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ESCOLA TÉCNICA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Rua Oliveira Lisboa, 41B Barreiro de Baixo BH/MG 3384-8154

Segurança do Trabalho I
HIGIENE E SEGURANÇA DO
TRABALHO
Higiene e Segurança do Trabalho

1. Fundamentos da Segurança no Trabalho

1.1 - Introdução

1.2 - História da Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho

1.3 - Termos e Definições

1.4 - A Participação do Governo na Prevenção dos Acidentes

2. Acidente de Trabalho sob os Aspectos Técnico e Legal

2.1 - Classificação dos Acidentes do Trabalho

2.2 - Conseqüências dos Acidentes do Trabalho

2.3 - Causas dos Acidentes do Trabalho

2.4 - Custos dos Acidentes do Trabalho

2.5 - Estatística de Acidentes no Brasil

2.6 - FAP e NTEP

3. Condições Ambientais de Trabalho

4. Órgãos de Segurança e Medicina do Trabalho nas Empresas (SESMT e CIPA)

5. Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

6. Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)

7. Atividades e Operações Insalubres

7.1 Insalubridade e Periculosidade

7.2 - Aposentadoria Especial

8. Atividades e Operações Perigosas

9. Normas Regulamentadoras
10. PCMAT

11. Segurança em Canteiro de Obras

12. Programas de Prevenção

13. Fundamentos de Ergonomia

14. Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho

LISTA DE SIGLAS

ASO Atestado de Saúde Ocupacional

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BSI British Standards Institution (Instituto Britâncio de Normalização - órgão inglês,


responsável por segurança e saúde do trabalho naquele país)

CA Certificado de Aprovação

CAT Comunicação de Acidente do Trabalho

CBO Classificação Brasileira de Ocupações

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CPN Comitê Permanente Nacional Sobre Condições e

Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção

CPR Comitê Permanente Regional Sobre Condições e

Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção

CIPATR Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CPATP Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário

CTPP Comissão Tripartite Paritária Permanente

DORT Doença Osteomuscular Relativa ao Trabalho

DRT Delegacia Regional do Trabalho

EPC Equipamento de Proteção Coletiva


EPI Equipamento de Proteção Individual

FAP Fator Acidentário Previdenciário

FISPQ Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos

FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do


Trabalho

GLP Gases Liquefeitos de Petróleo

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

ISO International Organization for Standartization (Organização Internacional de


Normalização)

LER Lesão por Esforços Repetitivos

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NBR Normas Brasileiras (da ABNT)

NR Norma Regulamentadora

NRR Norma Regulamentadora Rural

NTEP Nexo Técnico Epidemiológico

OIT Organização Internacional do Trabalho

OSHA Occupational Safety and Health Administration (órgão americano responsável


por segurança e saúde do trabalho naquele país)

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series (Série de Avaliações de


Segurança e Saúde Ocupacional)

PAIR Perda Auditiva Induzida pelo Ruído

PAT Programa de Alimentação do Trabalhador

PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da


Construção

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PGR Programa de Gerenciamento de Riscos


PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SENAR Serviço Nacional de Formação Profissional Rural

SAT Seguro de Acidentes do Trabalho

SESI Serviço Social da Indústria

SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho

SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho

SSO Segurança e Saúde Ocupacional

SSST Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalhado (órgão do Ministério do Trabalho


e Emprego, responsável pela segurança e saúde no Brasil).

SST Segurança e Saúde do Trabalho

HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

1.0 FUNDAMENTOS DA SEGURANÇA NO TRABALHO

1.1 - INTRODUÇÃO

O Acidente do Trabalho, bem como a Doença do Trabalho (que é equiparada ao


Acidente do Trabalho), são eventos indesejáveis que surgem no decorrer do processo
produtivo. O ser humano, para satisfazer as suas necessidades, precisa utilizar diversos
bens materiais que, em grande parte, não são encontrados na natureza. Assim, para
conseguir esses bens, precisa da realização de uma série de processos de trabalho,
através do uso de máquinas, ferramentas, equipamentos e da sua própria força de
trabalho, para transformar essas matérias-primas existentes na natureza em bens que
satisfaçam as suas necessidades.

Ao realizar o processo produtivo, um objetivo específico desse trabalho humano é a


obtenção de uma maior quantidade de produtos com uma menor quantidade de insumos
num menor tempo possível, ou seja, deseja-se obter uma maior quantidade de bens
materiais, utilizando menos matéria-prima e em menos tempo. No entanto, em
decorrência desse trabalho, e mesmo antes do seu início, podem surgir eventos
indesejáveis. Exemplo desses eventos indesejáveis é o Acidente do Trabalho e a Doença
Ocupacional.

No passado, principalmente com o advento da Revolução Industrial, o homem, em favor


da produção e da máquina, era tratado como um aspecto secundário. Com o passar do
tempo e após muitas lutas, o trabalhador começa a ser o centro de atenção do processo
produtivo. Diz-se começa, porque em pleno início de um novo milênio, ainda se se
discute se devem ou não pagar os adicionais de insalubridade ou de periculosidade; se
se gera ou não aposentadoria especial para determinados trabalhadores sujeitos a
determinados agentes ambientais de riscos de acidentes. O correto é que se deveria estar
discutindo a necessidade da existência desses agentes de riscos que podem causar
acidentes, ou seja, dever-se-ia estar discutindo a necessidade de eliminá-los ou atenuar
os seus efeitos.

Sabe-se, por razões óbvias, que não é tarefa fácil eliminar a exposição do trabalhador a
esses agentes de riscos, bem como melhorar as condições de trabalho. Isto envolve uma
série de interesses sociais, econômicos e políticos, chegando ao extremo, por parte de
alguns, de temer perder o poder de barganha existente entre patrão, sindicatos e
trabalhadores. O que se vê no Brasil é a existência de más condições de trabalho, o que
serve de pano de fundo para a luta de grande parte da classe trabalhadora por melhores
compensações econômico financeiras, o que deveria ser a luta pela eliminação ou
atenuação dos agentes de riscos que causam ou que podem causar acidentes e por
melhores condições de trabalho.

