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FERNANDO BARROS SÁ
Brasília – DF
2017
FERNANDO BARROS SÁ
Monografia apresentada ao
Departamento de Administração como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Administração.
Professor Orientador:
Mestre Jorge Alfredo Cerqueira Streit
Brasília - DF
Junho de 2017
FERNANDO BARROS SÁ
FERNANDO BARROS SÁ
Aos meus pais, Helvécio e Irismar, por estarem sempre ao meu lado, mesmo nos
momentos mais complicados. Muito obrigado por todo o amor, suporte, respeito e
incentivo que me deram e me dão até hoje!
Agradeço ainda aos participantes deste estudo e a todos que direta ou indiretamente
fizeram com que eu chegasse até aqui.
RESUMO
Throughout time, the exploration of natural resources has stimulated the productive
capacity of the population, therefore creating an elevated and inadequate disposal of
residue in the environment. While searching for a balance between the produced and
discarded volume of solid waste in the environment, societies needed to create
specific pieces of legislation to take measures against and control pollution, and,
furthermore, mitigate the damage caused by human action. In Brazil, such a legal
mark took place with Law 12,305, sanctioned in 2010 and established the National
Solid Waste Management Policy (PNRS). The tire is the one that receives the most
attention amongst a great deal of residue mentioned in the legislation. It is so
because the manufacturers, dealers, distributors and salespeople must structure and
implement a system of reverse logistics for this product. The main purpose of this
work is to check up on the fulfillment of PNRS' demands by the authorized tire
dealers in Brasilia, specifically in the Plano Piloto administrative region. For the
bibliographical review, the following themes were featured: solid waste; CONAMA
resolutions; reverse logistics; PNRS; and the District Solid Waste Management Policy
(PDRS), which manages the operations in the region. After the main concepts are
shown, a briefing on the general view of the unserviceable tires in Brazil was created.
It has intented to contextualize the issue of research. This work is a social, applied,
exploratory and qualitative research. Its data gathering method was a case study,
carried out by semi-structured interviews, direct observation and document analysis.
From the results, the compliance of legislation on part of the tire dealerships could be
verified, however, the establishments' knowledge level, both strategic and tactical, in
regards to the PNRS and reverse logistics, was considered limited. In its closing
arguments, from this study's investigation, a discrepancy amongst the data gathered
on the destination of adequate disposal of tires was detected: The official data, when
compared to the data obtained in this study, was found to be higher.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS......................................................................................................... .70
Xytxu jcjcjcjducjkvk
11
1. INTRODUÇÃO
A sociedade ao longo da história adquiriu cada vez mais consciência sobre as
questões ambientais e de sua respectiva importância para preservação da vida.
Apesar de todo o conhecimento, o sistema econômico vigente incita o consumo
exagerado, o que por sua vez acarreta no aumento da variedade e do volume de
resíduos. O gerenciamento de resíduos sólidos através da Logística Reversa (LR) é
um tema atual e necessário para a busca do equilíbrio ecológico.
Em 2010, foi sancionada no Brasil a Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos – PNRS, com o objetivo de regulamentar e reger as atividades
sobre resíduos sólidos no país. Um dos principais focos desta medida foi a de
obrigar a implementação das práticas de Logística Reversa. Pneus se tornam um
tema especialmente relevante para a atualidade tendo em vista o previsto no artigo
33 da referida lei, que obriga este setor a estruturar e implementar sistemas de
logística reversa (BRASIL, 2010).
1.3 Justificativa
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Através da Norma 10.004 do ano de 2004, a ABNT define resíduos sólidos como
resíduos nos estados sólido e semi-sólido, resultantes de atividades industriais,
domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas, de serviços e de varrições (ABNT,
2004).
Esta Norma ainda estabelece a classificação dos resíduos sólidos em dois grupos –
perigosos e não perigosos, sendo este último grupo ainda subdividido em não inerte
e inerte. A definição de cada um ocorre da seguinte forma:
Com o passar dos anos os responsáveis pelo governo brasileiro passaram a dar
maior importância à gestão integrada de resíduos sólidos em decorrência dos
ganhos ambiental, social e econômico. Além de regulamentar sanções em
19
Antes mesmo da criação da PNRS, no ano de 2010, alguns estados como São
Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina já possuíam suas
respectivas políticas estaduais de resíduos sólidos. Porém, essas disposições
anteriores, assim como as resoluções do Conama, precisam obedecer às diretrizes
gerais da PNRS, por esta ser uma legislação federal (YOSHIDA, 2012).
