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A eficácia e os limites da terceirização no Brasil

Ao terceirizar uma atividade, o empresário almeja reduzir custos com mão de obra, bem
como aperfeiçoar os resultados, não apenas a atividade terceirizada, mas para toda a
organização empresarial.

Introdução

Para iniciar o entendimento da matéria, vamos analisar a evolução histórica do trabalho,


pois, vivendo em sociedade, o homem adquire e busca aumentar seu patrimônio, mas,
por outro lado terá que transpor vários obstáculos decorrentes de limitações resultadas
por essa ligação, momentos esses que chegam a comprometer a sua liberdade.

Foram muitas lutas, cuja trajetória passou pela escravidão, servidão, passando pela
evolução do capitalismo, nascimento do Estado Liberal, a Burguesia, a “mais-valia” de
Marx, a importante transição do Estado liberal para o Estado do Bem Estar Social e o
Estado Neoliberal, no qual o homem conseguiu diminuir a desigualdade no mundo
corporativo.

Ao longo do tempo, o trabalhador conquistou o direito de ter acesso ao que produzia,


contribuindo para a redução da grande distância entre o patrão e o empregado no tocante
ao consumismo.

Com o desenvolvimento da economia mundial, a sobrevivência das empresas ficou


condicionada à busca de produções em grande escala e com qualidade, mas com o
menor custo possível. Logo, a terceirização contribuiu nesse processo, para que as
empresas alcançassem o ápice da produção de suas atividades fim, com uma gestão de
pessoal menos onerosa.

A “Terceirização” é uma expressão designada a uma relação triangular de prestação de


mão de obra, formada pelo tomador do serviço – que geralmente são as empresas, o
prestador de serviços – que estabelece uma relação direta empregatícia com o obreiro, e
o trabalhador que executará a mão de obra, o famigerado “terceirizado”. Importa frisar
que em muitas corporações esta relação era estabelecia de forma direta entre o
trabalhador e o tomador do trabalho.

Dessa forma, o presente artigo estudará se terceirização gera ou não economia para o
tomador se serviços, bem se mantém a proteção da relação empregatícia conquistada
após anos de peleja histórica da classe trabalhadora.
Evolução do Trabalho no Mundo

Desde a antiguidade, iniciando pelo escravismo, o trabalho no mundo tem evoluído com
técnicas e uma enorme acumulação de riquezas para a classe dominante, passando pela
Revolução Industrial, que resultou em grandes mudanças tecnológicas até os dias atuais.

A relação de submissão do trabalhador na Idade Média, sempre se sujeitando ao seu


senhor, era regida por regras que só resguardava àqueles que tinham cidadania, isto é,
mantinha sujeição ao seu senhorio. Com o fim da escravidão e a chegada do regime
feudal na idade média, iniciou-se então o regime de servidão, no qual os servos
trabalhavam nas terras dos seus senhores, em troca de uma porção de terra, sob a pseuda
intenção dos servos serem pessoas livres, embora fossem obrigados a viver na
propriedade, tratando-se de um escravismo velado.

Segundo Segadas Viana:

“ ...a servidão foi um tipo muito generalizado de trabalho em que o indivíduo, sem ter
condição jurídica do escravo, na realidade não dispunha de sua liberdade”

O servo tinha total dependência do seu senhor, tanto na área social como na jurídica,
exatamente como antes ocorria com o escravo. Mais tarde, devido a um comércio
rústico, que ganhou forças com as feiras, surgiu então a burguesia.

Expandindo-se o comércio, nasce a figura do capitalista, que reuniu todos os


trabalhadores em um mesmo local para ter um melhor controle sobre estes, diferente das
pequenas e clássicas oficinas, surgindo, então, as grandes fábricas.

Em paralelo, a Revolução Francesa foi um dos episódios mais relevantes dos


movimentos políticos e ideológicos, pois instituiu a democracia que hoje vivemos.
Neste contexto desde o século XVI, o capitalismo surge como mudança no estilo de
produção internacional, com metodologias que atravessaram fronteiras. Mais do que
isso, sempre sinalizou, alterou, renovou, dissolveu, recriou e inventou novas relações
comerciais em épocas de grandes mudanças políticas, tratando-se de um singelo
embrião da globalização que vivemos hoje.
O Liberalismo

Com a expansão da burguesia capitalista, inicia o processo chamado de “Revolução


Industrial”, com início no século XVII até meados do século XIX. Grande evolução nas
invenções de maquinários, impulsionando o nascimento das indústrias.

