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Está a fim de um puxão de orelhas?

Texto escrito originalmente em 29/10/2007 e atualizado em 30/04/2015

Caros concurseiros,

sempre recebi e-mails de candidatos desanimados e desesperados pela escassez de concursos nos primeiros
anos de cada governo, como agora em 2015, assim como foi em 2007 e 2011.

Em um sábado ensolarado, dia 27/10/2007, às 6h30 da matina, acordei preocupado com o crescente número
de e-mails que tinha para responder sobre isso. Como não tenho tempo para escrever muito em meus e-
mails, afinal recebo dezenas por dia desde 2006, fora meus inúmeros outros afazeres, resolvi então escrever
este texto dirigido a esses colegas. Mas antes quero deixar alguns avisos registrados:

1) perdoe-me se eu for duro em algumas palavras, mas é meu jeito. Eu prefiro ser sincero e escrever o
que penso a esconder minhas palavras para bancar o “bonzinho”. Logo, se aguentar ler palavras
duras, leia o texto; caso não esteja com vontade, vá estudar;
2) o texto é grande. Sugiro imprimi-lo para lê-lo em um momento tranquilo, de preferência que ainda
sobre um tempo depois para refletir sobre ele, porque, garanto, irá mexer um pouco com você. Leia-o
de uma vez só, não o leia aos poucos, porque vai perder o fio da meada. Por favor, siga este meu
conselho, você vai me entender quando terminá-lo;
3) eu me refiro sempre aos concursos da área fiscal, porque são minha experiência, mas os conselhos
servem para as outras áreas também, logicamente.

O ano de 2007 foi um dos piores anos em termos de concursos para a área fiscal. Disso não restou dúvidas.
Que eu me lembre, houve dois concursos no início do ano, um para o ICMS-CE, com 300 vagas, que
envolveu mais a galera do Nordeste e pouco a do Sul; e outro para Fiscal da Prefeitura de SP, com umas 170
vagas, que envolveu praticamente só o pessoal de SP e Rio. Teve o Fiscal do ICMS-RJ, mas que com suas
ridículas 70 vagas disponíveis desanimou muita gente, fora que só aprovou 37 candidatos, graças à prova
absurda que teve. Bem verdade que houve outro concurso em área parecida, o do TCU, mas também com
poucas vagas. Não houve as meninas dos olhos de quase todos, o AFRFB e o ATRFB, também nada de
ICMS-SP, ICMS-MG, outros ICMS nas demais regiões do Brasil, fora a esperança frustrada por mais vagas
para o ICMS-RJ, tão esperado por longos 18 anos.

Isso tudo foi verdade e não foi novidade para ninguém. Mas o quê fazer quando vier uma época de escassez
assim, como agora no primeiro semestre de 2015? O quê contar para seus familiares e amigos? Como
convencê-los de que você fez uma boa opção ao largar seu emprego ou dar menos atenção a eles quando
decidiu estudar para um concurso? É difícil, tenho certeza disso. Bem, o quê você vai fazer para animá-los
com sua opção de vida de concurseiro eu não sei, isso é com você, meu papel aqui é ajudar os concurseiros,
e não seus familiares.

Quando começou nessa vida, se alguém disse a você que seria fácil, ou mentiu ou tem uma visão muito
distorcida da realidade. NÃO É FÁCIL NÃO! É brabo mesmo, é pauleira pura! Quase todos ainda vão viver
momentos muito difíceis até alcançarem seus cargos tão sonhados. No final de 2007 li uma mensagem no
finado orkut de uma menina espetacular que dizia: “Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe,
pois eles estão no lugar certo; agora, construa os alicerces”. E quais são os alicerces para um concurseiro?
Ora bolas, as famosas e maravilhosas HBCs (horas-bunda-cadeira).

Se você começou a estudar há poucos meses, talvez esteja muito perdido e não esteja sofrendo tanto ainda.
Mas e quem está estudando para a área fiscal há dois anos ou mais? Acredito que esteja passando momentos
muito difíceis mesmo. Nessas horas agradeço muito por não estar na sua pele. Mas ainda bem que eu e
milhares de outros já passamos, caso contrário você iria se espelhar em quem? Eu me espelhava nos meus
melhores amigos, que já tinham conquistado seus ótimos cargos. E hoje estou igual a eles. Como é bom sair
com eles e não ficar preocupado com quanto vai dar a conta, porque eles têm dinheiro de sobra para pagar e
eu não.