Em seu artigo 7º, inciso XII, a PNRS objetiva a integração dos catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Já no artigo 8º, inciso IV, dispõe
sobre o incentivo à criação e desenvolvimento de cooperativas e de outras formas
de associação de catadores. Segundo Yoshida (2012) esta preocupação por parte
do Poder Público em inserir as cooperativas de catadores nas ações de
responsabilidade compartilhada contribui para a promoção do desenvolvimento
sustentável com inclusão social, essencial para a realidade brasileira.
No contexto dos pneumáticos, também cabe ressaltar o artigo 33, que por sua vez,
trata sobre parcerias entre associações e fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes (BRASIL, 2010). A integração entre empresas privadas participantes
da cadeia logística é importante, mas a PNRS também pretende traçar diretrizes
gerais aos Estados, Distrito Federal e municípios. No entanto, estes entes possuem
autonomia para suplementarem as diretrizes gerais, a partir de adaptações
adequadas às diversidades regionais e aos interesses locais (YOSHIDA, 2012).
Ainda segundo Machado (2012) o grande desafio deste princípio está na efetividade
da responsabilidade compartilhada de fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes e consumidores. O autor esclarece o seu ponto de vista a partir da
comparação entre responsabilidade compartilhada e logística reversa. As duas
práticas abrangem empresas e pessoas físicas que possuem responsabilidade
jurídica pelo ciclo de vida do produto, no entanto a logística reversa não atinge todos
os produtos, sendo necessária aplicação de legislação específica para seu
funcionamento. Desta forma o conceito de responsabilidade compartilhada torna-se
muito amplo por causa de sua abrangência.
Com relação aos princípios da Lei 5.418/14, em seu artigo 3º, há um acréscimo de
três incisos em relação à PNRS, mais especificamente os incisos XII, XIII e XIV, e
nesta ordem eles fazem referência à: integração da Política Distrital de Resíduos
Sólidos às políticas de erradicação do trabalho infantil e às políticas sociais; busca
da garantia de qualidade de vida das populações atuais sem comprometer a
qualidade de vida das gerações vindouras; e a responsabilidade pós consumo do
produtor por produtos e serviços ofertados, através de apoio a programas de coleta
seletiva, educação ambiental e acordos setoriais (GDF, 2014).
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A PDRS descreve com mais precisão os objetivos tendo em vista que possui
quatorze incisos a mais que a lei federal. Os incisos XVI, XVII, XVIII e XIX assim são
expostos respectivamente: erradicação dos lixões para evitar o agravamento de
problemas ambientais gerados por resíduos sólidos; ampliação do nível de
informações com o propósito de integrar ao cotidiano das pessoas a questão de
resíduos sólidos e a busca de soluções para ela; busca da autossustentabilidade
econômica do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), mediante criação e implantação
de mecanismos de cobrança e arrecadação, de acordo com a capacidade de
pagamento da população; e fortalecimento de instituições relacionadas à gestão
sustentável de resíduos sólidos pela promoção de programas que incentivem à
utilização de selos verdes (GDF, 2014).
Cabe ressaltar que o termo “disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”
(utilizado pela lei federal) pode ser interpretado por “erradicação dos lixões”
(conforme evidenciado na lei distrital), ou seja, a PDRS colocou como objetivo,
aquilo que foi sancionado no artigo 54 da PNRS.
Os incisos XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV são expostos na devida ordem:
compatibilização entre gerenciamento de resíduos sólidos e de recursos hídricos, o
desenvolvimento regional e a proteção ambiental; fomento ao consumo, pelos
órgãos e agentes públicos de produtos constituídos total ou parcialmente de material
reciclado; estímulo à realização de convênios com ONGs para viabilizar soluções
conjuntas na área de resíduos sólidos; incentivo à parceria entre o DF e as
entidades particulares para a capacitação técnica e gerencial dos técnicos em
limpeza urbana do Governo do Distrito Federal; e incentivo à parceria entre DF e
sociedade civil com o objetivo de implantar o programa de educação ambiental, com
enfoque específico para a área de resíduos sólidos (GDF, 2014).
