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Introdução
Havia claras equivalências entre ‘nível de formação’ e ‘nível de qualificação’, que deram
origem às convenções coletivas, aos acordos de empresas, às grades salariais, aos
estatutos profissionais. Cada um podia se definir a partir deles, situar-se sobre uma
escala salarial, unir-se a uma categoria profissional estável. Ora, parece que todas essas
convenções portadoras de identidade profissionais e, portanto, sociais, são
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NAVILLE, Pierre. Essai sur la qualification du travail. Paris: Librairie Riviere, 1956.
Costa - A CRISE DO FORDISMO 131
questionadas, no decorrer dos anos oitenta, pelos novos modos de gestão da empresa.
Não se fala mais em qualificação negociada coletivamente, mas de competência avaliada
em cada um individualmente e por cada empregador (Dubar, 1998, p. 70).
O événement significa que a competência profissional não pode mais ser enclausurada
em definições prévias de tarefas a executar em um posto de trabalho. Sobretudo ela
não pode ser mais incluída no trabalho prescrito. A competência profissional consiste
em fazer frente ao événement de maneira pertinente e com conhecimento de causa. E
essa competência é propriedade particular do indivíduo, e não do posto de trabalho.
Seria, aliás, absurdo falar de um posto de trabalho competente (Zarafian, 2001, p. 41).
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Na edição brasileira, esta expressão é traduzida como “eventos”, “acontecimentos”. Preferiu-
se manter este conceito no original, sem tradução.
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Esse modelo, aplicado ao passado, pode nos revelar várias competências insuspeitadas
nos trabalhadores (...) já que estratégias cognitivas complexas subentendem as
atividades as mais rotineiras. As novas competências assinaladas não são assim sem
precedentes, sua descoberta parece mais resultar de uma maneira de ver do que de
uma maneira de empregar a mão de obra” (Stroobants, 2003. p. 52).
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Tartuce, 2002; Dugué, 2001 etc.
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Uma gestão fundada nas competências encerra a idéia de que um assalariado deve se
submeter a uma avaliação permanente e dar constantemente provas de sua ‘adequação
ao posto’, de seu direito a uma promoção ou a uma mobilidade promocional.
(...)Em outros termos, tudo se passa como se a competência, conjunto de
propriedades instáveis que devem constantemente ser submetidas à prova, opusesse-
se à qualificação avaliada, em grande parte no último período, pelo diploma, título
adquirido uma vez por todas (Tanguy, 1997, p. 193).
Considerações finais
Referências
RESUMÉ
A crise do fordismo e o embate entre qualificação e competência: conceitos
que se excluem ou que se complementam?
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Recebido para apreciação: janeiro de 2007
Aprovado para publicação: abril de 2007