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Concurso para a área fiscal é quase sempre um projeto de médio ou longo prazo, de 1,5 a 4 anos. Não é de
curto prazo, com poucas exceções. E mais do que 4 anos, se você se dedicar direitinho nesse tempo todo e
não ficar limitado a um só cargo, também não. Esse período abrange, digamos, uns 80 a 90% dos aprovados.
Digamos que você esteja na iniciativa privada. O quê são 2 ou 4 anos dentro de uma empresa em termos de
ascensão profissional? Uma subida para gerente, talvez? Será? E quanto ganha esse gerente? Quanto ele vai
trabalhar a mais? Qual sua média de tempo de permanência naquela função? Qual o nível de stress e por
quanto tempo ele vai suportá-lo com saúde? Quantos sapos ele vai engolir enquanto for gerente? De quantas
pessoas ele vai ter que puxar o saco para se manter no cargo ou pelo menos saber aturar alguns superiores
insuportáveis? Quantas puxadas de tapete dos colegas ele vai ter que aguentar? Quantos dias em finais de
semana, feriados e férias ele vai ter que trabalhar? Quantas horas longe dos seus familiares ele vai passar,
além das 8h de trabalho diárias? Ele vai estar nesse cargo ou algum superior a ele quando fizer 45 anos? E
com 60 anos, a chance dele ainda estar bem profissionalmente será maior ou menor?

Aaahhh, mas você terá status enquanto for gerente; vai melhorar seu currículo; vai ter grana para pagar suas
contas; ninguém vai olhar para você como se você fosse um vagabundo ou malandro quando falar que estuda
para concursos; seus filhos contarão na escola que seu pai é gerente de uma empresa; você terá um futuro
brilhante (pelo menos seus pais pensarão assim); você poderá chegar a um cargo muito alto e se manter nele
eternamente; poderá se destacar e mudar para outra empresa melhor; poderá ter um salário altíssimo, de
dezenas de milhares de reais; afinal, você é muito bom no que faz, garante-se na sua profissão e há sempre
bons lugares para os melhores. Se você pensa assim, por favor, largue essa vida sofrida de concurseiro e siga
sua profissão. Mergulhe nela de cabeça e realize-se profissionalmente. Seja feliz. Torço por você, sem
brincadeira. Quantos amigos eu tenho que são felizes na iniciativa privada? Vários. Mas acho que se está
lendo este texto aqui, você não se enquadra nessa hipótese. Você realmente acredita que precisa passar em
um concurso público, geralmente por algum(ns) dos motivos abaixo:

1) não vê futuro no seu emprego na iniciativa privada;


2) não aguenta mais presenciar puxadas de tapete, falsidades, gente interesseira e puxa-sacos;
3) não consegue um emprego decente;
4) quer ter mais tempo e saúde para curtir sua família e amigos;
5) busca estabilidade;
6) não quer mais trabalhar vários finais de semana, feriados e férias;
7) possui alguma característica física que injustamente o prejudica, por mais absurdo e odiável que isso
ainda seja assim: é negro, tem alguma deficiência física etc.

Então você não tem muita opção para melhorar sua vida, meu amigo, você vai ter que ralar mais do que
bunda de cobra. Vai ter que acumular centenas ou milhares de HBCs, não tem outro jeito. Aliás, há sim,
você pode ganhar na mega-sena, casar com alguém rico somente por interesse ou receber alguma herança
maravilhosa. Mas essas chances são bem menores estatisticamente ou são desprezíveis socialmente (como é
o caso de se casar só por interesse financeiro).

Agora voltemos ao caso do seu futuro na iniciativa privada. Quantos anos uma pessoa, em média, leva para
alcançar um ótimo cargo em uma boa empresa? Digamos que seja de 5 a 10 anos, não sou especialista nisso,
porque praticamente sempre vivi do serviço público (escola, faculdade, mestrado, trabalhos etc.). Pense
comigo: se você pode ralar para caramba esses 5 a 10 anos em uma empresa, sem ter certeza do seu futuro
nela, por que não pode dedicar esses anos ao estudo? Só porque é menos aceitável socialmente e sofre menos
pressão dentro de casa? Ora, meu amigo, como fiscal há quase 20 anos e estatístico nas horas vagas eu digo
a você: é MUITO mais provável você vencer estudando para um concurso do que na iniciativa privada.

Tudo bem, digamos que você ou seus familiares não querem que trabalhe para nenhuma empresa, querem
que tenha seu negócio próprio. Então vejamos. Segundo o SEBRAE, cerca de 50% das empresas fecham
antes de completarem dois anos de abertura. Durante esse tempo, se tivessem se dedicados a um estudo
sério, será que não teriam dado mais alegria para muitas dessas pessoas? Acredito que sim. Na pior das
hipóteses, caso não tivessem passado, em média teriam menos dívidas para pagar no mercado, fora que o
estudo estaria bem encaminhado para passar em pouco tempo. Enfim, para a maioria deles, seria bem melhor
que tentar outro negócio.

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Muitos de vocês são muito imediatistas, principalmente os mais jovens. Estão há anos se ferrando na
iniciativa privada e acham que encontraram a galinha dos ovos de ouro: “o concurso público”. E se baseiam
em desempenhos de familiares ou amigos que viraram fiscal ou algo parecido estudando menos de um ano.
Exemplos assim existem às centenas, com certeza, até de primeiros lugares. Mas cada caso é um caso.
Depende da formação anterior da pessoa; do suporte financeiro e emocional que tiveram para estudar; dos
concursos que apareceram na mesma época e “diluíram” o nível dos candidatos, como foi o caso do meu
ICMS-SP, quando houve vários concursos bons anteriormente com muitas vagas e tornou um pouco menos
difícil passar nele; e até da sorte mesmo. Mas e agora, em que vivemos uma fase de poucos concursos na
área fiscal? O quê fazer com seu imediatismo? Cadê seu salário que você achou que teria em poucos meses?
Você tem duas opções. Ou desista e volte a entregar currículo, vá fazer uma pós, um curso de inglês etc.; ou
levante a cabeça e volte aos estudos com mais intensidade. O saudoso Deme estudou muito por três anos e
foi o maior fenômeno da história dos concursos fiscais, até hoje.