Por sua vez os incisos XXV, XXVI, XXVII, XXVIII e XXIX falam respectivamente
sobre: fomento à criação e à articulação de fóruns e fortalecimento das Comissões
de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMAS para estimular a participação da
comunidade no processo de gestão integrada dos resíduos sólidos; investimento em
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de produção limpa sem agredir o meio
ambiente; incentivo a programas de habitação popular voltados para moradores de
lixões e de inserção social dos catadores e suas famílias; incentivo a programas que
optem pelo catador como agente de limpeza e coleta seletiva; e incentivo à
implantação de selos verdes por produtores em seus produtos (GDF, 2014).
O artigo 5º da Lei 5.418 fala sobre os instrumentos da PDRS e cabe evidenciar que
os incisos XX, XXI, XXII, XXIII, XXIV, XXV e XXVI não foram identificados na PNRS,
tratando-se, portanto de uma aplicação da lei em caráter local. Estes incisos são
assim referidos na PDRS: planejamento regional integrado do gerenciamento de
resíduos sólidos; programas de incentivo à adoção de sistemas de gestão ambiental
pelas empresas; certificação ambiental serviços e produtos; auditorias ambientais;
sistema de informações sobre resíduos sólidos no DF, programas, metas e relatórios
ambientais para divulgação pública, inserção de percentual de produtos constituídos
parcialmente ou totalmente de material reciclado por órgãos e agentes públicos; e
inserção de programas de reaproveitamento, reutilização e reciclagem em órgãos
públicos (GDF, 2014).
O capítulo IX da Lei 5.418 trata sobre as proibições e punições. Os incisos III, IV, V,
VI e VII do artigo 37 merecem destaque. Assim são detalhados respectivamente:
lançamento ou disposição em mananciais e em suas áreas de drenagem, cursos
d’água, áreas de várzea, lagoas, cavidades subterrâneas, terrenos baldios, poços e
cacimbas, mesmo que abandonadas, em áreas de preservação permanente e em
áreas sujeitas à inundação com períodos de recorrência maiores que 100 anos;
lançamento em sistemas de drenagem de águas pluviais, esgoto, eletricidade e
telefone, assim como em bueiros e assemelhados; infiltração no solo, sem projeto
aprovado por órgão responsável; disposição de resíduos sólidos em locais não
adequados, tanto em áreas urbanas quanto em rurais; e armazenamento em
edificação não adequada (GDF, 2014).
E por fim, o capítulo X da PDRS - por meio dos artigos 41 até 47, trata sobre
educação ambiental. Os artigos 41,42, 43 e 44 são citados respectivamente desta
forma: educação deve ser entendida na forma prevista na Lei federal nº 9.795, de 27
de abril de 1999; as políticas de ensino relativas à educação formal e não formal
devem tratar da temática dos resíduos sólidos nos programas curriculares e nos
cursos nos diversos níveis de ensino, tanto público quanto privado, por meio da
transdiciplinaridade; os programas de educação não formal devem prever a
capacitação contínua de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, assim
como da sociedade civil como um todo; e a formação continuada de professores de
todas as áreas deve contemplar o assunto resíduos sólidos (GDF, 2014).
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são programadas para que seja reduzido o ciclo de vida dos produtos. Um último
fator apresentado pelo autor é o aumento da conscientização ecológica da
sociedade, o que corrobora com Costa e Valle (2006).
