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Gil Vicente Farsa de Inês Pereira

Contextualização Contextualização

CONTEXTUALIZAR 1. Evidencie a informação textual que permite caracterizar Portugal, de forma evolu-
tiva, ao longo dos reinados em que viveu Gil Vicente, relativa à:

Leia a informação seguinte e proceda depois à leitura · situação política e social interna;
do texto sobre o dramaturgo português Gil Vicente. · supremacia de Portugal no mundo.
Tendo como datas possíveis de nascimento e 2. Avalie a importância da proximidade do dramaturgo ao poder real para a concreti-
morte, respetivamente, 1465 e 1536, Gil Vicente situa- zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.
-se num período de transição entre as eras medieval
3. Proponha uma legenda para a imagem da página anterior, fundamentando.
e renascentista. Assim, é provável que a sua obra
reflita especificidades de uma e de outra época. Se,
por um lado, apresenta aspetos medievais, nomea-
A Farsa de Inês Pereira é uma das obras vicentinas em estudo e é comummente consi-
damente, no que se refere à forma e a certos temas, derada a farsa mais desenvolvida e mais elaborada de Gil Vicente, em virtude quer do
sobretudo ligados à preponderância da religião na enredo quer da estrutura, conforme se verifica pela leitura do seguinte texto.
vida do ser humano, por outro lado, apresenta uma
visão crítica da sociedade e uma consciência dos
problemas sociais característicos da época renas- TEXTO B
centista. Farsa de Inês Pereira
PROFESSOR
TEXTO A Veja-se ainda o caso de Inês Pereira. Tida como a farsa mais trabalhada do PROFESSOR
Gil Vicente – a época autor, nela se verifica, desde logo, um invulgar desenvolvimento narrativo: Inês
PowerPoint® aparece-nos, no início, como uma rapariga do povo que aspira ao casamento, 2. O dramaturgo valeu-se
Gil Vicente – Vida e obra Gil Vicente nasceu no reinado de D. Afonso V […] e faleceu entre 1536 e 1540. da sua proximidade ao poder
vendo nele uma forma de emancipação. Deseja obstinadamente um marido de real para certas críticas
PowerPoint® Testemunhou, portanto, as lutas políticas do reinado de D. João II, a descoberta 5 maneiras corteses, que saiba cantar e dedilhar viola. Num primeiro momento, é audaciosas, presentes na sua
Gil Vicente – obra, relativas aos vícios
da costa africana, a chegada de Vasco da Gama à Índia, […] a transformação de vítima das suas próprias ilusões, sendo enganada por dois judeus casamenteiros
Contextualização de classes superiores (clero
histórico-literária Lisboa no cais mundial da pimenta, o fausto reinado de D. Manuel, a construção que lhe vendem o produto por que tanto anseia: um Escudeiro hipócrita que a e nobreza).
5 dos Jerónimos, do convento de Tomar e de outros monumentos, as perseguições seduz com falas mansas para, logo após o casamento, se transformar em marido 3. Resposta de caráter pessoal.
Leitura / Ed. Literária
7.2; 7.5; 8.1; 14.3; 14.4; sangrentas aos cristãos-novos e, finalmente, os começos da crise do reinado de autoritário, subtraindo-lhe ironicamente a pouca liberdade de que desfrutava em
16.1 D. João III, que trouxe a Inquisição [e] a Companhia de Jesus […]. Viveu justa- Texto B
10 solteira.
Texto A 1. Inês será duplamente
mente na época do reforço do poder real absoluto, instrumento da alta nobreza Se o enredo farsesco se concluísse neste ponto, estaríamos perante uma farsa enganada: primeiro pelos
1.
· Internamente, verificaram-se,
que ocupava as principais posições nos exércitos, na administração e no comér- simples (monopolar) que reproduziria apenas a história de um engano exemplar. judeus casamenteiros que
se servem do seu grande
ao longo dos reinados em que 10 cio coloniais, e na da decadência correlativa da influência política e cultural da Mas a história continua, dando azo a que a enganada se transforme, por sua vez, interesse em encontrar