Além disso, as estatísticas oficiais no Brasil que servem de ponto de partida para as
políticas governamentais para a prevenção de Acidentes do Trabalho são
reconhecidamente subdimensionadas, uma vez que elas contemplam apenas:

- os casos legalmente reconhecidos, ou seja, os acidentes com vítimas (não levando em


conta os acidentes com apenas perda de tempo e/ou de materiais);

- praticamente, apenas os acidentes urbanos (não mostrando os acidentes ocorridos em


áreas rurais);

- os acidentes registrados (ignorando aqueles que não são notificados ao INSS).

A Engenharia de Segurança e a Medicina do Trabalho, à custa de muito esforço, vêm


consolidando sua posição como fonte geradora das ações preventivas no cotidiano da
produção e representa um importante avanço para a proteção da saúde e da vida dos
trabalhadores. No entanto, muito há o que se fazer em nosso país, dado que as
estatísticas apontam para uma triste e terrível realidade, verdadeira chaga social, que
requer a mobilização de toda a sociedade brasileira em busca de sua erradicação.

A necessidade urgente de a sociedade e o Estado levarem a fundo a discussão desse


tema pode basear-se em números alarmantes, tais como:

 o Brasil é o 9.º país em maior número de Acidentes do Trabalho no mundo, no


ano de 2000. (ANUÁRIO brasileiro de proteção, 2006);
 o número de trabalhadores na formalidade, no Brasil, no ano de 2004, foi de
apenas 31.407.576 (ANUÁRIO brasileiro de proteção, 2006);
 o número de óbitos motivados por acidentes do trabalho, no Brasil, no ano de
2004, foi de 2.801 (ANUÁRIO brasileiro de proteção, 2006);
 o número de acidentes do trabalho no Brasil, no ano de 2004, foi de 478.956
(ANUÁRIO brasileiro de proteção, 2006);
Em 1999, 16.757 trabalhadores tornaram-se incapazes permanentemente para o
trabalho, parcial ou totalmente (BRASIL, 2001), ficando de fora dessas estatísticas em
torno de 65% da população economicamente ativa PEA, ou seja, os trabalhadores que
estão na chamada economia informal. Dos 71,7 milhões de pessoas que estão
trabalhando, apenas 24,9 milhões são trabalhadores com empregos formais
(PROTEÇÃO. Saem os números de acidentes de trabalho do país, 2001);

O Brasil gasta em torno de R$ 20 bilhões por ano com acidentes do trabalho


(PASTORE, 2001). A maior parcela dos custos referentes aos acidentes é paga pelas
empresas que pagam uma verdadeira fortuna ao Governo Federal através do Seguro de
Acidente do Trabalho - SAT, que é obrigatório;

No Ceará, no ano de 1997, um acidente custou, em média, R$ 7.919,29 (matéria do


jornal Diário do Nordeste de 17 de setembro de 1998)

Em Sobral ocorrem algo em torno de 200 Acidentes do Trabalho em média por ano,
notificados ao INSS.

Não se pode deixar de dizer que os índices de acidentes do trabalho e doenças


ocupacionais no Brasil estão melhorando, mas ainda estão longe do ideal. Para se ter
uma idéia, o coeficiente de acidentes fatais (óbitos em 1.000.000 de empregados) no
Brasil, na década de 80, era 220, enquanto hoje está em torno de 150. Mas quando
comparado, por exemplo, com os Estados Unidos, esse coeficiente é de 5. Já na Grã-
Bretanha, o coeficiente é de 10 óbitos por 1.000.000 de empregados (CIPA, Cipa
notícias fique sabendo. 2001).

Em 07/09/2008 O Brasil foi o quarto em número de mortes por acidentes do trabalho.

De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, desde


2003, adotou 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho,
ocorrem anualmente 270 milhões de acidentes de trabalho em todo o mundo.
Aproximadamente 2,2 milhões deles resultam em mortes. No Brasil, segundo o
relatório, são 1,3 milhão de casos, que têm como principais causas o descumprimento
de normas básicas de proteção aos trabalhadores e más condições nos ambientes e
processos de trabalho.

Ranking mundial

Segundo o estudo da OIT, o Brasil ocupa o 4º lugar em relação ao número de mortes,


com 2.503 óbitos. O país perde apenas para China (14.924), Estados Unidos (5.764) e
Rússia (3.090).

Na década de 1970, o Brasil registrava uma média de 3.604 óbitos para 12.428.826
trabalhadores. Nos anos 1980, o número de trabalhadores aumentou para 21.077.804 e
as mortes chegaram a 4.672. Já na década de 1990, houve diminuição: 3.925 óbitos para
23.648.341 trabalhadores.

O Anuário Estatístico da Previdência Social de 2006, último publicado pelo INSS,


mostra que número de mortes relacionadas ao trabalho diminuiu 2,5%, em relação ao
ano anterior. Entretanto, os acidentes de trabalho aumentaram e ultrapassaram os 500
mil casos.

Dados dos Ministérios do Trabalho e Emprego e Previdência Social de 2005 mostram


que as áreas com maior número de mortes são Transporte, Armazenagem e
Comunicações, com sete óbitos entre 3.855 trabalhadores; a Indústria da Construção,
com seis óbitos entre 6.908 trabalhadores; e o Comércio e Veículos, com cinco óbitos
entre 24.782 trabalhadores.

Saúde e Segurança do Trabalho cada vez mais em pauta

Os custos gerados por problemas relacionados à Saúde dos funcionários estão fazendo
com que os gestores de Recursos Humanos tratem como prioridade a prevenção de
problemas bucais e doenças crônicas, como hipertensão e males respiratórios. De
acordo com pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com o
Instituto de Pesquisas em Saúde da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), um
elevado número de empresas passou a adotar programas para prevenir doenças. O
estudo analisou 30 multinacionais da Europa, Ásia e Américas e constatou que mais da
metade delas tem alguma ação voltada para a Saúde dos colaboradores.

Várias empresas já entenderam que contribuir com a manutenção da Saúde do


Trabalhador é um bom negócio do ponto de vista financeiro, pois evita despesas extras
com indenizações e ajuda a manter uma boa imagem.