Tais modificações trouxeram alterações na relação de trabalho: o trabalho passou a ser


livre, mas juridicamente subordinado, no modo de realização do serviço não havia
intervenção na vida pessoal do trabalhador, apenas nos procedimentos profissionais.

Obviamente a sociedade sofreu consideráveis mudanças, que tinha o convívio em paz,


passou a amargar um desequilíbrio com a chegada dos trabalhadores do campo que
migraram para as cidades industriais, em busca de uma vida melhor.

Consequentemente, os desarranjos sociais foram inevitáveis, isto porque havia de um


lado a burguesia cada vez mais rica, e do outro, o proletariado e os trabalhadores, que
obravam exaustivamente para o enriquecimento do patrão.

Tais situações culminaram na exploração de guerras, crises econômicas, secas e pragas


que trouxeram a queda do Estado Absolutista e o crescimento do Estado Liberal.

Com a ascensão do Estado Liberal de base para os elementos do Estado, o trabalhador


poderia apenas aderir ao contrato, pois a burguesia mantinha uma forte influencia no
proletariado, mantendo o obreiro submisso à condições ainda degradantes ou sub-
humanas. Nessa época, o que ditava as normas era o trabalho e capital “mais valia”.

Para Marx, “mais valia” era “...expressão precisa do grau de exploração da força do
trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalismo”.[1]

Marx também afirma que “a produção da mais valia absoluta se realiza com o
prolongamento da jornada de trabalho além do ponto em que o trabalhador produz
apenas um equivalente ao valor de sua força de trabalho e com a apropriação pelo
capital desse excedente. Ela constitui o fundamento do sistema capitalista e o ponto de
partida da produção da mais valia relativa. Esta pressupõe que a jornada de trabalho já
esteja dividida em duas partes: trabalho necessário e trabalho excedente”.[2]
Assim, o trabalhador não recebia pelo que produzia, seu pagamento era pela sua força
aplicada na efetivação do trabalho, correspondendo, portanto, ao que realmente
necessitava.

Por tal disparidade entre produção e recebimento, definiu Karl Marx como “mais valia”,
o individuo ficava dominado pelo trabalho. O tempo extra trabalhado e não pago era
fato gerador de lucro, causando enriquecimento das classes detentoras e decaindo cada
vez mais o proletariado, resultando em maior desnível social.

No entanto, Karl Marx foi o grande idealizador que buscou consolidar uma sociedade
com uma distribuição de renda mais equitativa. Deste pensamento nasceu o
Socialismo, que tem sua ascensão causada pela necessidade de entrar um combate ao
Sistema Capitalista, que era o desequilíbrio entre a burguesia e o proletariado, lucro e
produtividade.

De certa forma, ao perceberem que cada vez mais aumentavam as diferenças entre o
salário que recebiam ao que produziam, os trabalhadores passaram a reivindicar, de
forma organizada, melhores condições de trabalho e salários, atitude que alterou o rumo
da história.

Conforme Mauricio Godinho Delgado:

“Na verdade, perceberam os trabalhadores que um dos sujeitos da relação de emprego


(o empregador) sempre foi um ser coletivo, isto é, um ser cuja vontade era hábil a
detonar ações e repercussões de impacto social, seja certamente no âmbito da
comunidade do trabalho, seja eventualmente até mesmo no âmbito comunitário mais
amplo.”[3]

O marco do socialismo foi o manifesto Comunista Marx e Engels de 1948, que


agitavam os trabalhadores a se unirem na busca por dignidade e melhores condições de
vida.

Dessa crise nasce o “sindicato”, que representa a luta dos trabalhadores por melhores
condições laborais e, derivando do sindicato surgiu o Direito do Trabalho.

