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São Carlos
2014
I
São Carlos
2014
II
III
IV
V
Agradecimentos
Sou bastante cético, mas não ateu. Portanto, agradeço em primeiro lugar a Deus, que
permitiu que as oportunidades da vida chegassem a mim e eu as agarrei.
Agradeço a minha mãe Maria Aparecida Lima Alves, que me educou muito bem e deu todo
o amor do mundo. Ela é a minha sustentação na Terra, principalmente após a morte de meu pai na
infância. Acredito que se vivo estaria bastante orgulhoso do filho dele. Agradeço também a minha
avó Irene Gardin e demais amigos e parentes presentes em minha festa de formatura.
Vai também o meu muito obrigado ao prof. Dr. Ruy Altafim, meu orientador e professor
em disciplinas, que me auxiliou neste trabalho e será o meu último professor da graduação, e
também aos funcionários da prefeitura do campus e do departamento de Engenharia Elétrica
(especialmente ao técnico César Domingues) que colaboraram para este trabalho.
Não menos importante são os meus amigos de São Carlos, os quais não cito nomes pois
tenho certeza de que esquecerei de alguns. Foram anos maravilhosos que eu passei em São Carlos
junto com eles, seja morando, estudando, festejando, trabalhando e dividindo os problemas e as
alegrias da vida.
VIII
IX
Resumo
Abstract
The electrical grounding is a very important factor on the electrical power systems
protection. For the grounding study it is necessary understand the earth resistance concept, which
is inferred from Electromagnetism theory and is not equal to metallic conductor resistance
equation. This study approaches to a probationary grounding system installation with concrete
and woodchips, and then the electrical resistance will be measured and compared with an
ordinary grounding system of single rod, both systems on the same land. It is known that concrete
retains water during a determined period and wood has the property of higroscopy, which justify
the mix for the special concrete. Good results were achieved for the earth resistance, showing a
reduction in a first moment for the same land conditions.
Lista de figuras
Lista de tabelas
Sumário
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 23
2 DEFINIÇÕES E TERMOS TÉCNICOS ................................................................................ 25
2.1 Haste de aterramento ...................................................................................................... 25
2.2 Resistência de aterramento ............................................................................................. 25
2.3 Resistividade .................................................................................................................. 26
2.4 Tensão de toque metal-metal.......................................................................................... 26
2.5 Tensão de passo.............................................................................................................. 27
2.6 Elevação do potencial de terra (GPR: Ground Potential Rise)....................................... 27
2.7 Tensão de toque.............................................................................................................. 27
3 REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................................ 29
3.1 Densidade de corrente .................................................................................................... 29
3.2 Expressão para a resistência de um condutor metálico .................................................. 30
3.3 Expressão geral para a resistência .................................................................................. 31
3.4 Resistência de terra......................................................................................................... 32
3.4.1 Hemisfério de terra ............................................................................................... 32
3.4.2 Cálculo da expressão para resistência de terra ..................................................... 33
3.4.3 Curva característica da resistência de terra........................................................... 34
3.5 Cálculo da resistência das hastes de aterramento ........................................................... 35
3.5.1 Expressão para uma haste aterrada ....................................................................... 35
3.5.2 Expressão para duas hastes em paralelo aterradas ................................................ 36
3.5.3 Expressão para múltiplas hastes aterradas ............................................................ 37
4 CONFIGURAÇÕES DE ATERRAMENTO ......................................................................... 39
4.1 Resistência de uma haste vertical ................................................................................... 39
4.2 Resistência de hastes em paralelo .................................................................................. 40
4.2.1 Índice de redução.................................................................................................. 41
4.3 Resistência de um sistemas de hastes formando um triângulo ....................................... 42
4.4 Resistência de um sistema de hastes formando um quadrado ........................................ 43
4.5 Resistência de um sistema de hastes em circunferência ................................................. 44
4.6 Hastes profundas ............................................................................................................ 44
5 TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO ................................................................................ 47
6 MÉTODO DE MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDADE ............. 51
XX
XXI
1 INTRODUÇÃO
A medição será realizada em corrente contínua por meio de um Megger, não podendo,
portanto, ser afirmado categoricamente que o resultado encontrado será semelhante para
frequências diversas. A concretagem utilizada requer análise e cálculo estrutural dependendo de
onde vier a ser aplicada.