A PNRS em seu artigo 3º, inciso XII define logística reversa da seguinte forma:
No Brasil, este tema tem sido tratado como uma novidade oriunda da lei 12.305/10 e
por isso, traz desafios gerenciais. A logística reversa engloba um amplo conjunto de
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Com o auxílio do ciclo de vida ambiental do produto proposto por Guarnieri (2011)
percebe-se que após o uso pelo cliente final a logística reversa tem como objetivo
estender a vida útil dos bens, com a possibilidade de revalorização ou reinserção no
ciclo produtivo ou de negócios. O produto passa por todos os processos logísticos
usuais, porém no lugar de ser disposto em aterros sanitários, ele pode ser reciclado
ou remanufaturado, reusado ou tornar-se matéria-prima. Essa conexão entre os
processos de logística direta e reversa são destacados na Figura 1:
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De acordo com Lagarinhos (2011) a discussão sobre logística reversa de pós venda
e pós consumo, iniciou-se no Brasil nos anos de 1990, quando os gestores logísticos
perceberam que materiais representavam custos significativos e por isso, devem ser
administrados.
De acordo com Leite (2003) a logística reversa de pós venda é intitulada como a
área específica da logística reversa que envolve o planejamento, a operação e o
controle do fluxo físico e de informações logísticas referentes aos bens de pós
venda, sem uso ou com pouco uso, que por motivos distintos, retornam aos
diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que constituem uma parte dos
canais reversos pelos quais fluem esses produtos.
Ainda segundo Leite (2012), o retorno para assistência técnica está relacionado com
a substituição de componentes dos produtos através de peças novas e reparadas,
ou remanufaturadas com o intuito de aumentar a satisfação do cliente. Por sua vez,
último tipo de retorno que o autor apresenta, é o retorno de embalagens retornáveis,
que ocorre quando utilizadas no transporte de produtos entre empresas ou como
atividade principal em empresas de locação de embalagens.
Por sua vez logística reversa de pós consumo é conceituada como a área da
logística reversa que operacionaliza e equaciona o fluxo físico e as informações
relacionadas aos bens de consumo descartados pela sociedade. Em geral, estes
produtos retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio de canais de
distribuição reversos específicos (LEITE, 2003).
Para Leite (2003) os produtos denominados de pós consumo podem ser enviados a
destinos finais tradicionais, como a incineração ou a aterros sanitários, meios
seguros de estocagem e eliminação segundo o autor, ou então retornar ao ciclo
produtivo por meio de desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua
vida útil.
No Brasil, onde a coleta seletiva de produtos urbanos não é uma prática comum,
produtos recicláveis como embalagens de garrafa PET, papelão e vidro são
descartados junto a qualquer outro tipo de lixo, inviabilizando a recuperação destes
produtos (COSTA e VALLE, 2006).
Para Costa e Valle (2006) os ganhos econômicos são visíveis com a utilização da
logística reversa pela possibilidade da empresa recuperar produtos com adição de
valor e reduzir custos a partir do descarte adequado de materiais usados. Os
autores também citam ganhos indiretos como antecipação a imposições legislativas,
fortalecimento da imagem corporativa, vantagem competitiva pela utilização de
práticas desconhecidas pelos concorrentes e melhora do relacionamento
fornecedor/cliente.
Ainda segundo Rosa e Maahs (2016) é importante estar de acordo com padrões
internacionais de qualidade ambiental para atrair clientes, fornecedores e novas
parcerias organizacionais. A demonstração de responsabilidade empresarial atrai
clientes mais conscientes a respeito das questões ambientais, contribui para a
promoção do desenvolvimento sustentável além de aproximar a logística com o
marketing. A partir das relações colaborativas entre organização e cliente, tende-se
a ter uma fidelização deste último. Por fim as empresas devem estar de acordo com
as legislações vigentes, com a possibilidade de antecipação às legislações futuras.
Após a rodagem da primeira vida, o pneu ainda suporta reforma e pode ser utilizado,
passando por processo de substituição do material que já fora desgastado. Sendo
assim, enquanto existir a possibilidade de reforma, o pneu é classificado como
servível. Em contrapartida o pneu é considerado inservível quando chega ao seu
desgaste completo e não pode mais ser reformado (DELIBERATO, 2012). A partir
deste momento, os agentes responsáveis pela fabricação, distribuição,
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O cliente ao decidir ficar com o pneu velho, quando este é trocado por um novo,
assina o termo de responsabilidade no qual declara estar ciente sobre a obrigação
em dar uma destinação ambientalmente adequada para o resíduo. O Termo de
Compromisso para Responsabilidade Pós consumo de Pneus Inservíveis do estado
de São Paulo, por exemplo, estabelece em sua cláusula terceira, que o consumidor
deve devolver o pneu usado e/ou inservível, no ponto de coleta determinado pela
Reciclanip, de onde será retirado para a destinação ambientalmente adequada (SP,
2012).