Concurso não é um projeto a curto prazo há anos. É de médio e longo prazo, saiba disso. Essa é a regra,
quem conseguiu em curto prazo foi a exceção, parabéns para ele. Mas se não é seu caso, vai fazer o quê?
Andar com um chapéu de burro na rua e uma camisa com os dizeres: “eu sou um burro, pode chutar meu
traseiro”?

Quando estudei para o AFRF, eu sentia muita dor nas costas. Tomava dorflex igual água e até algumas
injeções levei. Quando cheguei ao Curso de Formação (CF) vi vários jovens com muito mais saúde do que
eu. E achava legal contar a eles que as dores me atrapalharam demais, mas mesmo assim consegui passar.
Até que comecei (e bastaram poucos dias no CF para isso) a ouvir várias histórias de gente que tinha sofrido
muito mais do que eu. E após esses nove anos, fui ouvindo cada vez mais histórias. Eu já era fiscal de ISS
em BH, o que me garantia muito menos pressão e dinheiro para comprar livros, coisas que muitos não
tiveram. Fora uma ex-esposa e família que me apoiaram o tempo todo. Além de ter estudado menos de seis
meses nessa minha volta aos estudos, após muitos anos inativo. E no CF vi vários colegas que estudaram
totalmente sem grana, com filhos para criar, com total falta de apoio familiar, que estudaram por dois ou
mais anos sem parar etc. E comecei a me achar um agraciado por Deus por não ter sofrido nada daquilo. Eu
era um felizardo.

Nessas minhas andanças ajudando o pessoal com minhas palestras, ouvi dois casos bem interessantes e
verídicos. O primeiro foi de uma moça que era analfabeta e empregada doméstica na Bahia. Sua patroa
estava cansada dela não saber anotar nem os recados dos telefonemas. E motivou-a a estudar. Ela fez
Telecurso e escolas públicas, não sei ao certo o quanto de cada, e se formou no ensino médio. Não satisfeita,
fez vestibular e passou para uma faculdade pública. Formou-se e estudou para concursos. Foi aprovada para
Técnica da Receita Federal, atual ATRFB. Já pensaram nisso? Uma ex-analfabeta aprovada em um concurso
dificílimo e que está prestes a receber um aumento e ganhar mais de sete mil (em 2015, R$ 9.600)? E você
acha que ela ficou satisfeita? Claro que não, afinal, ela teve uma base tão forte nos estudos desde pequena
quanto você, fez cursos e escolas pagos pelos pais, sempre se alimentou bem como você, teve bons
empregos etc. Igualzinho a você. Ora, se você não se contentaria “só” em ser ATRFB, por que ela não? Pois
bem, ela continuou estudando e foi aprovada no AFRF de 2005. Sim, ela é Auditora Fiscal da Receita
Federal do Brasil. Será que sua família sente orgulho dela? Você vai ter que passar por algo perto do que ela
passou? Acredito que não, então não reclame da sua vida de concurseiro, porque enquanto você reclama, há
ex-empregadas domésticas analfabetas estudando e passando no lugar de quem reclama.

Tem outro caso também, esse de um homem. Ele era bem pobre, nem luz havia em sua casa. Só podia
estudar de dia, quando havia a luz natural. Mas depois de um tempo percebeu que tinha que estudar à noite
também, porque só de dia não era suficiente. E começou a estudar à noite, sentado na rua, debaixo da luz do
poste. Grana para livros é até piada você imaginar que ele tinha, lógico que não. Utilizava livros de
bibliotecas públicas e materiais emprestados ou doados, dentre os quais vários desatualizados. Estudou por
quase 10 anos assim. DEZ ANOS!!! E muitos de vocês pensariam: “coitado, vai ficar a vida inteira assim e
não vai passar”. E foi aprovado para AFRF também. Por acaso, você precisa estudar à noite debaixo da luz
do poste?

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Bem, esses dois, e tantos outros em condições similares, conseguiram, e você continua por aí, se achando o
coitadinho e o último dos homens porque não saiu ainda o edital que sonha. Coitado, tenho tanta pena de
você. Tenho certeza que você está sofrendo muito mais do que esses dois sofreram.

Pare de reclamar da vida. Você tem à sua frente tudo que precisa para melhorá-la e acabar definitivamente
com muitos dos seus problemas: livros. Seja qual for sua religião, e deixo claro que respeito todas, a partir
do momento que você resolveu virar concurseiro, só uma coisa irá salvá-lo das trevas em que sua vida se
encontra: os livros!

