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30/10/2018 Ordenações Manuelinas – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ordenações Manuelinas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
As Ordenações Manuelinas  são  três  diferentes  sistemas
de  preceitos  jurídicos  que  compilaram  a  totalidade  da Ordenações Manuelinas
legislação portuguesa, de 1512 ou 1513 a 1603. Fizeram parte
do  esforço  do  rei  Manuel  I  de  Portugal  para  adequar  a
administração  no  Reino  ao  enorme  crescimento  do  Império
Português na era dos descobrimentos. Consideradas como o
primeiro  corpo  legislativo  impresso  no  país[1],  elas
sucederam  as  pioneiras  Ordenações  Afonsinas,  ainda
manuscritas,  e  vigoraram  até  a  publicação  das  Ordenações
Filipinas[2],  durante  a  União  Ibérica.  Representam  um
importante  marco  na  evolução  do  direito  português,
consolidado  o  papel  do  rei  na  administração  da  Justiça  e
afirmando a unidade nacional[3].

Índice
Reprodução de uma xilogravura da edição de 1514 das
História
Ordenações Manuelinas, impressa por João Pedro
Segunda Versão (recém­descoberta)
Buonhomini nas instalações de Valentim Fernandes, em
Terceira Versão
Lisboa.
Estrutura
Ratificado c.1513 (505 anos)
Referências
Local Lisboa
Bibliografia  Reino de Portugal
Ligações externas Autores Manuel I de Portugal 
Rui Boto 
Valentim Fernandes
História Signatários Manuel I de Portugal
Propósito Compilação Jurídica para a
É  sabido  que  a  imprensa  (prensa  móvel)  foi  trazida  para
legislação do Reino de Portugal.
Portugal pelos judeus  e  as  primeiras  obras  impressas  eram
religiosas, ou relacionadas. A arte da prensa também já era usada pela Igreja Católica, mas até então nunca havia sido
usada  pelo  Estado[3].  D.  Manuel  I  foi  "o  primeiro  monarca  português  a  servir­se  das  vantagens  da  produção
tipográfica para expor a sua política governativa” e “procurou utilizá­la para fins propagandísticos relacionados com a
sua  política  imperial”[4]  Brito  Aranha  chega  afirma  que  “em  tal  conta  el­rei  Dom  Manuel  teve  essa  arte,  e  tão
importante a julgou pelo seu fulgurante clarão, que aos que a exerciam concedeu, como é sabido, privilégios e isenções
que por então eram regateados e só concedido a pessoas de nobre estirpe”[5]

Quando  assumiu  o  trono  em  1495,  visando  corrigir  e  actualizar  as  Ordenações  Afonsinas,  D.  Manuel  já  tinha  em
mente um novo Código e a tarefa incumbiu a Rui Boto, conselheiro régio desde 1491 e Chanceler­Mor do Reino desde
1505[1]. A tarefa de imprimir os cinco livros das Ordenações coube a Valentim Fernandes, alemão da Morávia, mas que
servia o monarca português tendo inclusive aportuguesado seu nome. A tarefa se mostrou demorada, pois o primeiro
livro saiu em 1512 e o terceiro apenas em 1513. Até hoje não se sabe se houve ou não uma edição completa de Valentim
Fernandes[3].
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordena%C3%A7%C3%B5es_Manuelinas 1/3
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A esta seguiu­se outra em papel, em 1514, em que foram feitas correcções pontuais[2].  O  trabalho  foi  feito  por  João


Pedro Bonhomini de Cremona usando os aparelhos da oficina de Valentim Fernandes, tendo sido feita também uma
versão em pergaminho. Curiosamente os livros não foram impressos na ordem numérica, mas começando pelo terceiro
e terminando pelo segundo. O terceiro e quarto livros ficaram prontos em 11 e 24 de Março, respectivamente, o quinto
em 28 de Junho, o primeiro em 30 de Outubro e o segundo em 15 de Dezembro. A tiragem foi inicialmente de cinco mil
exemplares, mil de cada tomo. O custo de realização da obra foi considerável, da ordem dos 700 mil réis. Um alvará de
Dom Manuel I[6], de Outubro de 1514, dá autorização à Casa da Índia a entregar a Valentim Fernandes especiarias no
valor de 300 mil réis, como parte do pagamento pelos serviços prestados.