Depois dos pneus atravessarem toda a cadeia reversa, com todos os agentes
atuantes no retorno do produto, os pneus inservíveis podem ser triturados ou
armazenados em lascas, caso estejam em local adequado, pelo prazo de um ano
(LAGARINHOS e TENÓRIO, 2013). Ainda segundo os autores a maior dificuldade
41
Logo após ser coletado, o pneu é levado pela Reciclanip para sua destinação final, e
esta basicamente pode ser de dois tipos: reutilização como fonte energética ou
reaproveitamento dos materiais que compõem o pneu em outros produtos
(DELIBERATO, 2012). Ainda segundo o autor, os principais tipos de destinação
dados a este resíduo são: combustível alternativo para indústrias de cimento,
fabricação de dutos pluviais, borrachas de vedação, solados de sapato, pisos para
quadras poliesportivas, asfalto-borracha, pisos industriais e tapetes para
automóveis.
Com relação à destinação de pneus por região brasileira em 2015, os números são
os seguintes: 1) Sudeste com 276.516,75 toneladas, o que representa 53,29% da
meta nacional, 2) Sul com 115.782,07 toneladas e 22,31% da meta de destinação
adequada e 3) Centro-Oeste destinou corretamente 76.786,66 toneladas,
representando 14,80% da meta do Brasil para 2015, (IBAMA, 2016).
Uma das possíveis medidas para diminuir o passivo ambiental gerado pelos pneus
inservíveis de importadoras e distribuidoras independentes seria criar uma taxa
ambiental para os importadores, paga previamente a importação. O
compartilhamento do custo de logística reversa entre revendedores, distribuidores,
destinadores, poder público, consumidores finais de pneus, fabricantes e
importadores, também levaria a práticas mais sustentáveis (ANIP, 2015).
Neste capítulo é apresentado o tipo e descrição geral da pesquisa, assim como esta
foi classificada. A amostra participante do estudo, os procedimentos de coleta e
análise de dados completam o conteúdo deste tópico.
A Região Administrativa I é formada pela Asa Norte, Asa Sul, Setor Militar
Urbano, Setor de Clubes, Setor de Garagens e Oficinas, Setor de Indústrias
Gráficas, Área de Camping, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios,
Setor de Embaixadas Sul e Norte, Vila Planalto, Granja do Torto, Vila
Telebrasília, Setor de áreas Isoladas Norte e sedia os três poderes da
República: Executivo, Legislativo e Judiciário.
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Bridgestone e
Pneulândia SCRS 515 Sul – Asa Sul
Dunlop
Griffe Pneus
Michellin 514 Sul, Bloco B, Loja 69 – Asa Sul
Asa Sul 1
Griffe Pneus
SHC/Sul CR Quadra 506 Bloco A, Loja 54 –
Michellin
Asa Sul
Asa Sul 2
Griffe Asa Norte Michellin Quadra 503 – Posto Disbrave – Asa Norte
Piquet Pneus Pirelli SEPN 506 Bloco A Loja 5/6 – Asa Norte
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este tópico do trabalho foi desenvolvido com o intuito de: apresentar os resultados
das pesquisas, contrastar com a literatura exposta no referencial teórico e por fim,
discutir a respeito da fala dos entrevistados. Cabe ressaltar que a redação está
ordenada na mesma sequência de perguntas do roteiro de entrevista (disponível no
Apêndice A).
Com relação aos dezoito entrevistados, quinze eram do sexo masculino e três do
sexo feminino. A média das idades foi de 35 anos. O entrevistado mais jovem tinha
25 anos e o mais experiente 51. Sobre o tempo no cargo, a média foi de 6 anos. A
pessoa com mais tempo no cargo acumulava 30 anos naquela função, enquanto a
com menos tempo, trabalhava há um ano. Foram escutados 12 gerentes, 3
administradores, 1 diretora comercial e 2 proprietários.