Depois que passar, preocupe-se com o que vai acontecer após sua morte, mas antes, preocupe-se com sua
vida. E até nisso o concurso vai ajudá-lo, pois após passar você poderá até morrer mais tranquilo, porque
deixará uma boa pensão aos seus familiares, coisa que eles não teriam se você estivesse na iniciativa privada.
Resumindo, quando passar, ficará melhor durante e após sua vida, poderá descansar em paz no seu túmulo.
Poderá até mandar jogar suas cinzas de helicóptero em cima da ESAF, por pura vingança pelas horas que ela
tirou do seu sono.

Acredite em mim. A emoção de ser aprovado em um bom concurso vale a pena. Será uma das melhores
sensações que você vai ter em sua vida. Para mim, até o dia em que eu tive meu filho, oito anos depois, o dia
16 de janeiro de 2006, dia do resultado do AFRF, foi o dia mais feliz da minha vida, nesses quase 45 anos
bem vividos. Foi o dia em que eu olhei para o mundo todo e disse a ele: “Eu venci você! Até hoje você foi
melhor do que eu, mas a partir de hoje EU sou melhor do que você!”.

Até hoje, em todas as palestras que eu dei, não consegui segurar os olhos cheios d´água quando falei desse
dia. Em 2007 eu dei uma palestra na inauguração do curso do meu amigo professor Cláudio Borba, em
Campos-RJ. Foram dois dias de evento, na sexta o William Douglas deu uma palestra e no sábado foi minha
vez, dentre outros colegas. Durante minha palestra, na hora em que eu lembrei desse dia, comecei a querer
chorar, perdi a voz e pedi desculpas aos mais de 200 presentes pelo meu mico, todo envergonhado. Fazia
mais de um ano que tinha saído o resultado e eu ainda não conseguia falar no assunto sem chorar. E até hoje
não consigo. Aí acabou a palestra e o Borba veio ao palco, com lágrimas nos olhos também. E ele me disse,
perante todos: “Alexandre, não fique envergonhado por chorar em público após lembrar do dia da sua
aprovação, porque acabei de descobrir que passados 18 anos do dia que passei para Fiscal de ICMS-RJ em
1989 eu também não consigo me lembrar sem chorar, e obrigado por me fazer chorar, coisa que não fazia
há tanto tempo, ainda mais de alegria”. E contou sua história, que desde já me desculpo se eu errar alguns
detalhes, porque eu estava bem emocionado – e envergonhado com o mico que havia pago - e não consegui
gravar tudo com detalhes.

Ele tinha quatro filhos (e ainda os tem, ainda bem) quando ficou desempregado. Desesperou-se, é claro. O
dinheiro guardado logo acabou, não conseguiu emprego e resolveu fazer o mesmo que você, estudar para
concurso. Mas naquela época havia poucos concursos sérios, nem a CF de 88 tinha sido publicada ainda.
Imperava ainda um pouco de indicação política e cambalacho nas provas (e tem alguns de vocês que jogam
praga nos concursos quando eles aparecem, deveriam morder a língua quando falassem isso). Mas como
manter sua família? quatro filhos e esposa, sem emprego, nada. Sabe o quê ele fez para sobreviver? Fabricou
gaiolas de passarinho à mão. Sério. Gaiolas de passarinho! Passou meses, anos, fazendo gaiolas em casa e
enchendo seu corcel velho (era o corcel I, nem era o II!) para vender na rua. Muitas vezes nem a grana da
gasolina gasta no dia ele conseguia. E foi estudando. Até que veio o concurso para fiscal de ICMS do Rio,
em 89, o último até o de 2007, e conseguiu sua aprovação.

Eis uma imagem do corcel, caso você não o tenha conhecido (minha mãe tinha um, então sei bem como era
muito pior que qualquer uno mille de hoje):

E você acha que ele passou pouco tempo nessa vida sofrida que você leva hoje, meu amigo? Não, foram
quatro ou seis anos (não lembro exatamente) nessa vida de concurseiro vendedor de gaiolas. Só que ainda
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não tinha acabado seu martírio. Era o último mês do governo Moreira Franco, e nada dele empossar a galera.
Brizola eleito e logo disse que não chamaria o pessoal depois que assumisse. Sim, até poucos anos ser
aprovado não era garantia nenhuma, porque o governo nomeava se quisesse, e era comum um governante
não nomear aprovados em concursos realizados por seus desafetos anteriores.

Bem, voltando, eram os últimos dias de Moreira Franco e as gaiolas de passarinho ali, olhando para o Borba,
como quem pergunta: “E aí, será que você vai ter que continuar vivendo assim, como vendedor de
gaiolas?”. Até que ele descobriu que o Moreira iria inaugurar uma nova área da Refinaria de Duque de
Caxias. No desespero, pegou mais quatro colegas aprovados, lotou seu corcelzinho caindo aos pedaços e foi
atrás do homem. Moreira chegando de helicóptero e eles o seguindo no “possante”. O helicóptero fazia uma
curva e eles lá embaixo, seguindo o bicho em sua máquina produzida por Henry Ford. Parece comédia, mas
é sério, coloque-se na pele dele para entender a dramaticidade da situação. O helicóptero pousou e adivinhe
quem estava lá, esperando o Governador sair do helicóptero, antes que a direção da refinaria e a imprensa
chegassem antes? Borba e seus amigos, claro. Fiscal bom é isso aí, chega antes da “sonegação” prescrever.
Quando o Moreira saiu do helicóptero, deu de cara com os cinco concurseiros e ouviu deles: “Governador,
desculpe-nos, mas estamos desesperados. Fomos aprovados para Fiscal de ICMS, o senhor ainda não nos
nomeou, o Estado precisa de mais fiscais e o Brizola já disse que não nos nomeará”. E ouviu do Moreira, já
com a imprensa etc. chegando: “Podem ir para casa, vou resolver isso”. E na mesma semana ele nomeou o
restante dos aprovados, dentre eles, os cinco colegas perseguidores de helicóptero.