Como se trata de um problema que afeta toda a sociedade, o Estado, como principal
agente de mudanças, tem uma função por demais importante na prevenção dos acidentes
do trabalho e doenças ocupacionais, seja na geração ou alteração da legislação (que no
Brasil já é riquíssima, o que prova que a simples formulação jurídica não tem
conseqüência nenhuma), como também na fiscalização e na educação preventiva.

1.2 HISTÓRIA DA HIGIENE, SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

Desde seu aparecimento na Terra, o homem está exposto a riscos. Como ele não tem
controle sobre esses riscos, ocorre sobre ele todo tipo de acidente. O homem inventou a
roda d água, os teares mecânicos, as máquinas a vapor, a eletricidade e até os
computadores. É um longo aprendizado tecnológico. No entanto, se por um lado o
progresso científico e tecnológico facilitam o processo de trabalho e produção, por outro
trazem novos riscos, sujeitando o homem a acidentes e doenças decorrentes desse
processo (CAMPOS, 2001).

Pelo que se sabe, a preocupação com os Acidentes e Doenças decorrentes do trabalho


humano surgiu na Grécia Antiga, quando Hipócrates (considerado o Pai da Medicina)
fez algumas referências aos efeitos do chumbo na saúde humana. Posteriormente, outros
estudiosos, como Plínio (o Velho) e Galeno, descreveriam algumas doenças a que
estavam sujeitas as pessoas que trabalhavam com o enxofre, o zinco e o chumbo. No
Antigo Egito e no mundo greco-romano já existiam estudos realizados por leigos e
médicos, relacionando saúde e ocupações.

Este campo de conhecimento volta a progredir após a Revolução Mercantil (século


XIV), graças aos estudos de médicos, como Ulrich Ellenbog (que detecta a ação tóxica
do monóxido de carbono, do mercúrio e do ácido nítrico), Paracelso (que estuda as
moléstias dos mineiros), George Bauer e Ysbrand Diemerbrock.

1º Livro: O primeiro livro a abordar a questão surgiu em 1556, da autoria de Georgius


Agrícola, que publicou seu trabalho De Re Metálica, onde eram estudados diversos
problemas relacionados à extração e à fundição do ouro e da prata, enfocando, inclusive,
os acidentes de trabalho e as doenças mais comuns entre os mineiros.

Porém, a primeira monografia a abordar especificamente a relação trabalho e doença foi


publicada em 1567, por Paracelso, e versava sobre vários métodos de trabalho e
inúmeras substâncias manuseadas, dedicando especial atenção às intoxicações
ocupacionais por mercúrio.

No ano de 1700, o italiano Bernardino Ramazzini publica seu livro De Morbis


Artificum Diatriba (As Doenças dos Artesãos), com a descrição de 53 tipos de
enfermidades profissionais, sendo que para algumas delas eram apresentadas formas de
tratamento e até mesmo de prevenção. Por esta obra, Ramazzini passou a ser
considerado como o Pai da Medicina do Trabalho a estabelecer definitivamente a
relação entre saúde e trabalho.

Contudo, apesar dos trabalhos consagrados de Agrícola, Paracelso e Ramazinni, o


interesse pela proteção do operário no seu ambiente de trabalho só ganharia força e
ênfase no século XIX com o impacto da Revolução Industrial (MIRANDA, 1998).

Com o surgimento crescente de inventos mecânicos que multiplicaria


consideravelmente a produtividade do trabalho, uma nova formação capitalista
mercantil surgia e dava origem a uma nova classe dirigente, interessada na aplicação de
capitais em sistemas fabris de produção em massa, utilizando a nova tecnologia que
surgia. A questão da força de trabalho tomava um novo enfoque, pois tornava possível e
vantajosa a conversão de toda a mão-de-obra, inclusive a escrava, em força de trabalho
assalariado.

Com o advento da Revolução Industrial e a expansão do capitalismo industrial, o


número de acidentes do trabalho (quando se fala em acidentes do trabalho, normalmente
se refere também às doenças decorrentes do trabalho humano) cresceu
assustadoramente, devido às péssimas condições de trabalho existentes. A situação
ficou tão grave, que se temeu pela falta de mão de obra, tal era a quantidade de
trabalhadores mortos ou mutilados (RODRIGUES, 1993).

As fábricas eram instaladas em galpões improvisados, estábulos e velhos armazéns,


notadamente nas grandes cidades, onde a mão-de-obra era abundante, constituída
principalmente de mulheres e crianças. A situação era dramática, provocando
indignação na opinião pública, o que acabou gerando várias comissões de inquérito no
Parlamento Inglês.

1º Lei: Segundo RODRIGUES (1993), nesse ínterim, o conhecimento acumulado até


então começou a ser utilizado para formação de leis de proteção à saúde e à integridade
física dos trabalhadores, numa tentativa de preservar o novo modo de produção, como:
a Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes (1802), na Inglaterra, que estabelecia o limite de
12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno e tornava obrigatória a
ventilação do ambiente e a lavagem das paredes das fábricas duas vezes por ano;

a Lei das Fábricas (1833), também na Inglaterra, considerada a primeira norma


realmente eficiente no campo da proteção ao trabalhador, e que fixava em 9 anos a
idade mínima para o trabalho, proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos e
exigia exames médicos de todas as crianças trabalhadoras.

No ano seguinte, em 1834, o governo britânico nomeia o primeiro Inspetor Médico de


Fábricas, o Dr. Robert Baker; e em 1842, na Escócia, a direção de uma fábrica têxtil
contratou um médico que deveria submeter os menores trabalhadores a exames médicos
admissionais e periódicos. Surgiam, então, as funções específicas do médico de fábrica.

Portanto, as leis de proteção ao trabalhador surgiram, inicialmente, em 1802 na


Inglaterra. Na França foi em 1862, com a regulamentação da segurança e higiene do
trabalho. Em 1865, na Alemanha, e em 1921 nos Estados Unidos (CAMPOS, 2001).