Ainda penso que deveria ter uma melhoria no sentido de aumentar a fiscalização no
varejo, assim como já é feito com a indústria”.
Desta forma foi detectado um distanciamento entre as idéias expostas na Lei 12.305
e os esforços para colocá-las em prática. No artigo 6º da PNRS, um princípio que
merece destaque é o da “visão sistêmica”, além da cooperação entre as diferentes
esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade
(BRASIL, 2010). Em razão do exposto, torna-se primordial uma contribuição entre
setor público, privado e coletividade para a obtenção de ganhos em questões
ambientais, econômicas, sociais, bem como culturais, tecnológicas e de saúde
pública.
Segundo relatos da amostra pesquisada, certos clientes ainda pedem para ficar com
o pneu velho, quando este é trocado por um novo. Em uma escala de 0 a 10,
verificou-se que na média três pessoas (30%) assinam o termo de responsabilidade
(presente no Anexo I), pedem pra ficar com o produto e retornam para suas casas
cientes de que possuem a obrigação de cuidar da destinação adequada dos pneus.
Pelo o que disseram os entrevistados, é comum a revenda em mercados paralelos
tanto na zona urbana quanto rural.
Deste modo, o pesquisador é levado a inferir que uma parte dos entrevistados omite
a realidade. De acordo com o relato do Entrevistado Y, existe a prática de revenda
para borracheiros e também há destinação inadequada por parte da loja. Entretanto,
como esta é uma prática ilegal, os funcionários não relatam (em sua maioria), nem
mesmo ao pesquisador. A fala do Entrevistado Z colabora com essa hipótese:
59
“Nosso caminhão coleta e leva direto para o lixão, lá tem um local especial onde
enterram porque aqui em Brasília não tem nenhum lugar que faz reciclagem”.
No que diz respeito ao número de pneus enviados aos Ecopontos, metade dos
entrevistados não soube responder. Realizando um cálculo a partir das respostas
dos funcionários cientes sobre esta questão, verificou-se uma média de 250 pneus
enviados por mês aos pontos de coleta, por cada revendedora.
Dez entrevistados (55%) do público alvo afirmaram receber auxílio dos fornecedores
para destinar corretamente os pneus. As respostas negativas foram justificadas pelo
fato de todo o processo de transporte e armazenamento de pneus velhos serem
feitos exclusivamente pela revendedora.
Esse fluxo revelado pelo público alvo vai ao encontro com a Figura 1 – cadeia de
suprimentos e de logística reversa (GUARNIERI, 2011), apresentado no referencial
teórico. Os resíduos após serem utilizados pelo consumidor final passam pelo
processo de coleta seletiva e vão para as cooperativas – no caso específico dos
pneus, estes são separados nas revendedoras e levados para os pontos de coleta, e
os sucateiros (no caso dos pneus a Reciclanip), levam os produtos para serem
reciclados.
Sobre a destinação final dos pneus depois que estes saem da loja, as respostas
foram amplas. Alguns relataram sobre o possível poder de decisão do SLU sobre a
forma como o pneu poderia ser destinado. Outros, por sua vez citaram a reciclagem
e seu reaproveitamento como asfalto-borracha e tapete de veículos.
Mesmo sem possuir um conhecimento vasto sobre a destinação final dos pneus, as
respostas sintetizaram basicamente o que ocorre com estes resíduos. De acordo
com Gardin, Figueiró e Nascimento (2010) as alternativas mais comuns na
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Seis pessoas disseram que o processo de logística reversa não traz nenhuma
vantagem à sua empresa com relação ao concorrente. Um funcionário afirmou não
saber mensurar se esse processo era vantajoso. O restante dos entrevistados
afirmou ser positiva essa prática para a corporação, conforme representa o Gráfico
1:
dos empresários com o público. De acordo com Costa e Valle (2006), um dos
ganhos indiretos da implementação da LR é a melhoria na relação
fornecedor/cliente. Os clientes com maior educação e consciência ambiental
provavelmente voltarão a utilizar os produtos e serviços de estabelecimentos mais
engajados e confiáveis quanto às suas práticas.