Tipo da haste;
Disposição das hastes ou geometria da malha;
Tipo e resistividade do solo;
Acoplamento do fio terra à haste de aterramento.
24
25
Neste capítulo, serão apresentados algumas definições e termos técnicos comumente vistos
na área de aterramento elétrico, bem como as normas que os regem.
Trata-se de uma barra padronizada de aço carbono trefilado, recoberta com uma camada de
cobre eletrolítico com 95% de pureza, sem traços de zinco e com espessura mínima de 0,25 mm,
conforme a norma ABNT NBR 13571 (1996).
Para os ensaios deste trabalho, será usada uma haste conforme descrita por normas técnicas
anteriormente. O cobre, tendo menor resistência elétrica que o aço, também poderia permitir
solda exotérmica na conexão com o fio terra. Isto faz com que se obtenha uma resistência mais
baixa na junção caso fosse unido com um anel de aperto. Ver figura 1.
da haste;
da junção com o fio terra e qualquer outra conexão presente;
contato da haste com a terra;
dos hemisférios de terra.
2.3 Resistividade
Grandeza física, inverso da condutividade. Sendo assim, a resistividade pode ser entendida
como a relação entre o campo elétrico E e a densidade de corrente J. Sua unidade é [Ωm] e ela é
diretamente proporcional ao valor da resistência elétrica.
Diferença de potencial de superfície, experimentada por uma pessoa com passo maior ou
igual a 1 m de distância entre suas pernas, sem tocar nenhuma parte aterrada (IEEE 80, 2000).
Ver figura 3.
Diferença de potencial que uma pessoa experimenta, tocando uma parte aterrada, no
momento em que uma corrente de falta é escoada (IEEE 80, 2000). Ver figura 4.
28
3 REVISÃO TEÓRICA
Para que se possa entender melhor as bases deste trabalho, precisa-se recorrer à teoria do
Eletromagnetismo para explanar e diferenciar determinadas fórmulas que se apresentarão com
frequência ao longo do estudo.
A densidade de corrente elétrica pode ser entendida como sendo quão intensa é a corrente
numa determinada área de um material que a está conduzindo. É uma grandeza vetorial que tem a
mesma direção do campo elétrico.
⃗ ⃗ (eq. 1)
onde:
q = 1,6.10-19 [C]
E: campo elétrico [V/m]
⃗⃗⃗⃗ ⃗ (eq. 2)
⃗⃗⃗⃗ (eq. 3)
⃗ (eq. 4)
30
A equação 4 mostra que ρv foi trocado por ρe, que é a densidade de carga de elétrons livres,
pois a densidade de carga total ρv é zero, já que as quantidades de elétrons e prótons são iguais no
material neutro.
⃗ (eq. 5)
(eq. 6)
Para obter a expressão geral para a resistência elétrica, precisa-se primeiro fazer algumas
deduções importantes. É suposto que a densidade de corrente J e o campo elétrico sejam
uniformes, conforme mostra a figura 5.
(eq. 7)
31
(eq. 8)
(eq. 9)
(eq. 10)
Ora, pela lei de Ohm, que nos diz que V=RI, fica evidente da equação 10 que:
(eq. 11)
Para campos uniformes, pode-se achar a resistência por meio da equação 11 utilizando
valores tabelados da resistividade do material em questão.
(eq. 12)
32
Considerando que o solo é formado por uma série de hemisférios concêntricos e de raios
variáveis r (ALTAFIM, R.A.C., 2013), pode-se deduzir a expressão de cada uma dessas
superfícies a partir da equação do volume da esfera. Um esquemático é mostrado na figura 7.
(eq. 13)
(eq. 14)
( ) (eq. 15)
(eq. 16)
33
∫ (eq. 17)
34
(eq. 18)
cujo resultado é:
(eq. 19)
A curva da figura 9 é o gráfico da equação 19. Ela é muito importante, pois permite uma
visualização rápida de qual será o valor da resistência de terra, desde que as distâncias a e b, bem
como a condutividade σ do solo sejam conhecidas.