Já no século XX, em parte decorrente do desenvolvimento da administração científica, a


preocupação com os acidentes do trabalho passou a ser incorporada pelos gestores dos
estabelecimentos industriais, que lançaram mão de técnicas de engenharia para a criação
de sistemas de prevenção ou controle de infortúnios, tais como equipamentos de
proteção individual, sistema de ventilação industrial, etc.

No Brasil, durante os primeiros três séculos de nossa história, as atividades industriais


ficaram restritas aos engenhos de açúcar e à mineração. 1ª Fábrica: Em 1840 surgiram
os primeiros estabelecimentos fabris no Brasil. A primeira máquina a vapor surgiu em
1785 na Inglaterra, enquanto no Brasil surgiu em 1869 na Província de São Paulo, numa
fábrica de tecidos de Itu, a Fábrica São Luiz. Portanto, 84 anos depois.

Em 1890 é criado pelo governo o Conselho de Saúde Pública, que começava


timidamente a legislar sobre as condições de trabalho no Brasil, que já começavam a
preocupar.

No entanto, desde o fim do Império até o ano de 1930, a organização capitalista


brasileira era praticamente agroexportadora, especialmente de café. A partir de 1930,
então, com uma política governamental de substituição das importações, portanto, com
145 anos de atraso em relação ao surgimento da primeira máquina a vapor no mundo,
iniciou-se a passagem do modelo agroexportador para a industrialização, o que se
consolidou nos anos 50.

1ª Lei Brasileira: Em 1919 surge a primeira lei de acidentes do trabalho, com o Decreto
Legislativo nº. 3.724, de 15 de janeiro, como ponto de partida da intervenção do Estado
nas condições de consumo da força de trabalho industrial em nosso país. Essa lei não
considera acidente de trabalho a doença profissional atípica (mesopatia). Exige
reparação apenas em caso de moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do
trabalho, quando este for de natureza a só por si causá-la . Institui o pagamento de
indenização proporcional à gravidade das seqüelas. Abre, então, a possibilidade de as
empresas contratarem o SAT, junto às seguradoras da iniciativa privada. O SAT ficaria
exclusivo da iniciativa privada até 1967, quando passou a ser prerrogativa da
Previdência Social, reforçando a obrigatoriedade do SAT, que até então estava sob a
responsabilidade de seguradoras privadas.

1º Médico do Trabalho: Em 1920 surge o primeiro médico de empresa brasileira,


quando a Fiação Maria Zélia, situada no bairro do Tatuapé, na Cidade de São Paulo,
contrata um médico para dar atenção à saúde dos seus trabalhadores (MIRANDA,
1998).

Como parte das reformas conduzidas por Carlos Chagas, em 1923, promulga-se o
Regulamento Sanitário Federal, que inclui as questões de higiene profissional e
industrial no âmbito da Saúde Pública, criando a Inspetoria de Higiene Industrial, órgão
regulamentador e fiscalizador das condições de trabalho.

O Decreto n. 19.433, de 26 de novembro de 1930, criou o Ministério do Trabalho,


Indústria e Comércio, passando as questões de saúde ocupacional para o domínio deste
ministério, ficando sob sua subordinação, até hoje, as ações de higiene e segurança do
trabalho.

Em 1934 surge a segunda lei de acidentes do trabalho, com o decreto nº. 24.637, de 10
de julho, que modificou a legislação anterior. É criada a Inspetoria de Higiene e
Segurança do Trabalho, que se transformaria ao longo dos anos em Serviço, em
Divisão, em Departamento, em Secretaria e, mais recentemente, novamente em
Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho. Amplia-se o conceito de doença
profissional, abrangendo um maior número de doenças até então não consideradas
relacionadas ao trabalho, mas que passam a sê-lo. É reconhecida como acidente do
trabalho a doença profissional atípica (mesopatia).

Vale registrar que em 1941 já foi criada a Associação Brasileira para Prevenção de
Acidentes ABPA, que é uma instituição não governamental, criada antes mesmo da
implantação da Consolidação das Leis do Trabalho.

O Decreto - Lei n. 5.452, de 1º de abril de 1943, aprovou a CLT, elaborada pelo


Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e que elaborou também o primeiro projeto
de Consolidação das Leis da Previdência Social. Foi com o advento da CLT, em 1943,
que no Brasil as atividades destinadas a prevenir acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais foram realmente institucionalizadas.

Em 1944 surge a terceira lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o Decreto Lei
7.036, de 10 de novembro, que, no seu artigo 82, reformou a legislação sobre o seguro
de acidentes do trabalho. Foi a primeira lei a tratar especificamente do assunto, quando
obrigou as empresas a organizarem comissões internas com o objetivo de prevenir
acidentes. Determinou que as empresas com mais de 100 funcionários constituíssem
uma comissão interna para representá-los, a fim de estimular o interesse pelas questões
de prevenção de acidentes.

Essa Comissão foi então regulamentada, pela primeira vez, pela Portaria 229, baixada
pelo então Departamento Nacional do Trabalho, de onde recebeu sua denominação
utilizada até hoje: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
Normalmente, as empresas que instalavam uma CIPA deixavam-na sob os cuidados do
Departamento de Pessoal ou da Assistência Social da empresa. O Serviço Social da
Indústria - SESI e a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes - ABPA
destacaram-se em colaborar com as empresas na instalação da CIPA e nos seus
primeiros passos.

Ainda sem grandes conhecimentos prevencionistas e quase sempre não bem orientadas,
as CIPAs cometiam sérios erros administrativos, como o de assumir toda a
responsabilidade pela prevenção de acidentes nas empresas, deixando gerentes e
supervisores comodamente fora da responsabilidade pela solução dos problemas de
segurança que existissem, o que era inconcebível, pois hoje se sabe que uma política de
segurança séria deve ter o envolvimento não só da CIPA ou do SESMT, mas de toda a
empresa, inclusive do seu alto escalão.