O Estado de Bem Estar Social


Com a necessidade da normatização do Direito do Trabalho, em 1848, inicia a fase de
sistematização e consolidação da legislação trabalhista. Segundo Maurício Godinho
Delgado:

“Todo o processo seguinte a 1848 até a Primeira Guerra Mundial caracterizou-se por
avanços e recuos entre a ação do movimento operário, do movimento sindical, do
movimento socialista e, ao mesmo tempo, a estratégia de atuação do Estado. Processo
em que a ação vinda de baixo e a atuação oriunda de cima se interagem reciprocamente,
dinamicamente, dando origem a um ramo jurídico próprio que tanto incorpora a visão
própria ao Estado como assimila um amplo espaço de atuação para a pressão operária
vinda de baixo”.[4]

Assim, ocorreram grandes melhorias, como também retrocessos, mas pela ação do
movimento operário, das classes sindicais, como também a interferência do Estado,
todos em comum acordo resolvem formar um ramo jurídico próprio.

A partir de 1850, passou-se a proibir o trabalho de mulheres em minas e reduziu-se a


jornada de trabalho dessas trabalhadoras para 10 (dez) horas diárias.

Em 1917, a Constituição Mexicana foi a primeira a efetivar a constitucionalização dos


Direitos Sociais, inclusive o Direito do Trabalho. Entretanto, foi a Constituição de
Weimar, de 1919, na Alemanha, que teve maior impacto e influência.

No mesmo ano de 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
visava o desenvolvimento e a propagação do Direito do Trabalho, mediante divisão de
tarefas entre os países signatários.

Bruno Yepes Pereira defini a OIT da seguinte forma:

“Fundada no ano de 1919, a OIT consolidou-se como foro internacional de discussão de


temas trabalhistas, com uma estrutura composta por representantes de empregados, dos
trabalhadores e dos governantes. O Brasil, a exemplo de outros órgãos da ONU, é um
de seus membros fundadores e um dos dez membros permanentes de seu Conselho de
Administração. A OIT trabalha pelo esforço comum de seus três órgãos, que são a
Conferência Internacional do Trabalho, encarregado de executar suas decisões. Após os
contratempos de sua transferência provisória para o Canadá por força da Segunda
Guerra Mundial, a OIT retornou à sua primeira e única sede, que fica na cidade de
Genebra, na Suiça.”[5]
A transição do Estado Liberal para o Estado do Bem-Estar Social teve seu ápice entre
1945 e 1970, influenciando a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, marcando o início
da terceira fase de desenvolvimento do Direito do Trabalho, denominado
“oficialização”.

Neste mesmo período, não por acaso, houve a fase “institucionalização”, que por ser
considerado social e constitucional, o Direito do Trabalho foi reconhecido como ramo
jurídico autônomo.

No entendimento de Mauricio Delgado, a oficialização e a institucionalização do ramo


justrabalhista assumem o seguinte papel:

“O dado fundamental é que o Direito do Trabalho se institucionaliza, oficializa-se,


incorporando-se à matriz das ordens jurídicas dos países desenvolvidos democráticos,
após longo período de estruturação, sistematização e consolidação, em que se
digladiaram e se adaptaram duas dinâmicas próprias e distintas. De um lado, a dinâmica
de atuação coletiva por parte dos trabalhadores – dinâmica essa que permitia inclusive
aos trabalhadores, através da negociação coletiva, a produção autônoma de normas
jurídicas. De outro lado, a estratégia de atuação oriunda do Estado, conducente à
produção heterônoma de normas jurídicas. Portanto, a oficialização e institucionalização
do Direito do Trabalho fez-se em linha de respeito a essas duas dinâmicas diferenciadas
de formulação de normas jurídicas - a dinâmica negociais autônoma, concretizada no
âmbito da sociedade civil, e a dinâmica estatal heterônoma, produzida no âmbito do
aparelho do Estado.”[6]

O Estado de Bem-Estar Social atinge seu clímax nas décadas posteriores a Segunda
Guerra Mundial.

A institucionalização e constitucionalização dos Direitos Sociais só ocorreu pelo


amparo do Welfare State (origem do pensamento keynesiano e surgiu como resposta
para o que se vivia na Europa), pois assim como o Direito do Trabalho, tinha uma
função maior, o bem estar e a melhoria das condições de vida do cidadão.

