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Ao terceirizar uma atividade, o empresário almeja reduzir custos com mão de obra, bem
como aperfeiçoar os resultados, não apenas a atividade terceirizada, mas para toda a
organização empresarial.
Introdução
Foram muitas lutas, cuja trajetória passou pela escravidão, servidão, passando pela
evolução do capitalismo, nascimento do Estado Liberal, a Burguesia, a “mais-valia” de
Marx, a importante transição do Estado liberal para o Estado do Bem Estar Social e o
Estado Neoliberal, no qual o homem conseguiu diminuir a desigualdade no mundo
corporativo.
Dessa forma, o presente artigo estudará se terceirização gera ou não economia para o
tomador se serviços, bem se mantém a proteção da relação empregatícia conquistada
após anos de peleja histórica da classe trabalhadora.
Evolução do Trabalho no Mundo
Desde a antiguidade, iniciando pelo escravismo, o trabalho no mundo tem evoluído com
técnicas e uma enorme acumulação de riquezas para a classe dominante, passando pela
Revolução Industrial, que resultou em grandes mudanças tecnológicas até os dias atuais.
“ ...a servidão foi um tipo muito generalizado de trabalho em que o indivíduo, sem ter
condição jurídica do escravo, na realidade não dispunha de sua liberdade”
O servo tinha total dependência do seu senhor, tanto na área social como na jurídica,
exatamente como antes ocorria com o escravo. Mais tarde, devido a um comércio
rústico, que ganhou forças com as feiras, surgiu então a burguesia.
Para Marx, “mais valia” era “...expressão precisa do grau de exploração da força do
trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalismo”.[1]
Marx também afirma que “a produção da mais valia absoluta se realiza com o
prolongamento da jornada de trabalho além do ponto em que o trabalhador produz
apenas um equivalente ao valor de sua força de trabalho e com a apropriação pelo
capital desse excedente. Ela constitui o fundamento do sistema capitalista e o ponto de
partida da produção da mais valia relativa. Esta pressupõe que a jornada de trabalho já
esteja dividida em duas partes: trabalho necessário e trabalho excedente”.[2]
Assim, o trabalhador não recebia pelo que produzia, seu pagamento era pela sua força
aplicada na efetivação do trabalho, correspondendo, portanto, ao que realmente
necessitava.
Por tal disparidade entre produção e recebimento, definiu Karl Marx como “mais valia”,
o individuo ficava dominado pelo trabalho. O tempo extra trabalhado e não pago era
fato gerador de lucro, causando enriquecimento das classes detentoras e decaindo cada
vez mais o proletariado, resultando em maior desnível social.
No entanto, Karl Marx foi o grande idealizador que buscou consolidar uma sociedade
com uma distribuição de renda mais equitativa. Deste pensamento nasceu o
Socialismo, que tem sua ascensão causada pela necessidade de entrar um combate ao
Sistema Capitalista, que era o desequilíbrio entre a burguesia e o proletariado, lucro e
produtividade.
De certa forma, ao perceberem que cada vez mais aumentavam as diferenças entre o
salário que recebiam ao que produziam, os trabalhadores passaram a reivindicar, de
forma organizada, melhores condições de trabalho e salários, atitude que alterou o rumo
da história.
Dessa crise nasce o “sindicato”, que representa a luta dos trabalhadores por melhores
condições laborais e, derivando do sindicato surgiu o Direito do Trabalho.
“Todo o processo seguinte a 1848 até a Primeira Guerra Mundial caracterizou-se por
avanços e recuos entre a ação do movimento operário, do movimento sindical, do
movimento socialista e, ao mesmo tempo, a estratégia de atuação do Estado. Processo
em que a ação vinda de baixo e a atuação oriunda de cima se interagem reciprocamente,
dinamicamente, dando origem a um ramo jurídico próprio que tanto incorpora a visão
própria ao Estado como assimila um amplo espaço de atuação para a pressão operária
vinda de baixo”.[4]
Assim, ocorreram grandes melhorias, como também retrocessos, mas pela ação do
movimento operário, das classes sindicais, como também a interferência do Estado,
todos em comum acordo resolvem formar um ramo jurídico próprio.
No mesmo ano de 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
visava o desenvolvimento e a propagação do Direito do Trabalho, mediante divisão de
tarefas entre os países signatários.
Neste mesmo período, não por acaso, houve a fase “institucionalização”, que por ser
considerado social e constitucional, o Direito do Trabalho foi reconhecido como ramo
jurídico autônomo.
O Estado de Bem-Estar Social atinge seu clímax nas décadas posteriores a Segunda
Guerra Mundial.
