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1 - Introdução
Mas penso ser enriquecedor tentar entender o que significa "Romantismo". A palavra
romantismo vem do francês medieval "roman", que, na Idade Média, designava os idiomas
que mesclavam o latim com os dos vários povos germânicos invasores e, por conseqüência,
todas as narrativas literárias (cheias de aventuras, batalhas, magia, valores cristãos e culto
ao amor cortês) escritas neste jargão - do qual, mais tarde, nasceram parte dos idiomas
europeus modernos. Aquelas narrativas, chamadas de "romances de cavalaria", deram
origem, com o passar dos séculos, ao gênero literário "romance". O "romance" é uma vasta
história ficcional retratando muitas personagens, que se relacionam entre si, numa grande
extensão de tempo. Os historiadores, de um modo geral, resolveram batizar várias correntes
filosófico-culturais com o nome de "romantismo", numa homenagem ao gênero literário,
que havia se tornado o mais importante meio artístico no século 18, no qual muitos artistas
expressaram suas inquietações pessoais em relação aos acontecimentos sócio-econômicos
da época.
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O Romantismo filosófico-cultural surgiu quase simultaneamente na Inglaterra e na
Alemanha no final do século 18. Este movimento era primeiramente uma reação política
contra os ataques napoleônicos e, mais tarde, tornou-se uma revolta contra qualquer
sujeição às regras sociais, religiosas, culturais e artísticas. Na França, depois de muita
resistência, chegou por volta de 1810. E daí espalhou-se para o mundo.
As características desta estética foram:
Além disto, para os românticos, a Arte redimiria o ser humano. Os artistas, livres de
qualquer herança dos estilos passados e da tutela aristocrática ou clerical, passaram a se
submeter às leis do mercado e moldavam sua obra conforme suas expectativas e os seus
anseios pessoais em relação à competição individual e ao impacto comercial que poderia
causar num público disposto a pagar pela sua criatividade. Decorrem daí os clichês
individualistas de que o Romantismo é a "arte confessionária", "arte da expressão pessoal",
"arte das emoções e sentimentos puros", e os conceitos de "inspiração", "talento" e "gênio".
Forjada pelos livros de história - para deleite dos diletantes - e, também, pelos próprios
artistas, a imagem que temos deles é que nasciam predestinados ou eram de outro mundo;
tinham uma infância sofrida e pobre; viviam e morriam com o "mal do século"; estavam
sempre ao luar com suas fervorosas amadas imortais; eram gênios incompreendidos; eram
vítimas de intrigas e conspirações; ficavam frustrados, desesperados, pessimistas, chorosos
e dengosos sem qualquer razão aparente; tinham quinze minutos de uma vasta aclamação
pública, mas eram criticados áspera e atrozmente pelos insensíveis críticos da época;
produziam cenas escandalosas ou ataques da mais pura loucura; diziam frases retumbantes
de inspirada elevação filosófica, poética ou existencial; estavam alienados e não se
importavam com nada; gastavam o dinheiro que tinham e o que não tinham e, finalmente,
morriam na maior miséria, jovens e esquecidos injustamente, para ressuscitar, para a maior
glória, algum tempo depois. Tudo isto é lenda, igual ao que se veicula nas revistas sobre
astros do cinema e televisão hoje em dia. A realidade é que a arte, em qualquer momento,
vive de um pouco de mistificação, mas é um trabalho e o resultado é fruto de estudos
disciplinados e pesquisas cotidianas incessantes.
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2 - Características gerais
A melodia desta música toma um aspecto redondo, mais fluente, parecendo ficar infinita.
Isto foi uma conseqüência da introdução de elementos da música folclórica e da música
popular, devido às diversas ondas nacionalistas que ocorreram na Europa naquele tempo.
Assim o repouso da melodia é ampliado por "notas estranhas" e pelas ousadas modulações,
que se distanciam cada vez mais da tonalidade de início. Também esta expansão nas
modulações é alcançada através da alteração ou substituição ou introdução de novos
acordes. Assim chega-se ao cromatismo harmônico, que produz uma indefinição tonal
momentânea. Apesar destas inovações extraordinárias qualquer obra deste período é
fortemente baseada na harmonia tonal.
São herdadas as formas do classicismo, mas expandidas com estes novos recursos
melódico-harmônicos. Criam formas cíclicas, ou seja, formas em que um tema é
rememorado em várias partes de uma mesma composição. Cada compositor batizou este
processo com um nome: "idéia fixa" (Berlioz), "transformação temática" (Lizst) ou "motivo
condutor" (Wagner). Outros compositores procuram criar esquemas livres. Muitas destas
formas livres são baseadas em roteiros fornecidos pelas outras artes, principalmente vindos
da Literatura.
Para marcar com mais exatidão o andamento, foi inventado, por Johann Nepomuk Maelzel
(1772/1838), em 1816, um aparelho chamado "metrônomo".
Novas expressões de execução aparecem: "sforzando", "martellato", "dolce" etc. Há,
também, uma tendência em trocar o italiano pelos idiomas nacionais. Assim, temos
partituras com a nomeclatura toda em russo, castelhano ou em norueguês – mas isto só se
aprofundou no século 20.
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Inventa-se a tuba, padronizada em 1835 pelos alemães Johann Gottfried Moritz
(1777/1840) e Wilhelm Wieprecht (1802/1872) a partir de vários instrumentos de metal
antigos, e o saxofone, criado em 1840 pelo francês Adolphe Sax (1814/1894).
Aparece, talvez pela primeira vez na história da música, a especialização. Há músico que é
especialista em compor, outro em reger uma orquestra, outro em executar determinado tipo
de instrumento e assim por diante.
Surge a noção de história da música e do repertório histórico nos concertos, recitais, óperas
e balés, o que ajuda a definir a rotina - desenvolvida por Mendelssohn e Schumann - na
apresentação de uma récita sinfônica.
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b) o repertório deveria ser "histórico" (normalmente de Bach a Wagner), sempre fazendo
uma homenagem a um ou dois compositores do passado, e a estréia de uma nova obra.
c) os aplausos só podem ser feitos após o término da música, não entre os andamentos
(Mahler foi quem instituiu este costume).
Aparece a Musicologia, ciência musical que estuda todos os aspectos que envolvem esta
produção artística, menos a parte da execução e da composição.
3 - Música instrumental
Ludwig van Beethoven (1770/1827) foi uma ponte entre dois períodos históricos e sua obra
nos revela uma das preocupações fundamentais da música do século 19: como unir as
formas clássicas com as novas descobertas estéticas. Como conseqüência disto, temos duas
correntes: uma que defendia a música absoluta e a outra a música programática.
A segunda era defendida por Hector Berlioz (1803/1869) e Franz Liszt (1811/1886), que
inventaram novos gêneros como a sinfonia de programa e o poema sinfônico, apoiando-se
em fatores extra-musicais.
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modificando-a para este novo propósito. Exemplo é a "Pastoral" (1808) de Beethoven, onde
cada andamento tem uma ilustração musical, mais ou menos realista, de rios, pássaros e
trovões. Mais dramática é a "Sinfonia Fantástica" (1830) de Berlioz. Ele construiu a música
com um tema recorrente e suas transformações, que simbolizam os diversos momentos de
um enredo de amor trágico. O compositor fez questão de divulgar antes a história ao
público para que este compreendesse a música.
Existem muitas sinfonias, músicas de câmara e sonatas com títulos muitas vezes pitorescos
e que não tem intenção descritiva, pertencendo a vários compositores das duas correntes.
Há peças que lembram um suposto estado de espírito ("Patética" de Tchaikovsky) ou que se
referem ao lugar onde foi composta ("Quarteto americano" de Dvorak) ou que são uma
homenagem para alguém ou alguma instituição ("Abertura Festival Acadêmico" de
Brahms) etc. Alguns títulos foram dados por eles mesmos por alguma razão simbólico-
pessoal, mas, também, por biógrafos, críticos e diletantes, muitas vezes, sem autorização do
próprio compositor.