Neste período o próprio Estado imitava o modelo das fábricas proposto pelo fordismo:
grande, verticalizada e responsável por todas as etapas de produção. Produziam
produtos duráveis em massa, com trabalhadores homogêneos. Nesse mesmo diapasão,
o Sindicato, o Estado intervencionista, regulamentava os direitos sociais através de
políticas públicas keynesianas[7].
Segundo Dalmo Dallari:

“Fixando-se no poder, diz KELSEN, que o poder do Estado, designado como poder de
império, submete os homens ligando sua conduta a um dever jurídico. Assim, portanto,
para assegurar a consecução de fins jurídicos é o que o poder é exercido”.[8]

O período do Estado de Bem-Estar Social, no ramo justrabalhista, conseguiu alçar sua


função plena: melhorando as condições de vida do trabalhador, o emprego era estável e
pleno, fortalecendo-se o sindicato e melhorando a distribuição de riquezas.

A terceirização trabalhista

A expressão “terceirização” é de origem empresarial, que, embora pareça, não possui o


sentido de “terceiro” como alheio à relação corporativa ou produtiva, mas para
distinguir o subcontratado dos demais colaboradores da corporação, por exercer
atividades distintas da principal da empresa.

Destaca-se que a terceirização não consiste num instituto justrabalhista, mas sim num
fenômeno econômico típico do final do século XX, destinado a dissociar a relação
trabalhista com o tomador da mão de obra.

Segundo Godinho:

“Para o Direito do Trabalho terceirização é o fenômeno pelo qual se dissocia a relação


econômica de trabalho da relação justrabalhista que lhe seria correspondente. Por tal
fenômeno insere-se o trabalhador no processo produtivo do tomador de serviços sem
que se estendam a este os laços justrabalhistas, que se preservam fixados com uma
entidade interveniente.”[9]

Godinho classifica como modelo trilateral de relação socioeconômica, não consistindo


no modelo clássico empregatício bilateral, resultando em graves desajustes em
contraponto aos clássicos objetivos tutelares e redistributivos que sempre caracterizaram
o Direito do Trabalho.

Gabriela Delgado conceitua:


“...enquanto no modelo clássico o empregado presta serviços de natureza econômica-
material, direitamente ao empregador, pessoa física, jurídica ou ente despersonificado,
com o qual possui vínculo empregatício (art. 2º, caput, CLT), na relação trilateral
terceirizante o empregado presta serviços a um tomador, apesar de não ser seu
empregado efetivo. A relação de emprego é estabelecida com outro sujeito, a empresa
interveniente ou fornecedora. (...) pode-se compreender a terceirização dos serviços
como a relação trilateral que possibilita à empresa tomara dos serviços (empresa cliente)
descentralizar e intermediar suas atividades acessórias (atividade-meio), para empresas
terceirizantes (empresa fornecedora), pela utilização de mão de obra terceirizada
(empregado terceirizado), o que, do ponto de vista administrativo, é tido como
instrumento facilitador para a viabilização da produção global, vinculada ao paradigma
da eficiência nas empresa.”[10]

Em suma, a prestadora de serviço celebra um contrato com a tomadora, relação essa de


caráter civil e empresarial. A prestadora contrata o trabalhador para realizar as
atividades designadas a esta para a tomadora, ficando responsável pelos encargos
trabalhistas.

Pode-se afirmar que terceirização é um modo de organizar as tarefas empresariais, com


o objetivo de descentralizar as atividades acessórias da tomadora, centralizando seus
esforços nos planos estratégicos empresariais. Contudo, embora seja eficaz para a
atividade empresarial e um fenômeno que veio para ficar, por não possuir previsão
legal, o assunto requer cuidado na proteção do trabalhador.

A Terceirização no Brasil

O processo de industrialização no Brasil, especificamente nos anos de 1950, iniciou


com parte da relação trabalhista subcontratada, formando ao redor das grandes
indústrias um complexo industrial formado por fornecedores de autopeças.

A partir de 1980, o movimento terceirizante expandiu-se de forma sistemática no país,


com o objetivo de flexibilizar a produção, bem como as relações trabalhistas, sob a
influência do neoliberalismo e da globalização econômica.