Como era mais difícil atuar na solução de problemas de segurança nas áreas de trabalho,
pois não havia envolvimento da alta direção das empresas, as CIPAs dedicavam-se mais
a alguns tipos de treinamento que existiam na época e a divulgar o assunto entre os
trabalhadores, por exemplo, por ocasião das palestras de integração de novos
empregados, realizando concursos, caixa de sugestões e outros recursos propostos pela
sua regulamentação.

Por isso, embora cometendo alguns erros, a CIPA tem o mérito de ter sido pioneira na
integração de novos empregados no trabalho e de levar os empregados a fazerem
sugestões para melhoria das condições de trabalho, mesmo várias dessas sugestões
fugindo de sua alçada pela dificuldade de acesso às decisões ocorridas na cúpula das
empresas.

Foi com a atuação da CIPA, embora incipiente, que muitas empresas perceberam a
importância da prevenção de acidentes, notadamente quando visualizavam a
possibilidade de ganhos de produtividade e eliminação de perdas. Sentiram a
necessidade de ampliar as ações preventivas de acidentes, criando a função do inspetor
de segurança, que foi o primeiro profissional com tempo integral nas empresas que se
dedicava à segurança do trabalho.

Porém, muitos desses profissionais começaram a trabalhar na esteira da CIPA, ou seja,


cometendo o mesmo erro de assumir toda a responsabilidade pela segurança do
trabalho. Mesmo assim, as CIPAs que tiveram melhor sucesso foram aquelas cujas
empresas contrataram um inspetor de segurança ou instalaram uma seção de segurança,
dando grande impulso às atividades prevencionistas.

Em 1944, o empregador fica obrigado a proporcionar máxima higiene e segurança no


ambiente de trabalho.

Nos anos 50, com a instalação de fábricas de automóveis e o uso intenso da eletricidade,
Álvaro Zochio foi o grande líder em segurança no Brasil. Em 1965, surgiu a primeira
estatística de acidentes, quando se viu que se gastava mais com acidentes do que
arrecadava. A prevenção então passou a ser a ordem do dia.

Em 1953, a Portaria nº. 155 regulamenta a atuação das Comissões Internas de


Prevenção de Acidentes (CIPA) no Brasil.
Em 1967 surgiu a quarta lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o Decreto-Lei nº.
293, de 28 de fevereiro. Teve curta duração, porque foi totalmente revogada pela Lei nº.
5.316, de 14 de setembro do mesmo ano. Integrou o seguro de acidentes do trabalho na
Previdência Social, retirando-o da iniciativa privada.

A Lei nº. 5.316, de 14 de setembro de 1967, foi a quinta lei de acidentes do trabalho no
Brasil. Restringiu o conceito de doença do trabalho, excluindo as doenças degenerativas
e as inerentes a grupos etários. O Decreto nº. 61.784, de 28 de novembro de 1967,
aprovou o novo Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho.

Em 1967, as principais alterações na legislação acidentária brasileira foram: o SAT


passou a ser prerrogativa da Previdência Social, ou seja, passou a ser estatal, reforçando
a obrigatoriedade do SAT por parte das empresas, o qual até então estava sob a
responsabilidade de seguradoras privadas; introduziu o conceito de acidente de trajeto;
promoveu a prevenção de acidentes e reabilitação profissional.

O Decreto Lei n. 564, de 1o de maio de 1969, estendeu a Previdência Social ao


trabalhador rural.

A rigor, o início das ações de Governo, a respeito de Segurança e Saúde no Trabalho,


surgiu no Brasil a partir de 1970, sob pressão do Banco Mundial, pois o Brasil possuía
mais de 1 milhão de acidentes por ano. E como exigência para concessão de novos
empréstimos, o governo Médici começou a criar leis de segurança e saúde do trabalho.

O Decreto n. 69.014, de 4 de agosto de 1971, estruturou o Ministério do Trabalho e


Previdência Social MTPS.

A Lei n. 5.890, de 11 de dezembro de 1972, incluiu os empregados domésticos na


Previdência Social.

Por volta de 1974, com o fim do período de expansão econômica e iniciada a abertura
política lenta e gradual, novos atores surgem na cena política (movimento sindical,
profissionais e intelectuais da saúde, etc.), questionando a política social e as demais
políticas governamentais. Neste ano, duas medidas muito importantes acontecem no
campo da saúde: a implementação do Plano de Pronta Ação PPA, com diversas medidas
e instrumentos que ampliariam ainda mais a contratação de serviços médicos privados,
antes de responsabilidade da Previdência Social; e a criação do Fundo de Apoio ao
desenvolvimento Social FAS, destinado a financiar subsidiariamente o investimento
fixo de setores sociais (BRAGA & PAULA, in ANDRADE, 2001).

Em 1974, a Lei n. 6.195, de 19 de dezembro, estendeu a cobertura especial dos


acidentes do trabalho ao trabalhador rural.

Em 1976, 1,25% do FAS fica destinado à prevenção de acidentes. Surge a sexta lei de
acidentes do trabalho, com a Lei n. 6.367, de 19 de outubro de 1976, que amplia a
cobertura previdenciária de acidente de trabalho, e o Decreto n. 79.037, de 24 de
dezembro de 1976, que aprova o novo Regulamento do Seguro de Acidentes do
Trabalho. Ficam sem proteção especial contra acidentes do trabalho o empregador
doméstico e os presidiários que exercem trabalho não remunerado. Além disso, a lei
identifica a doença profissional e a doença do trabalho como expressões sinônimas,
equiparando-as a acidente do trabalho somente quando constantes da relação organizada
pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.

A Lei. n. 6.439, de 1o de setembro de 1977, instituiu o Sistema Nacional de Previdência


e Assistência Social SINPAS, orientado, coordenado e controlado pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social, responsável pela proposição da política de previdência
e assistência médica, farmacêutica e social, bem como pela supervisão dos órgãos que
lhe são subordinados e das entidades a ele vinculadas.

Em 1977, a Lei n. 6.514, de 22 de dezembro, deu redação ao artigo 200 da CLT,


dizendo que o Ministro de Estado do Trabalho estabeleceria disposições
complementares às normas consolidadas, para dar cumprimento às disposições relativas
à segurança e saúde no trabalho. Para tanto, o Ministro de Estado do Trabalho expediu
portaria com as normas regulamentadoras. Essa lei altera o capítulo V do título II da
CLT, relativo à segurança e medicina do trabalho. O artigo 163 torna obrigatória a
constituição de CIPA, de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho.

