes, o "Palias" mandou uma delegação a terra para intimar as transportadas com o vapor "Blumenau" e rebocadores rio abaixo, após
forças federais, que se renderam no dia 29. No dia 30, o Capitão de terem vendido os animais que haviam "requisitado" em Lages e
Mar e Guerra, Frederico Henrique de Lorena, que veio com o Curitibanos, por preços irrisórios, ficando apenas com os arreios.
"República:', lança manifesto à população e a pronúncia contra o Segundo o autor do artigo no "Blumenauer Zeitung", "Vai ser uma
Tenente Machado é anulada e este reassume o Governo do Estado, situação muito curiosa, quando os lageanos aparecerem aqui para
enquando Lorena, no dia IOde outubro assume provisoriamente o retomarem os seus animais que tinham sido 'apenas emprestados' aos
Governo da República, nomeando seu ministério. Funcionários soldados, para sua locomoção até Blumenau". O restante da tropa,
públicos foram demitidos, entre eles, Lostada e Bonifácio da Cunha, com cerca de 1.600 homens, chegou a Blumenau no dia 24 de
enquanto Paula Ramos deixa o Desterro, juntando-se aos novembro, sexta-feira, comandados pelo General Guerreiro, porém
blumenauenses. Em Itajaí, o vapor "Palias" afundou e seus tripulantes sem as 4.000 cabeças de gado e sim com 31 bois. Acredita-se que os
se apoderaram de várias embarcações, inclusive do "Jan" que foi revolucionários não tiveram tempo para arrebanhar em Lages e
incorporado à esquadra rebelde. Curitibanos os ammais que pretendiam, pois estavam sendo

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perseguidos constantemente pelas tropas do Governo. A tropa dos
revolucionarias era integrada por negros e castelhanos maltrapilhos,
sendo que alguns traziam apenas um pedaço de pano ao redor da
cintura, cobrindo os quadris e pernas até o joelho, o que deve ter
arrefecido o ânimo dos simpatizantes do movimento revolucionário,
apesar destes pagarem tudo o que adquiriam com dinheiro. Até ao
meio-dia do dia 25 de novembro, os vapores locais haviam
transportado toda a tropa até ltajaí, com exce<PkJ de mais ou menos
400 homens, quando chegou a notícia de que as tropas
governamentais estavam próximas ao ribeirão do Neisse, próximo de
Apiuna, causando pânico entre os revolucionários que se retiraram
apressadamente, livrando Blumenau das tropas de Paulino das
Chagas, que fora proclamado "General" por um grupo de 60 homens
em Lages e que, antes de fugir, desmontou e carregou o aparelho
telegráfico local.
No dia 26 de novembro chegou a Blumenau, a tropa de
vanguarda do General Francisco Rodrigues de Lima, que também
mostrava cansaço, pois desde julho estava atrás das tropas de
Gumercindo que se movimentava montada, enquanto o exército do
Governo era composto de infantaria e artilharia, o que contribuiu para
que o exército do Governo, para manter uma certa distância dos
fugitivos se apresentasse exausto e com o uniforme esfarrapado.
O General Francisco Rodrigues de Lima convocou a Guarda
Nacional, nomeada em novembro de 1891 da qual faziam parte: Dr.
José Bonifacio da Cunha - Coronel de Brigada; Peter Christian
Feddersen (mais tarde promovido a Coronel), Otto Stutzer, Heinrich
Rischbieter e Agostinho Pereira - Capitães do Quartel General;
Heinrich Clasen, Heinrich Probst, August Keunecke e Cunha Silveira
- Tenente-Coronéis; H.F. Schmidt, Louis Altenburg e Friedrich
Donner - Majores. Apesar da convocação para que todos oficiais na
ativa e cidadãos entre 20 e 30 anos se apresentassem, somente alguns
elementos para a guarda do Quartel General e postos de observação
instalados no Alto da Serra de Jaraguá, Rio da Luz e Garibaldi, foram
necessários, os demais permaneceram em suas casas. Entretanto, em
Jaraguá, os blumenauenses puseram em fuga os revoltosos, impedindo
ainda que marchassem das nascentes do Rio da Luz para o Vale do
ltajaí,
Os federalistas, acampados em ltajaí, destruiram pontes,
queimando a de Canhanduva, considerada uma obra de arte.
Conforme a ordem do dia, assinada pelo General Francisco Rodrigues
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de Lima, os federalistas defenderam-se em Itajaí com mais de 800
homens, 21 canhões, metralhadoras assentadas em terra e em dois
navios da esquadra rebelde, porém com os reforços, dos coronéis
Firmino e Menna Barreto, as tropas do General Lima entraram em
ltajaí. Os federalistas, apesar de protegidos por um dos navios da
esquadra rebelde, abandonaram a cidade, embarcando nos navios
"Íris" e "Uranus" com destino ignorado. Do tiroteio resultaram 5
mortos e 21 feridos para os legalistas, porém os federalistas sofreram
perdas bem maiores, além de abandonarem na fuga, feridos, 23
carabinas, 8 mil cartuchos, cavalos, fardas de marinheiros e os
vapores "Progresso" e "Charuto".
Após essas ocorrências, o general Lima resolveu regressar para o
Sul para auxiliar o General Arthur Oscar, ameaçado pelos
federalistas, enquanto uma Divisão chegava a Blumenau, onde
internaram os feridos no hospital, deixando a cidade de Itajaí
desguarnecida, propiciando a volta dos federalistas, que subiram até
Belchior, com pequenos desembarques e alguns tiroteios pelas
margens. Soldados legalistas, a bordo do vapor "Progresso",
acompanharam o movimento dos federalistas, pondo-os em fuga,
porém sob o comando do General Laurentino Pinto Filho, as tropas
federalistas ocuparam B 1umenau, afugentando moradores, que não
voltaram, apesar das garantias oferecidas, pois vários atas de
violência e sérias represálias foram praticadas contra alguns
moradores que foram presos, tendo suas casas depredadas e
saqueadas. O "Blumenauer Zeitung" foi empastelado e a pequena
fundição de Gotthilf Grahl, que fundiu balas de canhão para os
legalistas foi depredada.
Os chefes republicanos, Bonifácio da Cunha, Fides Deeke,
Cunha Silveira e outros, seguiram para o Sul com os legalistas,
enquanto em Brusque, Carl Renaux foi preso e submetido a Conselho
de Guerra, não sendo fuzilado devido a interferência de Elesbão Pinto
da Luz, seu mais ferrenho adversário. Em Blumenau, os federalistas
permaneceram poucos dias, seguindo para o Paraná. Os posteriores
eventos culminaram com a retomada do Governo Estadual pelas
forças legais, sendo o Tenente Vilas Boas nomeado Governador do
Estado, onde permaneceu por pouco tempo, sendo substituido, em 22
de abril de 1894, pelo Coronel Antonio Moreira Cézar, violento e
arbitrário que recolheu todos os chefes federalistas à Fortaleza de
Santa Cruz, fuzilando-os sumariamente, entre eles, Elesbão Pinto da
Luz. Outros chefes federalistas foram presos em Blumenau, porém
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 apesar das ordens do Desterro, não foram encaminhados à capital, Superintendente recebia por mês trezentos milréis, enquanto a renda
escapando da justiça de Moreira Cézar.. municipal era de mais ou menos setenta e cinco contos anuais.
Nas eleições de 28 de setembro de 1894, foram eleitos: Dr. Quando Blumenau estava com sua vida político-administrativa
Hercílio Pedro da Luz - Governador; Polidoro Santhiago-Vice- organizada, recepcionou festivamente e com extensa programação o
governador; Dr. José Bonifácio da Cunha, Louis Altenburg e Manoel Dr, Hercílio Luz, Governador do Estado, com a seguinte
dos Santos Lostada - Deputados Estaduais; Dr.Victorino de Paula programação:
Ramos - Deputado Federal.. Após eleito e tomar posse, o Governador Quinta-feira, 30 de maio de 1895: Chegada, às 9,30 horas da
Hercílio Luz, procurando ser grato aos blumenauenses que sempre o noite, com o vapor "Blumenau" e recepção festiva.
apoiaram, beneficiou Blumenau com vários melhoramentos, entre Sexta-feira, 31 de maio: Na parte da manhã, sessão solene na
eles, a ponte do "Salto", para cuja constrnção concedeu o auxilio de Câmara Municipal; à tarde, visitas na cidade; à noite, "marcha aux
150 contos de réis. Os distritos de Indaial e Gaspar voltaram a flambeaux" dos alunos do Colégio Santo Antônio, com banda de
jurisdição de Blumenau. Voltaram também os Conselheiros eleitos em música.
março de 1893, e Francisco Margarida, que era secretário da Sábado, IOde junho: Visita ao Colegio dos Padres e visita aos
Intendência desde 25 de abril de 1893, foi substituído por Erich políticos.
Gaertner, . Domingo, 2 de junho: Festa dos Atiradores.
O "Blumenauer Zeitung", que foi empastelado e fora de Segunda-feira, 3 de junho: Continuação da Festa dos Atiradores.
circulação desde 23 de dezembro. de 1893, voltou, com o auxilio do Terça-feira, 4 de junho: Baile dos Atiradores.
Governador Hercílio Luz, no dia 18 de maio de 1895, quando Quarta-feira, 5 de junho: Visita a Indaial e Timbó.
publicou em português e alemão o agradecimento: - "O Blumenauer Quinta-feira, 6 de junho: Visita à Escola Nova e, à noite,
Zeitung, em seu reaparecimento, toma, com prazer, público, um voto banquete no Teutônia (atual Ipiranga) e Sexta-feira, dia 7 de junho
de agradecimento ao Governador Dr. Hercilio Pedro da Luz, aos regresso a Florianópolis.
representantes federais do Estado e aos chefes do Partido Republicano Os jornais ainda relataram com detalhes toda a programação:
de Blumenau pelo poderoso impulso que deram para a reconstrução "Grande massa popular aguardava no porto a visita do Dr, Hercílio
desta. folha". Luz, que deveria chegar entre 21 e 22 horas do dia 30 de maio de
Quanto ao 2° "Immigrant", jornal dos federalistas, dirigido por 1895. O porto estava maravilhosamente iluminado e ornamentado
Paul Seltzer, que respondia aos ataques do "Blumenauer Zeitung",. com lampiões coloridos, palmitos e guirlandas de flores, que se
sem apoio e desprestigiado, foi adquirido pelo Pastor Faulhaber que extendiam até o prédio da Câmara Municipal e do Hotel Holetz à Rua
iniciou a publicação do semanário "Der Urwaldsbote", que funcionou das Palmeiras. Quando' o vapor "Blumenau'' dobrou a última curva na
regularmente de 16 de junho de 1893 até 29 de agosto de 1941. "Vorstadt" e apitou, rojões e foguetes subiam ao céu estourando e
No conturbado período de II de março de 1893 a 16 de abril de fazendo cair chuvas de estrelas cadentes que iluminavam a prainha da
1895 foi Intendente Municipal de Blumenau, Heinrich Probst.. Ponta Aguda e imediações. Era o júbilo expressado por Blumenau ao
Em 7 de abril de 1895, realizaram-se eleições para Dr .. Hercílio Luz, em sua primeira visita oficial como Governador do
superintendente e Conselheiros Municipais que assumiram o Estado. Ao atracar o vapor os brados de "Viva Hercilio" e "Viva o
exercício no dia 16 do mesmo mês. Com Otto Stutzer como Governador", não paravam. Todos queriam abraçar o grande amigo de
Superintendente e os Conselheiros, Peter Christian Feddersen, Louis Blumenau e companheiro de lutas políticas. O Dr.Hercílio Luz foi
Abry, Friedrich Wilde, Richard Voigt, Alessio Freiner, Pedro levado em triunfo até a sacada do prédio da Câmara. Após os
Schmidt, Paulo Zimmermann, André Campregher e Heinrich Klug, cumprimentos, o Dr. Hercilio Luz respondeu aos votos de boas
teve início a paz- e prosperidade para Blumenau. Um dos primeiros vindas, fazendo questão de ressaltar que sua visita incluía também o
atos do Superintendente Stutzer foi a decretação, no dia 22 de abril de desejo de participar da vida social dos blumenauenses, por ISSO
1895, do Código de Posturas do Município, Na época, o escolhera esta data para poder também participar da festa do tiro ao
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 alvo e disputar, o título de rei, promovido pela Sociedade de visitou o "Blumenauer Zeitung'', presenciando a impressão do jornal,
Atiradores, da qual se orgulhava de ser sócio ativo, desde que chegou ocasião em que lhe ofereceram um número impresso sobre cetim
a Blumenau como simples funcionário público, branco. A eficiência do pessoal o impressionou vivamente. À noite, os
Participavam da comitiva do Dr. Hercílio Luz: Horácio Nunes alunos do Colégio Santo Antônio prestaram uma homenagem especial
Pires, secretário particular do governador, Tenente-ajudante Francisco ao Governador com a marcha "aux tlambeaux", puxada pela banda
Vieira, Dr.Galois, Diretor da Repartição de Terras e Colonização, musical do colégio. O padse que dirigiu a marcha, discursou
Ignásio Bastos, Chefe da estação telegráfica de Joinville e enaltecendo o homenageado e convidando-o para uma visita ao
Dr. Euphrásio Cunha, Inspetor de Saúde Pública. No dia 31, sexta. colégio, terminando com um "viva" ao Governador, ecoado
feira" a Câmara Municipal realizou pela manhã, uma sessão solene em fortemente pela multidão que compareceu à homenagem. No dia
homenagem ao ilustre visitante, que foi saudado pelo Superintendente seguinte, o Dr. Hercílio Luz fez uma demorada visita ao colégio dos
Otto Stutzer em alocução simples e sincera, lembrando ao padres, assistindo aulas em várias salas, elogiando os métodos e o
homenageado ser esta a segunda vez que comparecia à Câmara., pois, adiantamento dos alunos. Dia IOde junho, o Dr. Hercílio Luz" deveria
na priaaeira,; em 1893, fora proclamado Governador do Estado, descansar, porém recebeu durante o dia a visita de amigos políticos e
quando prestara juramento ao ser empossado. Otto Stutzer apresentou também de muitos homens humildes que trabalharam sob suas ordens
os membros da Câaaara Municipal e também as boas vindas do povo nas medições de terras. Dia 2 de junho, domingo de Espírito Santo,
de Blumenau, terminando com um viva ao Governador e ao Estado de tiveram início os tradicionais festejos da Sociedade de Atiradores para
Santa Catarina. Em seguida falou o CeI. Peter Christian Feddersen, a conquista; dos títulos de "Rei" e Cavalheiros no tiro ao alvo e a do
Presidente da Câmara Municipal, que apresentou um aspecto geral do Rei do Pássaro, Apesar. do prédio estar inacabado, os festejos foram
desenvolvimento económico da Colónia, desde a Proclamação da realizados, como há 36 anos atrás, e, desta feita, com especial alegria
República e a sua contribuição no progresso do nosso Estado, e animação, pois contava com a honrosa participação do sócio de
cabendo a Blumenau como núcleo mais importante a maior muitos anos, o Dr. Hercílio Luz. A disputa foi ferrenha em virtude do
contribuição à Fazenda Estadual.. Falou sobre a necessidade de grande número de participantes. Um dos primeiros tiros ao alvo do
melhorar. as vias de comunicação com o interior da Colónia, bem Rei acertou na mosca, porém outros, melhores, se sucederam até que
como, da constmção da estrada Blurnenau-Curitibanos, de vital Hermano Sachtleben acenou na cabeça do prego; não podendo ser
0
importância para o progresso do Estado. O Dr. Hercílio Luz superado, foi proclamado Rei do Tiro ao Alvo, tendo como 10 e 2
agradeceu as homenagens, expondo em seguida os seus planos de Cavalheiros José Sutter e Hermann Ruediger com 35 e 33 pontos
governo, onde já estavam incluídos o amparo aos agricultores e a respectivamente. À tarde teve início o tiro ao pássaro, que foi
ampliação das vias de comunicação, destacando a "estrada do confeccionado com uma peça de madeira nodosa e consistente, que
progresso" Blumenau-Curitibanos, abrindo o intercâmbio comercial resistia ao impacto das centenas de cargas de chumbo/ No inicio, o
entse o planalto catarinense e o porto de Itajaí, passando pelo Vale do pá:s.'><!Hlfoi depenado, depois as garras com o ceptro e globo, a coroa e
ltajaí, incrementando a colonização. Disse ainda que contava com o a cabeça, pescoço, membros e asas. Ao anoitecer, o ataque foi
apoio incondicional dos blumenauenses e principalmente da interrompido para continuar no dia seguinte, segunda-feira, quando
compreensão e colaboração no que se refere ao erário público, pois foram derrubadas as peças e o tronco lascado. À tarde, quando o
sem meios financeiros nada poderia realizar. O Governador terminou tronco já estava reduzido ao tamanho de uma laranja, Erich Gaestner
com um "viva" a Blumenau. Em seguida tomou a palavra o Dr. Pedro I rachou o fragmento atirando-ei ao solo, sendo considerado o Rei do
Ferreira que elogiou o comportamento dos blumenauenses e o apoio Pássaro, No terceiro dia de festa, terça-feira" continuaram os festejos
ao governo republicano, fato reconhecido não só no Estado, e sim nas dependências da sociedade com torneio de boião, barracas- com
taaabérn no país, conforme noticiário da imprensa e representantes na atrações humorásticas, "skat", além de outros divertimentos dos quais
Câmara FederaL A sessão foi encerrada com um "viva" ao Presidente participavam velhos, senhoras, jovens e crianças. Havia
da República. À tarde, o Dr. Hercílio Luz" acompanhado de comitiva., enttetenimentos para todas as idades. O baile dos Atiradores foi
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 realizado terça-feira à noite, e as dependências do novo prédio estavam postados, formando filas de ambos os lados da rua. Com
pareciam acanhadas, tão grande foi o número de participantes. Na banda de músisa e espoucar de foguetes, o vapor "Blumenau" se
ocasiao cogitaram em aumentar o prédio. No dia 5 de junho, quarta- aproximava do porto onde o povo acenava com lenços e chapéus aos
feira, o Dr. Hercílio Luz acompanhado de sua comitiva e diversas passageiros do vapor. Ao desembarcar, todos desejavam abraçar o Dr,
pessoas de Blumenau foram até Timbó, onde foram recebidos por Hercílio Luz, mais como velho amigo do que Governador do Estado.
pessoas de destaque e também por humildes Colonos de quem o Dr. Flores foram oferecidas ao Governador e familiares pelas senhoras e
Hercílio Luz era grande amigo desde os tempos da Repartição de senhoritas. Tendo à frente a banda de música, formou-se um cortejo
Terras e Colonização. Ao passarem por Indaial foi servido um lanche que se dirigiu ao Teatro "Frohsinn", onde foi oferecido ao
ao Governador e sua comitiva. À noite voltaram a Blumenau. No dia Governador um banquete do qual participaram cerca de setenta
6, quinta-feira, o Dr. Hercílio Luz e sua comitiva visitaram a Escola convidados especiais. Coube a Louis Abry, em nome do município,
Nova, dirigida pelo Pastor Hermann Faulhaber. Impressionou ao cumprimentar o Governador e sua comitiva. O Dr. Hercílio Luz, em
Governador os métodos de ensino, principalmente do Português, e o seu discurso, enalteceu os blumenauenses, dizendo ainda que jamais
destaque que o Pastor Hermann Faulhaber dava ao mesmo. O Dr. esqueceria dos que lutaram pela legalidade e pela ordem ameaçadas
Hercílio Luz demorou-se várias horas na Escola Nova, levando ótima pelos revolucionários, servindo com coragem ao Estado e ao Brasil..
impressão. O ponto alto das homenagens ao Dr. Hercílio Luz foi o Francisco Margarida cumprimentou o General Câmara enaltecendo as
banquete oferecido, quinta-feira à noite, no salão da Sociedade suas qualidades de militar e republicano. O General Câmara
Teutônia, hoje Ipiranga, em Itoupava Seca, no qual tomaram parte respondeu que se sentia feliz em conhecer os blumenauenses, cujo
autoridades locais, personalidades. de destaque da vida política e patriotismo e lealdade ao Governo já eram do seu conhecimento
económica e grande número de moradores de todos os recantos do através de seus camaradas de farda, terminando com um brinde pelo
mumcrpio, Na sexta-feira o Governador Dr. Hercilio Luz e comitiva progresso de Blumenau. O Capitão Livramento num longo discurso,
regressaram à capital do Estado, Convém ressaltar que o Governador relatou o quanto Blumenau já contribuíra para o progresso do Estado,
Dr. Hercílio Luz fez a viagem de Itajaí a Blumenau a bordo do novo sendo um dos principais fatores de sua boa situação económica. Peter
vapor "Blumenau" que, em sua viagem inaugural, aportou pela Christian Feddersen agradeceu em nome do município, citando em
primeira vez, em Blumenau, às 21 :30 horas do dia 30 de maio de seu discurso os artigos infames publicados nos jornais do Rio de
1895. O vapor "Blumenau" estava maravilhosamente iluminado e Janeiro, acusando Blumenau de pretender formar um Estado
embandeirado, apitando em ritmo de "morse" o sinal de chegada. autónomo dentro do Estado. Feddersen declarou, em nome dos
Apesar da escuridão da noite e o baixo nível do rio Itajaí, mormente blumenauenses, ser isto uma insinuação infame e que o povo só
no trecho do Belchior, com grande habilidade o comandante conduziu deseja, de acordo com a constituição e leis do país, gozar dos mesmos
o vapor sem qualquer incidente, provando sua capacidade e reaeãn à direitos e respeito como qualquer outro cidadão brasileiro de outra
pressão do leme, bem como no controle da velocidade impulsionada procedência. Terminou o seu discurso com um "viva" à República e à
pela máquina. Pátria brasileira. O Capitão Livramento usou novamente da palavra
O Dr. Hercílio Luz, sempre que podia, prestigiava a festa dos para dizer como todos haviam recebido com emoção e satisfação das
Atiradores. mãos dos escolares as flores e os votos de boas vindas. O Capitão
No dia 17 de maio de 1897, às 5 horas da tarde, chegava a Livramento desejou para a jovem geração de brasileiros um futuro
B 1umenau o Governador Dr. Hercílio Luz acompanhado de sua próspero, seguindo o exemplo de seus pais no engrandecimento do
família e comitiva integrada pelo General Câmara, Horácio Nunes país com seu amor ao trabalho e a ordem. Louis Abry agradeceu as
Pires, Diretor da Instrução Pública; Capitão Livramento, Deputado palavras do Capitão Livramento, dizendo que não era só a atividade
Estadual e Tenente-Coronel Gastão Cotrim, Comandante da Polícia em trabalhar na terra, pois mais necessário era dar à juventude uma
Estadual.. Como em 1895, uma multidão aguardava os visitantes no boa instrução escolar, fator até agora descuidado pelos governos tanto
.porto, onde os alunos dos estabelecimentos escolares e professores estadual como federal, já que o municipio com seus múltiplos

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 problemas de estradas e obras públicas não estava em condições de No "Blumenauer Zeitung" de 29 de maio de 1897, o Governador
manter uma rede escolar numa Comunidade com grande número de Dr. Hercílio Luz, e comitiva mandou publicar os seguintes
crianças carentes de escolas. Felizmente, os próprios Colonos não se agradecimentos:
descuravam da educação dos seus filhos e em lhes dar a necessária "Os abaixo assinados cumprem o grato dever de manifestas,'
instrução escolar, fazendo grandes sacrifícios para manter uma publicamente o quanto se acham penhorados pelo' hospitaleiro e
escolinha em cada povoação, lutando com a falta de professores, e, cordialíssimo acolhimento recebido nesta. culta. e bela cidade, devido
notadamente, para o ensino do Português, e ainda com a falta de livros ao cavalheirismo da patriótica comissão do Partido Republicano que a
didáticos. Disse, ainda, que aproveitava a oportunidade da presença nada se poupou a fim de tomar a sua estada aqui cada vez mais
do Governador e Diretor da Instrução para sanar o problema e com agradável e repleta de confortos.
seriedade, para que num futuro próximo não se culpem estas crianças A patriótica comissão foi perfeitamente secundada no seu
se não souberem falar e escrever a língua vernácula e, sim, somente o "desideratum''. pela gentileza e atividade do simpático Senhor
idioma matemo e o do convívio com seus companheiros de infâacia, Theodor Lueders, proprietário do Hotel Brasil, o qual com sua família
pois as duas únicas escolas mantidas pelo Estado, na sede do desvelaram-se sem cessar em bem tratar; aos abaixo assinados.
município, funcionam em salas acanhadas e insuficientes para as Recebam, pois, todos os ditos senhores os sinceros
milhares de crianças, em idade escolar, e se não fossem as escolas agradecimentos e um saudoso abraço dos que levam gravadas para
mantidas pelos próprios Colonos, teríamos uma geração de sempre as Iembranças, dos momentos agradáveis que aqui passaram.
analfabetos. Horácio Nunes Pires agradeceu as explanações de Louis Blumenau, 26 de maio de 1897. Horácio Nunes, Diretor Geral da
Altenburg, dizendo que desejava tudo de bom para a juventude e que, Instrução Pública; Arthur C. Livramento, Capitão; Gastão B. Cotsim,
na medida do possível, não deixaria de dar proteçãe a sua formação Coronel; Estanislau Pamplona, Capitão."
intelectual.. Gustav Saliager, Cônsul Alemão, disse que, como ele- "Os infra assinados, passageiros do vapor 'Blumenau' de Itajaí
próprio, a maioria dos alemães imigrados já eram naturalizados, para Blumenau e vice-versa, nos dias 17 e 26 do corrente mês, não
considerando esta. terra sua nova Pátria, Declarou, que um grnpo podem deixar de bem salientar,' o cavalheiroso tratamento que lhes
contrário a imigração alemã, mal-informado ou mal-intencionado, dispensou o digno comandante daquele vapor, cidadão Alfredo Canto
temendo a concorrência comercial, combatiam a imigração alemã e os que mostrou-se incansável em obsequiá-los. Itajaí 26 de maio de
imigrantes, dizendo que estes não se adaptavam aos costwnes 1897. Horácio Nunes, Diretor Geral da Instrução Pública; Capitão
brasileiros e à integração na vida nacional, o que é inverídico, pois a Estanislau Vieira Pamplona, Engenheiro Militar; Capitão Arthur '
conservação dos costwnes dos seus antepassados não implica em C.Livramento; Tenente-Coronel Gastão de B.Cotúm".
deixar de ser um bom cidadão e fator decisivo no progresso do Brasil, Essa foi a segunda visita. oficial do Governador Dr. Hercílio Luz
igual aos lusos que conservando as tradições dos portugueses se a Blumenau, Seguiram-se muitas- outras, oficiais e não oficiais, em
tomaram brasileiros amantes da terra. Lembrou o patriotismo do todas, ele foi acolhido com carinho, júbilo e grandes festividades.
Batalhão de Voluntários da Pátria que partiram para os campos de Pelo Decreto n° 197, de 28 de julho de 1895, Blumenau foi
batalha do Paraguai, sem terem aqui nascido, em defesa da terra que elevada à categoria de cidade.
escolheram para a sua nova Pátria e berço dos seus filhos. O seu Um fato deveras, interessante, ocorrido em 1895, foi o interesse
brinde foi dedicado às. boas relações entre o Brasil e a Alemanha. O manifestado por Friedrioh Donner, Otto Freygang e Heinrich Hardt,
brinde final e de honra foi dedicado por Feddersen ao Presidente da moradores em Timbó e Indaial, para explorar petróleo em Blumenau.
República, Prndente de Morais. Ao terminarem estas, homenagens foi Curioso é, que a Lei n? 168 de 28 de setembro de 1895, concedeu aos
apresentado um maravilhoso espetáculo pirotécnico na Rua das, mesmos autorização para explorar as, "possíveis" jazidas pelo espaço
Palmeiras. de ciaqüenta; anos.
/
No período de 1895 a 1899, Blumenau volts, a ter um
Superintendente Municipal na pessoa de Otto Stutzer, A primeira

92 93
 Superintendência funcionou com o Dr. José Bonifáoio da Cueha, de quebravam pedras, simbolizava e cnticava o serviço de desobstrução
janeiro a abril de 1892. Em seguida, Blumenau teve dois períodos de do rio Itajaí na altura de Belchior .. Um carro trazia um personagem
Intendência, com o Dr. Friedrich Muel1er (Dr.Fritz Muel1er), de abril chamado "Infame" e a caracterização perfeita levou a imprensa,
de 1892 a março de 1893, e com Heinrich Probst, de março de 1893 a posteriormente, a censurar a apresentação. Os Cavaleiros
abril de 1895. maltrapilhos, que desfilaram em seguida, representavam os
Em 1896, Blumenau, mais uma vez, foi alvo de pessoas' revolucionários de 1893, enquanto um carro, seguido de um general à
interessadas em explorar suas riquezas. Desta vez foi a chegada, em 10 pé, representava a artilharia dos revolucionários. Um outro com uma
de agosto, de alguns engenheiros espanhóis para iniciar a exploração mesa e sete vereadores ao redor da mesma, criticava a ação da Câmara
das minas de prata. e chumbo do Garcia. Segundo os engenheiros, Municipal. . Seguiu-se um carro, trazendo o dístico: - "Dr.Eisenbart, &
estava prevista a chegada de mais cinqüenta mineiros, Cia.", contendo um grupo mostrando os seus instrumentos cirúrgicos -
Em 1897, importantes projetos visando melhorar a vida dos uma enorme seringa, torquês, martelo, machadinha, serrote, etc., não
blumenauenses foram elaborados, entre eles o da Câmara Municipal faltando uma máquina elétrica, para eletroterapia; um outro carro,
(Resolução n? 26), autorizando o Superintendente a abrir concorrência tendo pendurado uma lanterna de carro e um menino movendo uma
e contratar a iluminação da cidade até o "Salto" e transmissão de moenda, representando um gerador elétrico, criticava a ilumição
energia elétrica dentro do município de Blumenau pelo prazo de 50 pública; seguiam-se outros carros e grnpos fantasiados e, por fim, um
anos, respeitados os direitos dos cidadãos Friedrich van Ockel e carro com um par de noivos espanhóis e outro com dois árabes.
Heinrich F. Schmidt.. Também o relatório sobre os estudos do tratado Considerando que a idéia de organizar o préstito surgiu três dias antes
da linha de bondl a vapor (tramway) de Blumenau a Aquidabã foi e a dificuldade em conseguir no comércio o material para a montagem
publicado no "Blumenauer Zeitung" de 23 de janeiro de 1897. do préstito, o grnpo de jovens e homens que levaram a cabo a idéia
Enquanto isso, as despesas com a Guarda Nacional de Blumenau na genial, em tão pouco tempo, e que foi um grande sucesso, são dignos
Revolução de 1893, só foram pagas em 1897, quando o Tesouro do de louvores. Na ocasião, pensaram em formar uma sociedade
Estado Iiberou a verba de quarenta e dois contos de réis. A partir de carnavalesca para, com mais tempo e meios, organizar os desfiles com
1897, também as bebidas ficaram mais caras, pois o Decreto Federal atração à festa do rei Morno. A festa finalizou com um concorrido
n? 2421, exigiu a aplicação de selos nas garrafas. Assim, a garrafa de baile no salão do Teatro "Frohsinn" 13'
cerveja teve um aumento de 40 réis e o litro 60 réis; a garrafa de No mesmo ano, e logo depois do desfile carnavalesco, foi
vinho 1$000 réis e o litro da água mineral ou limonada 50 réis 12. ' fundado em Blumenau o Clube Carnavalesco "Filhos do Inferno" 14,
O blumenauense encontrou uma forma bastante interessante de que contou logo de início com muitos associados. A direção ficou a
criticar o que não lhe agradava em Blumenau, apelando para o desfile cargo de Francisco da C. Silveira, Francisco Margarida, Hermann
carnavalesco, que em 1897 teve o seu ponto alto. "No dia 28 de Baumgarten, Erich Gaettner, Leopold Knoblauch e Jacob Schmidt..
fevereiro, domingo de Carnaval, o desfile com figuras e carros Parece que a crítica sobre a energia elétrica no desfile
alegóricos representava acontecimentos blumenauenses. A chegada carnavalesco surtiu algum efeito, pois ainda no primeiro semestre de
do préstito foi anunciada por um palhaço a cavalo. O préstito tinha à 1897, a firma alemã "Siemens & Halske" entregou um orçamento
frente um' arauto a cavalo, portando um estandarte. Em seguida, para a usina elétrica a ser constrnída na localidade do "Salto", em
desfilou um grupo de sete índios bem caracterizados, a cavalo, que Blumenau, cujo total foi calculado em 125.175 marcos alemães, ou
foram muito aplaudidos pelos espectadores que se localizavam em seja, cem contos de réis, no cambio da epoca. 15
ambos os lados da ma principal (na época não havia calçadas). Um
carr? com uma 'canoa cheia de água, dentro da qual alguns operários 13 "Blurnenauer Zeitung" de 06.03.1897

14 idem 20.03.1897

12 "Blurnenauer Zeitung" de 27.02.1897 IS idem 24.04.1897

94 95
 Antes da apresentação do fonógrafo, no dia IOde maio, o jornal que resplandecia na alegria dos presentes, desejava que - "aos
divulgou amplamente o evento, careando para o Teatto "Frohsinn'' milhares de alemães que para cá vieram e foram acolhidos por uma
grande número de pessoas interessadas, e curiosas. E no dia lo de maio Pátria generosa e dadivosa, venham se unir mais muitos outros
de 1897, no Teatro "Frohsinn'', apresentado por Kretzschmar & milhares, que resolvem emigrar, por força de circunstâncias várias e
Koehler, os blumenauenses tiveram o privilégio de assistir. a uma das: aqui sigam o exemplo dos atuais pioneiros, euriquecendo com o seu
mais geniais invenções do norte-americano, Edison - o fonógrafo, Na trabalho e sua cultura este país, tomando-se mesmo na conservação de
ocasião foram apresentadas, peças orquestrais de trinta músicos de suas tradições, como força moral de seu caráter e valor cívico,
Nova York, canções e "couplets'; O com misto local, no dia 28 de cidadãos úteis e leais a esta terra que escolheram para sua nova Pátria
abril, quarta.feira, à noite, executou duas canções que foram gravadasi e berço natal de seus filhos". 16
pelo novo aparelho, e foi com grande admiração e também satisfação Na ocasião, a Sociedade de Cantores "Freundschaftsverein'' de
que os presentes, principalmente os sclistasi e integrantes do coral, Itoupava Seca, cantou o hino alemão e a banda de música executou o
ouviram suas, vozes. O fonógrafo também foi apresentado no salão Hino Nacional brasileiro, ambos ouvidos com respeito.
Teutônia de Itoupava Seca e no salão Lueders de Indaial.. Às 7 horas da noite, a população ofereceu em homenagem ao
O jornal ainda publicou o anúncio de Kretzschmar & Koehler, Embaixador, Dr. Krauel, e ao Governador do Estado, Dr. Hercílio
Agentes de Edison Electric Com. de Nova Y ork: - "Exibição do Pedro da Luz, e seus auxiliares um banquete no Teatro "Frohsinn'',
fonógr.afo eléttico de Edison, das: 2 da tarde às 1O horas, da noite, no Coube ao Cônsul Alemão, Gustav Salinger em seu discurso
salão Lueders, em Indaial.. Preço: ouvir 5 peças - 1$000 réis". cumprimentar e agradecer as hourosas presenças, encerrando com um
O ano de 1897 marcou Blumenau com a chegada do Embaixador brinde à casa dos Hohenzoller e ao Imperador Wilhelm II. O Pastor
Alemão, Dr. Kraael, que, apesar de esperado somente no dia 20 de Faulhaber falou em nome dos blumenauenses, apresentando os
maio, conforme programa elaborado, antecipou a chegada para o dia cumprimentos ao Embaixador, terminando com um "viva" por todos.
19, por ter viajado de Florianópolis a ltajaí pelo vapor "Max", posto à O Embaixador cumprimentou os presentes, dizendo que esteve em
disposição pela firma Hoepcke, o que não impediu que Gustav ltajaí algumas vezes, porém a falta de tempo o impediu de visitar
Salinger, Cônsul Alemão em Blumenau e mais algumas, pessoas: se Blumenau, mas com ordem expressa do Imperador da Alemanha,
dirigissem ao encontro do Embaixador e comitiva em Itajaí., Em viera a Blumenau para uma visita mais demorada para conhecer de
Blumenau, avisados da antecipação da viagem, reuniram-se no porto perto a situação dos Colonos no interior da Colônia. Disse, ainda, ter
algumas. Sociedades de Atiradores, uma de canto e a Associação esperanças de que a imigração tenha novo alento, pois a terra promete
Gisástica, Também compareceram ao porto alunos das, escolas: locais dar aos imigrantes condições para o seu desenvolvimento econômico
e professores. O Embaixador e comitiva chegaram às 4 horas, da tarde, e bem-estar pessoal, finalizando com um brinde ao Colono alemão e
sendo recebidos pela comissão de recepção chefiada pelo Pastor em especial a Blumenau. Phillipp Doerck cumprimentou o Dr.
Hermano I Faulhabec com vivas, e palmas, dos presentes. Heiurich Hercílio Luz, enaltecendo sua figura como Governador do Estado,
Probst cumprimentou o Embaixador em nome das: sociedades grande amigo de Blumenau e do imigrante alemão, brindando pelas
presentes, justificando a ausência de outras, devido à antecipação da boas relações entre brasileiros e especialmente entre os governos da
chegada. Alemanha e do Brasil.. O Governador, em resposta, exaltou os méritos
Em companhia do Cônsul Alemão em Florianópolis, Carl do imigrante alemão, levantando um brinde à Alemanha, Pátria do
Hoepcke, o Embaixador e a corrnssao de recepção e populares Embaixador Dr. Krauel.. O Cônsul Carl Hoepcke lembrou os méritos e
dirigiram-se à casa do Cônsul Gustav Salinger, onde já o aguardava o sacrificios do Doutor Blumenau, fundador da Colônia, que já se
Goverl'ador do Estado Dr. Hercílio Pedro da Luz" que cumprimentou destacava como modelo comunitário no país. Wilhelm Scheeffer
o ilustre visitante oficialmente. Após o desfile das, sociedades o
Embaixador, da sacada do prédio, agradeceu a festiva recepção feita.
16 "Blumenauer Zeitung"de 29.05.1897
num dia ensolarado, que mostrava a natureza em toda a sua pujança. e

96 97
levantou um brinde ao Brasil e Louis Abry em honra ao Presidente da
República, Prudente de Morais. Após o banquete, o Embaixador e o
Goveruador do Estado, assistiram, da escadaria da Câmara Municipal,
a marcha "aux flambeaux" da Associação Ginástica e ao espetáculo
de fogos de artificio.
No dia\ 20, quinta-feira, o Embaixador visitou a Escola Nova e o
Colégio Santo Antônio. Pelo meio-dia, o Goveruador e o Embaixador,
acompanhados de diversas personalidades, foram de carro de mola
visitar o interior da Colónia, onde em quase toda a parte viam-se arcos
de triunfo e palmitos enfeitados com flores de ambos os lados da
estrada. Em Indaial, os visitantes foram recepcionados com o
espoucar de foguetes pelas autoridades locais e populares. No salão
Lueders, o coral masculino cantou algumas canções. Na ocasião, o
Embaixador falou com velhos Colonos, inteirando-se dos seus
problemas, ouvindo relatos tristes, e tambem êxitos. Após se servirem
de refrescos e petiscos, e Feddersen falado em nome da Sociedade de
Cantores, todos seguiram até Waruow onde foram recepcionados com
foguetes, vivas da população e cumprimentos. No estabelecimento de
Hoeschl se encontravam postados a Sociedade de Atiradores, cantores
e os alunos da escola local, que cantaram canções populares numa
demonstração de que além da roça e da oficina, os Colonos e filhos se
dedisavam ao canto. Após curta demora continuaram a viagem, pois o
objetivo, neste dia, era o Neisse, porém uma forte trovoada fez com
que pousassem, parte em casa de Schulze e outros na morada de
Replin,
No dia 21, sexta-feira cedo, continuaram a viagem, chegando até
o Neisse ainda pela manhã, onde na filial de Feddersen foi servido um
lanche. Depois de curta permanência, reunctararn a viagem que se
tomou mais difícil, porém, mais interessante. Era a estrada ao longo
do Itajaí para o interior da Colónia, cuja obra estava para ser
concluída e que foi mostrada ao Governador do Estado. Mostrou-se
ao Embaixador a área designada à Cia. Hanseática de Colonização
para que pudesse opinar, quando interpelado pelos respectivos órgãos
dcxseu país. Depois de passar o ribeirão Neisse, observaram que
apenas algumas Colónias eram ocupadas por imigrantes, pois havia
também alguns moradores brasileiros. A nova estrada corta uma área
não cultivada, onde os bugres se refugiavam praticando assaltos aos
moradores mais distantes. "Com a nova estrada, o maior movimento
98
fará com que os bugres se recolham mais para o alto da serra.,,17 Os
visitantes observaram que aqui o Vale do Itajaí se estreitava bastante
e íngremes paredões de pedra estavam próximos das margens do rio e
que um morro sem vegetação, o "Morro Pelado" forma uma península
banhada em três lados pelo rio Itajaí.. Em seguida, os visitantes
chegaram ao rancho de Gottlieb Reif, empreiteiro da primeira parte da
estrada, que ficou surpreendido com a chegada dos mesmos, quando
ainda estava preparando a comida. Os visitantes conheceram., então a
vida alimentar dos imigrantes e trabalhadores do mato que, para o
Governador, não era novidade, pois presidira trabalhos de medição de
terras, quando era Comissário de Terras em Blumenau. A comida
preparada por Reif nada deixou a desejar' quanto à qualidade, sabor e
quantidade. Prosseguiram às 11 horas, para verificar a parte mais
importante da estrada, onde o rio forma uma curva transversal ao seu
rumo principal num trecho de dois quilómetros. Desembarcaram e
andararru a pé, pois os operários estavam trabalhando com explosivos
e o trecho do paredão que já estava minado e pronto para a explosão
realizou-se em presença dos visitantes, que puderam avaliar as
dificuldades na construção da estrada. Na desembocadura do rio
Subida, como não existisse ponte, duas carroças atravessaram o rio,
conduzindo os visitantes, se bem que a maioria preferiu seguir a pé.
No morro da Subida, a uma altura de 300 metros acima do nível do
rio, divisava-se, em duas voltas, a estrada que já estava pronta, com
um ângulo ascendente de 6%, de fácil ascensão até para veículos de
carga pesada. Vários muros de arrimo foram constnridos e feitos
cortes de passagens. Após andarem um bom trecho da estrada, um
incidente imprevisto fez com que todos buscassem um lugar seguro e
longe da estrada, o que era muito dificil entre encostas, muros de
arrimo e abismos, porém o aviso do tropeiro anunciando a passagem
de uma tropa de bois bravos, levou todos a subir numa parte
desbarrancada, O Embaixador encarou o incidente com humorismo,
achando a situação cómica. A tropa custou a passar e Louis Abry, que
estava a cavalo, auxiliou os peões a apressar a marcha da boiada.
Todos continuaram a caminhada num trecho de quase cinco
quilôrnetros, quando chegaram ao ponto culminante, onde se divisava
uma bela paisagem, premiando o cansaço da caminhada. Com o céu
límpido, os visitantes avistaram o "Morro do Baú" e também o
17 indígenas do Vale doltajahblurncnau em Cadernos - outubro de 1968
99
"Morro do Cachorro" e para o norte e oeste as grandes áreas dos vales uma festa de casamento de Colonos. Chegaram a Blumenau ao cair da
dos rios Itajaí do Sul e do Norte, a "terra incógnita" que a Cia. noite depois de três diasde excursão pelo interior.
Hanseática, pretendia colonizar com imigrantes alemães. Do alto do No dia 23, domingo, o Embaixador assistiu ao culto na Igreja
morro, o trecho da estrada era de responsabilidade de Friedrich van Evangélica e louvou o coro misto da Comunidade que abrilhantou o
Ockel e foi percorrido em quase dois quilómetros. Convidados por ato religioso. À tarde, houve uma festa popular nas dependências da
Ockel para uma ligeira merenda no seu rancho, declinaram do Sociedade de Atiradores, onde se apresentaram os ginastas da
convite, pois pretendiam alcançar, na volta, os alojamentos Associação Ginástica Blumenau com números de ginástica rítmica e
reservados. Fizeram uma curta parada na "Boa Vista", onde foi exercícios em aparelhos. Também se apresentaram os alunos da
servido um refresco e apreciada a bela paisagem. O Governador e Escola Nova. À noite houve uma apresentação teatral no Teatro
comitiva acompanharam e elogiaram a constrnção da estrada, "Frohsinn" com a peça "Madame Flott"; exibição do magico
considerando que as despesas n-o chegariam nem à metade da quantia Pamplona de Florianópolis; números de canto pelos corais masculinos
estipulada. Durante a excursão o Governador falou com o engenheiro. e coro misto das Sociedades de canto locais, que foram muito
Odebrecht que ficou encarregado de prosseguir os estudos das obras aplaudidos e elogiados pelo Embaixador. Após estas apresentções foi
da estrada até ao planalto, pois esta era imprescindível para o realizado um animado baile que durou até altas horas da madrngada.
desenvolvimento e progresso do Estado. Odebrecht e Krohberger, que No dia 24, segunda-feira, o Embaixador visitou Rio do Testo e
atravessaram a região diversas vezes declararam que as maiores Pomerode, e, apesar de manifestar o desejo de visitar estes locais só
dificuldades da constrnção da estrada já tinham sido superadas. A no domingo, à noite foi recepeionado pelas Sociedades de Atiradores
descida até onde os carros estavam aguardando foi rápida; que estavam formadas festivamente defronte à casa de Louis Abry. Na
embarcaram, chegando ao ribeirão Neisse antes do cair da noite, onde entrada da localidade e no centro havia arcos de triunfo e palmitos
na filial de Feddersen foi servido um lauto jantar aos visitantes, que com flores. No salão, o Embaixador foi cumprimentado por Louis
estavam alegres e satisfeitos, principalmente o Embaixador e o Cônsul Abry, deputado estadual, em seguida atendeu por mais de quatro
Carl Hoepcke que, entusiasmados, diziam valer a pena morar na horas a todos que desejavam cumprimentá-lo e com ele conversar..
região. Também ouviu seus pedidos e desejos. À noite, o Embaixador
No dia 22, sábado, todos regressaram a Blumenau parando em regressou a Blumenau e no dia 25, terça-feira, foi para Brnsque onde
Warnow, onde Hoeschl mandou servir um farto almoço, à moda da foi recepcionado na entrada da cidade pelas autoridades locais e
Colônia, que agradou a todos. Ainda em Warnow, o Embaixador e Sociedade de Atiradores sob os acordes da banda de música até ao
demj lis excursionistas assistiram aos alunos da escola local numa Hotel Bauer. À tarde visitou a fábrica Renaux, escola, Igreja e, no dia
demonstração de ginástica e a disputa de um prêmio em dinheiro, seguinte, fez uma visita ao interior da Colônia, seguindo à tarde para
instituído pelo Embaixador, que também contatou com moradores Itajaí, regressando ao Rio de Janeiro. Antes, mandou um oficio ao
para saber das condições em que viviam os Colonos. Em Indaial, o Cônsul Gustav Salinger agradecendo às autoridades e população
Embaixador, em companhia do Cônsul Cai! Hoepcke e destacados blumenauense a acolhida e tratamento cavalheiresco que aqui teve,
membros da Colônia, atravessaram a balsa para visitar Timbó, reafirmando as excelentes impressões que levava de Blumenau e sua
enquanto o Governador e sua comitiva voltaram a Blumenau. Em gente.
Timbó, o Embaixador foi recepcionado pela Sociedade de Atiradores O Governador do Estado, no dia 24 de maio, foi para
e Sociedade de Cantores em frente a casa de Friedrich Donner, em Massaranduba inspecionar a estrada que liga Blumenau a Joinville,
cujo salão os cantores apresentaram várias canções alemãs. passando por Bananal (Guaramirim). Estavam consluídos 27
Convidado para jantar, o Embaixador declinou do convite, pois o quilómetros, a partir do lote n° 58, faltando 7 quilómetros para chegar,
tempo curto forçava o regresso que foi feito pela outra margem do rio a Joinville, De Blumenau a Massaranduba, o Governador viajou de
Benedito até Indaial.. N uma parada para troca de cavalos, o carro de mola, levando duas. horas e meia, demonstrando o bom
Embaixador teve a oportunidade de participar, por curto tempo, de estado da estrada, Dia 26, quazta.feira pela manhã, o Governador

100 101
visitou as escolas de Blumenau, e ao meio dia, embarcou no vapor Após a centnorua, as sociedades retomaram até ao Hotel Holetz, em
"Blumenau" com sua comitiva até Itajaí e de lá regressou à capital do marcha unida onde debandaram. 19
Estado. Não só as noites de arte, festas, cultos, etc.,colaboraram para a
No dia 21 de maio de 1897, não só Blumenau e sim o mundo vida sócio-cultural e artística do Grande Vale, pois tudo o que os
perdeu um dos seus maiores cientistas - o Dr.Fritz Mueller.. Parece colonizadores empreendiam, visava melhorar a vida da Comunidade,
que na época já funcionava o "santo de casa não faz milagres", pois e em 1898, Blumenau contou também com sua Estação Agronômica
para dar um túmulo condizente ou erigir um monumento à memória na localidade de Cedro, sendo designado para chefiá-la o agronômo
do 'Principe dos Observadores', foi preciso que o Dr.. José Bonifácio Dr -, Giovanni Rossi, que no governo do Dr.Josée Bonifácio da Cunha,
da Cunha sugerisse uma subscrição popular e solicitasse aos viajou, no inicio de 1902, para a Europa por ordem e conta do Estado
deputados Luiz Gualberto e Santos Lostada para apresentar um para estudar a fabricação de manteiga, levando consigo certa
projeto na Assembléia, para que o Governo do Estado mandasse erigir quantidade para analise e estudos bacteriológicos.
um monumento ao sábio". 18 Nada foi feito na época. O monumento Em 1898, iniciou-se a campanha para os cargos de
ao Dr.Fritz Mueller só foi erigido trinta anos mais tarde e com outros Superintendente e Conselheiros da Câmara Municipal.. Foi eleito o
recursos. Dr. José Bonifácio da Cunha que assumiu no dia 2 de janeiro.: de 1899.
Os colonizadores do Vale do Itajaí, apesar de distantes da velha Na sua gestão, olhou com carinho e dedicação o ensino primário, pois
Pátria e a maior parte já ter adotado o Brasil, não se esqueciam de destinou os 300$000 réis da sua gratificação mensal para o ensino,
reverenciar a memória dos grandes vultos da terra em que nasceram. subvencionando com esta soma seis escolas particulares. Entre outsas
Otto von Bismarck, o grande estadista prussiano, um dos fundadores obras importantes realizadas no município, foi também
da unidade alemã e que a tomou uma potencia mundial, falecido em definitivamente assentada a data de 2 de setembro de 1850, como data
Friedrichsruh, em 1898, foi reverenciado no dia 14 de agosto de 1898, da fundação do município, Considerando a opinião do povo, o Dr.
com culto na Igreja Evangélica de Blumenau. Compareceram às Bonifácio da Cunha submeteu o assunto ao Conselho Municipal que o
homenagens com suas bandeiras ornamentadas de crepe preto e aprovou, após demorada discussão. O Doutor Blumenau considerava
enfileiradas ao lado do altar as Sociedades de Atiradores de Testo o dia 28 de agosto de 1852, como o dia da fundação da Colônia,
Baixo, Fidélis, Gemuetlichkeit, Garcia, Velha, Passo Manso, Itoupava porque neste dia, mediante venda em hasta pública, distnibuiu os
e Sociedade de Cantores do Vale do Selke. As sociedades se reuniram primeiros dez lotes coloniais à margem direita do ribeirão Garcia pelo
em frente ao Hotel Holetz, e, em marcha lenta ao toque do tambor preço base de 10$000 réis. Na ocasião, os compradores, Hahn
surdo, rumaram até a Igreja Evangélica. O Governador Dr. Hercílio (marceneiro), Seiffert (sapateiro), Spiess (padeiro) e Leithauser, se
Luz, se fez representar às solenidades pelo Cônsul Alemão em combinaram para não encarecer o lance. Fritz Mueller e seu irmão
Blumenau, Gustav Salinger; Heinrich Krohberger representou o August, que haviam chegado alguns dias antes com outro navio
secretário do Governo e deputado estadual Dr-Campos Mello; Otto também compraram cada um, um lote, também à margem direita do
Stutzer representou o presidente do Congresso Estadual; os deputados ribeirão Garcia, mais perto do centro e pagaramI por cada lote
estaduais Peter Christian Feddersen, Louis Abry e G.Richlin foram 100$000, além da contribuição a Caixa da Colônia. Em 1855, o
representados por Erich Gaertner, Blohm e Baumgarten. A cerimônia Presidente da Província apresentou à Assembléia um relatório,
foi abrilhantada pelo Coro Misto, Sociedade de Canto "Harmonia" e referindo-se a Blumenau: "A Colônia Blumenau foi fundada em
pela banda de música Ruediger. Compareceram todas as autoridades agosto de 1850, com 17 Colonos que o Doutor Blumenau mandou vir
locais. O Pastor Hermann Faulhaber fez a prédica com um relato da
da Europa."
vida de Bismarck, focalizando-o como homem, estadista e cristão ..