Você pode estar rindo agora, mas eu não queria estar na pele dele. Perseguir um helicóptero de corcelzinho
não deve ser uma emoção muito legal, ainda mais com o futuro de sua família em jogo. Foi nomeado e logo
depois aconteceu, aí sim, uma situação engraçada. Nesses anos todos dirigindo seu corcel ele nunca foi
parado pela polícia. Era um carro todo ferrado, com farol quebrado, sem seta e luz de freio, pneus
extremamente carecas, IPVAs atrasados etc. Enfim, tudo errado. E logo que tomou posse, ainda sem
dinheiro para trocar o possante, foi parado por um guarda. O policial falou: “Meu amigo, você só pode estar
brincando comigo. Pneus carecas, seta não funciona etc. Vou apreender seu carro, ainda mais que está com
o IPVA sem pagar”. E o Borba respondeu: “policial, tudo bem, mas não cabe ao senhor apreender o meu
carro por falta de pagamento de IPVA, não é da competência da polícia verificar o pagamento desse
imposto”. E o policial retrucou de pronto: “Ah é, então é de quem a competência para isso?”. E o Borba,
cheio de marra, como quase todo fiscal recém-empossado: “É MINHA!”. Após alguma conversa, que
logicamente ficou bem mais amigável depois disso, o Borba levou o possante embora, todo feliz pensando:
“Se eu ainda vendesse gaiolas, estaria sem meu possante a essa hora, ainda bem que sou fiscal agora, sou o
bonitão da parada”.

Ele é Auditor Fiscal do ICMS-RJ até hoje. Graças à citada perseguição, a muitos anos de estudo e a muitas
gaiolas fabricadas manualmente, as mesmas mãos que desde 1990 contribui com a arrecadação fluminense,
para o governo pagar suas despesas e realizar diversos investimentos sociais. Será que valeu a pena todo
aquele esforço? E você, que anda reclamando de sua vida de concurseiro, está fabricando gaiolas de
passarinho para vender na rua e pagar seus livros e cursos? Acredito que não, mas se está fazendo algo
parecido, meus parabéns, já provei com exemplos que você também poderá chegar ao cargo dos sonhos.

Continuando a história da emoção de ter passado em um concurso, uma vez assisti a uma palestra do
William Douglas, em SP. Sei lá quantas já vezes já tive esse prazer. E quando ele falou da emoção de vencer
na vida passando em um concurso, vi seus olhos encherem de lágrimas, mas macaco velho que é, conseguiu
segurar mais do que eu a emoção. E eu, lá atrás, enchi meus olhos também e falei para a menina que estava
ao meu lado (aquela do Orkut lá de cima): “Os concurseiros ainda não entendem essa nossa emoção ao
falar das nossas aprovações, mas um dia, quando eles passarem, irão nos entender”.

Numa Feira do Concurso, em agosto de 2007, houve uma palestra da Lia Salgado, minha amiga. Ela foi
entrevistada em um programa de TV e resolveu passar o programa no final da palestra. Ele mostrava a Lia
com seus quatro filhos (não pensem que ela é a esposa do Borba, os dois são dois doidos que tiveram quatro
filhos cada um antes de serem fiscais, mas não em comum, para que fique bem claro). E a Lia e seus filhos
diziam das dificuldades que passaram naqueles três ou quatro anos dela estudando, sem grana e sem poder
dar muita atenção a eles. E ela sempre dizendo a eles: “Calma, meus filhos, quando a mamãe passar ela vai
poder comprar uma comida melhor, mais presentes, ter mais tempo para vocês etc.”. E vinha mais um

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concurso, mais expectativas e mais decepções com suas reprovações. Até que foi aprovada em 5º lugar para
Fiscal de ISS no Rio, em 2002. E no final do programa mostrou os filhos dizendo que hoje era tudo melhor.
Tinham mais coisas em casa, viajavam, eram mais felizes, a mãe era muito mais feliz e tinha mais tempo
para eles. Resumindo, tudo mudou da água para o vinho. Foi muito legal, vários dos presentes choraram,
incluindo ela, claro. Mas havia um cara lá na última poltrona, que não conseguia disfarçar o quanto estava
chorando. Adivinhe quem era esse chorão? Eu, claro. Sei que muitos ali presentes choraram também, mas
acredite em mim mais uma vez, você só vai saber que emoção é essa que tanto falo no dia em que for
aprovado. É indescritível. O pessoal chorou como chora nas minhas palestras, mas meio perdido, sem
entender o que está acontecendo. Só que o choro do aprovado não, é um choro que vem muito lá de dentro, é
algo incontrolável, é um nervoso que dá, uma tremedeira nas pernas, um nó na garganta que fica
completamente seca, uma vontade de sair berrando, sei lá, é muito estranho. E é um choro bom, muito bom.