Segunda Versão (recém­descoberta)
Fragmentos  de  um  segundo  sistema  até  agora  desconhecidos  foram  recentemente  descobertos  pela  Doutora  Helga
Maria  Justen,  ao  restaurar  um  livro  também  do  séc.  XVI  (Breve  Memorial  dos  pecados,  de  Garcia  de  Resende,
impresso  por  Germão  Galharde,  em  1521). [7]  Essa  versão  foi  chamada  "o  segundo  sistema  das  Ordenações
Manuelinas",  periodizado  entre  cerca  1517­1518,  com  impressão  ao  alemão  Jacobo  Cromberger,  chamado  por  D.
Manuel a Portugal para "usar da nobre arte de impressão". Desse modo, o sistema de Ordenações que vigorou entre
1521 e 1603, e que ao longo desses anos conheceu diferentes impressões, passa a ser considerado o "terceiro  sistema
das Ordenações Manuelinas". [7]

Terceira Versão
A versão definitiva foi publicada parcialmente em Sevilha e foi finalizada em Évora em 11 de Março de 1521. Neste ano,
para evitar confusões, por Carta Régia de 15 de Março, o monarca determinou que todos os possuidores de exemplares
das  Ordenações  de  1514  os  destruíssem  no  prazo  de  três  meses,  ao  mesmo  tempo  que  determinou  aos  concelhos  a
adquisição da nova edição.

A esta primeira edição do terceiro sistema seguiram­se mais três: a segunda, de cerca de 1533, foi impressa na oficina
de um certo francês Germão Galhardo, que trabalhava em Lisboa. A terceira foi terminada em 1539 e impressa pelo
sevilhano Juan Cronberger, com a colaboração de Germão Galhardo, que imprimiu partes da edição. A quarta e última
foi finalizada em Março de 1565 na tipografia de Manoel João, em Lisboa, às custas de Francisco Fernandes. Sabe­se
que  a  obra  era  vendida  por  500  reais,  sendo  que  100  eram  para  pagar  o  licenciado  Mateus  Esteves,  que  conferia  e
atestava a sua fidelidade, autenticando na última folha da obra[8].

Estrutura
Seguindo  o  plano  das  Ordenações  Afonsinas,  a  nova  compilação  abrangia  também  cinco  livros,  subdivididos  em
títulos  e  parágrafos,  mas  com  a  supressão  das  normas  revogadas.  Quanto  à  forma,  a  principal  diferença  residia  no
facto  de  se  apresentarem  redigidas  em  estilo  mais  conciso,  com  todos  os  preceitos  redigidos  em  estilo  decretório,
mesmo quando na reprodução de normas já vigentes.

A ordenação da recém­descoberta segunda versão é bem diferente da primeira, mas parecida com a agora chamada
terceira versão[7].

Referências
1. "Descoberto no sistema das Ordenações Manuelinas", in Açoriano Oriental, 7 de Fevereiro de 2012, p. 20.
2. BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Ordenações Manuelinas, 500 anos depois. Artigo (http://www.bnportug
al.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=697%3Amostra­ordenacoes­manuelinas­500­anos­15­mar­16­j
un&catid=162%3A2012&Itemid=731&lang=pt) disponível no site da instituição. Acesso em 5 de Julho de 2012.
3. GAMA, A. B. As Ordenações Manuelinas, a tipografia e os descobrimentos: a construção de um ideal régio
de justiça no governo do Império Ultramarino português. Artigo (http://www.revistanavigator.com.br/navig13/do
ssie/N13_dossie2.pdf) na Revista Navigator, acedido em 5 de Julho de 2012.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordena%C3%A7%C3%B5es_Manuelinas 2/3
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4. HEITLINGER, Paulo. “A arte da impressão: aparecimento da imprensa em Portugal, Espanha”. In: Cadernos de
Tipografia e Design, número 13, Dezembro de 2008, p. 37. Paulo Heitlinger.
5. ARANHA, Brito. A imprensa em Portugal nos séculos XV e XVI: as Ordenações d’el Rei D. Manuel. Lisboa:
Imprensa Nacional, 1898. p. 6.
6. Arquivos da Torre do Tombo: PT­TT­CC/1/16/32 apud GAMA, op. cit.
7. BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Descoberto um novo sistema das Ordenações Manuelinas. Artigo (htt
p://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=705%3Amostra­ordenacoes­manuelinas­500
­anos­15­mar­16­jun&catid=162%3A2012&Itemid=739&lang=pt) disponível no site da instituição. Acesso em 5 de
Julho de 2012.
8. DIAS, J. J. A. Artigo (http://ww3.fl.ul.pt/biblioteca/biblioteca_digital/docs/res222.pdf) consultado em 5 de Julho de
2012.

Bibliografia
DIAS, João José Alves. "Introdução" in Ordenações Manuelinas: livro I a V : reprodução em fac­símile da
edição de Valentim Fernandes (Lisboa, 1512­1513). Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova
de Lisboa, 2002.
ANSELMO, António Joaquim. Bibliografia das obras impressas em Portugal no século XVI. Lisboa: Biblioteca
Nacional, 1926.
NORONHA, Tito de. A imprensa portuguesa durante o seculo XVI: seus representantes e suas produções:
Ordenações do Reino. Porto: Imprensa Portuguesa, 1873.

Ligações externas
Versão fac­similar das Ordenações Manuelinas (http://www.ci.uc.pt/ihti/proj/manuelinas//)

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