A terceirização surgiu, teoricamente, sob a ideia de focar mais na atividade empresarial


para criar parcerias interempresariais sólidas para atender a demanda do parque
industrial com prontidão e qualidade.
Contudo, o crescimento da terceirização não se preocupou com o respaldo às relações
empregatícias, pois, conforme Márcio Pochman aponta, entre os anos de 1985 e 2005, a
terceirização não visou a qualidade no ciclo produtivo, mas sim a garantia da
sobrevivência empresarial ante o cenário de estagnação da economia.

Em síntese, Pochman ensina:

“ao contrário da experiência dos países desenvolvidos, a terceirização no Brasil contém


especificidades significativas. Na maior parte das vezes, a terceirização encontra-se
associada ao ambiente persistente de semi-estagnação da economia nacional, de baixos
investimentos, de diminuta incorporação de novas tecnologias, de abertura comercial e
financeira e de desregulamentação da competição intercapitalista. Por conta disso, o
sentido da terceirização vem se revelando um processo de reestruturação produtiva
defensiva, mais caracterizada pela minimização de custos e adoção de estratégias
empresariais de resistência (sobrevivência).”[11]

Contudo, segundo Gabriela Neves Delgado, há estudos consolidados que, comparando o


trabalhador terceirizado com os empregados diretamente contratados pelas tomadoras,
há alta taxa de rotatividade: 8 a cada 10 empregados terceirizados são substituídos ao
final de cada ano de trabalho. Além desse dado, a autora aponta que o estudo revela que
o rendimento médio do trabalhador terceirizado é, em média, 50% da remuneração
média do trabalhador diretamente contratado.[12]

Da terceirização Lícita e ilícita

A terceirização lícita é a forma de exceção na contratação de mão de obra, pois o padrão


é a fórmula empregatícia clássica. Já a terceirização ilícita é aquela que se enquadra no
artigo 9º da CLT, como forma de burlar a aplicação da legislação trabalhista.

Diante da falta de diploma legal, e prevendo a possibilidade de ser usada com fins
fraudulentos, ocultando a existência de vínculo empregatício, assim como a
desvalorização das condições de trabalho do obreiro terceirizado, a Justiça do Trabalho
emitiu a Súmula 331 (antigo enunciado 256), para distinguir a terceirização lícita e
ilícita.

Além da referida Súmula, as hipóteses lícitas de terceirização estão previstas no artigo


455, CLT (Contrato de Subempreitada), e nas Leis 6.019/74 (Trabalho Temporário) e
7.102/83 (Vigilância Financeira e Transporte de Valores).
Nos modelos de terceirização trabalhistas regulados pelos dispositivos acima, podemos
encontrar, em regra, três elementos que caracterizam o vínculo empregatício entre o
obreiro e a empresa tomadora de serviços: onerosidade, pessoa física, habitualidade,
sem representar exemplo de ilicitude, desde que a atividade exercida pelo trabalhador
não esteja ligada a atividade fim da empresa.

No tocante a pessoalidade e a subordinação, torna inadmissível sua configuração numa


relação de terceirização permanente, como entre obreiro terceirizado e a tomadora de
serviços, pois cairão por terra os propósitos da terceirização.

A inteligência da Súmula 331 nos orienta, por exceção, que é ilícita a terceirização da
atividade fim (incisos I e II).

Segundo o Sérgio Pinto Martins, a atividade meio é aquela que não coincide com os fins
principais da empresa, ou seja, não é a atividade essencial, pois é uma atividade de
apoio ou complementar, como limpeza, vigilância, manutenção de informática, etc.[13]

Quanto à atividade-fim, o mesmo autor entende como aquela essencial ao objeto social
da empresa, ligada ao seu principal fim. Em suma, pode-se entende que a atividade fim
corresponde à razão da existência da empresa, isto é, trabalhadores terceirizados, cujas
tarefas estejam ligadas com a finalidade da empresa, correspondem a uma terceirização
ilícita, podendo ser compreendido como fraude em detrimento da relação justrabalhista.