Apesar de certa estética musical defender a associação de sons com imagens e sentimentos,
o debate ainda é inconcluso. O crítico Eduard Hanslick (1825/1904) escreveu que a música
é incapaz de exprimir qualquer coisa além dela mesma e estas emanações poéticas,
pictóricas e emocionais são ilusões, então deve-se apenas apreender a estrutura da música
para que a sua fruição seja plena de prazer sonoro.
O concerto foi muito trabalhado pelos compositores do século 19. Nas primeiras décadas,
seguiram o modelo clássico, mas logo as características deste novo período o
transformaram completamente. Além daquelas já abordadas, ocorreram as seguintes
mudanças:
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• Acabou-se a dupla exposição, com o solista entrando junto com a orquestra;
• A cadência era escrita integralmente, com ou sem acompanhamento orquestral;
• Instrumentos-alvo: piano, violino e violoncelo;
• Aparecimento do solista virtuose e estrela.
Ao lado das obras instrumentais de longa duração, há uma quantidade imensa de músicas
que são curtas, geralmente com três a cinco minutos, mas que nos revelam uma densidade
musical muito profunda. São chamadas de "miniaturas". A forma geral destas peças é:
(INTRODUÇÃO) A B A (CODA).Normalmente há episódios modulantes e trechos de
virtuosidade e brilhantismo entre uma seção e outra.
4 - Música vocal
4.1 - Ópera
A ópera foi para o século 19 o que o Cinema foi para o século 20. As produções pululavam
aqui e ali, havia muita badalação entre compositores, cantores e produtores, ocorriam
golpes publicitários e lances promocionais, promoviam muito mistério durante os ensaios,
aconteciam estréias glamourosas, megasucessos e retumbantes fracassos.
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Os temas recorrentes eram retirados de lendas (européias ou exóticas), biografias (vida de
reis, heróis nacionais ou de artistas), história política (de tendência libertária), ciência,
religião, amor, assuntos cotidianos, humor, entre outros. As fontes eram: folclore, história,
peças teatrais, contos, romances, notícias de jornais etc. E o tratamento dos libretos sobre
estes assuntos mudava conforme o estilo literário do momento.
Um patrono construiu para Wagner um teatro em Bayreuth (Alemanha). Neste lugar, que
tem uma acústica perfeita, ele colocou a orquestra abaixo do palco e, durante o espetáculo,
as luzes da platéia se apagavam. Assim criava-se um clima de magia, envolvendo o
público.
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As suas principais óperas são: O Holandês Voador (1843), Tannhäuser (1845), Lohegrin
(1850), Tristão e Isolda (1865), Os Mestres Cantores (1868), a tetralogia O Anel dos
Nibelungos (constituída de quatro óperas Ouro do Reno de 1869, As Valquírias de 1870,
Siegfried de 1876) e O Crepúsculo dos Deuses de 1876) e Parsifal (1882). Wagner se
auto-intitulava "a aurora da nova música". Muitos foram os seus seguidores em vários
lugares do mundo até as primeiras décadas do século 20.
Ao lado das óperas apareceram as operetas com estrutura cênico-musical mais simples e
com enredos melodramáticos ou farsescos. Destacam-se neste gênero Jacques Offenbach
(1819/1880) e Johann Strauss Jr. (1825/1899).
Intimamente ligado a este espetáculo está a música para balé. Os seus principais
compositores foram Léo Delibes (1836/1891) e Tchaikovsky, entre outros, que trabalharam
em roteiros na mesma linha de assunto das óperas.
Houve uma grande produção de música vocal para solista e algum instrumento
acompanhante (canções), exatamente igual à produção que hoje em dia toca nas rádios e
televisões.
O gênero mais famoso é o lied (da Alemanha). Existem exemplos documentados desde a
Idade Média, mas recebeu uma transformação radical nas mãos de Franz Schubert
(1727/1828), Schumann, Brahms, Hugo Wolf (1860/1903), Richard Strausss e Gustav
Mahler. Os textos se tornaram profundos e o acompanhamento do piano (ou orquestral) é
importante para a estruturação musical.
Todos os compositores escreveram peças para coro, independente de sua condição. Assim
temos obras para amadores, para estudantes e para profissionais. Para diversos usos: para o
teatro, para as óperas e peças instrumentais ou sinfônica. O estilo e a temática de todas as
peças vocais seguem o espírito da literatura do século 20: começando pelo romantismo,
passando pelo realismo, até chegar ao simbolismo no final do século.
Algumas delas são próprias para a execução litúrgica, outras fundem elementos de duas ou
mais religiões (é o caso do luterano Brahms que se utilizou da missa dos mortos católica
para compor o "Réquiem Alemão") e outras ainda transcendem o limite de alguma religião
específica atingindo regiões humanísticas e cósmicas transcendentais (é o caso da "Missa
Solemnis" de Beethoven).
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A Música no Século XIX – Resumo de alguns compositores de transição do
Classicismo e Romantismo da História da Música de Jean e Briget Massin
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Características da Música romântica – Palisca, Ulrich Michels e Roland de Cande
O Lied
Canções de Concerto
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Poesia e Música
A poesia é a expressão do mais profundo do mundo, o inefável: o poema tem que ler
o essencial das entrelinhas. Este conteúdo manifesta a música sem necessidades de
palavras.
No Lied não resulta tão decisiva a qualidade do poema, mais sim a fantasia e a
capacidade expressiva do compositor (como nos lieder sobre texto de Muller de Schubert).
Ao caráter experimentado pelo sentimento, ao tom do Lied se subordinam todos os
elementos como partes de um todo: a estrutura estrófica, a interpretação do texto, imagens e
cadências, etc. O poema já não existe como tal, mais sim que se tenha convertido
totalmente em música no Lied. O poema lhe dá seu caráter e conteúdo. Se poderia, ao
invés, acompanhar uma peça lírica para piano com um poema apropriado, como ocorreu no
século XIX ( em um caso extremo, a Ave Maria de Gounod sobre o Prelúdio em Do maior
de Bach). O caráter geralmente lírico do Classicismo (conceito de canção estrófica) segue
válido, mas a participação individual no Romantismo (Goethe) irá dar como fruto o Lied de
composição desenvolvida.
O ouriço-cacheiro (ao contrário do porco espinho, que atira seus espinhos) é uma
criatura amigável, que se enrola como uma bola quando ameaçada. Sua forma é bem-
definida, mas imprecisa em seus contornos. O formato esférico, orgânico e idealmente
geométrico foi útil ao pensamento romântico, sobretudo porque, de uma maneira
provocativa, a imagem se projeta para além de si mesma.
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envolto em nuvens, por onde sobe o almocreve, transpondo a melodia inicial, em Lá
maior, para a tonalidade paralela de lá menor. No resto da peça as imagens musicais são
determinadas pela primeira estrofe. Schubert passa do acompanhamento de acordes para
uma figuração de acordes quebrados em tercinas; a voz canta sucessões de semicolcheias
no verso Ein sanfter Wind blauem Himmel weht (Uma suave brisa sopra no céu azul), e o
compositor vai buscar à tonalidade menor os acordes mais quentes, embora distantes, da
dominante e da subdominante. O contraste mais dramático surge nos dois versos que
são quase um refrão, Dahin, dahin, nos quais Mignon exprime as saudades da terra natal,
onde “entre folhas escuras brilham as laranjas douradas”. Aqui Schubert deixa que o
piano tome a dianteira, uma linha cromática que é depois retomada pela voz. Sobre as
palavras dahin mocht, ich mit dir zien (para lá queria ir contigo), tanto a voz como o
acompanhamento aludem ao som da buzina da diligência.
Wolf utiliza aqui uma forma estrófica modificada. A linha do cantor, embora seja
num estilo arioso muito próximo do recitativo, em vez de se organizar em frases
melódicas regulares, conserva sempre um caráter genuinamente vocal. A continuidade,
porém, é garantida – como na obra de Wagner – mais pela parte instrumental do que
pela voz. Assim, na última estrofe, que é a que mais se afasta das outras duas, em
particular devido à mudança de tonalidade de Solb maior para Fá# menor, Wolf
assegura a continuidade através da linha ascendente da mão direita. O movimento
melódico cromático, as appogiaturas, as antecipações e a tonalidade fluente são
claramente inspiradas pelo vocabulário do Tristão.