35
Portanto, a expressão para a resistência de uma haste metálica dada pela equação 11 é
diferente da resistência de terra calculada pela equação 19.
A resistência elétrica de uma haste aterrada não é exatamente igual à equação 11 deduzida
anteriormente. O motivo dessa diferença é que estando a haste aterrada, ela sofre o efeito de sua
imagem, devido às cargas ali presentes. Em 1936, o prof. H. B. Dwight publicou um artigo pelo
IEEE, em que apresentou uma modelagem para diferentes configurações de hastes aterradas. Foi
assumido que o solo de ensaio tinha condutividade uniforme e a corrente de teste era contínua.
Toda a dedução das fórmulas foge do escopo deste trabalho e é recomendado que o artigo
de H. B. Dwight (DWIGHT, H. B., 1936) seja analisado caso possíveis dúvidas venham a surgir.
Além disso, as configurações de aterramento serão retomadas com mais detalhes e exemplos no
capítulo 5.
Uma haste de aterramento vertical que penetra um comprimento L no solo precisa ser
considerada com sua imagem na superfície da terra. A letra a representa o raio geométrico da
haste, L o comprimento enterrado e ρ a resistividade do solo. Portanto, a expressão para a sua
resistência é dada pela equação 20 e seu esquemático pela figura 10.
36
( ) (eq. 20)
Aqui, s representa a distância lateral entre as duas hastes e L continua sendo a profundidade
em que a haste penetrou a terra. Foi considerado que s>L, para que um não fique na zona de
influência eletromagnética do outro. A figura 12 permite uma visualização de como se distribui os
hemisférios equipotenciais no solo e a figura 11 é o esquemático ilustrativo da equação 21.
Quanto mais distante da haste, menor será a densidade J de corrente elétrica.
( ) ( ) (eq. 21)
37
Para múltiplas hastes que estejam aterradas colinearmente, pode-se calcular a resistência
equivalente do conjunto a partir da resistência de uma haste, multiplicada por um fator de
correção e dividida pelo número de hastes. Assim:
(eq. 22)
4 CONFIGURAÇÕES DE ATERRAMENTO
Pela figura 13, vê-se uma haste cravada verticalmente no solo, cuja resistência é dada pela
equação 23.
( ) (eq. 23)
sendo:
h hh ∑ h (eq. 24)
e,
( )
* + (eq. 25)
( )
onde:
(eq. 26)
então,
(eq. 27)
∑( )
(eq. 28)
que é
(eq. 29)
Sendo assim, nota-se pela equação 29 anterior que a resistência equivalente do conjunto
está reduzida em K vezes o valor da resistência de uma única haste isolada. Os valores de K são
tabelados a fim de se facilitar os cálculos, e alguns de seus valores são apresentados na tabela 1.
42
Nº de hastes K
2 0,58
3 0,43
4 0,34
8 0,21
12 0,15
16 0,12
20 0,10
24 0,09
Vale aqui ressaltar que o acréscimo de hastes em paralelo, com o intuito de se diminuir a
resistência do conjunto, não é indiscriminado. Haverá um momento em que o solo irá saturar e o
esforço na instalação de hastes incrementais será em vão (KINDERMANN, G. et al, 1992).
Neste sistema, será analisada a instalação de hastes cuja vista superior forma um triângulo
equilátero, conforme mostra figura 15.
(eq. 30)
(eq. 31)
44
Neste sistema, as hastes são iguais e estão igualmente espaçadas, formando pela vista
superior uma circunferência de raio R. Na equação 32 (DWIGHT, H. B., 1936), o que é levado
em consideração é diâmetro e não o raio.
( ) (eq. 32)
onde:
Bate estaca: as hastes são emendadas por luvas roscadas, e são cravadas no solo uma a
uma por bate estacas. Dependendo do terreno, é possível chegar-se a 18 metros de profundidade
com este método.
Moto perfuratriz: é cavado um buraco, onde é introduzida uma única haste soldada a um
fio longo que a interliga com o sistema a ser aterrado. Recomenda-se também introduzir no
buraco, juntamente com a haste, limalha de cobre. A limalha, ao penetrar no solo, facilita a
dispersão da corrente, fazendo com que a resistência elétrica do sistema seja menor. É possível,
dependendo das características do solo, chegar a uma profundidade de até 60 metros.