Acredito que pelo tanto que já escrevi, e se você teve paciência para ler tudo até aqui, consiga me aturar mais
um pouco. Vamos lá que ainda virão mais coisas para refletir depois.

Tem gente que quando me lê afirmando que é para estudar igual a um condenado deve pensar: “Este cara é
um nerd, eu tenho família e amigos, preciso de um pouco de lazer pelo menos”. Colega, é óbvio que eu não
quero privá-lo disso. É evidente que você deve dar atenção aos seus familiares e amigos. Menos do que dava
antes, claro, mas tem que dar sim. Beije e abrace seus familiares, mais do que fazia antes, não tenha
vergonha disso. Torne seus momentos com eles mais especiais, mais carinhosos. Que sejam menos intensos
no tempo, mas mais intensos no afeto. Valerão muito mais do que antes. Quando você passar, por mais que
eles estejam meio tristes com seu modo de viver hoje, vão ser os que mais ficarão felizes com isso. Vão
contar para todo mundo na rua. Você nem vai ter esse prazer, porque os outros saberão antes de você contar.
Quando alguém passa para fiscal ou algo parecido, é igual notícia ruim, espalha que é uma beleza. Sua mãe
vai à manicure e quando a funcionária disser que viu uma receita de um bolo muito legal na Ana Maria
Braga, sua mãe vai dizer: “Por falar em receita, você sabe que meu filho passou para Auditor Fiscal da
Receita Federal?”. Quando o médico perguntar ao seu pai se ele quer um recibo, ele vai dizer: “Claro, meu
filho foi recém aprovado para Fiscal de Imposto de Renda e me pediu para dar o exemplo, aliás, você,
doutor, não deveria nem me perguntar isso, deveria dar recibos para todos, sem perguntar nada, porque
não faz mais do que sua obrigação, MEU FILHO me ensinou isso”. E por aí vai, eles vão ficar procurando
conversa na rua para dizerem o que o filho conquistou um belo cargo por seus próprios méritos e ainda vão
dizer: “Eu sabia, puxou o pai/a mãe”. E isso não tem preço, pessoal, não há MasterCard algum que pague
isso.

Outra coisa: não abandone seus maiores amigos, você vai precisar deles, passando ou não no próximo
concurso. Tente fazê-los entender que é seu projeto de vida, mas que ainda gosta muito deles. Por que
alguém pode ir estudar ou viver nos EUA e continuar sendo seu amigo mesmo distante e não pode continuar
com a mesma amizade se você está trancado estudando em casa? Ué, a amizade permanece do mesmo jeito.
No dia que passar, ligue para todos e dê a notícia. E não se esqueça de encher a cara com eles no dia do seu
primeiro pagamento. E se algum deles não se importar muito e esquecer de você, fique aliviado também,
porque descobriu alguém que não era seu amigo de verdade. Você encontrará outros melhores.

Já escrevi sobre isso, mas vou repetir para quem ainda não leu. Eu fiquei 10 anos sem estudar para
concursos, satisfeito com o cargo que ocupava, Auditor Fiscal da Prefeitura de Belo Horizonte. Mas toda vez
que via algum edital para AFRF ou Fiscal de SP abrindo eu ficava incomodado. Quando encontrava meus
amigos que ocupam esses cargos, justamente os mais chegados, também ficava uns dias pensativo. Mas logo
me afundava em minhas desculpites e não voltava aos estudos. E fui amadurecendo a idéia de voltar a
estudar, isso no final de 2004. Até que no ano-novo de 2004 para 2005 eu disse a minha ex-esposa que
estava pensando seriamente em voltar a estudar. Mas antes iria me dedicar a duas coisas: iria entrar de
cabeça em uma campanha salarial na minha categoria e iria terminar a última e mais temida disciplina do
meu mestrado, Inferência Estatística. E fiz isso. Entrei com tudo na campanha salarial, envolvi-me
totalmente, e nos estudos para o Mestrado também. Mas, fora alguns outros problemas, a campanha não
aumentou meu salário como eu imaginava. Sinceramente, se tivesse aumentado legal, acho que teria ficado
por lá mais um pouco, talvez até hoje. Eu gostava de BH, do meu trabalho e dos meus colegas. Era a cidade
da minha ex, já tinha 10 anos de casa, férias-prêmio de seis meses para usufruir, 20% de quinquênios, estava
no quarto nível da carreira etc. Mas o aumento não saiu como eu previa, o que me deixou com mais vontade

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de voltar a essa vida de sofredor. Não estudei para concursos até acabar a temida disciplina, o que aconteceu
no meio do ano e na qual fui aprovado. Nesse primeiro semestre de 2005 só fiquei obtendo informações
sobre os melhores livros (cheguei a comprar vários) e fui lendo todos os livros sobre dicas de estudos que
apareciam na minha frente, como os do William Douglas, do Alex Viegas e o da Lia Salgado. Também
obtive muitas informações num antigo fórum de concurseiros (o Fórum concurseiros só foi inaugurado em
julho do mesmo ano, o qual passei a frequentar ainda mais intensamente que o anterior, que era bem pior).
Agindo assim, quando voltasse aos estudos, estaria bem mais orientado, o que realmente aconteceu.