viveu o autor, diversas crises
ou situações problemáticas
burguesia que fizera a revolução de 1383. […] Inspira-o o espírito crítico e realista em enganadora. Depois de ficar viúva (o Escudeiro Brás da Mata morre em Mar- um “marido de maneiras
corteses, que saiba cantar
para o país ou para o povo − característico da burguesia e a alegria de um povo que pouco antes de 1450 parecia 15 rocos onde tinha ido com o intuito de se fazer cavaleiro, deixando sua mulher e dedilhar viola” (ll. 4-5);
as lutas políticas do reinado
de D. João II, as perseguições
ter atingido a sua plenitude harmónica, mas entra bem dentro da fase em que esta “singela”), Inês aceita agora casar com um lavrador beirão (que antes recusara por posteriormente, será esse
marido pretendido,
aos judeus e cristãos-novos, plenitude cede o lugar […] à apatia política de uma população que se deixa subjugar lhe parecer “parvo”). Acima de tudo, o novo marido encarna, na perfeição, o papel um “Escudeiro hipócrita”
assim como a introdução
da Inquisição em Portugal
15 pela aristocracia feudal e clerical e ao apagamento progressivo da consciência na- de ingénuo, dispondo-se a cumprir todos os caprichos da mulher. A cena final (l. 7), que a subjugará,
oprimindo a sua vontade
no reinado de D. João III. cional, que tornará possível a perda da nacionalidade em 1580. é emblemática: Pero Marques, com sua mulher, atravessam um ribeiro; Inês tem e a sua pouca liberdade.
Simultaneamente, verificava-
-se uma crescente apatia do
[…] O certo é que durante cerca de trinta e cinco anos, o nosso autor foi nas 20 encontro erótico marcado com um ermitão e, para que a água fria lhe não afete 2. Inês, após ter sido enganada
povo que contrastava com cortes de D. Manuel I e D. João III uma espécie de organizador encartado dos es- por um homem de modos
a fertilidade, o rústico carrega-a às costas, ao mesmo tempo que, dócil e ingenua- corteses, vendo-se livre
a atitude descrita por Fernão
Lopes na Crónica de D João I,
petáculos palacianos. […] mente, participa no refrão da cantiga entoada pela esposa, enfim realizada nos das amarras do casamento
relativa à crise de 1383-1385. É certo também que alcançou nas cortes de D. Manuel e D. João uma situação por morte deste, passa
20
seus anseios de mulher: “marido cuco me levades […] Assi se fazem as cousas”. de “enganada” a “enganadora”;
· No mundo quinhentista,
Portugal, por via
de prestígio e talvez de valimento que lhe permitiu certas liberdades e audácias, casa com Pero Marques
José Augusto Cardoso Bernardes, Gil Vicente, Coimbra, Edições 70, 2008, pp. 44-45.
da importância dos aliás acordes com o ambiente intelectual renovador e agitado do primeiro terço do e serve-se da sua ingenuidade
Descobrimentos, ganhava para, “maliciosamente”,
prestígio, a ponto de Lisboa
século XVI a que o nosso país não escapou. […] o convencer a levá-la até junto
se tornar num importante Gil Vicente soube aproveitar a sua situação na corte para uma crítica atrevi- 1. A obstinação de Inês em casar com um homem cortês acarreta consequências gra- do ermitão, cumprindo os seus
porto mundial. Internamente, caprichos de mulher.
25 díssima de diversos vícios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. vosas para a personagem. Enuncie-as.
essa importância traduziu-se 3. A crítica social e ao
na construção de diversos Mas fazia-o aparente ou realmente de acordo com o rei. comportamento de alguns
monumentos − o Mosteiro dos 2. Demonstre, a partir da leitura do segundo parágrafo, a evolução no comportamen- tipos sociais (o Escudeiro
Jerónimos, por exemplo −, António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, to da personagem Inês. e os judeus casamenteiros);
assim como num estilo de vida Lisboa, Dinalivro, ed. revista, 1988, pp. 9-12. o adultério.
luxuoso e faustoso da corte. 3. Infira dois eixos temáticos da Farsa de Inês Pereira, a partir da leitura do texto.