18"Blumenauer Zeitung" de 09.10.1897

19 "Blumenauer Zeitung" de 20/0811898

102 103
 Do relatório, constava ainda a seguinte tabela de imigração: "No
ano de 1850, 17 imigrantes; 1851-8; 1852~110; 1853-28; 1854-144
pessoas; no ano de 1854 nasceram nove pessoas e morreram nove;
quarenta e uma deixaram novamente a Colônia. Em fins de 1854
existiam 246 pessoas. Daquelas que deixaram a Colônia, 2 voltaram
para a Alemanha; 5 foram para o Rio de Janeiro; 3 para o Rio Grande
do Sul; 1 para Curitiba e 6 para vários lugares da Província.
Cinqüenta Colonos se estabeleceram nas imediações da Colônia, onde
se dedicavam à lavoura ou às suas profissões. Dos falecidos, cinco
morreram afogados no rio Itajaí. Na Colônia existe apenas uma
família católica que conta com três membros, todos os demais
pertencem à Igreja Evangélica. Em fins de dezembro contavam-se 40
casas concluídas e 6 a concluir; em construção: 2 engenhos de açúcar
e aguardente; 3 engenhos de farinha de mandioca; uma pequena
farmácia com os necessários medicamentos 1 casa de negócio na qual
se pode comprar ferramentas, ferragens, fazenda, armarinhos e
mantimentos de primeira necessidade. A lavoura está em pleno
desenvolvimento, todos os Colonos possuem criação de aves
domésticas e de porcos, alguns tambem criam bovinos. No dia 13 de
julho do ano passado (1854) criei na Colônia uma escola elementar
que é dirigida por um Colono que se naturalizou brasileiro e aprendeu o
português falando e escrevendo-o razoavelmente". Este relatório foi
publicado em 1899, trazendo o jornal ainda a informação de Luiz
Thieme que, dos 17 imigrantes ainda viviam (1899) em Blumenau, a
senhora Grahl e a viuva van der Eich, relacionadas como Maria e
Christina Kohlmann, respectivamente."
Sobre a situação econômica de Santa Catarina, abordando
também o desenvolvimento de Blumenau, o "Blumenauer Zeitung"
publicou um extrato do extenso relatório apresentado por H.D.
Beaumont, ao ministro do Exterior no Rio de Janeiro. Beaumont
visitara o Estado e a Colônia Blumenau informando que em 1888, a
Colônia contava com 18.884 habitantes e que em 1898 a população
subiu para mais.de 40.000; que em 1887 havia 60 milhas de estradas
carroçáveis e 250 milhas de caminhos vicinais e que nos últimos 9
anos o total se duplicou existindo mais de mil viaturas.
Os principais artigos de exportação eram mandioca, farinha,
tabaco, manteiga, toucinho, aguardente e açúcar; que a produção
anual de manteiga era calculada em 500.000 quilos, e a produção de
charutos importava em cerca de um milhão por ano e que ainda
104
exportava grande quantidade de fumo em folha para os portos de
Hamburgo e Bremen (Alemanha).
Além da vida atarefada e cheia de percalços, o nosso
blumenauense continuava brigando por política e em 1899 o
"Blumenauer Zeitung" convidava os eleitores republicanos para uma
reunião, a fim de acabar com a cisão do partido que estava
prejudicando o município junto ao Governo do Estado. O convite
dizia o seguinte: "São convidados os eleitores republicanos a
reunirem-se no domingo, 9 de abril, às 4 horas da tarde em casa do
Senhor G. Gross. O fim de tal reunião é tratar-se do melhor meio de
constituir-se, consultando de perto a vontade do eleitorado, um
Diretório para o Partido Republicano de Blumenau, sem que nele
prevaleçam as divergências individuais que tentam dividi-lo."
Também os moradores de Salto Weissbach, Velha, Encano
(margem direita), Mulde e Encano do Norte, se reuniram no salão
Paupitz em Passo Manso, para fundar uma associação política, sob a
denominação de "Associação Popular". Convidaram para a reunião os
moradores da Colônia para no dia 16 de julho de 1899, no salão
Paupitz, discutirem e aprovarem os Estatutos elaborados por uma
comissão composta dos Senhores H.Weise, H.Offe, H.Herckenhof,
A.Schroeder, E.Schroeder, E.Rechenberg, C.Weise, E.Duwe,
E.Prochnow, L.Heinrich, L.Kellermann, L.Gessner, M.Brandel,
E.Roepke e E.Hartung. Os Estatutos continham 15 artigos que foram
publicados no n? 23 do jornal "Blumenauer Zeitung". O artigo 1°
estabelece que a Associação Popular tem como finalidade principal
congregar toda a populção da zona colonial para a participação
espontânea e autônoma nas eleições a fim de quebrar com o atual
sistema da tutela política. O artigo 2° estabelece que a Associação
encarregar-se-á de controlar a administração municipal, zelar pelo
justo emprego e a distribuição dos impostos e interceder
corporativamente em favor de seus sócios em caso de abusos ou
arbitrariedades por parte dos funcionários públicos. O artigo 3° diz
que nas eleições municipais apresentará candidatos próprios, sob o
compromisso destes, a seguir um determinado programa. Em primeiro
lugar, pugnar pela introdução de eleições distritais. O teor do artigo 4°
é o seguinte: Nas eleições para as representações estaduais ou
federais, a Associação somente apoiará os candidatos que entrarem
em contato com a Associação, apresentando um programa aceito pela
mesma, pugnarem pelas reivindicações desta e se comprometerem a
dar conta, periodicamente, de sua atividade, ou por publicação nos
105
jornais locais ou relatos nas reuniões da Associação. Os acordos serão
firmados por escrito. Os demais artigos tratam da organização interna,
direitos e deveres dos associados, etc."
Faltavam alguns meses para findar o ano de 1899, e Blumenau se
preparava para festejar seus cinqüenta anos de fundação. O
"Blumenauer Zeitung", além de tecer comentários sobre os
preparativos, cita os nomes dos 17 primeiros imigrantes e que destes,
na época, ainda viviam: na Alemanha, Franz Sallentien, e em São
Paulo, Karl Wilhelm Friedenreich, sua esposa Minna e filha Alma, e
Paul Kellner. Cita também o nascimento de Ida Friedenreich, no dia 6
de setembro de 1851, o primeiro na Colônia, e que o primeiro
casamento foi realizado no dia 20 de março de 1855, sendo
contraentes Julius Baumgarten e Margareth Wagner, filha de Pedro
Wagner, porém, a euforia dos preparativos foi ofuscada com a notícia
publicada no "Blumenauer Zeitung" de II de novembro de 1899,
quando o jornal, orlado de luto, comunicou o falecimento do Doutor
Blumenau ocorrido no dia 30 de outubro na cidade de Braunschweig-
Alemanha. Foram transcritos necrológios e celebrados ofícios
religiosos. O Conselho Municipal reuniu-se em sessão extraordinária
para homenagear a memória do fundador da cidade, publicando a
seguinte nota: "Resolução n" 59. O Conselho Municipal de Blumenau
resolve:
Art.I't-Lançar na ata voto de profundo pesar e comunicar à
família do finado Doutor Blumenau sentidos pêsames.
Art.2°-Colocar, logo que for possível seu retrato na sala das
sessões.
Art.3°-Concorrer para as exéquias solenes que se farão a 3 de
dezembro.
Art.4°-Dar o nome de "Rua Dr. Blumenau" à rua em que ele
residiu nesta cidade.
Art.5°-Revogam-se as disposições em contrário.
Eu, abaixo assinado, Superintendente Municipal de Blumenau,
sanciono e mando que se execute a presente Resolução do Conselho
Municipal.
Blumenau, aos 8 de novembro de 1899.
Dr. José Bonifácio da Cunha
O "Blumenauer Zeitung", entre outros, publicou o seguinte
artigo assinado pelo Dr.José Bonifácio da Cunha:
"A ausência do Doutor Blumenau d'esta terra que lhe conservou
o nome e o perpetuará, é já de IS anos, por isso, já os seus moradores
106
desde esse tempo começaram a sentir o vácuo d'aquela atividade
incessante, tenaz, correta, econômica, honesta e essencialmente
exemplar, que era inteira dedicada incansavelmente a seu
melhoramento material, ao preparo de vantagens futuras, da vida
independente e rica de centro agrícola e produtor.
Mas esta ausência era ainda de vez em quando em parte
interrompida por uma recordação que ele de lá nos mandava, quase
sempre ainda uma dádiva, um presente paternal, ora retalhando seus
bens particulares aqui, em partes que oferecia ao gozo público, ruas,
praças, escolas, etc., ora mandando-nos jornais, sementes, plantas,
quanto nos podia ser útil e o que é mais alevantado, dando-nos a
amostra também de uma nobreza louvável, o amor à pátria brasileira
que o hospedou e a seus patrícios, e em pouco tempo pôde orgulhar-se
de tê-los como diletos filhos. A lealdade proverbial da raça era
incorruptível no coração d'aquele ancião cuja têmpera os anos não
conseguiram entibiar.
A morte o veio roubar quando todos nós pensávamos que o seu
vigor permitisse passar vivo ainda a data do 50° aniversário da
fundação de Blurnenau, que se realizará em pouco mais de dez meses.
Há pouco tempo o Governo Municipal resolveu honrar a sala de
suas sessões com a reprodução do seu venerando vulto. Esta notícia,
conforme sabemos de um amigo que o visitou ultimamente, encheu-o
de alegria. No fim da vida, ainda foi um dos atos que mais
intimamente vibrou seu coração amante d' esta terra - o conhecimento
que era venerado - de que a suspeita de ingratidão d'este solo a que
ele deu mais de metade de sua existência enérgica e inteligente,
desfazia-se em fim ante a convicção de que seu nome era visto,
lembrado e sobre tudo respeitado.
Consta que vão lhe fazer solenes exéquias e que não pouparão
esforços para que no seio d'este monumento imorredouro que ele
mesmo erigiu, o município de Blumenau, seja-lhe erigido um outro,
que perpetue também o seu vulto. Assim mesmo a obra não será
completa. A última parcela que completará o saldo d'esta dívida de
honra, será a Comissão do monumento ou os Poderes Municipais
conseguirem da família do nosso fundador, a honra, de Blumenau
possuir também os seus ossos.
José Bonifácio da Cunha"
Enquanto Blumenau se preparava para o cinqüentenário de sua
fundação, vários acontecimentos marcaram o ano de 1900..
107
 Chegou de surpresa a Blumenau para uma rápida visita, a fim de
evitar recepção oficial e festividades especiais, o Embaixador alemão
Conde de Arco Valley. À noite do dia 17 de março, assistiu à festa de
aniversário da Sociedade de Canto Harmonie, onde foi recepcionado e
apresentado às autoridades locais. Na ocasião, foram apresentadas
canções, uma peça teatral, encerrando com um baile social que durou
até a madrugada. Visitou no dia seguinte uma parte da Colônia, e após
ter visitado Hansa, seguiu para Joinville.
Para os quatrocentos anos do Descobrimento do Brasil, o
"Blumenauer Zeitung" lançou uma edição especial, sob o n018, em
comemoração ao evento. Na ocasião, a Comissão Organizadora dos
festejos integrada pelos Deputados Estaduais Peter Christian
Feddersen, Francisco Margarida e Louis Abry, do Coletor Francisco
da Cunha Silveira, do Superintendente Dr.José Bonifácio da Cunha e
do Comerciante Rodolf Altenburg, convidou o povo para participar
dos festejos com a seguinte programação:
Dia 3 de maio-lO horas-preleções nas escolas sobre o
acontecimento
-11 horas-sessão solene na Câmara Municipal
-14 horas-desfile das escolas e sociedade até a Sociedade de
Atiradores
-15 horas-neste local, apresentação de ginástica, sob a direção do
professor G.Arthur Koehler
À noite-iluminação festiva nas fachadas dos prédios e nas ruas.
Concerto no Teatro "Frohsinn" pela Sociedade Musical, dirigida pelo
maestro Hermann Ruediger, discursos e baile. Também foram
realizados bailes no Salão dos Atiradores e Richard Holetz.
Para os blumenauenses, o evento mais significativo do ano foi o
cinqüentenário da fundação de Blumenau para o qual foi elaborado
programação especial para os dias 2 e 3 de setembro. No dia 2 de
setembro, domingo, às 5 horas da manhã, alvorada defronte ao
edifício da Câmara Municipal; 9 horas-missas e atos solenes nas
Igrejas evangélica e católica.
À uma hora da tarde, sessão pública solene da Câmara Municipal
e inauguração da fotografia do Doutor Blumenau.
Às duas horas da tarde, colocação da pedra fundamental para o
monumento ao Doutor Blumenau, prosseguindo com um concerto na
Avenida Doutor Blumenau (atual Duque de Caxias) e, à noite,
iluminação da praça, fogos de artifício, etc.
108
Na segunda-feira, 3 de setembro, às 9 horas da manhã, reunião
dos Atiradores defronte ao Consulado Alemão. Às 10 horas teve
início a competição de tiro na sede da Sociedade de Atiradores e à
tarde, grande festa popular, recreações públicas e concerto na praça da
Sociedade de Atiradores. À noite, baile no Teatro "Frohsinn",
Sociedade de Atiradores e salão de Richard Holetz. Este programa foi
publicado em português e alemão com o título de "Anzeigen"(aviso)
em letras góticas.
Apesar dos eventos festivos realizados em Blumenau, o final do
ano de 1900, não só enlutou a Sociedade Teatral "Frohsinn" e sim
toda a Comunidade blumenauense pelo falecimento de Roese
Gaertner.
Blumenau sempre recebeu visitas importantes com grandes
festividades, e no dia 13 de maio de 1901, o Governador Doutor
Felippe Schmidt, vindo de Jaraguá em companhia do seu oficial de
Gabinete, Emílio Blum, ajudante de ordens e pequena comitiva, foi
recepcionado na escola de Itoupava Alta, pela população e ainda por
Francisco da Cunha Silveira, Leopoldo Zimmermann, escolares com
seu professor Emílio Kunze e o presidente da Comunidade Escolar
W.Sievert. O Governador foi saudado pelo professor Kunze, recebeu
flores dos alunos, visitou a escola e foi apresentado a W.Sievert. Da
escola foram a pé até o salão Schrauth, acompanhados pelos alunos
que jogavam flores no caminho. Na sede da Sociedade de Atiradores
"Itoupava Alto", uma representação da mesma integrou-se à marcha
com 'a sua, bandeira à frente. No trajeto, a banda de música do
professor Reinhold Graupner aguardava defronte à casa de Nicolaus
Jensen para puxar o cortejo até o salão Schrauth, onde populares e o
Superintendente Dr.José Bonifácio da Cunha aguardavam o
Governador com foguetes e vivas. Saudado pelo Superintendente, o
Governador foi introduzido no salão onde lhe foi oferecido um
almoço. Para este almoço, o Governador convidou os professores
Kunze e Graupner, W.Sievert, presidente da Comunidade Escolar de
Itoupava Alta, como também os senhores Riehs e Hein, presidente e
comandante da Sociedade de Atiradores "Itoupava Alto". O
Governador conversou com todos e retribuiu o brinde levantado pelo
Dr.José Bonifácio da Cunha. Às 14 horas, o Governador despediu-se
de Schrauth e partiu para Blumenau, sendo acompanhado pelos
presentes até a casa de Schipmann, onde grande número de populares,
com grande alegria e vivas o aguardava. Conversou C2!!} Schipmann e
Schrauth, elogiou a banda de música de Graupner e incumbiu o
109
professor Kunze de agradecer aos presentes a recepção. Com uma
salva de honra da Sociedade de Atiradores e sob vivas, o Governador
deixou Itoupava.
Ao chegar a Itoupava Seca, à margem esquerda do rio Itajaí,
defronte à casa de Volkert, que estava toda decorada, o Governador
foi recepcionado pelos alunos da escola do professor Kauth, sendo
cumprimentado por uma aluna, que em excelente português, em nome
dos colegas lhe entregou um buquê de flores. Depois que o fotógrafo
Seeliger bateu uma fotografia, a comitiva puxada pela banda musical
de Lingner, atravessou o rio com a balsa. Com foguetes e vivas
Friedrich van Ockel cumprimentou o Governador, sendo
acompanhado pela população. O Governador agradeceu as
manifestações recebidas dos diversos pontos do município, dizendo
que visitara Blumenau quando a Colônia ainda estava em
desenvolvimento e que a inteligência e o trabalho a transformaram em
varão forte. Depois de dar o seu viva a Blumenau e a sua laboriosa e
inteligente população, o Governador e comitiva embarcaram nos
carros que os aguardavam na rua principal e se dirigiram ao "Hotel
Willy". No trajeto, o Governador foi saudado pelos alunos da escola
do professor Hertel e um deles deu um viva acompanhado pelos
demais. Perto da ponte sobre o ribeirão da Velha, defronte à casa
ornamentada de Hermann Ruediger, aguardavam o Governador com
suas bandeiras, a Sociedade "Gemuetlichkeit" e o "Clube
Republicano", enquanto a Sociedade "Harmonie" estava no salão de
Hermann Ruediger. Com vivas, o povo que ali aguardava o
Governador o acompanhou até ao "Hotel Willy", onde foi
recepcionado pelo povo e alunos da Escola Nova, sendo saudado pelo
Pastor Faulhaber que terminou seu discurso com um viva ao
Dr.Schmidt e à Pátria brasileira. O Governador agradeceu a recepção,
sendo ainda cumprimentado pelos alunos da primeira escola pública,
regida pela Srta. Freygang, que ofereceram tantas flores que cobriram
duas mesas do hotel. Na entrada do hotel o Governador foi saudado
pelo Dr.José Bonifácio da Cunha, Superintendente. Após agradecer a
saudação o Governador adentrou ao hotel onde foram feitas as
apresentações, enquanto na frente do mesmo a banda musical de
Werner executava músicas do seu repertório.
No dia seguinte o Governador passeou de carro pelas ruas de
Blumenau; visitou o Colégio Santo Antônio, o Colégio das Irmãs e
entre os estabelecimentos industriais a tecelagem Roeder no Garcia. O
bom tempo durante o dia, apesar de interrompido por uma forte
110
chuva, não impediu a marcha "aux flambeaux" que foi muito
prestigiada pela população.
A noite foi realizado um baile na Sociedade de Atiradores e
também no Teatro "Frohsinn"que foram muito concorridos. Na quarta
feira, o Governador visitou a Escola Nova onde assistiu algumas aulas
ministradas sob a orientação do Pastor Faulhaber e corpo docente.
Também visitou a escola pública regida pela professora Freygang, o
Hospital, a indústria Gropp, o Consulado Alemão, o Comissariado de
Terras e alguns políticos locais. À noite, Carl Schneider e seus
músicos fizeram uma bela e harmoniosa serenata ao Governador que,
sensibilizado, agradeceu. Na quinta feira, o Governador visitou
Indaial e Timbó onde recebeu homenagens. Visitou a estação
agronômica dirigida pelo Dr. Rossi, ficando muito impressionado com
os trabalhos alí realizados. Sexta feira, visitou a Câmara Municipal,
Coletoria, o "Blumenauer Zeiturrg" e recebeu no hotel diversas
personalidades políticas locais. Sábado, viajou via Brusque para
Florianópolis.
Para resguardar os interesses dos blumenauenses, no dia 5 de
novembro de 1901, reuniram-se 31 chefes de firmas (ou
representantes) para fundarem uma associação. Gustav Salinger
(Cônsul Alemão), expôs a finalidade da reunião e esta se transformou
em Assembléia Constituinte da Associação Comercial, sendo eleito
presidente provisório Gustav Salinger. A ata da fundação foi
publicada no "Der Urwaldsbote" de 16 de novembro de 1901.
·A reunião foi realizada no salão Gross com a presença de 32
industriais e comerciantes. Na ocasião, foram aprovados os Estatutos,
fixada a contribuição anual em um milréis e eleita a primeira diretoria
que ficou assim constituída: Gustav Salinger, presidente; Friedrich
Blohm vice-presidente;Friedrich Specht, 10 secretário; Wilhelm
Nienstaedt, 20 secretário; Louis Altenburg, tesoureiro; Wilhelm
Scheeffer e Bruno Hering, assessores. As reuniões, por proposta de
Gustav Salinger, seriam realizadas todas as terças-feiras às 10 horas
da manhã. Também foi resolvido colocar um livro na sede para o
registro de queixas ou propostas dos associados. Para que toda a
Colônia participasse da Associação, ficou decidido que a Diretoria
entrasse em contato com a Diretoria do "Kultur Verein" para uma
reunião na qual seriam expostas as medidas da Associação para
atenuar a crise econôrnica.
No dia 23 de novembro, o "Kultur Verein" convocou uma
reunião para o dia 8 de dezembro às 9 horas, nosalão Paupitz, de
111
Passo Manso, tendo como primeiro assunto o relatório da Diretoria da
Associação Comercial e a sua cooperação com os colonos da região
de Blumenau. A reunião foi presidida por Friedrich Specht, presidente
do "Kultur Verein". Achavam-se também presentes o representante da
Associação congênere de Brusque, Senhor Bruns e o assistente da
escola alemã "Palmenhof' - Hammonia, Senhor Meyer. Também se
fez presente o Dr.Giovanni Rossi, diretor da Estação Experimental
Agropecuária de Rio dos Cedros. Specht declarou que a reunião tinha
a finalidade de manter diálogo com os colonos sobre a situação
econômica de Blumenau. Gustav Salinger fez um relato sobre a
Associação, dizendo que uma das suas metas era a elevação e
apuração do comércio e que propugnará pela diminuição das despesas
comerciais como frete, alfândega, etc., e também pelo barateamento
do seguro marítimo, procurando conseguir melhores vapores para os
locais de consumo. Se a Associação conseguisse maior exportação
com menos despesas, o comércio poderia pagar melhor os produtores.
Relatos foram feitos, entre eles, Blohm, que explicou como no Rio
Grande do Sul a união de todos conseguiu obter fretes mais baratos.
Interpelado por Miehe se a forma de conseguir melhoria era a
aquisição de vapor próprio, Salinger respondeu que isso poderia
ocorrer mais tarde, pois o importante era assegurar o serviço regular
de transportes. Na ocasião, Blohm afirmou que colonos e
comerciantes tinham interesse em apresentar bons produtos e
Feddersen declarou que com bons produtos não receariam a
concorrência norte americana. Os debates continuaram e deram bases
seguras ao desenvolvimento econômico da região. Deve-se aos
dirigentes e componentes da Associação Comercial o lugar de
destaque no mercado consumidor do país e no exterior onde sempre
foram preferidos, sejam oriundos da agropecuária ou indústrias. Esta
Associação muito influiu na vida sócio-cultural dos nossos
colonizadores. Com o nome de Associação Comercial Blumenauense,
está registrada sob nOI no livro A-I de IS de maio de 1902, no
Cartório Getúlio V. Braga. No Cartório Getúlio V. Braga constam
ainda os seguintes registros:
Associação Comercial Industrial e Classes Anexas, sob o n~20,
livro I, fls.116 de 9 de agosto de 1927.
União Comercial e Industrial de Blumenau, sob n091, livro 4,
fls.35 V. de 17 de outubro de 1934.
Associação Comercial e Industrial de Blumenau, sob n0166, livro
A-4. Fls 179 de 14 de janeiro de 1942.
112
Na gestão do Superintendente José Bonifácio da Cunha foi
concluída a estrada da serra que em dezembro de 1900 alcançou a
localidade de Rio do Sul, tendo o Governador do Estado, por
intermédio do Superintendente, expressado sua gratidão ao arquiteto
Heinrich Krohberger. Também, com grandes festividades,' foram
dadas as três tradicionais marteladas para iniciar a construção da
Estrada de Ferro Santa Catarina, porém, as obras, só foram iniciadas
'110 dia I ° de janeiro de 1908.
Apesar de ter sido Presidente do Conselho de Intendência e duas
vezes Superintendente Municipal, o Dr.José Bonifácio da Cunha, foi
alvo de críticas que podem ser avaliadas pela nota publicada no "Der
Urwaldsbote" de 11 de abril de 1903, sob o título - "Um
denunciante" .
"No jornal "Blumenauer Zeitung", o Dr. Cunha reclama sobre o
"Der Urwaldsbote", que o desmascarou como um funcionário
desonesto, que prejudica o povo. O doutor diz que um "denunciante"
não merece respeito. Foi então que nos lembramos de um caso que
aconteceu, há alguns anos atrás e que não foi esquecido. Neste caso o
Dr.Cunha também tem papel importante, porém triste. Nos referimos
ao "Caso Witthoeft".
"Witthoeft sabia curar feridas e também tratar de fraturas muito
bem. Ajudou muitas pessoas, estava sempre em atividade, dia e noite,
com solou chuva, tratava dos pobres sem cobrar-lhes nada e ainda
hoje, mesmo depois de morto é altamente reconhecido pelos colonos.
Muitas fraturas mal feitas ele curou. Por esta razão não era bem visto
pelos médicos, que procuravam interferir em seu trabalho. O papel de
denunciante coube ao Dr.Cunha, que o denunciou à polícia dizendo
que distribuia medicamentos, o que era uma calúnia, pois Witthoeft
nunca receitou remédios, quando muito dava um remédio caseiro. Por
iniciativa do Dr.Cunha, Witthoeft foi multado em cento e cinqüenta
milréis. Como o velho possuía pouco, porque raramente aceitava
pagamento pelo seu trabalho, e não tinha dinheiro para pagar a multa
e se não a pagasse seus bens seriam penhorados, os colonos se
reuniram para auxiliar o velho Witthoeft. Fizeram uma coleta e
conseguiram os cento e cinqüenta milréis da multa, desarmando com
o gesto, o denunciante. Naquela ocasião conhecemos o caráter do
ilustre Dr.Cunha. Ele denunciou, simplesmente por inveja e imundo
interesse próprio. Estas sujeiras são esquecidas rapidamente.
Entretanto, quando o Dr. Cunha nos apresentá" suas prédicas
113
moralistas nos lembramos sempre que suas palavras se encaixam
como o punho no olho". (Ass.) Vários moradores de Salto Weissbach.
Foi também na gestão do Dr. José Bonifácio da Cunha que
Blumenau foi embelezada com o prédio de Richard Holetz, destinado
a um hotel. Em belo estilo arquitetônico mostrava aos visitantes a
pujança do povo blumenauense.
O Dr. José Bonifácio da Cunha, apesar da oposição feita pelo
grupo de Feddersen, o "Der Urwaldsbote" e principalmente a
"Volksverein", chegou ao final do seu mandato, pois na época, até o
Governador Hercílio Luz, que pleiteava sua reeleição, estimulava
Feddersen a fazer campanha contra o Superintendente blumenauense.
Na época, viviam em constantes lutas políticas, Hermann
Baumgarten, Dr. José Bonifácio da Cunha e Hugo Gensch do
"Blumenauer Zeitung", e, Eugên Fouquet (do "Der Urwaldsbote"),
Peter Christian Feddersen e os dirigentes da "Volksverein".
Essas lutas políticas deram margem ao aparecimento, pelo
Carnaval de 1901, do "Altonaer Fastnachtszeitung", que no ano
seguinte apareceu como "Blumenauer Fastnachtszeitung" que
criticava os políticos, contendo também anedotas e piadas, expondo
sob máscaras carnavalescas as mazelas de conhecidos personagens da
época.
A política deve ter arrefecido o ânimo de muitos blumenauenses,
pois para fundarem uma sociedade, cujo objetivo era - "não
desperdiçar suas forças e energias no campo político", nos leva a crer
a ojeriza da maior parte dos operários blumenauenses aos
politiqueiros de antanho.
Com o objetivo claro do não envolvimento na política, foi
fu~da, no dia 6 de abril de 1902, a "Sociedade Profissionalizante".
Para concretizar o fato reuniu-se, segundo o "Blumenauer Zeitung" de
12 de abril de 1902, no salão Freygang, grande número de pessoas
que deliberaram sobre a seguinte ordem do dia: a) elaboração dos
Estatutos; b) ingressos de novos sócios; c) eleição da diretoria.
Os Es'tatutos resumiram-se em: introduzir um tempo de estudo
com um só profissional competente, teste de oficial, teste de mestre,
garantia legal e assistência médica, entretando esses Estatutos só
seriam oficializados se fossem adaptáveis à forma republicana e
tivessem a mesma utilidade do século passado. O objetivo da
sociedade seria uma forte aliança entre todos os profissionais do
grande município de Blumenau, ou seja, uma "Sociedade de Oficios",
114
na qual a "Sociedade Profissionalizante" representaria o primeiro
degrau,
Para a primeira diretoria foram eleitos Anton Galuf - 10
presidente; Richard Parucker - 20 presidente; Wilhelm Dreer -
Secretário e Wilhelm Behnke - Tesoureiro.
Os fundadores da sociedade se referiam em suas reuniões ao
juramento de Rütli que deveria ser cumprido na prática e não constar
somente no papel. 2 o
Nas eleições de 2 de dezembro de 1902, Alwin Schrader,
candidato da "Volksverein", venceu seu adversário Louis Altemburg.
Alwin Schrader e os Conselheiros, Francisco Margarida, Paul
Schwartzer, Eugên Fouquet, Mariano Guilherme Becker, Louis Abry,
Richard Paul, Gottlieb Reif, Heinrich Reuter, Alberto Ramlow e
Bruno Wehmuth, tomaram posse no dia 3 de janeiro de 1903.
É de se estranhar que Peter Christian Feddersen que fazia parte
do Conselho na gestão do Dr. José Bonifácio da Cunha, não
participasse do Conselho de Alwin Schrader. Dos demais conselheiros
da gestão do Dr. José Bonifácio da Cunha, Antônio Bernardo
Haendschen, Carl Jansen Júnior, Giuseppe Notari, Richard Holetz,
Friedrich Donner, Richard Voigt e Carl Rischbieter, só participou do
conselho de Alwin Schrader, Gottlieb Reif. Na eleição desse
Conselho (1899), ocorreu um fato curioso: a esposa de Friedrich
Donner, Clara Donner, obteve um voto para Superintendente
Municipal. Numa época em que a mulher ainda não gozava de direitos
políticos, o fato foi manchete pelo ineditismo não só no Estado e sim
no País.
O blumenauense, de quando em vez, era surpreendido por
inovações e porque não dizer, sempre foi pioneiro em diversas
atividades e áreas do conhecimento humano, A bicicleta, meio de
locomoção já generalizado, e até utilizado por senhoras e senhoritas e
que fora sensação em Blumenau, ficou relegada a plano secundário,
quando Frederico Guilherme Busch fez alguns passeios pela oídade
com o seu automóvel, importado dias antes dos Estados Unidos,
causando alvoroço na cidade. O fato foi publicado pelos jornais locais
no dia 23 de setembro de 1903. Segundo o artigo publicado, faltava
20 (Rütli, planície da Suíça a S.O. do lago dos Quatro Cantões, célebre pelo juramento prestado
em 1291, pelos patriotas dos três Waldstatten, que queriam desatrelar-se da tirania de Alberto
da Áustria). -
115
ainda a estrada de ferro. A construção da estrada de ferro foi citada
pelo Vice-Governador CeI. Vidal Ramos, quando visitou Blumenau
nos dias 26 a 30 de outubro de 1903.
O Vice-Governador CeI. Vidal Ramos, Governador em exercício
do Estado de Santa Catarina, vinha de S. Bento, viajando de
carruagem e parte a cavalo. Chegando ao município de Blumenau, foi
recepcionado na divisa no alto da serra do Rio da Luz por Otto Stutzer
em nome do Superintendente e pelo Deputado Louis Abry, além de
grande número de pessoas e escolares. O Vi ce-Governador e comitiva
desceram o morro a cavalo, tomaram os carros e se dirigiam até
Pomerode onde foram recebidos com foguetes, badalar dos sinos e
grande massa popular. O Vice-Governador hospedou-se na casa de
Hermano Weege. No dia seguinte, antes de seguir para Blumenau, o
Vice-Governador foi saudado por um aluno e homenageado com
canções pelos alunos da escola local. Visitou a Igreja e a escola,
seguindo depois em direção a Badenfurt, acompanhado de 60
cavaleiros e cinco carroças com alunos. Em Testo Central, os
visitantes foram recepcionados defronte à casa de negócio de Koch,
onde os alunos da escola local, portando bandeirolas verdes e
amarelas faziam fila, cantando várias canções. Também
compareceram a banda de música que tocou várias marchas, e duas
sociedades de atiradores que saudaram o ilustre visitante com salvas
de tiro. Após pequeno descanso, visitante e comitiva acompanhados
por um grupo de pessoas de destaque seguiram viagem até a fábrica
de tecidos de Johann Karsten que foi muito elogiada. Antes de
chegarem a Badenfurt, inspecionaram no trajeto a nova ponte sobre o
rio do Testo. Em Badenfurt, pelas 12 horas, o Vice-Governador foi
cumprimentado pelo Juiz de Direito da Comarca e grande número de
pessoas. Atravessaram o rio com a balsa que teve que fazer cinco
viagens para atravessar todos a outra margem. Continuaram até
Itoupava Seca onde chegaram pelas duas horas da tarde em frente à
casa de Friedrich Specht, onde os visitantes foram recepcionados pelo
Superintendente Alwin Schrader, representantes da Câmara
Municipal e personalidades de destaque de Blumenau. Também
estavam presentes, a Associação Ginástica Blumenau com sua
bandeira, escolares e populares, sendo o Vice-Governador
cumprimentado por Alwin Schrader e o Presidente da Câmara,
Francisco Margarida, proferido um discurso em nome do Governo do
Município e da Câmara. Convidados por Peter Christian Feddersen,
todos se dirigiram ao salão Teutônia (atual Ipiranga), a pé, pela rua
116
festivamente ornamentada, sendo aclamado por populares, espoucar
de foguetes e tiros de morteiro.
Na sociedade Teutônia foi oferecido ao Vice-Governador e
comitiva, integrada pelo Procurador Geral Tiago da Fonseca, o Juiz
de Direito de S. José Dr. Sálvio Gonçalves, Deputado Lebon Régis e
pelo ajudante de ordens Tenente Euclides de Castro, vinho e
refrigerantes. No "landau" de Peter Christian Feddersen seguiram, em
companhia deste, para o centro de Blumenau, o Vice-Governador, o
Superintendente e o Presidente da Câmara.
Os cinco quilómetros de Itoupava Seca até a Rua das Palmeiras,
no centro de Blumenau, pareciam uma alameda de palmitos
festivamente ornamentada com cestões de flores e bandeirolas coladas
em barbante esticado de palmito a palmito. Na rua central de
Blumenau foram construídos três arcos de triunfo, com faixas
contendo dizeres de saudação. De ambos os lados da rua, grande
massa popular aglomerava-se, principalmente nas imediações do
Hotel Holetz, inclusive alunos e professores das escolas locais que
aclamavam o Vice-Governador. O discurso de saudação foi proferido
pelo Pastor Faulhaber, diretor da Escola Nova, que o finalizou com
um viva ao Vice-Governador, ao Estado e ao Brasil. Em seguida, a
banda de música executou o Hino Nacional. O Vice-Governador foi
saudado da escadaria do Hotel Holetz pelo Juiz de Direito Dr. Ayres
de Albuquerque Gama, que salientou a figura do Vice-Governador e
sua· exemplar administração, citando, ainda, os oito anos de sua
administração municipal em Lages. Após o discurso, muito aplaudido,
alunos e professores ofereceram ramalhetes de flores ao Vice-
Governador, que agradeceu as manifestações carinhosas, prometendo
dar apoio ao desenvolvimento de Blumenau, finalizando com um viva
a Blumenau. Em seguida, o Vice-Governador convidou os presentes
para acompanhá-lo até ao monumento do Doutor Blumenau, onde
foram depositados os ramos de flores, que lhe foram oferecidos por
alunos, senhoritas e delegações das sociedades, gesto simpático que
muito sensibilizou os blumenauenses. À noite, partindo da rua das
Palmeiras, a marcha "aux flambeaux", com mais de 300 tochas,
encabeçada pela Associação Ginástica, conduzidas por populares e
ginastas, puxadas por duas bandas de música, passou em frente ao
hotel, sendo assistida pelo Vice-Governador. O desfile foi pela Rua
15 até o Hotel Gross (atual edificio das Lojas Hering), de lá voltando
até o Hotel Holetz, tendo Friedrich Specht dado vivas ao Vice-
Governador, sendo acompanhado por mirpessoas postadas nas
117
 imediações do hotel. Muitas casas, na Rua 15 e também nas laterais,
estavam iluminadas com lampiões às janelas. No dia 28, quarta-feira,
o Vice-Governador visitou o Cônsul alemâo, Gustav Salinger, os
Colégios, das Irmãs da Divina Providência e dos Padres Franciscanos.
Visitou também autoridades locais, as duas escolas públicas, a Escola
Nova, onde assistiu parte das aulas, a firma Salinger em Itoupava
Seca, a firma dos Irmãos Hering, a fundição de Louis Altemburg,
tecelagem da firma Probst & Cia no Garcia (hoje anexada a Artex) e
outros pontos da cidade. À noite, houve um banquete no teatro
"Frohsinn" no qual tomaram parte sessenta convidados. Entre os
oradores, o Superintendente Alwin Schrader saudou o Vice-
Governador; Eugên Fouquet saudou o Estado; o Pastor Faulhaber
'levantou um brinde ao Vi ce-Governador; o Dr. Tiago da Fonseca
saudou as damas e senhoritas da sociedade que em homenagem
especial estavam servindo a mesa; Francisco Margarida homenageou
a Justiça representada pelos Juízes de Direito, respondendo, o Dr.
Ayres Gama, dizendo que para aplicar a justiça o faziam baseado em
leis e saudava o poder legislativo na pessoa do Presidente da Câmara;
Salinger saudou o povo soberano que em eleições livres escolhia seus
representantes no legislativo e delegava poderes ao executivo, tendo
ainda o Deputado Lebon Regis ressaltado o patriotismo do povo
blumenauense. O CeI. Vidal Ramos foi o último orador que
agradecendo a carinhosa recepção prometeu seguir a orientação do
Governador Dr. Lauro Mueller. Teceu louvores ao município de
Blumenau e sua gente, desejando o florescimento das indústrias com
o auxílio da força elétrica gerada pelo potencial hidráulico do rio
Itajaí, o crescimento econômico, dos meios de transporte e
principalmente, da estrada de ferro ligando Blumenau a Lages,
cortando todo o planalto catarinense até a fronteira com a Argentina.
Finalizou o discurso com vivas a Santa Catarina, a República e a
Pátria Brasileira. No dia 29, quinta-feira, Alwin Schrader ofereceu um
almoço em sua residência ao Vi ce-Governador, comitiva e tendo
como convidados especiais o Cônsul alemão Salinger,a mesa da
Câmara Municipal integrada por Francisco Margarida, Eugên Fouquet
e Paul Schwarzer; o tesoureiro da Prefeitura, Otto Stutzer, os
Deputados Feddersen e Abry e ainda Friedrich Specht. Na ocasião, o
conjunto musical "Freiheit" (Liberdade) abrilhantou o banquete
tocando peças do seu repertório. À noite realizou-se um animado baile
social na Sociedade dos Atiradores em homenagem ao visitante e que
apesar do mau tempo foi muito concorrido. As danças foram iniciadas
118
pelo Vice-Governador com uma "polonaise", com a esposa do
Superintendente, dançando ainda com outras damas da sociedade. Dia
30, sexta-feira, o Vice-Governador e comitiva visitaram a Câmara
Municipal, sendo recebidos pelo Presidente Francisco Margarida,
Vice-Presidente Paul Schwarzer, Secretário Eugên Fouquet, além dos
deputados Louis Abry, Peter Christian Feddersen e, ainda, por
Friedrich Specht. Também foram visitadas várias repartições públicas.
O Vice-Governador e comitiva almoçaram na residência do Dr. José
Bonifácio da Cunha, e pelas 12 horas, acompanhados por autoridades
locais e pessoas de destaque dirigiram-se ao vapor "Blumenau" que os
levou até Itajaí, e conforme notícias em jornais de Itajaí o Vice-
Governador, também teve, festiva recepção.
Na gestão de Alwin Schrader, além da instrução primária
merecer um carinho todo especial, incluindo a elaboração pelo
cartógrafo e agrimensor José Deeke, de um mapa do Município que
foi mandado imprimir em Leipzig (Alemanha) e distribuído em mais
de 100 escolas do Município, melhoramentos de grande interesse para
a Comunidade foram realizados e, entre eles, a ponte do Salto, que
recebeu a estrutura de ferro. Também instaladas agências telegráficas
em Gaspar, Indaial, Aquidabã, Braço do Sul e Hammonia.
Gustav Salinger, a quem Blumenau deve grande parte do seu
desenvolvimento econômico, cultural e social e que desde 1889 foi
Cônsul da Alemanha em Blumenau , após morar 22 anos em
Blumenau, regressou, no dia 9 de abril de 1904 para a Alemanha.
No 'dia 24 de janeiro de 1905, o Senador Hercílio Luz com
esposa e família veio a Blumenau, como convidado especial, tomar
parte na festa em homenagem ao aniversário do Kaiser Wilhelm II.
Viajou de Florianópolis a Gaspar pelo vapor "Lauro Mueller", onde
foi recepcionado, tomando, em seguida, o vapor "Blumenau"
chegando a Blumenau pelas 4 horas da tarde, onde era aguardado por
grande massa popular, alunos da Escola Nova, duas bandas de música,
formando préstito até o Hotel Holetz, onde foi saudado pelo
presidente da Câmara Municipal Francisco Margarida. O Dr. Hercílio
Luz agradeceu a calorosa recepção, seguindo-se um banquete no
Hotel Holetz.
No dia seguinte, Hercílio Luz visitou diversos amigos e, no dia
27, assistiu à reunião comemorativa do aniversário do Kaiser, no
Teatro "Frohsinn" com a presença de embaixador Barão von
Wangenheim, CeI. Karl A. von Wettstein e outras autoridades. No dia
119
 28, no salão dos Atiradores realizou-se um baile em homenagem ao
grande amigo de Blumenau, Dr. Hercílio Luz.
Com a comitiva do Senador vieram o Dr. Navarro Uns, Juiz de
Direito de ltajaí, Demosthenes Veiga, do Correio do Povo, Capitão
Manoel José Fernandes, Constantino Garofallis e outros.
Com grandes festividades, no dia 3 de junho de 1906, foi
inaugurada a ponte "Desembargador Pedro Silva", sobre o ribeirão
Garcia (próximo ao atual Grande Hotel), pelo então jovem CeI.
Pereira Oliveira.
Blumenau é pioneira nas mais diversas atividades do
çonhecimento humano. Em 1851, o Doutor Blumenau trouxe o
primeiro arado que foi utilizado pelos colonos, iniciando novos
métodos agrícolas que até então eram desconhecidos na Província,
trouxe também as primeiras abelhas européias. Através de G. Arthur
Koehler, o blumenauense entrou em contato com o fonógrafo em
1897, e com o "Kinematographen" em 1900. Blumenau também viu
rodar o primeiro automóvel em Santa Catarina, em setembro de 1903,
trazido por Frederico Guilherme Busch Sênior, que também instalou a
primeira fábrica de fósforos por volta de 1906 e ocupava cerca de 15
operários que fabricavam de 1.800 a 2.000 caixotes mensais, cada um
com 120 pacotes de 10 caixinhas de fósforos. No início, os palitos
eram feitos de pinho de Riga, importados da Rússia que chegavam em
grandes caixotes. Sendo o Brasil um país coberto de florestas, as mais
variadas, Busch resolveu mandar amostras de madeira para a
Alemanha e os técnicos escolheram a nossa imbaúba que passou a ser
utilizada no fabrico de fósforos. Os fósforos da fábrica Busch
chamavam-se, "Catharinenses", "Dominó", "Meia Lua" e "10.000".
Os fósforos "Dominó", os mais vendidos, tiveram dois rótulos. - "O
primeiro em papel branco, trazendo ao centro, em tinta azul-escuro os
pontos característicos do jogo. No segundo, esses pontos eram pretos
e cercados de vermelho. O jogo compunha-se de 28 rótulos com
número de pontos diferentes e correspondentes às pedras de
"Dominó".' Busch, que não media esforços para divulgar os seus
fósforos, pois em março de 1906, um jornal local publicara que o
Trust de Fósforos, oferecera a Busch vinte contos de réis pelo
fechamento de sua fábrica "Dominó" e que Busch não aceitou,
fazendo ainda, uma promoção para divulgar ainda mais os seus
fósforos "Dominó", colocando em cada pacote de 10 maços de
fósforos, um aviso, no canto superior, onde era visto um velho
jogador de dominó, pensativo, com a mão à testa, tendo à sua frente as
120
pedras do jogo: - "A pessoa que apresentar um DOUBLE ao
fabricante ou aos vendedores destes phosphoros, receberá corno
prêmio um pacote dos mesmos phosphoros. - A pessoa que colecionar
o jogo de dominó completo até o DOUBLE 6 e apresentá-lo, as 28
caixinhas que deverão compor o referido jogo, ao fabrincante ou aos
vendedores destes phosphoros, receberá como prêmio, uma lata
contendo 120 pacotes de phosphoros. Os DOUBLES estão dentro das
caixinhas". Os DOUBLES naturalmente eram distribuídos com
parcimônia, sendo dificil reunir o jogo completo. Entretanto, o
representante de Joinville mandou 4 DOUBLE 5-5, que lhe tinham
sido apresentados, tendo entregue o prêmio anunciado, fato que se
repetiu no mês seguinte, o que alarmou Busch, que não conseguia
atinar com a causa, até que num meio dia, ao apitar a fábrica, saiu,
deixando os rótulos espalhados sobre a escrivaninha, fechou bem a
porta, mas deixou a janela aberta. Após o almoço fez a sesta, até que
um forte temporal o fez lembrar das goteiras, inclusive sobre a
escrivaninha, onde tinha deixado os rótulos. Mandou o filho para
resguardar os rótulos, porém estavam todos encharcados, e a alegria
do garoto foi enorme ao descobrir que o temporal resolvera os
problemas do pai pois os rótulos molhados descolaram o ponto central
de um dos cinco de cada um dos DOUBLES. Algum espertinho, devia
ter recortado um pontinho de um rótulo qualquer, colando-o no meio
de um 5-4, transformando-o em um DOUBLE premiado. Descoberta a
fraude, Busch recomendou ao seu agente que colocasse em água
quente "cadaDOUBLE 5-5, porém estes não mais apareceram. Apesar
dos fósforos e caixinhas serem de boa qualidade não impediu que
alguém escrevesse na parede da fábrica:
Ó que saudades que tenho
Dos fósforos "Dominó"
Riscavam mal dos dois lados
E pior dum lado só!"
O Doutor Blumenau teve muitas dJ,ficuldades em colonizar
Blumenau , pois além da contrapropaganda encetada por Sturtz e a
Portaria de 3 de novembro de 1859 (Heydtsche Restrikt), baixada por
von Heydt, Ministro Prussiano da Indústria, Comércio e Obras
Públicas da Alemanha, dificultando a emigração de alemães para o
Brasil, principalmente para o Rio de Janeiro e São Paulo, devido ao
regime a que estavam sendo submetidos os imigrantes germânicos,
Friedrich Ciela, agente de imigração para o Chile e Argentina, com
propostas e promessas, em 1906, estava encaminhando colonos
121
alemães de Hansa para aqueles países. Segundo o "Blumenauer
Zeitung", de 10 de março de 1906, muitas famílias regressaram
poteriormente, desiludidas. O jornal publicou, ainda que 60 famílias e
mais 21 estavam se preparando para deixar o Brasil em companhia de
Ciela, entretanto os colonos O. Mueller, P. Spieker e F. Sterk da
Fazenda Trankura de Pucan, no Chile, em carta de 19 de março de
1906, escreveram ao representante da Sociedade Hanseática de
Colonização, Senhor Metz, solicitando informações e auxílio para
voltarem para Hansa, porque haviam sido enganados por Friedrich
Ciela.
Enquanto o Dr. José Bonifácio da Cunha, eleito deputado em
1902, era reeleito para as legislaturas de 1904/1906 e 1907/1909,
Alwin Schrader, era reeleito para o período de 190711911, com os
conselheiros Louis Altenburg, Francisco Margarida, Otto Hindlmeyer,
Eugên Fouquet, Heinrich Reif, Heinrich Wichmann, Johann
Hennings, José Tambosi e Heinrich Reuter. Nesse período, foram
instaladas agências telefônicas em Gaspar, Aquidabã, Braço do Sul e
Hammonia, e. a ponte do "Salto" recebeu a estrutura de ferro. Alwin
Schrader incentivou a agro-pecuária, auxiliando a Richard Hinsch, de
Salto Weissbach, na sua granja modelo, que mais tarde foi
transformada em Estação Agro-pecuária, funcionando até 1911.
A "Volksverein" (Associação Popular), fundada em 16 de julho
de 1899, com a finalidade precípua de quebrar a tutela política,
reunia-se anualmente em Assembléia Geral para tratar de interesses
não só da associação, como também de toda a Comunidade. Para
viabilizar esses interesses foi realizada, no dia IOde setembro de
1907, no salão Paupitz em Passo Manso, uma reunião para estabelecer
as bases da fundação de um Sindicato Agrícola e eleger uma comissão
para os trabalhos de realização da Assembléia Constitutiva da nova
organização. A comissão compunha-se de Heinrich Miehe, Johann
Hennings, Wilhelm Weise, Otto Hindlmayer, Bruno Hering, Alwin
Schrader e Eugên Fouquet. A Assembléia realizou-se a 27 de outubro
do mesmb ano no salão de Oskar Gross em Blumenau, sob a
presidência de Eugên Fouquet, sendo fundado o Sindicato Agrícola,
tendo também a finalidade de fundar uma Caixa Agrícola. Como
membros do Conselho Administrativo foram eleitos: Heinrich Miehe,
Bruno Hering e Adolf Altenburg, e, para membros do conselho fiscal,
Karl Meyer, Eugên Fouquet, Otto Hindlmayer, Friedrich Specht,
Wilhelm Weise e Hermann Ruediger Sênior. O cargo de tesoureiro
coube a Alwin Schrader. A Caixa Agrícola, filiada ao Sindicato,
122
passou a chamar-se Caixa Agrícola de Cooperativa de
Responsabilidade Limitada, que muito contribuiu para o
desenvolvimento de Blumenau, pois emprestava dinheiro para a
Municipalidade e para os colonos. Em 1910, a nova legislação exigiu
a reformulação e a formação de diretorias distintas para ambas as
instituições fazendo com que os associados da "Volksverein" se
reunissem em Assembléia Geral no salão de Oskar Gross, no dia IOde
maio do mesmo ano, quando, de acordo com a Legislação vigente foi
fundado o Sindicato Agrícola do Município de Blumenau e a Caixa
Agrícola Cooperativa de Responsabilidade Limitada dos Agricultores
do Município de Blumenau, que foi conhecida como Caixa Agrícola
de B1umenau. Após dissolvida a entidade existente, cada instituição
teve uma diretoria distinta e Estatutos próprios. Foram eleitos para o
Sindicato: Heinrich Miehe, Wilhelm Weise, Alwin Schrader, Konrad
Glau e Ernst Steinbach, e para o Conselho Fiscal do Sindicato: Otto
Sprengel, Louis Günther, Hermann Ruediger Jr., Alfred Beims
Sênior, Adolf Marx Sênior e Heinrich Froehner Jr. Para a Caixa
Agrícola foram eleitos Heinrich Miehe, Bruno Hering, Eugên Fouquet
e A1win Schrader, enquanto para o Conselho Fiscal da Caixa Agrícola
foram eleitos Hermann Ruediger Sênior, Konrad Glau, Otto Sprengel,
Alfred Beims Sênior e Wilhelm Scheeffer. Posteriormente , a Caixa
Agrícola estendeu suas atividades, transformando-se no Banco
Agrícola.
O Sindicato Agrícola foi criado devido aos incentivos do
"Suplemento Agrícola" distribuído, graciosamente, com o "Der
Urwaldsbote". Na época, G. A. Koehler, proprietário do "Der
Urwaldsbote" e do "Suplemento Agrícola", orientava os colonos
sobre o desmatamento desordenado dos lotes coloniais, incentivando
o reflorestamento. O Sindicato Agrícola do Município de Blumenau
foi o responsável pela instalação da estação Agropecuária de Rio
Morto em Indaial, tendo como gerente G. A. Koehler, que, auxiliado
por dedicados companheiros, envidou todos os seus esforços para que
a Agropecuária se desenvolvesse beneficiando ainda o homem rural
de todas as formas, inclusive com a organização, em Indaial, de um
Patronato Agrícola, em regime escolar, onde os filhos dos agricultores
eram internados gratuitamente para aprenderem os métodos modernos
de cultivo da terra e criação de animais. Em 1949, o Patronato
Agrícola foi encampado pelo Governo Federal. No início de 1920, o
Sindicato Agrícola que era gerenciado graciosamente por G. A.
Koehler, resolveu iniciar a Colonização de Trombudo, sendo
123
auxiliados pelos irmãos Ernst e Richard Baumann que se empenharam
em construir estradas e prolongar o trecho até o Rio Canoas, fato que
levou os adversários de G. A. Koehler o submeterem a uma comissão
de sindicância, após a revolução de 1930, porém a lisura de G. A.
Koehler e colaboradores do empreendimento, o deixaram à frente do
Sindicato Agrícola. A presidência do Conselho Administrativo do
Sindicato foi por muitos anos exercida por Rudolf Kleine.
A "Volksverein" desempenhou, na época, papel importantíssimo
na vida dos colonizadores, pois impasses, os mais curiosos, eram
resolvidos pela associação, como o que envolveu os donos de engenho
de açúcar e criadores de abelhas. Para sanar o impasse, Carl Schãfer
propôs que a "Volksverein" deveria elaborar um projeto e submete-lo
à aprovação da Câmara Municipal para proteger as abelhas que
estavam sendo exterminadas pelos proprietários de engenhos de
açúcar. Por outro lado, queixavam-se os donos de engenho de açúcar
que, além de pagarem seus impostos, estavam sendo roubados pelas
abelhas e pleiteavam o reembolso do roubo. Muitos proprietários de
engenho de açúcar de Blumenau assinaram a nota.
Coube a Frederico Guilherme Busch Sênior, pioneiro em
diversas atividades, dotar Blumenau de iluminação pública a
eletricidade, quando, no dia 19 de fevereiro de 1908, brilharam 116
lâmpadas nas ruas da cidade, alimentadas por uma usina geradora
construída em 1906, na localidade de Gaspar Pequeno. Blumenau foi
a primeira cidade catarinense com iluminação pública a eletricidade.
Na época, era Superintendente Alwin Schrader que, ao ser informado
de que Frederico Guilherme Busch Sênior estabelecera no Gaspar
Pequeno uma importante usina geradora de eletricidade, encaminhou
ao Conselho Municipal o relatório seguinte:
"No meu relatório anterior já acentuei a necessidade de
modificar-se o contrato estipulado com o Sr. F. G. Busch, sobre a
iluminação pública das ruas desta cidade por luz elétrica. Pelo
primeiro contrato lavrado na base da Resolução n? 43, de 14 de
janeiro de 1908, foi concedido ao empresário privilégio do
fornecimento de força e luz elétrica no perímetro urbano, pelo prazo
de 25 anos, obrigando-se ele a colocar, pela anuidade de
Rs.5.500$000, cem lâmpadas de 25 velas cada uma, funcionando
durante seis horas por noite. Em 1910, porém, o Sr. F. G. Busch
estabeleceu em Gaspar Pequeno uma importante usina geradora de
eletricidade, que faculta, em larga escala, o fornecimento de força e
luz a preços mais módicos. Em conseqüência disso, a Municipalidade
124
podia estipular um contrato mais favorável aos consumidores
particulares e à Municipalidade, a que fui autorizado por resolução n?
50 de 15 de outubro de 1910. Neste contrato foi concedido à empresa
do Sr. F. G. Busch, a extensão de seu privilégio para além do
perímetro urbano, até a casa do Sr. Specht, Itoupava Seca, até aonde
também se estendeu a iluminação pública, colocando-se por enquanto
215 lâmpadas de 25 velas cada uma, funcionando durante doze horas
por noite pela mensalidade de Rs.2$500 por lâmpada, o que equivale
a Rs.6$450 anuais. Ficou, portanto, redobrado o número de lâmpadas
e das horas de funcionamento ao passo que, as custas da iluminação
pública apenas aumentaram de 960$000 ou cerca de 10%. É, portanto,
evidente que a municipalidade tira do novo contrato. O empresário
obriga-se ainda a colocar duas lâmpadas de 100 velas cada uma para a
iluminação do porto e 12 de 25 velas cada uma para a do paço
municipal. Para a iluminação ser levada a Itoupava Seca, concedeu-se
um auxílio pagável uma só vez no valor de Rs.l.200$000 ao
empresário que tem de instalar a iluminação pública a suas próprias
expensas, correndo, porém, a substituição de lâmpadas por conta do
erário municipal. A pedido do Superintendente, o empresário
aumentará o número de lâmpadas nas mesmas condições. Quanto à
iluminação particular foram combinadas as seguintes estipulações: a
vela custa 100 réis por mês, o Kilowat hora 600 réis, enquanto o
número total de lâmpadas de 25 velas, não atingir a 1.500".
No seu relatório, o Superintendente informa também que pelo
"kilowat hora de força se pagará Rs.200, e que logo que os motores
produzirem mais de 50 cavalos, o empresário fica obrigado a fornecer
força dia e noite, com exceção do meio dia até uma hora. Para se
evitar, enquanto for possível toda e qualquer interrupção de serviço,
foi contratado que o empresário montasse mais uma segunda turbina,
até o dia I ° de julho de 1911. Em geral é obrigado a sempre satisfazer
as necessidades de luz e força e ampliar a sua usina, se for necessário.
"Peço ao Conselho Municipal, considerar a aplicação da eletricidade
à tração das barcas (balsas) de passagem da cidade e da Itoupava
Seca.
(Ass.) Alwin Schrader, Superintendente."
Em 1910, o Sr. F. G. Busch publicou através da imprensa um
aviso, alertando a população do perigo dos 10.000 volts, que a partir
do dia 15 de junho do mesmo ano, estaria carregada a linha de
transmissão de energia elétrica.
125
 No dia 28 de julho de 1908, Blumenau recebeu estarrecida a
notícia que Giuseppe Chiarelli, um italiano de Rodeio, fabricante de
fogos de artificio e bombas, quando se dirigia para Blumenau a fim de
vender 1.800 bombas, nas imediações da Casa Comercial Hermann
Wagner, ao chicotear inadvertidamente o seu cavalo fez explodir o
cavalo e cavaleiro.
A popular motocicleta apareceu em Blumenau no dia 2 de
setembro de 1908, quando Wetzel e Kühne, procedentes de Joinville,
percorreram 138 quilômetros em dez e meia horas, passando por
Jaraguá e Pomerode. O veículo até então era desconhecido em
Blumenau.
Em 1909, Blumenau foi visitada pela primeira vez por oficiais da
Marinha de Guerra do Brasil. Esses oficiais, tripulantes dos
cruzadores "Tiradentes" e "República", ancorados em Itajaí, subiram
o rio Itajaí nos vapores "Progresso" e "Blumenau", chegando a
Blumenau no dia 25 de março, comandados pelo Capitão de Fragata
Castelo Branco.
A partir de 1909, Blumenau também contou com o 55° B. C.,
guarnição militar que veio transferida de Aracaju, comandada pelo
Coronel Crispim Ferreira.
Em 1909, foi fundada em Blumenau uma sociedade, chamada
"União Blumenauense" que programou uma partida dançante no dia
16 de outubro do mesmo ano. Da comissão de recepção participaram
os sócios: Alwin Schrader, Fides Deeke, Gustav Salinger, Eduard
Gropp, Hugo Joachinsthel, Max Feddersen, Victor Probst, Jacob
Mueller, Leopold Zimmermann e os oficiais do 55° B. C.: 1° Tenente
Randolpho Guasque, 1° Tenente Gustavo M. de A. S. Thiago e 2°
Tenente Adolpho Cunha Leal. Participou também o 2° Secretário
João da Rocha Maia.
A Proclamação da República, em 1909, foi festejada, em
Blumenau de forma original - um corso de flores no qual tomaram
parte só crianças. Do corso participaram ainda bicicletas, cavalos,
carros fechados e abertos. Para participar os interessados deveriam
inscrever-se nas casas: Julius Probst & Cia., Gustav Salinger & Cia.
em Altona, e Irmãos Hering. Atuaram no julgamento o Comandante
do 55° B. C., o Juiz de Direito da Comarca, o Superintendente
Municipal, Peter Christian Feddersen, o Advogado Doerck e Paul
Hering. Abrilhantou os festejos a banda do 55° B. C. Foram
premiados: dois carros, o 1° cavaleiro, a I a amazona e os lOs ciclistas.
126
Um clube conceituado e que foi fundado por volta de 1910 em
Blumenau, foi o "Kegel Club Fidel", sediado na Sociedade de
Atiradores de Blumenau e que funcionou regularmente até 1938,
quando foi extinto. Partipavam do clube pessoas de destaque da vida
blumenauense, entre eles: Otto Rohkohl (Cônsul da Alemanha),
Phillip Doerck (Advogado provisionado e ex-diretor da Colônia
Hansa), Emil Doering (professor da Escola Nova), Leopold Hoeschl
(tesoureiro da Municipalidade), Louis Altenburg e Hermann Ruediger
(comerciantes), August Zittlow (inspetor das linhas telegráficas),
August Sutter (comerciante e Juiz de Paz), Otto Berner e Carl
Rischbieter (cervejeiros) e Reinhold Anton (farmacêutico).
Janeiro de 1911, Alwin Schrader é reeleito até 1915 com os
Conselheiros Louis Abry, Richard Scheeffer, Eugên Fouquet, Max
Hering, Friedrich Jensen, Jacinto Gadotti, Heinrich Hardt, Arthur
Germer e Hermann Weege.
Em 2 de outubro de 1911, Blumenau sofreu outra enchente de
conseqüências catastróficas. A chuva de semanas absorveu o solo e o
volume d'água, que alcançou 16,60 metros acima do nível normal,
deixou a cidade praticamente submersa. Nessa enchente, o rio Itajaí-
Açu, saindo do leito pouco acima da cidade, formou um novo braço
que foi desaguar nas imediações da Penha de Itapocorói. Os prejuízos
foram vultuosos e Blumenau recebeu auxílio de todo o Estado, País e
exterior.
Em fins de fevereiro de 1912, Blumenau assistiu a uma greve
original. Os boleeiros dos carros de mola negaram-se a pagar a licença
policial que lhes era exigida e durante mais de 15 dias a cidade ficou
sem os seus carros de mola que eram muitos.
Em dezembro de 1912, a tripulação do Cruzador da Marinha de
Guerra Alemã, "Bremen" era aguardado em Blumenau . Grandes
preparativos foram feitos, inclusive o embandeiramento de ruas e
casas. A visita foi cancelada na última hora e Busch, que havia
mandado construir um arco de triunfo na rua 15 de Novembro,
defronte à sua fábrica de fósforos, para não perder o trabalho e
despesas feitas, ofereceu uma espécie de espetáculo à população. No
dia 16 de dezembro, iluminou feericamente o arco que era composto
de duas colunas laterais encimadas e coroadas com as armas do
Brasil, causando admiração e surpresa aos presentes.
A partir de 1912, Blumenau expande-se para oeste e norte, onde
os colonos adquiriram áreas e terras próprias para as culturas mais
diversificadas, iniciando também novos povoados, e Blumenau passou
127
a contar com cinco distritos: Blumenau, Gaspar, Indaial, Bela Aliança
e Hammonia. Em 1914, foi criado o distrito de Timbó e a colonização
alcançou os afluentes do rio do Oeste, como o Pombas, Taió e
Trombudo, e Blumenau contava com aproximadamente 55.000
habitantes.
No dia 24 de abril de 1913, foi inaugurada com grandes festejos
a ponte do "Salto".
A Primeira Guerra Mundial (1914/1918) teve origem num
conflito entre a Sérvia e Áustria-Hungria, surgindo de uma série de
erros de cálculos, onde a Alemanha teve sua parcela de culpa. Para
minorar a vida dos soldados e do povo alemão, a Comunidade Alemã
do Exterior promoveu uma série de eventos com o fim de angariar
fundos. Além de promoções culturais, a arrecadação proveniente do
"Eiserne Wehrmann" foi muito importante. Apesar da guerra, o
Centenário de nascimento de Bismark foi lembrado com um programa
especial, no teatro "Frohsinn", no dia 17 de abril de 1915. Do
programa em duas partes coube ao coral masculino interpretar as
canções: "A canção alemã", "Como poderei te esquecer" (preferida de
Bismark), "Estou parado na escura meia-noite" e "Alemão e
Intrépido". Além da Saudação e Alocução à data foi ainda
apresentada a "Canção de Bismark" (Lied) por todos, e, ainda, "As
espadas alemãs" (quarteto), "Os centenários das florestas da
Saxônia", "A canção do soldado" (com acompanhamento ao piano),
"Assim também ele, foi um deles" (quarteto duplo). Apresentação de
quadros vivos e conferência sobre o "Kaiser e Senhor". Foi
apresentada a cena "O voluntário", encerrando com o Hino Nacional
da Alemanha.
Alwin Schrader, terminava seu terceiro mandato, quando
políticos descontentes com a sua administração, em reunião de 24 de
maio de 1914, no salão Paupitz em Passo Manso, lançaram a
candidatura de Paul Zimmermann, comerciante em Fidélis, que, além
de fazer parte da família Jensen pelo casamento, trabalhara como
agrimensor prático e que derrotou Louis Abry nas eleições para o
período de 1915/1919. Atuaram como Conselheiros nesse período:
Hermann Sachtleben, Jacinto Gadotti, Adolf Altenburg, Paul Husadel,
Carl Schroeder, José Bona, Pedro Bonetti, Ermínio Moser, e Fritz
Lorenz. Esses Conselheiros debateram no dia 2 de março de 1916, a
proposta de Paul Husadel para instalar um museu sob a proteção da
municipalidade. Para organizá-lo seriam recolhidos objetos oferecidos
gratuitamente, principalmente os dos indígenas. Não havendo no
128
edificio da municipalidade uma sala especial, o Superintendente
deveria mandar construir armários para tal fmalidade.
O governo de Paul Zimmermann não foi fácil, pois além da
situação criada com a Primeira Guerra Mundial, os políticos que
viviam se degladiando pelo poder, criaram sérios embaraços à sua
administração, embaraços que ele habilmente conseguiu superar
reunindo num mesmo partido Julius Probst, Max Hering, Paul
Husadel, Louis Abry e Victor Konder.
No dia 11 de abril de 1917, o Brasil rompeu relações com a
Alemanha e no dia 27 de outubro do mesmo ano declarou-lhe guerra.
Porém antes do rompimento várias promoções foram realizadas em
beneficio da Cruz Vermelha, entre elas, a festa em homenagem ao
"Kaiser Wilhelm TI",que, apesar de sustada em 1915, foi realizada no
dia 27 de janeiro de 1916 com um programa que incluiu canções,
números de ginástica, música, quadros vivos com temas como: "No
campo de concentração" e "Os Irmãos de Almas no Canal de Suez".
Também foi homenageado o Presidente da República do Brasil,
Wenceslau Braz.
A Divisão de Batedores de Blumenau, colaborou com a Cruz
Vermelha, no dia 24 de setembro de 1916, apresentando uma
programação com números de poesia, canto e cenas de danças
humorísticas "Velho e Jovem", na primeira parte, e na segunda o
"Moinho na Floresta Negra", com cenas de canto e dança: a) danças e
canções populares; b) danças ciganas; c) dança das filhas do Reino do
Meio; d) dança dos beduínos; e) dança dos guerreiros negros; f) dança
dos patinadores da Floresta Negra. Na terceira parte foi apresentado
um Teatro de Sombras, a "Canção de Hindenburg", "Para a porta
dourada" e "A luva".
O "Germanischer Bund", fundado durante a guerra, apresentou
no dia 7 de outubro de 1916, no Teatro "Frohsinn", um programa que
merece destaque pela participação de Eugên Fouquet que discorreu
sobre o tema "Inglaterra a rapineira". Participaram, ainda, o Coral
Masculino do Clube Germânia dirigido pelo Professor Zimmermann;
solo pelo Professor Max Humpl, com acompanhamento pelo
Professor Boettner.
Na administração de Paul Zimmermann, o velho prédio
construído em 1876 pelo Doutor Blumenau, foi reformado (1915),
tendo também início, a abertura da Estrada Rio-Velha, atual rua Sete
de Setembro.
129
 A Primeira Guerra Mundial influenciou o Brasil, criando
condições para que a economia se mantivesse e ampliasse, e
Blumenau que fez a sua primeira exportação de madeira para
Hamburgo em 1873, e que até 1916 não possuía bom produto para
exportação, começou a exportar tecidos. Entretanto, a partir do dia 6
de novembro de 1917, todas as escolas que não ministravam o ensino
em vernáculo foram fechadas (foram reabertas em 4 de abril de 1918).
O mesmo aconteceu com as sociedades recreativas, desportivas e
culturais de todo o Vale do ltajaí. Os jornais "Blumenauer Zeitung" e
"Der Urwaldsbote" passaram a circular em português.
Em 1919, o Conselho Municipal de Blumenau concedeu o
privilégio de cinqüenta anos ao Dr. Alfredo Luz e Ernst Mendel para
explorarem os serviços de encanamento d'água, esgotos e "tramwais".
Os jornais atacaram com violência a Victor Konder e Francisco
Margarida, que faziam parte do Conselho Municipal integrado por
Jacinto Gadotti, Henrique Porcínio da Silva, Alexandre Fantini, Kurt
Hering, Hermann Weege, Luiz Isolani e Fritz Lorenz, eleito para o
período de 1919/1923, juntamente com Paul Zimmermann que foi
reeleito.
Em 1919, o Tiro de Guerra 475, encetou em Blumenau a
Campanha "Pró Ceará", arrecadando cinco contos de réis. Na ocasião,
o Presidente do Tiro de Guerra 475, Luis Werneck de Castro, recebeu
de João Thomé, Presidente do Estado do Ceará, o seguinte telegrama:
"Fortaleza, 29-Recebi ontem do Banco do Brasil cinco contos de réis
que por intermédio do Banco Nacional do Comércio, a diretoria do
Tiro de Guerra 475 enviou para socorrer meus patrícios flagelados.
Em nome destes, agradeço comovido a generosidade nossos irmãos
dessa florescente cidade e a feliz iniciativa do Tiro 475, que permitirá
enxugar tantas lágrimas na quadra dolorosa que vamos atravessando.
Afetuosas saudações-João Thomé-Presidente do Ceará".
Em fins de dezembro de 1919, uma comissão composta de José
Deeke, Pastor Gabler, Viktor Gaertner, Padre Oswald Schlenger e
Alwin Schrader, iniciaram um movimento para socorrer as vítimas da
Primeira Guerra Mundial da Alemanha e Àustria.
Um fato curioso ocorreu com o n° 1 do "Blumenauer Zeitung"
do ano de 1920, que, por um cochilo do tipógrafo foi impresso como,
"Quinta-feira, l° de janeiro de 1919" em vez de 1920. O segundo
número foi impresso corretamente, ou seja, Segunda-feira, 5 de
janeiro de 1920. O cochilo do tipógrafo talvez tenha sido
conseqüência dos festejos de São Silvestre.
130
Blumenau cresceu, contando em 1920 com oito linhas
telefônicas. Excetuando as três do Telégrafo Nacional, funcionavam a
da Estrada de Ferro Santa Catarina entre Blumenau e Hammonia;
Empresa Força e Luz da Usina do Salto até Blumenau e ltajaí,
Empresa Industrial Garcia entre Blumenau e Garcia, Blumenau a
Benedito- Timbó, Blumenau a Pomerode, Blumenau ltoupava Central,
Blumenau a Bom Retiro e a rede Telefônica Urbana que contava, na
época, com 125 assinantes. Também funcionavam sete estações
telegráficas, sendo uma em Blumenau e as demais em Gaspar, Indaial,
Braço do Sul, Hammonia, Pouso Redondo e Aquidabã. As onze
agências postais tinham sede em Blumenau, Indaial, Gaspar, Bela
Aliança, Hammonia, Rodeio, Pomerode, Aquidabã, Salto Weissbach,
Encruzilhada e Ascurra. Blumenau também passou a contar com mais
os distritos de Rodeio, Ascurra e Massaranduba.
Em janeiro de 1920, chegou a Blumenau o Dr. Amadeu Felippe
da Luz, nomeado Juiz de Direito na vaga do Dr. Pedro Silva,
promovido a Desembargador.
Por iniciativa do Dr. Amadeu Felippe da Luz, no dia 28 de
março de 1920, foi fundado em Blumenau um Clube de Regatas.
Coube ao Dr. Amadeu Felippe da Luz, Juiz de Direito de Blumenau,
expulsar do Território Nacional em julho de 1920, após notificação
recebida do Governo do Estado, Fritz Koch e Georg Sterneck,
funcionários da Empresa Industrial Garcia, sendo os primeiros
alemães expulsos como subversivos, ou agitadores sociais e
"bolchevistas" .
Em fins de novembro de 1920, a firma Lage & Irmãos instalou
em Blumenau, no prédio ao lado da Fábrica de Fósforos Busch, uma
filial do Banco Sul do Brasil.
O ano de 1922 marcou Blumenau com um evento social de
grande repercussão, pois em 22 de janeiro foi publicado no jornal
"Brazil" o resultado do concurso "Mulher mais linda de Blumenau ",
do qual participaram 96 moças da sociedade local, sendo eleita Frieda
Zimmermann com 7.995 votos, enquanto a segunda colocada, Carmen
Feddersen, alcançou 3.400 votos. Os requisitos para a seleção foram:
beleza física, simpatia e desenvoltura. Segundo a professora Suely
Petry, que entrevistou Frieda, esta casou, em 27 de julho de 1923,
com Alfredo Carvalho, que foi o primeiro concessionário de carros
Ford em Blumenau.
1922, Centenário da Independência do Brasil, que foi festejado,
em Blumenau com uma Exposição Agro-pecuária e Industrial, grande
131
desfile do qual participaram bandas de música, escolas e todas as
sociedades recreativas, desportivas e culturais, sendo também
realizados concertos e bailes.
Paul Zimmermann foi reeleito para o período de 1923/1927, mas
não chegou ao término do seu mandato por ter falecido no dia 9 de
maio de 1923 e Victor Konder, a quem caberia substituí-lo, estava
viajando, sendo substituído por Kurt Hering. Os Conselheiros eleitos
para esse período foram: Dr. Victor Konder, Kurt Hering, ~rancisco
Margarida, Max Haufe, Rodolfo Hoeschl, Sílvio Scoz, José Bona,
Hermann Weege e Otto Hennings.
Blumenau contava com dez distritos quando Kurt Hering, sem
ambições políticas, foi indicado pelo partido e eleito em 24 de junho
de 1923, tomando posse no dia 28. Na sua administração foram
construídas as pontes de concreto em Indaial, sobre o rio Itajaí-Açu, e,
em Bela Aliança, sobre o rio do Sul, realizando, ainda, várias outras
obras públicas.
Para melhorar o sistema telefônico da Grande Blumenau,
instalado na primeira década de 1900, viajou para a Alemanha, Max
Hering, com objetivo de contratar pessoa gabaritada para o serviço.
Foi contratado, na ocasião, o Engenheiro Paul Werner (mais tarde
presidente da Electro Aço Altona) que trouxe, para ser bem sucedido,
alguns técnicos especializados. Esses técnicos, certo dia se excederam
um pouco na bebida, no então Hotel São José e ao fazerem alarde
numa improvisada toilette, e apesar de já estarem de volta aos seus
lugares, foram violentamente arrancados da mesa onde estavam com
suas esposas pelo então Delegado de polícia Capitão Euclides de
Castro, apelidado de Canudinho, e levados por policiais. Foram
chamados Carl Wahle, Moellmann e o Engenheiro Paul Werner para
resolverem o caso que terminou com apertos de mão. (A polícia foi
chamada por Moellmann).
Em 1924, imigraram colonos alemães, suíços e austríacos e
Blumenau contava com aproximadamente 90.000 habitantes.
Em 1925, Blumenau festejou o seu 750 aniversário de fundação e
o cinqüentenário de imigração italiana. O evento foi festejado com
desfiles, inclusive de carros alegóricos, concertos, bailes e exposição
de produtos industriais e agrícolas do Município.
No mesmo ano, Walter Schmidt, proprietário da torrefação do
café "Cometa", publicou, no dia 5 de dezembro, no jornal "A
Cidade", a seguinte nota: "Pagarei dois mil réis àquele que me provar
legalmente que meu café moído "Cometa" (etiqueta e rótulos azuis),
132
contém mistura de arroz, milho ou qualquer outro sucedâneo. Dou
plena garantia de que o café de minha torrefação é puro, torrado com
açúcar!"
Em janeiro de 1926, o Conselho Municipal de Blumenau criou a
seção de Obras Públicas.
No dia 29 de maio de 1926, Blumenau foi visitada pelo
Presidente eleito, Dr. Washington Luiz Pereira de Souza, que foi
recepcionado na divisa entre os municípios de Blumenau e Jaraguá do
Sul, sendo saudado pelo Dr. Victor Konder. Em comemoração ao
evento foi construído no local (rio do Serro) um monumento, e pouco
depois, o Dr. Victor Konder foi nomeado Ministro do Estado da
Viação e Obras Públicas, permanecendo no cargo até a revolução que
depôs o Presidente Washington Luiz.
Em Blumenau, o Ministro Dr. Victor Konder foi homenageado
com a inauguração, em 5 de fevereiro de 1928, do seu busto, na praça
do mesmo nome. Em 1930, por ocasião da chegada dos revoltosos do
sul, populares tiraram o busto do pedestal e o jogaram no rio.
Serenados os ânimos, o busto voltou ao seu lugar. O Dr. Victor
Konder era um dos quatro filhos de Marcos Konder, que tem na
cidade de Schlesswig-Alemanha, uma rua chamada Marcos Konder,
homenagem prestada, em 1954 pelo Conselho Comunal daquela
cidade.
Para o período de 1927/1930 foi reeleito Kurt Hering, sendo
eleitos Conselheiros Peter Christian Feddersen, Arthur Rabe,
Emanuel da Silva Fontes, Max Haufe, Friedrich Schmidt, WiIly
Hering, Fritz Lorenz, José Bona e Sílvio Scoz. Nos seus mandatos,
Kurt Hering foi substituído duas vezes para tratamento de saúde, a
primera vez solicitou seis meses de licença, em março de 1925, sendo
substituído por Reinhold Anton e Ernst Baumann, e no período, de
abril a outubro de 1929, por Otto Hennings.
No recenseamento de 1927, Blumenau contava com 98.663
habitantes.
Com a promulgação da Constituição Estadual, em 1928, os
Superintendentes passaram a chamar-se Prefeitos e os Conselheiros
de Vereadores. Em conseqüência, Kurt Hering, que na época era
Superintendente, figura como primeiro Prefeito de Blumenau. Na sua
gestão foi iniciada a construção da ponte metálica sobre o rio Itajaí-
Açu na confluência com o ribeirão da Velha, para possibilitar o
prolongamento da Estrada de Ferro Santa Catarina até Itajaí. A ponte,
quando iluminada, em época de Natal, é um bonito cartão postal. E a
133
rua 15 de Novembro foi a primeira via pública do interior do Estado a
ser calçada com paralelepípedos.
Sem as grandes recepções de antanho, Blumenau recebeu, no dia
20 de junho de 1928, o ex-rei da Saxônia, Friedrich August.
Em 1929, Blumenau festejou o Centenário da Imigração Alemã
em Santa Catarina. Os primeiros imigrantes chegaram a Desterro em
fins de 1829, fundaram a Colônia São Pedro de Alcântara, e anos mais
tarde foram os pioneiros na colonização do Vale do Itajaí. Além da
exposição de produtos industriais e agrícolas, os festejos contaram
com a participação do "Sãngerbund Itajahytal", que promoveu, na
Associação Ginástica Blumenau, uma grande programação alusiva ao
evento.
Em julho de 1929, chegaram a Blumenau, entre homens,
mulheres, crianças e um Pastor cerca de 200 imigrantes russos
descendentes de alemães, que fugiram através de Stettin para não
prestar serviço militar, sendo encaminhados ao Brasil pelo Governo
Alemão. Em Blumenau foram alojados no Hotel Wuerges em Altona
para, em seguida, seguirem para Dona Emma, levando suas tradições,
costumes, religião (menonita), etc. Eram discretos, rezavam antes das
refeições ou cantavam uma canção típica. Apesar de construírem suas
casas e sua igreja, não se adaptaram devido à pobreza do solo.
Entretanto, pouco antes (1927), vastas áreas de solo fértil foram
requeridas por entidades e particulares: - "Comanhia Colonizadora
Hanseática, com 127.318 hectares; Bona & Cia., de Rio dos Cedros,
com 51.000 hectares; Viktor Gaertner, com 50.000; Luiz Bertoli, com
35.000; Sindicato Agrícola de Blumenau, com 30.200; Dr. Breves
Filho, com 24.000; Zimmermann & Jensen, com 23.900; Pedro Kneip,
com 13.057; Gottlieb Reif, com 11.430; Willy Hering, com 9.751;
Jacob Anderle, com 6.200; Sociedade Mineira Catarinense, com
4.800; Otto Wille e E. Odebrecht, com 3.500; Dr. Autran Dourado,
com 2.833; Aleandro Lenzi, com 2.237; tendo concessões menores,
Oswald Odebrecht, Dr. Paul Aldinger, Franz Reuter e outros, com um
total de 12.000 hectares. A área total dessas concessões alcançava
406.416 hectares, ou 4.064 Km2. A maioria já estava medida e
demarcada, vendida, e ocupada por colonos nacionais e estrangeiros.
Sobre essas concessões havia uma rede de estradas e caminhos de 760
quilômetros, e 160 quilômetros de picadas provisórias". 21
21 José Ferreira da Silva - História de Blumenau
134
Em face de problemas atinentes à boa administração, em 1930, o
distrito de Bela Aliança, distante 103 quilômetros de Blumenau, foi
emancipado, o que não agradou aos conservadores que desejavam
Blumenau grande e forte. Após a emancipação judiciária com sede em
Bela Aliança, foi criado o município e a Comarca de Rio do Sul, e
Blumenau perdeu aproximadamente 2.023 quilômetros quadrados de
área.
Em 11 de abril de 1930, os vereadores da Câmara Municipal de
Blumenau discutiram o projeto apresentado por Gustav Adolf
Scheeffer para dotar Blumenau de água potável, prevendo a utilização
dos mananciais do ribeirão Bom Retiro e ribeirão Fresco. Foram
feitos estudos por E. Brunner, considerando a disponibilidade da
água, captação, distribuição e a possibilidade de abastecimento da
cidade por vinte anos. Os estudos também abrangeram a eficácia da
utilização da água no combate aos incêndios, bem como, os
problemas da rede de esgotos. A concessão previa a exploração e
fornecimento de água potável, instalação e manutenção pelo prazo de
35 anos, bem como a execução de instalações sanitárias ligadas ao
serviço de abastecimento d'água, potável, sendo o custo mensal de
consumo relativo ao valor locativo do imóvel. Após várias reuniões
realizadas, que concluíram pela necessidade do abastecimento d'água,
a Associação Comercial de Blumenau se prontificou em trocar
apólices, dando ao Governo Municipal cinco contos de réis, dos quais
três contos para novos estudos. Após polêmicas entre Brunner e
Scheeffer, o interesse desapareceu, ante os acontecimentos da
revolução de 1930.
Alguns fatos curiosos ocorridos em Blumenau na década de
trinta, chegaram até a época atual através de um jornal de curta
duração, o "Volkszeitung", que foi editado em idioma alemão por
Emilio Jacobs & Cia. e redatoriado por Carl Teschentin. Aparecia às
quartas-feiras e sábados e tinha como lema "Vox populi, vox Dei",
pois "no povo se baseava a força e pujança de uma nação e o futuro
do país". Com a assinatura anual de 11$000 para Blumenau e 12$000
para assinantes de fora, circulou de 23 de abril de 1930 até Iode abril
de 1931. Nesse jornal foram publicados, entre outros artigos, -
"Esmolar e o Exército da Salvação", no qual comenta que uma
firma local tinha sempre ao alcance dos funcionários uma patena
cheia de moedas de cobre, níquel, bronze, etc. para auxiliar os
necessitados; "O escândalo das falsificadoras de moedas",
contando as peripécias de Ernst Lutz que arquitetou um plano para
135
enriquecer, pegando crocodilos. Lutz arranjou um sócio que entrou
com 500 milréis, enquanto ele preparava as armadilhas. Quando já
tinha 13 crocodilos, o sócio exigiu a devolução do dinheiro ou um
tomo mecânico, e como Lutz se negasse, o denunciou como falsário
de moedas. Lutz foi preso, e segundo a nota do jornal, na cela os seus
pesadelos envolviam os 13 crocodilos abatidos, e os incandescentes
tornos mecânicos que se transformavam em prensas de moedas. Lutz
foi solto num sábado de aleluia. Outro fato curioso publicado no
"Volkszeitung" foi um diálogo humorístico entre Müller e Schultz
sobre a atuação negativa de "novos alemães", ou seja de Dettmer,
que enganou a Pieritz na transação comercial de um moinho, dizendo
que pessoas como Dettmer só enxovalhavam o bom nome dos
alemães. Entretanto, o artigo "Desejos expressos para o Ano Novo",
mostram a atuação do "Volkszeitung" na Comunidade:
- Brasil - paz e desenvolvimento.
- Ao povo brasileiro - Coragem e confiança para com o lema
"Ordem e Progresso".
- Ao Governo - Energia Férrea.
- Aos Radicais - Resignação.
- A nossa cidade - Um batalhão, um ginásio e uma cadeia pública
nova.
- Ao Prefeito - A arte de pagar as dívidas com um cofre vazio.
- A Gaspar - O fim da polêmica sobre as terras da Igreja.
- Ao Testo - Mais areia na estrada.
- A Itoupava - Um bonde elétrico.
- A Garcia - Um bondinho até o "Spitzkopft".
- A Massaranduba - Uma ponte.
- A Indaial - O fim da peste bovina.
- A Timbó - Um Intendente que satisfaça a todos.
- Ao Cedro - Uma estrada que leve ao Rio Preto.
- A Hammonia - Uma ponte para a futura estação de trem.
- A Nova Breslau - O distrito.
- A Rio.do Sul- Uma nova ponte.
- A Trombudo - Também um distrito.
- A Taió - Comunicação aérea com Blumenau.
- Ao "Volkszeitung" - Sempre mais assinantes.
- Aos leitores - Um feliz Ano Novo.
A revolução de 1930 tem seus primórdios em 1o de março de
1930, quando Júlio Prestes de Albuquerque e seu companheiro
obtiveram a maioria da votação para a presidência da República,
136
deixando a oposição inconformada, que passou, então, a conspirar
contra a posse do eleito. O Rio Grande do Sul rebelou-se e, a 3 de
outubro de 1930, eclodiu a revolução que derrubou o Presidente
Washington Luiz às vésperas do término do seu mandato,
estabelecendo-se no país, com Getúlio Vargas, o regime ditatorial. O
Governo de Santa Catarina resistiu, tendo à frente o Governador
Fúlvio Coriolano Aducci, que solicitou o recrutamento de homens
para se opor à invasão das tropas do Sul. Em Blumenau, na sala das
sessões da Câmara Municipal, sob a presidência do Juiz de Direito,
Dr. Amadeu Felippe da Luz, resolveram não atender aos apelos do
governo, mantendo-se imparciais e o caminhão carregado de armas e
munições para armar os blumenauenses não foi descarregado, ficando
numa garagem alguns dias, voltando intacto para a capital. As tropas
do Sul invadiram o Estado e as notícias que chegavam a Blumenau
eram as mais contraditórias. Quando as tropas, depois de
estacionarem em Rio do Sul, chegaram a Blumenau, via estrada de
ferro, apresentavam sinais de cansaço, devido aos longos dias de
marcha e má alimentação. Eram na maior parte formadas por civis
recrutados, e não causaram mal à população. Entretanto, muitos
blumenauenses se refugiaram num rancho coberto de palha no
ribeirão Jararaca, propriedade de Thomé Venera dos Santos, de cuja
pedreira foram retirados os paralelepípedos que calçaram a rua 15 de
Novembro. Até um Chevrolet "Ramon a" foi levado para o mato. Os
"heróis" só saíram do mato quando João Kersanach foi nomeado
prefeito de Blumenau.
As tropas eram comandadas por alguns oficiais do exército, entre
eles o Capitão Arnaldo Marques Mancebo que reuniu algumas
autoridades e chefes revolucionários, dando conhecimento aos
mesmos de que havia sido designado Governador interino do Estado,
e que se investia do cargo, determinando que Blumenau seria a capital
interina do Estado até a rendição de Florianópolis para onde se
dirigiam, pelo litoral, as tropas vindas do Sul. Com a chegada dos
voluntários de Mafra, chefiados pelo Coronel José Severino Maya, as
tropas sediadas em Blumenau passaram para o comando do mesmo. O
Coronel José Severino Maya destituiu no dia 13 de outubro de 1930,
do cargo de prefeito da cidade, Kurt Hering, nomeando
provisóriamente João Kersanach, chefe local do partido liberal. Ao
mesmo tempo nomeou uma Junta Administrativa integrada por
Antônio Cândido de Figueiredo - Presidente, Thomé Braga - Vice-
presidente, Theodolindo Pereira - Secretário e os membros Max Mayr
137
e Adolf Wollstein, que se reuniram no dia 13 de outubro de 1930 na
Prefeitura Municipal de Blumenau para prestarem compromisso legal
de bem e fielmente cumprir os deveres de seus cargos. O primeiro ato
da Junta foi fixar os preços dos gêneros de primeira necessidade para
evitar a exploração de inescrupulosos. Segundo o art. I ° da resolução
_ "Os negociantes da cidade de Blumenau não poderiam alterar os
preços de gêneros alimentícios de primeira necessidade (seguindo-se a
relação dos mesmos)"; art. 2° - "Os negociantes que não respeitassem
a lei estariam sujeitos ao confisco dos gêneros que seriam vendidos à
população pelos preços estabelecidos"; no art. 3° - "Os negociantes
não poderiam vender gêneros de primeira necessidade por preços
superiores aos vendidos até 7 de outubro do corrente, incorrendo os
infratores nas penas do art. 2° da Lei. Os preços, de interesse da
população, poderiam ser modificados com autorização do Prefeito".
Esse Governo Municipal durou pouco (19/10/1930 até 4/1/1931).
Pouco antes desses acontecimentos, muitos proprietários de
veículos, principalmente protestantes, esconderam seus carros num
pátio da antiga Igreja Católica, nos fundos de um prédio de dois
andares da escola primária, no acesso que dava para o antigo
cemitério católico. Ainda em 1930, um grupo de jovens alemães e
descendentes, buscando preservar costumes e tradições do país de
origem, fundaram a "Sociedade Juventude Siedlung Heimat", no dia 3
de setembro em Timbó - Benedito Novo.
Em janeiro de 1931, o Interventor Federal em Santa Catarina,
General Ptolomeu Assis Brasil, nomeou Antônio Cândido de
Figueiredo para o cargo de prefeito com o Conselho Consultivo
integrado por João Kersanach, Conrado Balsini, João Medeiros Júnior
e o Dr. Friedrich Kaspareck, que atuaram no período de 5 de janeiro
de 1931 até 21 de abril de 1933.
O Decreto n? I da gestão de Antônio Cândido de Figueiredo
incluiu, entre outros ítens da receita para Blumenau, taxas sobre as
apresentações de teatro, circo e variedades. Segundo o Decreto, as
companhias de fora pagariam por espetáculo 40$000, enquanto as
domiciliadas do município pagariam 30$000. Os concertos, bandas,
cantos, conferências, etc., interpretadas por pessoas de fora pagariam
30$000, enquanto as domiciliadas no município, 20$000. Na cidade e
nos bairros, as apresentações citadas com festejos pagariam 30$000,
enquanto nas sedes dos distritos 20$000, e na zona rural 15$000. As
domingueiras na cidade e nos distritos pagariam 10$000. As fraudes
seriam resolvidas pelos delegados e subdelegados de polícia. A
138
licença não poderia ser dada sem a apresentação do talão municipal de
pagamento da taxa.
Administrador eficiente, na sua gestão, foi construída na rua São
Paulo a ponte de cimento sobre o ribeirão da Velha; a continuidade do
calçamento da rua IS de Novembro; a macadamização da estrada de
Diamante-Subida; a abertura da estrada entre Subida e Hammonia,
conforme o projeto inicial, ladeando a margem esquerda do rio
Hercílio. Na época, o traçado original foi desviado pelo Morro do
Coxo, por ser de mais fácil construção, apesar de mais longo e
sinuoso. No seu governo, no dia 15 de abril de 1931, foi instalado o
Município de Rio do Sul, sendo ele representado pelo Dr. Friedrich
Kaspareck, do Conselho Consultivo. O ato foi presidido pelo Dr.
Adão Bernardes, Juiz de Direito da Comarca, instalada pouco antes,
que empossou o Prefeito Provisório do novo município, Eugen David
Schneider. Estiveram presentes ao ato o Dr. Nereu Ramos e outros
políticos.
A convite do Prefeito, em 9 de agosto de 1931, B lumenau foi
visitada pelo Interventor Federal em Santa Catarina, General Assis
Brasil, e este, ao ouvir alguns discursos contra o Prefeito, tomou a
defesa deste, pois a administração municipal lhe causara boa
impressão. Na mesma data, o Dr. Nereu Ramos realizou um comício
em Blumenau ao qual compareceram de 800 a 1.000 pessoas, na
maior parte curiosos e adversários que aproveitaram o trem e
automóveis à disposição. No discurso de duas horas, o Dr. Nereu
Ramos deu a entender que, nos anos de guerra, - "todo patriota
deveria mostrar-se inimigo declarado de tudo o que era alemão". O
fiasco do comício fez com que o Prefeito Antônio Cândido de
Figueiredo fosse aplaudido calorosamente.
Em 1932, Hermann Sachtleben, Arthur Hoeschl e João Manoel
de Borba, fundaram a Legião Republicana.
Época das mais difíceis para um governante, porém, Antônio
Cândido de Figueiredo contava com a simpatia dos colonos, pois
falava o alemão, resolvendo muitos problemas administrativos, com o
que não concordavam os "nacionalizadores" que resolveram
denunciá-lo dizendo que seus atos oficiais eram publicados no
"Blumenauer Zeitung" em idioma alemão. O fato causou sérios atritos
envolvendo não só os editores do "Correio de Blumenau", mas
também os redatores do jornal "O Estado" e este, apesar de publicar
que nada tinha contra a - "operosa e culta Colônia Alemã de Santa
Catarina", o artigo agredindo o prefeito e os colonos é uma mostra de
139
perversidade contra a ordeira e trabalhadora gente alemã, cujo único
mal era não conhecer o idioma nacional por culpa desse mesmo
governo que agora os pressionava.
O final do artigo, - "O Órgão da Prefeitura de Blumenau", que o
jornal "O Estado" publicou é o seguinte: - "Em Blumenau portanto, o
órgão oficial é redigido em alemão, mesmo os atos da Prefeitura são
divulgados na língua pátria dos colonos locais. É o Sr. Prefeito quem
o quer e, o Sr. Prefeito é brasileiro! E mais: o Sr. Prefeito já foi o
diretor de um grupo escolar, onde teria desempenhado as funções de
zelador do idioma pátrio, no empenho de nacionalizar o ensino. Em
Blumenau, sim, o órgão oficial é o "Blumenauer Zeitung", os outros
jornais, como o "Correio de Blumenau" e "A Cidade" são simples
intérpretes. Positivamente o Sr. Major Ruy Zobaron, precisa conhecer
tais fatos e tomar providências para a defesa da língua nacional,
menosprezada pelo Prefeito de uma das nossas células municipais".
Ao artigo publicado no jornal "O Estado", o Prefeito respondeu
com firma reconhecida datada de 14 de janeiro de 1933 no
"Blumenauer Zeitung": - "O jornal "O Estado" de Florianópolis, em
seu número do corrente mês sob o título "O Órgão da Prefeitura de
Blumenau", fazendo-se porta-voz do "Correio de Blumenau", que
aqui se edita sob a direção dos Srs. José Ferreira da Silva e Abelardo
Fonseca, publicou um amontoado de infames verrinas que bem
retratam o feitio dos sincários morais que o redigem. Sem estribar-se
em fonte merecedora de fé; sem antes certificar-se da veracidade das
informações que maldosamente lhes foram prestadas, deram os
redatores de "O Estado", o seu endosso às pérfidas notas do "Correio
de Blumenau", aumentando-as e servindo assim de instrumento vil de
meus inimigos que, impotentes para atacar de vizeira erguida o
cidadão e o prefeito revolucionário de B1umenau, preferem esgueirar-
se pela porta escura da indignidade, procurando expor-me aos olhos
de meus patrícios como um degenerado, um renegado pátrio. Não
encontrando os miseráveis verrineiros outra tecla por onde pudessem
veicular aos quatro ventos meus atos merecedores de reprovação ou
censura; não encontrando motivos para expor-me ao pelourinho da
execução pública da gente da minha terra, mentem, caluniam para
armar efeito, como se já não os conhecesse de sobejo, como se o povo
já não estivesse habituado a classificar essa espécie de jornalistas,
entre os seres biológicos canifrazes que não medem meios para
alcançar os seus fins. Não publiquei nem fiz publicar, como
maldosamente diz "O Estado" exprimindo o pensamento do "Correio
140
de Blumenau", editais ou portarias em língua alemã, no jornal
"Blumenauer Zeitung", onde publico na língua nacional os editais e
portarias municipais. Assim repto os redatores de "O Estado", nas
pessoas dos Srs. Gustavo Neves e Cássio Luz, bem como, os redatores
do jornal "Correio de Blumenau", nas pessoas dos Srs. José Ferreira
da Silva e Abelardo Fonseca, sob pena de passarem por vis e
miseráveis caluniadores, a que tragam à publicidade, precisando a
data, número e nome do jornal ou jornais que a Prefeitura Municipal
de Blumenau, tivesse publicado editais ou portarias em língua
estrangeira. Antônio Cândido de Figueiredo (Prefeito Municipal
Provisório)" .
Com a indicação do Coronel Aristiliano Ramos ao cargo de
Interventor do Estado de Santa Catarina, o Prefeito Antônio Cândido
de Figueiredo fez publicar no "Blumenauer Zeitung" de 20 de abril de
1933, a pedido, o seguinte comunicado ao povo de Blumenau:
"Tendo, em data de hoje, telegrafado ao interventor recém nomeado
pelo Governo Provisório, Sr. CeI. Aristiliano Ramos, comunicando-
lhe considerar-me exonerado do cargo de Prefeito deste Município e
como tenho por hábito, assumir atitudes francas e decididas, pautando
sempre os meus atos com dignidade e desassombro, publico, para
conhecimento, especialmente do povo de Blumenau, o telegrama que
dirigi ao Sr. CeI. Aristiliano Ramos, às 9 horas da manhã, ou seja,
uma hora antes de ter assumido, o referido Sr., a Interventoria: -
Blumenau, 19 de abril de 1933. Coronel Aristiliano Ramos -
Florianópolis.
Cientificado pelo Senhor Interventor Interino Manoel Pedro
Silveira, que V. Excia. hoje assume governo qualidade Interventor
indicado pelo Estado Rio Grande do Sul apresso-me comunicar que
me considero exonerado cargo Prefeito cujo exercício me encontro
desde 6 janeiro 1931. Mil vezes servir aos reacionários que com
sacrifício toda sorte por um Brasil melhor derrubamos outubro 1930
do que reacionários orientados por Nereu Ramos. Antônio Cândido
Figueiredo, Prefeito Municipal Provisório". (A firma foi reconhecida
no Cartório de Otto Abry).
A demissão de Antônio Cândido de Figueiredo reuniu a Aliança
Nacional Renovadora Blumenau que indicou Jacob Alexandre
Schmidt para o cargo de Prefeito, que tomou posse no dia 21 de abril
de 1933. Apesar de prudente, Jacob Alexandre Schmidt se preocupou
mais em defender os interesses do seu partido do que governar o
município que lhe foi confiado.
141
 As eleições para a Assembléia Constituinte, em 1933, deram hoje lei não permite como seja touradas ou simulacros de touradas
grande vitória para a oposição e o Coronel Aristiliano Ramos, etc.p.Sauds. (Segue assinatura do Secretário de Segurança Pública)".
imitando o Tenete Machado em 1893, decretou, em fevereiro de 1934, No dia 2 de setembro de 1934, faleceu em Blumenau, aos 42
a emancipação dos distritos de Gaspar e Hammonia, e, em seguida, anos de idade o Juiz de Direito Dr. Amadeu Felippe da Luz, perdendo
Indaial e Timbó e o grande município de Blumenau com a área de Blumenau um dos seus mais ilustres filhos. Em sua homenagem, a
11.000 quilômetros quadrados ficou reduzido a cerca de 900 então rua Goiás passou a chamar-se Amadeu Luz.
quilômetros quadrados e com um único distrito, o de Massaranduba, o Em 1934, Blumenau contava com três jornais: o "Blumenauer
que provocou passeatas de protesto, preparativos para a ação armada, eitung" (1881) trisemanal e o "Der Urwaldsbote" (1898) bisemanal,
controle de combustíveis e mantimentos, guardas nas entradas da ambos em idioma alemão, e pelo preço de doze milréis a assinatura
cidade, e discursos violentos, proferidos por vários oradores, entre anual, enquanto que a assinatura do jornal "Cidade de Blumenau"
eles o Juiz de Direito da Comarca, Dr. Amadeu Felippe da Luz, filho (1924) bisemanário em português custava onze milréis a assinatura
do Dr. Hercílio Pedro da Luz. O Chefe de Polícia que foi mandado anual.
para restabelecer a ordem foi ameaçado de seqüestro, o prefeito
desapareceu da cidade e o comércio, durante vários dias não abriu as
portas, porém, o bom senso prevaleceu e Jacob Alexandre Schmidt,
que não conseguiu manter-se na direção do município, retirou-se para
Gaspar (Gaspar era candidato à emancipação), sendo nomeado para
substituí-lo o Capitão Antônio Martins dos Santos da Força Pública
do Estado que assumiu em 25 de fevereiro de 1934, governando até
20 de agosto de 1934. O Capitão Antônio Martins dos Santos,
limitou-se praticamente a fazer cumprir as determinações dos decretos
da Interventoria que dividiram o município e à pacificação dos
ânimos, dando também continuidade a administração municipal,
merecendo o apoio dos homens sensatos do município. Permaneceu
no cargo até se concretizarem os atos de instalação dos municípios.
Esse movimento passou à história com o nome de - "POR
BLUMENAU UNIDO".
Em 1934, com o país voltando à normalidade, Blumenau
resolveu festejar o Dia do Colono, porém receosa em face das
arbitrariedades que ainda se cometiam em muitos lugares do país
durante a ditadura, a Comissão organizadora dos festejos resolveu "Por Blumenau Unido"
solicitar permissão ao Delegado de Polícia para a concentração e
desfile. O Delegado respondeu que essa licença só poderia ser dada Blumenau tornou-se a pioneira em rádio difusão no Estado de
pelo Chefe de Polícia da Capital. O Presidente da Comissão, CeI. Santa Catarina, quando em 1934, ecoaram nos céus blumenauenses os
Peter Christian Feddersen, enviou então ao Secretário da Segurança primeiros sons da Rádio Clube de Blumenau, pertencente a uma
um telegrama solicitando a permissão e a resposta foi a seguinte: - sociedade anônima, tendo na presidência João Medeiros Júnior e que
"Pedro Feddersen e Outros vg Membros. Com. Central Dia do irradiava programas musicais com um aparelho Collins de 150 watts.
Colono-BI. - Florianópolis n? 513 - Palavras 51 - Data 20/7 - Hora 16 Nessas primeiras irradiações, em caráter privado, foi locutor o
- N° 513. - Essa Secretaria com prazer dará licença para festas Dia do Professor José Ferreira da Silva, que muito contribuiu para
Colono e nenhuma objeção fará vg no entanto há festas públicas que popularizar a emissora. Em 18 de março de 1935, foram feitas