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- Lied estrófico simples; melodia e acompanhamento são iguais em cada estrofe:
Heidenröslein (1815), Das Wandern (1823);
- Lied estrófico variado; melodia e acompanhamento variam em determinadas estrofes;
Die Forelle (la Trucha); 2 estrofes iguais (exposição), a 3ª de composição desenvolvida,
dramática (engano), e volta a empregar (estribilho); Der Lindenbaum (a tília – árvore); 1ª
estrofe em modo maior, 2ª em modo menor (despedida) 3ª nova (veemente), 4ª como a 1ª
(resignação e sonho)
- Lied de composição desenvolvida; melodia e acompanhamento são sempre novos,
seguindo a ação (até chegar à cena dramática); a unidade musical se alcança através do tom
do conjunto, e também por motivos recorrentes, etc; por ex.: Rastlose Liebe (1815); Der
Doppelgänger.
Robert Schumann
Em 1840, ano de seu casamento com Clara, escreve 138 lieder, entre eles os ciclos
Liederkreise (op.24, Heine; Op.39, Eichendorff), Mythen (Mitros) (Op.25), Frauenliebe
und-leben (Amor e vida de mulher, op.42,Chamisso), Dichterliebe (Amor de poeta, op.48,
Heine).
A importância do piano aumenta com Schumann, em concreto nos seus largos
prelúdios e postludios. A voz aparece em ocasiões totalmente entorno da escritura
pianística. Os Lieder se parecem com peças características de colorido romântico
extremamente poéticas.
Em Mondnacht parece que a luz da lua descende até a terra, e toda ela se funde em
um som único e retraído.
O principal sucessor de Schumann foi, porém, Brahms, que encontrou no Lied uma
das suas formas de expressão preferidas. Foi escrevendo Lieder ao longo de toda a vida –
260 no total. Escreveu arranjos de muitas canções populares alemãs, incluído um conjunto
de 14 publicações em 1858 (e dedicadas aos filhos de Robert e Clara Schumann) e 49
publicadas em 1894. A simplicidade destas canções, a preocupação de nunca prejudicar a
melodia com um acompanhamento complicado que, quando as circunstância o exigiam, era
um mestre das construções musicais sofisticadas. Brahms declarou que o seu ideal era a
canção popular, e muitas das suas canções, como, por exemplo, a conhecida Wiegenlied
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(Canção de Embalar), são neste estilo. A mesma atração pelo popular, pelo folclórico, está
patente nas duas séries de Liebeslieder Waltzes para quarteto de vozes solistas (facultativo
na primeira série) com acompanhamento de piano a quatro mãos.
Na composição de canções o modelo de Brahms foi Schubert, sendo uma proporção
considerável dos seus Lieder, como Schubert, numa forma estrófica mais ou menos livre.
Os elementos essências dos Lieder de Brahms são a melodia e o baixo, o plano tonal
e a forma. Os acompanhamentos raramente são descritos e são raros os prelúdios, que
desempenham um papel tão importante nas canções de Schumann. As partes de piano têm,
no entanto, uma textura maravilhosamente variada, recorrendo freqüentemente às longas
figurações em arpejos (O wüsst´ich doch den Weg zurück) e ritmos sincopados. Talves os
maiores – e seguramente os mais tipicamente brahmanianos – dos Lieder sejam auqeles
cujo tema é uma reflexão sobre a morte. Citemos, como exemplos, Feldeinsmkeit, Imner
leiser wird mein Schlummer, Auf dem Kirchhofe e Der Tod, das ist Kühle Nacht, bem
como as Vier ernste Gesänge, as quatro canções sérias (Opus 121, 1896) sobre textos
bíblicos, a grande obra-prima dos últimos anos de vida de Brahms.
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Destes quatro, Liszt e Rubinstein destacaram-se também como compositores a Bülow
como maestro.
Os melhores compositores e executantes do século XIX procuravam evitar os dois
extremos: o sentimento da música de salão e as exibições técnicas supérfluas. Entre
aqueles cujo estilo e cuja técnica foram essencialmente determinadas pela substância
musical, sem ornamentos inúteis ou manifestações supérfluas de bravura, podemos citar
Schubert, Schumann, Mendelssohn, Brahms e Clara Wieck Schumann (1819-1896).
Grande quantidade de música romântica produzida para piano foi escrita em formas
de danças ou sob forma de breves peças líricas com grande diversidade de nomes que
sugerem, quase sempre, uma atmosfera ou um cenário romântico. As principais obras
mais longas foram os concertos, as variações, as fantasias e as sonatas, embora muitas
destas últimas possam ser consideradas como conjuntos de peças de caráter e, não como
sonatas no sentido clássico do termo.
Suas obras para piano incluem quatro sonatas, dois concertos e a mais conhecida
Concertstück em Fá menor para piano e orquestra (1821), outras peças mais breves,
nomeadamente o Convite à Dança (1816). Apresenta um estilo ritmado, pitoresco, cheio de
contrastes e tecnicamente brilhante, mas sem grande profundidade de conteúdo.
Escola de pianistas da Boemia do início do século XIX: Jan Ladislav Dussek –
exemplos notáveis da harmonia do primeiro período romântico. Jan Vaclav Tomásek
(1774-1850) e seu discípulo Jan Hugo Vorisek (1791-1825) escreveram breves peças líricas
para piano com títulos como écloga, rapsódia ou impromptu (improviso). As obras mais
notáveis de Vorisek são: a sonata para piano opus 20 e a sinfonia em Ré maior (1821); o
compositor viveu em Viena a partir de 1813 e a sua música exerceu uma influência
assinalável sobre a de Schubert.
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lírico do que dramático; as melodias, expansivas, não se prestam a um desenvolvimento
motívico.
Nas suas três últimas sonatas para piano, de 1828, Schubert teve, sem dúvida,
em mente a música de Beethoven, como o demonstra o tempestuoso primeiro andamento
da sonata em Dó menor (D. 958) e o início do finale da sonata em Si (D. 960), que começa
como o finale do quarteto Opus 130 de Beethoven, embora sejam semelhanças
superficiais pois Schubert nunca se revelou tão independente. A última das três (D. 960)
em Sib é considerada por Palisca a sua maior obra para piano.
A música para piano de Mendelssohn requer uma grande fluência técnica com um
estilo elegante e sensível, pouco dado à violência ou excesso de bravura. Entre as
composições mais longas contam-se dois concertos, um dos quais, o concerto em Sol
menor, foi durante muito tempo uma das peças preferidas dos pianistas, três sonatas,
prelúdios e fugas, variações e fantasias. Os prelúdios e fugas evidenciam o interesse de
Mendelssohn por Bach.
A mais perfeita de suas obras longas para piano, segundo Palisca, são as Variantes
sérieuses, em Ré menor, Opus 54 (1841). Suas obras para piano que tiveram maior
popularidade foram as quarenta e oito peças breves publicadas a espaços em seis volumes
sob o título genérico de Canções sem palavras (os nomes como conhecemos hoje de tais
peças, na sua maioria, foram postos por editores). A harmonia de Mendelssohn não é fértil
nas deliciosas surpresas que encontramos em Schubert, e as suas melodias, ritmos e formas
não apresentam muitas feições inesperadas. Os três prelúdios e fugas e as seis sonatas
para órgão contam-se entre as poucas contribuições relevantes do período romântico
desse instrumento. Características notáveis das sonatas são a freqüência da escrita
fugada e a utilização de melodias de corais luteranos, em particular no primeiro
andamento da terceira sonata e nos dois primeiros andamentos da sexta sonata.
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em Viena). No Álbum para os Jovens (publicado em 1848) estão reunidas pequenas peças
cativantes para crianças.