102 103
Lexicologia: arcaísmos e neologismos
N DE
RE R
APRENDER
AP

ICA APLICAR
G RA M Á T Na Farsa de Inês Pereira aparecem termos cuja frequência de utilização atual é nula 1. Considere os seguintes versos de uma cantiga de amigo da autoria de Dom Dinis.
R
APL ICA ou reduzida. Isto acontece porque a língua está em constante evolução: umas pa- Levantou-s’a velida
lavras modificam-se; outras caem em desuso, tomando o nome de ARCAÍSMOS. Levantou-s’alva,
Observem-se, a este propósito, as palavras sublinhadas nas seguintes frases retiradas da E vai lavar camisas
obra em estudo de Gil Vicente.
1.1 Evidencie os termos que atualmente constituem arcaísmos.
a. “O demo, e não pode al ser..." ('outra coisa') 1.2 Reescreva os versos, substituindo os termos identificados em 1.1 por termos atuais
b. "E rogo-vos como amiga, que samicas vos sereis." ('talvez', 'porventura') que lhes correspondam.

c. "e ficamos dous éreos" ('herdeiros') 2. Releia agora estes versos da Farsa de Inês Pereira. (vv. 194-199)

Lia. Nesta carta que aqui vem Inês Mostrai-ma cá, quero ver.
Por outro lado, a evolução (como a que se observava nas áreas científica, política pera vós, filha, d'amores, Lia. Tomai. E sabedes vós ler?
e tecnológica) faz surgir novas palavras (ou novos usos), recebendo essas estru- veredes vós, minhas flores,
turas a designação de NEOLOGISMOS. a descrição que ele tem.

1. Podem formar-se através da criação de um termo novo, pela exploração de recur- 2.1 Reescreva-os, substituindo as formas verbais arcaicas aí presentes pelas corres-
sos já existentes na língua. É o caso das palavras sublinhadas: pondentes atuais.

"Eurocéticos não perturbarão o Parlamento Europeu" 3. Leia atentamente os seguintes trechos.


[…] José María Gil-Robles falou ao DN sobre as suas expectativas em relação às eleições A.
europeias. Desvaloriza o impacto que um elevado número de eurodeputados eurocéticos,
populistas e extremistas possa vir a ter no funcionamento da eurocâmara. O primeiro-ministro assegurou hoje que o programa de assistência está encerrado,
DN, edição online (acedido em junho de 2014).
estando a ser negociada com a "troika" a forma de ultrapassar a alteração ditada pelo
acórdão do Tribunal Constitucional, para que seja entregue a última "tranche" da ajuda
financeira.
Nalguns casos, estes neologismos são criados por escritores, com intenções ex- DN, edição online (acedido em junho de 2014).
pressivas e estilísticas. Vejam-se os seguintes excertos:
B.
“Mas, para espantação e reza, meu pai golfinhou-se entre as ondas…”
“[…] um esticão na linha me indicava a presença de um peixe namordiscando o anzol…” Os astrónomos descobriram um planeta rochoso que pesa 17 vezes mais do que a Terra
e tem o dobro do tamanho e estão agora a braços com o desafio de explicar como se terá
Mia Couto, Mar me quer, 13.a ed., Lisboa, Caminho, 2013. formado. […] Esta "mega-Terra" já era conhecida, mas ainda não tinha sido possível avaliar- PROFESSOR
-lhe o tamanho.
Gramática
Visão, edição online − 3 de junho de 2014 (acedido em junho de 2014).
2. Podem constituir-se através da atribuição de um novo significado a uma palavra já 19.1; 19.2

existente e sem que esta perca o sentido que já possuía (neologismo semântico). C. 1.1 e 1.2 “velida”: bela, formosa;
Isso é o que se observa nas palavras sublinhadas: “alva”: alvorada, madrugada.
As meninas passavam […]. Nós ficávamos no muro, olhos trincando as sombras femea- 2.1 “veredes”; “sabedes”;
meninas. Nosso futebol era ali, na mesa de matraquilhos do Bar Viriato. […] Era ali que vibra- vereis; sabeis.
Microsoft quer "ativar" Portugal e no Porto já há 18 vagas por preencher
3.1
vam as nossas multidões quando a pequena bola de madeira escorrecaía no buraco da baliza. A. “troika” e “tranche”:
Ativar Portugal é o nome e o objetivo da iniciativa da Microsoft que se propõe criar dois Mia Couto, “O dia em que fuzilaram o guarda-redes da minha equipa”, economia/política.
mil postos de trabalho até ao final do ano. O portal online arranca esta quarta-feira. […] in Cronicando, Lisboa, Caminho, 2006. B. “mega-Terra”: ciência/
astronomia.
Para muitos será uma oportunidade de começar do zero e acabar com um certificado reco- C. “femeameninas"
nhecido à escala mundial […]. Para outros, já com "diploma digital", a entrada no mercado 3.1 Faça o levantamento dos neologismos, em cada texto, indicando a área em que e "escorrecaía": literatura.
pode estar mais perto e o processo pode passar apenas pela colocação do currículo na aqui são usados. 3.2
A. "troika": entidade externa;
plataforma online. 3.2 Indique uma palavra ou expressão com significado equivalente ao dos vocábulos "tranche": prestação.
que destacou nos textos A. e B.. B. "mega-Terra": Terra gigante.
Jornalismo Porto Net (jpn), edição online (acedido em junho de 2014). 3.3 “femeameninas”: fêmea
3.3 Decomponha os neologismos do texto C., indicando as palavras que os originaram. e menina(s); “escorrecaía”:
escorria e caía.