142 143
irradiações experimentais com um transmissor Phillips de 500 watts,
instalado no Morro dos Padres, e em 19 de novembro de 1935, a
Rádio Clube de Blumenau foi inaugurada oficialmente. As
transmissões que iniciaram com o prefixo RCB, mais tarde com
atividades consolidadas, foram registradas pelo Governo Federal, na
Divisão de Radiofonia, com o prefixo PRC-4. As primeiras
transmissões oficiais foram feitas no dia 19 de março de 1936, tendo
como locutores João Medeiros Júnior e o Professor José Ferreira da
Silva. Desde os primórdios a Rádio Clube de Blumenau primava pela
programação cultural, incluindo também, criado pelo Professor
Heribert Mueller, o primeiro programa falado em alemão do qual foi o
primeiro locutor. Posteriormente, foi substituído por Martha Wilhelm
que foi a primeira voz feminina a ser ouvida em idioma alemão. Com
a "nacionalização" o programa em alemão também foi apresentado
em português pelo Professor José Ferreira da Silva. Foi proibido com
a Segunda Guerra Mundial. Participaram dos programas culturais,
entre outros, Alfred Wilhelm (violinista), filho de Martha Wilhelm,
Pedro Pereira (pianista) e os professores Harre e Max Kreibich.
Registrou seus Estatutos no dia 16 de agosto de 1934 no L-4; fls. 34
no Cartório Margarida como Rádio Clube de Blumenau.
No período de 14 a 17 de dezembro de 1934, Blumenau foi
visitada pela tripulação do "Karlsruhe".
Com o Prefeito Jacob Alexandre Schmidt, funcionaram João
Medeiros Jr., Fritz Lorenz, Hermann Sachtleben e João Gomes da
Nóbrega como Conselheiros, enquanto na gestão do Capitão Antônio
Martins dos Santos atuaram o Dr. Durval Bastos Valadares, Robert
Donath e Emílio Marx.
O Capitão Antônio Martins dos Santos foi substituído por João
Gomes da Nóbrega, na época o prefeito mais jovem do Brasil.
Exerceu as funções até 29 de maio de 1935, quando foi acometido de
febre tifóide, doença que na época era endêmica em Blumenau. Foi
substituído por Germano Beduschi até 1936, quando foram realizadas
eleições que elegeram Alberto Stein.
O alargamento de várias ruas, o início da canalização dos
ribeirões Peters e Bom Retiro e a instrução primária mereceram
atenção de Germano Beduschi.
Atuaram no Conselho com João Gomes da Nóbrega, no período
de 20 de agosto de 1934 até 29 de maio de 1935, Theodolindo Pereira,
Robert Donath e Emílio Marx. E no governo de Germano Beduschi,
até 3 de abril de 1936, Dr. Arno Rebelo, Victor Probst e Otto Laux.
144
Na década de trinta, o operariado blumenauense começou a
conscientizar-se do seu valor no contexto nacional formando
associações entre elas, a "Liga Nacional dos Trabalhadores" que
registrou em seus Estatutos no dia 4 de abril de 1931, no L-I, fls. 173
V, e a "Liga das Classes Trabalhadoras", registrada no dia 23 de maio
de 1934, no L-4, fls. 32, ambas no Cartório de Getúlio Vieira Braga.
Entretanto, muito antes da década de trinta os trabalhadores
blumenauenses se organizaram principalmente para ter assistência em
casos de enfermidades e mortes, assim, no dia 6 de agosto de 1915, no
L-I, fls. 7, consta o registro da "Sociedade Beneficente
Blumenauense"; em 13 de setembro de 1919, no L-I fls. 11, da
"Caixa de Socorros da Empresa Industrial Garcia", e no dia 5 de
fevereiro de 1920, no L-I, fls. 14, da "União de Operários", todos no
Cartório de Getúlio Vieira Braga.
O Regime Constitucional (1934/1937) foi de curta duração, pois
em 1937, Getúlio Vargas implantou a ditadura, e Alberto Stein eleito
em 1936 pelo Partido Integralista governou no período de IOde março
de 1936 até 11 de janeiro de 1938, com a Câmara Municipal integrada
por José Ferreira da Silva, Alfred Baumgarten, João Dorval Mueller,
Edmundo Bramorski, Alfredo Campos, Walter W. Berner, Paulo
Sutter, Dr. Hans Gaertner, Roberto Grossenbacher, Erwin Manzke,
Alvin Graupner, João Ehlert, Victor Haut, João José de Sousa
"Medeirose Hugo Bruch.
Blumenau, a exemplo de outros municípios brasileiros, também
contou com milhares de adeptos da Ação Integralista Brasileira, que
liderados por Alberto Stein, ex-comandante da Marinha Mercante e
comerciante, elegeu onze dos quinze vereadores e quatro juízes de
paz. A Ação Integralista Brasileira de Blumenau, em certa ocasião,
concentrou cerca de quinze mil adeptos, talvez a maior concentração
política já realizada em Santa Catarina. Tinha sua sede em Blumenau
na Alameda Dr. Blumenau, atual Duque de Caxias.
Apesar do momento político que o Brasil vivia, a
"nacionalização" continuava com seu esquema, pois além de
associações fundadas para incentivar o abrasileiramento como a
"União Cívica" e outras, comissões eram formadas para os mais
diversos festejos entre eles, a Proclamação da República que contou,
em 1936, com uma Comissão formada pelo Dr. João de Luna Freire,
Alberto Stein Dr. Victor Konder, Peter C. Feddersen, João Medeiros
Jr., Walter Werner, Dr. Freitas Melro, Heinz Geyer, Dr. Oliveira e
Silva, Felix Hering, Adolf Schmalz, José Ferreira da Silva, Dr. José
145
Ribeiro de Carvalho, Leopoldo Collin e Willy Lõhr, No programa
elaborado nota-se que até na música, que é universal, havia restrições.
A sessão foi realizada no Teatro "Frohsinn" e foi aberta com o Hino
Nacional seguido de discurso alusivo à data. Seguiram-se, o Hino do
Estado de Santa Catarina e o Hino a Carlos Gomes. Do músico Carlos
Gomes foram executadas a Fantasia da Ópera "O Escravo", a ária
"Senzo tetto senza cune" do Guarani cantada por Franz Brack e a
Sinfonia do Guarany, e ainda "Minha Mãe" com Orquestra da
Sociedade Teatral "Frohsinn", num arranjo do Maestro Geyer.
Um fato que marcou a história de Blumenau em 1936, e que fez
o povo madrugar e correr às ruas, foi a passagem, no dia IOde
dezembro, do grande dirigível alemão "Von Hindenburg". Na ocasião,
as fábricas apitaram longamente e os sinos das Igrejas repicaram,
chamando os habitantes para o espetáculo que jamais se repetiria.
No governo de Alberto Stein, foi fundado o Clube dos
Funcionários Públicos Municipais de Blumenau com Estatutos
registrados no dia 10 dejunho de 1937, no L-4, fls. 54 V.
Uma das obras mais importantes do governo Alberto Stein foi a
construção da ponte sobre o Ribeirão Fresco, defronte à Igreja
Evangélica. A ponte, com 16 metros de largura dos quais 11,5 metros
no centro e 4,5 metros de calçada em ambos os lados, enfeitada com
flores e cartazes foi inaugurada pelo Prefeito Alberto Stein no dia 25
de julho de 1937, às 11 horas. Na ponte do Pastor como era chamada,
encontra-se a placa com os dizeres: "Ponte 25 de Julho" construída
sob a administração do Prefeito Alberto Stein, inaugurada em 25 de
julho de 1937". Na ponte, conhecida como "Pastor Brücke, aconteceu
um fato interessante entre o Dr. Blumenau e uma turma de crianças,
todas vestidas de riscado, sujas e suadas, pois tinham trazido das
matas e roças, um montão de plantas. O Doutor Blumenau tomou um
exemplar de bromélia perguntando onde a tinham encontrado, quando
um gordinho intrometido disse:
- no Affenwinkel!
O Doutor Blumenau perguntou novamente:
- onde?
Quando o garoto ia repetir: no Affen ... recebeu um bom puxão
de orelha com a recomendação de que o lugar se chamava "Kühler
Grund". O Doutor Blumenau chamou o garoto de cabeçudo, pegou a
bromélia e afastou-se. A pesquisa nos conta, que o garoto gordinho,
aos cinqüenta anos de idade, ria gostosamente do puxão de orelhas do
temperamental Doutor Blumenau.
146
A persistência do fundador se evidencia num fato muito simples,
quando para acabar com as formigas que se alojaram nos alicerces da
casa e que causavam enormes estragos, despindo as roseiras de folhas
e flores e também árvores do pomar, alugou um menino italiano por
mil e cem por dia para matar uma por uma as formigas assim que
aparecessem. Durante oito dias o garoto não se afastou do local, e
quando o sol era ardente o Doutor Blumenau dava-lhe um guarda-sol.
A persistência acabou com as formigas. O Doutor Blumenau zelava
pelo seu pomar e não hesitava em castigar os que pegava em flagrante
com uma boa bofetada.
Apesar da oposição do Governo Estadual e Federal, o Prefeito
Alberto Stein governou tranqüilamente com a maioria na Câmara de
Vereadores. No seu governo foi desapropriada e incorporada ao
patrimônio municipal a casa da rua Itajaí em que viveu o Dr. Fritz
Mueller, e promovida, por conta da Prefeitura Municipal de
Blumenau a vinda de Christina e Gertrud, filhas do Doutor Blumenau
para visitarem a obra do seu pai.
Em 10 de agosto de 1937, o Prefeito Alberto Stein enviou carta
para Alemanha formulando convite, recebendo telegrama de
agradecimentos no qual acusavam também o recebimento do convite
no dia 21 de agosto, e informando que no dia 7 de outubro, chegariam
com o vapor "Cap. Norte" a Santos e no dia 13 de outubro a Itajaí
pelo vapor "Carl Hoepke". Em Itajaí foram recepcionadas por uma
comissão de senhoras e senhoritas (Stein, Stammer, Koehler, E.
Gaertner, Emma Deeke, I. Gaertner). O poder municipal foi
representado por José Ferreira da Silva, Alfred Baumgarten e Walter
Berner; as escolas pelo Dr. L. Sroka e Frei Ernesto Emmendoerfer; e a
A.I.B. pelo chefe municipal Otto Laczinske. Fez-se também presente
o representante da Câmara Municipal de Itajaí. As visitantes foram
encaminhadas ao Hotel Zwõlfer em Cabeçudas, almoçaram com o
Prefeito Irineu Bornhausen, por conta da Prefeitura, no Hotel Zwõlfer,
e visitaram fábricas em Itajaí. Seguiram para Blumenau às duas da
tarde, que se engalanou para recepcionar as visitantes com bandeiras
brasileiras e alemãs e inclusive uma velha bandeira portuguesa dos
tempos coloniais. A cidade foi ornamentada com flores, bandeiro las,
não faltando o espoucar de foguetes. As sirenes tocavam e uma
comitiva foi até as proximidades da Casa do Dr. Fritz Mueller
recepcionar as visitantes, acompanhando-as até a rua XV de
Novembro, onde, no monumento ao Dr. Blumenau foi erguida uma
tribuna onde discursou o Prefeito Alberto Stein. Depois das palavas
147
do Prefeito, Peter C. Feddersen saudou as visitantes em idioma
alemão. Após as saudações de diversas pessoas, foram passear pela
cidade, visitando os locais onde passaram a infância, sendo alojadas
no "Joharinastift", As filhas do Doutor Blumenau visitaram
Hammon[a acompanhadas pelo Prefeito e comissão. A Estrada de
Ferro Banta Catarina colocou um vagão especial para o evento. Em
Hammonia, o Prefeito Fritz Schmidt e o povo as recepcionaram na
estação da E.F.S.C. Houve saudações, inauguração dos sinos da Igreja
e festa popular. Foram a Neu Breslau, visitaram o novo hospital de
Hammonia, voltando à noite para Blumenau. Regressaram para a
Alemanha no da 16 de novembro. Para a despedida das filhas do
Doutor Blumenau, foi solicitado às indústrias, escolas e sociedades
para no dia 15 de novembro, às 8 horas da manhã, estarem presentes
com suas bandeiras na Praça "Carlos Gomes" para o desfile pela rua
XV de Novembro até a Prefeitura. Christina e Gertrud agradeceram
especialmente ao Prefeito Alberto Stein e ao Presidente da Câmara de
Vereadores José Ferreira da Silva a oportunidade de reverem sua terra
natal. O agradecimento ao povo em geral foi feito através da Rádio
Clube de Blumenau.
Foi na administração de Alberto Stein que a' Câmara Municipal
aprovou o brasão do Município criado pelo historiador Affonso
Taunay.
De 1937 a 1947, foi implantado Novo Período Ditatorial, golpe
de Estado que dissolveu Congressos Estaduais e Câmaras Municipais,
período em que os Conselhos Consultivos foram abolidos e os
projetos importantes eram submetidos ao Departamento de
Administração Municipal.
Em Blumenau, o Prefeito Alberto Stein transmitiu o cargo' ao
Presidente da Câmara, José Ferreira da Silva, que atuando
serenamente e com prudência, venceu dificuldades, realizando
grandes obras em benefício da Comunidade. Na sua gestão foi
construído o edifício do fórum no local da antiga cadeia que existia ao
lado da P.refeitura Municipal, sendo esta, também reformada e
adaptada ao estilo arquitetônico do fórum. Foi instalado o Museu
"Fritz Mueller"; Biblioteca Pública, Mercado Municipal da rua Sete
de Setembro; aberta a rua Presidente Vargas e reformada a iluminação
pública. Foi fundada a Escola Agrícola para meninos carentes que
recebiam alimentação, escolaridade e instrução prçfissionalizante sob
a orientação das Irmãs Franciscanas. Entre as pon~es construídas, a de
Massaranduba ainda conserva o seu nome. Em Rio do Testo foi
148
construído o prédio da Intendência. Também foram construídas mais
de vinte escolas municipais, entre elas a de Wunderwald, e criado o
Grupo Escolar "Machado de Assis". No dia 17 de maio de 1938, a
Prefeitura Municipal comunicou que estava projetando um novo
monumento ao Doutor Blumenau, em granito, obra do escultor Dr.
Francisco de Souza, grande nome da escultura nacional, e que estaria
concluído até março. Foi oficializado o Cemitério Municipal de
Itoupava Seca. Para possibilitar a abertura da rua Nereu Ramos foi
feito o aterro do canal Bom Retiro. Foi construído o Campo da
Aviação em Itoupava Central, sendo fundado o Aero Clube de
Blumenau que registrou seus Estatutos em 30 de julho de 1939, no L-
4, f1s. 173. Foram inaugurados os telefones automáticos da cidade, a
linha telefônica para Massaranduba e em grande gala, o Teatro
"Carlos Gomes". Foram ainda construídos o Matadouro Municipal, a
Estação Meteorológica e iniciado o Serviço de Identificação. No seu
governo, sediou-se em Blumenau o 32° Batalhão de Caçadores, sendo
iniciada a construção do quartel. Foi promovida grande campanha de
"nacionalização", sendo transformado em Ginásio Pedro II, a
tradicional "Neue Deutsche Schule". Foram fechadas sociedades e os
jornais "Blumenauer Zeitung" e o "Der Urwaldsbote". Entretanto, das
obras realizadas no seu governo, a mais importante foi o serviço de
abastecimento de água potável que ele iniciou, e que foi inaugurado
em setembro de 1943, pelo Dr. Afonso Rabe que o sucedeu. Essa obra
erradicou a febre tifóide da cidade de Blumenau, responsável por
elevado número de mortes.
Além da febre tifóide, em março de 1938, a cidade de Blumenau
foi ameaçada por uma epidemia de febre amarela, erradicada em
tempo.
Nesse período governamental foram registradas entre outras
associações no Cartório de Getúlio Vieira Braga, a Sociedade
Esportiva de Tiro ao Alvo "Honra e Defesa" (26110/38); a Sociedade
Recreativa e Cultural "ülavo Bilac" (26111/38) e o "Automóvel Club
de Blumenau" (1%811939). E para festejar o 90° aniversário de
Blumenau, a Prefeitura formulou convite com a seguinte
programação: às seis horas da manhã alvorada pelas principais ruas da
cidade pela banda de clarins do Colégio Santo Antônio; às nove
horas, Missa Campal pelas almas dos fundadores da Colônia
(imediações da rua Nereu Ramos); dez horas, início dos festejos
populares; quinze horas, reunião na sala de conferências da Prefeitura,
usando da palavra o CeI. Floriano Brayner, o Prefeito José Ferreira da
149
Silva e Max Tavares d' Amarai advogado da cidade. Às vinte horas,
retreta pela Banda do 32° B. C., defronte à Rua Nereu Ramos e às
vinte e trinta horas, fogos de artifício, danças ao ar livre, etc.
A visita mais importante que Blumenau recebeu em toda a sua
história i foi sem dúvida a de Getúlio Vargas no dia IOde março de
1940.2
O Prefeito José Ferreira da Silva foi substituído em 28 de junho
de 1941 pelo Dr. Afonso Rabe, que como médico decidiu mandar
demolir as obsoletas intalações do Hospital Santo Antônio,
substituindo-as por um edifício com melhores requisitos. Concluiu os
trabalhos da rede de abastecimento de água iniciados por José
Ferreira da Silva e, mantendo e ampliando também a Escola Agrícola.
Na sua gestão foi fundada a Sociedade União Recreativa "Cruz e
Souza", dedicada a fins beneficentes e de amor a Pátria. Os Estatutos
foram publicados no jornal "Cidade de Blumenau" e registrados em
Cartório no dia 6 de junho de 1942. Entretanto, a mais importante das
obras assistenciais, a "Legião Brasileira de Assistência" foi instalada
em Blumenau no dia 17 de setembro de 1942. O Rotary Club de
Blumenau foi fundado em outubro de 1943.
Como conseqüência da "nacionalização" o "Der Urwaldsbote"
foi fechado. G. Arthur Koehler adquiriu o material do mesmo e se
estabeleceu com uma tipografia, abriu uma livraria e papelaria,
confeccionando cadernos escolares e editando livros, girando como
firma individual até 1942, quando transformou-se em "Tipografia e
Livraria Blumenauense S. A.".
Substituiu o Prefeito Dr. Afonso Rabe em 22 de janeiro de 1944,
Alfredo Campos, um dos diretores da então Empresa Força e Luz de
Santa Catarina, que continuou com os trabalhos de reconstrução do
Hospital Municipal, dedicando-se a instrução municipal, ampliando
várias escolas, inclusive o G. E. "Machado de Assis". Na sua gestão,
no dia 28 de abril de 1945, foi inaugurado o Centro de Saúde de
Blumenau.
No dia 13 de novembro de 1945, o Prefeito Alfredo Campos foi
subtituído por Frederico G. Busch Jr. que se demitiu em 19 de abril de
1946, passando o cargo para Germano Beduschi que administrou o
município até 30 de abril de 1947, quando ficou a testa do município
Bruno Hildebrand, chefe de secretaria da Prefeitura Municipal desde
22 Veja, sociedade Dramático-Musical "Carlos Gomes" - Volume III
'150
o governo de José Ferreira da Silva. Bruno Hildebrand liquidou os
compromissos dos governos anteriores, manteve a Escola Agrícola e
mandou calçar com paralelepípedos várias ruas da cidade. Com a
carta de 1946, fazendo o país voltar ao regime constitucional, coube a
Bruno Hildebrand preparar as eleições que levaram novamente ao
governo do município, Frederico G. Busch Jr., que após disputar a
preferência dos eleitores com Victor Hering e Domingos M. de Borba,
assumiu no dia 15 de dezembro de 1947. Nesse governo, Blumenau
perdeu o distrito de Massaranduba que em dezembro de 1948, passou
a município. Apesar de reduzido a 1.054 quilômetros quadrados,
Blumenau continuou próspero e se preparava para o seu Centenário.
Setembro de 1950, durante dez dias, Blumenau festejou o seu
Centenário com desfiles alegóricos, exposições industriais e artísticas,
concursos literários e musicais, cerimônias religiosas, conferências
históricas, competições esportivas, parque de diversões, edição de um
álbum comemorativo, cunhagem de medalhas, sessões solenes da
Câmara de Vereadores, desfile militar e escolar. Emissão de selos e
carimbos postais alusivos ao Centenário e a estréia da ópera "Anita
Garibaldi" de Heinz Geyer com libreto de José Ferreira da Silva. A
cidade foi ricamente ornamentada e as comemorações marcaram
Blumenau material e culturalmente. Foram inaugurados os bustos de
Pedro II, Curt Hering e Peter Christian Feddersen, de autoria do
escultor Erwin Teichmann. Presitigaram o evento, o Vice-Presidente
da República, Dr. Nereu Ramos e o Ministro da Educação e Cultura,
Pedro Calmon que representou o Marechal Eurico Gaspar Dutra,
Presidente da República.
Com Frederico G. Busch atuaram na Câmara Municipal, os
vereadores: Hercílio Deeke, Ricardo Witte, Guilherme Jensen,
Afonso Balsini, Max Jacobsen, Otto Hennings, Erwin Zastrow,
Antônio Cândido de Figueiredo, Herbert Georg, João Dorival
Mueller, Otacílio Nascimento, Emílio Jurk e Waldemar Selke.
Os serviços de secretaria da Câmara Municipal, com Hercílio
Deeke na presidência, contaram com o trabalho de Christiana Deeke
Barreto.
Em 1951 houve campanha para a sucessão municipal. Dos
candidatos, José Ferreira da Silva, Henrique Jensen e Hercílio Deeke,
foi eleito este último que assumiu no dia 31 de janeiro de 1951. No
seu governo foi inaugurado o Cine Blumenau, construído o Grupo
Escolar "Adolpho Konder", fundada a "Sociedade Amigos de
Blumenau" para administrar e orientar os serviços culturais,
151
construída a ponte sobre o rio ltajaí-Açu em Itoupava Seca e iniciada
a de Ponta Aguda.
Construído o prédio da Cadeia Pública e inaugurado o ramal
ferroviário entre Blumenau e ltajaí com a presença do Presidente da
República Dr. João Café Filho. Foi construida a Estação Rodoviária
(antiga), criada a Banda Municipal, a Diretoria do Fomento Agro-
Pecuário, ampliado o serviço de água potável e a iluminação pública.
Vila Itoupava recebeu novo prédio para instalar a intendência e a
instrução primária recebeu tratamento especial.
Pela Lei Estadual n? 634 de 4 de janeiro de 1952, a Comarca de
Blumenau foi dividida em duas varas.
No seu governo foi fundada em 1° de setembro de 1952, a Loja
Maçônica "Fraternidade Blumenauense n? 6". Participaram da
fundação, Hugo Roepcke, Wilhelm Poerner, Julio Ernesto
Grossenbacher, Wilhelm Theodor Schuermann, Raul Laux, Oscar
Bremer, Heinrich Zimmermann, Hellmuth Lauterjung, Bernardo Rautt
e Carlos Mendes de Azevedo que pertenciam, menos Carlos Mendes
de Azevedo, ao quadro das Lojas Maçônicas Acácia Itajaiense n° 10 e
- Filantropia e Ordem do Rio de Janeiro, que trabalhavam sob os
auspícios das Grandes Lojas Simbólicas do Rio Grande do Sul e Rio
de Janeiro respectivamente. Como associação civil destinada à prática
filantrópica, inaugurou em 5 de outubro de 1979, a Creche Infantil no
Bairro da Água Verde com a denominação de "Lar da Fraternidade".
Um fato que marcou Blumenau após a grande enchente de 1880,
foi o auxílio recebido da Loja Maçônica "Zur Eintracht" (Concórdia)
de Porto Alegre da quantia de 2.667$000, quantia essa agradecida
pela Comissão de Socorro integrada pelo Padre Jacobs - Vigário,
Wilhelm Scheeffer, Heinrich Probst, Louis Sachtleben, P. F. Faust,
Julius Baumgarten, Franz Lungershausen, Doutor Blumenau, Dr. Fritz
Mueller e Viktor Gaertner, em carta datada de 2 de janeiro de 1881.
Na sua gestão, Hercílio Deeke contou com os seguintes
vereadores: Ingo Hering, Victor Weege, Emílio Jurk, Gerhard
Neufert, Federico Carlos Allende, Amo Gielow, Cristiano Theiss,
Wladislau Constansky, Pedro Zimmermann, João Dorval Mueller,
Fúlvio Emmendoerfer, Arthur Zimmdars e Antônio Reinert.
Como candidato a uma cadeira de deputado à Câmara Federal,
Hercílio Deeke licenciou-se da Prefeitura, sendo eleito no dia 3 de
outubro de 1954.
Com o governo de Hercílio Deeke, a Câmara Municipal de
Blumenau, passou a contar, a partir de 1° de abril de 1953 com uma
152
Diretora da Secretaria da Câmara Municipal, sendo nomeada Branca
Flor de Santhiago Melo, que. exerceu as funções até 9 de julho de
1974, quando foi aposentada.
Em reunião de 25 de janeiro de 1955, de acordo com a
Constituição, a Câmara Municipal de Blumenau elegeu o vereador
Gerhard Neufert para completar o período administrativo do Prefeito
Hercílio Deeke. Gerhard Neufert, que tomou posse no dia seguinte,
concluiu as obras iniciadas por Hercílio Deeke. Na sua gestão, em
concurso realizado pelo Instituto Brasileiro de Administração
Municipal, Blumenau recebeu diploma de honra como Município
brasileiro de maior progresso. No governo Neufert foram inaugurados
o Grupo Escolar "Prof. Carlos Techentin" em Passo Manso e a ponte
"Emílio Baumgart" em Testo Central. Com Gerhard Neufert atuou a
Câmara Municipal que iniciou o mandato em 31 de janeiro de 1955
até 31 de janeiro de 1959. Foram vereadores nesse período: Newton
Borges dos Reis, Wladislau Constansky, Martinho Cardoso da Veiga,
José Ferreira, Wilson Gomes Santiago, Amo Weege, Eugênio
Brueckheimer, Edgar Mueller, Bernardo Wolfgang Werner, Julio
Grossenbacher, Pedro Zimmermann, Alfonso de Oliveira e Ingo
Hering. Para as eleções de 1955, se candidataram Frederico
Guilherme Busch Jr., Erico Mueller e Bruno Hildebrand, sendo eleito
Frederico Guilherme Busch Jr. que tomou posse no dia 31 de janeiro
de 1956.
No Estado assumiu o Governo o Dr. Jorge Lacerda, tendo como
Secretário da Fazenda, Hercílio Deeke.
No governo Busch, entraram em greve, durante 15 dias, os
ferroviários.
No dia 5 de outubro de 1957, a Sociedade Amigos de Blumenau
(com Estatutos registrados em IOde setembro de 1953), prestou
significativa homenagem ao CeI. Pedro Christiano Feddersen (Peter
Christian Feddersen) pelo centenário do seu nascimento. Feddersen,
segundo Frederico Kilian, - "não descansava quando se tratava de
trabalhar para o progresso desta terra que tanto amou". Sem
Feddersen, as duas obras que mais contribuíram para o
desenvolvimento de Blumenau e do Vale do Itajaí - a Estrada de Ferro
e a Usina de Força e Luz, - Blumenau e o Vale talvez não tivessem
alcançado o desenvolvimento que o tomam exemplo de trabalho e
progresso no contexto nacional. Foi 1° Suplente de Juiz Federal em
Blumenau, Juiz de Paz, Vereador, Presidente da Câmara Municipal de
Blumenau e Deputado Estadual por várias vezes, e como eleito pelo
153
povo, votou e sancionou no Congresso Nacional, leis brasileiras e
para brasileiros, foi-lhe interditado (durante a II Guerra Mundial) o
uso de aparelho rádio-receptor e proibido de sair de casa, nem mesmo
de ir ao Cemitério Evangélico de Blumenau levar flores ao túmulo de
sua falecida esposa. Foi revoltante, como tudo o que foi feito em
nome da famigerada nacionalização. Faleceu no dia 22 de junho de
1947.
No dia 4 de novembro de 1957, registrou seus Estatutos a
Associação de Imprensa e Rádio do Vale do Itajaí e no mesmo ano foi
fundada a Associação Blumenauense de Amparo aos Menores
Desvalidos.
Frederico G. Busch não foi feliz neste seu segundo mandato,
pois além da grande enchente que alcançou 12 metros, destruiu casas
e com vítimas a lamentar entre elas duas crianças soterradas na
barranca do rio, um grande incêncio, no dia 8 de novembro de 1958,
destruiu parte da Prefeitura Municipal onde se localizava o fórum da
Comarca. Supõe-se que o fogo teve início no arquivo local alastrando-
se por toda a área do fórum, destruindo o arquivo histórico,
documentos da administração municipal, parte da biblioteca forense
"Dr. Amadeu Luz" e outros. As chamas destruíram livros de
apontamentos e diários datados de 1848, quando Hackradt construíu o
primeiro barracão para receber os imigrantes na foz do Ribeirão da
Velha. Com o título de "Conto dos Diversos", totalmente escrito em
vernáculo, os documentos que confirmavam que naquela época os
armadores de Itajaí e Desterro faziam subir os seus pequenos veleiros
no rio Itajaí-Açú, para travar relações comerciais com o nóvel núcleo
em formação. Perdeu-se no incêndio o documento oficial mais antigo
da região do Itajaí datado de 1793 - um requerimento de demarcação
de terras com as informações e despachos das terras posteriormente
adquiridas pelo Doutor Blumenau para a construção do trapiche para
os navios dos imigrantes e a hospedaria. Perderam-se manuscritos do
Doutor Blumenau e de outros pioneiros, plantas, mapas geográficos,
topográficos e cadastrais, (considerados únicos no gênero) fotografias
que retratavam a história de Blumenau, jornais, boletins, revistas,
moedas, clichês, os filmes do Centenário de Blumenau, pastas e
álbuns com reportagens sobre os mais diversos assuntos, inclusive de
interesse internacional, principalmente por testemunharem fenômenos
históricos, em face da destruição dos arquivos europeus durante as
duas guerras. O incêndio destruiu reportagens, como a publicada no
jornal "Regeneração" de Desterro sobre a "I Exposição Agrícola e
154
Industrial de Blumenau" na terceira década da colonização com
artigos expostos como os tecidos feitos à mão. As chamas destruíram
os livros de matrículas dos imigrantes estrangeiros e também dos
nacionais que se estabeleceram em Rio Morto - Indaial, por volta de
1860, e a "Crônica de Altona" que abrangia o período de 1850/1918.
O ano de 1958 marcou Santa Catarina com o acidente aviatório,
ocorrido no aeroporto de Curitiba com escala para o Rio de Janeiro,
com o avião em que viajavam o Governador do Estado Dr. Jorge
Lacerda, Presidente da Câmara Federal Dr. Nereu Ramos, Deputado
Leoberto Leal e outros políticos.
No governo Busch foi iniciado o asfaltamento da "Rodovia Jorge
Lacerda", inaugurada a ponte "Adolpho Konder" entre o centro e
Ponta Aguda, e inaugurada com a presença de Dom Jaime de Barros
Câmara, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Governador do Estado,
militares e outros, a Igreja Matriz de São Paulo Apóstolo. Foi também
criada a comissão Nacional de Planejamento, um Grupo de Trabalho
para estudar a prevenção e o controle das cheias na Bacia do Itajaí.
Blumenau foi homenageada pela Companhia Hamburguesa-Sul
Americana que denominou um dos seus grandes transatlânticos de
"Blumenau", tendo a municipalidade presenteado o Comandante do
transatlântico "Blumenau" com uma placa comemorativa.
No dia 1o de setembro de 1958, estava no ar a Rádio Nereu
Ramos, e no dia 5 de agosto, tinha sido instalado em Blumenau o
Corpo de Bombeiros.
No dia 21 de janeiro de 1959, o distrito de Rio do Testo
desmembrou-se de Blumenau com o nome de Município de
Pomerode.
Um fato lamentável ocorrido em março de 1959, foi a demolição
do tradicional "Hotel Holetz". Inaugurado em 1902, era um dos mais
bonitos cartões de visita de Blumenau. Além de hotel conceituado, no
mesmo apresentaram-se grandes concertos, cantores, "virtuoses",
prestidigitadores, excelentes espetáculos teatrais, cinema, patinadores
e no seu salão realizaram-se grandes e festivos bailes. O atual grande
hotel apesar das suas modernas linhas arquitetônicas não suplantou a
tradicional e imponente arquitetura do enxaimel do Hotel Holetz.
No dia IOde abril de 1959, houve um problema grave com os
produtores de madioca que queriam, na época, 1.500,00 cruzeiros por
tonelada e não os 1.100,00 que a Indústria de Fécula Cia. Lorenz
oferecia. A indústria não concordou e mandou seus operários
colherem a mandioca em sua propriedade, sendo impedidos pelos
155
grevistas que invadiram as plantações armados de foices, facões,
espingardas, porretes, etc. Como 10 mil famílias do Vale do Itajaí
vivam ligadas à cultura da mandioca, o caso foi encaminhado pelo
Governo do Estado ao Presidente da República.
Em I I de abril do mesmo ano, pelo Decreto de 5 de março,
foram cassados os direitos políticos de Gehard Germer que se recusou
a prestar serviço militar por convicção religiosa.
Em junho de 1959, foi instalada em Blumenau a Junta de
Conciliação e Julgamento, da Justiça do Trabalho, sendo primeiro
presidente a Dra. Daisy Ramos Pinto.
Na gestão Busch, houve tentativa de peixamento do rio Itajaí-
Açú pelo Ministério da Agricultura que mandou lançar no rio 43
exemplares de "dourados".
Além da Sociedade Beneficente Humânitas fundada em abril de
1959, também marcou presença a Campanha de Solidariedade
Humana, que em reunião no dia 17 de julho de 1959, no Clube
Náutico América elegeu sua primeira diretoria integrada por Elsa
Melro (presidente), Branca Flor de São Thiago Melo (secretária) e
Gilda do Nascimento Gonçalves (tesoureira). No mesmo ano foi
realizada no Teatro "Carlos Gomes" a promoção "Os doze meses na
vida da criança" em benefício e amparo ao bebê pobre, sob a direção
de Branca Flor de São Thiago Melo.
No dia 7 de setembro de 1959, desfilaram pela primeira vez os
Clubes de Caça e Tiro, ostentando as suas condecorações, sendo
acompanhados por um campeão de tiro a cavalo. No mesmo dia, à
noite, realizou-se o "Concurso de Bandinhas" instaladas em palanques
ao longo da rua XV de Novembro e em seguida a marcha "aux
flambeaux" organizada pelos sindicatos e 23° R. I. Desfilaram no dia:
Lambretistas, colégios, um grupo de ex-combatentes, delegações
esportivas e sindicais e o núcleo de escoteiros. Esse desfile cívico-
militar, que após muitos anos realizou-se num dia de sol, foi assistido
por mais de 10 mil pessoas. Dentro da Semana da Pátria, festeja-se
sempre a data de fundação da cidade com cerimônia própria pela
manhã, com discursos e deposição de flores no monumento ao
imigrante. Em 1959, além das palavras proferidas pelo Professor José
Ferreira da Silva, a banda do 23° R. 1., executou os hinos "Imigrante"
e "Doutor Blumenau". À tarde foi realizada sessão solene da Câmara
Municipal, sendo orador, Abel Ávila dos Santos. À noite teve lugar na
Rádio Difusora Vale do Itajaí o "Concurso Literário" e brilhante
palestra sobre os pioneiros pelo Professor José Ferreira da Silva,
156
enquanto no Garcia foi realizada um retreta pelo 23° R. I. Na ocasião
foi realizada uma exposição de orquídeas.
No dia 17 de outubro do mesmo ano, transcorreu o centenário da
Cia. Comercial Schrader. Na ocasião foi lembrada a atuação de
Ferdinand, fundador da firma e a de Alwin na vida política social e
cultural de Blumenau, sendo inclusive citada a sua atuação no
comércio e um dos fundadores da "Caixa Agrícola", mais tarde
transformada em Banco e posteriormente em Banco Indústria e
Comércio de Santa Catarina, criado em 23 de fevereiro de 1935.
No dia 20 de dezembro de 1959, foi criada em Blumenau uma
escola para surdos e mudos que começou a funcionar no Grupo
Escolar "Luiz Delfino".
Em outubro de 1960, o caso "Martin Bormann" agitou a
população de Blumenau quando a polícia através de pista do "Diário
da Noite" do Rio de Janeiro insinuou que Martin Bormann estaria
refugiado em Santa Catarina, vivendo sob falsa identidade entre
amigos e adeptos do nazismo, tachando os clubes blumenauenses,
principalmente os de boIão, de associações políticas camufladas,
causando revolta da população. As acusações foram consideradas
absurdas, repercutiram na Câmara Municipal, causando indignação e
repulsa, pois os integrantes desses clubes jamais participaram de
instituições político-partidárias.
Nesse período, Busch contou com os vereadores: Abel Ávila dos
Santos, Alfonso de Oliveira, Edgar MueIler, Bernardo Wolfgang
Werner, Eugênio Brueckheimer, Ewaldo Moritz, Ingo Hering, José
Ferreira, Mário Manzke, Romário da Conceição Badia, Vitório
Pfiffer, Wladislau Constansky e Wilson Gomes Santiago.
Em julho de 1960, Hercílio Deeke deixou a Secretaria da
Fazenda para candidatar-se a Prefeito de Blumenau, obtendo
expressiva vitória no pleito de 3 de outubro sobre José Ferreira e
Érico MueIler. Tomou posse no dia 31 de janeiro de 1961.
Nesse seu segundo período administrativo, Hercílio Deeke
destacou-se pela intensa atividade nos setores culturais do município.
Nessa época, Jânio Quadros assumiu a Presidência da República
e apesar das mudanças construtivas que desejou implantar renunciou,
trazendo a inflação e a instabilidade para o país que repercutiram no
âmbito municipal que sem o apoio do Governo do Estado e a
enchente, levaram Hercílio Deeke a esforços redobrados para resolver
os pontos mais importantes e urgentes do seu governo. Durante a
enchente, o Presidente João Goulart regressando de uma viagem ao
157
Rio Grande do Sul, sobrevoou Blumenau, aterrisando no aeroporto de
ltajaí convocou os Prefeitos vítimas da enchente, combinando
medidas para minimizar os danos causados.
Na sua gestão, o Kennel Club recuperou o vapor "Blumenau"
como monumento público. Foi também construído o prédio para a
Biblioteca Municipal "Dr. Fritz Mueller", atualmente substituído pelo
prédio que abriga a Biblioteca "Dr. Fritz Mueller" e o Arquivo
Histórico "Prof. José Ferreira da Silva". Nessa época, Blumenau
contava com quatro emissoras de rádio.
Em 1961, foi fundado o Círculo de Orquidófios de Blumenau,
que realizou sua primeira exposição no período de 26 a 30 de
novembro de 1944. Registrou Estatutos em 5 de dezembro de 1961.
Em 1961 também foi fundado o Clube das Soroptimistas que promove
desde 1973 a festa do "Prato Típico", no sábado que antecede o "Dia
dos Pais". O produto reverte para a APAE, PROMENOR, e outras
entidades carentes.
Com grandes festejos, Blumenau sediou os III Jogos Abertos de
Santa Catarina, criando-se em 1962 a Comissão Municipal de
Esportes e o Departamento de Turismo.
É promovido a Desembargador, o extraordinário e exemplar Juiz
de Direito da 10 Vara, Dr. Marcílio Medeiros.
Também foi destaque na gestão do Prefeito Hercílio Deeke a
instrução primária, a construção de praças e abertura de novas ruas.
Em outubro de 1962, juntamente com a de deputados estaduais,
federais e senadores foi renovada a Câmara Municipal de Blumenau
com os vereadores: Afonso Balsini, Bernardo Wolfgang Werner,
Carlos Curt Zadrozny, Edgar Paulo Mueller, Eugênio Brueckheimer,
Ewa1do Moritz, Ingo Hering, José Ferreira, Manoel Vitor Gonçalves,
Oswaldo Olinger, Waldir Rosa, Wilson Gomes Santiago e Wolfgang
Jensen.
No governo de Hercílio Deeke foi instituída a Bandeira do
Município e construída a ponte "Udo Deeke" sobre o ribeirão Garcia
no prolongamento da rua Sete de Setembro. Reflorestaram-se
enconstas, criaram-se as feiras livres, ampliou-se a rede telefônica.
Foi criada a Faculdade de Ciências Econômicas da FURB, inaugurada
a torre da Matriz de São Paulo Apóstolo com a presença de
representante da Presidência da República, e a Usina Palmeiras. A
residência de Hermann Wendeburg, vice-diretor da Colônia, foi
declarada patrimônio público. Foi inaugurado o busto do Padre
Jacobs, primeiro vigário da paróquia de Blumenau, de autoria do
158
escultor Aureliano Fernandes, e inaugurado o tráfego postal direto
entre Blume.nau e Curitiba. Em 1964, foram festejados os cinqüenta
anos. de pac.lficação dos indígenas Kaigang e homenageado Eduardo
de Lima e Silva Hoerhann, o pacificador.
No mesmo ano, Blumenau sedia a "I Convenção Hoteleira do
Sul".
Em 1964, faleceu na Alemanha aos 93 anos de idade Gertrud
Sierich, a filha mais moça do Doutor Blumenau, tendo a Prefeitura
decretado luto por três dias. Com Gertrud Sierich desapareceu a
última descendente direta do Doutor Blumenau, poquanto Christine
su~ irmã, fal~ceu solteira e dos dois fi lhos homens, um faleceu log~
apos o nascimento e Pedro (engenheiro) desapareceu durante a
Primeira Guerra Mundial. Os descendentes do Doutor Blumenau
constam de dois netos filhos de Pedro Blumenau e de um bisneto
filho de Hermann Jacobi, casado com a única filha de Gertrud Sierich.
A filha de Gertrud Sierich faleceu anos antes da mãe. Hermann Jacobi
faleceu no dia seguinte ao de Gertrud Sierich, sendo sepultado no
mesmo dia.
Um fato lamentável ocorreu em 1964, quando uma faísca elétrica
atingiu um dos "Pinus Elliotis" plantados defronte a Igreja Evangélica
de Blumenau. Sementes desse "Pinus Elliotis" estão em diversos
municípios do Estado. Blumenau foi a pioneira, pois as duas mudas
foram trazidas em 1870 por Viktor Gaertner, sobrinho do Doutor
Blumenau. O tronco da árvore atingida pela faísca e1étrica foi
mandado transformar em táboas pela Cia. Hering, que cedeu parte do
tronco ao Instituto Nacional do Pinho-amostra do avô nacional do
"Pinus Elliotis". Algumas táboas foram aproveitadas pela Biblioteca
"Dr. Fritz Mueller" para fazer um armário, onde estava guardada a
primeira bandeira nacional do 320 B. C. sediado em Blumenau.
A revolução de 31 de março de 1964, afastou do poder o
Pres~d~nte João Goulart, fato que não interferiu na administração
mU~I~Ipal. O povo manifestou solidariedade às forças armadas,
participando de manifestações cívicas como a "Marcha da Família
com Deus pela Liberdade" e da "Campanha de Ouro para o Brasil".
Nesta última campanha a subscrição popular atingiu setenta mil
cruzeiros novos que foram entregues ao Comando da 53 Região
Militar.
Em 1965, apesar das dificuldades financeiras, as obras sob
convênio com o governo federal como o muro de arrimo na margem
direita do rio Itajaí-Açú e a construção do canal Bom Retiro, no final
159
da gestão de Hercílio Deeke estavam em fase de conclusão. Também
foi concluído o prédio do Ginásio Industrial no Garcia.
1965. Centenário da partida dos Voluntários da Pátria.
As dificuldades financeiras do município não permitiram
perpetuar em bronze o monumento em ho~enagem aos nosso~
Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai. O monumento fOI
esculpido por Miguel de Barba com as figuras representad~s no seu
fardamento típico, inspirado no usado pelos membros da Sociedade de
Atiradores de Blumenau. Além da placa homenageando os
Voluntários da Pátria, também foi inaugurada uma placa
homenageando os pracinhas da Segunda Guerra Mundial.
Em 22 de maio de 1965, visitou Blumenau o Marechal Humberto
de Alencar Castelo Branco.
Nas eleiçõess realizadas em outubro de 1965" foi eleito Carlos
Curt Zadrozny, que assumiu o cargo em 31 de janeiro de 1966.
A administração Carlos Curt Zadrozny deu continuidade às obras
em andamento, entre os quais o muro de arrimo, dos quais foram
inaugurados os primeiros 250 metros. Essa obra visava pôr fim,
principalmente aos constantes desmoronamentos das barrancas do no
Itajaí-Açú. No seu governo foram retificadas, alargadas e calçadas
ruas. Construídas salas de aula em vários estabelecimentos de ensino
municipal, e com a contribuição da Comunidade, construídos os três
primeiros blocos para instalar a FURB, que foi criada com o nome de
Fundação Universidade Regional de Blumenau. Para a V FAMOSC
foi construído mais um grande pavilhão no bairro da Velha, e iniciada
a construção de um ginásio coberto para competições esportivas.
Blumenau foi visitada pelos embaixadores de Portugal,
Alemanha, Ordem de Malta, África do Sul e Senegal. O turismo foi
incentivado.
Em 1966 registrou seus Estatutos o Clube de Diretores Lojistas
de Blumenau e em 27 de março de 1967, o Centro Cultural Brasil-
Estados Unidos.
Em 1969, foi instalada em Blumenau a primeira estação de TV
do Estado, cuja antena foi instalada no "Morro do Cachorro", devido
a sua localização privilegiada e excepcional alcance. Do "Morro do
Cachorro" ou "Morro da Carolina" em homenagem à Carolina Jensen,
ancestral da família a quem pertencem as terras, situado entre
Blumenau e Gaspar, divisa-se todo o baixo Itajaí e em dias claros,
Brusque, Ilhota, Luiz Alves, Itajaí e praias de Barra Velha até Porto
Belo. O nome "Morro do Cachorro" tem sua origem na excursão
160
realizada em 1875, quando guiados por Felippe Volles, um grupo de
senhores de Blumenau resolveu escalar o "Morro da Carolina" em
Itoupava. Na subida juntou-se à turma a cachorra de Sametzki, em
adiantado estado de gestação, e que apesar das ameaças para fazê-la
voltar, ela resolveu acompanhá-los, porém chegando ao pico ela
simplesmente deitou-se e deu a luz a quatro cachorros que foram
sacrificados, após discussões. A cachorra teve que ser carregada
morro abaixo e o incidente deu o nome ao morro.
No dia 26 de dezembro de 1969, várias homenagens foram
prestadas à memória do Doutor Blumenau pelo sesquicentenário do
seu nascimento. Às 8 horas foi realizado culto ecumênico oficiado
pelo Pastor Evangélico Piske e pelo Vigário católico Frei Bernardo.
No monumento ao fundador foram prestadas homenagens, falando em
nome de Blumenau o vereador Victor F. Sasse. O Prefeito depositou
uma corbelha de flores e as senhoras cobriram o monumento de
flores. Na ocasião, foi solicitado à direção dos Correios e Telégrafos a
emissão de um selo postal. O desenho do selo foi encomendado por
José Ferreira da Silva, Diretor da Biblioteca Pública, ao artista Franz
Tschersowski, funcionário da Empresa Industrial Garcia, um trabalho
notável de grande beleza com a efígie do fundador. A cerimônia de
lançamento do selo ocorreu às 10 horas no salão nobre da biblioteca,
no dia 26 de dezembro, com palavras do Professor José Ferreira da
Silva, explanando o significado da obra. Sob prolongada salva de
palmas, convidado pelo orador, o Prefeito Municipal Carlos Curt
Zadrozny aplicou o carimbo sobre a primeira quadra de selos,
colocando-os em circulação. No mesmo dia o selo foi posto à venda
em todas as capitais brasileiras e cidades importantes.
No seu governo foi criado o SAMAE, comprado um grande
aparelho de raios X para o Hospital Universitário e construído o
Hospital Infantil. Organizado o serviço de Assistência Social com a
criação de centros sociais em diversos bairros da cidade. Foi criada a
Comissão Municipal de Turismo (1967), a Comissão Municipal de
Trânsito e a Comissão Municipal de Ensino (1968). Foi construído o
restaurante típico "Frohsinn" através da SERVlTUR e publicado na
revista Seleções o encarte "Adivinhe que país é este" para ser
distribuído nas principais agências turísticas do país.
Nesse período administrativo atuaram os vereadores: Afonso
Balsini, Alfonso de Oliveira, Antônio Sestrem, Bernardo Wolfgang
Werner, Edgar Paulo Mueller, Eugênio Brueckheimer, Ingo Hering,
Manoel Vitor Gonçalves, Nelson Tófano, José Ferreira da Silva,
161
Newton Tobias de Aguiar, Wilson Gomes Santiago e Wolfgang
Jensen.
Em novembro de 1969, foi eleito Prefeito Municipal de
Blumenau, o jornalista e fundador da Rádio ''Nereu Ramos", Evelásio
Vieira, que tomou posse no dia 31 de janeiro e 1970. Na sua
administração foram construídos, ampliados e reconstruídos diversos
prédios escolares e implantada a 53 e 63 série em dez escolas
municipais, além do apoio às escolas estaduais e particulares. Foi
criada a Fundação Casa "Dr. Blumenau". Reiniciadas as obras de
construção do Ginásio de Esportes (coberto) e construído o edificio-
alojamento, nas imediações do Ginásio (coberto). Além da construção
de trechos da Avenida Beira-Rio, que também foi dotada de
iluminação modema, foram concluídas, alargadas, abertas e
pavimentadas ruas. Foram construídas pontes, abrigos para pedestres
e praças foram construídas e ajardinadas. Para o Serviço Agro-
pecuário foi contratado um engenheiro agrônomo e um médico-
veterinário, sendo também ampliada a rede de feiras livres. Foram
criados mais núcleos sociais, o Conselho Municipal de Obras Sociais,
e a Fundação Hospitalar de Blumenau. O sistema de abastecimento de
3
água foi melhorado. Foi doada área de terras para instalação da 3
Companha do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina e para instalar a
sede da Junta de Conciliação e Julgamento de Blumenau. No seu
governo, pela Lei n" 1909 de 22 de setembro de 1972, foram
concedidos favores fiscais a quem construísse casas típicas para
residência dentro do perímetro urbano. Durante sua gestão, no dia 22
de setembro de 1971, foi fundado o Jornal de Santa Catarina, e
Blumenau foi ligada ao sistema DDD ao resto do mundo.
V ários eventos marcam a sua administração, entre eles, o 1°
Encontro Blumenauense de Atiradores, o sesquicentenário da
Independência do Brasil, os Jogos Militares da Primavera, a V
AGROPEC na PROEB, a VII FAMOSC, o 4°, 5° e 6° Festival da
Cerveja e o Baile dos Atiradores.
Foram dados incentivos para indústrias, inclusive para a
implantacão da Albany Falt Company of Canadá Ltda.
No seu governo, visitou Blumenau, o Presidente Emílio
Garrastazu Médici e Evelásio Vieira, visitou a Alemanha a convite do
Prefeito Wilhelm Wegener.
Na sua gestão, a Associação dos Municípios do Médio Vale do
Itajaí registrou seus Estatutos no dia 11 de junho de 1971. Também o
Clube dos Diretores Lojistas de Blumenau em 22 de janeiro de 1973,
162
e o Instituto Cultural Brasil-Alemanha fundado em 1968, em 12 de
julho de 1971, registraram seus Estatutos.
Com Evelásio Vieira foi eleito o Vice-Prefeito Ralph Kaestner e
a Câmara Municipal contou com os vereadores: Alfonso de Oliveira,
Alfonso dos Santos Theiss, Armando Bauer Liberato, Dieter Hering,
Edgar Paulo Mueller, Hélio Vieira, Luiz Antônio Soares, Manoel
Vitor Gonçalves, Mário Bagátolli, Nelson Tófano, Osvaldo
Malheiros, Victor Fernando Sasse e Wolfgang Jensen.
No dia 31 de janeiro de 1973, assumiu o governo municipal,
Félix Christiano Theiss. No seu governo foi criada a Faculdade de
Educação Física e Desportos da FURB. Também declarou de
Utilidade Pública para efeitos de desapropriação, diversos imóveis
para instalar o Centro Histórico e Cultural da Cidade de Blumenau.
Na sua gestão foram desapropriadas várias áreas de terras, entre elas,
a destinada ao Parque Esportivo do Ginásio de Esportes; para
implantação do Anel Viário Norte; para a conclusão das obras da
Beira-rio; alargamento e construção de ruas, escolas e outras. Foi
firmado convênio com o D.N.O.S. para a proteção do ribeirão Garcia
e outros. Demoninou várias vias públicas e construiu pontes e praças.
Dando continuidade às obras do seu antecessor, criou escolas e
construiu prédios para abrigar escolas isoladas e reunidas. Instituiu os
Jogos Estudantis da Primavera como competição oficial do município.
No seu governo foi assinado convênio com o BNH - Banco Nacional
da Habitação e fixado o perímetro urbano de Blumenau e o de Vila
Itoupava. O governo Félix Christiano Theiss concedeu estímulo fiscal
e econômico a várias empresas. Concedeu auxílio ao Aero Clube de
Blumenau, aos Clubes de Caça e Tiro, para a APAE e bolsas de
estudos para estudantes universitários.
Na administração de Félix Christiano Theiss foram transladados
os restos mortais do Doutor Blumenau e familiares do cemitério de
Braunschweig - Alemanha, para o "Mausoléu Dr. Hermann
Blumenau". Na ocasião, o Prefeito Félix Christiano Theiss escreveu
uma carta de agradecimento, datada de 27 de setembro de 1974, para
Dagoberto Blaese, pela sua intercessão junto à Alfândega para o
desembaraço das umas que foram embarcadas no "Greveland" para o
Brasil, sem problemas (Dagoberto Blaese era agente do Loyd Real
Holandês que fazia linha regular entre o Brasil e a Europa).
Na sua gestão foi realizada uma competição "sui generis", o
Campeonato Oficial de Vôo de 1976 pela Sociedade Columbófila
Cruzeiro do Sul. Da competição constaram sete provas realizadas
163
desde as cidades de Balneário Camboriú, Florianópolis, Tubarão,
Araranguá, Torres e Osório. Entre outras associações registraram
Estatutos, a Associação Catarinense de Defesa da Flora e Fauna em
26 de março de 1974, a Associação dos Professores do Médio Vale do
Itajaí em 23 de outubro de 1973, e a PROMENOR em 17 de outubro
de 1974.
Com Félix Christiano Theiss e o Vice-Prefeito Alfredo Iten,
foram eleitos os vereadores: Aldir Thomsen, Álvaro Correia, Carlos
Braga Mueller, Dieter Hering, Egon Doege, Gustavo Zimmermann,
Herbert Schweigert, Horácio Rebelo, José Anolácio Biz, José Vitor
lonen, Mário Bagátolli, Mário Zimdars, Milton Pompeu da Costa
Ribeiro, Nelson João de Souza, Olávio Antônio Costa, Rodolfo
Sestrem e Rudi Hort.
No dia 1° de fevereiro de 1977, Renato de Mello Vianna
assumiu o cargo de Prefeito Municipal, tendo como Vice-prefeito
Ramiro Ruediger. Nessa administração foi construído e inaugurado o
prédio da nova Prefeitura Municipal de Blumenau, localizado à
Avenida Presidente Castelo Branco (Beira-Rio) junto à foz do ribeirão
da Velha; construída e inaugurada a nova Estação Rodoviária
(Itoupava Norte), denominada "Prefeito Hercílio Deeke";
complementado o Anel Viário Sul e criada a SETERB. Foram
retificadas, pavimentadas e implantadas ruas e construídas pontes, e
Blumenau conhecida como "Cidade Jardim" foi ajardinada, sendo
construídas as praças, "Juscelino Kubitschek de Oliveira" na Prainha
(Beira-Rio), "Getúlio Vargas" no Garcia, "Martinho Cardoso da
Veiga" na rua Sete de Setembro e Antônio da Veiga e "Ralf
Fuhrmann" na rua São Paulo.
Em fevereiro de 1977 foi criada a Assessoria Especial do Meio
Ambiente, primeiro órgão municipal de controle ambiental de Santa
Catarina. O SAMAE aumentou a rede de abastecimento de água. Foi
dado todo o apoio a SEBES - Serviço de Bem Estar Social, com
ampliação e implantação de novos centros sociais e creches com
médicos especializados, inclusive em Vila Itoupava.
Foi dado estímulo ao pequeno produtor e no seu governo, em 13
de fevereiro de 1981, o colono blumenauense Oswaldo Metzger de
Fortaleza foi premiado pelo INCRA com um cheque de trinta mil
cruzeiros e uma medalha por ter alcançado em Santa Catarina um dos
melhores índices de produtividade (milho, feijão e arroz). Metzger
compareceu ao Palácio do Governo em Florianópolis. Incentivos
foram dados para a instalação de novas empresas com doação de áreas
164
de terras e seviços para obras de infra-estrutura, sendo ainda
concedidas isenções tributárias.
Na administração de Renato de Mello Vianna e Ramiro Ruediger
foi criada em junho de 1978 a Galeria Municipal de Artes, e em julho
começou a funcionar a Biblioteca Ambulante. Foram concedidas
bolsas de estudos e novas salas de aula foram implantadas. No dia 8
de março de 1979, foi inaugurado o Centro de Formação Profissional
do SENAC, denominado "Carl Heinz Buechler", na Ponta Aguda. Na
rua ltajaí foi recuperado o prédio onde funciona o Museu de Ecologia
"Fritz Mueller" e inaugurado em 3 de setembro de 1979 o Teatro de
Bolso "Professor Rodolfo Gerlach", localizado na antiga escola
municipal "Vidal Ramos".
Grandes eventos culturais realizaram-se em sua administração,
entre eles, no dia 23 de junho de 1979, o Primeiro Encontro ce
Orquestras no Teatro "Carlos Gomes" com a participação de
orquestras de Joinville, Joaçaba, São Bento do Sul, Florianópolis e
Blumenau, que no final do encontro apresentaram em conjunto (140
músicos) o Hino do Estado de Santa Catarina e a "Suíte" de Handel.
Também realizou-se o I Festival de Corais Infantis no Centro Cultural
"25 de Julho", o I Concurso de Coreografias de Blumenau,
organizado pelo "Studium Dança" com danças modernas, ballet
clássico, jazz e folclore, no Teatro "Carlos Gomes" e o I Salão
Blumenauense da Criança em I° de outubro de 1982.
No dia 4 de fevereiro de 1980, primeiro centenário de
emancipação política de Blumenau, foi inaugurada junto ao Mausoléu
"Dr. Hermann Blumenau" a lápide com a inscrição - "À secular
maioridade política do povo blumenauense 4-2-1980". Em 1981, o
Mausoléu "Dr. Hermann Blumenau" foi visitado oficialmente pelo
Presidente da República Federal da Alemanha, Professor Karl
Carstens.
Pela Lei Municipal n? 2.555 de 22 de maio de 1980 foi criado o
Conselho Municipal de Cultura que foi empossado em julho de 1981
pelo Prefeito Renato de Mello Vianna com os seguites conselheiros:
Frei Odorico Durieux, Enéas Athanázio, Lindolf Bell, Vilson do
Nascimento, Roberto Saut, Guido Heuer, Maria Beatriz Niemeyer,
Edith Kormann, Neide Coelho Pereira, Carlos Goffergé, Lauro Bacca,
Bráulio M. Schloegel, Clothar Schroetter, Alceu Longo, Nestor S.
Heusi, Suely Petry e Oldemar Olsen Jr.
Em 1980, Blumenau foi destaque turístico, sendo criada pela Lei
n° 2.646 a Secretaria Municipal de Turismo.
165
 Nessa administração foi inaugurado, com a presença do
Governador do Estado, o trecho asfaltado da Rodovia Blumenau-Vila
Itoupava na Rodovia SC-474 Blumenau - Guaramirim, e no mesmo
dia, 23 de dezembro de 1979, a Rodovia SC-4 18 ligando a BR-470 a
cidade de Pomerode. No dia 15 de março de 1981, foi inaugurada a
Rodovia SC-413-474, ligando Blumenau a Guaramirim.
Nesta gestão, entre outras associações, registraram Estatutos:
Associação dos Professores da Rede Municipal de Ensino de
Blumenau em 18 de outubro de 1978; o PX Clube Vale do Itajaí-
Clube dos Operadores de Rádio Faixa do Cidadão em IOde março de
1979; Clube de Rádio-amadores de Blumenau em 6 de março de
1980; Associação de Cultura Franco-Brasileira de Blumenau em 21
de agosto de 1980; a Associação de Senhoras de Rotarianos de
Blumenau - Casa da Amizade em 14 de setembro de 1981 e a Câmara
Júnior de Blumenau em 20 de setembro de 1982.
Nesta gestão atuaram os vereadores: Alberto Liesenberg, Aldir
Thomsen, Almerindo Brancher, Aparecido Marchiori,' Antônio
Tillmann, Beno Frederico Weiers, Carlos Braga Mueller, Fausto
Schmidt, Friedel Schipmann, Hasso Rolf Mueller, Ingo Stein, Jair
Girardi, Manoel Vitor Gonçalves, Maria do Carmo Carl, Nelson João
de Souza, Rodolfo Sestrem e Valério José Steil.
No dia IOde fevereiro de 1983, assumiu o executivo municipal
de Blumenau, Dalto dos Reis, juntamente com o Vice-Prefeito Paulo
Oscar Baier e os vereadore: Aguinaldo Schaefer, Antônio Tillmann,
Augusto Cesar Vianna, Beno Frederico Weiers, Frederico Dix,
Haroldo Bachmann, Hasso Rolf Mueller, Ingo Stein, Ivo Hadlich,
João Bertoldo Petry, José Anolácio Biz, José Cândido Pacheco,
Lothar Stein, Manoel da Luz Rampeloti, Márcio Cesar Cani, Maria do
Carmo Carl, Nelson João de Sousa, Osni José Lenzi, Sido Stribel,
Victório Pfiffer e Wilson Rogério Wan-Dall.
Na sua gestão, Blumenau foi assolada pelas duas maiores
enchentes da sua história (1983 e 1984). Dalto dos Reis deu
continuidade às obras de seu antecessor, entretanto foi o Turismo que
mereceu a sua atenção, sendo a periferia e outras obras relegadas a
plano secundário. Na sua administração foi realizada no dia 20 de
julho de 1984 a I Festa do Imigrante Alemão na PROEB com
apresentação de grupos folclóricos, exposição de carros antigos,
exposição e venda de produtos artesanais e culinários da região e
outras atrações sendo a IV festa realizada em IOde julho de 1987 com
.
166
a presença de Juta Blumenau, bisneta do fundador da cidade, em
companhia da mãe e do marido.
Além de implantar a "Oktoberfest" que careia para Blumenau
grande público que durante 17 dias, segundo as estatísticas
publicadas, o consumo de cerveja é o ponto alto, implantou na Praça
Governador "Hercílio Luz", patrimônio histórico, o Jardim da Cerveja
(Biergarten).
No seu governo, entre outras associações, registraram Estatutos a
Associação Comercial e Industrial da Micro e Pequena Empresa do
Vale do Itajaí - ACIMPEVI em 31 de maio de 1984, e a Associação
dos Profissionais de Imprensa de Blumenau em 5 de junho de 1984.
No início da Colônia os presidentes da Câmara eram ao mesmo
tempo os chefes do executivo, entretanto nem todos, inclusive
conselheiros e vereadores completaram o seu mandato.
José Henrique Flores Filho, o primeiro presidente da Câmara,
renunciou em 1883, sendo substituído em 1884 por Gustav Salinger.
O Dr. Fritz Mueller que esteve alguns dias à frente do executivo, pois
assumiu em abril, demitindo-se no mesmo mês, foi substituído por
Wilhelm Engelke (1892). Com a criação do município de Indaial e a
anexação de Gaspar ao município de Itajaí perderam o mandato João
Scoz, Aleandro Lenzi e Antônio B. Haendschen que foram
substituídos por Heinrich Miehe, Antônio Schroeder e Heinrich
Grewsmuehl, após eleições realizadas em 1893. Em 1906 faleceu Paul
Schwartzer que foi substituído por Bruno Wehmuth, sendo eleito para
vice-presidente da Câmara Louis Abry. A partir de 1903, as sessões
na Câmara passaram a ser secretariadas por Conselheiros. O
Superintendente Paul Zimmermann não terminou o seu terceiro
mandato por falecimento (1923), sendo substituído interinamente por
Kurt Hering que foi eleito para completar o mandato. Kurt Hering na
sua gestão foi substituído po Reinhold Anton e Ernst Baumann. No
período ditatorial de 1937 a 1947, não houve Conselheiros. No
período de 1947 a 1951, o vereador Antônio Cândido de Figueiredo
renunciou, sendo substituído por Gerhard Carlos Neufert, que perdeu
o mandato para Waldemar Selke em conseqüência de um mandado de
segurança. Waldemar Selke renunciou sendo substituído por Siegfried
Hoeltgebaum. O Prefeito Hercílio Deeke renunciou em janeiro de
1951 para assumir o mandato de Deputado Federal, sendo substituído
por Gerhard Carlos Neufert que completou o mandato. A Câmara
Municipal que iniciou o mandato em 31 de janeiro de 1955 atuou até
31 de janeiro de 1959, e a instalada em 31 de janeiro de 1959 até 31
167
de janeiro de 1963, e esta até 31 de janeiro de 1967. Alfonso de
Oliveira substituiu o vereador Carlos Curt Zadrozny que assumiu o
cargo de Prefeito Municipal em 31 de janeiro de 1966 para o qual foi
eleito em 3 de outubro de 1965. A Câmara Municipal nesse período
atuou de 31 de janeiro de 1967 até 31 de janeiro de 1970. Os
vereadores Manoel Vitor Gonçalves e Nelson Tófano, eleitos
deputados estaduais e que atuaram na gestão de Evelásio Vieira de 31
de janeiro de 1970 até 31 de janeiro de 1973, foram substituídos por
Arnaldo Veiga e Laércio Moritz respectivamente, enquanto o
vereador Vitor Fernando Sasse, convidado pelo Governador Colombo
Machado Salles para um cargo no governo foi substituído por Mário
Manzke. Com a redução de edis à Câmara Municipal, Nelson João de
Souza e logo Stein perderam o mandato, porém com a eleição de
Wilson Rogério Wan-Dall para Deputado Estadual, logo Stein voltou
a atuar na Câmara de Vereadores.
o VALE DO GARCIA
O vale do GARCIA deve seu nome a vários moradores que por
volta de 1846, e talvez antes, habitaram as margens do rio Camboriu
(Camboriu) que era conhecido por rio do "Garcia", requereram terras
e vieram morar nas imediações do ribeirão que cruza a Rua 15 de
Novembro de Blumenau, ficando conhecidos por gente do Garcia.
Sobre o ribeirão Garcia no dia 23 de março de 1882, com a
presença do Vice-Presidente da Província foi inaugurada uma ponte
de madeira que foi substituída por uma ponte de ferro no governo do
Superintendente Dr. José Bonifácio da Cunha, que contou com o
apoio do Dr. Felipe Schmidt. Os trabalhos iniciados em meados de
1900, progrediram bastante até 1901, quando foram suspensos. Uma
nota no "Blumenauer Zeitung" de 6 de julho de 1901, informava que
o Governo do Estado, após o seu regresso de Blumenau, ordenou ao
Inspetor Geral das Obras Públicas a continuar as obras da ponte sobre
o ribeirão Garcia, liberando a verba de dois contos de réis mensais ao
engenheiro que projetou e construiu a ponte, Heirinch Krohberger. A
estrutura metálica para a ponte do Garcia chegou ao porto de São
Francisco do Sul pelo vapor "Heidelberg", em outubro de 1905, e de
lá embarcada no iate "Gertrudes" para trazê-Ia diretamente a
Blumenau. Apesar do Estado ter solicitado e obtido do Ministério da
Fazenda, isenção do imposto para o material da ponte, houve
problemas referentes à taxas alfandegárias. O iate "Gertrudes" ficou
<
168
retido no porto de São Francisco do Sul por duas semanas até que a
alfândega liberasse a partida, implicando em despesas de transporte,
apesar de o Governo do Estado ter requerido em tempo hábil a
isenção. Na época, houve troca de telegramas entre o Rio,
Florianópolis, Blumenau, Itajaí e São Francisco para liberar o iate.
Em 1903, os trabalhos foram reiniciados e no dia 3 de junho de 1906,
a ponte foi inaugurada com a presença do Governador do Estado
Pereira Oliveira, Karl Hoepke, Germano Wendhausen, Lebon Régis,
Santos Lostada e outros. A ponte tinha 29 metros de vão e pesava
65.000 quilos. A altura com nível de água normal era de 12,80m;
largura 9m e largura para pedestre 1,30. O comprimento da amurada
era de 15 metros. Sua construção levou 74 meses.
A água potável em Blumenau sempre foi problema e as águas
límpidas do Garcia levaram o Superintendente Alwin Schrader, em
atendimento a uma resolução do Conselho Municipal, em dezembro
de 1907, comprar a cascata de Jansen no Garcia. Também o professor
Rudolf Hollenweger, cidadão benemérito pelos trabalhos realizados,
enviou em 1930, à Prefeitura Municipal de Blumenau um relatório em
que dizia ser o "manancial das cabeceiras do ribeirão Garcia-Jordan, a
maneira mais viável de dotar a cidade de Blumenau com água
potável".
As minas de chumbo do Ribeirão da Prata, afluente do Ribeirão
Garcia, foi o maior empreendimento mineiro em todo o Vale do ltajaí.
Apesar do nome "prata", tratava-se na realidade de minério de
chumbo, cobre e outros metais inclusive ouro em pequena quantidade.
Segundo o professor Hollenweger, num artigo publicado em 19] 6, no
"Mitteilung" sobre o Vale do Garcia, o primeiro a procurar ouro nas
cabeceiras do Garcia e o encontrou foi um inglês por volta de 1830. O
inglês trouxe alguns batedores e um negro de ]5 anos que comprara
num mercado de cativos no Rio de Janeiro. Os mineradores foram
hostilizados pelos indígenas que infestavam as matas, recuando até
Gamba onde encontraram pedras que continham prata. Foram
afugentados pelos indígenas que feriram alguns mineiros. Depois de
quarenta anos, o escravo negro, já alforriado, voltou às minas, onde
construiu um rancho de palmitos. No local, o inglês havia plantado
alguns pés de laranja e marmelos e o negro plantou ainda outras
árvores frutíferas, voltando de vez em quando do trabalho com um
dedal cheio de pepitas de ouro. Mais tarde o negro vendeu as minas,
porém os novos proprietários não ficaram muito tempo e as minas
ficaram abandonadas por muitos anos.
169
 Friedrich Deeke, comandante do grupo de batedores que
protegiam a Colônia contra os ataques indígenas, numa de suas
incursões pelo Garcia, descobriu vestígios de minério que pensou ser
prata, despertando muitos projetos e ambições, porém, as matas do
Garcia continuaram por muitos anos em primitivo abandono.
Por volta de 1896, uma sociedade de argentinos e espanhóis
obteve a concessão de três mil hectares da região que foram
demarcados para explorar o minério que já tinham mandado analisar.
A firma funcionou com o nome de Cortada & Cia. e deu início à
instalação da maquinaria necessária, quando concluíram que a
exploração do minério era antieconômica devido à reduzida
capacidade das jazidas e retratação dos financiadores, abandonando o
projeto.
Com a finalidade de contribuir para o progresso do município,
quando em toda parte ansiava-se pelo desenvolvimento em todas as
atividades, alguns blumenauenses, entre eles o Cônsul Otto Rohkohl
que adquiriu as terras do Ribeirão da Prata, principalmente por ter
sido informado de novos depósitos de minérios descobertos no
ribeirão mais acima e que mandou examinar.
Do exame do minério participou o engenheiro de minas Pedro
Hermann, único filho homen do Doutor Blumenau. Nas duas cartas de
Pedro Hermann, dirigidas a Viktor Gaertner, datadas de junho e
outubro de 1913, na primeira, Pedro Hermann acusava o recebimento
das amostras de minério, lamentando que a análise das mesmas
revelasse tratar-se de quartzito com aspersões de cascalho sulfuroso;
na segunda carta, Pedro Hermann falava da visita que Otto Rohkohl
lhe fizera na Alemanha e que conversaram sobre as minas do Garcia,
desejando êxito nos contatos feitos na Alemanha e que auxiliaria
Rohkohl na medida do possível depois de examinar os minérios e
planos para o aproveitamento e, se fosse necessário viria a Blumenau
para examinar "in loco" a situação. Rohkohl esteve na Alemanha em
1911, e além de mandar analisar as amostras tentou interessar capitais
no investimento. Na ocasião, Rohkohl acertou a vinda de Pedro
Hermann para Blumenau, que aqui esteve realizando estudos técnicos,
concluindo ser o minério de aproveitamento industrial, pois continha
além de boa percentagem de chumbo, prata, cobre, enxofre e zinco. O
resultado dos exames do minério deram início aos trabalhos de
exploração e aproveitamento, sendo cavados três túneis na rocha
seguindo os veios mais ricos. Foram construídos depósitos para o
material bruto, moinho e um pequeno forno para fundição.
170
O engenheiro Hugo von Moers fez novas prospeções e medições
dos terrenos. O engenheiro Kerschbaumer 'que trabalhara nas Colônias
Germânicas do Sudeste Africano, também realizou prospeções das
minas e achou o trabalho difícil pela irregularidade do terreno e
densas florestas. Também fez levantamento das minas, o geólogo
Heinrich Lotz, que veio durante a Primeira Guerra, atestando tratar-se
de veios de quartzo de cerca de 40 metros de largura e 50 quilômetros
de profundidade mais ou menos e rico em substâncias metálicas. Para
facilitar o transporte do minério, no dia 11 de janeiro de 1913,
Rohkohl requereu autorização à Câmara Municipal para construir uma
linha aérea em que por meio de cabos de arame estendidos sobre
postes e por caçambas suspensas, o minério bruto seria transportado
da mina até o porto de Blumenau, porém o minério foi beneficiado na
jazida devido ao alto custo do projeto de transporte, apesar da
autorização da Câmara Municipal.
Após a Primeira Guerra, "Hugo Stines", grande empresa alemã
de mineração mandou para Blumenau o engenheiro de minas Dr.
Vogel que estudou a qualidade do minério e do aproveitamento
industrial. Ninguém soube do relatório sobre a jazida, porém o Dr.
Vogel resolveu ficar em Blumenau, construíndo sua casa no Garcia
nas imediações da Rua Engenheiro Odebrecht. O nome Ribeirão
Vogel, um afluente da margem direita do Ribeirão Garcia, provém do
engenheiro de minas Dr. Vogel. A crise na indústria carvoeira da
Europa levou a firma "Hugo Stines" à falência e morte do chefe.
Algum tempo depois também o Dr. Vogel faleceu de desgosto. Os
seviços para exploração industrial do minério continuaram sob a
direção de Kirschbaumer e Otto Schlemm, este como gerente
comercial. Na ocasião chegaram a fundir o chumbo em barras para a
comercialização. A extração era antieconômica pois a aparelhagem
mal servia para o aproveitamento do chumbo, perdendo-se o enxofre,
cobre, zinco e prata. Para fazê-Ia funcionar em nível de grande
empreendimento era necessário grande capital e Rohkohl
desinteressou-se da mineração já que se envolvera em outras funções
como a direção da Empresa Força e Luz de Santa Catarina.
O tempo e também o roubo se encarregaram de fazer desaparecer
o que foi construído com trabalho e vultosas somas de dinheiro.
A distância que separava os primeiros colonizadores do vale do
Garcia não impedia que os mesmos se reunissem, geralmente em fins
de semana, e se manifestassem artisticamente através do canto coral.
171
r
Em 1873, um coral com o nome de Mãnner Chor Garcia I,
participou dos dez anos de fundação da Sociedade de Canto
"Germânia", fundada pelo Pastor Hesse, e é provável que esse coral
seja a continuidade do "Gesangverein Sãngerbund Garcia",
fundado em IOde agosto de 1865, com sede na propriedade de
Johann Georg Gauche pelos moradores locais: Otto Schurt, Ernst
Ehrhard, August Vogel, August Sandner, Christian Imroth, Jakob
Grâser, August Sutter, Philipp Heringer, Albert Bãhr, Christof
Mueller, Franz Mathias, Benz, Johan Georg Gauche, Carl Kühne,
Michel Diehm, tendo Hermann Ruediger como dirigente. Mais tarde
asociaram-se Valentin e Hierônimus, irmãos de August Vogel.
Quando Hermann Ruediger mudou-se do Garcia, assumiu a direção
do coral Julius Klueger, que transferiu os ensaios para a propriedade
de Heinrich Koth, pois em época de chuva a rua de acesso à
propriedade de Gauche era impossível. Em 1887, Julius Klueger,
ainda jovem, faleceu repentinamente. Nesse ínterim, o local onde os
associados se reuniam foi transferido para a propriedade de Jakob
Schmitt, mais tarde filial da Casa Sachtleben, onde nas imediações a
maioria dos sócios ativos tinham suas propriedades. Com a morte de
Julius Klueger, August Sandner assumiu a direção da sociedade
utilizando-se da clarineta para os ensaios, causando dificuldades aos
cantores habituados a ensaiar com o violino. Com o professor
Friedrich G. Alfarth como dirigente, a sociedade renasceu atingindo
um elevado nível pelos anos afora. Apesar dos esforços dos
associados, o "Sãngerbund", com a morte dos mais velhos, paralisou
suas atividades.
O coral fundado com o nome de "Mãnner Chor Garcia I", em 10
de junho de 1911, e que registrou seus Estatutos em IOde março de
1913, era remanescente do coral que participou do décimo aniversário
da fundação da Sociedade de Canto "Germânia" em 1873. O coral
funcionou por muitos anos na Sociedade de Atiradores sediada no
salão Hinkeldey, participando de todas as festas de cantores
promovidas pelo "Sãngerbund ltajahytal". Com os dizeres - "A união
faz a força" - o "Mãnner Chor Garcia I" festejou seu terceiro
aniversário em 27 de junho de 1914, com a participação dos corais
mistos "Harmonie" e "Garcia II", apresentando números de canto
pelos corais e "couplets" por Karl Kleine, Pabst e Etel. A inauguração
da bandeira ocorreu no dia 5 de novembro de 1916, no salão
Hinkeldey. As promoções artísticas eram freqüentes, entre elas, no dia
17 de setembro de 1921, a noite de arte apresentou na primeira parte a
172
peça teatral, "Oh! estes choferes", na segunda, números de canto e na
terceira a peça teatral "Pedro Malasarte". Com Hinkeldey como
presidente e Franz Baumgart, dirigente do coral, nos festejos de 21 de
julho de 1931, a programação incluiu a bela canção "Am Brunnen vor
dem Thore" e a comédia "Stiftungsfest" interpretada pelos casais
Huber, Wünsch e Hânnig e encerrada com um solo por Wünsch. Em
1932, o "Mãnner Chor Garcia I", a "Musikkapelle Garcia" e o
"Schuetzenverein General Osório" promoveram no dia 6 de fevereiro
o "Kostümfest" com o nome de "Sétimo Céu", abrilhantada pela
Orquestra Seelbach e a Musikkapelle Garcia; no local foi servido
churrasco e no dia 7, realizado baile público. Para as crianças foram
realizadas atrações especiais a partir das 15 horas. Com grandes
festividades o "Mânner Chor Garcia I" sediou no dia IOde maio de
1927, o "Bundessaengerfest". No encontro de cantores promovido no
salão Hinkeldey, pelo "Mânner Chor Garcia I", o Club Musical
Garcia, abrilhantou os festejos, usando da palavra o Dr. Hans Pape. O
evento aconteceu no dia 27 de novembro de 1932, e contou com a
participação da Sociedade de Canto Concórdia de Blumenau sob a
regência de Ruhn, e Itoupava Rega sob a regência da Senhora Dreer.
O "Liederkranz" de Blumenau sob a regência de Heinz Geyer
apresentou a "Dança das Armas" (Waffentanz) de Kouradin Kreutzer.
No final foi realizado baile no salão Hinkeldey. De Gaspar
apareceram representantes. Em 3 de maio de 1936, o "Mãnner Chor
Garcia I" festejou seu 25 aniversário com encontro de cantores. As
0
belas promoções cessaram com a "nacionalização". No dia 4 de
agosto de 1939, o "Der Urwaldsbote" publicou os Estatutos do
"Mãnner Chor Garcia I", como "Sociedade de Cantores do Garcia",
e conforme a ata de 15 de agosto de 1938, publicada em 27 de julho
de 1939, assinada por Max Pagel, presidente, Oswaldo Huewes,
secretário e Alfredo Olegário, tesoureiro, o objetivo da sociedade era -
"cultivar a arte do canto entre associados e promover bailes e outros
divertimentos". Registrou seus Estatutos em Cartório no dia 5 de
janeiro de 1939.
No dia 30 de maio de 1880, foi fundada a primeira Sociedade de
Atiradores no Garcia, chamada de "Garcia Jordan", hoje
denominada Clube Social e Recreativo Caça e Tiro Garcia Jordão,
localizada no Alto Garcia. Foram fundadores, Carl Heringer, Ernst
Schreiber, Michel Dihm, Eduard Faht, Carl Strutz e Julius Herz. A
primeira festa foi realizada no dia 20 de maio de 1881, e até a
presente data conserva a tradição herdada dos seus antepassados
173
 através das festas de "rei" e "rainha", apesar das interrupções entre os
dois grandes conflitos mudiais e a nacionalização. Participam do
Torneio Municipal de Atiradores e dos festejos de aniversário da
cidade.
Anos mais tarde foi fundada a segunda Sociedade de Atiradores
que publicou seus Estatutos no dia 2 de julho de 1922 e os registrou
em Cartório no dia 9 de agosto de 1922, com o nome de Sociedade de
.Atiradores "General Osório"-Garcia, que funcionava no salão
Hinkeldey. Assinaram os Estatutos a diretoria integrada por Hermann
Schreiber, presidente; Gustav Seiler, vice-presidente; Walter
Schneider, secretário; Max Hadlich, substituto; Heinrich Schreiber,
tesoureiro e Rudolf Hollenweger, capitão. A divisa da sociedade era -
"para a Pátria exercite vista e mão". Cessou suas atividades durante a
nacionalização.
Com a implantação da Empresa Industrial Garcia, o Vale do
Garcia tomou-se o bairro de maior densidade populacional de