Estes títulos evocam fantasias poéticas extra-musicais ou a transposição de formas
literárias. (Schumann reconhecia que as músicas eram escritas antes de ter em mente seus
títulos). Nos seus escritos e nas Davidsbundlertänze as diferentes facetas da sua
natureza foram personificadas nas figuras imaginárias de Florestan, Eusebius e Raro,
menbros da Davidsbund, uma liga que foi buscar o nome de David da Bíblia e que
lutava contra os filisteus da música – Florestan, o revolucionário impulsivo, Eusebius,
o jovem sonhador e Raro, o mestre sábio e amadurecido. Em Carnaval encontramos
esboços das duas primeiras personagens. Podemos dizer que é Florestan quem fala no
enérgico finale dos Estudos Sinfônicos, Eusebius na ária da sonata em Fá# menor (baseada
na melodia de uma das primeiras canções) e Raro nos estudos canônicos para piano de
pedais, Opus 56, e nas fugas Opp. 60, 72 e 126, bem como nas vozes internas sutilmente
contrapontísticas e nas passagens fugadas de muitas outras obras para piano de Schumann.
A influência de Bach sobre o estilo de Schumann é particularmente evidente nas
composições a partir de 1842. Schumann estudou de forma sistemática a música de
Beethoven e de Bach e aconselhou sempre os outros compositores a fazerem o mesmo,
aconselhava “Toca diligentemente fugas de bons mestres, especialmente as de J.S. Bach.
Faz do Cravo bem temperado o teu pão de cada dia e virás certamente a ser um bom
músico”.
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espírito cavaleiresco e heróico de seu país natal – em particular as polonaises em Láb
(Opus 53) e em Fa# menor (opus 44).
A maior parte das peças de Chopin têm um caráter introspectivo e, no âmbito de uma
estrutura formal bem definida, sugerem um caráter de improvisação. Todas as obras
exigem, porém do executante não só uma técnica impecável, como também uma utilização
imaginativa dos pedais e uma aplicação discreta do tempo rubato, que o próprio Chopin
definiu como uma ligeira aceleração ou atraso no fraseado da mão direita enquanto o
acompanhamento da mão esquerda prossegue rigorosamente a tempo.
Os noturnos, impromptus e prelúdios são as obras mais intimistas de Chopin. Tanto
o nome como a concepção geral dos noturnos têm origem no compositor e pianista
irlandês John Field. O noturno n° 5, em Sib, tem uma longa e lírica linha melódica da mão
direita que não esconde a sua dívida para com a ópera italiana, em particular a ópera de
Bellini; a mão esquerda faz o acompanhamento em acordes quebrados amplamente
espaçados.
Os prelúdios foram compostos numa época em que Chopin se encontrava
profundamente imerso na música de Bach. Como os prelúdios do Cravo bem temperado,
estas ilustrações de estados de ânimo, breves e nítidas, abarcam todas as tonalidades
maiores e menores, mas pelo ciclo das quintas (Dó maior - Lá menor, Sol maior – Mi
menor ...) As ricas harmonias e modulações cromáticas de Chopin, que viriam a influenciar
os compositores das gerações seguintes em muitos prelúdios, talvez especialmente nos n.°s
2, 4 e 8 e nas seções intermediarias dos n.°s 14 e 24.
Os aspectos fundamentais do estilo de Chopin manifestam-se, em moldes mais amplos,
nas baladas e nos scherzos. Aparentemente, foi ele o primeiro compositor a aplicar o
termo ballade a uma peça instrumental; as suas obras nesta forma (em particular a Opus
23, em Sol menor, e a Opus 52, em Fà menor) captam o encanto e o ardor das baladas
narrativas do grande poeta oitocentista polaco Adam Mickewicz, combinando estas
qualidades com essa espontaneidade indefinível, essas inflexões sempre nova da harmonia
e da forma, que é uma característica distintiva de Chopin. A polonaise-fantasie Opus 61,
última grande obra de Chopin, tem uma estrutura livre; tanto esta obra como a sonata para
violoncelo Opus 65 apontam caminhos que o compositor teria, provavelmente, explorado
se tivesse vivido mais tempo.
Seus estudos (12 na Opus 10, outros 12 na Opus 25 e três sem números) são marcos
importantes na história da música para piano. O Estudo é uma peça primariamente
destinada ao aperfeiçoamento da técnica de execução; por conseguinte, cada estudo é, regra
geral, consagrado a uma determinada aptidão técnica e baseia-se num único motivo
musical. Dos milhares de estudos para piano escritos no século XIX, os de Chopin foram os
primeiros a conjugar com êxito este objetivo prático com conteúdo artístico relevante; Liszt
e Brahms seguiram os passos de Chopin neste domínio. Os estudos de Chopin são
excelentes exercícios de técnicas e, ao mesmo tempo, poemas musicais extremamente
concentrados, cujos temas o compositor se absteve cuidadosamente de definir.
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interrupções, até 1848. Durante a maior parte deste período fixou residência em Paris.
De 1848 a 1861 foi diretor musical da corte de Weimar, onde promoveu as novas
tendências musicais, dirigindo muitas obras importantes, entre as quais a ópera
Lohengrin, de Wagner, em 1850. À sua fama como pianista, maestro e compositor vieram
somar-se as honrarias que toda a Europa lhe prodigalizou e a aura que lhe adveio das várias
ligações amorosas com senhoras da alta sociedade. De 1861 até cerca de 1870 Liszt
residiu a maior parte do tempo em Roma, onde tomou ordens menores na igreja católica;
o resto da vida repartiu-se entre Roma, Weimar e Budapeste.
Foi eclético devido a carreira cosmopolita. A herança húngara manifestada não
apenas nas composições baseadas ou inspiradas em melodias nacionais, mas também no
seu temperamento ardoroso, dinâmico e impulsivo. A formação vienense somada a forte
influência do romantismo literário parisiense da música programática, encarnado na
figura de Berlioz, veio a sobrepor-se em como característica de seu estilo. O seu estilo
de escrita para piano inspirou-se no de Chopin, a quem foi buscar o seu repertório de
efeitos pianísticos – enriquecendo-o com novos efeitos de sua própria lavra -, bem como o
lirismo das linhas melódicas, o emprego do rubato na execução e as inovações harmônicas,
que Liszt levou ainda mais longe. Algumas das últimas composições, em particular, contêm
acordes e modulações especialmente avançados.
Sofreu o fascínio de uma das figuras mais hipnóticas e ao mesmo tempo um dos
maiores artistas do século XIX, o violinista italiano Niccolò Paganini (1782-1840). Embora
estimulado por este virtuosismo, suas inovações técnicas, no entanto, nem sempre tinham
por objetivo uma mera exibição, antes procuravam criar uma retórica musical adequada aos
desígnios expressivos do compositor.
Fez transcrições ou arranjos – fantasias sobre árias de ópera e transcrições de
canções de Schubert, sinfonias de Berlioz e Beethoven, fugas para órgão de Bach, excertos
dos dramas musicais de Wagner, etc. Uma segunda categoria dentro da música para piano
de Liszt abarca as composições que utilizam livremente melodias de caráter nacional;
entre elas destacam-se as dezenove rapsódias húngaras – se bem que Liszt e outros
compositores oitocentistas entendiam por “húngaro” não fosse o folclore genuinamente
húngaro, mas antes a música cigana.
Para piano e orquestra escreveu dois concertos (Mib maior e Lá maior), uma
fantasia húngara (desenvolvimento da 14ª rapsódia) e a Totentanz (Dança da Morte),
paráfrase do canto chão Dies irae. Entre os estudos para piano destacam-se os doze
temíveis Êtudes d’exécution transcendante. Originalmente publicados, em 1826, como
simples exercícios, só adquiriram o extraordinário nível de dificuldade técnica na versão de
1839, tendo ainda recebido títulos individuais na última edição, relativamente mais fácil, de
1852. O estudo n° 4, Mazeppa, um dos mais freqüentemente executados, tinha já título em
1847, mas veio a ser mais tarde desenvolvido e orquestrado, dando origem ao poema
musical sobre o herói de Vitor Hugo.