Infelizmente, ao mesmo tempo em que fiquei muito aliviado por ter terminado minha última disciplina, só
faltando terminar a dissertação, meu pai foi fazer um exame de rotina e descobriu que estava com o coração
mais entupido que a marginal Tietê em véspera de feriado. Resultado: 6 pontes-safena, às pressas. Peguei
duas semanas de licença na Prefeitura para acompanhá-lo em sua recuperação no hospital, no Rio. Bem, ele
teve uma complicação nos pulmões após a cirurgia, por bem pouco não foi embora, e quando estava um dia
sozinho no quarto comigo, meio grogue dos remédios e da dor, disse para mim: “Meu filho, você é tão
inteligente, veja seus amigos que estudaram para concursos com você, todos estão em cargos que pagam
bem mais do que o seu, então por que você não volta a estudar? Você é inteligente, é esforçado, merece
muito mais”. Ele nunca tinha me dito aquilo. E hoje ele não se lembra de ter me dito. Depois ele me disse
que sempre pensou nisso, mas nunca tinha tido coragem para me falar. Aquilo mexeu realmente comigo. Foi
um dos grandes motivos para eu voltar a estudar com tudo naqueles quase seis meses até a prova do AFRF.
Estudei o máximo que consegui, o ritmo foi realmente punk. No dia que saiu o resultado, eu peguei o
telefone imediatamente e liguei para meus pais, no Rio. E disse ao meu pai, com minha mãe ouvindo na
extensão: “Pai, passei em sexto lugar para Auditor da Receita Federal aqui em MG, e fiz isso em sua
homenagem, obrigado por tudo que fez por mim, obrigado você também, mãe”. E eu desliguei o telefone,
porque não conseguia parar de chorar e berrar. Algum tempo depois minha mãe me ligou dizendo: “Meu
filho, você não pode fazer isso com seu pai, ele está se recuperando ainda, e está lá sentado no sofá
chorando sem parar, estou com medo dele ter um troço”. E eu tive que tranquilizá-la, dizendo: “Mãe, fique
tranquila, se ele não enfartou quando liguei, não enfartará mais, ainda, ele está com tudo desobstruído
agora, está menos entupido do que eu”. E hoje meus velhos estão lá, com seus 82 e 78 anos, procurando
conversas pelas ruas, esperando uma “deixa” para contar que seu filho é fiscal. E naquele longínquo, mas
inesquecível, dia 16 de janeiro de 2006 eu desliguei o telefone e continuei ouvindo a todo volume “Fear of
the Dark”, do Iron Maiden, afinal, estava livre do meu medo da escuridão.

Use seu dinheiro para livros e cursos. Faça programas baratos. Não compre roupas caras, isso é ridículo.
Uma calça de R$200 ou R$300 vale o preço de alguns livros. E se sua vida é dentro de um cursinho, o
pessoal vai olhar muito mais para seu livro novo ou todo rabiscado do que para sua marca de calça. Depois
que passar, gaste sua grana do jeito que quiser, mas antes não, sua grana, se é que há alguma, é para livros,
cursos e lazeres baratos. Também não entendo concurseiros que reclamam que não podem pagar livros ou
cursos, mas usam iPhones. Por mais que você gaste dinheiro com seus estudos, no primeiro ou no máximo
no segundo salário já terá pago todo esse investimento e aí sobrará o resto da sua vida para você viver com
seu bom salário. Conheço poucos investimentos que trazem um retorno tão grande quanto o feito em bons
livros e cursos para concursos.

Estude muito sim, com certeza, mas também deixe um pouco de tempo para seu lazer. E faça uma atividade
física aeróbica, pelo menos três vezes por semana. Não perca muito tempo com academia, a não ser que você
viva por conta do estudo e seja realmente viciado nisso. Faça uma caminhada na rua, ou corrida, se aguentar.
Natação também é excelente. É mais do que comprovado cientificamente que fazer algum exercício físico
aeróbico melhora sua concentração em pelo menos 15%, fora o ganho de saúde, disposição para estudar e
qualidade no seu sono, que é importantíssimo.

Sei que muitos que estão lendo este texto vão desistir dessa vida de concurseiro um dia. A maioria desiste.
Tudo na vida é assim. Na iniciativa privada também. É muito mais fácil desistir do que prosseguir com as
dificuldades. Desistir é a melhor solução a curto prazo, mas muito provavelmente a pior das soluções a
médio e longo prazo. Seus problemas continuarão aí, esperando por você quando desistir, só que agora vai
ter uma chance a menos para solucioná-los. E uma boa chance, com uma boa solução, que é um cargo
público.