Blumenau, atraindo . levas de imigrantes à procura de trabalho,
cabendo a estes, com o decorrer dos anos, uma mudança estrutural
nos costumes locais. Bairro operário, por excelência, formou várias
associações, entre elas, a Banda Musical da Empresa Industrial
Garcia, integrada por operários, e que nos dias 5 e 6 de setembro de
1931, festejou seu 25° aniversário no salão Hinkeldey. O evento teve
grande repercussão, pois na abertura das festividades, a banda foi
homenageada com um dobrado executado pela Banda do 55° B. C.
Para propiciar a tranqüilidade aos operários e familiares foi
fundada no dia 19 de agosto de 1919, a "União de Operários" que
tinha como objetivo - "cuidar e desenvolver os interesses econôrnicos
e materiais dos associados, auxiliá-los em casos de doenças,
desemprego, desastre e morte".
A partir de 1932, o Garcia contou com o "Amazonas Esporte
Clube", que foi inaugurado no dia 3 de abril de 1932, ocasião em que
a Banda da Empresa Industrial Garcia apresentou o "Zapfenstreich"
(retretaj.A marcha festiva partiu do salão Hinkeldey até o local a ser
inaugurado. Às oito horas da manhã, hasteamento da bandeira e
inauguração do local de esportes. Às nove horas, jogos para a
juventude pelos alunos da Escola Garcia I, sob a regência do
professor Hollenweger. Foram realizadas corridas competitivas de
100, 200 e 600 metros, corridas com agulha, ovo, saco e panela. Aos
vencedores foram distribuídas medalhas. Às treze horas, foram
disputadas partidas de futebol entre os clubes: grupo A - Brasil,
174
Blumenauense, Bom Retiro e Amazonas; grupo B - Vitória,
Fluminense, Garciense e Amazonas. O jogo foi cronometrado por G.
WiIlecke. No local houve churrascada, bebidas, rifas, café e cuca.
Registrou seus Estatutos em 8 de maio de 1953.
Além do Amazonas Esporte Clube, no dia 26 de outubro de
1944, o Garcia controu com o "Clube Atlético Operário", que
publicou seus Estatutos no jornal "A Nação" de 24 de janeiro de
1945, assinados por Alfredo Benthien, Henrique Reif, Osmarino da
Silva, Guido A. da Silva, Luiz Amaral, Ignácio Borges, Helio Mello e
José dos Santos. Funcionaram também com Estatutos registrados em
26 de abril de 1920, o "Club Musical Glória" e em 6 de agosto de
1942, a "Sociedade Esportiva Glória".
Na época, o salão mais requisitado do Garcia era o Hinkeldey,
onde a Sociedade Evangélica de Senhoras do Garcia realizava suas
festas natalinas com canções, mangedouras, anões, peças teatrais e
outras atrações. Hinkeldey tinha em anexo, no outro lado da rua, um
jardim com pista de dança, que foi inaugurado no dia 21 de novembro
de 1928, com a participação da orquestra de cordas "Ideal", regida por
Franz Baumgart.
A Sociedade Evangélica de Senhoras do Garcia inaugurou no dia
21 de maio de 1933, sua sede social com casa para irmãs. Por
proposta do vereador Vitório Pfiffer, no dia 7 de julho de 1961, a
diaconisa Martha Elisabeth Kunzmann da Comunidade Evangélica de
Blumenau, da congregação de Witten - Alemanha, que inicialmente
atuara como parteira no Johannastift, recebeu diploma de "Cidadã
Blumenauense" pelos seus 26 anos dedicados à Casa Comunal do
Garcia, tendo atendido mais de três mil parturientes.
Com a nacionalização, as associações, principalmente as
artísticas que envolviam a utilização do idioma alemão e que não se
adaptaram às exigências impostas, silenciaram.
Em 1950, mais uma sociedade foi acrescentada às já existentes
no Garcia, é a Sociedade Recreativa e Desportiva Centenário.
Em novembro de 1949, Johann Iten construiu em sua
propriedade um prédio e liderou um grupo que decidiu realizar um
baile para angariar fundos e formar uma sociedade. O baile foi
abrilhantado pelo conjunto Gauche e rendeu dois mil cruzeiros que
foram depositados para a futura sociedade que foi fundada no dia 8 de
janeiro de 1950. Da assembléia de constituição da sociedade, que foi
realizada no salão de propriedade de Johann Iten, participaram 47
associados: Francisco Klitzke, Fritz Hochleitner, Roland Missfeldt,
175
Nélio da Silva Fontanela, Alfredo Olegário, Oswaldo Huewes, Gustav
Maas, Oscar Lindner, Armando Silva, Otto Freygand, Athanásio
Moritz, Johann Iten, Júlio Iten, Johann Magnus Iten, Djalma
Fontanela da Silva, Ingo Bugmann, João Heiden, Edgar Gauche,
Gustavo Seiler, Rodolfo Roepcke, Vitório Moritz, Gustavo Oberg,
João Schmidt, Elicindo Cunha, Pedro Machado, Agenor do Amaral,
Júlio Koch, Erich Moritz, Edmundo Fritz Anton, Arthur Martendal,
Alfredo Gonçalves da Luz, Roberto Geraldo Laeske, Gustavo Maas
Jr., Waldemar Rudolf, Arthur Panini, Ingo Schmidt, Denery de
Castro, Carlos Olegário, Alberto de Oliveira, Erich Rosumeck,
Marcos Moritz, Porfírio da Cruz, Alberto Hiemisch, Walter
Kummerloewe, Bernhard Enns, Walter Menke Sr., Amoldo Gauche
Jr. O primeiro presidente foi Francisco Klitzke. Na gestão de
Christiano Theiss, os associados resolveram construir a sede social
em outro local, e em maio de 1953, adquiriram numa elevação às
margens do ribeirão Garcia, uma área de terras de 4.159,70 metros
quadrados. O terreno era muito acidentado e necessitou de grande
movimentação de barro e Christiano Theiss, na ocasião, foi taxado de
louco. Atualmente a área do terreno é de 16.299,43 metros quadrados
e plana. A área construída é de 3.868,71 metros quadrados. A sede
social foi inaugurada em 1967 com baile e o amplo salão possui um
palco. Em seguida foi inaugurada a cancha de boião. Os Estatutos
foram aprovados e elaborados na gestão de Johann Iten em assembléia
geral extraordinária realizada no dia 7 de maio de 1959, publicados no
Diário Oficial do Estado de Santa Catarina n? 6.462 de 11112/1959 e
registrados no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas de
Blumenau, no livro A-6, fls. 609, n? 465 em 10/211960.Os objetivos
da sociedade, segundo os Estatutos, é o desenvolvimento do boião, a
prática do esporte educativo, a promoção de reuniões e diversões de
caráter desportivo, cívico, recreativo e cultural. A Sociedade possui
cancha de boIão, bocha e piscina. Promove bailes sociais que são
marcados com mais ou menos dois meses de antecedência. Também
promove bailes públicos, desfiles de modas e apresentações artísticas.
Presidiram a sociedade Francisco Klitzke, Armando Silva, Christiano
Theiss, Julio Koch, Augusto Zen, Hilberto Zendron, Johann Iten,
Victor Iten, Gerhard Schmidt, Osmar Benvenutti, Valério José Steil,
Nélio da Silva FontaneIIa, Perpheto Cechet, Frederico Mathias
Huscher, este último dirige a sociedade por dez anos consecutivos,
com inestimáveis serviços prestados à sociedade, inclusive sua
esposa.
176
O incentivo dos poderes governamentais aos Clubes de Caça e
Tiro do Vale do Itajaí, colaborou para que no vale do Garcia, no dia
27 de fevereiro de 1977, mais uma sociedade se constituísse. A
Sociedade Esportiva Horizonte foi fundada por David de Oliveira,
Natalício Pfiffer, João Heinzen, João Orlando Leite, Pedro de
Oliveira, Djalma Nicocelli, Ernesno Packer, Francisco Carlos Reis e
Rolando da Silva. A primeira diretoria foi eleita no dia 20 de outubro
de 1977 e foi constituída por João A. Heinzen, presidente; João
Orlando Leite, vice-presidente; Gilberto Pfiffer, 1° secretário; Célio
C. Rebelo, 2° secretário; Antônio Santos, 1° tesoureiro; Otávio Leite,
2° tesoureiro; Francisco Carlos Reis, diretor esportivo; Natalício J.
Pfiffer, diretor social; conselheiros: José F. da Costa e José A.
Schlichting. Iniciou suas atividades com futebol de campo. Funciona
ainda a bocha, o vôlei e o tiro ao alvo que começou em 1978. A sede
social está situada na Rua Belo Horizonte.
Destaca-se no Garcia, o 23° B. I. ( ex 32° B. C.) que chegou a
Blumenau no dia 11 de abril de 1939 e que inaugurou suas instalações
no dia 24 de maio de 1940.
No dia 26 de julho de 1939, os sub-oficiais e sargentos do então
32° B. C. fundaram o Nacionalista Esporte Clube e em dezembro de
1960, o Grêmio dos Subtenentes e Sargentos da Guarnição de
Blumenau que registrou seus Estatutos no dia 3 de outubro de 1964.
Mais tarde o Grêmio aparece como "Sociedade Beneficente de Sub-
tenentes e Sargentos de Blumenau". Após fundada, a sociedade
adquiriu o terreno ao lado do Quartel para a construção da sua sede
que é aberta à Comunidade. No dia 26 de abril de 1984, a sociedade
inaugurou o seu moderno Ginásio de Esportes, formando também, em
30 de novembro de 1985, o Grupo de Escoteiros "Arauque", filiado à
sociedade.
De renome internacional, a Artex, fundada no dia 23 de maio de
1936, por Theophilo B. Zadroznye Otto Huber, incorporou em 1974,
a Empresa Industrial Garcia, que teve sua origem no moinho e
engenho de serrar madeiras instalado em 1860 por Heinrich
Grewsmuehl, transformada em 1884 em tecelagem e tinturaria do
Garcia por Gustav Roeder, ex-sócio da Karsten.
Ao completar vinte e cinco anos de funcionamento, a "Artex"
entre outras festividades, prestou significativa homenagem a Teophilo
B. Zadrozny, porém no seu jubileu de ouro, promoveu grandes
festividades inaugurando uma exposição de artes plásticas, na qual
foram expostos trabalhos de funcionários da empresa, porém o ponto
177
alto dos festejos foi a inauguração do "MUSEU ARTEX", onde foi
exposto farto documentário, visando a reconstituição histórica da
empresa.
Num sólido edifício de alvenaria com a área interna de 368
metros quadrados, rebocado e pintado de branco, com tijolos a vista
nas paredes externas, pois na restauração foram mantidas as
características originais, está instalado o "MUSEU ARTEX", prédio
que foi construído para abrigar os primeiros teares e artesãos. No piso
aparecem as marcas deixadas pelos velhos teares. A instalação
elétrica e as luminárias são idênticas às da época e a grande porta de
entrada, as janelas e o forro são os mesmos de 1936. Todas as peças
expostas foram colhidas na própria "Artex" ou doadas por
colaboradores. Nas fotos expostas foram registradas, além do
desenvolvimento físico, fases importantes da vida econôrnica e social,
dos festejos dos 25 anos, as grandes inaugurações, as visitas
importantes e também o grande incêndio de 1964. Constam do acervo
do "MUSEU ARTEX", o tear n? I da fábrica, bem como o FORD-A,
ano de 1929, que servia no combate ao fogo e que pertencera
primitivamente à Empresa Industrial Garcia. Estão expostas balanças,
lanternas, maçaricos, medidores, máquinas de calcular, de
datilografia, instrumentos em desuso, produtos não mais fabricados,
uma coleção dos primeiros produtos fabricados, além de medalhas e
diplomas auferidos pela excelente qualidade dos seus produtos.
O jubileu de ouro da "Artex" foi encerrado com um concerto no
dia 24 de maio, às 20:30 horas, no Teatro "Carlos Gomes", pela
Orquestra de Câmara de Blumenau, sob a regência de Norton
Morozowicz, com obras de Albinoní, Vivaldi, Vila Lobos e Mozart.
Após o concerto foi servido um coquetel aos presentes no salão de
festas do Teatro "Carlos Gomes".
Com a filosofia - "o homem como centro da ação; a empresa
como instrumento de progresso e de bem-estar da nossa gente" - a
Artex registrou em cartório no dia 13 de fevereiro de 1969, a
"Escritura Pública de Dotação de Bens e Instituição da Fundação
Teophilo B. Zadrozny". Em 26 de novembro de 1982, registrou seus
Estatutos a "Associação Artex - Cultural, Social e Esportiva".
Funciona na Artex um curso de artes plásticas com exposição
anual e premiação, uma escolinha de artes para crianças e o grupo de
Escoteiros "Teophilo B. Zadrozny". O Clube de Mães da Artex,
fundado em 1980, promove todos os anos o "Bazar da Primavera"
178
para auxiliar excepcionais. Também funciona esporadicamente um
grupo teatral que muitos louros careou para a Artex.
A parte desportiva, social e recreativa é dotada de instalações
completas e modernas, inclusive de piscina olímpica desde 23 de
maio de 1986. Promove competições esportivas e eventos sociais e
recreativos.
A Artex é - "ao mesmo tempo, um centro de trabalho e uma
extensão da casa de seus fundadores e de seus construtores - os
funcionários" .
Um nome que marcou o Vale do Garcia, foi o do professor
Rudolf Hollenweger, natural da Suíça, que veio para o Brasil em
1908, estabelecendo-se no Garcia Alto, onde exerceu as funções de
professor da Escola Garcia I. Fundou em sua escola o primeiro Clube
Agrícola do Município de Blumenau, e sob o patrocínio do Governo
Municipal escreveu um manual para as escolas primárias do
município com noções de português, alemão, história do Brasil e do
município, geografia, etc. Os seus alunos cantavam, apresentavam e
assistiam a espetáculos de canto e teatro. No dia 5 de novembro de
1921, seus alunos entre outras peças teatrais, apresentaram a peça, "A
expulsão dos Espanhóis do Brasil pelo General Boehme em IOde
abril de 1776". Reativou em 1911 o "Mãnner Chor Garcia I", fundado
em 1873. Foi um dos fundadores da Sociedade de Atiradores General
Osório-Garcia, no dia 2 de julho de 1922, participando da diretoria
como Capitão. Fundou com Johann Iten, Otto Huber, Alfred
Grossweiler e Paul Scheidemantel o "Spitzkopf-Club" Garcia.
Faleceu em Blumenau no dia 2 de fevereiro de 1949.
"SPITZKOPF-CLUB GARCIA"
Por muitos anos o "Spitzkopf'só era conhecido pelo nome, pois
com seus 915 metros de altitude é visto de todos os pontos do norte
catarinense. O "Spitzkopf" foi escalado pela primeira vez por
Friedrich Deeke, experimentado caçador de bugres e batedor de mato,
que lamentavelmente não deixou mapas nem anotações. Emil
Odebrecht e seus homens também escalaram a montanha. As
escalações feitas pelo rio da Prata e pelo local chamado Rússia foram
realizadas não com interesse turístico e sim para demarcar terras e
caçar bugres que atacavam os colonos.
Desde 1881, o "Spitzkopf" atraía o professor Fritz Alfarth do
Garcia-Jordan, que diariamente era saudado pelo mesmo, sendo
179
considerado como um barômetro, pois quando à noite, apresentava
serena e simpática visão, era prenúncio de bom tempo para o dia
seguinte, porém quando se apresentava com nuvens cinzentas podia-
se esperar chuva. Em dias claros apresentava um véu de nevoeiro.
Esses atrativos fizeram com que o "Spitzkopf" suscitasse desejos nas
pessoas de o escalarem. Fritz Alfarth convidou seu vizinho e amigo
Hermann Gauche e na mesma noite expuseram seu plano de escalar o
monte ao velho caçador de bugres, Christian Irnroth, que também
participou da escalada pelo local chamado Rússia, e que se
prontificou em acompanhá-los apesar de não ter nenhuma orientação,
nem mesmo sobre o ribeirão Caeté. Juntou-se ainda ao grupo, Otto
Wehmuth e a escalada foi marcada para um sábado de lua cheia.
No dia 19 de julho de 1890, às 6 horas da manhã, sob um frio
intenso, pois a geada estava espessa, foi iniciada a primeira escalada
turística ao "Spitzkopf". Todos levaram o necessário para dois dias:
roupa de dormir, cobertores de lã, café, laranjas, uma garrafa de água
ardente, uma chaleira, balde para água, lamparina e um pouco de
petróleo. Gauche, inveterado jogador de "skat", levou o baralho para
passar o tempo lá no alto, e os amantes do fumo levaram os seus
charutos. Imroth levou sua gaita de boca e Wehmuth o telescópio da
Sociedade de Atiradores de Blumenau. Cada um levou também o seu
facão. As casas foram ficando para trás, bem como a serraria de Jakob
Schmidt a medida que subiam a montanha, e através da picada dos
caçadores alcançaram o morro das Arapongas. Pouco a pouco a
picada desapareceu e a voz foi: "dois homens na frente para abrir a
picada", enquanto que os outros dois carregariam as mochilas. Apesar
do revezamento entre abrir a picada e carregar as mochilas, a subida
tornou-se lenta, e muitas vezes tiveram que parar para se orientarem, o
que era muito difícil devido à densidade da floresta. Às 11 horas,
sentaram-se numa árvore caída para almoçar e o comentário foi
encontrar um caminho mais curto. A falta de água obrigou-os a
chupar um pedaço de laranja ou comer um pedaço das maçãs azedas.
Finalmente; alcançaram a lombada da montanha que os levaria até ao
cume, dobraram para a direita e atravessaram um faxinaI, onde o
capim cortante tirou praticamente o corte dos facões, tornando a
escalada dificílima. Wehmuth, várias vezes descalçou as longas botas
de montaria, jogou toda a carga ao chão e se estirou no chão ao
comprido, tal a dificuldade em atravessar o local. Pelas três horas da
tarde encontraram um pequeno olho d'água e ninguém acreditava que
chegariam no mesmo dia ao cume do "Spitzkopf". Alfarth foi
180
encarregado de limpar o local e preparar tudo para a construção de um
rancho, enquanto que os demais continuariam abrindo a picada. Em
determinado momento, Alfarth ouviu um ruído estranho, pegou a
arma e ia atirar quando Wehmuth gritou: "Fritz, não atire, sou eu!" e
continuou: "nós chegaremos ainda hoje ao cume, pois já o avistamos,
e agora avante". Logo avistaram os demais que estavam num local
perigoso e estreito da lombada, e onde a floresta era bem mais baixa
(capoeira). Do lado direito tiveram a primeira visão livre do alto, ao
longe a Igreja de Gaspar, o apito do vapor que subia o rio até
Blumenau, e o quadro os deixou entusiasmados. De repente Wehmuth
escorregou e tiveram muito trabalho para puxá-lo e ao descobrirem
que estavam sobre uma grande grota, Wehmuth disse secamente:
"Gente, se eu tivesse caído não me sobraria intacto um só osso". Para
verificar o local onde Wehmuth escorregara todos se deitaram de
barriga para baixo constatando que o local tinha mais ou menos 15
metros de profundidade. A excursão quase teve um fim trágico. As
escoriações na barriga de Wehmuth foram tratadas com cachaça e o
gole depois das ataduras fez a alegria voltar ao grupo. A subida foi
rápida e com forças renovadas alcançaram os conhecidos taboleiros e
ao atravessarem o cortante capim e os bambus, alcançaram a meta
pelas quatro horas da tarde, depois de dez horas de escalada. Tiraram
as mochilas e com as espingardas atiraram em conjunto, porém o tiro
saiu com um estampido fraquíssimo devido a altitude. O panorama
lindíssimo com o cume coberto de capim cortante, ralo, bambus e
faxinaI com menos da altura de um homem. No oeste avistaram o
ribeirão Caeté e o Garcia Alto. Da cidade de Blumenau pouco
avistaram, pois na época havia poucas casas. Ao longe avistaram a
Igreja de Gaspar, o Morro do Cão e o Morro do Baú e ao avistarem
algumas moradas de colonos o coração dos alpinistas bateu mais
forte. Ao longe avistaram uma planície que no crepúsculo parecia ser
de cor verde escura como a mata que circundava a montanha e que foi
confundida com o mar. Uma vista muito bonita foi o Grande Vale das
Itoupavas que se estende até a serra de Jaraguá. Do Rio do Testo e
Timbó, lamentavelmente, a visibilidade não foi boa apesar do mato
espesso permitir vez por outra avistar uma casa habitada. A Igreja de
Indaial também apontou bem como o Encano Alto, porém o que mais
interessou aos excursionistas foi a altitude da serra Geral e que
parecia tão próxima. A acidentada costa marítima, os montes
calcáreos e as conchas comprovam que nos primórdios da terra
estavam cobertos pelo mar. Avistaram também o enorme penhasco da
181
 serra Geral, onde sob o sopé da mesma, os cargueiros subiam até
Curitibanos. Imroth, que por muitos anos trabalhou na trilha dos
cargueiros contou fatos interessantes aos demais. Do próximo Vale da
Velha e do Encano só avistaram roças. Distante e bem visível na
estrada para Aquibadã estava a Cabeça de Bugre. Admiraram os
penhascos altos e vermelhos e o Vale do Rio da Prata que corria
sereno sob seus pés, e longe ao sul as enormes serras azuladas que
pareciam bem mais altas que o "Spitzkopf". Depois desse
reconhecimento juntaram a necessária lenha para o fogo durante a
noite e também para cozinhar. Procuraram um lugar no meio do
bambuzal para se protegerem, pois o frio não impediu que
resolvessem pernoitar no cume, apesar de estarem sujeitos a um
resfriado devido ao vento frio da noite. Depois do jantar viram no
leste apontar a lua que com sua deslumbrante claridade foi um
maravilhoso e inesquecível quadro da natureza. Com moirões
construíram uma tenda onde afixaram três cobertores para se
protegerem do vento, e o quarto cobertor reservaram para aquecer os
pés. Acenderam a lamparina e jogaram "Skat". Inicialmente tentaram
afastar o frio com humor, porém entre 8:20 horas da noite o vento
terra I começou a soprar com força, fato que eles desconheciam,
bateram queixo, admirando-se mais tarde de que nenhum deles tenha
contraído pneumonia, talvez porque na época os moradores eram mais
fortes e menos susceptíveis à enfermidades. De quando em vez, um ou
outro tomava um pouco da cachaça que estava atrás deles, porém,
nada adiantou e às 9 horas encerraram o "skat", pois ninguém podia
segurar as cartas nos dedos enregelados. Enrolados em cobertores
fizeram toda sorte de palhaçadas ao som da harmônica de boca de
Imroth, porém tudo em vão. Recolheram-se então dentro do bambuzal
que os protegeu um pouco mais do frio, porém os que estavam mais
expostos em determinado momento tiveram que trocar de posição
com seus colegas para se aquecerem um pouco. Quando Wehmuth e
hnroth estavam novamente na vez de arrumar os cobertores,
Wehmuth gritou: "Fritz venha, nós vamos voltar ao taboleiro, eu não
suporto mais". Fritz e Gauche se embrenharam mais' fundo com o
cobertor dentro do bambuzal, porém não adormeceram, pois a lua
cheia iluminava diretamente sobre seus rostos. Depois da meia noite
Wehmuth e Imroth voltaram e todos procuraram se aquecer com o
fogo, depois se acomodaram no bambuzal como num casulo. A
conversa parou e o cansaço os fez cair nos braços de "Morpheu". Pela
manhã, Fritz foi o primeiro a acordar e com o resto do petróleo
1<82
acendeu o fogo e logo a água ferveu e o maravilhoso aroma do café
acordou os demais que se aqueceram com o café quente. O horizonte
começou a ficar vermelho e o despontar do sol ninguém queria perder.
A beleza foi indescritível, o que os fez avaliar e entender o culto ao
sol dos povos primitivos, e os excursionistas desejaram que todos os
homens tivessem a felicidade de uma só vez ver o maravilhoso
espetáculo. O que os excursionistas não puderam ver claramente no
crepúsculo do dia anterior foi o mar, que se divisava agora com ondas
brancas enormes como nuvens no céu, do sul para o norte. Um
incêndio visto claramente com o telescópio estimulou a nova
caminhada. O sol subia aquecendo o corpo dos excursionistas e o
telescópio viajava de mão em mão. Quando o vento soprado do mar se
fez presente resolveram encetar a caminhada de volta.
Outros também se aventuraram a subir o "Spitzkopf", geralmente
caçadores. Eduard Faht que com outros abriu uma picada citou
Biereck, Doutor Cunha, Teske, Knoblauch e o Doutor Moeller que
avaliou a altitude do "Spitzkopf" em novecentos metros acima do
nível do mar. Mais tarde o "Spitzkopf" foi escalado por Paul Kegel,
Erich Gaertner, Professor Krueger, Hermann Hering Sr. e Otto
Hosang. Entretanto, a primeira picada que passava pela serraria de
Schadrack às margens do ribeirão Caeté é atribuída ao professor
Werner da Escola Nova que no dia 17 de outubro de 1908, com seus
alunos, escalou o "Spitzkopf". Quando Max Labes requereu as terras
atrás do ribeirão do Ouro abrindo uma picada e alguns intrusos se
instalaram, houve uma tentativa de chegar ao cume, porém, muito
acidentada. Niguém mais se preocupou em procurar outro caminho.
Em 1924, três famílias alemãs se instalaram em terras do "Spitzkopf",
que ainda eram as únicas devolutas na região, e quando uma das
famílias estava em dificuldades resolveram' ajudá-Ia em troca de
trabalho que era abrir uma picada de mais fácil acesso e assim foi
fundado o "Spitzkopf-Club" (Clube da Cabeça Pontuda), no dia 17 de
julho de 1927. Reuniram-se na ocasião os primeiros elementos que
tinham no sangue o alpinismo: Rudolf Hollenweger, professor no
Garcia, Johann Iten, mestre de fiação e Otto Huber, mestre de
tecelagem ambos da Empresa Industrial Garcia, Alfred Grossweiler,
comerciante e Paul Scheidemantel, ferreiro e serralheiro. Na reunião
de fundação foi resolvido entre outros assuntos: a) a construção de um
caminho até o cume do "Spitzkopf" para que pessoas mais idosas
também tivessem acesso; b) em local determinado será construída
uma cabana que ficará à disposição dos associados. O professor
183
Hollewenger que mediu toda a área para o governo e conhecia bem a
região foi encarregado de demarcar o caminho. Todos os fundadores
trabalharam graciosamente. Com Fritz Haase, Hermann e Leopold
Goll, Gustav e Helmut Schwabe foi aberto o picadão até os 915
metros de altitude. Em seguida foram elaborados e registrados os
Estatutos, ficando o "Spitzkopf" como reserva ecológica, sendo
proibida a caça.
ESTATUTOS DO "SPITZKOPF-CLUB GARCIA"
Art. 1°.Nome, fim e sede
Sob o nome de "Spitzkopf-Club Garcia", os abaixo assinados
criaram uma sociedade em dezessete (17) de julho de mil novecentos
e vinte e sete (1927). O fim da sociedade é um fim ideal. Será aberto
no morro acima, que tem uma altura de 915 metros, um picadão que
será conservado aberto e limpo. Em lugar apropriado será construída
uma cabana para preservar os visitantes de intempéries, etc. Será
deste modo dado a particulares, sociedades e escolas a ocasião de
apreciarem o belo panorama do dito morro "Spitzkopf". Os caminhos
de subida ao mesmo são particulares. O dito Club tem a sua sede na
povoação do Garcia.
Art. 2°. Da associação no Club
Qualquer pessoa de conduta irrepreensível poderá tornar-se sócio
do Club caso estiver em condições de satisfazer os seus compromissos
pecuniários com o mesmo. Sobre se deve ou não ser aceita uma
pessoa como sócio decidirá a diretoria em comum com os delegados.
Art. 3°. Da administração
A diretoria compõe-se de um presidente, um secretário, um
tesoureiro e um administrador, que devem liquidar os negócios
correntes. Além destes serão eleitos delegados na razão de um por
vinte ou fração e que nas assembléias têm o direito de darem o seu
parecer. A diretoria tem o direito de dispor até a quantia de cem mil
réis. Decisões protocolares devem ser respeitadas. Qualquer decisão
por escrito da diretoria deve ser assinada pelo presidente, secretário e
tesoureiro. Os sócios terão a preferência em ocupar a cabana e isto
gratuitamente. As pessoas que não forem sócios pagarão a taxa de
2$000 diários pelo alojamento na cabana, sendo que aqueles que não
pernoitarem no morro e não se alojarem na dita cabana pagarão uma
diária de 1$000. Alunos acompanhados pelos respectivos professores
nada pagarão. Sócios e estranhos tem a obrigação de respeitarem os
Í84
dispositivos que dizem respeito à choupana. A jóia é de 10$000 sendo
que a contribuição anual também é de 10$000 e devem ambas ser
pagas na ocasião da admissão como sócio.
Art. 4°. Da assembléia geral
Em julho de cada ano haverá uma assembléia geral que versará
sobre leitura de protocolos e prestação de contas do tesoureiro. De
três em três anos haverá eleição para a renovação da diretoria. Podem
ser convocadas assembléias extraordinárias se houver motivo para tal
ou se dois terços dos sócios o exigirem. Comparecendo a estas
assembléias apenas a metade dos sócios, as mesmas serão válidas,
vencendo a maioria de votos exclusive a diretoria. Caso não se ache
presente a metade dos sócios em tal assembléia, então os presentes
sócios terão o direito de deliberarem sobre qualquer questão, depois
de decorrida uma hora. Assembléias a serem convocadas para
deliberação de importância, devem das mesmas serem publicadas as
ordens do dia com quatorze dias de antecedência.
Art. 5°. Da reserva
Todo o território do morro "Spitzkopf" é considerado reservado,
tratando-se no sentido de adquirir o mesmo. Todo e qualquer estrago
que for feito nos melhoramentos efetuados no aludido morro serão
severamente punidos.
Art. 6°. Da dissolução
A dissolução do Club só poderá ser feita se os meios existentes
forem empregados para fins equivalentes.
Garcia, 30 de abril de 1929
o presidente: Otto Huber
O secretário: Rudolf Hollenweger
O tesoureiro: Alfred Grossweiler
O ecônomo: Fritz Haase
O delegado: Paul Scheidemantel Junior.
Registrado no Tabelionato Otto Abry de Blumenau no dia 30 de
abril de 1929. Registrado sob n? 1 no livro n? 3, no dia 8 de maio de
1929, por Francisco da Cunha Silveira, Oficial do Registro Especial.
O "Spitzkopf-Club" além de atividade específica, o alpinismo,
também promovia noites de entretenimento. No dia 12 de maio de
1928, no salão Hinkeldey, uma das noites contou com a participação
da banda Koester, Coral Masculino Garcia I, Orquestra de Cordas
185
Baumgart, couplets, solos de violino, cenas humorísticas e as peças
teatrais "O duelo dos americanos" e "A calça do noivado". Depois
baile com a banda Koester. Os ingressos foram cobrados a razão de
1$500, em benefício do Club. Os associados trataram logo de
construir a cabana e no dia 25 de julho de 1928 estava pronta.
Construída nas proximidades do cume do "Spitzkopf" era bem visível
desde a cidade de Blumenau. Na ocasião, o professor Rudolf
Hollenweger publicou no n? 45 do jornal a "Cidade de Blumenau" a
seguinte nota: "Spitzkopf-Club Garcia - A fim de fomentar o nobre
desporto alpino, tão desantendido nos últimos anos, se ha organizado
recentemente, no Garcia, um Club, denominado "Spitzkopf-Club".
Sob os auspícios do referido Club, acabou de ser terminada, no correr
das últimas semanas, uma obra cujos fins, incontestavelmente, são de
suma importância para a cidade de Blumenau e sua história local.
Não sem sacrificar grandes esforços físicos, lhes foi denegado
aos nossos amigos da natureza, até agora, apreciar os magníficos
panoramas de que dispõe tão prodigiosa a nossa natureza, ou
contemplar o aspecto imponente do sol nascente. Os excursionistas
porém, que aliás não temiam fadigas, não poucas vezes estavam
sujeitos a câmbios bruscos do tempo, já sejam por chuvas repentinas,
ou noites friorentas.
Graças aos esforços de alguns membros do Club, foram feitos
ultimamente grandes melhoramentos e criadas novas facilidades de
subir sem esforços o morro do "Spitzkopf". - Um caminho em ótimo
estado, segue até o cimo do morro do "Spitzkopf', que a uma altura
de 915 metros se alça dominante, sobre os demais morros do litoral.
Longe agora, dos limites do nosso município, se nos alarga a
vista. O nascer do sol, que apreciamos do cume deste morro, acima
das nuvens num azul etéreo, o mar reletante com navios, a serra altiva,
os airosos vales, enfim, todas estas belezas sublimes, da nossa
natureza riquíssima, se tormam um acontecimento, que
profundamente se grava na alma. Será pois, necessário, repetirmos
aqui novamente o nosso convite às escolas? Apenas? - Supomos, que
cada professor compreenderá, que dum mirante tão alto, o ensino de
geografia se tornará mais produtivo, sem dúvida alguma, que a base
dum mapa sem vida e aliás, os discípulos saberão conhecer e amar,
todavia mais o seu TORRÃO NATAL.
Outra conveniência mais é a casa do Club, construída nas
proximidades do cume do "Spitzkopf", bem visível desde a cidade de
Blumenau.
186
Essa casa servirá ao mesmo tempo de abrigo para os demais
excursionistas. E feita de madeira forte, com telhado, coberta de
telhas. Contém 35 camas. Para pernoitar agrupamentos maiores,
entretanto, há lugar suficiente para o abrigo de 50 pessoas. Mediante
uma insignificante contribuição a referida casa está também à
disposição de pessoas, não sócios. Neste caso pode-se entender com a
diretoria do Club.
Os alunos que vierem acompanhados pelos respectivos
professores têm ENTRADA GRA TUIT A.
A subida do pé do morro até o cume do mesmo, dura mais ou
menos 2 a 3 horas. As distâncias, a partir do edifício da Câmara
Municipal são as seguintes: até a Empresa Industrial Garcia - 5 Km;
negócio de Sachtleben - 9 Km; até o fim da estrada de rodagem - 13
Km.
No dia 5 de agosto do corrente ano, terá lugar a inauguração das
obras do Club, que serão entregues aos interesses do público. É justo
de que nesta ocasião sejam lembrados os nomes dos fundadores, que
mais se destacaram para a realização desta bela obra: Rudolf
Hollenweger, João Iten, Otto Huber, Paul Scheidemantel e Alfred
Grossweiler. É digno, que seja também mencionado o nome de Fritz
Haase, que muito se empenhou para a execução das obras. Faço pois,
votos vivos, que o exemplo deste Club estimule a criação de novos
pontos de excursão de fácil acesso para todo o público. Rudolf
Hollenweger".
Quando veio a público que seria construída uma estrada de
acesso ao "Spitzkopf" inclusive uma cabana e fundado um Club,
muitos menearam a cabeça, pois para tal iniciativa é necessário muito
idealismo. A cabana e a estrada estavam concluídas no dia 25 de julho
de 1928 e foram entregues ao público no dia 5 de agosto do mesmo
ano.
Tudo funcionava a contento, entretanto no dia 17 de agosto de
1938, a diretoria recebeu correspondência do ecônomo dizendo que a
picada foi limpa, porém os visitantes foram poucos e que acreditava
ser a febre amarela a responsável pela ocorrência. Outra
correspondência interessante datada de IOde setembro de 1938,
dirigida ao presidente Johann Iten e que foi acompanhada de uma
panela para fazer café, foi a carta de Bruno Hindlmayer na qual ele
tece comentários sobre a panela de cobre para o "Spitzkopf-Club",
dizendo que apesar da mesma ser de cobre não havia perigo de
envenenamento por ser zincada por dentro e quando o zinco estiver
187
gasto é só mandar revestí-la novamente. Hindlmayer, brincalhão, diz
ainda na carta que a panela é para água e café e não para colocar
florzinhas. O presente de Hindlmayer cujo valor na época era de 60 a
70 mil réis, mereceu elogios e os agradecimentos da diretoria.
Em 1938, os associados do "Spitzkopf-Club" resolveram
construir uma nova estrada ou seja uma auto-estrada. "O
planejamento e as construções estavam nas mãos de Max Humpl.
Depois de seis meses de árduos trabalhos, a estrada, até as imediações
da Colônia Schleiff estava concluída. A uma altitude de 430 metros
com 2.200 metros de extensão termina numa larga praça; entretanto,
grandes rochas ainda necessitam de explosivos e muitas pedras
cortadas; três altos muros de 4 a 8 metros de comprimento e de 2 a 7
metros de altura devem ser construídos inclusive uma resistente
ponte, 8 canais de pedras e 52 canalizações de água. A estrada em
alguns pontos é bem larga, porém o alto custo na remoção de algumas
rochas, em alguns pontos a estrada fica bem mais estreita e os
motoristas devem ser precavidos. A estrada tem 14 marcos de
sinalização com a inscrição "Ponto de Parada". Os motoristas devem
parar nestes pontos até ouvirem o sinal de cima e buzinarem três
vezes, o que significa "pista livre" para os motoristas e que em
hipótese alguma deverão prosseguir sem os sinais citados. A obra
custou 3.800$000 de duros trabalhos e aos que colaboraram os
melhores agradecimentos". Esta nota, foi amplamente divulgada pela
imprensa local, na época.
Max Humpl, professor, músico e desenhista, elaborou na época
uma pasta com ilustrações a cores do "Spitzkopf" e de toda a estrutura
do solo onde foi implantada a estrada. Constam também da pasta as
assinaturas e a importância doada de todos os que colaboraram para a
realização da obra. Humpl, anexou um balancete e também uma folha
recibo onde constam as assinaturas dos que foram pagos pelos
trabalhos realizados. Foram eles: Paul Labes, Eduard Boos, Arno
Labes, Leopold Goll, Josef Bucher, Oscar Stein, Gustav Schwabe,
Gustav Mueller e Max Humpl. Na primeira página da pasta, Humpl
escreveu: "O "Spitzkopf-Club" com muitas dificuldades construiu um
maravilhoso e cômodo caminho partindo da Colônia Humpl até o
cume do "Spitzkopf", entretanto, a parte mais difícil do acesso é
desde o sopé abrupto e o acidentado caminho de mato até a Colônia
Humpl. Para que todos os amantes da natureza tenham a oportunidade
de escalar a mais bonita montanha da grande Blumenau deve ser
construída uma boa estrada para automóvel desde o sopé da montanha
188
até o "Spitzkopf", e para que isso se concretize é necessana a
colaboração de todos. O ecônomo Fritz Haase se encarregará de todos
os trabalhos e os colaboradores que possibilitarem tal obra assinarão
seus nomes com honra. A colaboração será bem empregada, pois
como último morador ele terá interesse especial em que a obra seja
bem feita, para que todos apareçam sorridentes. Max Humpl" -
outubro/1938.
Na última página da pasta "Akt ueber Stiftung eines Autoweges
zum Spitzkopf", Humpl escreveu uma crônica sobre a obra realizada,
na qual ele comenta que depois que o "Spitzkopf-Club" com elevados
custos, a partir da Colônia Schleiff, construiu uma nova estrada,
coordenada pelo ecônomo Fritz Haase, também o sopé da montanha
desde Schadrack até a Colônia Schleiff deveria ser melhorado, ou
então construída uma estrada para automóvel, pois este trecho é o pior
de todos: no começo passava-se por grossos pinheiros, córregos nas
rochas, trechos cheios de mato, capoeira e cobras venenosas; a roça de
Labes cheia de mato, terreno acidentado e pedregoso com
desmoronamentos; em terras de Riedl, brejo e depois uma subida
abrupta quase impossível de subir, estreita e rochosa até a Colônia
Humpl. Tudo isso deveria ser modificado, porém de onde tirar os
meios? O "Spitzkopf-Club" não tinha meios, porquanto os seus
associados não podiam ser mais solicitados a colaborar, pensou
Humpl, e resolveu recorrer à colaboração do blumenauense para a
realização da obra. Grande foi o interesse de todos e a obra foi
iniciada. Os trechos mais difíceis foram os primeiros a serem
superados. De outubro até o Natal, quatro homens em terras de Riedl,
venceram uma rocha e a escoraram com muro de pedras até seis
metros de altura. A seguir a rota por terras de Humpl depois de ter
vencido o morro de Riedl que necessitou de muros e aterros. Depois
da cachoeira, um desmoronamento para o rio foi protegido por um
muro, no qual os trabalhadores foram incansáveis na construção.
Comentou ainda a estrutura das rochas, as construções e os nomes dos
trabalhadores que já foram citados na folha-recibo da pasta. Lamentou
que as explosões prometidas pela Câmara Municipal para outubro só
foram realizadas em julho, retardando a conclusão da obra. Grandes
trombas d'água ocorridas no novo ano ocasionaram prejuízos na
estrada no valor de 500$000. Somente em julho a estrada para
pequenos automóveis ficou pronta e provavelmente mais tarde será
alargada nos lugares estreitos. Humpl ainda desejou de coração que
todos subissem os 430 metros da montanha com alegria.
189
 No dia 25 de julho de 1940, gestão de Johann Iten, foi instituído
o "Livro de Visitantes" em cujo termo de abertura constava o
seguinte: "Servirá este livro exclusivamente para lançar os nomes dos
visitantes, datas de chegada e saída, eventuais irregularidades
encontradas. Querendo notar a impressão que tenha no cimo a vista do
panorama magnífico e esplêndido das nossas plagas, lembre-se que
não é favor, mas sim um dever absoluto exprimir a sua opinião em
língua vernácula.
Este morro, em todos os mapas denominado "Spitzkopf"
(Cabeça Pontuda) é o ponto culminante destas plagas, e tem a altura
de 915 metros sobre o mar. Com grandes despesas e mesmo
sacrifícios pessoais foram construídos o picadão e a cabana, dando
deste modo às escolas e à população em geral a ocasião de apreciarem
o belo panorama desta zona.
Foi fundado este Clube, conforme primeiro protocolo, em 17 de
julho de 1927 por: Rudolf Hollenweger, Otto Huber, Johan Iten, Paul
Scheidemantel e Alfred Grossweiler. O fim é absolutamente ideal.
Aos alunos, uma hora de geografia prática no cimo do morro, vale
mais que dez na aula, e desperta melhor o amor à Pátria. O visistante
adulto, amigo da natureza jamais esquecerá o nascer esplêndido do
Sol, desta altura, que é uma maravilha particular. Pede-se
encarecidamente aos senhores visitantes PROTEGER A FAUNA E A
FLORA desta região; a caça é, - no interesse público, - proibida. Cada
visitante é obrigado a obedecer as ordens do administrador. O
presidente, Johan Iten e secretário, RudolfHollenweger."
Em 1941, eram associados do "Spitzkopf-Club": Otto Huber,
Rudolf Hollenweger, Fritz Haase, Herbert Boehm, Johann Iten, Paul
Scheidemantel , Alfred Grossweiler, Paul Grossenbacher, Ernst
Nienstaedt, Dr. H. Pape, Erich Hasenclever, Franz Hoette, Max
Schelling, Paul Koch, Ralf Gross, Adolf Schmalz, Victorino Braga,
Alwin Haenisch, Franz Weber, Oswald Butzke, Hermann Hinkeldey,
Arnold Gauche, Herbert Willecke, Ewald Jansen, Franz Hering, Heinz
Schrader, Hermann Distei, Carl Franck, Felix Hauer, Roberto Baier,
Frederico Kilian, Kurt Stoeterau, G. A. Koehler, Paul Meinecke,
Rudolf Wuensch, E. Zimmermann, Hugo Socher, Ricardo Peiter,
Rudolf Schaeffer, Ulmer Laffront, Victor Krepski, Walter Meyer,
Willi Belz, Alfred Mietsch, Udo Schadrack, Horst Scheidemantel,
Werner Frillmann, Marcos Sachtleben, Felix Steinbach, Fritz Vetterle
e Curt Probst. Em 1948, excetuando Otto Huber, Victorino Braga,
Alwin Haenish, Hermann Hinkeldey, Ricardo Peiter e Rudolf
190
Schaeffer, os demais continuavam como associados, sendo acrescidos
os nomes de Otto Laux, E. Bruck, Willi Nietsche, H. Augsburger,
Cláudio Buechele, Adolf Sutter, Erich Steinbach, Helmut
Hacklaender, Bruno Buhr, Erich Karmann, Hans Kegel, Horst Kegel,
Paul Frischknecht, Walter Gauche, Wofgang Landgraf, Erich
Gaertner, Alberto Dietrichkeit, Walter Kaeser, Eitel Meyer, Max
Altenburg, Wolfgang Schwers, Arno Probst, Hans Kleine, Artur Rabe
Jr., Fritz Frischknecht, Walter Werner, Alex Schramm, Wilhelm
Berger, Paul Fritzche, Oswald Metzger, Werner Max Schelling.
Em 1948, o "Spitzkopf" pertencia a Leopold Zarling que residia
em Rio do Sul e Francisco Weber remeteu ao mesmo uma
correspondência expondo a sua preocupação, pois a sede do
"Spitzkopf-Club" por muitos anos funcionava no "Spitzkopf", Citou
que o "Spitzkopf-Club" não era um clube de caça e sim turístico em
face das belezas naturais do "Spitzkopf", que estava com os Estatutos
registrados, e que tinham permissão dos proprietários anteriores para
fazer o que fosse melhor. Citou ainda que numa próxima reunião a ser
realizada no Teatro "Carlos Gomes", o Club iria se reestruturar,
providenciando a limpeza do caminho e reformas na casa. A carta
datada de 30 de junho de 1948 foi respondida no dia 3 de julho,
através de telegrama com o seguinte teor: Urgente - Francisco Weber
Gerente Banco Nacional Comércio Blumenau - Resposta sua carta
trinta passado, podem continuar ocupando casa localizada
"Spitzkopf" destinada prática turismo sua sociedade - Leopoldo
Zarling"
Em assembléia geral realizada no dia 4 de julho de 1948, foi
eleita nova diretoria que ficou assim constituída: Udo Schadrack,
presidente; Max Schelling, secretário; Francisco Weber, tesoureiro;
Paulo Scheidemantel, delegado e Fritz Haase, ecônomo. Nesta
assembléia também foram deliberados os seguintes assuntos: 1 - A
jóia para novos sócios seria de Cr$ 20,00 e a mensalidade para todos
os sócios seria de Cr$ 5,00 a partir de julho; 2 - Limpeza do caminho,
reparos necessários na cabana, cozinha, etc.; 3 - Organização de um
novo regulamento interno. Entretanto, o fato mais importante da
assembléia foi a atribuição de títulos de sócios honorários para Rudolf
Hollenweger, Johann Iten, Alfredo Grossweiler, Paulo Scheidemantel,
Fritz Haase e posteriormente Rudolf Wuensch. Rudolf Holleweger ao
receber seu título de sócio honorário agradeceu, porém no dia 11 de
julho de 1948, enviou carta para Weber, contestando a atribuição do
título de sócio honorário a Fritz Haase, dizendo que os fundadores do
191
"Spitzkopf-Club" eram cinco, e com a morte de Otto Huber, ficaram
quatro. Haase não foi fundador, foi admitido mais tarde para os mais
diversos serviços, sendo sempre remunerado. Como não era possível
voltar atrás nas decisões da diretoria, no caso de Fritz Haase, ele
sugeria que atribuíssem um título de sócio honorário a Rudolf
Wuensch que muito fez pelo clube, desde o início quando começou a
propaganda. Hollenweger solicitou justiça, pedindo para apresentar a
sua sugestão em reunião da diretoria que certamente aprovaria a
indicação. Hollenweger disse ainda, que tinha em seu poder várias
atas antigas, a maior parte delas se referiam a intrigas e que seria
preferível que se passasse uma esponja sobre o assunto. Pouco depois,
RudolfWuensch recebeu o título de sócio honorário. (13/08/1948)
Logo após a eleição da nova diretoria, Leopoldo Zarling foi
informado dos seus componentes, bem como do propósito em deixar
tudo em dia, a casa, camas, instalação de água, etc. O caminho foi
desimpedido de árvores caídas, barreiras e roçado. Foi solicitada na
carta uma autorização por escrito para proibir a caça, pois a época de
proibição estava no fim. Weber comentou que quando for liberada a
caça, o "Spitzkopf" receberá mais visitantes, apesar da pouca caça, e
que entre estes, muitos só tem interesse em depredar o meio ambiente,
considerando ainda a possibilidade de se receber um tiro de chumbo
no traseiro. Weber disse que gostaria de futuramente falar com
Zarling e que Udo Schadrak é muito interessado no "Spitzkopf-Club",
é vizinho de Zarling e tem uma casa no local. Weber comentou que o
interesse pelo clube era grande e que quando tudo estivesse em ordem
esperava que Zarling tivesse a oportunidade de apreciar o nascer do
sol do "Spitzkopf'. Em reunião da diretoria de 13 de agosto de 1948,
foi autorizado ao ecônomo Fritz Haase fazer os necessários reparos na
cozinha e instalação de água. Nesta reunião foi resolvido também
solicitar o apoio da Empresa Garcia em doar para o "Spitzkopf-Club",
90 a 100 metros de fazenda para acolchoados. O pedido foi atendido e
o "Spitzkopf-Club" enviou, na ocasião, uma carta de agradecimentos
datada de 16 de setembro de 1948, ao Diretor da Empresa Industrial
Garcia, Ernesto Stodieck Junior cujo texto é o seguinte: "Prezado
Senhor, - Com a presente temos o grande prazer de vir a sua presença
a fim de agradecer-lhe o bom auxílio que o amigo nos prestou com o
fornecimento da fazenda para os colchões para a cabana "Spitzkopf".
Esperamos que, dentro em breve, a cabana esteja novamente em
estado regular, e desde já e em qualquer época a mesma acha-se à
disposição de V. S. e seus amigos, tão logo que o amigo queira fazer
192
uso dela. Com os nossos agradecimentos e cordiais comprimentos -
"Spitzkopf-Club Garcia - Blumenau. asso Udo Schadrack".
Eleito presidente do "Spitzkopf-Club" em 1948, Udo Schadrack
foi incansável na preservação da natureza do "Spitzkopf", o que foi
confirmado quando adquiriu no dia 13 de abril de 1950, o "Spitzkopf"
com a área de um milhão de metros quadrados da Indústria e
Comércio de Madeiras S. A., de Leopoldo Zarling, conforme registro
no 1° Oficio de Registro de Imóveis de Blumenau, no Livro 3 V, sob
n? 27.145.
o "Spitzkopf" fazia parte da concessão de terras, com área de
vinte e nove milhões de metros quadrados, de Lourenço Paschoal
Costa da Silva que o vendeu por 15$000, no dia 24 de maio de 1921,
para o argentino Dr. Raphael Calzada e sua esposa, residentes em
Buenos Aires, conforme registro no 1° Oficio de Registro de Imóveis
de Blumenau, no Livro 3 B, n? 14.198. A transação foi feita através
de procuração em nome de Victor Konder. Também constam no
Cartório do 1° Oficio de Registro de Imóveis de Blumenau, que no dia
11 de abril de 1940, no Livro 3 N, n° 14.637, a Sociedade de
Mineração Catarinense Ltda. arrematou o "Spitzkopf que pertencia
ao Dr. Calzada e esposa, sendo intermediário na transação Otto
Rohkohl. Cinco anos depois, ou seja no dia 19 de abril de 1945,
conforme Livro 3 R, n? 21.154, o "Spitzkopf foi adquirido pelo
Sindicato Mineiro e Metalúrgico do Brasil S. A. e um ano depois, no
dia 4 de maio de 1946, pela Casa do Americano S. A., conforme Livro
3 S, n? 22.372, quando foi adquirido pela firma de Leopoldo Zarling e
posteriormente por Udo Schadrack.
No livro do Centenário de Blumenau, página 351, Udo
Schadrack escreveu: "As diversas instituições e sociedades que
existem em Blumenau demonstram o interesse do povo blumenauense
por todos os setores da cultura. Não deverá faltar, igualmente, o
interesse pelo excursionismo, este saudável esporte, que, como
nenhum outro, une o útil ao agradável, treinando o corpo e ao mesmo
tempo que nos abre os olhos e eleva o espírito às belezas da natureza.
Para tal fim o morro do "Spitzkopf", com aproximadamente mil
metros de altura, e situado no meio da mais linda mata virgem
catarinense, oferece uma oportunidade única". E mais adiante
escreveu: " ...Quem hoje faz uma excursão ao morro do "Spitzkopf
pousa confortavelmente na cabana, que possui vinte camas com bons
acolchoados. Próximo à cabana, separada da mesma, encontra-se uma
cozinha com um bom fogão, e além disto dispõe-se nessa altura de
193
800 metros da melhor água potável de Blumenau, que provém de uma
pequena nascente, a cem metros abaixo da cabana. Desce à nascente
um cabo de aço, que leva o balde à fonte, e assim, comodamente,
consegue-se suspender o precioso líquido. Quem encontra tudo isso
ao seu dispor, no meio da mata virgem e numa altura de 800 metros,
talvez nem se lembre dos grandes sacrifícios que exigiu essa obra não
só dos sócios fundadores do "Spitzkopf-Club", como também, e
pricipalmente, dos homens abnegados e incansáveis que, com os
meios os mais primitivos, levantaram a cabana e demais instalações.
Tudo foi carregado nas costas até aquela altura, por esses bravos e
prestativos colonos do vale do Garcia Alto, como tijolos, telhas,
cimento, ferragens, acolchoados, etc., e toda a madeira, tábuas,
sarrafos, vigas, barrotes e esteios, foi serrada ali nas enconstas do
morro, com a serra manual, aproveitando-se da melhor madeira
existente. Foi um trabalho enorme, insano, que, conforme já ficou
dito, nem por todos os excursionistas do morro do "Spitzkopf" é
levado na devida consideração, principalmente por certos caçadores,
que .fizeram alvo nas telhas de zinco, para experimentar a eficácia de
suas armas. Não se podem aqui citar nomes de todos aqueles que
contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão de tão nobre
como útil e belo trabalho, como sejam as instalações erguidas quase
no pico do "Spitzkopf', mas seria injusto o não aproveitar a
oportunidade para ressaltar os grandes méritos do primeiro e único
zelador do clube, Senhor Fritz Haase, que, com dedicação, amor e
insuperável honestidade, contribuiu de maneira exemplar e única para
a construção e conservação de tudo o que existe de instalações no
morro do "Spitzkopf'. O cargo de zelador tornou-se-lhe honorífico,
pois sua obra, que louva o mestre, dá prova de seu grande amor pela
nobre causa. Uma excursão ao morro do "Spitzkopf' vale a pena, e
todos os que ainda não tiveram a oportunidade de apreciar a natureza
e o belíssimo e pitoresco panorama que nos oferece esse morro, não
devem privar-se por mais tempo dessas maravilhas." . Parque Nacional ainda não se concretizou a nível federal, porém a
Muitas' vezes a área era invadida por caçadores e extratores de
palmitos que depredavam o que Udo Schadrack com amor procurava
preservar. Apelou muitas vezes à justiça, polícia e autoridades
diversas, e quando "mataram um lindo veado mateiro que fazia parte
de um grupo que fora amansado com paciência para repovoar a
espécie na mata local", Schradrack levou o caçador clandestino à
justiça com todas as provas e a absolvição do infrator pelo juiz
194
resultou em longa carta de indignação e protesto que Shadrack
publicou pela imprensa local.
Em 28 de julho de 1979, "A Nação" de Blumenau publicou um
artigo de autoria de Schadrack intitulado "ALARMA", no qual
alertava sobre os sérios perigos a que está sujeito o bairro do Garcia,
em Blumenau, com a ocupação desordenada das encostas e o
desmatamento desenfreado, principalmente nas nascentes do vale do
Garcia. Teceu comentários sobre a formação geológica, em especial à
vargem existente entre a Artex e o Rio Itajaí-Açú, bem como sobre a
flora original ou seja as espécies apropriadas para a região árida e
acidentada, e que pela formação das suas raízes, segura a terra nas
encostas íngremes dos morros, evitando a erosão. Alertou sobre a
total destruição do Garcia se a enxurrada de 1961 se repetisse.
Preocupado com o assunto, Schadrack propôs doar grande parte de
sua propriedade no Garcia Alto (Ribeirão Caeté), com mata virgem
formada por abundante madeira de lei das mais valiosas espécies e
por milhões de palmitos de todos os tamanhos, na condição "sine-qua-
non" de constituir a aceitação de tal doação o começo de fato da
implantação de um Parque Nacional na referida região. Comentou
ainda que as terras são áridas e impróprias para a lavoura bem como
para urbanização, e que a devastação trará conseqüências funestas
sobre Blumenau, Brusque e adjacências. Schadrack justificou sua
preocupação dizendo ainda que ..."preocupo-me com o nosso futuro,
por amor à minha alma, que considero imortal e que, na eternidade,
não quero que Ela tenha que formar fila com os devastadores da nossa
terra".
Udo Schadrack faleceu no dia 16 de dezembro de 1983 e estava
sendo velado, quando a grande enxurrada ocorrida na madrugada de
17 de dezembro arruinou a vida de centenas de famílias. A enxurrada,
coincidência ou fatalidade, serviu para alertar a todos que ele estava
certo. O sonho de Schadrack em transformar a área do "Spitzkopf" em
nível municipal, data de 5 de junho de 1980, o decreto de Preservação
Permanente da área sul do município de Blumenau, onde se localiza o
"Spitzkopf", que freou em parte a devastação da área.
UDO SCHADRACK - nasceu no dia 24 de março de 1910, em
Blumenau, filho de Ferdinand e Marie Schadrack. Casado com Thecla
Kreutzfeld Schadrack, teve os filhos, Klaus Carlos, Hans e Felícitas.
Conceituado homem de negócios esteve à testa de empreendimentos
importantes entre os quais a fundação em 1965 da fábrica de
195
ceifadeiras elétricas do Brasil sob a denominação de Indústria de
Máquinas Udo Schadrack Ltda., atual Indústria de Máquinas Orlaf
Otte Ltda. Fundou com os filhos a Comercial Schadrack Ltda.
(Vorstadt Haus). Em 1957 com Ernesto Stodieck Jr., Paulo Fritzche e
Walter Stodieck, adquiriu a totalidade das ações da Moellmann
Comercial S. A., à qual presidiu até a sua morte. Ocupou a
presidência da Casa Meyer S. A. de 1972 até o dia do seu
falecimento.
Entretanto, o que enaltece Udo Schadrack foi a sua participação
nas atividades 'artísticas, sociais e culturais da Comunidade
blumenauense, pois em 1927, já participara ativamente da Sociedade
Teatral "Frohsinn", hoje 'Sociedade Dramático-Musical "Carlos
Gomes", em cuja orquestra participou sob a batuta de Geyer por
muitos anos como violinista. (Schadrack iniciou no Clube Musical). O
seu amor à natureza fez com que se dedicasse intensamente em defesa
da nossa fauna e flora, mantendo às próprias expensas um parque de
criação.
A "COMUNIDADE KOLPING GARCIA"
A iniciativa de implantar a Comunidade Kolping em Blumenau
partiu do padre Miguel Rosseto da Paróquia Santo Antônio do Garcia
que a trouxe da regional do Rio do Sul (Padre Arsênio José Schmitz).
A Comunidade Kolping teve início em 1982, época em que foi
construída a Igreja de Santo Antônio, com a adesão de 25 a 30
pessoas ligadas à Igreja sob a coordenação de Henrique Strithorst que
foi o primeiro presidente. Funcionou inicialmente na Casa Paroquial
Santo Antônio e tem como data de fundação o dia 14 de março de
1982. Posteriormente foi construída a Casa Kolping com 2.384 metros
quadrados ,de área edificada com recursos doados pelas Comunidades
Kolping da Alemanha e Suíça.
A obra Kolping é um movimento social, popular e católico a
serviço do trabalhador e sua família, sendo o seu lema: religião,
trabalho, recreação, família, e sociedade. São objetivos da Obra
Kolping - "a formação integral da pessoa e a transformação da
sociedade."
A Casa Kolping é mantida com verbas próprias e convênio com
a Prefeitura Municipal, oferecendo os seguintes serviços: amparo à
mãe solteira, albergue para pessoas carentes, creche, clube de mães,
clube de idosos, cursos pré-profissionais e profissionais.
196
Adolfo Kolping o idealizador da Obra Kolping nasceu em
Kerpen, perto de Colônia-Alemanha, em 1813. Foi sapateiro até os 24
anos quando resolveu estudar para ser padre. O fato que o levou a
fundar a Obra Kolping em 6 de maio de 1849 foi o "surto de miséria e
a aplicação desumana da produção industrial emergente que forçou o
desemprego e a migração de milhares de jovens para as grandes
cidades". A sua primeira associação começou com sete profissionais e
atualmente está presente em 32 países com mais de trezentos mil
associados. Adolfo Kolping faleceu em 1865 sendo beatificado em
Roma em 1991 pelo Papa João Paulo II.
São símbolos da Obra Kolping a letra K, a bandeira e o hino
Kolping, e suas cores o preto e o laranja. A Comunidade Kolping é
administrada pela Assembléia Geral, Diretoria e Conselho Fiscal,
existindo três categorias de sócios: efetivos, cooperadores e
honorários. Preside a Comunidade Kolping desde 1984, Antônio
Tillmann. A Casa Kolping Garcia está situada na Rua Espírito Santo
s/n - Garcia.
SOCIEDADE "CASA DA ESPERANÇA"
A "Casa da Esperança" foi fundada em 1979, inspirada na vida
da fundadora da Congregação das Irmãs Canossianas, Madalena de
Canossa, educadora, que se dedicou inteiramente à recuperação da
menor abandonada durante sua vida e em seu tempo.
Lideradas pela Madre Júlia da Ordem Canossiana, um grupo de
pessoas concretizou a abertura da "Casa da Esperança" cuja
finalidade seria a formação integral de futuras mulheres. Implantada,
a casa abrigou em caráter de semi-internato, quarenta meninas na
faixa etária de seis a quatorze anos, provindas de ambientes sociais
precários ou lares desajustados. A Comunidade acolheu a idéia e se
prontificou a assumir a responsabilidade de fornecer meios para o
sustento da Casa. São esteios da Sociedade "Casa da Esperança" os
Clubes de Serviço, as Associações Filantrópicas, a Prefeitura
Municipal, o povo e diversos voluntários.
No final do ano de 1988, as Irmãs Canossianas receberam ordem
para se recolherem a sua sede no Estado de São Paulo. A então
diretora da "Casa da Esperança", Irmã Cecília Maringolo e a
superiora da Congregação, Madre Adele Pozzi, convocaram uma
reunião extraordinária com as pessoas diretamente envolvidas com a
obra para exporem a situação, fazendo um apelo para que a Casa
197
 continuasse com membros da própria Comunidade. Estiveram
presentes à reunião, o Padre Geraldo (Pároco da Igreja N. S. da
Glória), Dr. Antônio do Amaral e Silva (Juiz de Direito da Comarca
de Blumenau), Delfino Tomio (Presidente da Ação Social Paroquial),
Dr. Mota, Ocinor de Pádua Campos e esposa, Santo Silveira e esposa
e membros do Colégio Celso Ramos. Esgotados os apelos solicitando
a permanência das religiosas em Blumenau, Irmã Cecília solicitou a
formação de uma diretoria para administrar a "Casa da Esperança".
Após várias reuniões, no dia 3 de janeiro de 1989, em Assembléia
Geral, realizada na sede da Ação Social Paroquial na Rua da Glória,
888 no bairro do Garcia, foi fundada a Sociedade "Casa da
Esperança". Assumiu a presidência dos trabalhos por aclamação, Ieda
Bastiani Galliani, que convidou Dulce Olímpia Silveira para
secretariar os trabalhos.
A Sociedade "Casa da Esperança" é uma obra educativa
orientada por uma diretoria ativa. A primeira diretoria eleita integrou
os nomes de Santo Silveira - presidente, Bernard van der Meene -
vice-presidente, Ocinor de Pádua Campos - secretário, Antônio
Tillmann - vice-secretário, Dilson Tomio - tesoureiro, Zulma Pimpão -
vice-tesoureira e Ronaldo Baumgarten, Eulina Bento, Clélia Ribeiro
e
de Souza Bento José do Nascimento - membros do conselho fiscal.
São considerados sócios fundadores: Dilson Tomio, Pedro
Staehlin, Ocinor de Pádua Campos, Carla Campos, Santo Silveira,
Dulce Silveira, Antônio Tillmann, Iraci Tillmannm, Ronaldo
Baumgarten, Bernard van der Meene, Eliane van der Meene, Clélia
Ribeiro de Souza, Delfino Tomio, Zulma Pimpão, Maria da Glória
Medeiros, Antônio do Amaral e Silva, Eulina Bento, Moacir Bosco
Galliani e Ieda Bastiani Galliani.
A "Casa da Esperança" segue o calendário escolar, a fim de não
assumir totalmente a responsabilidade da família na educação dos
filhos. As crianças permanecem na "Casa" das 7 às 17:30 horas,
recebendo refeições e freqüentando a escola. As crianças são
divididas em três turmas de acordo com a idade e desenvolvimento
psicológico. Cada turma é atendida por uma pessoa que cumpre o
planejamento previsto. São funcionárias efetivas da "Casa da
Esperança": Ieda Bastiani Galliani - administradora, Daniele Bené
Lahorgue - assistente social, Vânia Oliveira e Theodora Adélia França
- recreadoras, Maria Bigair Soares e Maria Alves Maçaneiro -
auxiliares de serviços gerais.
198
A Constituição da Sociedade "Casa da Esperança", está
registrada no Cartório Civil, Títulos e Documentos sob n? 494 - Livro
A-9 - folhas 008 de 23 de fevereiro de 1989.
São objetivos da Sociedade "Casa da Esperança":
- Desenvolver na criança, de nível sócio-econômico baixo os
princípios básicos de uma moral e ética cristãs, no intuito de formar
individualidades integradas intelectual, efetiva e espiritualmente.
- Preparar a criança para enfrentar a vida futura conscientizando-
a de sua condição sócio-econômica.
- Propiciar à criança o convívio num ambiente social estruturado
capaz de promover o desenvolvimento adequado e servir de modelo
para relações sociais futuras.
- Levar à criança a formação e desenvolvimento de hábitos de
convivência social.
- Promover o desenvolvimento da capacidade criadora e
reflexiva, e incentivar a participação e expressão individual e pessoal.
- Zelar pela escolaridade básica das meninas.
- Levar a criança a um desempenho escolar satisfatório,
promovendo-a intelectualmente.
- Levar a criança a uma conscientização da importãncia do
estudo e profissionalização como instrumentos de progresso pessoal.
- Levar a criança a ter um conhecimento mais amplo da estrutura
social da cidade em que vive com vistas a uma abertura de
perspectivas e opções pessoais.
- Dar à criança noções básicas a respeito do trabalho em certas
profissões, incentivando-a ao ingresso futuro em cursos
profissionalizantes.
- Auxiliar a família na orientação das meninas, tornando-a
consciente do seu papel primordial e insubstituível pela educação dos
próprios filhos.
- Desenvolver na criança hábitos sociais capazes de influenciar,
e até modificar condutas familiares.
- Auxiliar a criança a assumir os limites da própria família,
despertando nela o espírito de crítica e reflexão a respeito dos seus
valores.
- Orientar a criança no intuito de poder, no futuro, distinguir e
optar pelas suas oportunidades, a fim de formar famílias mais
ajustadas e felizes.
199
 o GRANDE VALE DAS ITOUPAVAS
"ITOUPAVA" em Tupí-Guaraní significa "corredeiras". O Dr. Francisco Volloton que tomava mais de duas garrafas por dia; o
bairro de Altona, começa no sopé do morro Boa Vista e o nome
Altona provém dos moradores que vieram de Altona, ligada à cidade
de Hamburgo - Alemanha. O nome gradativamente foi desaparecendo,
voltando o de Itoupava Seca, nome conhecido antes da chegada do
Doutor Blumenau.
Altona sediou nos primórdios da colonização as primeiras
cervejarias de Blumenau. Em 1860, quando Blumenau contava com
mais ou menos 190 famílias, Heinrich Hosang, que imigrara em 1858,
ativo e empreendedor, com prática de cervejeiro, instalou em Itoupava
Seca nos fundos de sua residência a primeira fábrica de cerveja em
Blumenau. O terremo em que construiu sua casa foi adquirido por
450$000 Rs. Como não tinha conhecimento do Regulamento da
Colônia, que passara naquele ano para o Governo Imperial, Hosang,
requereu em 1867, os 12% de desconto a que tinha direito sobre o
preço do que pagara a mais. Heinrich Hosang, casado com Helena
Brandes, teve cinco filhos; Elisa casada com Alwin Schrader, Otto
casado com Clara Odebrecht, Clara casada com o conde Von
Westarb, Franz casado com Anna Maschke e Helena casada com
Hermann Schossland. Hosang faleceu aos sessenta anos de idade e
dirigiu sua fábrica até 1888. Após o falecimento de Heinrich Hosang,
a viúva e o filho Otto continuaram a fabricação até 1898, quando o
filho Franz e o genro Hermann Schossland se associaram sob a razão
social de Schossland & Hosang. A sociedade funcionou até 1906,
quando Franz assumiu sozinho a direção da fábrica. Em 1923, por
motivo de doença, Franz vendeu a fábrica para a firma "Bock" de Neu
Breslau (atual Presidente Getúlio). As garrafas de cerveja fabricadas
na época eram fechadas com rolhas de cortiça e amarradas com um
fio de barbante passado sobre a rolha e amarrado ao gargalo. Entre os
rótulos usados nas garrafas da época e que custavam 300 réis a
garrafa destacava-se a "Cerveja Victoria".
Um registro de vendas de 1888 a 1891, fornece dados
interessantes sobre os consumidores de cerveja na época. A Sociedade
de Atiradores que tinha como zelador Franz Lungershausen, consumia
uma média de 22 garrafas por dia e o Hotel Holetz mais ou menos 300
. garrafas por mês. Os negociantes Reinhardt, Schrader, Probst, Sutter,
Scheeffer, Gaertner, Hartmann, Stein, Wegener, Beyer, Fiedler,
Asseburg, Rabe, Schreiber, Paupitz, Kaestner, Hering, Engelke,
íoo
Jensen e muitos outros eram revendedores da cerveja fabricada por
Hosang. Entre alguns particulares adeptos da cerveja encontramos o
arquiteto Heinrich Krohberger, o Dr. Victorino de Paula Ramos e o
Dr. F. P. da Costa Moreira, uma garrafa por dia. O Dr. Wilhelm
Eberhard era mais moderado, enquanto o Dr. Wigand Engelke
adquiria em dezembro, para as festas de Natal, 32 garrafas. O escrivão
Gloeden comprava 6 garrafas por mês e a família do Doutor
Blumenau consumia em 6 meses, 126 garrafas.
A cerveja fazia parte da vida do blumenauense desde os
primórdios da Colônia. Em 1905, havia em B1umenau oito cervejarias
cujos proprietários comunicaram através do "Der Urwaldsbote" de 21
de janeiro de 1905, que a partir de 1o de fevereiro do mesmo ano, a
garrafa de cerveja seria vendida por 240 réis à vista, porém nas
vendas a prazo, custaria 250 réis até três meses, daí em diante teria o
acréscimo de 12%.
Foi no sopé do morro Boa Vista que Karl Rischbieter instalou a
"Cervejaria Rischbieter" e um bonito bar. Karl Rischbieter chegou a
Blumenau em 1861, e em companhia dos pais Ludwig e Charlotte, um
irmão e seis irmãs subiu o rio de canoa até a propriedade adquirida em
Salto do Norte, na margem esquerda do rio Itajaí-Açú, defronte à
atual ponte do Salto. Depois de doze anos de árduos trabalhos, Karl
foi para o Rio de Janeiro aprender a profissão de cervejeiro. Entre
1875 e 1877, Karl instalou a sua primeira cervejaria em propriedade
de Karl Probst, propriedade que fazia frente com terras de August
Werner, adquirindo posteriormente de August Blomeyer a
propriedade conhecida como dos Ebert, onde construíu sua fábrica,
menos o bar que só foi construído em 1907. Karl Rischbieter, casado
com Hedwig Clasen, filha de Heinrich e Augusta Clasen, tiveram os
filhos Luiz casado com Olga Ebert, Madalena com Wilhelm
Scheeffer, Elly com Hermann Maas, Emma com José Deeke, Agnes
com Leopold Rabe, Frieda com Teóphilo Zadrozny e Heinrich casado
com Helene Hacklãnder.
Wilhelm, irmão de Karl Rischbieter, instalou-se desde 1866,
numa casinha alugada perto de uma grande figueira com fábrica de
vinagre. A casinha era anteriormente um botequim de cachaça de
nome "Waldschnepfe" (codorna do mato) e era ponto de encontro dos
primeiros moradores que subiam o rio de canoa ou pelas picadas de
caçadores. Wilhelm mudou-se mais tarde para mais perto do centro e
a histórica casinha perto da figueira, alojou o sapateiro Ruehr por oito
201
 anos. Na enchente de 1880, Ruehr foi salvo, das águas, de canoa
quando a "Waldschnepfe" ficou submersa. A casinha, construída em
1863, serviu ainda por alguns anos, a Steinert.
O terreno nas adjacências da figueira era pantanoso e Karl
Rischbieter providenciou o saneamento dos pântanos nas baixadas de
sua propriedade, contribuíndo assim para o melhoramento da hoje rua
São Paulo que no trecho da rua Dr. Sappelt, imediações da praça Dr.
Fritz Mueller e esquina com a rua Almirante Barroso era traçada
sobre terreno pantanoso e carradas de pedras foram tragadas pelo
pântano. Na propriedade que Karl Rischbieter adquiriu de Ferdinand
Ebert, havia uma casa de enxaimel construída em 1860, que serviu de
morada aos Rischbieter até 1897, quando Karl construíu junto à velha
casa uma bela residência. Nas imediações da casa à direita, havia
uma pedreira de rocha vermelha explorada até 1910, que fornecia
anualmente 200 a 300m3 de pedras. Também na construção da E. F. S.
3
C. em 1907, foram fornecidas pela pedreira mais ou menos 1000m de
pedras. Em 1913 a cervejaria foi adaptada à eletricidade e as marcas
"Bavaria", "Favorita" e a "Schwartzbier" eram fabricadas numa
média de 100.000 garrafas anuais. Rischbieter foi por longos anos
presidente da Sociedade de Atiradores.
Na época, era comum as pessoas se reunirem em redor de uma
mesa de "skat" ou de cerveja para conversar sobre assuntos
relacionados com a Colônia, e numa dessas reuniões foi aventada a
possibilidade de escrever uma crônica sobre Altona. Destacaram-se na
elaboração da "Crônica de Altona", Otto Jennrich, Gustav Persuhn
.. Sênior, Theodor Lueders, Gustav Grassmann e Ernst Auerbach. Max
Humpl, professor, anotava os dados relacionados com a fundação de
Altona e Theodor Lueders juntava as fotos que possuía e as que ia
reunindo. Era interesse imprimir a "Crônica" no "Der Urwaldsbote",
como o preço era elevado, Jennrich e Persuhn desistiram, contratando
o professor Max Humpl para escrevê-Ia e ilustrá-Ia por oito contos de
réis. Jennrich colaborou com cinco e Persuhn com três.
Otto Jennrich, o maior entusiasta e interessado em perpetuar os
fatos ligados à fundação de Altona, nasceu no Barracão dos
Imigrantes. Morou com seus pais em Warnow até os 14 anos quando
se empregou na cervejaria Hosang onde muito querido quase casou-se
com Clara, a filha da casa (Clara casou-se com o Conde Von
Westarb). Por motivo de doença, Jennrich foi despedido e voltava
para a casa dos pais, quando Gustav Persuhn o recolheu em sua casa
providenciando para que fosse tratado pelo médico Dr. Volloton.
202
Após quatro semanas Jennrich se restabeleceu e Persuhn emprestou-
lhe 600 milréis para comprar uma tina para fabricar cerveja. Persuhn,
além de ceder aprendizes para lavar garrafas, deu também para
Jennrich um terreno para construir o seu rancho de palmitos, coberto
de palha, para instalar a pequena fábrica. Jennrich vendeu sua
primeira cerveja num baile no salão Liesenberg de Itoupava Norte e
que foi transportada numa bateira pelo rio por Jennrich e Persuhn.
Jennrich comprou o botequim de Daniel August Persuhn, pai de
Gustav Persuhn (alfaiate), ficando hospedado na casa de Persuhn até
o ano de 1873, quando construiu a sua casa e fábrica, mandando
buscar seus pais em Wamow. Jennrich gostava de Blumenau,
conhecendo muito bem a sua história a ponto de mandar construir um
prédio onde reuniu lembranças, documentos, curiosidades, etc.,
formando o "Museu Jennrich" de Itoupava Seca, alvo de atração dos
blumenauenses e principalmente de visitantes. Inteligente, Jennrich
mandou pintar na entrada da cervejaria ao alto, em letras góticas:
"Cervisiam bibunt homines .. Coetera animantia bibund ex fontibus".
(Os homens bebem cerveja. Os outros animais bebem água).
A Cervejaria Jennrich foi durante anos o ponto de reuniões
alegres dos apreciadores de cerveja. Jennrich, preparou dentro da
cervejaria um agradável local inclusive com mobília, enfeites com
chifres de veado e outros animais, jarros e canecos de barro e
porcelana trabalhada com figuras e legendas sérias e brejeiras. A
decoração imitava uma tradicional "Bierstube" de München. A
cerveja de Jennrich era vendida sob os nomes de "Estrela", "Polar" e
"Kulmbach", preta em meias garrafas. A garrafa custava geralmente
400 réis.
No cinema instalado em Itoupava Seca por Adolf Schmalz, Hanz
Lorenz e Viktor Gaertner, o ingresso custava 1$200 réis com direito a
três garrafas de cerveja "Jennrich-Einfach", que eram bebidas na sala
de projeções.
Jennrich, solteirão, andava quase sempre de tamancos, usando
sapatos só quando era obrigado. Comprava-os sempre com um ou dois
números maiores para não machucar os pés. Fumador de cachimbo,
idealizou e construiu uma máquina de picar fumo que lhe decepou as
duas falanges do indicador direito. Era prestimoso e Itoupava Seca
deve a Jennrich muito do seu engrandecimento. Mais tarde, a
"Cervejaria Jennrich" passou para a responsabilidade da "Cervejaria
B1umenauense" de Schmalz & Thiede, sendo depois incorporada ao
patrimônio da "Antártica Paulista",
203
 Além dessas cervejarias, funcionou por pouco tempo em
Blumenau a "Cervejaria Schmidt". Sogro do Dr. Bonifácio da Cunha,
Schmidt, o proprietário, era conhecido por "Sauerbieronkel" (tio da
cerveja azeda), e se localizava nas imediações da Casa Flesch.
Na medida em que a "Comunidade Altonense" crescia,
começaram as reuniões que formaram associações como as de canto,
teatro e música, que geralmente sob a direção do professor local que,
como todo professor alemão de antanho, era versado em literatura e
música.
A primeira sociedade fundada em Altona (Itoupava Seca), foi
sem dúvida a "Freundschaftsverein" (Sociedade da Amizade) em
1864, que reorganizada em I? de maio de 1881, e outras vezes mais
através dos anos, deu origem a atual Sociedade Recreativa e Esportiva
Ipiranga.
Dessas reuniões também surgiram outras sociedades e entre elas,
uma "sui-generis", que por volta de 1900, marcou a vida social de
Altona, foi o clube "Fidele Brueder" (Irmãos Alegres), uma sociedade
integrada de homens solteiros e que excluía automaticamente quem
contraísse matrimônio. Essa sociedade promovia noites de
entretenimento principalmente em caráter beneficente. Colaborou na
construção do monumento ao Doutor Blumenau, apresentando no dia
22 de setembro de 1900, no Teatro "Frohsinn", uma noite de
entretenimento com um programa alegre no qual foram apresentados
números de piano, violino, cítara, trios e duetos humorísticos e ainda
um dueto medieval de costumes e para encerrar danças. O clube
também promoveu no salão de Nikolaus Jensen, no dia 18 de agosto
de 1901, uma noite em benefício da Igreja de Itoupava. A
programação diversificada 'contou ainda com acompanhamento ao
piano por Graupner. A banda de Graupner também animou toda a
programação inclusive o baile. As noites de entretenimento se
sucederam por muitos anos até a Primeira Guerra Mundial, quando
emudeceram.
Na mesma época também foi formado o "Das Altoner
Quartett" (O Quarteto de Altona), integrado por Otto Jennrich,
Richard Parucker, August Francke e Senhora Krueger. Para angariar
fundos para a Igreja Evangélica, no dia 15 de novembro de 1902, o