116 117
CONSOLIDAR Os Lusíadas
PROFESSOR
Observe e leia os esquemas desta dupla página para obter uma visão global da epo-
peia camoniana.
PowerPoint®
Síntese da Unidade 5 NARRADORES
PowerPoint® OS LUSÍADAS
Galeria de imagens 5
O POETA (I, II, VI, VII, VIII, IX, X)
Epopeia
VASCO DA GAMA (III, IV, V)
Narrativa em verso destinada a celebrar feitos grandiosos de um herói, neste caso coletivo
PAULO DA GAMA (VIII)

ESTRUTURA INTERNA
FERNÃO VELOSO (VI, "Doze de Inglaterra")

Momento em que o poeta dá conta do seu


PROPOSIÇÃO (I, 1 a 3)
propósito ou intenção
IMAGINÁRIO ÉPICO
INTRODUÇÃO Pedido de inspiração endereçado às Tágides
INVOCAÇÃO (I, 4 e 5)
(existem outras invocações nos cantos III, VII e X)
Matéria Épica Sublimidade do canto Mitificação do herói
Oferta do poema a D. Sebastião,
DEDICATÓRIA (I, 6 a 18)
ainda futuro rei; termina com um apelo Divinização dos navegadores,
alcançada pela união com as
Feitos históricos e viagem Celebração de feitos grandiosos
Ninfas; estes atingem
a imortalidade
PLANO DA VIAGEM
DESENVOLVIMENTO NARRAÇÃO (I, 19 a X, 144) AÇÃO CENTRAL
(de Vasco da Gama à Índia)

10 cantos

Acompanha,
PLANO
Fragilidade da vida humana (I) em paralelo, 1102 estrofes
DOS DEUSES OU MITOLÓGICO
a ação central

Desprezo dos portugueses pelas ESTRUTURA EXTERNA Oitavas (estrofes de 8 versos)


artes (V) AÇÃO SECUNDÁRIA
PLANO DA
(encaixada
Verdadeiro valor da fama e da glória HISTÓRIA DE PORTUGAL Decassílabos (10 sílabas méatricas)
na ação central)
(VI)

Lamentações por ser vítima Rima cruzada e emparelhada


de vários infortúnios (VII) PLANO DAS REFLEXÕES (nos 6 primeiros e nos 2 últimos, respetivamente)
INTERDEPENDÊNCIA
DO POETA
As reflexões surgem
O vil poder do ouro, fonte de (sobretudo no fim dos cantos,
em consequência
corrupção e de perjúrio (VIII) o poeta tece considerações
de acontecimentos
sobre vários assuntos, como
relatados
se vê à esquerda)
Verdadeiras formas de alcançar anteriormente, e LINGUAGEM E ESTILO
a fama e o heroísmo (X) que suscitam as
considerações que
Retoma o tema do desprezo pela o poeta faz.
Combinação de uma língua culta latinizante com
arte e nova exortação ao rei (X) Estilisticamente, abundam perífrases e metonímias,
a língua tradicional, oral. A primeira é visível nos
metáforas, comparações, paralelismos, simetrias,
discursos onde predomina um vocabulário erudito,
personificações, antíteses, imagens dos campos
construções alatinadas, onde se inverte a ordem das
lexicais da natureza, da navegação e da ciência
palavras. A segunda verifica-se na utilização de uma
náutica, da guerra e das atividades bélicas,
linguagem oral, com recurso a aforismos, como "melhor
das cores e da visualidade.
Desencanto do poeta é merecê-los sem os ter, que possui-los sem os merecer."
CONCLUSÃO e exortação final a D. Sebastião
(X, 145-156)

