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'Porta do inferno': a gigantesca cratera que continua

crescendo e revela como a Terra era há 200 mil anos


bbc.com/portuguese/brasil-39139050

2 março 2017

Direito de imagem Alexander Gabyshev


Image caption Localizada na floresta boreal da Sibéria, enorme cratera
cresce, em média, 10 metros por ano e serve de alerta contra o
desmatamento e o aquecimento global

Um buraco de 1 quilômetro de extensão e 85 metros de profundidade não para de crescer


em uma remota região da Rússia e é chamado de "porta para o inferno" por pessoas que
vivem na região, que preferem evitá-lo.

Mas cientistas asseguram que se trata de uma cratera única, um registro detalhado de 200
mil anos de história da Terra.

Batagaika, a gigantesca cratera, emerge de forma dramática na floresta boreal da Sibéria à


medida que o permafrost - tipo de solo que está sempre congelado - derrete como efeito
do aquecimento global.

A cratera tem crescido na média de 10 metros por ano. Mas em anos mais quentes, esse
aumento chegou a 30 metros, conforme indicou estudo do Instituto Alfred Wegener em
Potsdam, na Alemanha. A instituição vem monitorando o buraco há uma década.

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Direito de imagem Julian Murton
Image caption Camadas expostas com
o degelo do permafrost indicam como
eram clima, fauna e flora há 200 mil
anos

A cratera representa uma rara


oportunidade de observar, ao mesmo
tempo, o passado, o presente e o
futuro.

As camadas de sedimento expostas revelam como era o clima na região há 200 mil anos.
Resquícios de árvores, pólen e animais indicam que, no passado, a área foi uma densa
floresta.

Esse registro geológico pode ajudar a compreender como será, no futuro, a adaptação da
região ao aquecimento global. E, ao mesmo tempo, o crescimento acelerado da cratera é
um indicador imediato do impacto cada vez maior das mudanças climáticas no degelo do
permafrost.

Desmatamento
A cratera apareceu na década de 60, de acordo com Julian Murton, professor da
Universidade de Sussex, na Inglaterra.

O rápido desmatamento na região deixou o terreno sem a proteção das sombras das
árvores nos meses de verão. Assim, os raios de sol aqueceram o solo e aceleraram o
processo de degelo, uma vez que era a vegetação que mantinha o solo resfriado.

"Esta combinação de menos sombra e transpiração levou a um aquecimento da


superfície", explica Murton em entrevista à BBC.

Com o derretimento do permafrost, é possível que venham a surgir mais crateras como
também lagos e bacias hidrográficas.

Para o professor, "à medida que o gelo derrete em novas profundidades, podemos ver o
surgimento de paisagens novas".

Direito de imagem Julian Murton


Image caption Ao emergir, cratera
revelou siknais de densa floresta que
existiu no local há centenas de
milhares de anos

Reconstituição histórica
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Cientistas ainda trabalham na análise de sedimentos e tentam decifrar a cronologia exata
da cratera.

"Queremos saber se as mudanças climáticas durante a última Era do Gelo esteve


caracterizada por uma grande variabilidade, com períodos intercalados de aquecimento e
esfriamento", diz Murton.

Direito de imagem Julian Murton


Image caption A taxa de crescimento
da cratera é um indicador direto do
crescente impacto das alterações
climáticas no permafrost

Isso é importante porque a história


climática de grande parte da Sibéria
ainda pode ser considerada um
mistério. Ao reconstruir alterações
ambientais do passado, cientistas esperam conseguir prever mudanças similares no
futuro.

Há 125 mil anos, por exemplo, houve um período interglacial, com temperaturas vários
graus acima das registradas atualmente.

"Entender como era o ecossistema pode nos ajudar a entender como a região se adaptará
ao atual aquecimento do clima", afirma o professor Julian Murton.

'O aquecimento acelera o aquecimento'


A cratera Batagaika pode oferecer lições cruciais, em especial sobre os mecanismos que
aceleram o aquecimento em áreas de permafrost.

À medida que o degelo avança, mais e mais carbono é exposto a micróbios. Estes micro-
organismos consomem carbono e produzem dióxido de carbono e metano - gases
causadores do efeito estufa.

Direito de imagem Julian Murton


Image caption À medida que o
permafrost degela, gases como dióxido
de carbono e metano são liberados e
aceleram o aquecimento global

O metano é capaz de acumular 72


vezes mais calor que o dióxido de
carbono num período de 20 anos.

Além disso, os gases liberados pelos


micróbios na atmosfera aceleram ainda mais o aquecimento.

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"É o que chamamos de 'feedback positivo'", explica Frank Gunther, do Instituto Alfred
Wegener. "O aquecimento acelera o aquecimento e, no futuro, poderemos ver mais
estruturas como a cratera de Batagaika", completa o pesquisador.

Segundo o pesquisador, não há nenhuma obra de engenharia que possa conter o


desenvolvimento dessas crateras.

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