20
a respectiva progressão harmônica, acordes sustentados pelo pedal enquanto ambas as
mãos preenchem o registro intermediário com progressões cromáticas de passagem
(comp. 7-22, 31-59). Outra textura é a de oitavas em ambas as mãos, amplamente
espaçadas em movimentos paralelo: há um momento em que se verifica entre as duas
mãos uma alternância das duas formas diferentes da escala de tons inteiros, com meio
tom de intervalo entre si (comp. 61). Um terceiro processo requer que o executante delineie
a melodia com opolegar, sobre acordes harpejados da mão esquerda, enquanto a mão direita
desenha a harmonia em terças e quartas (comp. 62-78).
Imaginação poética em peças breves: Années de pèlerinage (1850, 1867-1877),
Consolations (1850) Harmonies poétiques et religieuses (1852). Uma importante obra
longa é a Sonata em Si menor (1853), na qual quatro temas são desenvolvidos num
único grande andamento, embora com subdivisões análogas às seções de um
andamento de sonata clássica. Os temas transformam-se e combinam-se por uma ordem
aparentemente livre, rapsódica, que, no entanto, se adapta perfeitamente ao material
temático e às intenções do compositor; toda a sonata, uma das grandes composições para
piano do século XIX, constitui uma adaptação do princípio do desenvolvimento cíclico,
característico do poema sinfônico.
Em algumas das últimas obras houve experiências harmônicas que antecipam
surpreendentemente as inovações do final do século XIX e início do século XX. Liszt foi
um dos primeiro compositores a utiliza as tríades aumentadas; o primeiro tema da Sinfonia
Fausto, por exemplo, baseia-se exclusivamente neste acorde, que também tem um papel
importante na Sonata em Si menor e em muitas outras obras de Liszt.
O estilo das composições para piano de Brahms não tem a elegância de Chopin nem
o brilho e o tom retórico de Listz; os seus modelos são Schumann e Beethoven.
Tecnicamente, este estilo caracteriza-se pela sonoridade cheia, pela utilização de acordes
quebrados, pelo freqüente dobrar da linha melódica à oitava, terça ou sexta, pelas
21
múltiplas appoggiaturas de caráter cordal e pelo recurso freqüente à divisão irregular
do tempo. Estas palavras, porém, estão longe de conseguirem descrever as imaginativas
inovações no domínio da textura e a energia gerada pelo desenvolvimento sistemático
de idéias basicamente simples. As obras de Brahms para piano compreendem dois
concertos, três sonatas, várias séries de variações e cerca de trinta e cinco peças mais
breves com títulos como balada, rapsódia, capricho ou intermezzo. Entre as obras mais
longas destacam-se os concertos, a sonata em Fá menor (1853), as Variações e Fuga sobre
um tema de Haendel (1861) e as difíceis Variações sobre um tema de Paganini (1863),
que se aproximam bastante do estudo. A importância da forma de variação na obra de
Brahms – não apenas na música para piano, mas também noutro tipo de composição – é um
indício do seu apego aos princípios clássicos de construção. Mesmo nas peças breves para
piano, as formas derivam sempre do material musical. Brahms evita os títulos descritivos
utilizados por Schumann e Liszt;a sua atitude sempre foi avessa à música programática
e, de um modo geral, ás tendências mais extremistas do romantismo. Brahms, em suma é o
grande conservador da era romântica. Encontramos uma ligação direta com o passado nos
seus onze prelúdios corais para órgão, escritos nos últimos anos de vida – as mais notáveis
composições nesta forma desde Bach.
Outros Compositores
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A música de câmara de Schubert – Os primeiros quartetos de Schubert, inspirados
nos de Mozart e Haydn, foram escritos primordialmente para deleite do círculo de amigos
do compositor. O quarteto em Mib (D.87, 1813) é uma obra de grande pureza clássica; no
quarteto em Mi maior de 1816 (D.353) Schubert consolidava já o seu estilo pessoal,
conjugando o colorido da sonoridade com a clareza da linha melódica. A obra mais popular
desta primeira fase é o Forellen Quitett, para piano e cordas (1819), assim chamado porque
inclui entre o Scherzo e o Finale, um andamento suplementar (andantino) constituído por
variações sobre a canção Die Forelle. O período de maturidade de Schubert no domínio da
música de câmara começa em 1820, com um Allegro em Do menor (D.703) destinado a
constituir o primeiro andamento com um quarteto de cordas que nunca chegou a ser
terminado. Seguem-se três obras importantes – os quartetos em La menor (D.804, 1824),
em Re menor (D.810, 1824-1826), e em Sol maior (D.887, 1826).
O octeto em Fa maior (D.803, 1824) é uma obra luminosa e serena, escrita para
quarteto, contrabaixo, clarinete, trompa e fagote. A sua forma, manifestadamente inspirada
na do septeto Opus 20 de Beethoven, é a de uma suíte ou divertimento em seis
andamentos. O andante é uma série de variações sobre a melodia de um dueto de um dos
Singspiels de Schubert, Die Freunde Von Salamanka (1815). Dois trios com piano,
respectivamente em Sib e Mib (D. 898, 929), são obras cativantes, mas desequilibradas.
A obra-prima de Schubert no domínio da música de câmara é, sem sombra de
dúvida, o quinteto de cordas em Do maior (956), escrito durante o seu último ano de vida.
Tal como nos quintetos de Bocherini, o instrumento acrescentado é um segundo violoncelo,
e Schubert consegue com esta combinação instrumental alguns dos mais sublimes efeitos
de toda a música romântica. O quinteto tem o mesmo profundo lirismo, a mesma discreta
mestria contrapontística, as mesmas longas linhas melódicas (por exemplo, os primeiros
quinze compassos de adágio) e a mesma riqueza de invenção harmônica que caracterizam
as últimas sonatas para piano do compositor. O Finale, tal como o do quarteto em La
menor, é num estilo mais popular, mitigando a tensão acumulada ao longo dos três
primeiros andamentos.
23
A música de câmara de Schumann – As principais obras de câmara de Schumann
foram compostas em 1842. Nesse ano escreveu três quartetos de cordas, um quarteto com
piano e um quinteto com piano. Os quartetos de cordas evidenciam a influência de
Beethoven não apenas no propósito geral, mas também nalguns aspectos de pormenor: os
desenvolvimentos são muitas vezes contrapontísticos, e o andante Quasi Variazioni do
segundo quarteto, um andamento em Lab maior, tem reminiscências do Adágio Opus 127
de Beethoven. O terceiro quarteto de Schumann. Em La Maior, é uma obra profundamente
romântica, com um andamento lento particularmente belo. O quarteto com piano Opus 47
não é tão conseguido como o quinteto com piano Opus 4, que é um esplêndido exemplo do
seu estilo de maturidade.
24
Beethoven: têm, por vezes, sido apressadamente caracterizadas como abstratas, porque as
idéias que apresentam são tão concretamente musicais que se torna impossível transpô-las
para outro domínio; as texturas são delicadamente contrapontísticas; as formas são tratadas
com uma liberdade que é o resultado da lógica do movimento e da concisão das frases. As
sonatas para clarinete Opus 120 (fa menor e Mib maior) podem, a par das peças para piano
Opus 116-119, do quinteto com clarinete, das Quatro Canções Sérias e dos prelúdios corais
para órgão, ser consideradas como as realizações mais intensa de Brahms, cuja música
demonstrou, mais claramente do que a de qualquer outro compositor oitocentista, que a flor
do romantismo estava profundamente enraizada na tradição clássica.
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Música Orquestral
(O século XIX: romantismo)
Classicismo / Romantismo
Clássico - sugere uma obra acabada, clareza, perfeita (proporcionalidade, simetria),
exemplar, um modelo ...
Romântico - predomínio da individualidade, forte influência literária, utilização de
aspectos nacionais ...