270 271
VERIFICAR Os Lusíadas

Verifique as suas aprendizagens sobre a obra épica camoniana, resolvendo as tarefas 1.7 O episódio da Ilha dos Amores tem um caráter simbólico porque
propostas no seu caderno. [A] representa o mundo do maravilhoso.
1. Selecione a opção que completa corretamente cada afirmação. [B] ilustra a mitologia d’Os Lusíadas.

1.1 Camões terá tido como fonte(s) inspiradora(s) [C] remete para a recompensa dada aos nautas.

[A] as epopeias da Antiguidade e outros textos históricos anteriores. [D] sugere o mundo do onírico.

[B] a sua experiência pessoal, adquirida na viagem de Vasco da Gama. 2. Ordene as considerações do poeta, atendendo à sua disposição na epopeia.
[C] os relatos das experiências dos navegadores seus contemporâneos. [A] Reflexões acerca do desprezo a que os portugueses lançam a arte, em parti-
[D] a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. cular a poesia.
[B] Considerações acerca da fragilidade do ser humano e dos perigos a que este
1.2 Na epopeia camoniana verifica-se a existência de está sujeito.
[A] vários planos narrativos, com destaque para o dos deuses ou mitológico. [C] Lamentações do poeta por estar submetido a vários infortúnios e não ser reco-
[B] três planos narrativos e as reflexões do poeta, no final de alguns cantos. nhecido.
[C] duas ações, relativas aos deuses pagãos e aos deuses cristãos. [D] Comentários acerca da(s) forma(s) de obter a verdadeira glória e a fama, real-
[D] uma ação central, a da história de Portugal, e uma secundária, a do Poeta. çando o que não deve ser usado para as obter.
[E] Lamentos do poeta por cantar a gente “surda e endurecida”, dado não ser
1.3 Ao nível da estrutura externa, a obra apresenta
reconhecido, e exortação ao rei D. Sebastião para que erga de novo a nação,
[A] catorze cantos e estrofes de sete versos decassilábicos. concretizando novos feitos.
PROFESSOR
[B] oito cantos, com uma distribuição equitativa de estrofes. [F] Considerações sobre a forma de os humanos alcançarem a imortalidade, exor-
[C] dez cantos, com oitavas de dez sílabas métricas. tando à ação aqueles que querem ver os seus nomes imortalizados.

[D] quatro partes: proposição, invocação, dedicatória e reflexões. 3. Assinale, no seu caderno, as afirmações verdadeiras e falsas. Corrija as afirmações Teste interativo
Camões – Os Lusíadas
falsas.
1.4 No canto I surge(m)
a. A máquina do Mundo é revelada por Vasco da Gama aos marinheiros.
[A] o relato da viagem ao rei de Melinde e a intervenção dos deuses. Educação Literária
b. Os planos presentes em Os Lusíadas apresentam-se interligados. 14.3; 14.7; 15.1; 15.3
[B] a Proposição, a Invocação, a Dedicatória e o início da Narração.
c. A união entre as Ninfas e os nautas simboliza a imortalidade alcançada pelos seus 1.1 [A]
[C] a descrição da chegada a Calecute e a receção do rei de Melinde. 1.2 [B]
feitos. 1.3 [C]
[D] o Consílio dos deuses no Olimpo e o dos deuses marinhos. 1.4 [B]
d. Em Os Lusíadas, o poeta recorre unicamente à narração. 1.5 [D]
1.6 [C]
1.5 Os planos narrativos encontram-se organizados da seguinte forma: e. No canto VII, assiste-se a lamentações do poeta suscitadas pela evocação das suas 1.7 [C]
[A] plano dos deuses, com plano da viagem encaixado, seguido do plano da histó- vivências. 2. B – A – D – C – F – E
ria de Portugal. f. Camões revela alguma arrogância perante o rei D. Sebastião. 3.
a. F. É revelada por Tétis
[B] plano da história de Portugal, onde se encaixa o da viagem e o dos deuses. g. Os aspetos negativos da conduta dos seus compatriotas são omitidos pelo poeta. a Vasco da Gama.
b. V.
[C] plano da história de Portugal seguido, em paralelo, pelo plano dos deuses, onde h. O lirismo presente n’Os Lusíadas resulta do intenso dramatismo evidenciado pelo c. V.
d. F. Recorre também
se encaixa o da viagem. poeta. à descrição e ao lirismo.
e. V.
[D] plano da viagem, em alternância com o dos deuses, encaixando-se o da histó- i. Os acontecimentos relatados n’ Os Lusíadas são única e exclusivamente fruto da f. F. Revela subserviência.
ria de Portugal na ação central. imaginação do poeta. g. F. São criticados pelo poeta.
h. V.
1.6 Na “ínsula divina”, os portugueses são i. F. Baseiam-se também
nos factos concretos e
[A] perseguidos por animais ferozes. nas experiências pessoais
do autor.
[B] conduzidos a um fosso profundo.
[C] presenteados pelas Ninfas.
[D] convidados a ir ao cume de um monte.