46
47
Sabe-se também que a resistividade decresce com o aumento da presença de sais no solo.
Por exemplo, apesar da adição de cloreto de sódio apresentar bons resultados imediatos, possui a
desvantagem de oxidar os materiais metálicos utilizados no aterramento e a diluição em água.
Logo, seu uso não é recomendado.
Produtos como bentonita, gel composto de sais ou Earthron® podem ser aplicados antes ou
após a instalação das hastes. De qualquer forma, o produto a ser utilizado precisa apresentar as
seguintes características (CAPELLI, A., 2000):
Higroscopia;
Não ser tóxico;
Reter umidade;
Promover boa condutividade elétrica;
Ter pH alcalino (não corrosivo);
Estabilidade química;
Ter efeito de longa duração.
O gel não deverá ser aplicado em eletrodos compostos de materiais ferrosos, pois eles
sendo de potencial eletricamente mais negativo, irão se combinar mais facilmente com água
presente no solo. Isto resulta na corrosão do material, adicionando ao sistema de aterramento uma
resistência de contato considerável.
Este tipo de tratamento tem vida útil determinada, pois não é perene mesmo tendo como
requisito o efeito de longa duração. Portanto, é necessário fazer um acompanhamento frequente
da variação da resistência de terra e ser realizado um novo tratamento quando observado mudança
significativa.
48
A relação entre a resistência do solo medida após o tratamento químico e o valor obtido
antes deste tratamento é chamada de coeficiente de redução Kt. Este valor pode ser previsto para o
gel, considerando a faixa provável, determinada pela figura 19.
Figura 19 - Relação de resistências entre solo tratado e não tratado quimicamente vs resistividade em Ωm
Sabendo que a função principal do tratamento químico é reter a água para diminuir a
resistência da terra, épocas de secas podem alterar significativamente a atuação do tratamento.
Nestas épocas recomenda-se molhar a terra que contém a malha.
A resistividade pode ser calculada a partir da Fórmula de Palmer, que é utilizada no método
de Wenner. Sua dedução foge deste contexto, e pode facilmente ser consultada na bibliografia
deste trabalho. Ela está denotada pela equação 33.
(eq. 33)
√ √
(eq. 34)
A resistência necessária para se calcular a resistividade do solo (equação 34), pode ser
expressa por:
53
(eq. 35)
Aproximadamente 58% da distribuição de corrente que passa entre as hastes mais externas
C1 e C2 ocorre a uma profundidade igual ao espaçamento entre as hastes (ENGENHEIROS
ASSOCIADOS, 2014). A parcela de corrente que atinge profundidades maiores, com uma
correspondente maior área de dispersão, pode então ser desprezada. Portanto, o método de
Wenner considera que o valor de resistência lido no aparelho é relativo a uma profundidade p do
solo, bem como o Megger é calibrado com essas premissas. Ver figura 23.
A figura 24 ilustra a conexão do circuito e ainda mostra a curva de potencial, que será
discutida adiante. Na prática, os bornes C1 e P1 do Megger são curto-circuitados e fica-se com 3
terminais para a ligação nos eletrodos.
Fonte:LEON (2014)
55
Após a aplicação de uma tensão no circuito, a corrente entre a haste de teste e o eletrodo de
corrente C2 é medida, como também é medida a tensão entre a haste de teste e o eletrodo de
potencial P2. Usando a lei de Ohm, a resistência é determinada.
Ainda na figura 24, é possível perceber que as leituras de resistência R são traçadas em
função da distância d. O segmento da curva que está paralelo ao eixo horizontal representa a
região de potencial constante – portanto, resistência constante –, também conhecido como região
de patamar. A dimensão do patamar varia com o afastamento entre os eletrodos de aterramento e
com suas respectivas resistências de terra (GESUALDO, E. L., 2012).