A Súmula 331 é omissa acerca da responsabilização da empresa prestadora de serviços


na prática ilegal, contudo, compreende-se que não deixará de incidir sobre ela sua
parcela de culpa pelo ato ilícito, aplicando, por analogia, a regra geral do artigo 942 do
Código Civil, que é a responsabilidade solidária pelo exercício coletivo de atos ilícitos.

Os Limites Constitucionais para Terceirização

Embora se tratando de um fenômeno econômico que não retrocederá, a terceirização


possui nítidos limites estabelecidos pela Constituição de 1988.

Godinho leciona que os limites da Constituição ao processo terceirizante situam-se no


sentido de seu conjunto normativo, como pela dignidade da pessoa humana (art. 1º, III),
da valorização do trabalho e especialmente do emprego (combinando com o artigo 170,
caput), da busca de construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I), do
objetivo de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
(art. 3º, III), da busca da promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quais outras forma de discriminação (art. 3º, IV). [14]

A falta de limite à terceirização, sob a ótica da Constituição Federal, não é compatível


com a ordem jurídica brasileira, pois, por confrontar princípios constitucionais sociais, o
crescimento desordenado deste fenômeno configura a nítida degradação do esforço
humano.

Portanto, primando pelos direitos sociais alcançados ao longo da história, os limites


constitucionais à terceirização são essenciais para que o Direito do Trabalho permaneça
sólido em sua função civilizatória no caminho da inclusão socioeconômica protegida do
trabalhador, valorizando o trabalho e a democratização do poder nas relações
empresariais.

Da necessidade de controle Civilizatório da Terceirização

A doutrina e jurisprudência almejam, incessantemente, um controle civilizatório para o


processo de terceirização, tentando suprir as lacunas legislativas.

Para viabilizar a prática deste processo é necessária a aplicação de alguns princípios,


tais como: isonomia salarial entre trabalhadores terceirizados e trabalhadores da
tomadora de serviços da mesma categoria; responsabilidade da tomadora de serviços
pelos créditos trabalhistas dos terceirizados e vinculação sindical dos trabalhadores
terceirizados ao sindicato da categoria dos trabalhadores permanentes da empresa
contratante.

A ausência de isonomia salarial é habitual na terceirização, tornou-se a prática da


discriminação remuneratória. A lógica é que o obreiro terceirizado receba a
remuneração equivalente à do empregado efetivo, além de todos os adicionais inerentes
à atividade e respectivos benefícios.

Ademais, sabiamente o artigo 12 da Lei 6.019/74 disciplina o tratamento salarial


isonômico entre o trabalhador temporário e o trabalhador efetivo da tomadora de
serviços, não menosprezando o esforço humano de um obreiro, ainda que seja por
determinado período.
Contudo, a polêmica da isonomia salarial não foi citada na Súmula 331 do TST, pois
ainda há discussão jurisprudencial acerca de sua extensão aos trabalhadores
terceirizados permanentes.

Embora haja limites constitucionais, a Carta Magna não alcança, na prática, os


trabalhadores terceirizados, como os artigos 5º, incisos I e XLI, da Constituição Federal
de 1988, com relação da não discriminação e princípio de igualdade, assim como a
garantia constitucional de proteção ao salário, primado pelo artigo 7º, incisos VI, VII e
X, da Carta Magna, que proíbe distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual
entre as profissões.

A responsabilidade da tomadora de serviços pelos créditos trabalhistas não pagos aos


terceirizados, foi tratada no item IV da Súmula 331 do TST, estabelecendo a
responsabilidade subsidiária, ou seja, a possibilidade de cobrar todos os débitos
trabalhistas de qualquer devedor, tanto prestadora como a tomadora, restando à que
pagar o direito de regresso, quando o adimplemento for cumprindo pela tomadora.

Contudo, antes da Súmula 331 do TST, a tomadora era responsabilizada apenas pelas
contribuições previdenciárias, remuneração e indenizações devidas.

Alguns autores defendem ser equívoca a ideia de responsabilidade subsidiária nos casos
de terceirização lícita, entendendo que há responsabilidade solidária das empresas
tomadoras e prestadoras para qualquer caso, seja lícita ou ilícita, desde que fique
comprovada a formação de grupo econômico entre a empresa tomadora e a prestadora
de serviços, conforme artigo 2º da CLT.