272 273
AVA L I A R Poesia trovadoresca
GRUPO II
PROFESSOR GRUPO I
Leia o seguinte texto.
Leia a cantiga que se segue.
Ficha Neste tipo de cantiga, o trovador empreende a confissão, dolorosa e quase
Ficha de Avaliação – Vi eu, mia madr’, andar elegíaca1, de sua angustiante experiência passional frente a uma dama inacessível
Unidade 1 aos seus apelos, entre outras razões porque de superior estirpe2 social, enquan-
Vi eu, mia madr’1, andar to ele era, quando muito, fidalgo decaído. Uma atmosfera plangente3, suplicante,
Educação Literária 1
minha mãe
14.2; 14.3; 14.4; 14.5; as barcas eno mar: 2 5 de litania4, varre a cantiga de ponta a ponta. Os apelos do trovador colocam-se
morro-me
14.6; 14.7; 14.8; 14.9 e moiro-me2 d’ amor. 3
praia alto, num plano de espiritualidade, de idealidade ou contemplação platónica, mas
4
esperar entranham-se-lhe no mais fundo dos sentidos: o impulso erótico situado na raiz
GRUPO I 5
esperar
1. Trata-se de uma cantiga Foi eu, madre, veer 6
aí das súplicas transubstancia-se5, purifica-se, sublima-se. Tudo se passa como se o
de amigo, visto que o sujeito 5 as barcas eno ler3: trovador “fingisse”, disfarçando com o véu do espiritualismo, obediente às regras
de enunciação é uma donzela
que lamenta a ausência e moiro-me d’ amor. 10 de conveniência social e da moda literária vinda da Provença, o verdadeiro e ocul-
do seu amigo. to sentido das solicitações dirigidas à dama. À custa de “fingidos” ou incorrespon-
2. Esta cantiga pode dividir-se
em duas partes. A primeira diz As barcas [e]no mar didos, os estímulos amorosos transcendentalizam-se: repassa-os um torturante
respeito às quatro primeiras e foi-las aguardar4: sofrimento interior que se segue à certeza da inútil súplica e da espera de um bem
coblas e corresponde
à descrição da situação e moiro-me d’ amor. que nunca chega. É a coita (= sofrimento) de amor, que, afinal, ele confessa.
inicial, ou seja, ao facto 15 As mais das vezes, quem usa da palavra é o próprio trovador, dirigindo-a
de a donzela acorrer à praia
na esperança de ver o seu 10 As barcas eno ler com respeito e subserviência à dama de seus cuidados (mia senhor ou mia dona
amigo chegar numa das e foi-las atender5: = minha senhora), e rendendo-lhe o culto que o “serviço amoroso” lhe impu-
barcas que estão a aportar;
a segunda corresponde e moiro-me d’ amor. nha. E este orienta-se de acordo com um rígido código de comportamento ético:
às últimas quatro coblas as regras do “amor cortês”, recebidas da Provença. Segundo elas, o trovador teria
e aqui se assiste à desilusão
da donzela por, afinal, E foi-las aguardar 20 de mencionar comedidamente o seu sentimento (mesura), a fim de não incorrer
não ter reencontrado e non o pud’ achar: no desagrado (sanha) da bem-amada; teria de ocultar o nome dela ou recorrer a
o seu amor.
15 e moiro-me d’ amor. um pseudónimo (senhal), e prestar-lhe uma vassalagem que apresentava quatro
3. Apesar de começar por
descrever o seu estado de fases: a primeira correspondia à condição de fenhedor, de quem se consome em