Quanto ao público alvo responder que o processo de logística reversa não traz
vantagem financeira para empresa, nota-se uma percepção imediatista para a
obtenção de ganhos. Conforme foi ressaltado por Guarnieri (2011) o investimento
inicial em logística reversa apresenta um retorno financeiro a longo prazo e
necessita de planejamento com equipes e parceiros envolvidos no processo. Até
mesmo a volta do cliente mais consciente para a loja é uma forma de comprovar que
práticas sustentáveis trazem benefícios financeiros para os agentes da cadeia.
necessário um maior interesse por parte dos empresários para educar e capacitar
seus funcionários a agirem de uma forma mais equilibrada para a coletividade.
2 Conscientização do cliente x
3 Escassez de tempo x
Mudança de comportamento
4
dos profissionais
Por fim, segundo o relato dos entrevistados, o principal motivo das revendedoras de
pneus aplicarem a logística reversa é a preservação do meio ambiente. Onze
pessoas disseram ter a responsabilidade ambiental como maior motivador. No
entanto outros aspectos também foram levantados. Um dos funcionários admitiu ter
um retorno financeiro, a partir do momento em que vende esses pneus velhos para a
empresa responsável pela reciclagem. Outros motivos também foram citados, porém
de uma maneira menos freqüente, entre eles: atender as normas dos agentes
fiscalizadores, valorização da imagem da empresa e diminuir a concorrência com as
borracharias, por ter política comercial de vendas mais séria.
66
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ano de 2010, através da Lei 12.305 foi instituída a PNRS e dispõe sobre
princípios, objetivos, instrumentos além de dar diretrizes a respeito do tratamento e
disposição final de resíduos sólidos. Um dos resíduos tratados na lei são os pneus,
os quais possuem um sistema de logística reversa independente. O objetivo geral
desta pesquisa foi identificar, através de entrevistas semiestruturadas e análises
documentais, o cumprimento das exigências da PNRS por parte das revendedoras
autorizadas de pneus da região administrativa do Plano Piloto (Brasília). Os
resultados demonstram o cumprimento das exigências da legislação pelos
estabelecimentos, porém foi constatado um desconhecimento quase completo dos
profissionais sobre o disposto na lei.
quanto aos pontos de coleta, ou seja, poucos sabem informar sobre o caminho
percorrido pelos resíduos, após saírem da loja.
Talvez uma das maiores constatações do trabalho tenha sido identificar uma
discrepância entre os números apresentados sobre destinação adequada de pneus
no país e o discurso dos entrevistados, que atuam diretamente e diariamente no
setor. Afinal, a cadeia de logística reversa de pneus inservíveis no Brasil é
apresentada pelas instituições e empresas do setor com alto índice de eficácia
enquanto a fala dos funcionários/proprietários das revendedoras alerta para o
descuido com as práticas de descarte ambientalmente adequadas.
A finalidade deste trabalho não foi generalizar os resultados encontrados para outras
lojas de revenda, e sim adquirir um conhecimento mais amplo a respeito das
práticas gerenciais nas empresas estudadas. Por isto, o presente trabalho é limitado
bem como seus resultados não podem ser abrangidos para outros setores ou outras
localidades. Diante das limitações relatadas, fica a sugestão de realizar estudos
68
Com relação ao panorama dos pneus inservíveis no Brasil, a forma mais comum de
destinação para estes resíduos é como combustível alternativo para indústria de
cimento. O custo de transportes dos resíduos é muito elevado devido a problemas
estruturais e governamentais. Os custos operacionais de destinação de pneus
inservíveis são divididos entre fabricantes e importadoras, porém há uma
insatisfação dos fabricantes sobre estas últimas, já que algumas importadoras não
cumprem com suas obrigações legais. O compartilhamento do custo desse processo
entre os diversos agentes do ciclo de vida dos pneus poderia ser uma solução para
diminuir o passivo ambiental.
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, editora
Atlas, 1999.
PHILLIPPI JR, A.; AGUIAR, A.O; CASTILHOS JR, A. B.; LUZZI, D. A. Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos. In: JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; MACHADO FILHO, J.
V. (org.). Política Nacional, Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Barueri-SP: Manole, 2012, p. 229-244.
APÊNDICE
Parte I – Apresentação
1. Explicar sobre os objetivos da pesquisa