Em 1978, a Portaria 3.214, de 8 de junho, aprova as Normas Regulamentadoras NR (28


ao todo) do capítulo V do título II da CLT, relativas à segurança e medicina do trabalho.

Entre as NRs consta a NR-4, que trata de Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho SESMT, e a NR-5, que trata de CIPA, do seu
dimensionamento, de suas atribuições e do seu funcionamento.

Embora não sendo obrigatório por lei até o início da década de 70, as seções de
segurança do trabalho e seus profissionais foram adotados espontaneamente por
algumas empresas. Nessa década foram criados, por força de lei, os atuais Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SESMT, e
reconhecidos os seus profissionais. Isto veio consagrar a iniciativa de muitas empresas e
valorizar os profissionais que já vinham se dedicando à prevenção de acidentes e
doenças ocupacionais.

Na opinião de alguns profissionais de segurança e medicina do trabalho, e com o qual


concordamos, a lei que criou o SESMT foi o divisor de águas entre o ontem e o hoje das
atividades destinadas à segurança e saúde no trabalho em nossa terra.

Com a globalização, o Brasil, não por opção própria, mas por não poder se omitir junto
aos seus parceiros comerciais externos, abre suas portas a esse movimento imperioso de
competição internacional, onde a ênfase dada à segurança e saúde do trabalho é muito
grande.

Pouco antes disso, o Brasil, inicialmente através das empresas multinacionais e depois
das empresas nacionais, entra na era da qualidade, com a apresentação da Teoria Z , da
formação dos CCQ Círculos de Controle de Qualidade e das séries de normas para
certificação ISO.

Esse momento histórico causou incertezas à prevenção de acidentes e doenças


ocupacionais, pois não se sabia se se aproveitava a oportunidade ou se se tratava apenas
de mais um modismo. A estabilização da economia brasileira, através do controle da
inflação, foi definitiva para que as empresas de médio e grande porte, impulsionadas
pela necessidade de diminuir seus custos, aderissem à segurança e saúde do trabalho,
conscientizando-se de que isso fazia parte do processo produtivo e não era um apêndice
indesejável no interior das empresas (PIZA, Conhecendo e eliminando riscos no
trabalho, 1997).

Em 1983, a Portaria nº. 33 altera a NR-5, introduzindo a observância dos riscos


ambientais.

Em 1988, a Portaria nº. 3.067, de 12 de abril, aprova as Normas Regulamentadoras


Rurais NRR (5 ao todo), relativas à segurança e higiene do trabalho rural.

Em 1991, a Lei nº. 8.213, de 24 de junho expede o Regulamento dos Benefícios da


Previdência Social.

Em 1992, o Decreto-Lei nº. 611, de 21 de julho, da Presidência da República, de acordo


com a Lei nº. 8.213, dá nova redação ao Regulamento dos Benefícios da Previdência
Social. A empresa é responsável por medidas individuais e coletivas de proteção, sendo
contravenção penal, punível com multa, a empresa deixar de cumprir as normas de
segurança e higiene do trabalho (artigo 173), bem como negligenciar as normas-padrão
de segurança e higiene do trabalho, indicadas para a proteção individual e coletiva dos
trabalhadores. O INSS tem o direito de promover ações regressivas contra empresas ou
pessoas que, pela não observância das normas de segurança, sejam responsáveis por
acidentes e doenças do trabalho que venham a gerar dispêndios para o INSS (artigo
176). É assegurada a estabilidade no emprego ao acidentado por um período mínimo de
12 meses após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente do
percebimento de auxílio-acidente (artigo 169).

O governo, através do Ministério do Trabalho, visando atender às convenções da OIT,


passou a revisar as Normas Regulamentadoras que foram editadas a partir de 1978,
propondo-se a revolucionar a área de segurança e saúde do trabalho com discussões de
forma tripartite com representantes dos empregados, empregadores e governo.

Com o surgimento da Qualidade do Produto, da era da globalização e da estabilização


econômica, a área de segurança e saúde do trabalho passou por uma revisão das normas
regulamentadoras. O início dessa revolução se deu com o advento da NR-7, que trata do
Programa de Controle Médio de Saúde Ocupacional, e da NR-9, que trata do Programa
de prevenção de Riscos Ambientais, normas estas que foram editadas em dezembro de
1994.

Em 1994, pela Portaria nº. 5, de 8 de abril, é feita nova alteração na NR-5, com a
implantação das metodologias do mapeamento de riscos e da árvore de causas. Essa
alteração da NR-5 resultou da primeira experiência brasileira de um trabalho tripartite,
onde uma comissão formada por representantes do governo, empregadores e
trabalhadores se sentaram à mesa para propor alterações nas normas regulamentadoras.
No entanto, essa alteração não chegou a se concretizar, pois o Ministério do Trabalho
optou por novas rodadas de negociações (CAMPOS, 2001).

Mas foi principalmente com a publicação da Portaria 393/96, de 09 de abril de 1996,


que se desencadeou um processo moderno de prevenção de acidentes e doenças e
implantação de programas de eliminação de riscos nos ambientes de trabalho. Essa
portaria, corriqueiramente chamada de NR-Zero, estabelece metodologia para
elaboração de novas Normas Regulamentadoras e revisão das existentes. O princípio
deste trabalho é a utilização de um sistema tripartite de discussão, compreendendo a
formação de uma CTPP -Comissão Tripartite Paritária Permanente, com 6
representantes dos trabalhadores, 6 dos empregadores e 6 do governo. Todas as normas,
a partir de então, são discutidas a partir desta CTPP. No entanto, mesmo antes da
publicação desta norma, quando da revisão da NR-18, ocorrida a partir de 10 de junho
de 1994, foi criada, em 1995, uma comissão tripartite e paritária para conclusão da
revisão da NR-18. Este fato contribuiu para a publicação da NR-Zero.