Quarteto apresentou às 8 horas no Teatro "Frohsinn" uma
programação selecionada. Sob a batuta de Hermann Ruediger foram
apresentados números musicais e canto coral a cargo da Sociedade de
Canto "Harmonie". O quarteto musical foi dirigido por A. Finster. Os
204
números apresentados pelas crianças foram dirigidos por G. Fõll. As
senhoritas Hertel, Baumgarten e Senhora August Zittlow tocaram
piano, sendo que a Senhora August Zittlow também apresentou solos.
Karl Hertel dirigiu o coral da Sociedade de Canto "Germânia".
Quanto à cena humorística "Die zwei lustigen Matrosen" (Os dois
alegres marinheiros) de Otto Teich foi apresentada por August
Francke e Otto Jennrich. O quarteto humorístico "Studios Pfãndung
(Studio sequestrado) de A. Samson foi apresentado por Richard
Parucker, August Francke, Otto Jennrich e Senhora Krueger. O
"Quarteto" como outras associações da época, com o tempo
emudeceram.
Desde 190 I, a cítara tinha seu lugar de destaque entre os
intrumentos musicais, pois Emmy, a filha de Richard Parucker, tocava
cítara e cantava tendo se apresentado no dia 23 de agosto de 1903, no
Teatro "Frohsinn". A procura dos citaristas para abrilhantar grandes
eventos levou os membros a formar em 1921, a Sociedade de Cítaras
de Altona que em 1934, adotou o nome de "Sociedade de Cítaras
"Gut Klang" (Bom Som). Geralmente os concertos da Sociedade de
Cítaras eram de caráter beneficente. Entre eles, em 13 de maio de
1924, o concerto no Hotel Holetz em benefício do "Johannastift" e no
dia 4 de julho de 1928, colaborou com a Comunidade Evangélica de
Blumenau para a aquisição do órgão, apresentando no Teatro
"Frohsinn" um concerto de alto gabarito com peças musicais de W.
Boeck, Sebo Hang, W. Hauptmann, M. W. Kersten, I. Ivanovici,
Blohm, F. V. Suppé, Ernst Spindler e B. P. Godinho. Participou em 7
de julho de 1934, da festa em homenagem aos vinte anos do Coral
Masculino "Eintracht" de Itoupava Seca. No dia 21 de setembro de
1935, a Sociedade de Cítaras "Gut Klang" festejou seu primeiro
aniversário com um grande concerto de cítaras, seguido da peça
teatral com canto, sapateado, e música de cítara, em dois atos, "Der
Schõnste Tag". Em seguida foi apresentada a grande festa alpina com
dança. Na época, o quarteto de cítaras era integrado por Adam
Cremer, que organizou a festa, Tilly Kuehne, Frieda Bonnemassou e
Ernst Wassermann. No dia 30 de março de 1985, o citarista Max
Demmleitner, apresentou-se no Museu .da Família Colonial de
Blumenau na mostra de documentos e noite de autógrafos do 10
Encontro Estadual de Arquivos, Museus e Entidades de Preservação
de Bens Culturais de Santa Catarina.
Em 1912, chegou a Blumenau o professor Max Humpl, que após
viajar pela Hansa e vizinhanças, voltou para Blumenau para atuar
205
como professor na Escola de Altona (atual "Machado de Assis").
Humpl, além de tocar violino, piano e órgão era também pintor, e
quando foi inaugurada a ponte do Salto em 24 de abril de 1913,
Humpl presenteou Vidal Ramos com uma tela pintada representando
a ponte, sendo premiado com uma taça de champagne. Com esses
predicados, Humpl integrou-se à Comunidade Altonense, sendo
convidado para todas as festividades, e foi no aniversário do Otto
Jennrich em junho de 1914, festejado no "Wolffsschlucht", que os
presentes tomaram conhecimento através de um telegrama do
assassinato em Serajevo do herdeiro do trono da Áustria e de sua
esposa, origem da Primeira Guerra Mundial. Moradores de Blumenau
se prontificaram a servir a velha Pátria, porém foram barrados em
Florianópolis, o que foi providencial, evitando assim, que Blumenau
ficasse desprotegida e à mercê dos fanáticos do planalto serrano.
Apesar da guerra, os altonenses se reuniram no Hotel Francke para
alegres noitadas, onde canções entoadas a quatro vozes reuniam
Hermann John, Hermann Sander, Viktor Gaertner, Pelzmann, Adolph
Schmalz e outros. Cabe a Max Humpl a reativação do Coral
Masculino "Eintracht" de Altona, no dia 8 de julho de 1914,
sociedade que funcionou por mais de 25 anos.
O Coral misto de Altona foi fundado em 1928, como coral de
Igreja. Max Humpl e Luiz Probst, com a participação da diretoria da
Comunidade Evangélica de Altona, convidaram senhoras
cavalheiros para participarem do coral e também da primeira reunião
que seria realizada no Teutônia no dia 10 de junho de 1928. A
primeira apresentação foi no lançamento da pedra fundamental da
Igreja da Cruz no dia 29 de julho de 1928, em terras doadas para a
Comunidade Evangélica pelos herdeiros de Carl e Pauline Liesenberg.
A falta de um templo de oração fez com que o primeiro culto
evangélico de Altona fosse celebrado na "Escola Particular de
Altona", atual "Machado de Assis". Para a inauguração da primeira
Igreja de Altona, a Igreja da Cruz, em agosto de 1929, Max Humpl
viajou até Matador para visitar o negociante Smarovsky e examinar o
harmônio adquirido para a Igreja da Cruz, que foi inaugurada no dia
15 de setembro de 1929, com canto e órgão, porém o primeiro
concerto do coral foi apresentado no Teutônia no dia 29 de setembro
de 1928. Com O decorrer dos anos, principalmente durante as duas
Guerras Mundiais, alguns integrantes faleceram e a outros faltou
ânimo para continuar, entretanto, alguns anos depois foi formado o
Coral Infantil da Igreja de Altona e que talvez tenha sido o primeiro
206
nas imediações a apresentar canções alemãs a quatro vozes. Este coral
foi regido por muitos anos pela Senhorita Martha Ehrmann que
também foi a responsável pelas belíssimas apresentações. Depois da
Senhora Clebsch que também se dedicou dois anos ao coral misto, o
coral infantil foi regido por Eugen Seelbach até 1964, e quando
Seelbach se afastou, o coral emudeceu. Erwin Knaesel, atual regente
do Coral Misto de Itoupava Seca, que cantou sob a batuta de
Seelbach, em 1965, formou um novo coral que começou com seis
integrantes, atualmente está com mais de cinqüenta. O ano de 1985,
marca a Comunidade Evangélica de Itoupava Seca com o encontro de
corais e os vinte anos de regência de Erwin Knaesel. De 1961 a 1965,
funcionou também em Itoupava Seca o Coral Feminino regido por
Anni Hartmann.
Nos anos de 1929 e 1930, os presépios vivos de Natal que eram
montados desde o início da colonização foram reativados sob a
responsabilidade do Pastor e esposa que com a colaboração da
Comunidade se encarregaram de montá-los. Do texto constavam as
velhas e belas canções de Natal que eram acompanhadas de violino
por uma integrante do Club Musical. Tudo foi realizado às expensas
da Comunidade de Altona. Na mesma época, Brusque e Pomerode
também reativaram seus presépios.
Funciona até os dias atuais em Itoupava Seca, a Tipografia
e Baumgarten fundada por Hermano Baumgarten e seus filhos,
remanescente da Tipografia que editou o primeiro jornal de
Blumenau, o "B1umenauer Zeitung", redigido em alemão.
Hermann Baumgarten, que quando garoto, viu sua casa e oficina
invadidas pelas tropas federalistas em 1892, e o jornal do seu pai
empastelado, nasceu no dia 24 de julho de 1886, em Blumenau, filho
de Hermann Baumgarten Sênior que em 12 de dezembro de 1879,
participou da comissão que iria levantar fundos para adquirir o
material necessário para instalar a primeira tipografia e editar o
primeiro jornal de Blumenau com o nome de "Blumenauer Zeitung",
que começou a circular em 1o de janeiro de 1881. O jornal redigido
em alemão, durante a Primeira Guerra Mundial foi substituído pela
"Gazeta Blumenauense" redigido em português. Após o conflito, o
jornal voltou como "Blumenauer Zeitung" em idioma alemão, porém
por força da nacionalização em 2 de dezembro de 1938, deixou de
circular. Hermann Baumgarten Sênior faleceu no dia 6 de fevereiro de
1908, e era casado com Marie Deeke, filha de Friedrich Deeke. Dos
207
cinco filhos do casal os rapazes iniciaram na arte tipográfica, porém
somente Julius e Hermann se dedicaram ao jornal.
Desde criança os cinco filhos do casal Hermann Baumgarten
Sênior e Marie estudaram música: Alfred (violino), Lina (cítara),
Hermann (trompete), Julius (violino) e Frieda (violino). Hermann,
apesar das atividades na Tipografia, começou a estudar música aos 14
anos de idade tendo como professores Hermann Ruediger e Ernst
Bernhardt. Hermann que tocava trompete participou do Conjunto
Musical Lyra de Ernst Bernhardt e também do Club Musical. Por
volta de 1903, houve desentendimentos no Club Musical e os
dissidentes formaram a Bandinha "Freiheit" (Liberdade). Hermann
Baumgarten também participou da "Banda Werner" integrada por
Gustav Wemer, Oswald Werner, Ernst Kaestner, Otto Kaestner, Otto
Werner, Eugen Krepski, August Werner, August Werner Júnior,
Richard Schneider, Ernst Haupt, Ermínio Moser, Hermann Schneider
e Wilhelm Schneider, e foi a banda em que atuou por mais tempo.
Alguns anos mais tarde Hermann Baumgarten passou a tocar no
conjunto musical que tocava na Igreja da Cruz e que tinha entre seus
componentes, Heinrich Otte (trombone), Raul Ziegler (baixo), Wague
(trombone), e outros. Após os sessenta anos de idade Hermann
Baumgarten passou a tocar trompa, e aos 98 anos comentava as
viagens de carroça e a cavalo alegrando a todos com suas exibições
musrcais.
Em outubro de 1928, formou-se em Altona o "Altona Futebol
Club" que registrou seus Estatutos como "Sport Club Altonense" no
dia 16 de janeiro de 1937 no L-A, fls. 49 (Cartório Getúlio Vieira
Braga). Da primeira diretoria faziam parte Leopold Olinger, Jacob
Mafezzolli, José da Silva Porto, João T. Pereira e Hercílio Gracher.
Jacob Mafezzolli era o treinador. O "Sport Club Altonense"
funcionava onde hoje está localizada a "Cristais Hering". Mais tarde o
treinador Jacob Mafezzolli integrou-se a equipe do América Futebol
Clube, de Itoupava Norte, participando inclusive da diretoria.
Enquanto nos salões de Francke, Pershun Irmãos, Wuerges e
outros se promoviam concertos, teatro, e outras atrações, no dia 15 de
agosto de 1932, aterrissava em Blumenau-Altona, nas terras de
Boettger, o primeiro avião que fazia vôos panorâmicos sobre a cidade,
cobrando dez milréis por pessoa.
Atualmente, a Itoupava Seca não é mais lembrada como Altona,
que no dialeto hambuguês significa perto demais - "all-zu-nah",
208
entretanto, o nome está ligado a uma das maiores indústrias de
Blumenau, a Electro Aço Altona S. A.
Em Itoupava Norte, a primeira sociedade foi fundada no dia 27
de outubro de 1875, com o nome de "Tbalia". Mudou o nome para
"Frohsinn" e posteriormente para "Einigkeit" (União), voltando
novamente ao nome de "Frohsinn", porém o nome "Thalia" continuou
com o grupo teatral que funcionava anexo à Sociedade de Canto
"Frobsinn" e teve longa duração, pois apresentou no salão de
Richard Holetz, no dia 22 de fevereiro de 1908, às 8:30 horas, com
ingressos a 1$000 réis, a tragicomédia de Fr. Claus, "Der
Wuncherer" .
No velho livro de protocolo da Sociedade de Canto "Frohsinn"
depara-se com várias anotações para o bom funcionamento da
sociedade, entre elas que os associados que sem justificativa se
afastassem da sociedade não cumprindo suas obrigações, seriam
desligados, e os que perturbassem a ordem perderiam seus direitos e
também o de associado, e que a sociedade não seria desfeita enquanto
tivesse quatro sócios ativos. Interessante são as anotações sobre o
movimento financeiro da sociedade na qual a contribuição de 500 réis
era trimestral, a jóia para sócios ativos 1$000 réis e para os passivos
2$000 réis. Também consta do registro que numa festa de aniversário
da sociedade foi paga a importância de 15$000 réis para a
"Musikkapelle Lingner". Nessa festa, todo convidado para participar
pagaria 1$000 réis, e todo o sócio solteiro ou convidado solteiro só
poderia levar uma dama. Quanto a admissão de novo associado era
interessante, pois se aprovada era saudada pelo presidente com o
tilintar de uma sineta e o novo associado deveria pagar meia dúzia de
cerveja. A sociedade também instituiu uma multa de 200 réis para
todo cantor que não comparecesse aos ensaios. A sociedade era tão
bem estruturada que no dia 2 de setembro de 1886, publicou no "Der
Urwaldsbote" o convite para a assembléia geral que seria realizada no
dia 18 de setembro no salão de L. Wegner. No dia 28 de outubro de
1900, a Sociedade de Canto "Frohsinn" sediou a grande festa de
cantores para a qual foram convidadas as sociedades de canto
Germânia e Harmonie de Blumenau, Coral Masculino do Garcia,
Coral Misto de Weissbach, Ribeirão da Cana, Indaial, Wamow,
Timbó, Itoupava, Encano do Norte, Tatutiba, e Vale do Selke. Otto
Jennrich, foi o "Bummelprãsident" e a sua cervejaria serviu de
"podium" para as apresentações. Karl Lingner que festejou seu
jubileu de prata como dirigente da Sociedade de Canto "Frohsinn",
209
 dirigiu o grande coral que cantou "Deutschland ueber alIes". Já os 27
anos de fundação da Sociedade de Canto "Frohsinn", que foram
festejados no dia 25 de outubro de 1902, incluiu na programação uma
reunião de associados na sede da sociedade às 3 horas da tarde e
marcha até a Sociedade de Canto Teutônia, onde a programação deu
continuidade. À noite, foram apresentados números de canto coral
masculino, solos (tenor) com acompanhamento musical. A bonita
canção "Edelweiss" foi apresentada por rapazes com duas flautas e
um pistão. Foram também apresentados solos humorísticos com
acompanhamento musical e no final baile. Com uma noite com
números de pistão, flautas, coral masculino, duetos e solos
humorísticos a Sociedade de Canto "Frohsinn" se apresentou no dia
14 de março de 1903 no salão de Nikolaus Jensen e em 1904, por
ocasião da inauguração da sede do Teutônia, a Sociedade de Canto
"Frohsinn", sob a direção de Carl Hertel apresentou a peça teatral de
Friedrich von Schiller "Die Glocke" (O sino) que foi o ponto alto da
festa. Numa apresentação em Indaial no salão de Arnold Lueders, no
dia 10 de fevereiro de 1907, quando foram apresentadas as peças
teatrais "O fotógrafo em apuros" e "O fantasma de Grauenburg", esta
última em cinco atos de Heinrich Houben, o grupo teatral da
Sociedade de Canto "Frohsinn", aparece como Sociedade Teatral
Thalia. A Sociedade de Canto "Frohsinn" era filiada ao Sãngerbund
Itajahytal.
As duas Guerras Mundiais foram as principais responsáveis pelo
desaparecimento de inúmeras sociedades culturais no Vale do Itajaí.
Algumas apesar de bem estruturadas e até com Estatutos registrados,
tiveram efêmera duração, como o "Grêmio Musical de Itoupava
Norte" que em 23 de dezembro de 1911, publicou seus Estatutos
assinados por Gustav Kirsten Junior, Erich Jacobsen, Oscar Kirsten,
Max Schoenau, Leopold Kirsten, Hermann Kirsten e Carl Lange. O
"Gesangverein Theodor Kõrner", que festejou a inauguração da sua
bandeira no dia 28 de agosto de 1915, também teve curta duração.
Antes, da contrução das pontes sobre o rio Itajaí-Açú, o elo
cultural com Itoupava Norte era feito de canoa e o Cine Mogk era um
marco cultural, pois constantemente servia de palco para
entretenimentos onde além de peças teatrais, sempre muito
prestigiadas, eram apresentados concertos, cinema, espetáculos de
prestidigitação e outras promoções. Até bem pouco tempo, o Cine
Mogk funcionou mantendo a tradição, lamentavelmente foi
desativado.
<
210
Apesar de sociedades culturais emudecerem com a
nacionalização, novas sociedades surgiram, principalmente na década
de cinqüenta. Em Itoupava Norte foram fundadas: A Sociedade
Esportiva Caça e Tiro Itoupava Norte, no dia 2 de junho de 1952.
Sem sede própria realizava suas atividades no salão de Harry Baehr
até 1955, quando passou para o salão Barth, enquanto os "stands"
para o tiro estavam em terras de Otto Mordhorst. Em 1958, construiu
a sede e os "stands" em terreno de sua propriedade. A primeira
diretoria era integrada por Leopoldo Wachholz, Roland Hadlich,
Harold Sutter, José Pereira, Egon Sievert, lngo Puff e Waldemar
MuelIer.
O Clube de Caça e Tiro "TeU", fundado no dia 24 de agosto de
1952, realizava suas atividades no salão de Max Krueger. Em 1960,
adquiriu o terreno onde construiu sua sede social. Formaram a
primeira diretoria, Alfonso Pfuetzenreiter, Hermann Walz, Max
Krueger, Paulo Paupitz, Erich Hertel e Ernst Jehle. Os participantes
da primeira diretoria, inc1uíndo Max Scheidemantel, Bruno Keller,
Oswaldo Teske, Hermann Chicatto, Erich Luerdes, Orlando Klein,
Gustav GolI, Walter Reinold e Júlio Paupitz, foram os fundadores da
sociedade.
A Sociedade Esportiva e Recreativa Nova Esperança, foi
fundada no dia 15 de maio de 1956, por Egbert Gebien, Amoldo Carl,
Hugo Carl, Domingos Gusana, Felix Michel, Laura Carl, Ironquino
Miranda, Valdemar Gebien, lrineu Carl, Romeu Carl, Alfonso Senz,
Amoldo Carl Júnior, Henrique Peschke, Frederico Rache Harold
Guache e Fritz Krutzch.
A Sociedade Recreativa IOde Janeiro de Itoupava Norte, foi
fundada no dia 27 de março de 1958, por Hartsrid Mordhorst, Sandor
Lippel, Walter Jens, João Cordeiro, Bernardo Reich, Arnoldo Barth e
Harry Reich. O salão de Arnold Barth serviu de sede até 1974, quando
foi construída a sede própria.
Em 8 de fevereiro de 1945, foi fundada, em Itoupava Norte, a
Sociedade "Duque de Caxias", para promover "o futebol, festinhas
diversas para melhor aproximação moral e cultural de seus
associados". Os Estatutos foram registrados em 14 de março de 1945,
no Cartório Otto Abry e assinados por Harry Passold, Frederico
Bieging, Erich Knaesel, Afonso Celso Naffin, Edgar Guindani,
Roland Puff, Eugenio Pawlowsky e Sebastião Pereira.
Nas demais localidades do Grande Vale das Itoupavas,
funcionam em Tatutiba I a "Schuetzenverein Itoupavazinha",
211
fundada em 4 de agosto de 1907, que em 1927, publicou seus
Estatutos. Participaram da então diretoria, Erich Jacobsen, Oskar
Dickmann, Carl Tiedt e Otto Stein. Interrompeu suas atividades
durante as duas Guerras Mundiais, voltando em 29 de julho de 1949,
com o nome de Clube de Caça e Tiro Itoupavazinha, com a diretoria
integrada por Leopoldo Kruzsch, Norberto Zimmermann e Ernesto
Wellwock. Funcionou no salão Boehirnger até 1965, quando
adquiriram o imóvel dos herdeiros Boehirnger, reformando toda a
sede em 1971. Funciona ainda em Tatutiba I, a Sociedade Esportiva
e Recreativa Cruzeiro fundada em 26 de dezembro de 1963. Da
primeira diretoria participaram Arno Fritzke, Carlos Lehn, Alfredo
Esemann, Udo Keunecke, Arthur Jantz e Rudi Fritzke. Após
adquirirem um terreno construíram um galpão provisório e na
primeira festa homenagearam os sócios mais antigos, entre eles,
Alwin Schwanke, Helmuth Schwanke, Wilhelm Goldacker,
Guilherme Jensen, Hercílio Deeke, Augusto Voigt, Frederico Ewald,
Hermano Fritzke e Johann Fritzke.
O "Schuetzenverein Caroline Strasse", foi fundado no dia 20
de novembro de 1927. Inicialmente reuniam-se no salão de Emil Tonn
e a partir de 1936, no salão de Alwin Kasulke, bem maior. Em 1927,
realizaram o primeiro desfile, ocasião em que os festejos foram
abrilhantados pela "Musikkapelle Freiheit". Durante a Segunda
Guerra Mundial encerraram suas atividades, voltando em 30 de
setembro de 1948, com vinte e um associados, quando elegeram a
diretoria integrada por Heinz Carl, Erwin Mahnke, Otto Schulz (que
foi tesoureiro durante 34 anos) e Wilhelm Goldacker.
Na Itoupava Baixa, a sociedade que reúne a Comunidade para o
tiro ao alvo, futebol de campo, futebol de salão, voleibol, basquete,
bailes e outras atividades é a Sociedade Recreativa Esportiva Nova
Aurora, fundada no dia IOde maio de 1962, e que teve sua origem no
futebol de campo que era realizado no terreno de Baltazar Fischer,
que mais tarde o vendeu para a sociedade construir sua sede. Com os
integrantes .da primeira diretoria, Curt Krieger, Max Goldacker,
Guilherme Scharf, Edwin Buerger, Elmo Wilhelm e Felipe Pasold e
ainda, Alfredo Bemmer, José Schmidt, Ingo Pasold, Etelvino
Wilhelm, Wigand Reiter, Paulo Rosenberger, Ivo Sasse, Silo
Goldacker, Irineu Duwe e Rainério Fischer, foi fundada a sociedade.
Em Itoupava Central, os primeiros moradores formaram corais,
grupos de ginástica, teatro, futebol, sociedades de tiro ao alvo, etc.
Reuniam-se em salões e locais improvisados, geralmente nos salões
,
212
de Otto e Nikolaus Jensen. As apresentações eram freqüentes e
variadas e o bom gosto se fazia presente, comprovação que poderá ser
feita através de algumas promoções. A Associação Ginástica
Blumenau, apresentava grandes noites de entretenimento (15/7/1904),
e a Associação Ginástica de Encano apresentava números de ginástica
cenas humorísticas e pantomimas (5/5/1917). Também promoviam
apresentações beneficentes desde o início do século, e as peças
teatrais em um ato, "Greve dos Servidores" e G. Roeder e "Como três
músicos pagaram suas bebedeiras" de G. A. Gorner, foram
apresentadas em benefício do Hospital Evangélico (4/11/ 1916). Em
benefício da construção da casa do Pastor de Itoupava foi realizada
uma grande apresentação no dia II de junho de 1921, com o seguinte
programa: I - abertura pelo coral que interpretou "Não esqueça a
língua alemã"; 2 - peça teatral "Feltro e Palha"; 3 - "Seja Feliz
Pequena Estrada", "Roseira" e "Mocidade", canções pelos corais; 4 -
peça teatral "Uma Arca Fiel"; 5 - "Patinadores de Baviera" e 6 -
Grande Baile. Para auxiliar os flagelados do inverno na Alemanha,
promoveram a "Noite de Risos" (24/11/37). Os irmãos Heinz e Karl
Geyer, apresentaram grande concerto, encerrando com baile
(15/5/1921). A Sociedade "Gustav Adolf", homenageou o Centenário
da Independência do Brasil no salão Jensen (7/9/1922).
Em 30 de julho de 1931, a Sociedade Desportiva Itoupava
Central, publicou seus Estatutos com os seguintes objetivos: a)
Cultivar o esporte nas suas várias modalidades, como incentivo ao
desenvolvimento da cultura física e do espírito desportivo dos seus
associados; b) Tratar em geral, do que diz respeito à vida social do
lugar da sua sede, procurando desenvolvê-la de acordo com as
possibilidades. Os Estatutos foram assinados pela diretoria integrada
por Walter Otte, Curt Klein e WiIly Hisching. A sociedade inaugurou
no dia 30 de agosto de 1931, o seu campo com partidas de futebol
entre o América F. C.; Blumenauense F. C.; Vitória F. C. e
Tamandaré F. C. para disputar taça.
O Esporte Clube Progresso que publicou seus Estatutos no dia
20 de dezembro de 1944, foi fundado no dia 15 de março de 1944, na
casa de Frederico Pagel. Os objetivos da sociedade, segundo os
Estatutos, é a prática do futebol em caráter arnadorista e concorrer
para o desenvolvimento físico, intelectual e moral. E regido pelo
Regulamento Interno e pelos Estatutos da Liga Blumenauense de
Desportos e pelo Decreto-Lei Federal n° 3.199 de 14 de abril de 1941.
213
Assinaram os Estatutos, Erich Belz, Alex Knaesel, Gerhard Hardt,
Frederico Pagel, Luiz Beck e Alex Steen.
Funciona, também ativamente, em Itoupava Central o Clube de
Caça e Tiro Concórdia, fundado com o nome de "Schuetzenverein
Eintracht", no dia 1o de maio de 1899. Apesar da primeira festa de
Atiradores ter sido realizada no dia 29 de abril de 1899, e esta data
conste na bandeira, a data oficial da fundação é 1o de maio de 1899,
conforme registro em livro de atas. Entre os fundadores constam os
nomes de Jonas Vogel, Emil Mahnke, Albert Goldacker, Wilhelm
Lemke e Albert Gaulke, tendo ainda como associados, agricultores e
empregados da Companhia Jensen. A sua primeira bandeira foi
adquirida em 1900. As atividades sociais funcionavam no salão da
Casa Comercial Jensen, e todos os eventos da Comunidade eram
realizados nas dependências do mesmo. Como as demais sociedades,
foi desativada durante a Primeira Guerra, em 1918, voltando em 1919.
Em 1938, mudou o nome para Sociedade de Atiradores Concórdia. Os
associados reuniam-se em assembléia geral duas vezes por ano, onde
eram resolvidos todos os assuntos da sociedade. Atualmente realiza
duas festas de tiro por ano, sendo uma durante os festejos de
Pentecostes com o tiro ao alvo e pássaro, e outra em novembro com
"Kraenzchen". O interessante nessa sociedade era o ritual do voto
secreto onde os associados reunidos em assembléia geral decidiam
sobre a admissão de novos sócios, usando feijões pretos e brancos,
sendo que os votos positivos eram os brancos e os pretos os negativos.
O sócio admitido devia pagar a metade da jóia no ato e o restante a
prazo, estipulado pela diretoria. Durante a Segunda Guerra Mundial,
as atividades foram proibidas e para evitar que a documentação e a
bandeira da sociedade sofressem depredação, durante a Denominação:
nacionalização, o presidente da sociedade, na época, Erich
Liesenberg, as levou de madrugada e as escondeu em casa de parentes
no interior de Itoupava. Reativou suas atividades depois da Segunda
Guerra Mundial, e em 1977, no VI Encontro Blumenauense de
Atiradoresrealizada no Clube de Caça e Tiro Velha Central sagrou-se
como equipe vi ce-campeã do torneio.
A mais recente sociedade fundada em Itoupava Central é o
Centro Cultural dos Trabalhadores Rurais de B1umenau, no dia 6
de outubro de 1984, tendo por sede social o Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Blumenau. Foram fundadores: Alberto
Liesenberg, Carlos Roesel, Helga Knaesel, Ricardo Hertel, Harry
Klitzke, Werner Gruenke, Bruno Georg, Wigand Baumann, Gerhard
214
Ineichen, Herbert Flohr, Roland Draeger, Helmut Gaulke, Frederico
Carl Neto, Friedrich Karl Kemmelmeier, Maria Kemmelmeier, Alette
Luebke, Asta Luebke, Gerhard Wachholz, Judite Mueller, Christa
Krueger, Isa Liesenberg, Valmira Hertel, Emília Hertel, Angela
Danker, Elia Fritzke, Elfi Pagelkopf, Helmtraud Voigt, Hannelore
Strelow, Curt Knaesel, Edeltraud Roesel e Julleanda Schwarzer.
O Centro Cultural dos Trabalhadores Rurais de Blumenau,
segundo Alberto Liesenberg, presidente do Centro, "é uma herança
cultural dos antepassados que eram muito fiéis às tradições e à vida
cultural".
Para a fundação do Centro Cultural foi divulgado no quadro de
Avisos um Edital de Convocação datado de 15 de agosto de 1984. O
edital continha a seguinte Ordem do Dia: I - fundação do Centro
Cultural dos Trabalhadores Rurais de Blumenau; II - discussão e
votação dos Estatutos Sociais; III - eleição e posse da primeira
diretoria. A fundação do Centro Cultural dos Trabalhadores Rurais de
Blumenau foi aprovada por unanimidade. Também os Estatutos com
cinco Capítulos e vinte e dois artigos foram aprovados por
unanimidade, e o extrato dos mesmos foi publicado no Diário Oficial
do Estado de Santa Catarina n° 12.599 de 30 de novembro de 1984,
página 22.
CENTRO CULTURAL DOS TRABALHADORES
RURAIS DE BLUMENAU
Extrato dos Estatutos do Centro Cultural dos Trabalhadores
Rurais de Blumenau.
CENTRO CULTURAL DOS TRABALHA-
DORES RURAIS DE BLUMENAU, fundado em 6 de outubro de
1984. Entidade sem fins lucrativos com sede e foro na cidade de
Blumenau. Fins: Proporcionar aos seus associados e familiares
atividades sociais, recreativas, culturais e desportivas. Administração:
A sociedade será administrada por uma diretoria executiva e
fiscalizada por um conselho fiscal. Os componentes da diretoria e do
conselho fiscal serão eleitos por um mandato de dois anos.
Admitindo-se a recondução, em ambos os casos através da eleição
direta e secreta entre os associados quites com a tesouraria da
sociedade. A diretoria é composta por um presidente, vice-presidente,
secretário e tesoureiro e o conselho fiscal é constituído por três
membros associados. Dissolução: A duração da sociedade é por prazo
215
indeterminado podendo ser dissolvida somente pela Assembléia Geral
integrada pela maioria absoluta dos sócios, mediante a deliberação de
dois terços dos associados presentes e convocada especialmente para
este fim. Responsabilidade: Os associados não respondem pelas
obrigações da sociedade. Patrimônio: Bens móveis e imóveis que a
sociedade venha a adquirir e que no caso de dissolução reverterá para
outra sociedade congênere ou uma entidade de assistência social a ser
indicada pela Assembléia que a dissolver. Blumenau, 20 de novembro
de 1984. Alberto Liesenberg, presidente e Helga Knaesel, secretária."
A primeira diretoria ficou assim constituída: Alberto Liesenberg,
presidente; Curt Knaesel, vice-presidente; Helga Knaesel, secretária;
Ricardo Hertel, tesoureiro; conselho fiscal: Bruno Georg, Carlos
Roesel e Hannelore Strelow. Esta novel associação mostra que o
blumenauense continua e continuará por gerações afora a perpetuar
seus costumes e tradições. O Centro Cultural dos Trabalhadores
Rurais de Blumenau é a única associação cultural a funcionar dentro
de um Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Catarina. O
Sindicato de Trabalhadores Rurais de Blumenau possui uma bonita e
ampla sede de alvenaria construída pelos associados.
Funcionam em Itoupava Central, o Coral Misto e o Coral do
Centro Cultural dos Trabalhadores Rurais de Blumenau. O Coral
Misto que também se apresenta nos cultos da Igreja do Salvador,
inaugurou sua bandeira no dia IOde dezembro de 1935, na grande
festa de cantores. A OASE, entre outras atividades promove festas de
Natal, com rifas, teatro de bonecos e outras atrações.
Em Ribeirão Itoupava, funciona um dos "Schuetzenvereine"
mais antigos de Blumenau. Apesar.das sociedades da época abrigarem
em suas dependências uma seção de canto e teatro, o
"Schuetzenverein Itoupava", localizado defronte ao Campo de
Aviação "Quero-Quero", limitou-se às atividades sociais e
desportivas, destacando-se o boião, "skat" e tiro, preservando as
tradições. Fundaram a sociedade no dia 10 de julho de 1877, Georg
Mordhorst,' Wilhelm Jenichen, Wilhelm Borchardt, Gustav Bichele,
Gustav Henschel, Claus Steep e Otto Stein. Antes da inauguração da
sede em 1898, as atividades sociais e desportivas eram realizadas na
casa de Heinz Jensen, passando depois para a casa de Rechenberg. A
sede foi construída em estilo enxaimel, após a reforma conserva
apenas a fachada. Reformulou seus Estatutos em 29 de janeiro de
1939, e os registrou no Tabelionato Abry em 27 de abril de 1939, com
216
o nome de Sociedade de Atiradores de Itoupava, e após a Segunda
Guerra Mundial de Clube de Caça e Tiro Ribeirão Itoupava.
Funciona ainda em Ribeirão Itoupava, a Sociedade Recreativa e
Esportiva Alvorada, fundada no dia 3 de julho de 1955. As
atividades sociais realizavam-se no salão Krueger até 1959 quando a
sociedade construiu sua sede em terreno adquirido de Gerhard
Krueger, inaugurando-a em 1968, com torneio de tiro e boião.
Fundaram a sociedade, Erich Beck, Jeans Krueger, Harold Hackbarth,
Hermann Zingel, Wigold Beck, Erich Otto, Herbert Starke, Alwin
Setter, Arnold Adam, Curt Knaesel, Erico Gieseler e Rudibert Michel.
Em Itoupava Alta, a primeira sociedade fundada foi o
"Schuetzenverein Itoupava Alto", no dia IOde maio de 1894. Como
todos os "Schuetzenvereine" da época sofreu as conseqüências das
duas Guerras Mundiais. Reformulou seus Estatutos em 1920, com a
diretoria integrada por Gustav Knaesel, Francisco Brueckheimer e
Wilhelm Sievert e, em 1938, com Henrique Koprowski, Martin
Jensen, Rudolf Manske, Guilherme Pollnow, Carlos Roesel, Arthur
Meyer e Max Fisher. Inaugurou sua bandeira no dia 20 de novembro
de 1938, com grandes festejos no salão de Carl Jensen Primo. Foi
fechada durante nove anos, reiniciando suas atividades em 15 de maio
de 1950, com o nome de Sociedade Esportiva e Recreativa
Itoupava Alto. Em 1960, construíram sua sede. A sociedade festeja
em janeiro, "rei do pássaro"; em abril, "rei do boião"; em junho, "rei
do tiro ao alvo" e em setembro "rainha do boião".
A Sociedade Recreativa Esportiva Liberdade de Rio Bonito
(Itoupava Alta), foi fundada no dia 24 de maio de 1964, no salão
Behling. Da primeira diretoria constam os nomes de Alfred Behling,
Arnoldo Steinbach, Osmar Steinbach, Norberto Behling, Adolfo
Behling, WilIybald Witte, Gustav Eichstaedl e Arno Hausmann.
Funciona desde 1965 no salão Eichstaedt.
Vila Itoupava. Com a emancipação do distrito de
Massaranduba, do município de Blumenau, em dezembro de 1948,
Itoupava Rega Baixa, hoje Vila Itoupava, passou a ser a sede do
distrito de Vila Itoupava. Como em todo o Vale do Itajaí, a
Comunidade de Vila Itoupava, também fundou suas sociedades, e,
uma das mais antigas foi fundada em 1896, com o nome de
"Schuetzenverein Harmonie", que inaugurou sua sede em 23 de
junho de 1935, com grandes festejos. Em 3 de janeiro de 1943, o
"Schuetzenverein Harmonie" uniu-se à Sociedade Recreativa
Desportiva Cruzeiro do Sul, que funcionava no Hotel Hinsching,
217
formando em IOde outubro de 1948, a Sociedade Recreativa
Desportiva Serrinha. Registraram seus Estatutos no dia 25 de junho
de 1954, no L-A-6, fls, 212 V - Cartório Getúlio Vieira Braga,
Blumenau. Quando os Estatutos foram publicados a sociedade era
dirigida por Mário Manske - presidente, Helmut Danker - vice-
presidente, Arno Kardauke - 1° secretário, Edgar Gruetzmacher - 2°
secretário, Alfred Ziehlsdorf - 1° tesoureiro e Willy Hadlich - 2°
tesoureiro. Com a Segunda Guerra Mundial, as atividades foram
suspensas e a reabertura aconteceu com Emílio Jurk, Gustavo
Cardoso, Arno F. Ulrich, -August Bauer, Rudolf Rutzen, WilIy
Hadlich, Gustav Mueller, August Richter e Germano Hein Júnior.
Além do tiro ao alvo a sociedade oferece aos associados o boIão,
futebol de campo e o "skat", sendo que este último é muito praticado
levando a sociedade a participar de torneios estaduais, nacionais e
internacionais.
A Sociedade Recreativa Esportiva Serrinha de Vila Itoupava não
se restringe à festas de atiradores, futebol, bailes e outros
entretenimentos recreativos e desportivos, pois filiada à Liga Cultural
e Recreativa do Vale do Itajaí, sediou no dia 15 de maio de 1960, a
Grande Festa de Cantores promovida pela Liga. Os festejos
começaram às 7:30 horas da manhã com a concentração das
sociedades filiadas em frente da firma Com. Ind. Manzke Ltda. Às 8
horas teve início o desfile festivo para a sede social da S. R. D.
Serrinha onde se realizaram todos os atos referentes aos festivais de
Canto realizados no Vale do Itajaí e que foram encerrados com um
grande baile. A sociedade abre espaço em sua sede para outras
apresentações artísticas, culturais e esportivas.
Em 8 de dezembro de 1921, chegou a Blumenau, convidado para
atender os enfermos de Massaranduba, o Dr. Alfred Hoess, natural de
Mergenhofen - Áustria, estabelecendo-se em Itoupava Rega Baixa,
hoje Vila Itoupava. Improvisou uma clínica em sua residência, além
de viajar aos mais distantes locais em cansativas viagens, cavalgando
de dia e de' noite, até que elementos representativos da Comunidade
local, entre eles, Max Wulf, comerciante e industrial, Max Haufe,
farmacêutico e vereador, Heinrich Feldmann Sênior, Emílio Manke,
Carl Bauer, Franz Zimdars, Erwin Manzke, Frederico Kilian e outros
resolveram constituir a Sociedade Beneficente Misericórdia de
Massaranduba. A administração foi entregue ao Dr. Hoess que se
empenhou com entusiasmo pela construção e bom funcionamento do
hospital. A "Sociedade Beneficente Misericórdia" registrou seus
218
primeiros Estatutos no dia 29 de janeiro de 1924, no livro 1, fls. 63 V,
no Cartório Getúlio Vieira Braga. A sociedade revisou seus Estatutos
em 16 de maio de 1929; em 9 de setembro de 1972 e em 16 de agosto
de 1973.
Integraram a primeira diretoria da sociedade, Max Wulf -
presidente; Max Haufe - secretário e Carl Bauer - tesoureiro. Após
Max Wulf, atuaram na presidência: Heinrich Feldmann Filho, Arthur
Meyer, Emílio Manke, Guilherme Giese, Claus Feldmann, José
Deschamps, Josef Wõrner, Arthur Zimdars, Harry Voigt, Humberto
Franz, Carl Heinz Conrad e desde 1975, Helmut Danker.
Após uma década de serviços prestados no Hospital Misericórdia
de Massaranduba, em 1930, pela sua competência e dedicação, o Dr.
Hoess foi convidado para trabalhar no Hospital Santa Isabel de
Blumenau pela Irmã Aluysianis, superiora do Hospital.
Ao deixar suas funções no Hospital de Massaranduba, o Dr.
Hoess foi homenageado com um jantar de despedida ao qual
compareceram mais de 250 pessoas, inclusive de outras localidades
por ele atendidas entre elas, Testo Rega, Itoupava Alta, Itoupava
Central, Itoupava Rega, Braço do Serafim, Luiz Alves e outras.
Nos primeiros anos de trabalho no Hospital Santa Isabel, o Dr.
Hoess foi auxiliado por Irmãs-enfermeiras e em seguida pelo Dr.
Paulo Mayerle que foi seu médico assistente nas cirurgias.
O Dr. Hoess aposentou-se em 1951 e foi residir em Vila
Itoupava. Médico de renome, sua aposentadoria não impedia de
auxiliar aos que necessitassem dos seus serviços profissionais,
salvando em certa ocasião uma moça que estava sendo submetida à
intervenção cirúrgica pelo Dr. Camargo Rocha no Hospital de Vila
Itoupava.
No dia 9 de dezembro de 1959, em sessão solene, a Câmara
Municipal de Blumenau, pela lei n? 911 de 7 de novembro de 1959,
conferiu o título de "Cidadão Blumenauense" ao Dr. Alfred Hoess,
sendo orador na ocasião o Dr. Mário Manzke, que nasceu sob a
assistência do homenageado. A Irmã Aluysianis recebeu título
idêntico na mesma data, sendo orador o Dr. Wilson Gomes Santhiago,
médico oftalmologista do Hospital Santa Isabel. O Dr. Hoess também
foi homenageado pelo Governo Municipal com a denominação, em
Vila Itoupava, de uma área ajardinada, de "Praça Dr. Alfredo Hoess".
Substituíram o Dr. Hoess, no decorrer dos anos, no Hospital
Misericórdia, os médicos: Weber, Mueller, Álvaro Batalha, Renato
Walter, Harald Karmann, Benedito de Camargo Rocha e Frederico
219
 Strassburger. Com o Dr. Frederico Strassburger, em 1966, o hospital
começou a ser reformado e ampliado com novas construções, com o
apoio da Comunidade e do Deputado Aldo Pereira de Andrade.
AtuaImente o hospital conta com 36 leitos, em 21 quartos com
banheiro privativo, um quarto com 4 camas, cinco apartamentos e
dois apartamentos para isolamento. Possui aparelhagem completa para
um Hospital Geral, gerador de energia elétria de emergência e uma
lavanderia toda mecanizada. O hospital funciona com dois médicos, o
Dr. Frederico Strassburger e o Dr. Celso Setter, uma enfermeira chefe
e vinte funcionários.
Funciona no hospital, o Posto de Saúde (estadual).
Na propriedade que pertenceu ao Dr. Hoess, funciona atualmente
a "Casa São José" de Vila Itoupava.
A "Casa São José" de Vila Itoupava foi fundada em 14 de
novembro de 1963, pelo Irmão Berardus da Congregação dos Irmãos
Franciscanos da Santa Cruz que tem sua sede em Hausen Wied -
Alemanha. A Congregação fundada pelo Irmão Thiago Wirth (1830 -
1871), natural da Alemanha, obteve, com mais alguns colaboradores,
do bispo diocesano de Treves, benção e aprovação da Igreja para
funcionar como caritativa, estendendo suas atividades à Itália,
Holanda, América do Norte e Brasil.
O Ato Constitutivo de fundação da "Casa São José" de Vila
Itoupava foi registrado no Cartório Getúlio V. Braga no dia 25 de
janeiro de 1967, e os Estatutos, elaborados em IOde janeiro de 1968,
no dia 25 de janeiro de 1968, no L-A-7; folhas 116, do mesmo
Cartório.
Segundo os Estatutos, a "Casa São José" de Vila Itoupava - "é
uma sociedade de direito civil de caráter religioso, beneficente,
cultural e educativa, visando tratamento ambulante de enfermos e
educação de meninos pobres e órfãos". É filiada à Charitas G. m. b.
H. com sede em Cochem-Ebernach, Alemanha, organização de direito
civil dos Irmãos Franciscanos de Santa Cruz. Consta ainda dos
Estatutos' que a - "Sociedade é dirigida por uma diretoria não
remunerada composta de um Superior, um Secretário e um
Ecônomo", indicados pelo Superior Geral da Congregação ou de seu
substituto legal. A Sociedade não visa lucros e as rendas oriundas das
atividades agrícolas, festas populares, pagamentos por serviços
assistenciais, auxílios, donativos, subvenções particulares e públicas
são incorporadas ao patrimônio.
220
A "Casa São José" de Vila Itoupava, começou a funcionar com o
Irmão Albrecht em 1963, na propriedade adquirida do Dr. Alfred
Hoess. Em 1967, teve início o tratamento hidroterápico com o Irmão
Damiano, formado na Alemanha, já falecido. Após 1975, foi
construída a casa para internamentos e em 1979, a casa para
tratamentos.
A hidroterapia aplicada é baseada no método do pároco
Sebastião Kneipp, e consta de estimulação natural através da água, ar
puro, clima, calor e frio. O tratamento, conforme exames médicos
incluem massagens gerais específicas e subaquáticas; banhos
medicinais específicos, gerais e parciais, frios e quentes; duchas e
jatos; aplicações específicas de Kneipp, térmicas e elétricas; ginástica,
piscina e sauna. O tratamento tem a duração de duas a três semanas e
está a cargo de Irmãos com curso de especialização de três anos na
Alemanha, sendo um, especialista no método Kneipp. Trabalham
ainda na "Casa São José" de Vila Itoupava, cinco massagistas, num
total de dezesseis funcionários.
A "Casa São José" dispõe de 13 apartamentos e 6 quartos
simples com banheiros e ar condicionado. Atualmente dirigem a
"Casa São José", os Irmãos Cesário, Rigoberto e Reinhardt. É de
Utilidade Pública Federal pelo Decreto Lei n" 82474, publicado no D.
U. em 24 de outubro de 1978. É sanatório hidroterápico e estação de
repouso, atraindo pacientes até do exterior.
Destaca-se em Vila Itoupava a Fábrica de Bordados e Cadarços
HACO, a maior no gênero da América Latina. Fundada por Max
Haufe, em março de 1931 foi adquirida por Heinrich Conrad que
faleceu em 1960, sendo atualmente dirigida pelo filho Carl H. Conrado
Em maio de 1979, os empregados da fábrica se reuniram fundando a
Associação Recreativa Desportiva e Cultural dos Empregados da
"HACO", que promove festas esportivas e sociais.
O espaço para funcionar a Intendência de Vila Itoupava ficou
disponível com a inauguração do G. E. "Pedro Cristiano Feddersen",
no dia 21 de agosto de 1954, com a presença do Governador do
Estado e Prefeito Municipal de Blumenau Hercílio Deeke.
Atualmente o Grupo Escolar funciona como C. E. "Pedro Cristiano
Feddersen" abrigando o Pré, 1° e Il" graus. A primeira diretora foi
Edith Kormann.
Nos mais distantes locais do distrito de Vila Itoupava, os
moradores se reuniram fundando associações, sendo os
"Schuetzenvereine" as mais importantes.
221
 Em 1898, reuniram-se em Itoupava Rega Alta, Johann Zimdars,
Franz Zimdars, Otto Manske, Albert Trapp, Albert Ziehlsdorf, Albert
Jantz, Otto Jantz, Hermann Falk, Wilhelm Flohe, Friedrich Gueths,
Julius Manske, Karl Oldenburg, Otto Falk e outros para fundarem o
"Schuetzenverein Oberer Itoupava Rega". Na casa de Johann
Zimdars foi realizada a 1a Festa de Atiradores e posteriormente na
casa de Franz, filho de Johann até 1917, quando as atividades foram
paralisadas, voltando em 1926 com a diretoria integrada por Albert
Ziehlsdorf, Fritz Manske, Otto Manske e Franz Strube. Em 1939, com
a nacionalização, adotou o nome de Sociedade de Tiro Ipiranga. Foi
fechada em 1942, e reaberta em 1947 com o nome de Clube de Caça
e Tiro Itoupava Rega, com a diretoria integrada por Arthur Zimdars,
Alwin Manske, Wilhelm Modro e Erwino Rusch. Os bailes e festas de
atiradores continuam a ser realizados no salão construído por Arthur
Zimdars em 1950. Arthur Zimdars, foi presidente do clube durante 20
anos. Em 1967, foi eleito presidente Harri Gueths, porém a partir de
1979, Arthur Zimdars é presidente. Em 19 de janeiro de 1963,
inauguraram a moderna cancha de boIão com duas pistas.
O "Schuetzenverein Einigkeit" foi fundado em 1920. Funciona
no salão construído por Paulo Kunze, mais de quarenta anos. Como as
demais associações da época, durante a Segunda Guerra Mundial
paralisou suas atividades, retornando em 1950, quando registrou seus
Estatutos com o nome de Clube de Caça e Tiro União, Paulo Kunze,
Max Ruediger, August Zinke, Harry Oechsler, Emil Kunze, Gustav
Moegel, Jorge Klabunde, Richard Kulpas, Erich Stein e Gustav
Ruediger, são considerados os sócios mais antigos.
No dia 26 de outubro de 1952, Braço do Sul fundou sua
sociedade com o nome de Sociedade Recreativa Desportiva Braço
do Sul, onde praticavam tiro ao alvo e boIão. Fundaram a sociedade,
Erwin Alsleben, Erich Klabunde, Martin Klabunde, Arthur Hertel,
Harry Oechsler, Albert Zeplin, Edmundo Dettmer, Willy Dettmer,
Norbert Dettmer, Carl Richter, Alfred Daugs, Mário Manske, Arthur
Fritzke, August Bauer e Albert Luebke. Realizam três festas anuais
acompanhadas de baile.
A mais distante sociedade do grande Vale das Itoupavas, está
localizada à Rua 13 de Maio, no distrito de Vila Itoupava. Foi
fundada no dia 13 de maio de 1960, com o nome de Sociedade
Recreativa Esportiva "13 de Maio", por Adolf Krauss, Siegfried
Jans, Egon Eichstaedt, Erich Stein, Ricardo Krutzsch, Gustavo Jurk,
Erico Rutsatz, Arthur Fritzke, Victor Klabunde, Herbert Trapp,
221
Hermann Krause, Herique Hertel, Carlos Sãuberlich, Emílio
Krishanski, Alfredo Kleine, Wigand Zimdars, Harry Oechsler, Arno
Klabunde, Egon Kardauke, Fritz P. Techentin e Martin Fritzke.
Promovem festas de Atiradores e boIão. Gustavo Jurk preside a
sociedade por vários anos, bem como Victor Klabunde é capitão
muitos anos.
Na casa de José B. Deschamps, reuniram-se no dia 31 de janeiro
de 1959, uma média de 94 pessoas interessadas em fundar a
Sociedade Esportiva e Recreativa Primavera. Após definidos os
objetivos da sociedade foi eleita a diretoria integrada por Frederico
Manske, Helmuth Knaesel, Harri Voigt, Helio M. de Souza, Hermann
Hein Jr. e Martin Volles. Fundada em janeiro, em setembro do mesmo
ano foi realizada a primeira festa de Atiradores. Em janeiro de 1960
foi festejada a inauguração da bandeira da sociedade com torneio de
boIão. Funciona num prédio de enxaimel, que apesar de adquirido
pelo Prefeito Renato Vianna em troca de um lugar mais amplo, voltou
para a sociedade através do Prefeito Dalto dos Reis. Quando sem
sede, a sociedade funcionava na Sociedade Recreativa Desportiva
Serrinha.
A formação de sociedades continua, pois em 12 de maio de
1977, foi fundado o Clube de Caça e Tiro "XV de novembro",
localizado em Ribeirão Sarmento no distrito de Vila Itoupava.
Funciona com sede própria de alvenaria.
Para abrilhantar os festejos e bailes de Vila Itoupava, funcionam
as bandas "Os Vilanenses", "Alegria" e "1° de Maio".
A Banda "Alegria" foi fundada em 1948, por Fernando
Neuenfeldt que toca bandônion e é também o dirigente. Felix Pasold e
Gustav Ziehlsdorf. Posteriormente, a banda foi acrescida do
saxofonista Alex Buerger, tendo ainda, no trombone Curt Klitzke, na
tuba Heraldo Linck, Siegfrid Buerger no acordeon, Reinaldo
Gruetzmacher na bateria e Raul Doeringer no saxofone. A banda
gravou dois discos: "Festa das Bandinhas" e "Debaixo das
Palmeiras".
A Banda "10 de Maio" foi fundada no dia 27 de agosto de
1968, por Lauro Manzke que tocava acordeon, Walmiro Manzke no
bandônion, Waldemar Manzke na bateria e Orlando Klitzke na
c1arineta. Inicialmente o grupo funcionou como "jazz". Com o tempo,
Waldemar Manzke se viu só no conjunto o que fez com que reunisse
nove elementos para compor a sua nova banda. Com Waldemar
Manzke atuam Reinwald Trapp como 1° pistão, Nilo Jantz 2° pistão,
223
 Ivo Baier que toca órgão e acordeon, Ivo Jantz no sax-alto, Alcides
KJitzke no trombone, Lauro Jantz no sax-tenor, Romeu Borchardt no
contrabaixo, Amildo Kopch na guitarra e o fundador Waldemar
Manzke na bateria.
A Banda "Os Vilanenses" foi fundada no dia 26 de outubro de
1974, por Valdemar Dix, Udo Ueckert, Amo Ueckert, Alcido
Milbratz, Renato Jensen, Charles e Eduardo Ulrich. O conjunto
lançou o "LP" com o nome "So sind Wir". Com repertório variado já
se apresentou em quase todo o Estado de Santa Catarina.
Um dos maiores destaques humanos de Vila Itoupava é sem
dúvida Max Haufe, nascido em 1884 na Silésia-Alernanha, e que veio
para o Brasil em 1904. Casando-se em Joinville com Martha
Schossland teve dois filhos. Farmacêutico competente foi responsável
pela fundação de farmácias em Blumenau,Vila Itoupava,
Massaranduba, Luiz Alves e Testo. Foi um dos fundadores do
Hospital Misericórdia de Vila Itoupava e também o fundador da
primeira farmácia no local. Brasileiro naturalizado, eleito vereador,
exerceu a vereança nos períodos de 1922/1926 e 1926/1930. Com
entusiasmo dedicou-se ao desenvolvimento da Vila Itoupava,
empenhando-se na construção da estrada, instalação do correio,
escola, luz, igreja, etc. Fundou a "fábrica HACO, que hoje é a única
indústria de grande porte na Vila e a maior do gênero na América
Latina".
Faleceu em Joinville no dia 18 de maio de 1959 (dados
biográficos fornecidos pela filha Editha Haufe Haenke em 8 de maio
de 1980).
Marcam as Itoupavas a sua diversificada indústria a começar por
Ernst Eckardt, professor em Itoupavazinha que em 1890 com um
tear marca Schubert & Salzer começou em Itoupava Norte uma
fábrica de meias de algodão, transferindo-a em 1898 com mais um
tear para Itoupava Seca. Em 1908, com três teares circulares mudou
toda a indústria para o Encano e a vendeu em 1927 para a Indústria
Têxtil Companhia Hering.
A Cremer S. A. Produtos Têxteis e Cirúrgicos foi fundada por
Werner Siegfried Cremer que veio da Alemanha após a Primeira
Guerra Mundial estabelecendo-se inicialmente em Porto Alegre com
pequena fábrica de produtos manufaturados de gaze com matéria
prima adquirida das indústrias de Blumenau. Aceitando sugestões de
blumenauenses para transferi-la para Blumenau, em 30 de março de
1935 com o capital inicial de trezentos contos de réis, foi fundada a
< 224
Werner Siegfried Cremer S. A., tendo como Diretor-presidente Alwin
Schrader, Vice-presidente Max Victor Hering, Diretor-gerente
Werner Siegfried Cremer e Diretor-contador João Schwuchow, sendo
a primeira no gênero em toda a América Latina.
Adquiriram o primeiro terreno com a área de 1.927 metros
quadrados com um prédio de dois pavimentos e um sótão, perfazendo
a área de 1.200 metros quadrados onde foi implantada uma tecelagem
com oito teares, urdideira, engomadeira, confecção e expedição. Em
1937, foi implantada a primeira fiação. Com a Segunda Guerra
Mundial a Cremer sofreu sérias dificuldades, conseqüências inerentes
à própria guerra que criou situações insustentáveis. Em 1941, alterou
sua razão social para Fábrica de Gazes Medicinais Cremer S. A.
(Werner Siegfried Cremer em 1939 se retirara da firma regressando
para a Alemanha). Em 1950, em Assembléia Geral Extraordinária foi
constituído um Conselho Diretor sob a presidência de Heinz Schrader
que auxiliado por Arthur Fouquet e colaboração técnica de Ewaldo
Jansen deram novo impulso à empresa. Fabricando produtos de alta
qualidade, recebeu medalhas e prêmios em exposições realizadas em
vários pontos do país, pela sua linha de ataduras, gaze, fraldas,
absorventes higiênicos e ataduras gessadas. Com a aquisição de
alguns teares "Ribeiro" passou a produzir a partir de 1956, em tecido
felpudo, toalhas de rosto, banho, praia e tapetes para banheiro.
Em 17 de dezembro de 1968, alterou sua denominação para
Cremer S. A. Produtos Têxteis e Cirúrgicos.
Em novembro de 1970, inaugurou seu departamento de adesivos
com a produção de esparadrapo. Utilizando a tecnologia alemã "Paul
Hartmann A. G.", lançou em 1976 as Ataduras Gessadas Plastrona e
com auxílio da "Beiersdorf" colocou no mercado em 1980, as fitas
auto-adesivas "Tesa".
"A Cremer é considerada, hoje, o maior fabricante brasileiro de
artigos hospitalares, no seu ramo, e também de fraldas".
Em 1974 criou a sua subsidiária Plásticos Cremer S. A.
Ocupando uma área construída de 68.477 metros quadrados, a
Cremer chega ao seu cinqêntenário com uma linha de produção que
abrange:
"a) Fio de algodão (de consumo intermediário).
b) Material de penso para uso hospitalar em cirurgia e ortopedia,
tais como: algodão hidrófilo e ortopédico, ataduras de gaze,
ortopédicas, elásticas ou de crepom; atadura gessada, compressa de
225
europeus. Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da "Lista
Negra", o exército americano importou as conhecidas "Gaitas Hering"
para os seus soldados em campanha. Sobrecarregada, devido a sua
atividade na Fábrica de Cristais Hering, entregou a direção da Fábrica
de Gaitas.
Na década de sessenta, a Hering vendeu a quase totalidade das
ações para a "Hohner" da Alemanha, que apesar de nada investir na
sua subsidiária brasileira, foi rotulada de multi-nacional, perdendo os
subsídios existentes na época. Quando a "Hohner" assumiu o controle
acionário da Hering, esta já possuía tecnologia própria competindo
com os melhores fabricantes do mundo.
Em 1969, a Hering lançou a linha de pianos para crianças e em
1975, passou a fabricar instrumentos de sopro.
Apesar de reestruturadaa em 1977, sob a razão social de Hering
S. A. Brinquedos e Instrumentos Musicais, permaneceu até 1979
como empresa estrangeira, e quando nacionalizada incorporou a
Hering Rasti, até então sua subsidiária, e seus produtos compõem a
Linha Rasti da empresa. A Hering Rasti adquiriu máquinas,
equipamentos, tecnologia e patentes da "Knittax" Argentina.
A empresa utiliza matéria prima nacional e os seus quatro mil
componentes são fabricados pela Hering, inclusive ferramentas,
máquinas e moldes.
A Hering ocupa uma área de 35.000 metros quadrados e os seus
representantes cobrem todo o território nacional colocando seus
produtos que abrangem pianos, gaitas de boca, instrumentos de sopro
e percussão, xilofones, metalofones, flautas, órgãos, etc. Exportando
8% da sua produção, ocupa 2% do mercado nacional de brinquedos,
dominando o mercado na linha de brinquedos musicais.
Além da automação na fabricação de brinquedos a Hering dá
toda a assistência ao homem, o artesão, responsável pela qualidade
dos instrumentos musicais.
A Associação Atlética "Gaitas Hering" registrou seus Estatutos
no dia 2 de outubro de 1974.
Em agosto de 1986, a Trol S. A. Indústria e Comércio, assumiu o
controle acionário da Hering S. A. Brinquedos e Instrumentos
Musicais, transformando-se na segunda maior fábrica nacional de
brinquedos.
A Cristais "Hering" S. A. foi fundada em 1950 por Alice
Hering, viúva de Alfred Hering, após sua visita a uma fábrica de
cristais, numa de suas viagens à Europa. Entusiasmada, contratou um
228
técnico, adquiriu a maquinária e sob a razão social de Cristais Certei
Ltda., empregando o capital de quatrocentos e vinte contos de réis,
fundou mais uma empresa inédita em B1umenau. Com a contratação
de sete empregados, a fábrica iniciou suas atividades fabricando
copos de cristal.
Em 1953, a empresa foi transformada em sociedade anônima
com o nome de Cristais Hering S. A.
No ano de 1955, a fábrica produziu 180 mil peças unitárias,
sendo a maioria copos, chegando mais tarde à produção diária de 18
mil peças unitárias, incluindo vasos, jarras, taças, etc., considerando
que estas requerem mais tempo de mão de obra especializada. Com
uma média de 700 operários, a fábrica de Cristais Hering, oportunizou
a especialização de operários que saindo da empresa contribuíram
para a formação de duas empresas independentes.
Apesar da falta de tradição na fabricação de cristais, a Cristais
Hering conta com bom nome no exterior, exportando mais de vinte
linhas especiais, enquanto para o mercado interno são produzidas
cinco linhas. As primeiras exportações, iniciadas na década de oitenta
foram para a América Latina seguindo-se para os Estados Unidos,
Noruega, Holanda, Bélgica, Suíça, Austrália e Japão. Enquanto nos
Estados Unidos a preferência recai sobre os copos leves com hastes
mais altas, e os europeus apreciam os lisos ou com pouca lapidação,
os australianos e japoneses preferem os cristais com lapidação pesada
semelhante aos da Bohemia. A Cristais Hering, atualmente, tem
capacidade para produzir uma média de 380 mil peças por mês.
A valorização do homem é fundamental na empresa que mantém
esmerada assistência aos empregados.
Em 26 de setembro de 1958, foram registrados os Estatutos do
Esporte Clube Cristais Hering.
Para melhorar o obsoleto sistema telefônico implantado em
Blumenau desde 1883 e ampliado no governo de Alwin Schrader
(1907/1915), viajou para a Alemanha, Max Hering, e a convite deste
veio para Blumenau o Engenheiro Paul Werner, que em 1923,
associou-se a Ernst Auerbach, dono de uma pequena fundição. A
pequena fundição passou a chamar-se Auerbach & Werner que a
partir de 1934 passou a transformar-se na grande fundidora de aço -
"Electro Aço Altona S. A.", que funde peças em aços especiais, em
ligas de cromo, níquel, molibdênio, manganês, tungstênio, cobalto e
outros materiais destinados aos mais variados setores industriais como
as siderurgias, laminadoras, mineradoras, montadoras, dragagem,
229
química, petrolífera, petroquímica, fertilizantes e outros. A "Electro
Aço Altona S. A." possui atestados de qualidade de seus produtos
fabricados, fornecidos pela Petrobás, Caterpillar dos Estados Unidos,
Technischer Überwachungs-Verein/Rheinland da República Federal
da Alemanha e outros.
Paul Werner e sua esposa Lina Marie, além de passar para o
filho Bernardo W. Werner a "Electro Aço Altona S. A." passaram
também a sua têmpera de aço que o possibilitou a gerir a possante
empresa e ainda exercer outros cargos entre eles a presidência da
FIESC, SESI, SENAI e os seus 15 anos como vereador da Câmara
Municipal de Blumenau.
Assumiu a direção da empresa em 1956, e em 1970 com o
falecimento do pai assumiu a presidência que ocupou até 1984,
quando a passou para seu filho Renato, passando a ocupar a
presidência do Conselho Administrativo.
Como as demais grandes empresas blumenauenses, a Electro
Aço Altona S. A. com seus mil colaboradores, mantém assistência
total aos empregados. A Associação Atlética Altona registrou seus
Estatutos em 7 de março de 1975.
A Companhia Lorenz, fundada em 1916, pelos irmãos Hans e
Fritz Lorenz, foi a pioneira da Indústria de Fécula na América Latina.
Além de inspirarem a indústria de porcelana Mauá, também atuaram
na industrialização de carnes com o Frigorífico Fritz Lorenz sediado
em Timbó. A sede. da Companhia Lorenz continua em Blumenau e
sua produção é bastante diversificada. Seus produtos à base de fécula
de mandioca são utilizados na indústria têxtil, papel, alimentos,
farmacêuticos, petrolíferos, químicos e frigorífico. Possui filiais no
Paraná (Quatro Pontes, Umuarama, Marechal Cândido Rondon,
Apucarana e Cianorte), S. Paulo Guarulhos e também na Bahia
(Inhambupe). Em Indaial funciona o centro de pesquisas e
desenvolvimento. A empresa é, em alguns setores, informatizada e
automatizada.
"SOCIEDADE RECREATIVA E ESPORTIVA
IPIRANGA"
A história da Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga da
Itoupava Seca, remonta aos idos de 1864, quando o Pastor Hesse num
230
artigo publicado no "Kolonie Zeitung" de Joinville' comenta a
fundação de uma "Geselligerverein" pelo Senhor Scheidemantel. Esta
sociedade era a "Freundschaftsverein" (Sociedade Amizade), segunda
sociedade de canto da Colônia. A Sociedade Amizade funcionou por
longos anos, participando inclusive, em 1873, das festividades dos dez
anos de fundação da Sociedade de Canto Germânia. Anos se
passaram, remanescentes da Sociedade Amizade e outros, no dia 19
de março de 1893, fundaram a "Geselligerverein Teutônia", que
além da Sociedade de Atiradores e Ginástica, tinha uma seção de
canto que também encenava peças teatrais, e um conjunto musical.
Os fundadores, Peter Christian Feddersen, Karl W. Friedenreich,
Karl Hertel, Richard Parucker, Gustav Persuhn, Andreas Grassmann,
Otto Jennrich, Gottlieb Reif, Karl Rischbieter, August Schoenau,
August Woerner, Carl Mueller, Luiz Boettger, Karl Lingner, Carl
Liesenberg, Paul Lang, Carlos Labes, Hartwig Rischbieter, Gustav
Kirsten, Emil Reif, e também outros sócios co-fundadores reuniam-se
constantemente em assembléia geral extraordinária, geralmente na
casa de Otto Jennrich, para discutir assuntos referentes à sociedade.
Entre os co-fundadores figuram os nomes de Reinhold Finster, Carl
Probst, Gustav Grahl, Julius Deggau, Gustav Krieck, Hermann
Ekelberg, Fritz Mueller Junior, Hermano Herbst, Rudolf Liesenberg,
Ernst Auerbach, Paul Scheidemantel, August J. Vianna, Heinrich
Clasen, Richard Jurk, Achill Breithaupt, Hermann Baumgarten, Paul
Eberhard, Francisco Margarida, Heinrich Michel, Max Stutzer,
Theodor Spiesen, August Franke, Fritz Rabe, Alfred Finster, August
Otte, Heinrich Grevsmuehl, Otto Moldenhauer, Hermann Hering,
Georg Hindlmeyer, Carl Rothbarth, Otto Stutzer, Heinrich Probst,
Otto Freygang, Fides Deeke, Richard Beims, Albert Gaulke, August
Siewert, Josef Alteneder, Robert Lehn, Paul Herbst, Ernst Eckard e
Alfred Beims.
Os associados trataram logo da aquisição de um local para o
funcionamento do Teutônia, fato que se concretizou quando foi
assinada a escritura do terreno com "quinze braças de terras de frente,
com fundos até o Ribeirão, confinando de um lado com Gustav
Persuhn e do outro lado com terras dos vendedores, fazendo frente na
estrada geral (atual Rua São Paulo), pelo preço de um conto de réis
(1.000$000 réis)", conforme escritura datada de 25 de abril de 1893.
2 Kolonie Zeitung de Joinville de 02/04/1864 e 20/04/1865
231
Para pagamento do terreno a Sociedade Teutônia emitiu uma nota
promissória no valor de um conto de réis, datada de 15 de maio de
1893. A nota foi assinada por Richard Parucker e Gustav Persuhn,
assinando ainda como testemunhas, Gottlieb Reif e Gustav Krieck.
Através da promissória a sociedade contraiu a sua primeira dívida,
pagando juros de 5% ao ano, pagável a partir de IOde maio de 1898,
com aviso de três meses. O contrato para aquisição do terreno,
pagamento e construção da nova sede social foi discutido na ordem do
dia da Assembléia Geral de 14 de maio de 1893.
No dia 25 de agosto de 1895, o Teutônia realizou a festa da
sociedade, com início às 9 horas da manhã com busca da diretoria,
canto de abertura pelos cantores, diversas modalidades de tiro, comida
festiva, de tarde festividades para crianças, e às 3 horas, início do tiro
ao pássaro para damas (associadas). Das 5 às 6 Yí horas, baile infantil
e às 7 horas, baile adulto. Para participar das competicões, tanto de
tiro como atrações para crianças, os interessados deveriam se
inscrever até o dia II de agosto. Para a competição de tiro deveriam
pagar na tesouraria a importância de 2$000 réis para Gustav Persuhn,
e as crianças 300 réis para Julius Deggan. Na competição de tiro
foram vencedores, Carl Weise e Senhora Boettger. As festividades se
estenderam até ao amanhecer, entretanto a primeira e verdadeira festa
familiar do Teutônia foi realizada no dia 3 de junho de 1895. Em
1896, o Teutônia, entre outras festividades promoveu no dia 8 de
fevereiro um "Kraenzchen"; no dia 3 de maio uma festa popular com
bazar, concerto e festa para crianças; festa dos Atiradores, dia 23 de
agosto, na qual foram introduzidos os jogos para crianças, e no dia 31
de outubro, foi realizada uma grande rifa popular na qual apareceram
prêmios interessantes como: relógios de ouro, selins, cigarreiras,
suspensórios, chicotes de montaria e outros objetos, num total de 250
prêmios. Depois da rifa, baile. Cada rifa custou 1$000 réis. O dia da
extração da rifa, segundo a nota, seria anunciado com oito dias de
antecedência. Os bilhetes poderiam ser adquiridos com Ernst
Bernhardt !.. Velha, Carl Liesenberg - Itoupava, Leopold Paupitz -
Encano, Ernst Schneider - Itoupava Rega e aos domingos no Teutônia.
Em 1897, reprisaram as promoções.
Em 1898, já funcionava o boIão para senhoras (associadas), e o
Teutônia anunciava que entre 10 de março de 1900 a 1905, iria
admitir um zelador para a sociedade, e que os interessados poderiam
obter informações com o secretário Carl Starauscheck e o tesoureiro
Gustav Persuhn. As ofertas deveriam ser encaminhadas à sociedade
232
até 15 de outubro de 1899. As noites coloridas ou de entretenimento
não foram esquecidas, e na parte artística eram apresentadas canções,
tercetos com damas, quartetos de cordas, solos de barítono, tenor e
baixo, cenas cômicas, encerrando com baile. A primeira dessas noites
foi realizada no dia 23 de junho de 1900, em benefício do Teutônia.
Pelos cinqüenta anos de fundação de Blumenau, no dia 2 de
setembro de 1900, o Teutônia programou uma grande festa. Na parte
da tarde foram apresentados concertos e folguedos para crianças e à
noite, baile e fogos de artifício. A comissão dos festejos compunha-se
de Carl Liesenberg, Reinhold Finster e Friedrich Specht.
No dia 28 de outubro de 1900, o Teutônia sediou o jubileu de
prata da Sociedade de Canto "Frohsinn" de Itoupava Norte e também
do dirigente Karl Lingner. Nesta festa tocou a bandinha Werner.
Participaram das festividades a Sociedade de Canto Garcia, Sociedade
de Canto "Liedertafel" de Weissbach, Sociedade de Canto
"Harmonie" do centro, Sociedade de Canto "Frohsinn" de Itoupava
Norte, "Liedertafel" de Encano do Norte e o Coral Misto Teutônia.
Do repertório constaram, entre outras, peças musicais de
Mendelssohn, Mozart, B. E. Becker, M. Penschel.
1901, o Teutônia promoveu seu primeiro baile de máscaras no
dia 17 de fevereiro, e os cartões de ingresso podiam ser retirados até o
dia 11 de fevereiro, com Franz Krueger que assinava pela comissão de
diversões. Artistas do exterior também se apresentavam no Teutônia,
e o comediante de grande sucesso na época, Robert Beckert, se
apresentou no dia 9 de junho. Para o "Kinderfest" de 30 de junho de
1901, as crianças deveriam se inscrever até o dia 29 de maio. As
crianças que não tinham bandeira poderiam obtê-la por empréstimo, e
para participar da festa pagariam 600 réis. As crianças se reuniram na
casa de Peter Christian Feddersen, dirigindo-se marchando com
música até o Teutônia, onde foi oferecido para as mesmas, café com
doce. As festividades continuaram com rifas e jogos com prêmios,
encerrando com baile infantil. No local da festa tocou a banda
Werner. De noite, baile adulto. No concerto do dia 6 de outubro foram
apresentados números musicais de Johann Strauss, Abt, Braga,
Schumann, Gluck, Waldteufel, interpretados pelo quarteto de cordas,
coral masculino, coral feminino, violinos, cítaras, piano, duetos, e
ainda couplets e duetos humorísticos. A atuação do quarteto de cordas
foi muito elogiada, prendendo os amantes da música. Também o
humor sadio foi muito elogiado. De todos os lados apareceram
espectadores, constatando boa arrecadação. O quarteto de cordas sob
233
a regência de Alfred Finster apresentou as melhores peças do seu
repertório. Uma nota interessante em jornal da época, foi a chamada
aos retardatários que incomodaram mais do que a péssima acústica do
salão.
Nos dias 10 e 11 de agosto de 1902, o "Kinematographen"
Apollo, apresentou-se no Teutônia. Da programação constavam os
filmes: "Vida e Morte de Jesus Cristo", segundo concepção de
Oberammergauer, "O balão Santos Dumont", cenas da "Guerra
Chinesa", "Transvaal", cenas de magia e outras mais. Foi a primeira
apresentação cinematográfica em Itoupava. Com o tempo, devido a
atuação positiva de Peter Christian Feddersen na região de Itoupava, e
ele ser natural de Altona-Alemanha, Itoupava passou a ser conhecida
com o nome de Altona. Em 1902, também foi introduzido o
lançamento de argolas para senhoras.
1903, a seção de ginástica separou-se do Teutônia para formar
sociedade independente. No dia 23 de junho de 1903, os ginastas
realizaram no Teutônia uma assembléia geral com a seguinte ordem
do dia:
a) discussão dos estatutos da Sociedade Ginástica Teutônia;
b) assuntos gerais;
A partir de 1903, as noites de entretenimento que se limitavam a
música, canto e cenas humorísticas, no dia 19 de julho, apresentaram
programa dividido em duas partes, sendo que a primeira envolvia
música e canto e a segunda parte, uma peça teatral com canto, em um
ato, de Fr. Waldan, e música de Richard Thiele, "Lua de Mel de
Mampes". A peça tinha dez personagens e três cantores. Para encerrar
a noite, além do baile, ainda -foi apresentado o dueto de costumes
"Mortser e Gortser, os dois bandidos". Para o "Kinderfest" de 25 de
outubro de 1903, além das costumeiras atrações foi apresentada uma
novidade - o tiro com ar comprimido para rapazes maiores.
A nova sede do Teutônia foi inaugurada em 1904, e tinha salão
de danças, pequeno palco, cancha de boIão e "stands" de tiro ao alvo.
Além de algumas músicas e números de canto, o ponto alto da festa
foi a apresentação da peça de Friedrich Schiller "Die Glocke" (O
sino), pela Sociedade de Canto "Frohsinn" sob a direção de Karl
Hertel, professor de uma escola particular. Apresentou-se também no
Teutônia um grupo chamado "Irmãos Alegres", que teve ótima
repercussão, sugerindo-se então a formação de um grupo idêntico no
Teutônia. O zelador August Franke indicou Otto Jennrich, o
fabricante de cerveja, que apresentou a peça "O bonito Otto, sou eu",
234
que foi aplaudidíssima. Otto Jennrich, solteirão de meia idade, não
retornou para uma reprise, porém participou de um grupo musical sob
a regência de Alfred Finster que era bom violinista, e ao qual juntou-
se ainda o violoncelista Franke. Os ensaios se realizavam na casa de
Franke, que também abriu um hotel e bar ao lado de sua casa, o que
não agradou a Franz Krueger, ecônomo do Teutônia, devido a
concorrência. No dia 30 de julho de 1905, o programa da noite de
entretenimento, dividido em duas partes, apresentou na primeira, "O
Cavaleiro exemplar", peça que se refere à vida riograndense. A peça
em dois atos, de R. Freudenfeld, foi encenada pela primeira vez em
Porto Alegre por ocasião da VII Festa dos Atiradores e posta à
disposição no palco de Altona, pelo autor. A peça com nove
personagens, tem como cenário a colonia, nas imediações da Vila de
Campo Alegre. Participavam ainda do espetáculo um tocador de
harmônica, colonos e suas esposas. Para a encenação, o palco foi
ampliado para a frente, superando-se as dificuldades maiores.
Participou da apresentação Emmy Parucker como personagem
principal feminina que atuou também como cantora, e August Franke
como o "Cavaleiro exemplar". Foi um bom espetáculo, havendo até
reprise. A segunda parte envolveu música e canto, encerrando com
baile. No dia 28 de janeiro de 1906, mais uma vez se apresentou no
Teutônia um "Kinematographen" - o Royal-Bioskop com cenas da
vida militar, cenas cômicas e sensacionais e ainda dramas e cenas das
grandes cidades. A partir de 20 e 30 de agosto de 1908, o cinema
passou a ser apresentado regularmente no Teutônia todas as quintas-
feiras, sábados e domingos, encerrando a programação, um baile. A
promoção era de Ernst Hertel & Cia. e o baile foi animado pela banda
Werner. Dia 6 de setembro foi apresentado pelo "Kinematographen" e
"Kinemarophon-Theater" sob a sigla G. m. b. H., a grande corrida
automobilística de 1907. A Sociedade Sylla de cinema apresentou-se
também no Teutônia nos dias 7 e 8 de novembro de 1908.
As apresentações teatrais continuaram a ser incluídas nas
programações do Teutônia, e a noite de entretenimento realizada no
dia 4 de novembro de 1906, incluiu as peças teatrais, "Para o Burro
Verde", em um ato de K. Hahn e "Os dois últimos talers" (duo
humorístico) de Julius Junghaus. Foram apresentados ainda os
couplets de K. Maxstadt, "Meu círculo de canções" e o "Colecionador
de raridades"; o couplet-dança de Hermann Frey, "O mestre de danças
de Treuenbrietzen"; dueto de Louis Kreymann, "Ludwig e Dietrich,
os dois bebês gigantes"; couplet de Otto Reuter, "Não, isso!";
235
 soloscherz de J. Heller, "Meu relógio" e a cena humorística para
quatro vozes masculinas de Emil Neumann, "Pinkeles, Jeiteles, Isaak,
Scholen e Moses Hersch".
As programações se repetiam ano após ano, e no dia 16 de
agosto de 1908, festa de aniversário da sociedade, Otto Jennrich
tornou-se o rei do tiro e os senhores Morauer e Sievert, os
cavalheiros.
No dia 23 de janeiro de 1910, o Teutônia promoveu o jogo de
boião, e no dia IOde abril, foi inaugurada a pista de corridas de
Altona em terreno de Gustav Grassmann. Durante a corrida houve
concerto. Segundo o convite, em caso de mau tempo, a corrida seria
adiada por uma semana. Esta corrida foi a primeira de uma série de
outras, principalmente a realizada em 25 de setembro de 1910, quando
a E. F. S. C. colocou trens especiais para atender aos que quisessem
ver a corrida em Altona, e a apresentação do teatro "Frohsinn", da
peça "O escultor sacro de Ammergau".
No final do mês de fevereiro de 1911, começou a funcionar a luz
elétrica em Itoupava Seca, porém a alegria do evento foi destruída 1913 - Goemann e Sander inauguraram o serviço de transporte de
pela catastrófica enchente de 1911, e o Teutônia bastante atingido passageiros entre Blumenau e Itoupava
paralisou por muito tempo suas atividades.
No dia 22 de fevereiro de 1913, o Teutônia promoveu uma noite 1914, Primeira Guerra Mundial, a programação voltou-se para
musical com um programa selecionadíssimo do qual constavam angariar fundos para minorar o sofrimento dos soldados alemães e
números musicais como: a Marcha Nupcial da ópera Lohengrin de R. flagelados da guerra. No dia 23 de agosto de 1914, às 8 horas da noite
Wagner (violino e piano a quatro mãos); Despertar da Primavera de no salão Teutônia, o Coral Masculino "Eintracht" de Itoupava Seca,
Bach; Intermezzo da Cavalaria Rusticana de Mascagni; Cavatini de elaborou um grande programa, em três partes, em beneficio dos
Raf; Cena de "Ballet" de Beriot; A canção do povo (duas canções); soldados alemães e flagelados da guerra. Entre outros números foram
Ave Maria de Schubert (canto e piano); Relógio, de Loewe; Canção apresentados: Marcha Festiva, de Mendelssohn (coral masculino);
do povo (duas canções simples); Roeserl am Woerthasee, de Roschat. Para a Pátria, de Abt; Chamada ao Rei Henrique, de Wagner; Marcha
O serviço de transporte coletivo, iniciado em 1913, por do Grande Guerreiro de A. Rienzi, de Wagner; Potpourri sobre a
Goemann e Sander, entre Itoupava Seca e Blumenau, além de guerra com colorações para violino, comentários e canções sobre
beneficar a Comunidade no seu dia a dia, contribuíu também para o temas de guerra como: Manhã rubra, Despedida, Oração antes do
maior intercâmbio social, artístico e esportivo. massacre, Luta, Toque de recolher, Oração pelos tombados e Assalto
No dia' 8 de julho de 1914, além do coral misto, a Sociedade violento. Na segunda parte foi apresentado o quadro vivo, "Despedida
Teutônia contou também com o Coral masculino "Eintracht", que de soldados". O Coral Masculino "Eintracht" apresentou: Amor de
registrou seus Estatutos no Tabelionato Otto Abry como mãe de H. Voigt, Prólogo da morte de Kunihilds de C. Ristler, Último
"Philarmonica Gesangverein Eintracht" de Itoupava Seca, no dia 16 Adeus de Romzak, Aria da Flauta Mágica de Mozart, Rosinha
de janeiro de 1920. O Coral Masculino "Eintracht" teve atuação Solitária com o quarteto de solos e Saudação para Oberinntal. Na
importantíssima na vida cultural de Itoupava Seca. terceira parte foi apresentado o quadro vivo "A volta dos soldados" e
o Hino à Bandeira Alemã. O Coral Masculino "Eintracht" cantou a
seguir: Despedida do Cavaleiro, Nos braços do amor, Céu na terra e o