Não se trata inteiramente de uma antítese, mas uma continuidade entre dois estilos
com um vocabulário comum de harmonias e convenções básicas nos domínios da
progressão harmônica, do ritmo e da forma.
Autonomia da música
(em relação às outras artes ou à estética dos sentimentos)
Eduard Hanslick – Do Belo musical (1854, primeira edição) – “texto fundador da
modernidade musical” J. J. Nattiez.
Objeto estético – “[...] a forma sonora constitui o dado irredutível do fato musical com
o qual o compositor trava o combate criador.”
Constituição do ideal clássico na música e o conceito de “música absoluta”
Haydn, Mozart e Beethoven
Sinfonias de Beethoven como referência e ponto de partida
(1.ª, 2.ª) 4.ª, 7.ª e 8.ª - formas reconhecidas no período clássico apontam para a “música
absoluta”.
Música Programática:
Sinfonia com Programa – Descritivo, Narrativo
Poema Sinfônico (Liszt)
Música de Cena – (Sonhos de uma noite de verão)
Música para Balé – (O Lago dos Cisnes)
Félix Mendelssohn-Bartholdy
(1809-1847)
Cinco Sinfonias
Paisagens musicais românticas
26
3.ª Sinfonia, em lá menor – Escocesa (op. 56)
Formas clássicas regulares, porém todos os andamentos devem ser tocados sem
interrupção
4.ª Sinfonia, em Lá maior – Italiana (op. 90)
2° mov. - O baile
Valsa (função do Scherzo)
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Em meio ao turbilhão de uma festa, a imagem amada aparece ao artista e perturba sua
alma.
3° mov. - Cena no campo
Adágio – forma bipartida
Ao longe, dois pastores dialogam, tocando uma melodia da montanha (solo de oboé
e corne inglês). A atmosfera pastoril, a suave brisa da tarde, a esperança que ele
começa a sentir, de que tudo conspira para acalmar seu espírito, e seus pensamentos
se alegram... Mas essa felicidade é perturbada por negras premonições. E se ela o
estiver enganando? Um dos pastores termina seu tema, mas o outro não lhe responde...
Distante, um trovão. Solidão. Silêncio.
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Alguns temas desenvolvidos, repetidos, variados ou transformados de acordo com a
estrutura própria de cada obra;
Conteúdo poético e forma são sugestões de um quadro, uma estátua, uma peça de
teatro,
Cesar Franck
Sinfonia em Ré menor
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Princípio de composição “cíclica”
Peter Ilyich Tchaikovsky (1840-1893)
Seis Sinfonias
4.ª Sinfonia – programa, método cíclico com a reutilização temática no último
movimento;
5.ª Sinfonia – método cíclico explorado nos quatro movimentos, Scherzo habitual é
substituído pela Valsa.
Antonín Dvorak (1841-1904)
Nove Sinfonias
Sinfonia n° 9 – Novo Mundo (1893)
melodias inspiradas em índios norte-americanos
2°. movimento – tema de negro spiritual “Sweet home”
A história da música sinfônica do século XIX indica que os compositores desta época
evoluíram em duas direções, ambas com o ponto de partida em Beethoven. Uma destas
direções tem origem na (1ª, 2ª) 4ª, 7ª e 8ª Sinfonias e aponta para a música “absoluta”,
na formas reconhecidas do período clássico; a outra tem origem na (3ª) 5ª,6ª e 9ª
Sinfonias e orienta-se para a música programática em formas menos convencionais.
Aspectos comuns a ambas as tendências são a intensidade da expressão musical e a
aceitação dos progressos recentes no domínio da harmonia e da cor tonal.
As Sinfonias de Schubert – As mais importantes sinfonias de Schubert – a Inacabada,
em Si menor, de 1822, e a grande sinfonia em Do maior de 1828 – ilustram bem a
originalidade harmônica que já apontamos como uma característica distinta do seu novo
estilo. Um novo elemento, ligado à sensibilidade harmônica de Schubert, é a sua intuição
para o colorido tonal da orquestra: a figura que avança lentamente nas cordas a partir do
compasso nº 9 da Sinfonia Inacabada; a melodia do violoncelo no segundo tema em Sol
maior, com acompanhamento sincopado para violas e clarinetas sobre o pizzicato dos
contrabaixos, no andamento lento, a seção intermediaria em Do# menor e Reb maior, com
solo de clarinete e o dialogo entre clarinete e oboé sobre um luminoso tapete mágico de
modulações. A Inacabada merece ser chamada a primeira sinfonia verdadeiramente
romântica. Na Sinfonia em Do Maior Schubert desenvolveu o seu material quase até o
ponto de ruptura; as “proporções divinas” que Schumann admirava nesta obra seriam
menos divinas não fossem a beleza das melodias de Schubert.
30
sugestões programáticas. No capítulo da música de cena, a abertura que Mendelssohn
escreveu para o Ruy Blas, de Vítor Hugo (1839), só é ultrapassada pela incomparável
abertura do Sonho de uma noite de Verão, que escreveu com 16 anos de idade – uma obra
que veio a servir de modelo a todas as aberturas de concerto a época.
31
um versão modificada da ideé fixe e dois outros temas – um deles é a melodia do Dies irae
– primeiro isoladamente, depois combinados entre si (como acontece no finale da 9ª
Sinfonia de Beethoven). A 2ª Sinfonia, Harold na Itália (1874), é uma seqüência de
quatro cenas inspiradas pela leitura de Childe Harold, de Lord Byron. A “sinfonia
dramática” Romeu e Julieta, para orquestra e coro, em sete andamentos (1879), é uma obra
fundamentalmente sinfônica e pode ser considerada como um desenvolvimento da idéia da
Symphonie Fantastique : o programa é explicitamente anunciado no prólogo, e as palavras
ajudam a criar o clima do funeral de Julieta. Só o final tem um caráter francamente lírico. A
Sinfonia Fúnebre e Triunfal foi composta para uma cerimônia nacional em 1840.
32
mysticus que arremata a peça de Goethe. Os três primeiros andamentos correspondem ao
plano clássico: introdução e Allegro (em forma sonata), andante (forma tripartida), scherzo
(forma tripartida, seguida de um longo desenvolvimento suplementar e coda).
33
A 2ª Sinfonia, ao contrario da 1ª, tem um caráter tranqüilo, bucólico, embora não
sem um certo substrato de gravidade. O terceiro movimento (tal como os seus equivalentes
na 1ª e 3ª Sinfonias) caracteriza-se mais pela ligeireza lírica e rítmica de um intermezzo do
que pela intensidade dos scherzos de Beethoven; enquadra-se no estilo que Brahms
inaugura com o seu sexteto em Sol menor de 1867.
Houve quem cognominasse a 3ª como a Heróica de Brahms. Os seus primeiros
compassos constituem uma ilustração notável de um processo harmônico muito
característico, a falsa relação entre as formas menor e maior da tríade da tônica; o motivo
ascendente do baixo fa-lab-fa volta a ocupar o primeiro plano no último movimento desta
sinfonia, que começa em Fa menor e só se fixa em Fa maior na coda.
O andante da 4ª Sinfonia é um dos andamentos de Brahms que mais se aproxima da
balada, sendo esta uma atmosfera sugerida pelo sabor modal (frígio) da introdução e do
tema principal. O Finale desta obra é escrito numa forma invulgar para uma sinfonia: uma
passacaglia ou chaconne , composta por trinta e duas variações e uma breve coda sobre um
tema ostinato de oito compassos. A recriação da variação ostinato barroca na 4ª Sinfonia é
mais uma ilustração das afinidades espirituais que Brahms sentia em relação ao passado. A
diversidade de figuração e de clima entre as variações é contrabalançada por uma
impressão de movimento controlado e contínuo ao longo de todo o movimento.
Sobrepondo-se à estrutura de passacaglia, há a sugestão de uma ampla divisão tripartida,
consistindo a seção intermediaria em quatro variações mais calmas, em compasso de 3/2
(efetivamente, um andamento duas vezes mais lento do que o anterior e subseqüente ¾).