Em 1997, o Decreto nº. 2.172, de 5 de março, da Presidência da República, aprova o


Regulamento de Benefícios da Previdência Social, de acordo com a Lei nº. 8.213.
Mantém basicamente o texto do Decreto-Lei nº. 611, de 21 de julho de 1992. Estabelece
que a empresa deve elaborar e manter atualizado um perfil profissiográfico das
atividades desenvolvidas pelo trabalhador e, quando da rescisão de contrato, a empresa
deverá fornecer ao trabalhador cópia autenticada deste documento (parágrafo 5º. do
artigo 66). A empresa está sujeita a penalidades, caso assim não o proceda.

Em 1997, através da Portaria nº. 53, de 17 de dezembro, é aprovada a NR-29, que trata
de segurança e saúde do trabalho portuário.

Em 1998, o parágrafo 100 do art. 201, com redação dada pela Emenda Constitucional
n0 20, estabelece que a lei disciplinará a cobertura do acidente do trabalho, a ser
atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado .

Portanto, em 1998 iniciou-se, pelo menos teoricamente, o terceiro período da Legislação


Brasileira relativo ao SAT Seguro de Acidentes do Trabalho. O primeiro período, o
período de responsabilidade da iniciativa privada, iniciou-se em 1919 com a criação do
SAT e foi até 1967, quando o SAT passou a ser de responsabilidade estatal. De 1967 até
1998 ocorreu o segundo período, quando a cobertura do acidente do trabalho seria
atendida unicamente pelo Estado. Em 1998 estabeleceu-se um regime misto
concorrencial, necessitando de regulamentação pelo Congresso Nacional, o que até hoje
não foi feito. Permanece, assim, uma única seguradora de acidentes do trabalho: o
INSS.

Independentemente se ficará com o setor privado, estatal ou será um misto dos dois
regimes, o certo é que as empresas continuarão com a obrigatoriedade do SAT. Outra
discussão a ser feita é se continuará um SAT indenizatório tão somente, uma seja, como
uma compensação financeira, ou se haverá incentivos ou mesmo isenção para as
empresas que conseguirem a redução dos acidentes do trabalho.

Em 1998, a Lei nº. 9.732, de 1 de dezembro, da Presidência da República, altera os


dispositivos das Leis nº. 8.212/91 e 8.213/91, que dispõem, respectivamente, sobre
organização da seguridade social, notadamente custeio, e sobre benefícios da
Previdência Social. Assim, as empresas que oferecem maior risco de exposição ao
trabalhador a agentes nocivos terão de pagar um prêmio mais alto.

Em 1998, a Portaria nº. 8, de 23 de fevereiro, da SSST, altera a NR-5, mudando bastante


a antiga redação.
Em 1999, através da Portaria nº. 5.051, de 26 de fevereiro, é aprovado o novo
formulário de CAT.

Em fevereiro de 1999, a ABNT edita a norma NBR-14.280 cadastro de acidentes de


trabalho: procedimento e classificação, em substituição à NB-18 cadastro de acidentes,
de 1975. Estabelece uma nítida diferença entre acidente e lesão e entre acidente e
acidentado.

Em 7 de abril de 2000 é publicada no Diário Oficial da União a proposta de alteração da


NR-4. Até julho de 2001, o grupo tripartite continua a discutir essa alteração.

Em 2000, através do Decreto nº. 3.597, de 12 de setembro, da Presidência da República,


são promulgadas a convenção 182 e a Recomendação 190 da OIT, sobre proibição das
piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação, que foram
concluídas em Genebra, na Suiça, em 17 de junho de 1999.

Em 2000, através da Resolução nº. 176, de 24 de outubro, da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, é publicada a Orientação Técnica sobre
Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em Ambientes Climatizados
Artificialmente de Uso Público e Coletivo .

Em 2001, através da Instrução Normativa nº. 42, de 22 de janeiro, do INSS, são


disciplinados procedimentos a serem adotados quanto ao enquadramento, conversão e
comprovação do exercício de atividade especial, ou seja, sobre aposentadoria especial.

Em 2001, através da Portaria nº. 6, de 5 de fevereiro, da Secretaria de Inspeção do


trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, é estabelecida a proibição do trabalho
do menor de 18 anos nas atividades constantes do anexo dessa Portaria.

Em 16 de maio de 2001, o Ministério da Saúde, através do Gabinete do Ministro, edita a


Portaria No. 737/GM, que trata da Política Nacional De Redução da Morbimortalidade
por Acidentes e Violências, a ser seguida pelo setor de saúde.

A história da proteção legal ao trabalhador contra acidentes e doenças ocupacionais no


Brasil é mais recente, isto é, em comparação aos países mais desenvolvidos, que
possuem uma trajetória de industrialização que se iniciou muito antes que no Brasil. Na
verdade, no Brasil, ela vem se desenvolvendo ao longo dos últimos cinqüenta anos e
num ritmo acelerado, em resposta à necessidade urgente de diminuição das estatísticas,
que são uma verdadeira tragédia nacional.

1.3 TERMOS E DEFINIÇÕES

Acidentes ocorrem desde tempos imemoriais, e as pessoas têm se envolvido, tendo em


vista a sua prevenção por períodos comparavelmente extensos. Lamentavelmente,
apesar de o assunto ter sido discutido continuamente, a terminologia relacionada ainda
carece de clareza e precisão. Do ponto de vista técnico, é particularmente frustrante tal
condição, pois da mesma resultam desvios e vícios de comunicação e compreensão, que
podem se adicionar às dificuldades, na resolução de problemas. Qualquer discussão
sobre riscos ou análise de riscos deve ser precedida de uma explicação da terminologia,
seu sentido preciso e inter-relacionamento (HAMMER in PIZA, 1998).

Essa colocação nos faz refletir e torna necessária a definição de uma terminologia
consistente, que não deixe dúvidas quanto aos termos empregados. Os termos (e sua
explicação) que foram considerados importantes para este trabalho são:

ACIDENTE SEM AFASTAMENTO: é o acidente em que o acidentado pode exercer


sua função normal, no mesmo dia do acidente ou no dia seguinte, no horário
regulamentar.