Entretanto, como preceitua o artigo 265 do Código Civil, no instituto da solidariedade


não cabe presunção, prevalecendo, portanto, o entendimento que não se pode imputar
responsabilidade solidária da empresa tomadora de serviços, na hipótese de
terceirização licita.

Na terceirização ilícita não há margens para dúvidas, afinal os artigos 927 e 942 do
Código Civil, utilizados de forma subsidiária no Direito do Trabalho (artigo 8º CLT,
parágrafo único), estabelece a obrigação de reparação de danos por aquele que causar
ao outro, ficando os bens do ofensor, sujeitos à reparação, e caso haja mais ofensores,
todos responderão de forma solidária pela reparação.

Assim, de forma subsidiária, o Código Civil traz respaldos na omissão da Súmula 331
quanto à responsabilidade da empresa tomadora, quando a terceirização for ilícita, esta
deve ser responsabilizada solidariamente, pois há previsão legal penalizando todos
aqueles que praticam o ato ilícito.

Isto porque o raciocínio jurídico decorre da culpa in elegendo, pois a tomadora não foi
cuidadosa para celebrar contrato com prestadora sem capacidade econômica e
idoneidade financeira para adimplir os débitos trabalhistas, não podendo o obreiro ficar
sem o que lhe é devido.

Simultaneamente, o entendimento emana, ainda, da culpa in vigilando, pois a empresa


tomadora não procedeu com o seu dever de fiscalizar a empresa prestadora quanto ao
pagamento das verbas trabalhistas.

Acerca da vinculação sindical dos trabalhadores terceirizados, uma legislação específica


sanaria as distorções praticadas no mercado de trabalho.

O artigo 511 e seus parágrafos, da CLT, prevê que o trabalhador terceirizado deve estar
inserido no enquadramento sindical da atividade econômica exercida pela empresa
prestadora de serviços. Porém, o trabalhador terceirizado fica totalmente desprotegido,
vez que na realidade, suas atividades são exercidas na empresa tomadora de serviços.

Para Godinho, a intenção de formar um sindicado dos trabalhadores terceirizados, que


serviriam a dezenas de diferentes tomadores de serviços, integrantes estes de segmentos
econômicos totalmente desiguais, é simplesmente um contrassenso, pois sindicado é
unidade, é agregação de seres com interesses comuns, convergentes, unívocos. O autor
pontua que, se o sindicato constitui-se de trabalhadores com diferentes formações
profissionais, distintos interesses profissionais, materiais e culturais, diversificadas
vinculações com tomadores de serviços, a entidade não se harmoniza, em qualquer
ponto nuclear, com a ideia matriz e essencial de sindicato.

Eis então um entrave lógico na essência sindical para criação de uma entidade destinada
somente aos trabalhadores terceirizados, os quais são representados por sindicatos
frágeis com pouca força de mobilização.

Portanto, considerando a ausência de uma legislação clara e eficaz, e que o trabalhador


terceirizado exerce atividade em empresa com natureza distinta da sua empregadora
direta, convém seu enquadramento sindical na categoria da tomadora, para que o obreiro
não permaneça desprotegido e tão pouco em situação de desigualdade no seu ambiente
de trabalho.
Conclusão

Conclui-se, assim, que a terceirização desregrada, a qual expandiu de forma exponencial


para atividades centrais das empresas, marcadas pelo pensamento neoliberal, constituiu
causa de ameaça assustadora do sistema jurídico de proteção social dos trabalhadores,
coroado no Direito do Trabalho.

Logo, o assunto requer com urgência, uma legislação adequada, uma vez que o
crescimento desta forma de contratação prejudica o trabalhador, pois dá margem à
degradação de carreiras nas grandes corporações e expõe as empresas para riscos
desnecessários ante a falta de orientação jurídica.

Além da legislação específica e eficaz, caberá ainda ao poder estatal concentrar seus
esforços na fiscalização e autuação dos infratores, sob o risco de retrocedermos aos
tempos de exploração da mão de obra, bem como a perda de direitos conquistados com
o passar do tempo.

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