As Sinfonias de Bruckner – Tal como Brahms, procurou conciliar nas suas sinfonias as
forças opostas do romantismo e do classicismo, mas a sua solução foi fundamentalmente
diferente. A 1ª Sinfonia – precedida por duas sinfonias experimentais que o compositor se
recusou a publicar – foi composta em 1865-1866; à data da sua morte, em 1896, deixou
imcompleto o finale da 9ª. Bruckner, que tendia a mostrar-se excessivamente sensível às
críticas, sujeitou as sinfonias a revisões de sua lavra e algumas ainda em outras versões, não
autorizadas, da responsabilidade de maestros e editores. Todas se dividem nos quatro
movimentos convencionais e nenhuma é explicitamente programática, embora o
compositor tenha em determinado momento fornecido algumas indicações descritivas para
a 4ª Sinfonia (Romântica) – apenas, porém depois de esta estar composta. Não há nas
sinfonias de Bruckner mudanças estilísticas marcantes comparáveis às que se verificaram
na obra de Beethoven; as suas sinfonias são basicamente idênticas na concepção e nos
aspectos técnicos, embora as três últimas constituam, sem dúvidas, o ponto mais alto das
suas realizações nesta forma.
Bruckner teve o infortúnio de viver em Viena ofuscado pela sombra de Brahms e de ser
continuamente atacado pelos críticos como discípulo de Wagner. As suas sinfonias não
tiveram grande sucesso até o fim da vida do compositor; durante muitos anos só duas delas
– a 4ª e 7ª - foram tocadas fora de Viena e muitos outros centros da Europa. As suas
proporções gigantescas, dignas de uma catedral, e o seu caráter monumental constituíram,
sem dúvida, um entrave à aceitação popular.
34
As Sinfonias de Tchaikovsky – Embora o russo Peter Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) só
tenha recebido uma formação musical séria depois de já ter iniciado carreira no campo do
direito, veio a concluir o curso do Conservatório de São Petersburgo e durante algum tempo
deu aulas de harmonia no Conservatório de Moscou. Obteve o primeiro êxito com a
fantasia Romeu e Julieta (1869, revista em 1870 e 1880), onde adaptou a forma sonata às
exigências da peça e das personagens de Shakespeare.
Tchaikovsky admitiu, numa carta à amiga e correspondente Nadejda Von Meck, que
a 4ª Sinfonia tinha um programa, e a verdade é que a idéia da inexorabilidade do destino
explica a intrusão, em vários momentos inesperados da obra, do sonoro chamamento das
trompas da introdução inicial, que faz lembrar a 1ª Sinfonia de Schumann. Este
chamamento é evocado antes da coda do último movimento, bem como entre a exposição e
o desenvolvimento e entre e reexposição e a coda do primeiro movimento. Mais inovador,
no primeiro movimento, é o esquema de tonalidades da exposição e da reexposição. A
primeira seção temática é Fa menor, a segunda em Lab maior, como seria de esperar, mas a
seção final é em Si maior (equivalente a Dob maior, completando assim o ciclo de terceiras
menores). A reexposição começa em Re menor, modulando a Fa maior para o segundo
tema, e atinge, finalmente, na coda, a tonalidade principal de Fa menor.
A 5ª Sinfonia leva ainda mais longe a exploração do método cíclico, pois o motivo
calmo e pensativo anunciado na introdução volta a surgir em todos os quatro movimentos:
em triplo forte da coda do andante predominantemente suave e lírico; como uma coda na
valsa; como introdução (embora profundamente refundida) no final. Esta sinfonia revela a
mestria do compositor no domínio da orquestração, em particular nos eleitos arrebatadores
obtidos da oposição contrapontística entre naipes inteiros, como sucede, por exemplo, com
a oposição entre as sincopas maravilhosamente vibrantes da seção de cordas e a melodia
sublime dos instrumentos de sopro na seção piú mosso do andante. O Scherzo habitual é
substituído por uma Valse que traduz a grande atração de Tchaikovsky pela música de
dança.
Tchaikovsky introduz de novo uma valsa como segundo andamento da 6ª Sinfonia,
desta vez convertendo o ¾ vienense em 5/4 russo. O espírito de dança impregna também o
terceiro movimento da sinfonia, que tem o caráter de uma marcha, mas de uma marcha
macabra. Segue-se-lhe, como finale, um adágio lamentoso.
Outras obras orquestrais famosas de Tchaikovsky são o poema sinfônico Francesca
da Rimini (1877), o primeiro concerto para piano em Sib menor (1875) e o concerto para
violino (1878). Composições extremamente cativantes são os bailados, em particular O
Lago dos Cisnes (1876), A Bela Adormecida (1890) e O Quebra-Noses (1892).
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um excelente concerto para violoncelo, sendo os seus quartetos de cordas algumas das
obras mais cativantes da música de câmara do final do século XIX.
Música Coral
Ao abordarmos a música coral do século XIX, temos que fazer uma distinção entre
as obras onde o coro é usado como parte de uma estrutura mais vasta e aquelas em que a
escrita coral pretende ser o principal foco de interesse. À primeira categoria pertencem os
numerosos e longos coros de óperas, os andamentos corais das sinfonias e algumas das
grandes obras corais-orquestrais de Berlioz e Liszt. É significativo que os dois
compositores que revelaram um entendimento mais apurado da escrita própria para coro –
Mendelssohn e Brahms – tenham sido precisamente os que melhor conheciam a música do
passado e maior resistência ofereceram às tendências extremistas do romantismo. O coro
não se adapta tão bem aos sentimentos tipicamente românticos como a orquestra, e, na
verdade, foram muitos os compositores oitocentistas que trataram o coro como uma simples
divisão da orquestra, utilizando-o para fornecer alguns toques pitorescos e cores
suplementares.
A música coral oitocentista que não se integra numa obra mais ampla divide-se em
três categorias principais: (1) Partsongs (ou seja, canções de estilo homofônico para um
pequeno conjunto vocal, com a melodia na voz mais aguda) ou outras peças corais breves,
geralmente com letras profanas, destinadas a serem cantadas a cappella ou com
acompanhamento de piano ou órgão; (2) música sobre textos litúrgicos ou destinada a ser
usada nos serviços religiosos; (3) obras para coro (muitas vezes com uma ou mais vozes
solistas) e orquestra, sobre textos de natureza dramático-narrativa, mas destinadas a serem
apresentadas em concerto e não encenadas. A nomenclatura para esta terceira categoria é
um pouco imprecisa; uma composição longa e elaborada sobre um tema sacro ou edificante
denomina-se Oratório; as obras mais breves, menos dramáticas ou sobre temas profanos são
por vezes chamadas (tanto pelo compositor como pelo editor ou pelo historiador) Cantatas
– mas este termo não é sistematicamente empregue.
Schubert, Mendelssohn, Schumann, Gounod, Liszt e praticamente todos os outros
compositores europeus escreveram Partsongs e coros para vozes masculinas, femininas ou
mistas, acompanhadas ou sem acompanhamento, sobre poemas patrióticos, sentimentais,
conviviais e de todos os outros gêneros imagináveis. Toda esta música serviu o seu
propósito imediato e foi, na maior parte, completamente esquecida.
De interesse mais perene são algumas das cantatas, como Erste Walpurgissnacht
(1832, versão revista em 1843), de Mendelssohn, ou Peri e o Paraíso (1843) e Cenas do
Fausto de Goethe (1844-1853), de Schumann. O grande mestre neste domínio foi
Brahms, cuja obra inclui muitas canções breves, geralmente sem acompanhamento, para
vozes masculinas, femininas ou mistas, bem como um certo número de composições mais
longas para coro e orquestra. Entre estas contam-se algumas das mais belas obras corais
não só do século XIX, mas de todos os tempos – a Rapsódia, para contralto solista e coro
masculino (1870), a Schickalslied (Canção do Destino, 1871), Nänie (uma lamentação
sobre versos de Schiller, 1881), para coro misto, e a Gesang der Parzen (Canção das
Parcas, 1883), para coro misto a seis vozes.