236 237
 Hino Nacional Brasileiro. O convite foi formulado pela diretoria
integrada por C. Liesenberg, D. Freitag, H. Sander, e Max Humpl.
Pelo Natal de 1914, o Coral Masculino "Eintracht", promoveu uma
festa de "Natal Familiar" em benefício das viúvas de guerra. Foram
apresentados números de canto pelo Coral Masculino "Eintracht",
quadros vivos sobre "Natal dos Soldados", Dueto de Natal, a peça
teatral "Natal na Caserna do Bosque", solos e outros números de
canto.
No dia 7 de novembro de 1915, apesar da guerra, o Coral
Masculino "Eintracht", inaugurou a sua bandeira.
A nota publicada no "Der Urwaldsbote" de 16 de agosto de
1914, fez com que todos os teuto-brasileiros sustassem a realização de
festividades devido a guerra, e a Sociedade Teutônia praticamente
paralisou suas atividades, porém no dia 27 de agosto de 1916,
apresentou as peças teatrais: "Senhora Elia" em um ato de G. Moser e
P. Schuhard, e "Eles se recebem", em dois atos de Erich Scholl. As
apresentações foram franqueadas ao público, encerrando com baile. O
aniversário de S. M. o Kaiser Wilhelm, foi festejado no dia 27 de
janeiro de 1917, com uma "Noite Familiar", na qual também foram
projetados "si ides" pelo senhor Bock. Participaram da homenagem o
"Eintracht" e o "Germanischer Bund"J , de Itoupava Seca. Os
ingressos foram cobrados em benefício da Cruz Vermelha Alemã.
Durante a Primeira Guerra todas as promoções culturais envolviam a
coleta de recursos para a Cruz Vermelha, e a noite de entretenimento
de fevereiro de 1917, contou com a participação do Coral Masculino
"Eintracht" e o Quarteto Masculino de Blumenau. Entre as
apresentações, Arendt com cenas humorísticas arrancou aplausos da
platéia, e Gutsch com o seu violino acompanhado da Senhora Zittlow
ao piano, após o pesado silêncio durante as apresentações dos
números musicais, obtiveram do público os maiores aplausos. Antes
das apresentações, Otto Abry, discorreu rapidamente sobre a
finalidade da receita da noite.
O Teutônia que servia de palco para atores, cantores, músicos e
oradores, serviu também para declamadores e poetas famosos, entre
eles, Georg Wucherpfennig, no dia 19 de abril de 1916 e Rawitz e
) União Germânica de Itoupava Seca, fundada em 1916, subsede da União Germânica da
América do Sul, sociedade que congregava todos os trabalhadores e que se reuniam
mensalmente.
238
Riwatz, afamados humoristas, que recitaram poesias no dia 6 de maio
de 1917.
1918, silêncio devido o estado de guera. O "Blumenauer
Zeitung" apareceu em caracteres latinos.
No dia 31 de agosto de 1919, a Sociedade Teutônia realizou a
sua festa de atiradores, publicando convite em português e alemão,
este com detalhes da festa. No dia 8 de novembro de 1919, com um
convite impresso com uma bonita lira, o Coral Masculino "Eintracht",
convidou para o grande concerto no Teutônia pelo Club Musical com
músicas de Fetras, Suppé, Tellier, Strauss, C. Gomes, Czibulka,
Wagner, Thurban, Waldteufel, Silva e Umlauf.
Coube ao Coral Masculino "Eintracht" de Itoupava Seca,
convidar as sociedades de canto para a festa de cantores que se
realizou no dia 7 de março de 1920, dia que ficou conhecido como
"Dia dos Cantores de Altona,,4 . O programa elaborado foi o
seguinte: entre 8 e 9 horas da manhã, chegada das sociedades e
recepção aos participantes; 9 horas ato de saudação no Teutônia; 10
horas, canto livre; 11 horas, assembléia geral e canto pelas sociedades
de canto; 12 horas, almoço no local; às três horas da tarde, canções de
concerto no salão e no local da festa; apresentações individuais e
coral misto; discursos festivos; às 7 horas, divisão dos prêmios; das 8
às 11 da noite, apresentações no salão e local da festa. A festa contou
com a participação da Sociedade Musical Lyra de Blumenau e
bandinha Werner. A festa foi uma verdadeira apoteose, e Louis Abry,
presidente do "Sãngerbund Itajahytal", agradeceu a todos pela
presença e pela belíssima festa, bem como aos esforçados
organizadores. As crianças tiveram atrações especiais. Em 1921, a
seção de teatro da Sociedade Teutônia apresentou ao público a peça
teatral em um ato, "Trigêmeos", completando a programação números
musicais e baile.
Itoupava Seca tinha também na época uma Sociedade de Cítaras,
famosa pelos belíssimos concertos que apresentava. Esta sociedade
participou da noite familiar realizada no dia 9 de novembro de 1921,
na qual foi apresentada a peça teatral "O Vesúvio Imortal", o
humorista Hans Bruehl e outras atrações.
Em 1922, Centenário da Independência do Brasil, a Sociedade
Teutônia se integrou às festividades programadas pelo município.
4 "Sangerbund Itajahytal" (Liga Cultural e Recreativa Vale do Itajaí)
239
 No dia 23 de fevereiro de 1923, começou a funcionar em
Itoupava Seca, o Clube Náutico Ypiranga.
Na Sociedade Teutônia funcionou também um grupo
humorístico que no dia 7 de julho de 1923, apresentou uma noite
teatral e humorística na qual foram apresentados entre outros
números: 1 - "Qual a volta, pelo sequestro de Maier", em um ato; 2 -
"Os dois mentirosos", cena humorística; "A festa de aniversário" em
um ato; "Paulinho como aluno", cena humorística e baile com a banda
Werner. A seção teatral do Teutônia programou para o dia 27 de
outubro de 1923, as peças: "Concorrente ou genro" em un ato e dois
quadros; "O camponês em cama errada", comédia em um quadro e a
cena humorística, ''Num tribunal primitivo". Em 1924, foram
apresentadas pela seção teatral do Teutônia, no dia 29 de março "O
sal do matrimônio", "Uma noiva em apuros" e os "Dispersivos", e no
dia 29 de novembro, "Memento Mori" em um ato de Siber com
música, canto e humor. Na programação do Coral Masculino
"Eintracht", no dia 27 de novembro de 1926, foi incluída a peça
teatral "O cantor hipnotizado". No dia 20 de novembro de 1927, foi
apresentada a comédia burguesa com dança e canto, em três atos, de
Conrad Dreher "O Zeca da América". No dia 12 de maio de 1928, no
Teutônia, a noite de entretenimento constou de uma programação
variada com apresentações de canto pelo Coral Masculino "Eintracht"
de Itoupava Seca e Coral da Igreja de Blumenau. Foram apresentadas
peças musicais e a cena humorística ''No tribunal", e ainda as peças
teatrais em um ato ''No escritório do teatro" de A. Anno, e "Qual a
volta, pelo sequestro de Maier" de C. Sieber. O coral misto do
Teutônia se apresentou no dia 29 de julho de 1928 com músicas de
Menzel, Abt, Mendelssohn, Roericht e Georgy e ainda a peça teatral
em um ato ''No pensionato". A apresentação foi muito prestigiada. A
arrecadação foi para a nova Igreja de Itoupava. No dia 7 de julho de
1928, mais uma noite de entretenimento foi realizada em beneficio da
construção da Igreja Evangélica de Itoupava Seca, e a Sociedade
Teatral do. Teutônia apresentou em um ato de A. Élz, "Ele não é
ciumento" e a cena humorística "Sabedoria de Lehmann" de F. Steidl.
Foram apresentadas ainda em 1928, as peças teatrais "No cavalinho
negro" em um ato de M. Boehm e a comédia em três atos "O viajante
noturno", no dia 8 de setembro.
Nos dias 16 e 17 de março de 1929, a Sociedade Teutônia
festejou seu trigésimo sexto aniversário com a inauguração dos
"stands" de tiro.
240
No dia 1o de outubro de 1929, foi fundada em Itoupava Seca, a
sociedade Ginástica "Gut Heil Altona".
A grande festa à fantasia com o lema - "Na sala de espera para
Buxtehnde", realizada no dia 8 de fevereiro de 1930 pelo Coral
Masculino "Eintracht" e o Coral Misto da Sociedade Teutônia, mostra
o espírito alegre e criativo dos organizadores. Nesta festa só tinham
acesso associados e pessoas convidadas que apresentassem a sua
"passagem". As crianças não tinham acesso. Só poderiam entrar
pessoas fantasiadas (clown, dominó, trajes típicos, ciganos,
esportistas, soldados, marinheiros, mendigos, etc.). O lança perfume
era proibido, pois na sala de espera havia artigos de menos preço. A
utilização da sala postal, do café do trem, do bar de quarta classe, bem
como a utilização do trem expresso, recomendamos o "stand" de
vendas móveis. A polícia do trem é obediente e a cadeia do trem é
uma advertência.
No Teutônia também eram realizadas promoções com sociedades
de outros municípios. No dia 16 de abril de 1932, o Coral Masculino
"Eintracht" promoveu com a participação da Sociedade de Canto de
Brusque e o Coral Misto Teutônia, uma noite italiana com concerto e
baile.
Além das festas de solstício (alemãs), que eram realizadas
geralmente no morro da Escola Nova Alemã de Blumenau (atual
Pedro II), o Teutônia promoveu inúmeras festas beneficentes para
arrecadar fundos para minorar o sofrimento dos alemães durante o
inverno. Participaram dessas festas todas as sociedades de Itoupava
Seca entre elas o Coral Masculino "Eintracht" de Itoupava Seca,
Coral Misto Teutônia, Sociedade dos Músicos de Altona, Sociedade
Ginástica "Gut Heil" Altona, e N. S. D. A. P. Com Franz Baumgart,
apesar de pouco duradoura em face da Segunda Guerra Mundial,
formou-se a Sociedade Musical Teutônia que promovia concertos,
festas, pequenas reuniões musicais e que no dia 23 de junho de 1933,
apresentou o seu segundo concerto com a seguinte programação. 1 -
Entrada dos Gladiadores (marcha); 2 - No Reno estou em casa; 3 -
Canções populares de "Kãrntnerisch" (poutpourri); 4 - Intermezzo
Sinfônico; 5 - Per as pera ad astra (marcha); 6 - Crianças da aldeia,
valsa da peça musical Zigueunerprimas; 7 - Poeta e Camponês
(abertura). Também a Sociedade de Cítaras, que passou a chamar-se
"Gut Klang" (Bom Som), no dia 7 de julho de 1934, participou dos
festejos dos 20 anos de fundação do Coral Masculino "Eintracht".
Participou ainda o Coral Misto Teutônia, o Coral Jovem e a cantora
241
Schumann-Hoeppner. Depois baile. A renda reverteu em beneficio da
escola.
O intercâmbio entre os corais era um hábito comum na época, e
o Coral Masculino "Eintracht", em maio de 1934, foi convidado para
participar de um programa colorido em Brusque. O convite formulado
pelo Coral Masculino de Brusque foi aceito com alegria, e nas
primeiras horas de uma tarde ensolarada de maio, os cantores
demandaram para Brusque no carro de Alfred Brattig. Max Humpl,
dirigente do coral participou da excursão com seus vinte cantores. As
esposas, os cantores deixaram em casa, pois previam uma viagem
alegre e regada. A primeira parada foi em Gaspar, onde os cantores
foram atendidos, na hospedaria, pela Senhora M. Hoeschl com
reforçado lanche. Continuando a viagem de tarde apareceu um
transtorno, uma garoa fez com que o carro no morro do Barracão não
fosse mais adiante, e a voz foi uma só: "cantores, às rodas!" Com
gemidos e tosse, conseguiram fazer o carro rodar até Brusque, porém
um pouco antes a estrada estava interrompida por uma árvore caída e
os cantores antes de removê-la resolveram comer os frios e beber a
fortificante cerveja. Foi a primeira refeição antes da festiva recepção
em Brusque. Os cantores foram alojados por conta dos cantores de
Brusque no Hotel Schaeffer. À noite começaram as festas com um
programa colorido que se estendeu, com jovens e velhos, até ao
amanhecer. Os cantores voltaram ao hotel para descançar um pouco,
antes cantaram a canção "Pela manhã quando os galos cantam" pelos
tenores Peter Thomsen e Hermann Sander. Depois os preparativos
para a volta, e quando tudo estava pronto para a partida, faltou o tenor
Hermann Sander, que não foi encontrado em parte alguma, porém
logo depois Sander apareceu de carro de boi. Finalmente voltaram
para Blumenau, chegando de tarde. Na época os cantores eram amigos
verdadeiros.
Em 1934, a Sociedade Teutônia realizou a sua última festa de
rei.
Paulatinamente, as promoções culturais de nível elevado que
eram apresentadas com freqüência na Sociedade Teutônia foram
diminuíndo até sofrerem um corte drástico com a implantação da
"nacionalização", e para evitar que a vida social, artística e esportiva
sofresse um colapso total, a alternativa foi reunir as sociedades e
reformular os Estatutos, que baseados no Art. 3° - A sociedade é
genuinamente brasileira, sem ligação de caráter político ou econômico
com qualquer sociedade estrangeira ou entidade que o for, permitida
,
242
porém a entrada para o seu quadro social de indivíduos de quaisquer
nacionalidades que preencham os requisitos previstos", continuaram
suas atividades, porém o teatro e o canto emudeceram, e os bonitos
concertos de músicas selecionadas foram substituídos por música de
dança.
A Sociedade Recreativa e Esportiva lpiranga foi fundada no dia
6 de abril de 1939, pela fusão da Sociedade Teutônia, Coral
Masculino "Eintracht", Club Náutico Ypiranga e Sociedade Ginástica
"Gut Heil Altona", Os Estatutos da Sociedade Teutônia, que foram
alterados em 1939, um pouco antes da fusão, foram revogados em 29
de fevereiro de 1951, porém em Assembléia Geral de 29 de fevereiro
de 1968, esses Estatutos foram revogados, e os atuais registrados no
dia 8 de janeiro de 1969, no Cartório de Getúlio Vieira Braga no livro
A-9, fls-132, sob n? 640. "Sociedade civil, de duração indeterminada,
tem por objetivo congregar associados em diversões e reuniões sociais
e promover entre os mesmos a prática do esporte amador".
Em 1940, um ano após a fusão, foi realizada uma grande festa na
Sociedade Recreativa e Esportiva lpiranga para inaugurar a sua
quadra de basquetebol, a primeira da cidade. As equipes de basquete
conquistaram muitas vitórias, entretanto em 1940, o remo ainda era o
maior destaque, e referindo-se às equipes do lpiranga a imprensa
comentou: "um expressivo feito este do lpiranga e que fazemos
questão de salientar como merecida homenagem a ótima forma e
disciplina esportiva apresentadas pelo simpático clube branco e
amarelo". O comentário publicado quando as equipes do Ipiranga
conquistaram as quatro taças e a estatueta "Taça do Dia", disputadas
com os clubes Náutico América e Marcílio Dias de ltajaí, mostram a
garra dos esportistas da época.
Em 1942, quando o Presidente Getúlio Vargas decretou o estado
de guerra, as atividades recreativas e esportivas não mais foram
divulgadas, entretanto em 1943, quando houve necessidade de
reconstruir a sede social, foi publicada uma convocação para a
Assembléia Geral Extraordinária no dia 14 de outubro. O lançamento
de bonus para angariar fundos, bem como campanhas para obter
doações de associados e de empresas, rifas e festas foram
imprescindíveis para o crescimento da sociedade, pois os registros em
atas mostram que a situação frnanceira da mesma em 1946 era
precária e que em 1949 o patrimônio foi avaliado em Cr$ 648.100,00.
Apesar das dificuldades enfrentadas pela sociedade, em 1948 foi
projetada a construção de uma quadra coberta para a prática de
243
basquetebol e voleibol, aventando-se também a instalação de um
cinema para levantar fundos. Os associados se solidarizavam em tudo
que visasse a melhoria do seu clube, assim, para a construção da
varanda anexa ao salão, e a cancha de boIão, quinze sócios pagaram
antecipadamente dois mil cruzeiros, ficando isentos das mensalidades
pelo resto da vida. A sociedade também prestigiava os grandes feitos
dos que careavam para a mesma, títulos, como em 1949, quando a
equipe de basquetebol foi super campeã de Blumenau e vice-campeã
estadual. Os atletas foram homenageados inclusive com um grande
baile.
Em 1951, com o apoio da indústria, comércio e poderes públicos
estadual e municipal. em seis meses foram arrecadados cento e
noventa e um mil cruzeiros para a aquisição do terreno e ampliação da
sede social. O terreno custou cento e sessenta mil cruzeiros, e ainda
era insuficiente para a instalação da praça de esportes, o que
movimentou os associados para uma aquisição maior de terra, que
ocorreu em 1952. Também em 1952, a sociedade concluiu o
pagamento de um empréstimo feito junto ao Banco Inco, fato que foi
comemorado com uma churrascada, entretanto a ampliação da sede
social e a construção da praça de esportes, exigiram novo empréstimo,
que foi adquirido da Caixa Econômica Federal num valor de
setecentos mil cruzeiros.
Funcionavam na época o remo, atletismo, basquetebol, voleibol e
punhobol masculino; voleibol feminino; ginástica; atletismo; basquete
e voleibol juvenil. O constante intercâmbio entre atletas do Ipiranga
com atletas, inclusive de outros estados, exigiram iluminação
adequada nas quadras de basquetebol e voleibol, e para concretizar o
fato foi realizada uma campanha, já que todas as modalidades
esportivas eram mantidas com a mensalidade dos associados e que
eram insuficientes para manter o departamento esportivo
convenientemente aparelhado. Para manter e melhorar o departamento
esportivo, em 1953, foi enviada carta ao Conselho Regional de
Desportos, reclamando do desinteresse dos poderes governamentais
pelo esporte amador, dizendo ainda: "para qué nossos esportistas
possam concorrer em igualdade de condições com guarnições de
outros Estados". Também foi enviada carta ao Governador do Estado,
na época, lrineu Bornhausen, solicitando a subvenção de cinqüenta
mil cruzeiros para renovação da frota de embarcações, que "há trinta
anos vem servindo a juventude blumenauense". A verba seria
utilizada na aquisição de três barcos "outriggers" (barcos do tipo
244
livre), dois a quatro remos com patrão e um a dois remos com patrão.
O Governo Estadual doou vinte mil cruzeiros, porém o auxílio que
veio melhorar as condições do clube de remo foi a doação de um
barco por Alice Hering e Paul Werner. Apesar das dificuldades,
contando com barcos emprestados de outras sociedades náuticas, as
equipes se apresentavam brilhantemente, pois na regata de 15 de
novembro de 1953, realizada em Florianópolis, a guarnição de
principiantes conseguiu a Taça Prefeitura Municipal de S. Francisco
do Sul. Remadores do Ipiranga também participaram da equipe
catarinense no campeonato brasileiro. Em 1954, Rudolf Goemann
doou um "outriggers" a dois remos para o departamento de remo, e no
mesmo ano o Ipiranga venceu três dos cinco páreos disputados com o
América. Também em 1954, a Sociedade Recreativa e Esportiva
Ipiranga, além de contar com a quadra de basquetebol iluminada e da
arquibancada para duzentas pessoas, a sede social começou a ser
ampliada e remodelada, e o telhado do galpão foi substituído. O
desmoronamento do local onde funcionava a cancha de boião foi
reconstruída em cinco meses e inaugurada com grande festa nos dias
2 e 3 de julho de 1955. Ainda em 1955, a aquisição de mais um
terreno por sessenta e cinco mil cruzeiros, propiciou também a
construção de um espaço para o "handbol", obra que foi concluída em
1956, inclusive a reforma do prédio da sede social. Nos dias 21 e 22
de março de 1956, foi realizada a festa de inauguração das quadras,
com a presença de clubes locais e de cidades vizinhas, encerrando
com baile.
O conteúdo da Lei Municipal n? 742 de 23 de agosto de 1956,
assinada pelo Prefeito Frederico Guilherme Busch Júnior,
prestigiando o remo, diz o seguinte: "O executivo promoverá
anualmente em 2 de setembro, em homenagem a data de fundação de
Blumenau, a "Prova Clássica Municipal Fundação de Blumenau",
com a participação dos clubes locais em "outriggers" a oito homens,
instituindo o troféu Dr. Hermann Blumenau, miniatura do troféu,
medalhas em vermeil e prata a serem conferidas ao clube vencedor e
aos atletas participantes da prova classificados em 1° e 2° lugares".
Apesar desse estímulo, e também o interesse da diretoria em adquirir
um terreno às margens do Rio Itajaí-Açú, para a construção de um
galpão para guardar os barcos e demais equipamentos de remo, este
sucumbiu, não participando de competições por falta de atletas,
recusando convites do Clube Náutico América e do Consulado do
Chile na promoção entre clubes brasileiros de remo. Com o
245
desaparecimento do remo, em 1959, o futebol de salão ganhou o seu
espaço no Ipiranga.
Com o lançamento da "Campanha do Cimento" para reformar as
quadras esportivas, outros projetos também entraram em pauta como,
a construção de novos sanitários, modificações na secretaria,
construção do palco, ampliação da cancha de boião e cobertura da
varanda para instalar a churrasqueira. Em 1962, mais um terreno foi
adquirido e em 1963 foram inaugurados os ref1etores a mercúrio na
quadra de basquete e voleibol. Em 1966, foi realizado o sorteio de um
Volkswagen para angariar fundos para diversas obras de
melhoramentos na sede social. Em 1968, através da criação da
categoria de "sócios proprietários", foram vendidos títulos
patrimoniais, sendo os recursos destinados para concluir obras em
andamento e novas obras inclusive a piscina que foi inaugurada no dia
20 de dezembro de 1969, com a presença de várias autoridades. O
ponto alto da inauguração foi quando o presidente Rolf Gerd Albers
foi arremessado na água. A natação passou a ser mais uma
modalidade esportiva da Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga,
que além de possibilitar a formação de atletas, que já representaram a
sociedade em competições brilhantes, também é mais uma opção de
lazer para os associados. A piscina da sociedade é local de
competições em todos os Jogos Abertos realizados em Blumenau. Em
1974, na gestão de Mário John, foi criada a comissão de construção,
que possibilitou a construção dos muros que cercam as instalações, e
ainda, reformas no patrimônio. Entretanto, em 1971, estando na
presidência Heimo RalfMarx, foi adquirida mais uma área com 2.300
metros quadrados, destinada ao ginásio coberto, sede recreativa e
vestiário da piscina. Em 1975, foi inaugurado o futebol suíço muito
praticado pelos associados. Com a participação de equipes de
basquete do Rio de Janeiro (Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo),
a Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga promoveu um grande
torneio, que foi apoiado pelo Vice-Governador Marcos Buechler e
pelo industrial Wolfgang Werner e inúmeros associados. A
competição foi realisada no Ginásio "Sebastião Cruz" (Galegão), que
foi inaugurado com esta competição. Em 19 de junho de 1976, foram
inauguradas as obras da nova sede recreativa, iniciadas em 1975 na
gestão de Romeo Georg, que recepcionou o Governador Antônio C.
K. Reis, Vice-Governador Marcos Buechler e Senador Lenoir Vargas,
além de outras autoridades. Alguns meses depois a sociedade em
conjunto com o Rotary Clube Blumenau Norte, inaugurou o "play-
246
ground". As obras de construção do ginásio coberto tiveram início em
1979 na gestão de Heimo Baumgarten, e para auxiliar a construção do
mesmo, o Governador Jorge K. Bornhausen lhe destinou a verba de
um milhão de cruzeiros, sendo o cheque entregue pessoalmente pelo
Governador no dia 28 de maio de 1981, nas dependências da
sociedade. Na oportunidade o Governador destacou as atividades da
sociedade, inclusive junto a Escola Básica "Machado de Assis", que
pratica educação física nas dependências da sociedade. A grande
enchente de 1983, retardou a conclusão do ginásio coberto. Além das
promoções citadas, a sociedade promove com freqüência os seus
bailes e outras festividades.
O Club Náutico Ypiranga foi fundado no dia 23 de fevereiro de
1923. A primeira diretoria que dirigiu o clube era integrada por Ernst
Czerniewicz (presidente); Ernst Lutz (vice-presidente); Fr. Fischer e
Heinrich Mihe (secretários); Hermann Maas e Rudolf Clasen
(encarregados do esporte); a primeira reunião foi realizada no Hotel
Danker em Altona. As cores do Club Náutico Ypiranga, na época,
eram o preto e o amarelo, e o primeiro bote recebeu o nome de
"Andorinha". No dia 23 de julho de 1923, o Club realizou nas
dependências do Teutônia, que funcionava como sua sede social, o
seu baile. O Club funcionou por mais de trinta anos e em constantes
dusputas com o Clube Náutico América. A regata realizada no dia 7
de outubro de 1923, proposta pelo Club Náutico Ypiranga para uma
festa simultânea com as sociedades de canto do "Itajahytal", em
benefíco do esporte, foi encerrada com baile nas dependências do
Teutônia. Grande foi o número de espectadores e torcedores que
prestigiaram a regata entre os clubes América e Ypiranga, nos fundos
do Hotel Wuerges. À noite, todos festejaram e foram saudados pelo
Capitão Thomé Rodrigues. As medalhas foram presas no peito dos
vencedores pela senhorita Feddersen. No local da festa funcionaram
bazar, comida, bebida, e duas bandas musicais. A sede esportiva
funcionava às margens do Rio Itajaí-Açú, na raia de Itoupava Seca,
local onde se realizavam as regatas. No dia 24 de abril de 1927, o club
inaugurou a sua casa de botes (galpão) em Itoupava Seca com
churrasco, rifas, café, etc., a banda Koester para animar as
festividades, e o baile nas dependências do Teutônia. Uma viagem de
bote de Itoupava Seca até Itajaí, da qual participaram Elvira Berner,
Magda Berner, Kãthe Maas e Rita Clasen acompanhadas de Erich
Baumgarten, foi promovida pelo Club Náutico Ypiranga. As
primeiras quatro horas foram percorridas sob uma chuva torrencial,
247
obrigando a esgotar a água do bote. O trajeto feito em oito horas foi
um grande feito.
O Club Náutico Ypiranga, no decorrer da sua gloriosa carreira
promoveu e participou entre outras das seguintes regatas:
9-10-1927 - torneio com as equipes, Martinelli de Florianópolis e
América de Blumenau;
3-11-1929 - grande regata em Gaspar entre Marcílio Dias e
Almirante Barroso de Itajaí, América de Blumenau e Ypiranga que
liderou a regata, classificando-se em 1° lugar; América em 2°, 4° e 5°,
e o Almirante Barroso em 3°.
Na última regata do ano de 1931, o Ypiranga ficou em 4° lugar,
concorrendo com o Aldo Luz de Florianópolis e Marcílio Dias de
Itajaí.
Em 3 de abril de 1932, o Ypiranga convidou amigos para a
inauguração do novo bote que recebeu o nome de "Coronel
Feddersen". Na ocasião, Oscar Freitag, discorreu sobre o nome dado
ao bote. Peter Christian Feddersen, agradeceu a honra e as palavras do
orador. Freitag batizou o bote com a tradicional garrafa de SEKT.
Todos aclamaram e agradeceram ao Coronel Feddersen. Das
solenidades ainda fez parte uma corrida de bicicleta de Blumenau até
Itoupava Seca, pela manhã.
5-2-1933 - o Ypiranga participou oficialmente da inauguração do
bote do Club Náutico Rio do Sul.
2-7-1933 - na regata realizada com a participação do América de
Blumenau e Cacheira de Joinville o Ypiranga venceu o 4° páreo.
Dois meses antes, ou seja no dia 6 de maio de 1933, o Ypiranga
promoveu uma grande regata na Cervejaria Berner de Altona
(Itoupava Seca) com o seguinte programa: pela manhã a partir das
7:30 horas, apresentação de remo simples e à tarde, às 14 horas e
trinta minutos, remo principal com a participação do Aldo Luz,
Riachuelo e Martinelli de Florianópolis; Cachoeira e Atlântico de
Joinville; Almirante Boiteux de Porto União; Marcílio Dias de Itajaí e
o Club Náutico Ypiranga de Itoupava Seca. Ano após ano, o Ypiranga
foi somando vitórias. Em 1939, foi absorvido com mais outras três
sociedades para formar a Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga, e
sua trajetória teve o seu ponto alto por volta de 1949, quando eram
distribuídos livretos com toda a programação e a população
comparecia em massa às margens do rio Itajaí-Açú. Além das vitórias
citadas o remo careou para a sociedade as taças, "Ford" e "Su1acap"
em 1952, porém em 1958 desapareceu.
248
A Sociedade Ginástica "Gut DeU Altona" foi fundada no dia
1° de outubro de 1929. Para realizar os jogos e exercícios, no dia 1°
de novembro de 1929, contratou o empreiteiro Adolfo Boeving por
sete mil e quinhentos réis, que construíu o local adquado num terreno
arrendado de Persuhn Irmãos. Os Estatutos da Sociedade Ginástica
"Gut Heil Altona" foram publicados no "Blumenauer Zeitung" de 3
de setembro de 1931, e registrados no dia 3 de agosto de 1931 no
tabelionato de Otto Abry, e de acordo com os mesmos, a sociedade
tinha por objetivos: "dedicar-se aos exercícios ginásticos e esportivos
em geral e ao divertimento de seus associados ... Política e religião são
excluídas das suas aspirações ... O uso da língua dentro da sociedade é
a alemã, as cores da sociedade são preta, vermelha e verde". A
primeira diretoria era integrada por Walter Teubner (presidente),
Wilhelm Ruoff (vice-presidente), Hermann Willerding (1° secretário),
Erich Werner (2° secretário), Hermann DisteI (professor de ginástica),
Helmut Probst (l ° professor de ginástica), Kurt Kummerloewe (2°
professor de ginástica), Henrique Willerding (professor de ginástica
para moças) e Wilhelm Bonnet (tesoureiro).
Ao contrário do Club Náutico Ypiranga, essencialmente
esportivo, a Sociedade Ginástica "Gut Heil Altona", promovia noites
de entretenimento onde incluía além de números de ginástica, música,
canto, cenas humorísticas de ginástica, poses plásticas e baile. Uma
dessas noites foi realizada no dia 13 de setembro de 1930, quando a
crítica foi unânime em afirmar que - "foi bonita a apresentação das
alunas, os efeitos luminosos e a roda que abriu as apresentações". Os
ginastas foram elogiados, porém mais ainda a atuação enérgica do
professor Hermann DisteI. Arte com humor alegraram a noite. As
apresentações individuais e as difíceis apresentações em grupo,
estavam impecáveis, merecendo os aplausos da platéia. Esta noite de
entretenimento foi reprisada no Teatro "Frohsinn" no dia 21 de
setembro de 1930. A Sociedade Ginástica "Gut Heil Altona" marcou
a inauguração das suas novas intalações para o dia 7 de agosto de
1932. Sob a direção do professor DisteI, às sete horas da manhã,
começaram as competições. À tarde, participou das competições a
Associação Ginástica Blumenau. Nas corridas participaram as equipes
do Brasil, Blumenauense, Bom Retiro, Tamandaré, Amazonas e ainda
as equipes das cidades de Brusque, Curitiba e Jaraguá do Sul. A
música esteve a cargo da Banda Militar de Joinville com 28 figuras.
Apesar da chuva do dia 6 à tarde, de manhã e à tarde de domingo
foram belíssimas e o professor DisteI conseguiu o seu intento. A
249
Sociedade Ginástica "Gut Hei! Altona" além de apresentar-se em
Blumenau, apresentou-se também em diversos locais do Vale do
Itajaí. Em 1939, a Sociedade Ginástica "Gut Hei! Altona" foi
absorvida pela Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga.
A Sociedade Ginástica "Gut Heil Altona" não desapareceu após
a fusão, pois dentro dos Estatutos da nova sociedade, a ginástica
continua sob as mais variadas formas de esportes entre elas o boião,
que fundado em 1898, e praticado incialmente por mulheres, mais
tarde contou também com a adesão dos homens. Entre as equipes de
boião destacou-se a equipe dos "Atômicos" que careou para a
sociedade um grande número de vitórias, entre elas em 1958:
campeão estadual e campeão do torneio de boião "A Nação". 1959,
campeão municipal promovido pela Liga Atlética Blumenauense; 20
lugar no campeonato estadual; campeão do torneio "A Nação" pela
equipe dos "Atômicos". 1966, campeão estadual e regional. 1967,
campeão regional; campeã do 1o Campeonato Regional de boião
Feminino e campeã do 1o Campeonato Sul Brasileiro de Boião. 1968,
campeão regional; 1969, tetra campeão municipal e 30 lugar no
Campeonato Sul Brasileiro de Boião. 1970, campeão estadual e
municipal. 1974, campeão do Torneio Independência. Atualmente o
boião é praticado mais como forma de lazer e não competitivo.
Desde a fundação e inauguração da sua quadra em 1940, que
recebeu no nome de "Alice Hering", o basquetebol foi uma sucessão
de vitórias, pois em 1942 conquistou o título de campeão estadual.
Pela Liga Blumenauense de Desportos conquistou nos anos de 1946,
1947 e 1948 o título de campeão de 23 categoria. Em 1949, campeão
da 1 categoria; vice-campeão estadual; vice-campeão do torneio
3
início da 13 categoria. Super campeão do Campeonato Municipal e
Vice-campeão da 13 categoria. Em 1950 foi campeão do Centenário
de Blumenau da 23 categoria vice-campeão de 13 categoria; campeão
de lance livre e campeão do torneio início da 13 categoria da região de
Blumenau. 1951, foi vice-campeão do Torneio da I" categoria da
região de Blumenau. No dia 21 de novembro de 1953, a Sociedade
Esportiva Icarahy da cidade de Itajaí comemorou o seu aniversário e
as equipes de basquetebol do Ipiranga que venceram três das quatro
partidas disputadas conquistaram as taças Otto Niemeyer e Cesar
Ramos. Pela Liga Blumenauense de Desportos, em 1959, a equipe de
titulares e a juvenil foram campeãs municipais e o atleta Luiz Probst
foi campeão estadual de lance livre. Em 1961, os titulares
conquistaram o tricampeonato, e com a equipe de aspirantes, o
250
campeonato promovido pela Liga Blumenauense de Desportos. Em
1962, foi vice-campeão estadual e no campeonato estadual realizado
em Porto União, conquistou o 20 lugar. Apesar de 1966 e 1969 ter
conquistado o título de campeão estadual e em 1967 o de campeão
blumenauense, o basquetebol entrou em crise. Atualmente só funciona
a equipe mirim, integrada por alunos de educação tisica de escolas
municipais e particulares de Blumenau, que promovem torneios
internos, orientados por um professor de educação tisica.
O voleibol que começou a funcionar na década de quarenta,
apesar dos títulos conquistados, entre os quais o de vice-campeão do
torneio início em 1947; vice-campeão do torneio início la categoria
em 1950; vice-campeão estadual com a equipe de titulares e campeão
estadual com aspirantes em 1961; vice-campeão estadual em 1962;
campeão municipal com a equipe mirim em 1977; campeão
interescolar com a equipe mirim e campeão dos V Jogos da Primavera
em 1978 e campeão estadual com os titulares em 1979, o voleibol
funciona atualmente em condições idênticas ao basquetebol.
A natação, a modalidade esportiva que ainda continua
participando de competições, com a inauguração da piscina em 1969,
e que possui além do trampolim para saltos, que propiciou a formação
da equipe "Aqualoucos", possui também aquecimento, careando um
grande número de jovens para a natação, que participando de
competições já conseguiram medalhas e títulos que honram a
sociedade. Em 1971, a equipe de natação sagrou-se campeã
participando do 10 Campeonato Estadual de Natação e ainda campeã
do Campeonato Interclubes. Em 1974, no Campeonato Interclubes
realizado em Florianópolis a equipe feminina sagrou-se campeã. Em
1978, classificou-se em 20 lugar na 13 etapa do Campeonato Estadual
Interclubes, realizado em Florianópolis. Em 1981, as equipes de
natação do Ipiranga foram destaque no Campeonato Internacional
realizado em Ponta Grossa, no Paraná e campeãs da 23 etapa do
Campeonato Estadual. Em 1982, o Ipiranga destacou-se entre outros
no Campeonato de Etapas realizado em Florianópolis, sendo
vencedores das categorias infantil, juvenil e adulto. No Campeonato
Estadual realizado em Joinville em 1983, a equipe feminina, categoria
adulto, classificou-se em 10 lugar e a equipe masculina na mesma
modalidade, classificou-se em 20 lugar. No Campeonato Catarinense
de Natação, modalidade B-Juvenil, a equipe feminina obteve o 10
lugar com 228 pontos em 15 provas e o 10 lugar em 14 provas,
obtendo ainda seis recordes, sendo destaques femininos: Cleide
251