Não é aconselhável classificar um solo pela sua resistividade catalogada, pois esta premissa
pode gerar erros consideráveis na aplicação das fórmulas anteriores (DUNKI-JACOBS, J. R.,
2006). Portanto, é necessária a realização de testes reais no terreno, em que ele pode ser
classificado como homogêneo ou heterogêneo. Além disso, as medições mostram como é a
variação da resistividade para diferentes desníveis. São mostrados na tabela 2 alguns valores
médios das resistividades de diferentes tipos de solos (GESUALDO, E.L., 2012).
57
A resistividade de cada camada, bem como a sua profundidade podem ser determinadas
através de diversos métodos de estratificação do solo (SVERKO, E. R., 1999). Como o método da
estratificação do solo em duas camadas é o mais empregado, ficam dispensados os demais. A
figura 28 mostra a estratificação do solo em duas camadas.
( )
∑ (eq. 36)
√ ( ) √ ( ) ]
[
onde:
(eq. 37)
59
7 TRABALHO EXPERIMENTAL
As hastes utilizadas neste trabalho seguem a norma ABNT NBR 13571 (1996), conforme
descrito na seção 3.1. Segue as especificações:
Comprimento: 2,4 m
Diâmetro: 5/8”
Número: 2 hastes
Bobinas cruzadas – A
Bobinas móveis cruzadas – B e B1
Regulador de tensão
Ponteiro
Escala graduada
Bornes para conexões externas – L e T
63
Resistores de amortecimento – R e R1
O campo magnético criado por essa bobina B faz um deslocamento do conjunto de bobinas
móveis, levando o ponteiro para o ponto infinito da escala graduada. Se os bornes L e T estiverem
fechados em curto circuito haverá circulação de corrente também pela bobina B1, que receberá
tensão através do resistor de amortecimento R1. A figura 33 ilustra o esquemático construtivo do
Megger, particularmente quando seus terminais estão curto-circuitados.
O campo magnético criado pela bobina B1 será forte e oposto ao criado pela bobina, o que
fará com que o conjunto de bobinas móveis se desloque para outro lado, levando o ponteiro para
o ponto zero da escala graduada.
O campo magnético criado pela bobina B1 terá uma intensidade menor, porém ainda em
oposição ao campo criado pela bobina B. Nessa situação o conjunto móvel se deslocará levando o
ponteiro para um ponto intermediário da escala graduada (SENAI & ARCELOR, 2014). Esse
ponto intermediário é o valor da resistência ôhmica do resistor Rx. A leitura da escala graduada
do megômetro é direta, ou seja, basta localizar a posição do ponteiro sobre a escala graduada e
fazer a leitura.
No caso do Megger utilizado neste trabalho, mostrado na figura 35, não existe uma escala
graduada onde se faz a leitura visual. Ele é do tipo zero central, ou seja, por meio de botões e
multiplicador do valor da resistência, é possível efetuar a leitura quando a agulha estiver em
equilíbrio no centro do visor. Quando o equilíbrio não é atingido, o ponteiro pende para um dos
lados, necessitando fazer os ajustes nos botões. O detalhe do botão multiplicador da escala de
resistência pode ser visualizado na figura 36.
Como é possível ver na figura 37, há 3 botões giratórios alinhados e um mais acima. Este
último é o botão multiplicador da escala, que define o múltiplo em que deve ser multiplicado os
números selecionados pelos botões de baixo. Por exemplo, na figura 37, da esquerda para a
direita, os botões indicam os números 2, 6 e 5, tendo a posição 1 no botão multiplicador. Isto
indica que o valor da resistência seria de 265 Ω caso a agulha se equilibrasse no centro do visor.
Mudando-se o botão multiplicador para 10, deve-se multiplicar por 10 o valor anterior, tendo
agora 2650 Ω de resistência elétrica lida.
7.3 Trado
O trado é uma ferramenta que pode ser manual ou motorizada, constituída de uma ponta
cortante para perfuração do solo. Seu formato pode ser helicoidal, semelhante a uma broca
comum utilizada em máquinas-ferramentas, ou apenas a ponta perfurante, que contenha um
alojamento para captação de terra (LEON, 2014).
