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AULA
O paradigma subjetivista
Meta da aula
Apresentar o paradigma subjetivista como
alternativa ao paradigma objetivista.
objetivos
Pré-requisitos
Dominar o conceito de paradigma,
o conceito de paradigma objetivista e suas
principais características.
ATIVIDADE
COMENTÁRIO
Subjetivo é uma palavra relativa ao sujeito, que indica o seu modo
individual, pessoal ou particular de ser. Assim, quando dizemos que
determinada poesia, música, pintura, escultura ou a resolução de um
problema é muito subjetiva, estamos dizendo que é muito própria de
seu autor, que contém a sua interpretação.
A subjetividade de um poeta, ou de alguém, é exclusiva, pertencente
unicamente a seu espírito. Filosoficamente, a subjetividade é própria do
pensamento humano, em oposição ao mundo físico. Como veremos,
na avaliação ocorre o mesmo. A avaliação subjetivista é aquela que é
expressa pelo avaliador, conforme sua subjetividade, sem que tenha
de recorrer a objetos concretos, observáveis ou mensuráveis.
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O paradigma subjetivista, também chamado paradigma qualita-
tivo, como outro solucionador de quebra-cabeças, desde a década de
1960 do século passado surge historicamente associado à idéia de que a
Ciência tem impregnações subjetivistas, não é neutra, é datada, situada
e incapaz de sustentar as pretensiosas generalizações que vinham sendo
feitas. É a partir dessa possibilidade paradigmática que se passa a admitir
as interferências das subjetividades individuais nas investigações científicas
e que os conhecimentos, por serem produzidos pelos cientistas, não são
infalíveis. Hoje em dia admite-se, inclusive, que até mesmo os critérios
usados pela Ciência e por seus cientistas são variáveis conforme os
sujeitos, épocas e pontos de vista.
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Em termos de avaliação, diferentemente do paradigma objetivista
ou paradigma quantitativo, no qual a avaliação é um evento que ocorre em
datas especiais, previamente determinadas; no paradigma subjetivista ou
qualitativo a avaliação, ao contrário, está sempre presente: é permanente,
no sentido de contínua e diária, e está associada ao processo de ensino e
aprendizagem. A ênfase avaliativa, além disso, é deslocada dos produtos
escolares para os processos, e o aluno é colocado no centro dinâmico do
processo de ensino e aprendizagem.
Como já vimos, as origens epistemológicas da avaliação subje-
tivista, ou avaliação qualitativa, estão situadas nos limites do paradigma
subjetivista, cujas correntes tendem, por um lado, a reduzir os processos
de ensino, aprendizagem e avaliação à existência do sujeito e às suas
representações, permitindo, neste caso, a variação da avaliação ou
apreciação destas representações conforme os gostos individuais dos
avaliadores. Por outro lado, são essas mesmas origens que também
valorizam a consciência, as idéias e as vontades dos alunos, de modo
que os instrumentos de avaliação se abram às suas representações da
realidade objetiva.
Assim, na perspectiva do construtivismo; são apreciadas as repre-
sentações dos alunos acerca da realidade, mesmo sabendo-se, a priori,
que são produzidas conforme as suas experiências sociais e que somente
existem em suas mentes.
ATIVIDADE
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COMENTÁRIO
Em coerência com a tendência de avaliação proveniente do
construtivismo social é aceitável o trabalho do Joãozinho. Afinal de
contas, sua representação de floresta está conforme suas experiências
sociais e sua mente.
Esta situação, porém, suscita as seguintes questões: é possível interferir
nas representações dos alunos? Quando? De que maneira?
ATIVIDADE
COMENTÁRIO
Há pelo menos duas condutas argumentativas para a aceitação e
valorização positiva do trabalho proposto. A primeira diz respeito
aos seus elementos invariantes, todos ligados aos aspectos
formais: formatação, apresentação caprichada, paragrafação,
partes componentes (introdução, desenvolvimento, conclusão) etc.
A segunda apresenta-se relacionada aos aspectos variantes mais
informais, portanto: originalidade, organização das idéias, coerência
argumentativa e ideológica etc.
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tradicionais de avaliar a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, há
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experiências educacionais fora do Brasil nas quais os alunos encontram-se
no controle das suas próprias vivências escolares, tomando as decisões
que são importantes, decidindo o que fazer, quando e como, sem
qualquer avaliação de adultos. Este é o caso da Escola Summerhill,
fundada em 1921 por A.S. Neil (1883–1973), sobre a qual você pode
obter mais informações no site (http://www.summerhillschool.co.uk/
pages/index.html).
Outros críticos, assumindo as teses da impregnação (para as
quais em tudo há impregnações teóricas, ideológicas, filosóficas etc.)
e da incomensurabilidade (para as quais é praticamente impossível
medir ou hierarquizar as teorias e os universos empíricos), podem ser
responsabilizados pela existência de um tempo de amplo relativismo, em
termos avaliacionais, durante o qual se deixou de avaliar os alunos frente
à incapacidade de dar conta das relações ou da complexidade existente
no ato de avaliar.