Machado, Troféu Eficiência com 7 medalhas de ouro e Troféu
Recordes com 3 recordes. Denise Krieger com 6 medalhas de ouro, 1
de prata e 3 recordes. A equipe masculina obteve o 20 lugar com 129
pontos em 15 provas, obtendo o 10 lugar em duas provas. Foram
vencidas: 4 provas "Anouk Lambers"; 3 provas "Mara Fuck"; 3
provas "Patrícia Fendrich" e 2 provas "Adler Neuwien".
GUARANI ESPORTE CLUBE
Em 1929, Amoldo Hertel e Walter Staedele idealizaram um
clube de futebol que acrescido de mais integrantes resultou no dia 9
de fevereiro de 1929, na fundação do América Futebol Clube de
Itoupava Norte. O nome América Futebol Clube foi de pouca duração,
pois no dia 26 de abril de 1930, os fundadores do clube o registraram
sob o nome de "Sociedade do Jogo de Bola Guarany" (L-I; fls 163 V;
Cartório Getúlio Vieira Braga). Participaram da primeira equipe de
futebol, Erich Hertel, Walter Hertel, Walter Staedele, Fritz Redun,
Achill Schoenau, Paul Kleinhempel, Leopold Hartmann, Alfonso
Loerche, Richard Annuseck, Guido Schoenau, Paul Hertel, Arnold
Hertel, Wilhelm Staedele, Helmuth Schoenau, e outros mais. Os jogos
eram realizados em amplo terreno doado pela Comunidade Escolar de
Itoupava Norte, onde atualmente se localiza a Escola Básica "João
Widemann". Na época, cada jogador arcava com todas as despesas de
uniforme e viagens, pois a equipe jogava em Brusque, Rio do Sul,
Itoupava Central (Frigor) e em outros locais. Inicialmente não havia
sede adequada, somente um galpão onde depois dos jogos eram
realizados os bailes. Na época, cada associado contribuía com 500
réis mensais, porém Rolf Kühnrich contribuía com importâncias bem
maiores.
Em Assembléia Geral realizada no dia 9 de março de 1944, a
sociedade teve a denominação alterada para "Guarani Futebol Clube",
e em Assembléia Geral de 8 de julho de 1955, passou a denominar-se
"GUARANl ESPORTE CLUBE". Os objetivos da sociedade são
desenvolver a educação física em todas as suas modalidades,
promovendo reuniões e diversões de caráter esportivo, social, cultural
e cívico.
Segundo os Estatutos, "o quadro social será limitado a 1.500
associados, representados por igual número de títulos patrimoniais".
A sociedade é administrada por um presidente e quatro vice-
presidentes e ainda por diretores de departamentos, escolhidos e
252
nomeados pela diretoria executiva. Funcionam os departamentos:
científico-cultural, social, futebol, futebol de salão, futebol suíço,
natação, boião, tênis, punhobol, judô, bocha, voleibol, "skat", médico,
jurídico, patrimônio, divulgação, relações públicas, ginástica feminina
e departamento social jovem.
Os atuais Estatutos foram registrados no Cartório de Getúlio
Vieira Braga em 11 de maio de 1982, sob n? 185, livro A-8; fls.
134 V.
O Guarani promove competições internas entre as diversas
modalidades esportivas, participando também de competições
municipais e estaduais. O "skat" introduzido em 1981, sagrou-se
campeão no mesmo ano, no torneio realizado no Tabajara Tênis
Clube. Em 1983, conquistou o título de campeão estadual de
punhobol na categoria adulto, e em 10 de julho de 1984, os veteranos
conquistaram o campeonato estadual, sendo que a última etapa deste
campeonato foi disputada no Guarani onde após os jogos e entrega
dos troféus e medalhas houve um almoço de confraternização.
Aos filhos de associados são acessíveis todas as modalidades
esportivas coerentes com a categoria infantil, adolescente, adulto, sob
a orientação de professores especializados.
O Guarani Júnior funciona desde 1971.
O Guarani possui uma bonita sede social, construída sobre o
terreno doado pela Comunidade e que fazia parte da antiga escola
local, com piscina, sauna, restaurante, bar e demais instalações para as
práticas desportivas. O grande número de troféus expostos na
secretaria demonstram a intensa atividade esportiva do "Guarani
Esporte Clube".
Durante o ano promove, baile de carnaval para adultos e
crianças, baile de inverno, "Oktoberfest", jantares dançantes,
reveillon, Natal para os filhos dos associados, festas jovens, festa
junina, na qual são apresentadas entre outras atrações, o boi de
mamão e músicas folclóricas catarinenses.
O VALE DO VELHA
"No local, onde havia empregado o melhor de seis mil "thalers",
encontrei apenas, algunas choupanas mal feitas que não valiam
trezentos "thalers" um negro paralítico e uma preta velha; um
engenho de serra que, com a menor enchente, já não trabalhava mais.
Nada de plantações, a não ser um pasto miserável no qual estavam uns
253
oito ou dez bois carreiros. Não havia nada preparado para receber e
abrigar os colonos que já estavam em viagem".
É o trecho da carta enviada pelo Doutor Blumenau a um amigo e
se refere a situação caótica em que encontrou a barra do Ribeirão da
Velha, local escolhido pelo Doutor Blumenau para se estabelecer
provisóriamente e aguardar a vinda do seu sobrinho Reinhold
Gaertner acompanhado dos primeiros imigrantes.
Na época, a bacia do Itajaí estava sob a jurisdição de Porto Belo.
Em fevereiro de 1844, José Pereira da Silva Guimarães, requereu
terras nos fundos do rio Itajaí, tendo como limites ao sul, o Ribeirão
da Velha, e foi dos primeiros proprietários dessas terras, que o Doutor
Blumenau adquiriu lotes, pois as terras que formam o Bairro da Velha
não faziam parte da Colônia Blumenau e sim ao Doutor Blumenau,
pessoalmente. Essas terras foram por muito tempo questionadas na
justiça da Comarca e também na Alemanha, quando o Pastor Gustav
Stutzer que as adquirira do Doutor Blumenau não conseguiu colonizá-
las, exigindo a anulação do contrato e a devolução do dinheiro. É
evidente que o Doutor Blumenau ganhou a causa. E foi nas suas
terras, na barra do Ribeirão da Velha, que aportaram os primeiros
imigrantes que iniciaram a colonização de Blumenau. Para
recepcionar os primeiros imigrantes, enquanto o Doutor Blumenau
atuava junto às autoridades brasileiras para dar início à colonização,
seu sócio, Ferdinand Hackradt, ficou encarregado de preparar o local,
construindo um rancho para alojar os imigrantes, um engenho de
serrar madeira e alguns barracos, que foram danificados pelas
enchentes de 1850 e 1852. Presume-se que o nome Velha tenha sua
origem na preta-velha que já morava no local, quando o Doutor
Blumenau adquiriu as suas terras.
Nos primeiros tempos, a Colônia Blumenau pouco se
desenvolveu para as bandas do Ribeirão da Velha, pois enquanto os
colonizadores do Garcia e Itoupavas já haviam fundado sociedades
antes de 1900, a mais antiga sociedade da Velha, o "Schuetzenverein
_ Velha Central", foi fundado no dia I o de maio de 1900, com a
finalidade de promover diversões e o esporte de tiro ao alvo para
amadores.
O "Schuetzenverein - Velha Central" interrompeu suas
atividades durante as duas guerras mudiais, e a nacionalização em
1938, fez com que a mesma passasse a denominar-se Sociedade
Esportiva Velha Central. Ao ser reativada depois da Segunda
Guerra Mundial, no dia 29 de agosto de 1948, passou a denominar-se
254
Clube de Caça e Tiro Velha Central. Em Assembléia Geral foi eleita a
diretoria que ficou assim constituída: Carlos Budag, presidente;
Guilherme Bachmann, vice-presidente; Bertoldo Bachmann, 10
tesoureiro; Gustav Beumer, 20 tesoureiro; Ewaldo Geske, 10
secretário. Preserva as tradicionais festas de "rei" e "rainha",
acompanhadas do tradicional baile com a "polonaise". Sediou em
1977, o VI Encontro Blumenauense de Atiradores e em 1978,
inaugurou sua nova sede. Oferece aos associados, além do tiro ao
alvo, o boIão e o futebol de campo. O "Schuetzenverein - Velha
Central" registrou seus Estatutos como Clube de Caça e Tiro Velha
Central em 16 de novembro de 1948, e os reformulou em 1O de
setembro de 1979.
Por volta de 1915, surgiu na Velha uma associação de
características bem diferentes das sociedades existentes na época, a
Sociedade de "Quadrilha". Fundada por H. Schneider, apesar de
congregar grande número de amantes da quadrilha e incentivar o
funcionamento da mesma através de lições de "Quadrilha" e
"Kraenzchen", a sociedade teve curta duração.
A sociedade que marcou o Vale do Velha foi o
"Schuetzenverein Einigkeit", que registrou seus Estatutos no dia 26
de setembro de 1916, no L-I e fls. 8 no Cartório de Getúlio V. Braga.
Paralisou suas atividades durante as duas Guerras Mundiais. Na
campanha de nacionalização reformulou seus Estatutos em 28 de
dezembro de 1938, adotando o nome de Sociedade de Atiradores
"União". Após a Segunda Guerra Mundial, no dia 30 de agosto de
1949, a sociedade reorganizou-se registrando seus Estatutos com o
nome de Clube de Caça e Tiro "Concórdia". Na Assembléia Geral
de 1949, foi eleita a nova diretoria que ficou assim constituída:
Helmuth Westphal, presidente; Oswald Buerger, vice-presidente;
Amo Metzger, 10 secretário; Rodolfo Zutter, 20 secretário; Paulo
Metzger, 10 tesoureiro; Erich Gieseler, 20 tesoureiro e Guilherme
Zwang, orador.
Com a falta de uma sede própria, as atividades sociais e
esportivas, que inicialmente eram realizadas no salão de Hermann
Brehmer de Velha Central, foram transferidas para o salão Ehrhard e
mais tarde para o salão Wolfram. A partir de 1949, as atividades
sociais passaram a ser realizadas no salão de Heinrich Duggen. Em
1953, a sociedade adquiriu um terreno onde foram construídos os
"stands" de tiro e em 1969, com o auxílio da indústria, comércio e
associados foi construída a sede própria que foi inaugurada em 1969.
255
 Foram fundadores do "Schuetzenverein Einigkeit": Otto
Schreiber, Arthur Schreiber, Oswald Schreiber, Otto Brehmer, Karl
Krueger, Leopold Lueders, Franz Budag, Paul Budag, Rudolf Urban,
Fritz Persch, Rudolf Persch, Franz Juenger, Hermann Bretzke, Ernst
Krueger, Franz Krueger, Emil Bruns, Karl Kaun, Alfred Michelmann,
Hermann Zager, Gustav Hartung, Otto Heidrich, Wilhelm Larsen e
Arthur Grahl. O clube, além da parte esportiva, promove anualmente
o baile dos casados e as festas de "rei" e "rainha".
O clube possuía há alguns anos atrás um coral masculino, um
coral misto fundado por volta de 1923, e um grupo teatral, que
emudeceram durante a nacionalização. Apesar do estado psicológico
em face das pressões devido a nacionalização, Oswald Buerger, que
na época era presidente do clube, possibilitou em 1949, a reativação
dos corais. Sob a regência do professor Karl Schuetzler, apesar de ser
difícil recomeçar e mais difícil ainda reunir os cantores, depois de um
ano, conseguiram realizar a primeira festa de cantores. Paralelamente,
os corais mistos de Warnow e Benedito Novo, sob a regência de Josef
Wollinger, estimularam a reativação de outros corais. Várias festas
foram promovidas inclusive noites coloridas para que a Comunidade
se interessasse. Em 1952, Karl Schuetzler desistiu de reger os corais
sendo substituído por Franz Baumgart, que em junho do mesmo ano
também deixou a regência, sendo substituído por Walter Seelbach.
Com a morte prematura de Walter, seu irmão Eugênio assumiu a
regência. Sob a regência dos irmãos Seelbach os corais tiveram
grande sucesso. Paralelamente ao coral masculino e misto também
funcionava um coral infantil fundado com a participação dos pais. O
coral masculino do "Concórdia" foi o pioneiro na reativação da Liga
Cultural e Recreativa Vale do Itajaí.
Enquanto o "Schuetzenverein Velha Central" e o
"Schuetzenverein Einigkeit" foram reativados depois da Segunda
Guerra Mundial, o "Schuetzengesellchaft Neue Velha" não mais
voltou a funcionar apesar de fundado em 1912, e registrado seus
Estatutos no dia 8 de maio de 1914, pois a nacionalização o emudeceu
para sempre, o que é compreensível, considerando ser o mesmo uma
sociedade artística-cultural, onde pouco tiro ao alvo se praticava. A
sociedade tinha sua sede no salão de Alfred Beims, que tinha um
pequeno palco onde eram apresentadas peças teatrais, números de
canto coral e música, portanto era mais cultural do que recreativa,
promovendo constantemente noites de entretenimento, que
culminavam com um baile às vezes abrilhantado pela banda de H.
256
Schneider. Na época, a seção de canto e teatro da sociedade era tão
importante que levava o grupo teatral e o seu coral ao Teatro
"Frohsinn" e também para outros locais. O nível cultural dos
integrantes poderá ser avaliado através de alguns programas. Na área
teatral a equipe do Neue Velha apresentou entre outras peças: "O
inesperado acontece sempre"; "O médico naturalista"; "O rude
Gottlieb"; "O barril de pólvora"; "O casamento"; "Amor em
uniforme"; "A eleição da diretoria"; "O garimpeiro". A peça teatral
"O garimpeiro" em 4 atos de autoria de Charlotte Birch-Pfeiffer teve
como intérpretes: Carl Seelbach (no papel principal), H. Jaegeler, M.
Brueckheimer, E. Zechner, C. Kaestner, G. Beims, G. Geese, G.
Lindholm, E. Berndt, P. Zechner, F. Eltermann, C. Buchholz e ainda
camponeses, moças e rapazes. Época 1812. A peça foi reprisada
várias vezes em vários locais. A seção de canto apresentou entre
outros números musicais e canto: "Lorelei", "Intermezzo", "Velha e
nova Pátria", "Concórdia e amor". O coral e orquestra sob a regência
de F. Baumgart. O intercâmbio entre as sociedades culturais era
freqüente e a Sociedade de Cítaras "Gut Klang" se apresentou várias
vezes no salão Brueckheimer. As noites de arte eram encerradas com
bailes, abrilhantados por bandas e conjuntos musicais, entre eles:
Baumgart, Penzlien, Seelbach, Edelweiss, Guarany, Quinteto
Catarinense.
Por volta de 1925, funcionou na Velha, a Sociedade de Canto
"Liedertafel" que no dia 4 de dezembro de 1926 festejou seu
aniversário de fundação com apresentações humorísticas, corais,
ginástica rítmica, teatro e baile festivo. Participaram das festividades
o coral masculino "Eintracht" de Altona e o coral masculino Garcia II.
Na ocasião, foram apresentadas músicas de concerto e dança pelo
Quarteto Baumgart. A "Liedertafel", como sociedade artística,
também apresentava peças teatrais, entre elas: "O sucesso de Othelo";
"Os chinelos do Otto"; "Eles vêm". A sociedade festejava anualmente
seu aniversário, geralmente no salão Wolfram com apresentações
artísticas e baile. Apesar de inaugurar a sua bandeira no dia 20 de
maio de 1928, e participado no dia 17 de maio de 1931, da grande
festa de inauguração das bandeiras, promovida pelo "Sãngerbund
Itajahytal", a nacionalização a emudeceu. O mesmo aconteceu com o
"Schuetzenverein Velha Tiefe", fundado em 1913, registrou seus
Estatutos em 1914, com a nacionalização não foi mais reativado.
Na década de trinta, se multiplicaram no Vale do Itajaí, os clubes
de futebol, e o Bairro da Velha contou na época, com os clubes
257
"Victória F. C." e o "Liberdade". Esses clubes além de participarem
de competições esportivas em todo o Vale, promoviam grandes festas
esportivas que geralmente culminavam com animado baile.
No dia 27 de outubro de 1944, reuniram-se Paulo Mantau,
Alfredo Dumke, Henrique Ohf, Alfonso Buerger, Eugênio Mantau,
Carlos Muzicka, Edmundo Glau, Fritz Ziehlsdorf, Francisco Leicht,
Alwin Mantau, Alfonso Grosch, Albano Schulz, José Suave, Reinold
Becker, Walter Karsten e João Krug, com a finalidade de fundar uma
sociedade, a Sociedade Desportiva Vasto Verde, que segundo os
Estatutos, tinha por objetivo - "a prática do futebol e outras atividades
que concorram para o desenvolvimento físico, moral e intelectual e
para o apuro eugênico da juventude brasileira". O Regimento Interno
foi elaborado de acordo com os Estatutos da Liga Blumenauense de
Desportos e pelo Decreto-Lei n" 3.199 de 14 de abril de 1941. Os
Estatutos foram assinados por Paulo Mantau, Alfredo Dumke,
Henrique Ohf, Alfonso Buerger, Alwin Mantau, Carlos Muzicka e
registrados em cartório no dia 21 de março de 1945. As atividades
sociais que incialmente eram realizadas no salão dos Irmãos Karsten,
atualmente funcionam em bonita sede própria. Iniciou suas atividades
com o futebol de campo e durante a gestão de Henrique Ohf, em
1946, foi introduzido o tiro ao alvo, que atualmente é um dos
destaques entre as demais modalidades esportivas. Oferece ainda aos
associados o vôlei, basquete, boião, bocha, futebol suíço e "skat".
Destacou-se no vôlei e basquete em competições nacionais e
internacionais. Em 1980, participou do torneio Sul Americano de
"Skat" realizado na Argentina sagrando-se campeão Sul Americano.
Tem conquistado troféus e medalhas na modalidade de tiro.
O Esporte Clube Água Verde, fundado no dia 5 de novembro
de 1946, por Hennann Glau, Paulo Mantau, José Kolsch, Alwin
Mantau, Franz Klein, Alfredo Dumke, Arthur Wagner, Ricardo
Ziehlsdorf, Edgar Glau, Lauro Pereira, Walter Pereira, Pedro Leicht,
Alfredo Kolsch, Hilário Ziehlsdorf, Wilhelm Schwitzki, Paulo Leicht,
Ricardo Hoeltgebaum, Alfonso Grosch e Rudibert Teske, iniciou suas
atividades com o futebol de campo praticado no terreno de Hennann
Glau, enquanto que as festas eram realizadas na residência do mesmo.
Mais tarde, Glau doou um terreno para edificar a sede que foi
construída em mutirão pelos próprios sócios que se revezavam. Para
os "stands" de tiro foi adquirido um terreno em 1949, e em 1952 foi
construída uma cancha de boião. A aquisição da área de terras
adquirida em 1973, serviu de local para estacionamento e nova cancha
258
de boIão. As tradicionais festas de "rei" do tiro, "rei" dos reis,
"rainha" do tiro e "rainha" do boião, são realizadas anualmente. As
festas são geralmente abrilhantadas pelo Jazz Amizade de Encano do
Norte. Os casais, sócios do clube, disputam o boião em determinados
dias da semana, sendo que alguns deles se reúnem sempre num
mesmo dia da semana durante muitos anos. Em 1972, sediou o
Primeiro Encontro Blumenauense de Atiradores. O Esporte Clube
Água Verde, registrou seus Estatutos em Cartório no dia 22 de janeiro
de 1947.
Em 1955, o Bairro da Velha foi manchete na imprensa nacional
e internacional quando o dentista Emílio Martins, no seu consultório,
em 9 de maio de 1955, para se apoderar de cem cruzeiros, assassinou
o seu amigo Nemo Packer (de Rodeio) com golpes de chave inglesa, o
esquartejou e colocou dentro de uma mala fugindo para um matagal
onde foi preso.
Até a década de sessenta o Vale do Velha era essencialmente
residencial. Alguns dos moradores se dedicavam à lavoura, outros
trabalhavam no centro, porém a maioria trabalhava na Cia. Hering, de
fácil acesso através do morro da Cia. para onde os operários se
dirigiam a pé ou de bicicleta. Atualmente os operários dispõem de
ônibus especiais. O número de casas comerciais e oficinas' que
funcionavam no bairro era reduzido.
A indústria que marca o Bairro da Velha desde 1926, é a
Malharia Thiemann, fundada por Tekla e Joseph Thiemann e que
apesar de pertencer atualmente à Jaime Telles, conserva as
características de antanho, inclusive o prédio.
Na segunda gestão de Hercílio Deeke como Prefeito Municipal
(1961/1966) o executivo adquiriu uma grande área de terras no Bairro
da Velha para nelas construir o Pavilhão e Parque Permanente de
Exposições, o Centro de Educação Física e o Pavilhão "A" da
PROEB. Desde a inauguração, no complexo foram realizadas feiras
de amostras de Santa Catarina - FAMOSC, e outras promoções.
Atualmente, acrescido de várias construções, inclusive
"enxaimelóides", o complexo mais parece uma "colcha de retalhos de
muito mau gosto" e que abriga uma série de promoções, inclusive a
"Oktoberfest", que carrea para Blumenau turistas de todo o Brasil
inclusive do exterior que transformam Blumenau, durante dezessete
dias, no maior centro de bebedores de cerveja do país e que, entre
outras atrações, conta com o concurso de bebedores de cerveja em
metro.
259
 o Vale do Ribeirão da Velha "inchou" com a imigração e o
crescimento desordenado, e suas belas características de anos atrás
como o pequeno ônibus chamado de "caixinha de fósforos" da antiga
empresa Wolfram desapareceu, como também estão desaparecendo as
casas com seus belos jardins que pouco a pouco cedem espaço para os
prédios de concreto.
O bairro abriga atualmente o maior número de indústrias em
Blumenau, ocupando também o segundo lugar em estabelecimentos
comerciais e empresas de serviços.
VILA NOVA
Vila Nova sedia a mais importante obra assistencial de
Blumenau - a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE), que realizou a sua reunião de constituição, sob a presidência
de José Ferreira da Silva, no dia 25 de março de 1965, às 20 horas, no
salão de conferências da Biblioteca Municipal de Blumenau, sendo os
trabalhos secretariados por Ruth Lindenberg Câmara. Após esclarecer
o objetivo principal da reunião, José Ferreira da Silva leu o projeto de
Estatutos no qual consta que a finalidade da associação é "promover o
bem estar e o ajustamento, em geral, dos indivíduos excepcionais,
onde quer que se encontre e estimular os estudos e pesquisas relativos
aos problemas dos excepcionais; o fundo social da entidade será
constituído pela contribuição dos sócios ou de terceiros, rendas,
donativos, legados, subvenções, doações ou qualquer outro auxílio
recebido e pelos bens que a Associação vier a adquirir; a sociedade
terá duração indeterminada, sendo administrada pelos seguintes
órgãos: 1) Assembléia Geral; 2) Conselho Deliberativo; 3) Conselho
Fiscal; 4) Diretoria; será representada, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente, por seu Presidente; seus Estatutos são reformáveis
mediante Assembléia Geral Extraordinária convocada com trinta dias
de antecedência, e seus membros não respondem, subsidiariamente,
pelas obrigações sociais; sua extinção só poderá ser decidida por
deliberação de duas Assembléias Gerais Extraordinárias sucessivas,
realizadas com intervalo de três meses, que indicará instituição de fins
análogos à qual deverá ser entregue o patrimônio social".
Amplamente discutidos, os Estatutos foram aprovados, propiciando a
eleição e posse, por aclamação, da primeira diretoria da Associação,
proposta por José Ferreira da Silva, integrada pelo Dr. João Caropreso
- Presidente; Dr. Afonso Balsini - Vice-Presidente; Ruth Lindenberg
.260
Câmara - Secretária Geral; José Gonçalves - Secretário; Ricardo
Schwanke - 10 Tesoureiro; José Manoel Mafra - 20 Tesoureiro.
Augusta Odebrecht, Nilsa Jacobsen, Maria Norma Kander, Dr.
Lourival Hübner Saade e Dr. Eduardo Ferencz - Conselho
Deliberativo. Aldo Pereira de Andrade, Ralf Elke e Elimar
Baumgarten - Conselho Fiscal. Alfredo Strobel e Dr. Ayres Gonçalves
- Suplentes, diretoria que atuaria até 31 de dezembro de 1966. Na
ocasião discursou o Dr. João Caropreso, que agradeceu a colaboração
de José Ferreira da Silva e Lions Clube de Blumenau - Zona Sul. Em
seguida proferiu palestra o Dr. Carlos Moritz, médico em Brusque,
que discorreu sobre os problemas relacionados com os excepcionais.
A Associação funcionou, inicialmente, num prédio nas
imediações do Grupo Escolar "Santos Dumont" no Garcia até que na
gestão de Evelásio Vieira, a Prefeitura doou para a Associação a área
de 13.000 m2, onde foi construído um bonito complexo educacional, à
Rua Casemiro de Abreu - 216 (Vila Nova). Nos dois blocos
construídos que abrigam salas e dependências para as mais diversas
finalidades funcionam: a estimulação precoce e essencial; setor
educacional com níveis um, dois e três; oficina ocupacional; pré-
oficina e oficina pedagógica com suas respectivas atividades, direção
e professores qualificados sob orientação de equipe técnica composta
de médico, dentista, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta
ocupacional, fonoaudióloga, psicóloga e orientadores pedagógicos.
O complexo abriga ainda um "play-ground", piscina, campo de
futebol, horta, bosque e área livre. Também funciona uma bem
equipada cozinha e refeitório.
A "APAE é beneficiada por convênio de cooperação técnico-
pedagógico celebrado pela Secretaria de Educação com a Fundação
Catarinense de Educação Especial". Colabora com a APAE a Legião
Brasileira de Assistência.
A APAE registrou seus primeiros Estatutos no Cartório de
Getúlio Vieira Braga no dia 28 de maio de 1965 (livro-A-7, folhas 67
V).
"PROMENOR"
A implantação de uma entidade para atender meninos carentes
teve início na gestão do Prefeito Municipal José Ferreira da Silva
(1938-1941) quando foi criada a Escola Agrícola onde os meninos
recebiam alimentação, escolaridade e instrução profissionalizante sob
261
 a orientação das Irmãs Franciscanas. A escola, que deu o nome ao
bairro, foi desativada na gestão do Prefeito Carlos Curt Zadrozny.
No governo do Prefeito Frederico Guilherme Busch Jr., sob a
presidência do então Juiz de Direito, Dr. Marcílio João da Silva
Medeiros, reuniram-se Frederico G. Busch Jr., João Gomes, Heitor da
Silveira Vasconcelos, Bernardo W. Werner, Frei Brás Reuter, Frei
Ernerto Emmendoerfer, Júlio H. Zadrozny, Oscar Leitão, Aldo
Andrade, Arnaldo Xavier, Maurício Xavier, Raul Fagundes, José
Gonçalves, Salomão da Silva, Willy Berndt, José Ribeiro de
Carvalho, Abílio de Oliveira, Luiz Schramm, Frederico Kilian,
Getúlio Vieira Braga e Roberto Baier para fundarem a Associação
Blumenauense de Amparo aos Menores Desvalidos, que registrou
seus primeiros Estatutos no dia 21 de dezembro de 1957, no livro A-6,
folhas 400 no Cartório de Getúlio V. Braga. Os Estatutos foram
reformulados em 31 de maio de 1974 e registrados no livro A-7,
folhas 253 V.
A Associação Blumenauense de Amparo aos Menores
Desvalidos teve sua primeira diretoria integrada pelo Dr. Marcílio
João da Silva Medeiros - presidente; Roberto Baier - tesoureiro e
Getúlio Vieira Braga - secretário.
Em 1969, a então Diretoria da Saúde da Prefeitura Municipal,
organizou grupos de menores que trabalhavam como vendedores
ambulantes e engraxates. Mais tarde foram organizados grupos de
garís, cicerones e "office boys". Os grupos subordinados à Diretoria
de Saúde e Assistência Social receberam até 1973, alimentação,
vestuário, orientação educacional, cívica, moral e espiritual.
No dia 17 de outubro de 1974, o Cartório de Getúlio V. Braga
registrou no livro A-7, folhas 258 a Ata de Assembléia Geral
Extraordinária da pequena associação como PROMENOR -
Sociedade Promocional de Blumenau do Menor Trabalhador. No dia
4 de dezembro de 1974, pela Lei 2048, aprovada pela Câmara de
Vereadores, de Blumenau e promulgada pelo então Prefeito Felix C.
Theiss a PROMENOR foi transformada em sociedade civil de
utilidade pública. Com o mesmo nome da co-irmã de Florianópolis
iniciou suas atividades, utilizando as mesmas dependências da
Secretaria de Saúde e Bem Estar Social. Com exigência de espaço
físico, em 1977 passou a ocupar instalações na PROEB.
Em 1979, a Prefeitura Municipal de Blumenau doou para a
PROMENOR a área de 2.432,20 m2, com frente para a rua Humberto
de Campos, para que no local fosse construída a sede da
262
PROMENOR. Após várias campanhas e promoções beneficentes, no
dia 15 de outubro de 1980, com a presença do Prefeito Municipal
Renato de M. Vianna e importantes autoridades municipais foi
lançada a pedra fundamental da sede que conta com área edificada de
1.852,12 m2, que foi inaugurada em 25 de fevereiro de 1986 na gestão
do Prefeito Dalto dos Reis.
Em fins de 1990, na gestão do Prefeito Victor F. Sasse a
PROMENOR foi reestruturada para atender exigências dos seus
objetivos, e principalmente atender "aos requisitos estabelecidos pela
implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente". Em 1991 a
PROMENOR passou para a Secretaria de Educação da Prefeitura
Municipal de Blumenau com a denominação de PROMENOR -
Fundação Promocional de Blumenau do Menor Trabalhador.
A PROMENOR atende crianças na faixa etária de 7 a 14 anos,
que recebem assistência médica e odontológica, orientação escolar,
uniformes, aulas de datilografia, passes de ônibus, material escolar,
alimentação (café da manhã, almoço e lanche), seguro de acidente
pessoal e outros. A PROMENOR, assegura à criança, através de
estágio de meio período junto ao comércio, indústria e bancos locais,
como aprendiz, a possibilidade de integrar-se com sucesso em futuras
profissões e demais atividades humanas.
Os recursos para a manutenção da PROMENOR provém de
subvenções da Prefeitura Municipal de Blumenau, Estado, indústria,
comércio, clubes de serviços e particulares. A PROMENOR é sempre
presidida pela primeira dama do município que conta com a
colaboração de voluntárias, sem remuneração ou benefícios.
A PROMENOR está estruturada com uma Diretoria Executiva,
um Conselho Deliberativo e um Corpo Técnico Administrativo. De
acordo com os Estatutos da PROMENOR, em cada segunda quinzena
do mês de junho dos anos pares, é eleita uma nova Diretoria. A
primeira diretoria eleita em 1974 integrava: Murita N. Uber Theiss -
presidente; Liselote Iten - vice-presidente; Rose Schadrack - diretora
executiva; Neusa Pereira Schaefer - vice-diretora executiva; Maria
Puckall - diretora social; Neuza Luz Manske - vice-diretora social;
Carmen Lúcia Vianna - 13 secretária; Vara Baier - 23 secretária; Esther
Goemann - tesoureira; Terezinha Schling - secretária adjunta; Dailva
H. Fischer - diretora pedagógica; Carmen Olinger - vice-diretora
pedagógica. Para o Conselho Deliberativo foram eleitos, por
aclamação, Murita N. Uber Theiss, Liselote Iten, Sueli Waschburger,
263
Sônia Regina Pabst, Lucy de Sá Fortes, Elisabeth Ricken, Aldi
Brandão M. Brito e Ivo Martins.
Objetivos e finalidades:
A PRO MENOR é uma organização civil de caráter promocional,
beneficente e filantrópica sem fins lucrativos. Tem por finalidade
promover e orientar o menor blumenauense, economicamente
necessitado, proporcionando-lhe um desenvolvimento humano sadio,
dando-lhe condições de completa integração na família e na
Comunidade.
Procura tomá-los úteis à Sociedade, dentro dos princípios de
educação integral, formando-os e orientando-os para uma atividade
laboriosa, evitando assim, que se percam na ociosidade, no vício e na
delinqüência.
Labutam para a consecução dos objetivos da PRO MENOR,
pessoas voluntárias que através de sua dedicação espontânea,
conseguem manter viva e atuante a instituição.
Para ingressar na PROMENOR o candidato deverá estar na faixa
etária de 7 a 14 anos de idade e estar matriculado em qualquer escola
do município e ser carente de acordo com os critérios analisados pelos
técnicos especializados da Entidade.
ABAM
A Associação Blumenauense de Amparo aos Menores
(Desvalidos) idealizada pelo Dr. Marcílio João da Silva Medeiros,
Juiz de Direito em Blumenau, fundada em 31 de julho de 1957 com a
colaboração de pessoas da Comunidade, continua como entidade
particular, abrigando menores de 7 a 18 anos de idade, encaminhados
através do poder judiciário, geralmente por desagregação da família
(não são menores infratores), em regime de internato onde recebem
assistência médica, odontológica, alimentação, vestuário, calçados e
escolaridade (Escola "Lúcio Esteves"). A partir dos 14 anos, os
menores são encaminhados para empregos com carteira assinada.
Funciona na Rua Benjamin Constant s/n em instalações próprias,
inclusive área de lazer com locais especiais para esportes. A entidade
tem Estatutos registrados e é beneficiada pelas demais leis que
beneficiam as entidades filantrópicas. Mantida pela Comunidade, a
ABAM é administrada por uma diretoria que se reúne uma vez por
mês.
264
Funciona com uma diretoria (coordenadora), uma secretária
administativa, quatro monitores, um casal de caseiros, duas pessoas
encarregadas da limpeza, uma cozinheira e uma lavadeira.
o VALE DO TESTO E OUTROS
Em Testo Salto (Vale do Testo) funciona o Clube de Caça e
Tiro Testo Salto, fundado no dia 16 de agosto de 1946, por 31
pessoas de diversas profissões, que se reuniram no salão Becker,
ocasião em que também elegeram a sua primeira diretoria integrada
por Walter Prochnow - Presidente, Francisco Correa - Vice-
presidente, Erwino Radünz - 10 Secretário, Freymund Schneider - 20
Secretário, Albrecht Sprãnger - 10 Tesoureiro e Ernesto Bieging - 20
Tesoureiro. Em 1958 foi construída a sede. Além do tiro ao alvo,
praticam o boião e o "Skat". Participam dos festejos da cidade e dos
Encontros de Atiradores. Funciona anexo ao clube, o Grupo
Folclórico Alpino Germânico, fundado em 1969 por associados do
clube e que se apresenta nos tradicionais festejos da associação e em
eventos culturais com suas danças típicas.
Em julho de 1954, foi fundado em Testo Salto o Coro Misto
Testo Salto, sob a regência de Heinrich Holzinger. Atualmente com
35 componentes, apresenta-se em festas de Natal e outras,
participando também do Encontro de Corais de Igrejas Evangélicas
que se realiza anualmente no Vale do Itajaí, cujo critério para sediar o
encontro é o sorteio. O repertório inclui canções alemãs e brasileiras,
folclore e religiosas.
Em teatro, Testo Salto marcou presença na década de vinte com
a apresentação no salão Kleis (23-08-1924), na grande noite de arte,
com o seguinte programa: 1 - Streichorchester (Seelbach apresentou
um número musical); 2 - Musikalische Werbung (dueto - 2 homens);
3 - a peça popular "Eckmann e filho"; 4 - solo e couplet; 5 - "Der
Wilddieb" (dueto - 2 homens). Baile com a banda Seelbach. O Grupo
Teatral Testo Salto apresentou a peça popular em dois atos "Irrungen"
e a comédia em um ato "Letze Rettung", depois silenciou.
Testo Salto, sedia uma das indústrias mais importantes de
Blumenau, conhecida pela excelência dos seus artigos fabricados. -
"Companhia Têxtil Karsten".
Johann Karsten desembarcou no porto do Rio de Janeiro em
1860, trabalhando um ano nas plantações de café. Em 1861,
estabeleceu-se em Testo Salto, onde aproveitando uma queda d'água
265
construiu a primeira atafona das redondezas com pedras que ele
mesmo catou no ribeirão e preparou para servir na atafona. Em 1869
também construiu uma serraria. Algum tempo depois, juntou-se a
Heinrich Hadlich dando início a uma tecelagem. Em 1881, enquanto
Karsten se encarregava de construir o prédio, Hadlich viajou para a
Alemanha para adquirir a maquinária. No Rio de Janeiro, Hadlich
conheceu Gustav Roeder, técnico em fiação e tecelagem formado em
Chemnitz (Alemanha) e o convidou para acompanhá-lo à Alemanha,
regressando onze meses depois com seis teares e uma pequena fiação
com trezentos fusos. Em 1882 a firma Roeder, Karsten & Hadlich,
adquiriu 1875 quilos de algodão a 400 réis o quilo, sendo
aconselhados pelo técnico Johann Findeiss, que começou a trabalhar
na fábrica em 1883, a importar os fios para urdume, e em dezembro
desse mesmo ano, as amostras dos tecidos fabricados no primeiro tear
montado, mostravam boa qualidade e próprios para a confecção de
roupas resistentes, principalmente para a lavoura e oficina. Com a
recuperação de outros teares, pois o transporte os havia danificado,
foram fabricados tecidos mais finos para vestidos e roupas, pois eram
de boa qualidade, podendo competir com as fazendas importadas. A
firma prosperou apesar de alguns preconizarem, na época, o seu
fracasso. Em 1884, Roeder retirou-se da firma que continuou como
Karsten & Hadlich. Em 1886, retirou-se o sócio Hadlich e a firma
ficou com Johann Karsten que a dirigiu até 1914 quando a entregou
aos filhos Christian e João, e a firma passou a funcionar sob a razão
social de Karsten Irmãos. Johann Karsten faleceu em abril de 1918.
A fábrica que inciara com uma roda d'água, a partir de 1921
passou a funcionar com uma turbina hidráulica e quatro anos depois
com uma segunda turbina. Na década de vinte (1920, 1923, 1925,
1928) novos equipamentos, teares e máquinas foram adquiridos. Em
1933, a Karsten Irmãos transformou-se em Sociedade Anônima com o
nome de Companhia Karsten, e em 1941 alterou sua razão social para
Companhia Têxtil Karsten. Em 1946 foi acrescentada à fábrica a
seção de estamparia. Como todas as firmas de porte do Vale do Itajaí,
a Karsten, além da Associação Beneficente "João Karsten", que
registrou seus Estatutos em novembro de 1971, mantém creche e
refeitório, funcionando ainda em anexo a Associação Desportiva
Recreativa Karsten. Em 20 de dezembro de 1982, um carimbo
comemorativo marcou o Centenário da Companhia Têxtil Karsten.
No dia 30 de janeiro de 1937, o Coral Misto Sing-Sang de Salto
do Norte, festejou seu primeiro aniversário de fundação com a
266
apresentação da comédia em quatro atos, "Paciência", encerrando
com um baile. As apresentações teatrais e do coral, continuaram até
que foram sustadas pela nacionalização, porém no dia 15 de julho de
1956, o coral foi reativado com o nome de Coral Misto Salto do
Norte, como seção da Sociedade Recreativa Esportiva e Cultural
Salto do Norte. O primeiro dirigente do coral foi Fritz Kemmelmeier,
que também atuava em Itoupava Central. Para reativar o coral e
fundar a sociedade, Frederico Bieging e esposa Paula, Valter Birkner
e esposa Asta, convidaram antigos cantores e pessoas interessadas em
esportes para se reunirem no local cedido por Willy Krueger. São
fundadores: Amoldo Koball, Detleff Knaesel, Gustav Zimmermann,
Erich Kath, Willy Loth, Walter Birkner, Frederico Bieging, Paulo
Grassmann, Haroldo Starke, Oswaldo Blaesing, Gustavo Birkner,
Victor Bennertz, Alex Mette, Oscar Becker, Carlos Grassmann,
Arthur Milchert, Willy Krueger, Hermann Mette, Ricardo Reiter, Max
Maul, Edmundo Wagner, Antonio Lobatky, Harry Mette, Carlos
Friese, Amoldo Voigt, Gustavo Milchert, Paulo Kowatsch, Erich
Krueger, Victor Lucas, Otto Blaesing e Helmth Keske. As atividades
sociais eram realizadas num galpão simples, e quando exigiam espaço
maior utilizavam o salão de Arnold Kirsten. Com o tempo angariaram
fundos, compraram um terreno, construíram um "stand" de tiro, um
galpão para festas e posteriormente a sede social. O tiro é praticado só
pelos homens, que também atuam como cantores.
Desde a colonização, muitos imigrantes se localizaram em
Badenfurt e adjacências, onde desde o início construíram sua Igreja e
também sua Escola. Na escola particular de Badenfurt, estudou Lauro
Mueller, que foi mandado de Itajaí, por seus pais, para aprender o
alemão, presumindo-se que a escola particular de antanho deveria ter
elevado conceito. Na época, o garoto Lauro Mueller era encarregado
de buscar farinha de milho na atafona de Johann Karsten, fazendo os
seis quilômetros de volta com dez quilos de fubá nas costas, porém
antes de encetar a caminhada, não dispensava a fatia de pão de milho
com "Mus" da casa dos Karsten.
Em 1916, Badenfurt era atendida pelo Pastor Rodlach, quando
chegou a Blumenau o Dr. Hermann von Jhering, que tendo iniciado
suas atividades como diretor do Departamento Zoológico do Museu
do Rio de Janeiro em 1880, e em 1883 fundado em São Paulo o
Museu Paulista, ficou desempregado aos 66 anos de idade. Sem
recursos e impossibilitado de regressar para a Alemanha, foi acolhido
por Peter Christian Feddersen, Dr. Herbert Koch e o Pastor Rodlach
267
 de Badenfurt. Referindo-se a sua estada em Blumenau, disse o Dr.
Hermano von Jhering: - "que o tempo que passou em Blumenau foi o
ponto culminante de sua vida e que Blumenau é o paraíso na terra".
Em Badenfurt, a sociedade que congrega os moradores locais é o
Clube de Caça e Tiro Badenfurt, que foi fundado no dia 18 de abril
de 1926, com o nome de "Schuetzenverein Badenfurt". A primeira
diretoria era integrada por Theodoro Nuss - Presidente, Friedrich
Karsten - Vice-presidente, Fritz Hemmer - Secretário, Arthur Nuss -
Tesoureiro e Richard Barg - Capitão. Reformulou seus Estatutos em
1938. Encerrou suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial,
voltando em 5 de março de 1950, com o nome de Clube de Caça e
Tiro Badenfurt. Reativaram o clube: Romanus Emke, Adolfo
Buettgen, Theodor Nuss, Heinz Trapp, Willy Larsen, Fritz Mueller,
Oswaldo Emke, Alex Bennertz, Max Schneider, Evaldo Jung, Nélcio
Reis, João Maçaneiro, Emílio Bennertz, Frederico Bieging, Walter
Bennertz, Alfredo Kraft, Francisco Kluge, Fritz Mette, Alberto
Perchke, Gustavo Tillmann, Otto Sperber, Theobaldo Sperber,
Gottfried Sperber, José Lisandro, Walter Hinsching e Guilherme
Larsen. Funcionando em sede própria, realiza bailes, festas de
atiradores e a prática do boião. Participa do Encontro Blumenauense
de Atiradores.
Em Badenfurt, numa homenagem ao então garoto e depois
Ministro Lauro Mueller que estudou na então escola particular de
Badenfurt, a atual escola municipal ostenta o seu nome.
Badenfurt sedia uma das maiores empresas processadora de
alimentos do sul do Brasil, a COMPANHIA HEMMER INDÚSTRIA
E COMÉRCIO.
Fundada em 1915 por Heinrich Hemmer Sênior, natural da
Westfália - Alemanha, que emigrou para o Brasil em meados de 1886
para exercer o cargo de professor porém, uma escala do vapor que o
trazia atrasou a sua chegada e a vaga foi ocupada por outro, mudando
sua vida, fazendo com que Hemmer, sem escola, se instalasse em
Badenfurt, inicialmente como agricultor. Casou-se com Catharina
Jõnck, natural de Brusque - SC. Com pouco mais de um ano em
Badenfurt, Hemmer adquiriu seu primeiro imóvel de Augusto Benner
e esposa Joana, na margem esquerda do Rio do Testo. Dez anos
depois Hemmer adquiriu mais quatro lotes de Carl Jansen Jr. e esposa
Mathilde, onde hoje está instalada a Companhia Hemmer Indústria e
Comércio.
268
Hemmer tomou-se conhecido pelas suas experiências
agropecuárias que eram publicadas no "Der Urwaldsbote", jornal em
língua alemã editado em Blumenau. Foi dirigente do Sindicato
Agrícola, presidente da Comunidade Evangélica de Badenfurt,
integrante ativo do Kulturverein e um dos fundadores da Caixa
Agrícola. Acolhia imigrantes alemães orientando-os para que melhor
se adaptassem à nova terra. Empreendedor, além de instalar uma
ferraria, construir carroças, consertar espingardas, buscar alternativas
para a indústria têxtil, fabricar balanças decimais e montar uma casa
comercial, percebeu que o repolho excedente poderia ser
industrializado como "chucrute" (Sauerkraut) o que levava Hemmer
para a cidade com produtos "in natura" e barris com o chucrute. A
receptividade e a qualidade do chucrute fez com que Hemmer
incluísse o pepino em salmoura aos consumidores de Blumenau. Para
suprir os consumidores em qualidade e quantidade adotou a prática do
fomento.
Em 1927 ainda predominava em Blumenau a economia rural,
pois além do queijo e manteiga foram exportadas frutas e legumes em
conserva e mostarda, sendo que uma parte saía da modesta fábrica de
Hemmer.
Com o falecimento de Hemmer aos 68 anos de idade em 14 de
março de 1927, surge a Heinrich Hemmer Irmãos sob a
responsabilidade dos irmãos Heinrich Hemmer Jr., Max e Fritz com a
participação do cunhado Carl Rinnert. Heinrich passou a gerenciar a
filial instalada no município de Presidente Getúlio, Max era
responsável pelas vendas, Fritz pela produção da fábrica e lavoura e o
cunhado Rinnert o comando da ferraria e fábrica de balanças decimais
implantada por Heinrich Hemmer Sênior.
Além do chucrute, os irmãos diversificaram a produção
introduzindo conservas de chucrute con salsichas, couve-flor, mix-
picles, pepinos em salmoura, vinagre e mostarda.
Empresa essencialmente familiar onde todos trabalhavam
arduamente na preparação dos produtos, tinha além da clientela local,
grande aceitação em outros estados como Rio, São. Paulo e Bahia.
Em 1933 a família Hemmer não conseguiu superar problemas
causados por falhas administrativas e inadimplência de grandes
clientes, chegando a uma situação de insolvência. Os Hemmer
voltaram para a agricultura. A frustração levou os decendentes de
Heinrich Hemmer Sênior a reagirem e paulatinamente quitarem suas
dívidas. A fábrica foi reativada por iniciativa de Heinrich Hemmer Jr.
269
 e sua esposa Emma com a participação dos filhos Heinrich Hartwig,
Ângela, Emmy e o imigrante austríaco Ignaz Luef.
Com o falecimento de Heinrich Hemmer Jr. em 1938, a empresa
recebe a denominação de Vva. Emma H. Hemmer Ltda.
Com Ignaz Luef na adminstração, vendas e desenvolvimento de
novos produtos e Emma, responsável pela fábrica com suas filhas
Angela, e Emmy com o esposo Helmuth, as instalações que
funcionavam em uma meia água passaram para um salão que havia
nas proximidades. A produção semanal na época era em média de 600
quilos que era transportada por uma carroça da empresa até
Blumenau.
Após 13 anos, a empresa Vva. Emma H. Hemmer Ltda., ávida de
expansão, visando novos mercados associou-se com W. Sander & Cia.
que atuava no comércio atacadista e no varejo. No dia 8 de abril de
1946 foi constituída a Sociedade Anônima da Companhia Hemmer
Indústria e Comércio com o capital de Cr$ 1 milhão, dividido em mil
ações ordinárias, subscrito da seguinte forma: Emma Hemmer, Cr$
470 mil; Catarina Hemmer Trager, esposa de Georg Trager, Cr$ 135
mil; Ignaz Luef, casado com Ângela Hemmer, Cr$ 125 mil; Waldemar
Otto Emílio Sander, Cr$ 95 mil; Erwin Guenther, Cr$ 30 mil e Ernest
Passold Cr$ 20 mil. O empreendimento que começou com 15
funcionários, mantendo as atividades das empresas que sucedeu,
alguns anos depois desativou o comércio de armarinhos no atacado e
varejo permanecendo o processamento de alimentos, objetivo maior
da Companhia Hemmer.
Com a elevação do capital seus planos de expansão incluíram a
instalação de uma unidade para processamento de pescados em Penha,
já que os produtos Hemmer gozavam de excelente reputação no
mercado do Sul e até o Norte do país.
A Hemmer pela excelência dos seus produtos foi premiada no
decorrer dos anos. Em 1917 foi laureada na "Exposição Agropecuária
de Indaial" pela produção de arroz e conservas em latas. Na "la
Exposição Nacional de Horticultura" promovida pela Sociedade
Nacional de Agricultura no Rio de Janeiro em 1929, a Hemmer
conquistou medalha de ouro e Menção Honrosa para vários dos seus
produtos, ocorrendo o mesmo, no mesmo ano, na "Exposição
Comemorativa Centenário da Colonização Alemã" em São José (SC).
A empresa também foi laureada na "Exposição IndustrialCentenário
de Blumenau" em 1950, e na mostra em comemoração ao IV
Centenário de Fundação da Cidade de São Paulo.
270
O ano de 1980 marca a Companhia Hemmer em direção à
modernidade. Com Armin Henrique Luef, Ignaz Luef e John Arnoldo
Ruediger, Diretor-Presidente, Vice-Presidente e Diretor Industrial,
respectivamente, a administração é transferida da Rua São Paulo para
junto da fábrica em Badenfurt. A empresa aluga as instalações em
Penha e Itajaí, para posteriormente alienar os imóveis. Deixa de atuar
no setor pesqueiro e os produtos com a qualidade Hemmer passam a
ser industrializados por terceiros.
A Hemmer Florestal e Agrícola, braço ecológico da Companhia
Hemmer, ganha grande impulso neste período, principalmente no
replantio das palmeiras abatidas para extração do palmito. Os projetos
de reflorestamento com palmeiras, iniciados no Paraná, se expandiram
para áreas em Santa Catarina e até Pará envolvendo 11.900 hectares
de terras próprias ou arrendadas com milhões de árvores entre
palmeiras, macieiras, açaí (no Pará), pinus eliotis e taedas. Estes
cuidados com o ret1orestamento partem da segunda metade da década
de setenta, garantindo produção para vinte anos.
A fábrica, instalada numa área de 20 mil metros quadrados com
uma área construída de 8 mil metros quadrados, com projeto de
expansão de nova área com cerca de 10 mil metros quadrados, situada
em Badenfurt a 18 quilômetros do centro de Blumenau, coloca no
mercado 50 produtos subdivididos em cerca de 200 ítens. Apesar do
crescimento e do decorrer dos anos, a qualidade e a honestidade são
pontos marcantes nos produtos que a Hemmer comercializa. Técnicas
apuradas desenvolvidas na própria empresa, equipamentos modernos,
cuidadosa seleção, manuseio e preparo esmerado permitem o alto
padrão de seus produtos.
A Companhia Hemmer Indústria e Comércio que processava
cerca de 11 mil toneladas anuais de alimentos no início dos anos 90,
empregando diretamente junto com a Hemmer Florestal 400 pessoas e
cerca de mil empregos indiretos, que in~essou na'última década com
capital social de 140 milhões, totalmente informatizada na área de
administração, vendas estoque e despacho de mercadorias, nasceu da
visão empresarial de Heinrich Hemmer Sênior.
August Mueller, irmão do Doutor Fritz Mueller, era professor
em Salto Weissbach, e como era natural, com a sua formação,
organizou em 1883, o Coral "Liederkraoz" que tinha uma seção
teatral e que se apresentava regularmente não só em Salto Weissbach
e sim em diversas promoções realizadas no Vale do Itajaí. No dia 28
de outubro de 1900, o Coral Misto "Liederlcranz" participou da
271
Grande Festa de Cantores promovida pela Sociedade de Canto
"Frohsinn" de Itoupava Norte. O teatro tinha grande espaço em Salto
Weissbach e algumas apresentações realizadas em épocas diferentes o
confirmam. No dia IOde novembro de 1906 foi apresentada a peça
teatral "O conturbado mercado do ano"; o convite foi formulado por
Theophilus Kasprzewski com a seguinte nota: Cavalheiros 1$000;
Damas 500 réis e crianças até 12 anos 200 réis. Todos os amigos são
benvindos ao espetáculo que começará às 8 horas da noite. Em 1921,
as apresentações eram realizadas no salão Lindner, e no dia 12 de
novembro de 1921, a noite teatral e o baile foram realizados em
beneficio das crianças carentes da Alemanha. Em 1934, o salão
Lindner continuava como local de apresentações, e os cantores, grupo
de ginastas e atores de teatro da Comunidade de Salto Weissbach
promoveram um programa colorido em beneficio do inverno alemão,
no dia 24 de novembro de 1934, com canções, danças antigas alemãs,
números de ginástica, teatro, "polonaise" e ainda churrasco, cerveja,
etc., em jardim iluminado e duas bandals de música. Também em
beneficio da Igreja de Salto Weissbach foi realizada noite de
entretenimento com apresentações musicais, cenas humorísticas e as
peças teatrais "Qual a volta, pelo seqüestro de Maier" de C. Sieber,
"No escritório do teatro" de A. Anno e "Uma noiva em apuros" de
Krieg. A noite foi encerrada com baile. Essas programações eram
freqüentes até ser implantada a nacionalização que as emudeceram
para sempre.
Em Passo Manso, a primeira sociedade formada remonta a maio
de 1895, e tinha por objetivo as festas de atiradores, bailes e outros
divertimentos. Foi fundada com o nome de "Schuetzenverein Passo
Manso", porém com a nacionalização e reformulação dos Estatutos
adotou o nome de Sociedade de Atiradores Passo Manso. Na época
a diretoria era integrada por Henrique Froehner, Henrique Alpen,
Fritz Probst, João Doell, Henrique Hadlich e Adolfo Froehner.
Desativada em 1941, voltou a funcionar em setembro de 1950 com o
nome de Clube de Caça e Tiro Passo Manso e eleita a diretoria com
os nomes de Curt Paulo Froeshlin, Willy Otto Junge, Rudolfo Hansen,
Rolf Penzlien, Rudolf Bauler, José Rausch e Caetano Mairick. Antes
da aquisição do terreno em 1955 e inauguração da sede social em
1956, as atividades sociais funcionavam no salão Hansen. Em 1979 o
clube adquiriu mais uma área de terras para novos empreendimentos.
Promove festas de "rei" e "rainha". Funcionam o tiro ao alvo, "skat",
272
boIão e um jogo de baralho chamado "Doppelkopf'. Sediou em 1979
o vm Encontro Blumenauense de Atiradores.
Funcionou também em Passo Manso, a Sociedade Ginástica
Passo Manso que em 31 de maio de 1903, participou com as demais
sociedades blumenauenses das festividades de inauguração do
monumento ao Doutor Blumenau. Cessou suas atividades durante a
Segunda Guerra.
Em Fortaleza, duas associações são responsáveis pela vida
social e cultural do bairro: o Clube de Caça e Tiro Fortaleza Alta e
a Sociedade Recreativa e Cultural Fortaleza. O Clube de Caça e
Tiro Fortaleza Alta foi fundado no dia 31 de março de 1911 com o
nome de "Schuetzenverein Fortaleza" por Carl Benner, José Carl
Schwang, Theodor Block, Vicente Schlosser, Leopoldo Tierschnabel,
Carl Sasse, Rudolf Bruch, Ernesto Haertel, Júlio Michel, Carl
Schwang, Pedro Silvano e Augusto Flores. Da primeira diretoria
faziam parte Wilhelm Schwantz, presidente; Hermann Bruch,
tesoureiro e Felipe Wuerges, comandante, cargo que ocupou durante
50 anos. Antônio Sievert foi outro associado que ocupando a
presidência, permaneceu no cargo durante 30 anos. A sociedade foi
marcada pelas duas Guerras Mundiais, e ao ser reativada em 1947,
elegeu sua diretoria integrada por Bruno Hoeltgembaum, Antônio
Sievert, Walter Reinhold, Egon Sievert, Emílio Bruch e Germano
Peske. Os "stands" de tiro foram inaugurados em 1976. As festas de
"rei" e "rainha" do tiro, "rei" dos "reis" e "rei do pássaro" foram
durante setenta anos realizados no salão Dorow ou seja até 1980,
quando inauguraram sua sede. Em 1981, sediou o X Encontro
Blumenauense de Atiradores.
A Sociedade Cordialidade foi fundada no dia 2 de outubro de
1932, por Franz Koegler, Max Wuerges, Gustav Tribess, Edmund
Hausmann, João Maul, Hartwig Tribess, Heinrich Tribess e Fredmund
Schoenfelder. Da primeira diretoria participaram João Maul, Max
Wuerges e Fredmund Schoenfelder. Reformulou os Estatutos em
1939, e quando os reformulou adotou o nome de Sociedade
Recreativa e Cultural Fortaleza, e os tradicionais bailes e festas
foram reativados. Funcionou no salão Tribess até 1978, quando
inaugurou a sua sede. Sediou em 1978, o VII Encontro Blumenauense
de Atiradores.
Funciona também em Fortaleza o Clube de Skat "Hermano
Berg".
273
 BOM RETIRO
(JAMMERTAL)
"A origem de tão expressivo nome para o atual bairro do Bom
Retiro sempre foi objeto de curiosas discussões.
Meu avô trabalhou quase três decênios em uma indústria têxtil
no Bom Retiro, tendo mesmo chegado a morar no bairro.
"É sabido", dizia-me ele, que todos os ribeirõess afluentes do
Itajaí-Açú (nos tempos em que a palavra poluição era ainda
desconhecida, ou então, somente encontrada nos dicionários) tinham
suas margens cobertas de uma planta chamada INHAME, da família
das Aráceas, que os colonos aprenderam a saborear. Das folhas, fazia-
se espinafre, e os tubérculos eram os substitutos naturais da batata
inglesa, INHAME, por falta de equivalente europeu, pois é uma
planta nativa do Brasil, não tinha tradução para o alemão e entrou
para o linguajar dos colonos como JAMMER, homófono de
INHAME. Tendo o riacho do Bom Retiro, condições favoráveis para
esta planta, a qual supria, nos primeiros tempos, o centro da Colônia,
veio a denominar-se JAMMERTAL, o que nada tem a ver com o Vale
das Lamúrias, a não ser que tivesse sido por causa dos muitos
trabalhadores que diariamente passavam por este vale para ganhar seu
subsídio, numa época em que o homem andava desprotegido
socialmente, trabalhando uma vida toda, do levantar ao pôr do sol,
sem direito a férias, sem assistência médica, sem aposentadoriav...'
A primeira sociedade fundada no Bairro do Bom Retiro foi a
"Gemuethlichkeit Verein", atualmente "Clube Blumenauense de
Caça e Tiro".
No dia 11 de fevereiro de 1894, reuniram-se Carl Gieseler, Josef
Garn, Theodor Roedel, Otto Ramthurn, Erwin Koehler, Luis Hedler,
Ferdinand Tahlmann e Eichard Sievert para fundarem a sociedade
"Gemuethlichkeit" (Cordialidade), que funcionava no bairro do Bom
Retiro. A primeira diretoria era integrada por Carl Gieseler,
presidente; Josef Garn, vice-presidente; Theodor Roedel, secretário e
Otto Ramthum, tesoureiro. Esta sociedade, desde o início,
desenvolveu extenso programa de realizações, pois em abril de 1894,
resoveram realizar nas dependências do salão Holetz o seu primeiro
baile social, sendo as despesas custeadas com a colaboração de 1$000
5 s. C. Wahle-Blumenau em Cadernos de agosto de 1981.
274
Rs. de cada associado. Para o funcionamento do baile foi eleita uma
comissão integrada por Heinrich Schmidt, Hermann Metzner e Otto
Gieseler.
Os associados reuniam-se mensalmente para deliberarem sobre
todos os assuntos que visassem o bom funcionamento da sociedade.
Em maio os associados resolveram mandar confeccionar uma
bandeira para a sociedade e em junho liberaram a verba de vinte e
cinco milréis para o pagamento da mesma. Para inaugurá-la foi eleita
uma comissão integrada por Wilhelm Holetz, Hermann Dittrich e
Emil Gisesler que programaram uma grande festa com marcha e baile
para o dia 9 de setembro, enquanto os detalhes da festa ficaram a
cargo de Wilhelm Holetz, Heinrich Sutter, Otto Gieseler, Arthur
Grahl e Gustav Jungthun. Para porta estandarte foram indicados
Gustav Hacklaender, Goswin Bader, Rudolf Pollnow e Richard
Probst. Nestas promoções os associados colaboravam com 50 Rs. ou
1$000 Rs. Na reunião de outubro foi proposta a criação de uma seção
de canto que não funcionou por falta de participantes. A preocupação
com o funcionamento da sociedade, levou os associados a marcarem a
primeira festa de 1895 para o dia IOde fevereiro de 1895, festa que
foi antecipada para o dia 3 de fevereiro às 3 horas da tarde. A
comissão integrada por Heinrich Sutter, Emil Gieseler e Josef Garn
foi encarregada de solicitar ao Presidente da Câmara Municipal,
permissão para realizarem a festa no morro do Aipim, caso não
chovesse.
O histórico do primeiro ano de funcionamento da sociedade se
repetia ano após ano, mostrando as atividades dos fundadores que não
se limitaram a festas sociais, pois o salão Holetz também serviu
muitas vezes de palco para apresentações teatrais de associados,
principalmente nos anos 190411906.Entre as apresentações teatrais,
no dia 13 de março de 1904, foi realizada uma apresentação em
beneficio da sociedade com as peças, "Der Kegeíabend" (A noite do
boião), cena humorística com canto de B. Boehmer e "Das Fest der
Handwerker" (A festa dos artesãos), "vaudeville" em um ato de L.
Angely. Os ingressos foram vendidos por Hermann Ruediger a 1$000
Rs. e 200 Rs. para as crianças. As famílias pagaram 3$000. Dia 13 de
agosto de 1905, apresentaram duas peças em um ato, "Fix, fertig,
abgernacht" (Rápido, pronto, concluído), comédia de Von Treptow e
"Sieben Maedchen in Uniform" (Sete moças em uniforme),
"vaudeville" com canto de L. Angely. Dia 10 de setembro,
apresentaram "Ein Testament mit Hindernissen" (Um testamento com
275
obstáculos), em um ato de Paul Huebner e "Der verliebte Koch" (O
cozinheiro apaixonado), cena humorística de William Helbig.
Reprisaram ainda a peça "Sete moças em uniforme". Em 1906,
convidaram o público para assistir no dia 15 de abril, as peças em um
ato "ln der Kantine" (Na cantina) e ''Nummer 777" de C. Lebruen;
apresentaram ainda no dia 28 de outubro as peças "Suchet so werdet
ihr finden" (Procurai que achais), em um ato de Friedrich Doerr e
"Die Saenger von Finsterwalde" (Os cantores da Floresta Negra),
espetáculo humorístico de Wilhelm Wolff.
Sociedade instituída com objetivos recreativos, sociais e
artísticos, registrou seus primeiros Estatutos no dia 2 de abril de 1904
noL-A-l fls.l.
Desativada durante a Primeira Guerra Mundial, reabriu após o
conflito como Sociedade de Atiradores "Gemuethlichkeit". Esta
sociedade promoveu no dia 6 de setembro de 1936, uma grande festa
com disputa do "Pokal Jacob Brueckheimer" entre as sociedades,
Atiradores de Blumenau, Neue Velha e Gemuethlichkeit. Com a
Segunda Guerra Mundial, a sociedade registrou seus Estatutos no dia
13 de março de 1938, como Sociedade de Atiradores "Dr. Amadeu
Luz. Apesar da guerra, no dia 29 de março de 1940, pela Páscoa, a
Sociedade de Atiradores "Dr. Amadeu Luz", promoveu a sua festa,
numa demonstração que ainda vivia em Blumenau, a alegria das festas
dos Atiradores, sempre encerradas com grande baile abrilhantado por
excelente banda musical.
A Sociedade de Atiradores "Dr. Amadeu Luz", com dificuldades
financeiras em 1945 realizou uma Assembléia Geral com o fim de
decidir sobre a doação ou não do património da sociedade em favor
do Clube de Caça e Tiro Blumenauense, que foi fundado por ato
Constitutivo de 16 de março de 1944, conforme registrou no L-A-4,
fls. 194. Na ocasião, o presidente da Sociedade de Atiradores "Dr.
Amadeu Luz", Leopold Schmidt, após ter autorizado o tesoureiro a
pagar os juros sob a hipoteca dos bens da sociedade, convidou Victor
Hugo Baumgarten para explicar a finalidade da união e também da
conveniência da citada doação. Após a explicação, o presidente pediu
que os que estivessem de acordo se mantivessem de pé, entretanto, um
dos associados propôs a modificação do art. 50 dos Estatutos do
Clube de Caça e Tiro Blumenauense, obtendo o apoio de todos,
devendo o presidente do Clube de Caça e Tiro Blumenauense
convocar uma Assembléia Geral a fim de fazer constar nos Estatutos
de que o património do Clube, em caso de dissolução, não poderia ser
vendido e sim doado para outra sociedade com idêntica finalidade.
Com a doação do património da Sociedade de Atiradores "Dr.
Amadeu Luz" em favor do Clube de Caça e Tiro Blumenauense, os
associados da sociedade doadora passaram a fazer parte do quadro
social da mesma, assumindo também o passivo e o ativo da sociedade.
Participaram da Assembléia Geral Extraordinária: Leopold Sehmidt,
Arthur Lindholm, Helmut Fischer, Willy Fischer, Willy Siebert,
Erwin Lemke, Edgar Bernhardt, Hugo Ruediger, Curt Germer, Felix
Rothbardt, Eduardo Neubarth, Adolfo Pamplona, Engênio
Brueckheimer, Erich Passold, Roberto Vellwock, Ricardo Knoch,
Gustavo Roedel, Harry Brueckheimer, Ewaldo Brueckheimer,
Wilhelm Hass, Henrique Reiter e Carlos Otte.
O jornal a "Cidade de Blumenau", publicou no dia 30 de março
de 1945, o resumo da ata da Assembléia Geral, na qual foi aprovada
por unanimidade a alteração da denominação do clube que passou a
chamar-se Clube Blumenauense de Caça e Tiro "Dr. Amadeu Luz". O
art. 50 dos Estatutos passou a ter a seguinte redação: - Art. 50 - "Em
caso de dissolução da sociedade, o destino do seu património somente
poderá ser doado a uma sociedade congênere ou a uma instituição de
fins filantrópicos da cidade de Blumenau, verificada por meio de
Assembléia Geral Extraordinária convocada com 10 dias de
antecedência e com aprovação de dois terços de sócios quites". (As)
Oswaldo G. Nobrega, Tabelião substituto em exercício.
No dia 18 de abril de 1945, foi eleita a nova diretoria da
sociedade com Afonso de Oliveira, presidente; Leopoldo Schmidt,
vice-presidente; Felix Rothbarth, 10 secretário; Mário Mello, 20
secretário; Arthur Lindholm, 10 tesoureiro; Willy Siebert, 20
tesoureiro. O departamento técnico contou com Oswaldo Otte na
presidência, tendo como membros da comissão, Gustavo Roedel e o
Tte. Cristiano Bergo; para a comissão de -sindicância foi eleito
Roberto Baier como presidente tendo como membros Amo Probst e
Oswaldo Pfiffer.
No dia 8 de janeiro de 1945, a sociedade registrou os Estatutos
como Clube Blumenauense de Caça e Tiro no L-A-5 fls. 25 V.
Em 1969, a sede, localizada em local inadequado, teve suas
instalações transferidas para a Rua Itajaí. É chamado o Clube da
Colina, onde se praticam o boIão, bocha, futebol de salão, tênis de
mesa, basquetebol, voleibol, natação e principalmente o tiro ao prato,
pistola, revólver e tiro ao alvo. Participa de competições a nível
277
nacional e internacional na modalidade de tiro. Reformulou os
Estatutos em 17/1/1958; 1717/1969e 13/5/1976.
O Bairro do Bom Retiro também se fez presente no futebol com
o "Futebol Clube Bom Retiro", fundado em 1926 e que participava de
todos os torneios, inclusive em outras cidades. O Futebol Clube Bom
Retiro com Estatutos registrados no dia 25 de março de 1946, no L-A-
S, fls. 59, promoveu entre outras festividades, no dia 15 de novembro
de 1931, nas dependências da Sociedade de Atiradores
Gemuethlichkeit, grande festa esportiva. Jogaram na ocasião as
equipes de Brusque e Bom Retiro e nas dependências da Associação
Ginástica o Amazonas e Blumenauense. Como tantos outros clubes de
futebol da época, o Bom Retiro também desapareceu.
Em 1927, foi fundado o Club Rot-Weiss, Tennisldub-Bom
Retiro, que registrou seus Estatutos no dia IOde outubro de 1930, no
L-I, fls. 167. Para dotar o recém-fundado clube de instalações
adequadas, os associados rifaram, no dia 9 de setembro de 1937, às 6
horas da tarde, prendas doadas pela Comunidade.
Com a nacionalização, em Assembléia Geral Extraordinária de
16 de janeiro de 1938, o clube passou a denominar-se "Tênis Club
Blumenau" .
O clube promovia torneios, principalmente com o Lira Tênis
Club de Florianópolis. Dentre os torneios, em lO de maio de 1942, foi
disputado um torneio em beneficio da Cruz Vermelha e Blumenau
venceu 12 das IS partidas.
Em 1943, o Tênis Club de Blumenau adotou os Estatutos
conforme o Decreto Lei n? 3.199 de 14 de abril de 1941, pois desde
sua fundação orientava-se pelos antigos Estatutos. Na ocasião,
também foi eleita nova diretoria que contou com Max Tavares
d' Amaral, presidente; Arão Rebelo, vice-presidente; Célio Pereira
Oliveira, 10 secretário; Gil Rochadel, 20 secretário; Sebald Otte, 10
tesoureiro; Roland Otte, 20 tesoureiro. A comissão desportiva era
integrada por Curt Probst, Fred Stingelin e Bernardo Hering.
No' mesmo ano, o Tênis Club de Blumenau organizou o
movimento "Pró-Sede" com um substancial início dado pelo Cônsul
Carlos Renaux de Brusque, e à importância apreciável, somadas às
doações conseguidas do comércio e indústria de Blumenau, já
poderiam dar início à construção da sede.
Os associados do Tênis Club de Blumenau treinavam nas
dependências da Sociedade de Atiradores de Blumenau, e quando
essas dependências foram ocupadas pelo 32 B. C., impediram a
278
desapropriação das mesmas pelo exército. Participaram de reuniões
que reestruturaram a Sociedade de Atiradores de Blumenau como
Tabajara Tênis Clube.
No Bom Retiro está instalada a Indústria Têxtil Companhia
Hering.
"A pequenina indústria, de âmbito meramente doméstico,
alojada numa humilde casinha sita na única artéria da incipiente
Blumenau e cujos operários eram tão somente os membros da própria
família, que manipulavam um único tear - de etapa em etapa foi
crescendo e prosperando"." E da casinha baixa com telhado pontudo,
que ostentava a tabuleta da firma "Tricotwaren Fabrik Gebrueder
Hering", surgiu a Indústria Têxtil Companhia Hering, fabricante dos
mais diversos artefatos de malha, sobejamente conhecidos no mundo
inteiro.
Hermano Hering, que trabalhava como tecelão na Alemanha, em
setembro de 1878 aportou no Brasil. Em Blumenau, trabalhou
"inicialmente na escrita de firmas locais, fabricou cigarros e instalou
um botequim't.' Em 1880, comprou em Joinville um tear circular
manual e uma caixa de fios, ressuscitando no Brasil a tradição
familiar de tecelões. O trabalho era executado pelos familiares,
enquanto Bruno Hering carregava sua cavalgadura de camisas
vendendo-as de casa em casa até Itajaí. Entretanto, a grande enchente
de 1880, danificou seriamente as instalações - "e a incipiente firma
teve prejuízos quase totais. Mais uma vez, o Doutor Blumenau veio
socorrer quem nele confiava." Reabilitada, já antes da Primeira Guerra
Mundial foi responsável pela sua suficiência nacional de fios.
O trabalho que era manual, com a aquisição da área de terras no
Bom Retiro, com água suficiente para gerar energia hidráulica,
instalar uma pequena turbina e posteriormente um locomóvel, em
1910 foi instalada a primeira fiação e em "1915 a Hering estava
catalogada como a primeira malharia nacional"." Com o falecimento
de Hermano Hering em 26 de setembro de 1915, pelo centenário do
seu nascimento, em 1935 foi instituída uma fundação de prestacão de
serviços aos operários, inclusive creche e refeitório.
6 Nestor Seara Heusi
7 Walter F. Piazza
I Brasilino de Carvalho - "Blumenau, suas ralzes, sua fama"
9 Brasilino de Carvalho - "Blumenau, suas raizes, sua fama"
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 Funciona junto à Empresa a Associação Atlética Cultural Têxtil Bibliografia
Hering com Estatutos registrados no Cartório de Getúlio Vieira
Braga. No decorrer dos anos a associação realizou as mais diversas - CARVALHO, Brasilino de - Blumenau suas raízes e sua fama - São Paulo, BIPA
promoções, inclusive artísticas, pois em 1979 possuía um coral com Editora, 1979.
160 vozes, o maior da época em Santa Catarina. '; KORMANN, Edith - O Maestro Geyer - Blumenau, Impressora Acadêmica Ltda.,
Com filiais em diversos pontos do país é atualmente uma das 1985.
maiores indústrias da América Latina. - PETRY, Sueli M. V. - Os Clubes de Caça e Tiro da região de Blumenau - Fundação
"Casa Dr. Blumenau", 1982.
- RIDAS, Antônio Lara - O punhal nazista no coração do Brasil - Florianópolis, Imprensa
Oficial do Estado de SC, 1945.
- SACHET, Celestino - A Literatura de Santa Catarina - Editora Lunardelli, 1979.
- SILVA, José Ferreira da - A Imprensa em Blumenau - Florianópolis, lmpreqsa Oficial
do Estado de SC, 1977.
- SILVA, José Ferreira da - História de Blumenau - Florianópolis, Edeme, 1972.
- SILVA, José Ferreira da - O Doutor Blumenau - Rio de Janeiro, Apollo, 1933.
- SILVA, José Ferreira da - Fritz Müller - Rio de Janeiro, Alba, 1931.