Nos trados manuais, a ponta cortante é ligada a um binário manual de forças por meio de
hastes extensoras, que estão conectadas por luvas roscadas. Já para os trados mecanizados, existe
um motor, geralmente movido à gasolina, que faz o trabalho de giro da ferramenta para dentro do
solo. Há ainda os trados especiais, denominados de perfuratrizes, que são construídos em veículos
dedicados ou adaptados a caminhões. Na figura 38 um trado manual é operado por duas pessoas e
na figura 39 o trabalho de perfuração é executado por uma máquina perfuratriz.
Figura 38 - Trado manual operado por duas pessoas que formam um binário de forças
7.4 Concretagem
7.4.1 Definições
7.4.2 Agregados
não é o mais resistente, mas o que atende as necessidades da obra com relação à peça que será
moldada. Portanto, é muito importante conhecer o seu traço e segui-lo fielmente.
Outro fator que define a classificação dos agregados é sua massa específica aparente,
onde são divididos em leves (argila expandida, pedra-pomes, vermiculita), normais (pedras
britadas, areias, seixos) e pesados (hematita, magnetita, barita).
Sua dimensão é classificada em graúdos e miúdos pela ABNT NBR 7211 (2009).
Agregado graúdo
Material granular, com pelo menos 95% em massa de grãos retidos na peneira de 4,8 mm,
mas passam pela peneira de 75 mm.
Agregado miúdo
Material granular, com pelo menos 95% em massa de grãos que passam pela peneira de
4,8 mm e ficam retidos na peneira de 0,075 mm.
Serragem de madeira
Para os fins deste trabalho, foi escolhido utilizar cavacos de eucalipto e pinus, de grossa
espessura, cedidos pelo Laboratório de Madeira e Estruturas de Madeiras da EESC-USP.
A densidade média do eucalipto é de 245 kg/m3 e umidade de 13% (SOUZA, F.R., 2010).
Traço utilizado
27 L de cimento – 12,5%
27 L de areia – 12,5%
121,5 L de pedra – 37,5%
81 L de serragem – 25%
27 L de água – 12,5%
Como é possível notar, o traço utilizado apresenta quantidades dos agregados pedra e
serragem maior do que a argamassa. A mistura foi colocada numa betoneira e batida por
aproximadamente 10 minutos, onde a água foi sendo colocada aos poucos até dar o ponto de
consistência do concreto sem encharque.
70
Preparação do concreto
Primeiramente, foi instalada uma haste padrão cobreada, conforme descrição na lista dos
materiais e equipamentos utilizados, diretamente na terra. Com isso, foi possível medir a
resistência de terra para comparação com o aterramento objeto deste estudo.
As medidas da tabela 3 foram tomadas no dia 20/08, por volta das 16 horas, com
temperatura ambiente de 28º C e com solo seco.
74
Uma nova medição, conforme mostra os dados da tabela 4, foram tomadas no dia 25/08,
por volta das 15h, com temperatura ambiente de 31º C e solo seco.
Em algumas medidas o eletrodo de potencial foi deslocado 1 metro para frente e para trás
de seu ponto inicial. Por exemplo, na medida 4 do dia 20/08, o eletrodo de potencial P2,
localizado a L1 = 4 m do eletrodo P, teve sua distância mudada para L1 = 3 m e L1 = 5 m e mais
duas novas medições realizadas. O intuito era certificar de que de fato a resistência de terra
naquela condição era de 1250 Ω. Como não houve mudança, foi considerado o valor inicial com
L1 = 4 m no ponto médio.
75
Após a concretagem, aguardou-se 48 horas para secagem parcial do concreto. Com isso,
foram feitas novas medidas no aterramento comum para verificar se não houve variação da
resistência de terra do solo de estudo. Elas ocorreram no dia 28/08, as 14h30, com temperatura
ambiente de 29º C e solo parcialmente seco.
A concretagem do furo com a haste padrão ocorreu na tarde do dia 26/08, as 14h45.
Aproximadamente 1 hora depois choveu granizo, durante 15 minutos. Devido a isto, o solo 48
horas depois estava com sua camada mais superficial parcialmente seca. As primeiras medidas
seguem na tabela 6.
A segunda série de medições foi realizada no dia 13/10, às 15 horas, com temperatura
ambiente de 36º C. As medições no aterramento comum e no concretado seguem nas tabelas 6 e 7
adiante.