As mudanças paradigmáticas ou tendenciais na avaliação, como
você já deve ter notado, são profundas, e isso nos leva a chamar sua
atenção para o fato de não serem simples, ou uma simples “evolução”;
muito pelo contrário. As mudanças que estamos salientando são
complexas e implicam novas concepções, isto é, novas noções, conceitos,
compreensões. No âmbito da teoria crítica, por exemplo, os professores,
por meio das suas práticas de ensino e dos procedimentos avaliativos,
passam a instar os alunos à não-indiferença, à reação contra a resignação,
ao desprezo à heteronomia e aos impedimentos de autodeterminação.
A expectativa é que os estudantes possam, imediata ou futuramente,
atuar como forças libertadoras contra a continuidade da miséria. Para
Luckesi, um dos estudiosos brasileiros que muito contribuem para o
desenvolvimento de uma teoria da avaliação em consonância com a
teoria crítica, a escola e seus procedimentos avaliativos precisam “agir
para que cada cidadão possa se tornar governante e que a sociedade o
coloque, ainda que abstratamente, nas condições gerais de poder fazê-lo”
(LUCKESI, 1998, p. 44, grifos do autor).
Porém, antes de haver alguma estabilidade no campo da avaliação
educacional, até por volta do final dos anos 1980, houve quem, na
defesa do paradigma nascente, isto é, do paradigma subjetivista, tenha
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Nessa questão, como você pode ver, está clara a idéia de educar os
alunos, levando-os a respeitar os outros e saber os momentos adequados
para serem atendidos. Por meio dela, procura-se infundir a noção de respeito
mútuo como comportamento social ideal, não apenas de Joana, mas de
todos na sociedade. O sujeito avaliador, nesse caso, espera que os alunos
assumam comportamentos compatíveis com a norma ou etiqueta social.
A literatura de avaliação educacional, aliás, com bastante freqüên-
cia, relaciona o ato avaliativo aos interesses hegemônicos das classes ou
segmentos das classes dominantes e também às satisfações pessoais dos
professores. Perrenoud (1999, p. 157), por exemplo, em relação às
satisfações pessoais, nos diz ser difícil mudar o sistema de avaliação de
uma escola, porque “os professores pressentem que não encontrarão, em
um novo sistema de avaliação, as satisfações, confessáveis ou não, que
lhes proporciona a avaliação tradicional”, isto é, a que existe até então.
Recorrendo ao auxílio de P. Ranjard (1984), Perrenoud acrescenta que os
professores têm prazer ao realizarem seus processos de avaliação, prazer
este que se identifica com o “prazer de Poder com P maiúsculo”. Um pouco
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que os professores têm poder absoluto sobre as notas que atribuem, que
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isso lhes confere uma condição de todo-poderosos, e que “esse domínio
significa poder sobre os alunos”.
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RESUMO
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Com a intenção de fixar alguns pontos da presente aula, procure responder às
seguintes questões:
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COMENTÁRIOS
Ao contrário do paradigma objetivista, o paradigma subjetivista admite
que a Ciência contenha impregnações diversas, sendo, de fato, pouco
objetiva, parcial e incapaz de formular leis gerais sobre o funcionamento
da natureza. Suas bases epistemológicas, portanto, passam ao largo
do positivismo e do empirismo lógico, situando-se então no âmbito
do idealismo.
A questão de como seria uma avaliação subjetivista em bases relativistas
é capciosa, em princípio porque nestas bases e em termos radicais,
deixa-se de avaliar os alunos devido à incapacidade de dar conta das
relações ou da complexidade existente no ato de avaliar.
As críticas podem ser apresentadas em grupos: o primeiro compõe-se
de descrentes de uma avaliação que atribui origens abstratas e distantes
às representações dos alunos, e acusam-na de servir a grupos e classes
hegemônicos interessados na manutenção do status quo. O segundo
grupo compreende os que criticam a própria incapacidade da avaliação
nessas bases, particularmente ao concluir sobre o grau de qualidade
atribuída, tantas são as vontades e gostos individuais. O terceiro grupo, por
fim, aglutina quem critica a exaltação do individualismo, acrescentando
que ele reduz os seres individuais a uma vontade supra-individual.
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AUTO-AVALIAÇÃO
Se sua resposta é positiva, pule para a questão seguinte. Se, porém, é o contrário,
é melhor que volte ao texto e consiga dominar seu elementos.
2. Algum tópico desta aula foi apreendido de modo insuficiente e ainda necessita
de alguma ajuda para ser mais bem entendido?
3. É capaz de produzir textos, sem ajuda, abordando cada um dos objetivos pro-
postos para esta aula?
Sim? Parabéns. Vá para a próxima aula. Ela será de aplicação da teoria à prática
docente. A meta será apresentar atividades que abordem conteúdos relativos aos
paradigmas objetivista e subjetivista, vinculando-os à Prática de Ensino.
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