ansiedade e de esperança em E foi-las atender
ver o amigo, a donzela, desde
suspiros; a segunda é a de precador, de quem ousa declarar-se e pedir; entendedor
o início, através do refrão, e non o pudi veer: 25 é o namorado; drut, o amante. O lirismo trovadoresco português apenas conheceu
manifesta a sua angústia, e moiro-me d’ amor.
o seu sofrimento amoroso e a
as duas últimas fases, mas o drut (drudo em Português) encontrava-se exclusiva-
sua desilusão pelo facto de não mente na cantiga de escárnio e maldizer. Também a senhal era desconhecida do
ter encontrado o seu amigo. E non o achei i6,
Revela ainda remorsos por se
nosso trovadorismo. Subordinando o seu sentimento às leis da corte amorosa, o
ter apaixonado, quando afirma: 20 [o] que por meu mal vi: trovador mostrava conhecer e respeitar as dificuldades interpostas pelas conven-
“[o] que por meu mal vi:”. (v. 20) e moiro-me d’ amor. 30 ções e pela dama no rumo que o levaria à consecução de um bem impossível.
4.
a. No verso “Vi eu, mia Mais ainda: de um bem (e “fazer bem” significa corresponder aos requestos do
Nuno Fernandez Torneol, B 645/V 246.
madr’, andar” está presente 1
legenda trovador) que ele nem sempre desejava alcançar, pois seria pôr fim ao seu tor-
a apóstrofe “madre”,
como forma de realçar o mento masoquista, ou início de um outro maior. Em qualquer hipótese, só lhe
interlocutor e confidente restava sofrer, indefinidamente, a coita amorosa.
da donzela – a mãe. 1. Classifique esta cantiga, quanto ao subgénero, justificando a sua resposta. [20 pontos]
b. Em “e moiro-me d’amor.” é
35 E ao tentar exprimir-se, a plangência da confissão do sentimento que o avassa-
evidente a hipérbole que serve la — apoiada numa melopeia6 própria de quem mais murmura suplicantemente
para realçar o sofrimento 2. Proceda à divisão do texto em partes, explicitando o assunto de cada uma delas. [20 pontos]
amoroso de que a donzela
do que fala —, vai num crescendo até à última estrofe (a estrofe era chamada na
padece. lírica trovadoresca de cobra; podia ainda receber o nome de cobla ou de talho).
5. Cantiga paralelística, 3. Caracterize, fundamentando, o estado de espírito do sujeito lírico. [20 pontos]
Visto uma ideia obsessiva estar a empolgar o trovador, a confissão gira em torno
de versos hexassilábicos,
composta de dísticos e um 40 de um mesmo núcleo, para cuja expressão o enamorado não acha palavras muito
refrão monóstico, segundo 4. Identifique os recursos expressivos presentes nos versos abaixo indicados, comen-
variadas, tão intenso e maciço é o sofrimento que o tortura.
o esquema rimático: aa’R / tando a sua expressividade. [20 pontos]
bb’R/ a’a’’R/b’b’’R/ a’’aR/ Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa, São Paulo, Cultrix, 2006, pp. 20-21 (adaptado).
b’’bR/ cc’R/ dd’R. a. “Vi eu, mia madr’, andar”. (v. 1)
b. “e moiro-me d’ amor.” (v. 3) 1
em tom de lamento; 2 estatuto; 3 chorosa; 4 ladainha; 5 transforma-se; 6 cantilena, melodia