Neste período o próprio Estado imitava o modelo das fábricas proposto pelo fordismo:
grande, verticalizada e responsável por todas as etapas de produção. Produziam
produtos duráveis em massa, com trabalhadores homogêneos. Nesse mesmo diapasão,
o Sindicato, o Estado intervencionista, regulamentava os direitos sociais através de
políticas públicas keynesianas[7].
Segundo Dalmo Dallari:
“Fixando-se no poder, diz KELSEN, que o poder do Estado, designado como poder de
império, submete os homens ligando sua conduta a um dever jurídico. Assim, portanto,
para assegurar a consecução de fins jurídicos é o que o poder é exercido”.[8]
A terceirização trabalhista
Destaca-se que a terceirização não consiste num instituto justrabalhista, mas sim num
fenômeno econômico típico do final do século XX, destinado a dissociar a relação
trabalhista com o tomador da mão de obra.
Segundo Godinho:
A Terceirização no Brasil
Diante da falta de diploma legal, e prevendo a possibilidade de ser usada com fins
fraudulentos, ocultando a existência de vínculo empregatício, assim como a
desvalorização das condições de trabalho do obreiro terceirizado, a Justiça do Trabalho
emitiu a Súmula 331 (antigo enunciado 256), para distinguir a terceirização lícita e
ilícita.
A inteligência da Súmula 331 nos orienta, por exceção, que é ilícita a terceirização da
atividade fim (incisos I e II).
Segundo o Sérgio Pinto Martins, a atividade meio é aquela que não coincide com os fins
principais da empresa, ou seja, não é a atividade essencial, pois é uma atividade de
apoio ou complementar, como limpeza, vigilância, manutenção de informática, etc.[13]
Quanto à atividade-fim, o mesmo autor entende como aquela essencial ao objeto social
da empresa, ligada ao seu principal fim. Em suma, pode-se entende que a atividade fim
corresponde à razão da existência da empresa, isto é, trabalhadores terceirizados, cujas
tarefas estejam ligadas com a finalidade da empresa, correspondem a uma terceirização
ilícita, podendo ser compreendido como fraude em detrimento da relação justrabalhista.
Contudo, antes da Súmula 331 do TST, a tomadora era responsabilizada apenas pelas
contribuições previdenciárias, remuneração e indenizações devidas.
Alguns autores defendem ser equívoca a ideia de responsabilidade subsidiária nos casos
de terceirização lícita, entendendo que há responsabilidade solidária das empresas
tomadoras e prestadoras para qualquer caso, seja lícita ou ilícita, desde que fique
comprovada a formação de grupo econômico entre a empresa tomadora e a prestadora
de serviços, conforme artigo 2º da CLT.
Na terceirização ilícita não há margens para dúvidas, afinal os artigos 927 e 942 do
Código Civil, utilizados de forma subsidiária no Direito do Trabalho (artigo 8º CLT,
parágrafo único), estabelece a obrigação de reparação de danos por aquele que causar
ao outro, ficando os bens do ofensor, sujeitos à reparação, e caso haja mais ofensores,
todos responderão de forma solidária pela reparação.
Assim, de forma subsidiária, o Código Civil traz respaldos na omissão da Súmula 331
quanto à responsabilidade da empresa tomadora, quando a terceirização for ilícita, esta
deve ser responsabilizada solidariamente, pois há previsão legal penalizando todos
aqueles que praticam o ato ilícito.
Isto porque o raciocínio jurídico decorre da culpa in elegendo, pois a tomadora não foi
cuidadosa para celebrar contrato com prestadora sem capacidade econômica e
idoneidade financeira para adimplir os débitos trabalhistas, não podendo o obreiro ficar
sem o que lhe é devido.
O artigo 511 e seus parágrafos, da CLT, prevê que o trabalhador terceirizado deve estar
inserido no enquadramento sindical da atividade econômica exercida pela empresa
prestadora de serviços. Porém, o trabalhador terceirizado fica totalmente desprotegido,
vez que na realidade, suas atividades são exercidas na empresa tomadora de serviços.
Eis então um entrave lógico na essência sindical para criação de uma entidade destinada
somente aos trabalhadores terceirizados, os quais são representados por sindicatos
frágeis com pouca força de mobilização.
Logo, o assunto requer com urgência, uma legislação adequada, uma vez que o
crescimento desta forma de contratação prejudica o trabalhador, pois dá margem à
degradação de carreiras nas grandes corporações e expõe as empresas para riscos
desnecessários ante a falta de orientação jurídica.
Além da legislação específica e eficaz, caberá ainda ao poder estatal concentrar seus
esforços na fiscalização e autuação dos infratores, sob o risco de retrocedermos aos
tempos de exploração da mão de obra, bem como a perda de direitos conquistados com
o passar do tempo.