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Música Sacra
A Grande messe des morts (Réquiem, estréia em 1837) e Te Deum (1855) de Hector
Berlioz são obras religiosas com caráter integralmente originais, próximas de sinfonias
dramáticas para orquestra e vozes sobre textos litúrgicos poeticamente inspiradores, mas
inadequados para os serviços litúrgicos. A tradição a que as duas obras pertencem não é
eclesiástica, mas sim profana e patriótica; é nos grandes festivais musicais da Revolução
Francesa que vamos encontrar os seus antecedentes. São obras de grandes proporções –
tanto em duração quanto em número de executantes – vezes sem conta se tem feito
referência à orquestra de cento e quarenta executantes, aos quatro coros de metais, aos
quatro tantãs, aos dez pares de pratos e aos dezesseis timbales que Berlioz prevê para
o coro Tuba mirum do seu Réquiem – e muito pouco se tem dito acerca do soberbo efeito
musical que o compositor obtém nos momentos, relativamente raros, em que todos estes
instrumentos se fazem ouvir simultaneamente. Há dezenas de outros golpes de gênio na
orquestra do Réquiem: podemos citar, por exemplo, os acordes para flautas e trombones,
alternando como coro masculino, no Hóstias, e a exploração ainda mais ampla deste tipo de
sonoridades no início do Agnus Dei: as linhas melódicas severas dos cornetins ingleses, dos
fagotes e dos instrumentos de cordas graves em conjunção com as vozes de tenor em
uníssono no Quid sum miser, ou o regresso da longa melodia do tenor solista no Sanctus,
onde as frases de cinco compassos das respostas do solista e do coro são pontuadas por
intervenções pianíssimo do bombo e dos pratos. O Te Deum é menos rico em experiências
orquestrais originais do que o Réquiem, mas o estilo é mais amadurecido, e a última parte
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(Judex crederis) é seguramente um dos andamentos mais estimulantes que alguma vez
foram escritos para coro e orquestra.
Franz Liszt tentou realizar dentro da igreja o que Berlioz fez à margem dela. A sua
missa festiva para a consagração da catedral de Gran (Estergom), na Hungria, em 1885,
bem como a sua missa para a coroação do rei da Hungria em 1867, são numa escala e num
estilo adequados àquilo que Liszt concebia como o ideal da música sacra romântica, ideal
que definiu do seguinte modo em 1834:
À falta de um termo melhor, poderemos designar a nova música por
“humanitária”. Esta música, forte e drástica, conjugando numa escala colossal o teatro e a
igreja, ao mesmo tempo dramática e sacra, esplêndida e simples, cerimonial e séria,
ardente e livre, tempestuosa e calma, translúcida e emotiva.
38
composições sacras de Bruckner foram o Te Deum em Dó maio (1884) e o salmo CL
(1892), ambos para solistas, coro, órgão e orquestra completa.
O oratório romântico
39
Obras – 4 obras dramáticas: Benvenuto Cellini (Paris, 1838), A Danação de Fausto,
“ópera de concerto” (Paris, 1846), Os Troianos (em duas partes: A Tomada de Tróia,
Karlsuhe, 1890; Os Troianos em Cartago, Paris, 1863), Béatrice et Benedict (Baden-baden,
1862).1 Missa dos Mortos (Réquiem) e um Te Deum, para tenor solo com um enorme
conjunto coral e orquestral (orquestra sinfônica e orquestra de metais); 1 oratório ou
“Trilogia Sacra”, A infância de Cristo; melodias para orquestra. 4 Sinfonias: Sinfonia
Fantástica, Romeu e Julieta (com solistas e coros), Haroldo na Itália (com viola solo),
Sinfonia Fúnebre e Triunfal (com coros). Aberturas. Uma obra literária e várias coletâneas
satíricas. O Grande Tratado de Instrumentação e de Orquestração Moderno.
40
Obras – Grandes Obras para coro e orquestra, entre as quais Ein Deutsche Réquiem,
Rapsódia com contralto solo, Nänie, Gesang der Parzen; corais a capela (dentre eles
Marienlieder), quartetos vocais (liebesliederwalzer, Zigeunerlieder); numerosos Lieder e
Harmonizações de canções populares. 4 Sinfonias (1876, 1877, 1883, 1885), 2 serenatas,
Variações sobre um tema de Haydn. Dois concertos para piano, 1 para violino, um duplo
para violino e violoncelo. 2 sextetos de cordas, 4 quintetos (sendo 1 com piano e um com
clarineta), 3 quartetos de cordas, 3 quartetos com piano, trios, sonatas para violino, para
violoncelo, para clarineta. Numerosas peças para piano: 3 Sonatas, valsas, intermezzi,
capricii, rapsódias, variações (sobre temas de Schumann, Haendel e de Paganini).
Compositores de Óperas
Itália
Gioachino Rossini – (1792-1868)
34 Óperas (dentre as quais: Arminda – Nápoles -1817; O Assédio de Corinto – Nápoles –
1820; O Barbeiro de Sevilha – Roma – 1816; La Cambiale di Matrimonio – Veneza -1810;
La Cenerentola – Roma 1817; O Conde Ory – Paris – 1828; A Escada de Seda – Veneza –
1812; La Gazza Ladra – Milão – 1817; Guilherme Tell – Paris – 1829; A Italiana na
Argélia – 1813; Moisés – Nápoles – 1818; Otello – Nápoles – 1816; Il Sinor Bruschino –
Veneza – 1813; O Turco na Itália – Milão - 1814), música religiosa (incluindo um Stabat
Mater), inúmeras peças vocais isoladas, hinos e cantatas de circunstância, algumas peças
sinfônicas, 5 quartetos de cordas, numerosas peças humorísticas para piano.
Escreveu poucas Óperas (não mais que 10) – Beatrice di Tenda – Veneza – 1833; I
Capuletti ed i Montecchi – Veneza – 1830; Norma – Milão – 1831; Os Puritanos – Paris –
1835; A Sonâmbula – Milão – 1831.
Obra – 26 óperas – dentre as quais: Rigoletto – Veneza – 1851; Il Trovatore – Roma 1853;
La Traviata – Fenice – 1853; Um Ballo in Maschera – Roma 1859; La Forza Del Destino –
São Petersburgo – 1862; Ainda – Cairo – 1871; Otello – Milão – 1887; Falstaff – Milão
1893. Réquiem, 4 Peças Sacras, 1 quarteto de cordas (1873), 20 melodias,2 cantatas de
circunstância.
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Giacomo Puccini – (1858-1924)
Obra – 12 óperas – dentre as quais La Bohème –Turim – 1896; Madame Butterfly – Milão
1904; Tosca – Roma – 1900; Turandot – Milão – 1926, 1 Missa, Capriccio Sinfônico,
algumas obras de câmara, algumas melodias.
Alemanha
Carl Maria Von Weber – (1786-1826) Transição
Obras – 10 óperas – dentre as quais: Der Freischütz – Berlin – 1821; Oberon – Londres
1821, 3 Missas, 7 cantatas, 78 lieder alemães (com acompanhamento de piano e violão),
arranjos de cantos escoceses, corais. Música de cena, 2 Sinfonias, Abertura Sinfônicas,
Concertos ou obras Concertantes ( dentre elas a Konzertstück op. 79 para piano); Música de
Câmara e inúmeras composições para piano.
França
Georges Bizet - (1838-1875)
Obra – 12 obras dramáticas – dentre as quais: Lês Pêcheurs de Perles – Paris – 1863; La
Jolie Fille de Perth – Paris – 1867; Djamileh – Paris – 1872 – Carmen – Paris 1875;
L´arlésienne (melodrama) Paris – 1872. Composições corais e melodias. 2 Sinfonias
(dentre as quais Roma), Pequena Suíte para Orquestra, Peças para piano, dentre as quais
Jeux d´enfants (orquestrada pelo autor).
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