5. Proceda à análise formal da cantiga. [20 pontos]

66 67
50
AVA L I A R
PROFESSOR 1. Selecione, registando no seu caderno, a alternativa que completa corretamente 1.7 Na frase “[…] rumo que o levaria à consecução de um bem impossível” (l. 30), o pro-
cada afirmação, considerando a globalidade do texto. [35 pontos – 7 itens x 5 pontos] nome “o” surge em posição pré-verbal porque
Leitura
7.1; 7.2; 7.4; 7.6; 8.1 [A] se trata de uma oração introduzida por uma conjunção subordinativa.
1.1 O texto apresenta características que o permitem definir como
[B] a frase exprime uma ideia de possibilidade.
Gramática [A] uma síntese.
17.3; 17.5; 17.6; 18.1 [C] a forma verbal “levaria” está no condicional.
[B] uma apreciação crítica.
GRUPO II [D] a frase é introduzida por um pronome indefinido.
[C] um artigo de divulgação científica.
1.1 [D]
1.2 [B] [D] uma exposição. 2. Responda aos itens apresentados. [15 pontos – 3 itens x 5 pontos]
1.3 [C]
1.4 [A] 1.2 O tema central do texto são as cantigas
1.5 [B]
2.1 Identifique o processo fonológico ocorrido na passagem de "enamorar" (cf. "ena-
1.6 [C] [A] de amigo. morado", l. 40) para "namorar".
1.7 [A]
[B] de amor. 2.2 Classifique os termos “parábola” e “palavra” quanto ao étimo de que provêm, sa-
2.1 Aférese. [C] de escárnio. bendo que o termo latino parabola- os originou.
2.2 Palavras divergentes.
2.3 Corte, cortesão… [D] de maldizer. 2.3 Refira duas palavras portuguesas que integram o mesmo elemento etimológico
que o vocábulo “cortês”. (l. 19)
1.3 Neste tipo de cantigas, o trovador é visto como um
Escrita
10.2; 11.1; 12.1; 12.2; 12.3; [A] ser inatingível.
12.4; 13.1
[B] narcisista. GRUPO III
[C] vassalo.
Redija um texto expositivo, entre 150 a 250 palavras, numa linguagem clara, objetiva
[D] herói. e precisa, onde apresente as principais diferenças entre as relações amorosas retrata-
das na poesia trovadoresca e as vividas pelos jovens na atualidade. [50 pontos]
1.4 O amor celebrado neste tipo de cantigas é o amor
[A] platónico. Para isso, comece por completar o seguinte plano de texto, elaborando os tópicos
[B] carnal. relativos a cada uma das partes.
[C] erótico. · Introdução: as relações amorosas na Idade Média e no século XXI;
[D] fraterno. · Desenvolvimento: parágrafo 1 - …
parágrafo 2 - …
1.5 A locução presente na frase “a fim de não incorrer no desagrado (sanha) da bem- –…
-amada” (ll. 20-21) tem valor
· Conclusão: fecho do texto, sintetizando os principais aspetos referidos.
[A] causal.
[B] final. 1
legenda
[C] concessivo.

[D] consecutivo.

1.6 Na frase “entendedor é o namorado; drut, o amante.” (ll. 24-25), a expressão


“o amante” desempenha a função sintática de
[A] complemento direto.
[B] predicativo do complemento direto.
[C] sujeito.

[D] complemento oblíquo.

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DIZ-SE! NÃO SE DIZ! @i esta língua! Manual de sobrevivência

I. Confusões com as formas do verbo


haver!
O verbo haver é certamente um dos verbos mais maltratados da língua portuguesa.
Seguem-se algumas perguntas cujas respostas podem ajudar a ultrapassar dúvidas acerca
de algumas formas deste verbo.

1. Há ou À?

DIZ-SE NÃO SE DIZ

 Não ligo o computador há dois dias.  Não ligo o computador à dois dias.

 Há vírus neste computador.  À vírus neste computador.

Há é uma forma do verbo haver. Nas frases acima há tem o sentido de:
• tempo decorrido – Não ligo o computador há dois dias.
• existir – Há vírus neste computador.

A diferença entre há e à é muito simples de explicar.


Há é uma forma do verbo haver e à é uma contração da preposição a com o artigo a.

Como vês, uma coisa nada tem a ver com a outra. Mas isto talvez não chegue para
saberes quando deves usar um ou outro.

Aqui vai mais uma ajuda:


Quando dizes Não ligo o computador há dois dias, estás a dizer que já passaram dois
dias desde que não ligas o computador, utilizando o verbo haver para traduzir esse sen-
tido.
Quando dizes Há flores no jardim, estás a dizer que existem flores no jardim.
Isto é, podes usar os verbos passar e existir para traduzir os mesmos efeitos de sentido.
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