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Fases de desânimo vão aparecer muitas ainda. Mesmo depois que for aprovado. Mas depois delas, virão as
fases boas, e essas compensam tudo. Está tendo uma entressafra nos concursos fiscais? Sim, está. Mas
enquanto você está se lamentando e estudando menos, há milhares estudando, e muito. E quer saber? Muitos
desses têm muito menos condições do que você de passar, e vão passar. Dei dois exemplos acima, o da ex-
empregada e o do rapaz que estudava sob a luz do poste. E como eles há vários. Brasileiro é assim. É gente
que acredita e que faz. Vejam os jogadores de futebol. Poucos tiveram boa educação, como o Kaká. A
maioria veio de baixo, das favelas, e perante milhares de outros meninos que também queriam vencer no
futebol, venceram. Isso é Brasil. É o país que seleciona os melhores por meio de concursos públicos, em que
uma ex-empregada pode virar Auditora da Receita Federal. Desde que sou fiscal paulista, já conheci 26
países, a alguns fui mais de uma vez (oito viagens aos EUA, três à China, duas à Tailândia etc.), e por mais
que eu tenha visto muita coisa legal lá fora, eu sempre voltei com mais certeza ainda que não troco meu país
por nada. Tenho orgulho de ser brasileiro, e você vai ter mais ainda quando passar e puder arrecadar para
ajudar o país a ter mais grana para fazer suas obras e investimentos. Trabalhe honestamente, este país não
precisa de mais corrupção, precisa é de gente que tenha ralado muito para conseguir o cargo e que dê valor a
ele.

Desanimar é válido, mas desistir não. Você nunca mais vai conseguir se olhar no espelho se desistir. A vida
de concurseiro é um caminho sem volta. Ou você estuda até passar, ou será um eterno frustrado por não ter
conseguido. E conviver com a derrota é algo muito ruim. Eu prefiro muito mais o jeito de eu me olhar no
espelho hoje, dizendo a mim mesmo: “Você é o cara, você venceu os melhores, você passou quando muitos
não conseguiram”. Faço a barba até mais lentamente hoje, de tanto orgulho em ver minha cara feia no
espelho. Mas é a cara de um vencedor. Podem me chamar de feio, mas de perdedor nunca mais. Eu sou um
vencedor, e aqui vem uma novidade para você: você também pode ser. E você já fez isso uma vez, quando
conquistou o óvulo de sua mãe contra outros 100 milhões de candidatos. Você conhece algum concurso com
essa relação candidato-vaga? 100 milhões por vaga? Você se inscreveria nesse concurso? Pois é, você se
inscreveu, estudou todo o programa do edital e foi uma espécie de Deme dos espermatozóides, foi o 1º lugar!

Tem gente que me escreve dizendo: “Obrigado por você ter me motivado”. Colega, vários livros de
autoajuda dizem, e olhe que já li dezenas deles, que motivação vem de dentro de você. Alguém só pode
motivá-lo por alguns dias, talvez semanas. Algum curso que tenha feito, algum texto que tenha lido, alguma
palestra a que tenha assistido etc., a motivação que eles trazem passa muito rapidamente. O que fica como
motivação é a reflexão que você faz após eles. Você deve olhar para o lado, refletir sobre sua vida que não
está legal do jeito que está e para onde ela está caminhando, e resolver acumular cada vez mais suas HBC
para resolver isso. VOCÊ é o único ser do mundo que pode manter sua motivação. Ninguém mais. Olhe para
seu filho que poderia ter uma vida melhor, olhe para seus familiares que gostariam de lhe ver vencendo na
vida definitivamente, olhe para seu nível de frustração atual, enfim, olhe ao seu redor. E pense: “Quando eu
passar, vou resolver vários desses problemas”.

Colega, obrigado por ter “gasto” seu tempo lendo este texto até aqui. Espero que tenha gostado e que sirva
de um bom puxão de orelhas para você. E espero mesmo que tenha gostado, porque depois que o escrevi em
2007 o sol tinha ido embora e eu quase voltei a ser branquelo como nos meus tempos de concurseiro.

Meu tempo dedicado ao estudo para concursos valeu a pena, pessoal, e muito. Já ouvi alguns me dizerem:
“Também, não durou nem 6 meses”. Colega, isso foi na última fase minha de estudos, mas e o que estudei
em 1984 para passar para escolas militares? E depois para passar no vestibular mais difícil do final dos anos
80 no RJ, o de Informática na UFRJ? E depois, de 92 a 95, estudando para concursos, quando passei em
alguns e fui reprovado em outros? E depois do AFRF, quando vegetei mais 45 dias para o ICMS-SP? Eu
garanto que a dor que carrego na coluna até hoje não foi de jogar bola. Foi sentado em uma cadeira
acumulando HBCs.

Busquem esse sonho, mas lembrem-se do final da tal frase escrita anteriormente: “Você tem que construir
seus alicerces”. E no seu caso, é estudando muito que irá os construir.

Abraços a todos e boas HBCs

Alexandre Meirelles - alexmeirelles@gmail.com - www.facebook.com/alexcepc

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