ACIDENTE COM AFASTAMENTO: é o acidente em que o acidentado sofre uma


incapacidade temporária ou permanente que o impossibilita de retornar ao trabalho no
mesmo dia ou no dia seguinte ao acontecido. Pode até mesmo ocorrer a morte do
trabalhador.

ACIDENTE DE TRAJETO: é aquele que ocorre no percurso da residência para o local


de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
veículo de propriedade do segurado. É equiparado ao acidente do trabalho, conforme
art. 21 da Lei 8.213/91.

APOSENTADORIA ESPECIAL: aposentadoria devida a alguns empregados,


dependendo da exposição a agentes de riscos fora do limite de tolerância.

ATO INSEGURO: é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes que,


conforme a escola, possui definições diferentes, porém com o mesmo significado.
Entendem-se como atos inseguros todos os procedimentos do homem que contrariem as
normas de prevenção de acidentes. As atitudes contrárias aos procedimentos e/ou às
normas de segurança que o homem assume podem ou não ser deliberadas.
Normalmente, quando essas atitudes não são propositais, o homem deve estar sendo
impelido por problemas psicossociais.

Atualmente, o termo ato inseguro, em investigações de acidentes, não é mais utilizado.


Os profissionais preferem descrever o ato inseguro cometido, o que facilita em muito a
análise dos acidentes, aos invés de generalizá-lo.

Exemplos de atos inseguros: não seguir normas de segurança, não inspecionar máquinas
e equipamentos com que vai trabalhar, usar caixotes como escada, não usar E.P.I.
(Equipamentos de Proteção Individual), fazer brincadeiras ou exibição, ingerir bebidas
alcoólicas antes ou durante o trabalho, etc.

CAUSA: é a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento


catastrófico (acidente) pela materialização de um risco, resultando danos. (PIZA, 1998).

COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO - CAT: conforme a Lei


8.213/91, é um documento obrigatório, que deve ser preenchido quando da ocorrência
de um acidente do trabalho ou de uma doença ocupacional, mesmo no caso em que não
haja afastamento do trabalho, devendo ser encaminhado à Previdência Social e se
destina ao registro do tratamento médico do acidentado, bem como para fins estatísticos
oficiais. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o
primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à
autoridade competente, sob pena de multa. Na falta de comunicação por parte da
empresa, podem formalizá-lo o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade
sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não
prevalecendo nestes casos o prazo acima previsto. Considera-se como dia do acidente,
no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade
laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória,
ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer
primeiro. A CAT é composta por 6 vias (de acordo com pesquisa na INTERNET, site:
http://www.mpas.gov.br , arquivo capturado em 06 de maio de 2001), sendo:

1 via para o Empregado

1 via para a Empresa

1 via para o Sindicato da categoria

3 vias para o INSS; 1 retida para o INSS

1 enviada pelo INSS para o Ministério do Trabalho

1 enviada pelo INSS para o Ministério da Saúde

Com base nos dados fornecidos pela CAT, o INSS faz a caracterização do acidente do
trabalho ou doença ocupacional ou acidente de trajeto.

Os procedimentos para emissão da CAT variam conforme as instruções de cada posto


da Previdência Social.

CONDIÇÕES DE TRABALHO: são as circunstâncias postas à disposição dos


trabalhadores para a realização de suas atividades laborais, representadas pelo meio
ambiente existente, máquinas e equipamentos, processos produtivos desenvolvidos, bem
como treinamentos específicos recebidos. Normalmente são classificados em:

Condições de segurança: quando as situações em que os trabalhos são realizados estão


livres da probabilidade da ocorrência de acidentes;

Condições de insegurança ou condições inseguras: quando as circunstâncias externas de


que dependem as pessoas para realizar seu trabalho são incompatíveis com ou contrárias
às Normas de Segurança e Prevenção de Acidentes. Exemplos: piso escorregadio,
instalações elétricas precárias, iluminação inadequada, falta de ordem e limpeza, etc.

Como essas condições estão nos locais de trabalho, podemos deduzir que foram
instaladas por decisão e/ou mau comportamento de pessoas que permitiram o
desenvolvimento de situações de risco àqueles que lá executavam suas atividades.
Conclui-se, portanto, que as Condições Inseguras existentes são, via de regra, geradas
por problemas comportamentais do homem, independente do seu nível hierárquico
dentro da empresa (PIZA, Informações básicas sobre saúde e segurança no trabalho,
1997).
DANO: é a severidade da lesão, ou perda física, funcional ou econômica, que podem
resultar se o controle sobre um risco é perdido. (PIZA, 1998).

DOENÇA OCUPACIONAL: doença adquirida, produzida ou desencadeada pelo


exercício do trabalho. Pode ser uma doença profissional ou uma doença do trabalho.
Possui como característica uma ação lenta e paulatina, diferentemente do acidente do
trabalho, que é um infortúnio com conseqüências imediatas. Por força da legislação, são
equiparados.

DOENÇA PROFISSIONAL: equiparada ao acidente do trabalho que, conforme


explicita o Inciso I do Artigo 20, da Lei 8.213/91, é produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social . Exemplos: PAIR (Perda
Auditiva Induzida pelo Ruído), LER (Lesão por Esforços Repetitivos), DORT (Doença
Osteomuscular Relativa ao Trabalho), Asbestose, Silicose, Bissinose, etc.

DOENÇA DO TRABALHO: o Inciso II do artigo 20, da Lei 8.213/91, define como


sendo aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I .

ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO: é a ciência dedicada à


preservação da integridade física e da saúde do trabalhador realizando a prevenção de
acidentes através da análise de riscos dos locais de trabalho e das operações neles
realizadas. A sua atuação é na prevenção de acidentes do trabalho. E de sua
competência, por exemplo, quantificar os agentes existentes no ambiente de trabalho
que servirá para subsidiar o estudo do risco a que se expõem os trabalhadores.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA ACIDENTES: representam todos os


dispositivos empregados com a finalidade de se evitar a ocorrência de acidentes do
trabalho ou minimizar os seus efeitos.

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