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A cada dia que passa nos deparamos com o nosso poder público envolvido em escândalos.

Surgem protestos, deixando clara a insatisfação com a política. Enquanto o exercício da


cidadania se atualiza de uma forma rápida, as instituições não acompanham esse ritmo,
evidenciando uma distância entre a sociedade e o poder público. Mas às margens de tudo isso
há algo potente emergindo. A despeito da fragilização da política institucional, florescem em suas
bordas novas possibilidade de atuação, de incidência e de transformação. Vemos um levante
popular de rara proporção nas principais cidades do Brasil, constituindo um fenômeno complexo,
contraditório e heterogêneo que, exatamente pela incapacidade de sua classificação, nos sugere
estarmos frente a um processo de subjetivação política singular da contemporaneidade. A arte
aparece aqui como uma fabricação de sua época. É no seu poder estético, de criação, de
sensibilização, da junção entre poesia e sua capacidade de perceber as sensações, que compõe
sua resistência. A arte pode questionar o presente, a fim de inventar novas dobras, novos estilos
de vida, novos modos de existência, tornando-se uma forma de resistir ao intolerável do presente.
Neste sentido, o presente trabalho, que está em andamento, é vinculado ao Centro de Ensino
Superior de Juiz de Fora, e fundamentado por pensadores como Jacques Ranciére, Gilles
Deleuze e Guatarri, e pretende compreender a concepção política que atravessa os discursos
da estética, de modo a entender como as manifestações artísticas o e seus desdobramentos,
adquirem um efeito político, trazendo assim como problemática o seguinte questionamento: pode
a arte agir como dispositivo de resistência e existência no fazer político agindo como potência de
transformação a partir do enlace entre o fazer estético e o político? Para Rancière (1996), a
política faz ver uma nova lógica de composição e de distribuição das ocupações, dos espaços e
dos tempos, ao romper com a antiga ordem policial subvertendo-a dando visibilidade aos
excluídos, aos que não têm lugar. Ela aconteceria não através do consenso, ou seja, daquilo que
se possui em comum, mas da ordem do dissenso. É uma forma de questionar o consensual, o
tido como dado, o que é normal, e promove rupturas e transformações nos modos usuais de
aparência e circulação de palavras, corpos e imagens. Deleuze e Guattari (2004) pontuam que
a arte não é representativa. Ela é criação, composição de blocos de sensações, “afectos” e
“perceptos”, que escapam ao humano. Daí a possibilidade de pensar arte como resistência que
afeta aos movimentos emergentes de tais relações de forças. Pode-se pensar assim, na
possibilidade de um real fundado pelas palavras, pelos sons, pelas imagens, pelos gestos, que
se acrescenta ao mundo pela sua presença e constitui, por isso mesmo, um próprio mundo.
Nesse sentido, a arte adquire uma potência de recriação das formas de (re)existência. O trabalho
será conduzido segundo um modelo exploratório/descritivo compreendendo a observação,
registro, análise e correlação dos fatos ou fenômenos e investigação do problema. Será feito um
breve levantamento e análise de pesquisas, textos e publicações que centram nas relações entre
arte e política seu foco de interesse. O fenômeno do poder, seja por meio de instituições ou
espaços de existência, atravessa as configurações da sociedade, o exercício da cidadania e
espaços com diversas possibilidades de vivências. A própria vida é vista como lugar e objeto de
constituição política. De forma ética, algumas práticas podem abrir espaço para uma reflexão,
possibilitando novas formas de resistência que perpassam a participação política. A estética
como prática que forja modos de ser, pensar, agir e sentir, pode atualizar um campo de
possibilidades existenciais. O trabalho se torna relevante, pois busca estudar a relação entre arte
e política, considerando a arte como um campo de posicionamento crítico, nos modos de
resistência e existência, em relação às políticas e ao sistema hegemônico. O que abre caminho
para a participação da arte como operação constituinte na configuração de novos e potentes
territórios existenciais e de resistência micropolítica na afirmação da diferença, visibilizando o
enlace entre as artes e a psicologia social e política, ao se articularem às formas de subjetivação
contemporâneas.

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