LIVRETOS

- 10Centenário da Comunidade Evangélica de Blumenau (1859 - 1959).

- 10Centenário da Comunidade Evangélica de Badenfurt, Blumenau (1884 - 1984).
- 80" Aniversário da Associação Evangélica de Senhoras, Blumenau, (1907 - 1987).
- Festas de Cantores em Blumenau (1952 - 1981).
- Estatutos da S. D. M. "Carlos Gomes" de Blumenau.
- Cremer S/A Produtos Têxteis e Cirúrgicos, Blumenau.
- Companhia Hemmer Indústria e Comércio, Blumenau.
- Relatório do Colégio das Irmãs da Divina Providência de Blumenau.
- Relatórios da Escola Nova de Blumenau: 1910, 1911, 1912, 1913 e 1929.
- Relatórios de Prefeitos Municipais de Blumenau.
- SILVA, José Ferreira da - Suplemento de Blumenau em Cadernos - Paróquia de São
Paulo Apóstolo, Blumenau, Julho de 1973.
- Suplemento Especial do Centenário do Colégio Franciscano Santo Antônio de
Blumenau, JSC, 1977.
- Tópicos da vida de um homem - Adolfo Kolping, adaptação do Pe. Arsênio J. Schmitz
de Rio do Sul, SC.

181
 REVISTAS - SESC e SESI.
- Sindicato dos Músicos Profissionais de Blumenau, SC.
- Blumenau em Cadernos (Novembro de I 957lDezembro de 1985) - Artigos especiais de - Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itoupava Central - Blumenau, SC.
Oswaldo Furlan (1972 e 1973); José E. Finardi (1978); Frei Tillesen (1985) e Walmor - Sociedade Dramático Musical "Carlos Gomes" - Blumenau, SC.
Belz (1968). - Sociedade Recreativa e Cultural Lyra • Blumenau, SC.
- Der Urwaldsbote Kalender • Blumenau, 1900.

ENTREVISTAS
JORNAIS

- Budag, Alex - Aero Clube de Blumenau, fevereiro de 1982.

- Kolonie Zeitung (1862 - 1880) -Joinville, SC. - Danker, Hellmuth - Arte e Cultura de Vila Itoupava - Blumenau, março de 1982.
- Blumenauer Zeitung (1881 - 1938)· Blumenau, SC. - Gaertner, Edazima - Conservatório de Música Curt Hering - Blumenau, maio de 1978.
- Der Urwaldsbote (1893 - 1941) - Blumenau, SC. - Garni, Werner - Tabajara Tênis Clube - Blumenau, março de 1983.
- A Cidade e Cidade de Blumenau (1924 - 1962). - Hering, Carlos (Cao) - Cartunista - Blumenau, abril de 1985.
- Volkszeitung (1930 - 1931) - Blumenau, SC. - Jensen, Use - Arte e Cultura de Vila ltoupava - Blumenau, março de 1982.
- A Nação (1943 - 1965) - B1umenau, SC. - Odebrecht, Marlore - SESI - Blumenau, novembro de 1985.
- O Lune (1942 - 1970) - Blumenau, SC. - Petry, Inês - SESC - Blumenau, dezembro de 1985.
-Jornal de Ibirarna (12.02.1955) - Ibirama, SC. - Pokrywiec:ki, Eduardo - Colégio Santo Antônio - Blumenau, novembro de 1984.
- O Universitário (março de 1975)· FURB de Blumenau, SC. - Rabe, Afonso - Hospital Santo Antônio e Saúde Pública, outubro de 1979 .
• O Colored (1962 - 1963) - Blumenau, SC. - Rigetto, Ivan - Blumenau Esporte Clube, agosto de 1984.
-Jornal de Santa Catarina (1971 - 1983) - Blumenau, SC. - Strassburger, Frederico - Hospital Misericórdia de Vila Itoupava - Blumenau,
setembro de 1985.
FOLHETOS e DOCUMENTOS de ARQUIVOS - Sc:hoening, Almiro - SESI - Blumenau, novembro de 1985.
- Cineastas e c:inegrafistas: Willy Sievert, Johann E. W. Mogk, familiares de José
- Arquivo Histórico de Joinville - Joinville, Se. Julianelli, Alfred Baumgarten, Irmãos Holzwarth e Hinkeldey, Herbert Holetz e
- Arquivo Histórico Prof. José Ferreira da Silva- Blumenau, SC. Reinaldo Olegário - Blumenau, fevereiro a abril de 1979.
- ABART - Associação Blumenauense de Artesãos. - Regentes e bandinhas: familiares de Hermann Ruediger e Franz Baumgart, Manoel C.
- ABTA - Associação Blumenauense de Teatro Amador. S. Krieger, Alfredo Radloff, Rikobert Doering, Max Lindner e outros - Blumenau,
- ARTEX S/A - Fábrica de Artefatos Têxteis - Blumenau, SC. setembro a novembro de 1980.
- BEC - B1umenau Esporte Clube .
• BLUAP - Associação dos Artistas Plásticos de Blumenau, SC. INFORMACÕES
- Cristais Hering S/A - Blumenau, SC. (Obtidas através de entrevistas telefõnicas, cartas e livros de atas)
- Escola Auxiliar de Enfermagem - Blumenau, SC.
- Foto Clube de Santa Catarina- Blumenau, SC. - Bela Vista Coutry Club - Gaspar, 1983.
- FURB (Relação de Faculdades e Reitores) - Blumenau, SC. - Casa São José de Vila Itoupava - Blumenau, 1981.
- Histórico do Spitzkopf(folhetos e entrevistas com 1. ltten em março de 1980) no Garcia - Centro Cultural "25 de Julho" - Blumenau, 1979.
- Blumenau, SC. - Enfermeira Irmã Letlcia - Hospital Santa Isabel - Blumenau, junho de 1985.
- Liga Cultural e Recreativa Vale do Itajal - Blumenau, SC. - Enfermeira Solange - Hospital Santa Catarina - Blumenau, junho de 1985.
- Obra Kolping do Brasll- Cartilha do Sócio. - Fotógrafos - Helma Axthelm (Hoeschl), familiares de Wilhelm Scholz, Fritz Schmurr e
- Programas e Informações fornecidas por empresas blumenauenses. Hugo Schrikte, Alfredo Wilhelm, Hans Raun, Rubens Heusi, Mário Holetz, Günther
- SENAI e SENAC.

182 283
 Schroeder, Sidney Luis Saut, Walter R. Momm, Guilherme J. Bauer e Jorge Holetz-
Blumenau, maio ajulho de 1981.
- Sacerdotes, pastores, dirigentes de entidades religiosas e assistenciais - B1umenau, abril
ajunho de 1983.

PROGRAMAS
(de atividades culturais, artlsticas e sociais)

- Artes Plásticas, Artesanato, Cartuns e fotos.

- Lançamentos de Livros, Concertos Musicais, Peças Teatrais, Balé e outros.

PESOUlSAS

- Cartórios: Roberto Bayer, Benjamim Margarida e Getúlio Vieira Braga - Blumenau.

FOTOS

- Adquiridas de: Guilherme Jensen Bauer, Arquivo Histórico de Blumenau e

Particulares.
 EDITH KORMANN, (20-03-1921),
natural de Brusque-SC, professora de
letras, diretora de estabelecimentos de
ensino, inspetora escolar, professora
de educação ftsica e professora uni-
versitária (FURE).
Bacharel em Direçãa Teatral, Licen-
ciada em Arte Dramática pela URGS.
Fez curso de Técnica Vocal (Charlote
Kahle - Alemanha), Técnicas Dramá-
ticas Aplicadas ao Ensino, Cultura
Cinematogrôfica, O Barroco no Bra-
sil, O Homem e a Arte Medieval, Ten-
dência do Espetáculo Contemporãneo, Canto, Mimica (Rolf Charre - Ale-
manha), Expressão Corporal (Maria Fux -Buenos Aires) e outros.
Participou e promoveu festivais de teatro, seminários e encontros de arte.
Participou ainda de diversos congressos no Estado, Brasil e exterior. Foi
atriz e dirigiu espetáculos teatrais. Com estudantes da FURE, fundou o Gru-
po Teatral PHOENIX (06-03-1974). Fundou com os grupos teatrais do Esta-
do a Federação Catarinense de Teatro Amador- (FEC4TA) que presidiu por
dois anos (1978-1980).Atualmente é Presidente de Honra.
Foi homenageada pelos alunos do Curso de Educação Artistica da FURE
com uma placa de prata (1982); no mesmo ano foi homenageada pela SEE
de Santa Catarina com a seleção do livro "Teatro na Educação Arttstica",
distribuido na rede estadual de ensino.
Premida em 1978, no Concurso de Contos da FURE, é autora dos livros
"Teatro na Educação Artistica" (esgotado), "0 Maestro Geyer" e "Destinos"
(contos). Participa de várias Antologias. Colaborou com a revista "Blume-
nau em Cadernos". Escreve desde os 15 anos e em 1949 o soneto "0 cego
de nascimento" foi premiado. Faz parte da União Brasileira de Escritores.
Participou do Conselho Municipal de Cultura (1981-1983). De sua autoria
possui quadros a lápis, crayon, aquarela e trabalhos de tapeçaria. Estudou
teoria, solfejo e composição com o Maestro Geyer, sendo solista sob a -
ta do mesmo no Teatro "Carlos Gomes". Desenho, aquarela e crayon (
Professor Humberto HojJmann e Ludwig Emmerich. Pesquisa sobre o
do Itajat desde 1978.
No dia 28 de outubro de 1993, a Cãmara Municipal de Blumenau lhe c
riu o tüulo de "Cidadã Blumenauense",