Tabela 9 - Medidas aterramento concretado, em 13/10, num ângulo de 90° das anteriores
As figuras 47, 48, 49 e 50 exibem algumas das medições realizadas, detalhes das
distâncias e direções tomadas e conexão das hastes com seus fios.
77
Figura 50 - Eletrodos com espaçamento de 3 m entre si, a 90° de distância das primeiras medições, na direção do
campo de futebol
Os gráficos mostrados nas figuras 51, 52, 53 e 54 permitem a visualização das medidas
obtidas com suas respectivas distâncias. Por exemplo, no gráfico da figura 51 estão os valores de
79
três diferentes medições de resistência no aterramento comum, representadas por suas datas. O
eixo das abcissas mostra a distância L2, pois o valor de L1 como demonstrado nas tabelas
anteriores é sempre metade de L2.
Já na figura 52, bem como na figura 53 e 54, a distância é exibida logo acima do ponto
representativo do valor de resistência, para que não haja dúvida quanto a escala dos eixos.
Aterramento comum
1400
1200
Resistência elétrica [Ω]
1000
800
28/ago
600
25/ago
400 20/ago
200
0
2 4 5 8 10 12 20 30
Distância em metros
Figura 51 - Gráfico dos valores de resistência do aterramento comum em diferentes dias do mês de agosto
1000
800
Aterramento concretado
400
2m 4m 6m 8m 10 m 16 m 20 m
200
Figura 52 - Gráfico comparativo dos valores de resistência do aterramento comum versus aterramento
experimental no mês de agosto
80
1000
800
2m 4m 8m 10 m 16 m 28 m
200
Figura 53 - Gráfico comparativo dos valores de resistência do aterramento comum versus aterramento
experimental no mês de outubro
Aterramento concretado
300 4m 6m 8m 10 m 16 m
2m
250 4m 8m 10 m 16 m 28 m
Resistência elétrica [Ω]
2m
200
13/out
150
28/ago
100
50
Figura 54 - Gráfico dos valores de resistência do aterramento experimental em duas medições em agosto e
outubro
81
Foi necessário também aprender como operar um megôhmetro, e como sua conexão
estava relacionada com os métodos existentes. A maioria dos catálogos disponíveis na internet era
de aparelhos digitais, o que exigiu uma busca e atenção maior para o equipamento analógico
utilizado.
Uma das razões que explicam a visível redução da resistência elétrica com o aterramento
experimental é a higroscopia do concreto aliada aos cavacos de eucalipto. Higroscopia é a
propriedade de que certos materiais possuem de reter água. É sabido que em solos úmidos a
resistividade diminui, consequentemente diminuindo a resistência elétrica – ver tabela 2 e
equação 19. Esta variação ocorre em virtude da variação de cargas elétricas ser
predominantemente iônica. Umidade a mais faz com que os sais presentes no solo se dissolvam,
formando um meio eletrolítico favorável a passagem da corrente.
82
Foi possível concluir neste trabalho de que o aterramento experimental concretado com
serragem de madeira, que envolveu o furo da haste cobreada, apresentou valores de resistência
elétrica menores e se mostra, a priori, como uma alternativa para projeto de aterramento eficiente,
que é fundamentalmente aquele que oferece a menor resistência para a passagem de correntes
faltosas.
Quanto ao custo, não foi possível levantar o valor monetário dessa instalação, pois foi
feito em caráter experimental sem a preocupação financeira. Mas é possível dizer que trata-se de
uma solução relativamente barata, pois no momento da construção civil de um imóvel, onde
também é executado o aterramento elétrico, basta executar um furo de 30 cm de diâmetro que
comporte o comprimento da haste e utilizar um volume de concreto adaptado ao traço
apresentado neste trabalho. Vale lembrar que a serragem de madeira é tida como contaminante
por inúmeras indústrias, o que faz com que seu custo seja bastante reduzido ou até mesmo nulo.
Como trabalhos futuros, sugere-se a continuidade das medições para confirmação dos
resultados obtidos, verificação de alteração das composições do concreto e também do tamanho
das partículas de madeira.
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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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