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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ERIKA RIBEIRO PORTELLA

Uma Breve Análise da Independência do Brasil

Rio de Janeiro

2010
Uma Breve Análise do processo de Independência do Brasil

A análise do processo de independência do Brasil tem nos últimos anos sofrido


grandes avanços no sentido de buscar o rompimento com uma historiografia
tradicional que insiste em limitar-se a mera descrição dos fatos que se
sucederam e deu origem a emancipação do Brasil de Portugal, sem considerar
os inúmeros processos internos e externos ao Brasil que influenciaram
fortemente o cenário da Independência.

Neste sentido podemos considerar entre outras obras fundamentais para o


avanço na historiografia da independência os trabalhos de Costa (1999), Mota
(1986) e Basile (2008), que aqui serão revisitados para compreensão do
processo de independência do Brasil.

Assim o ponto de partida aqui estará pautado nas proposições indicadas no


texto a “Interiorização da Metrópole” onde se faz necessário salientar três
importantes características referentes à independência:

 A emancipação caracteriza-se por uma continuação que se manifesta na


transição colônia-império e não como muitas vezes foi afirmado como
fruto das tensões metrópole – colônia.
 A separação da metrópole não foi fruto de um movimento nacionalista-
revolucionário, causado pela contradição entre colônia e metrópole,
antes foi uma reação conservadora da elite senhorial em defesa dos
seus interesses particulares.
 A separação do Brasil de Portugal não coincide com a consolidação da
unidade nacional, que se dará posteriormente num processo de
formação da identidade brasileira.

Antecedentes:

Antes mesmo de adentrarmos nas questões específicas do processo cabe aqui


inserir o contexto internacional no qual se desenrola o processo de
independência do Brasil, já que este em hipótese alguma pode ser analisado
fora da conjuntura política e econômica internacional.
O sistema colonial no qual o Brasil estava inserido como parte do Império
Colonial Português era fruto de uma conjuntura política e econômica baseada
na aliança entre o capitalismo comercial e o Estado, caracterizada por uma
prática intervencionista da proteção e do monopólio, onde o enriquecimento do
comerciante é também o engrandecimento do Estado, entretanto com o
advento do capital industrial esta aliança Burguesia-Estado absolutista entra
em crise, pois já não é satisfatório o mercantilismo, então em prática, mas
tornar-se necessário o livre-comércio, e este entra completamente em choque
com a lógica do sistema colonial, pautado no exclusivo colonial, como indica
Costa (1968):

“O sistema colonial montado segundo a lógica do capitalismo comercial e em razão


dos interesses do Estado absolutista entrou em crise quando a expansão dos
mercados, o desenvolvimento crescente do capital industrial e a crise do Estado
absolutista tornaram inoperantes os mecanismos restritivos de comércio e de
produção. Os monopólios e privilégios que haviam caracterizado o sistema colonial
tradicional apareceriam então como obstáculos aos grupos interessados na
produção em grande escala e na generalização e intensificação das relações
comerciais. O extraordinário aumento da produção proporcionado pela mecanização
era pouco compatível com a persistência de mercados fechados e de áreas
enclausuradas pelos monopólios e privilégios”. (COSTA:1999, p. 68)

Entretanto é necessário ressaltar que a crítica ao sistema colonial elaborada


pelos liberalistas não questionava, nem pretendia mudar a estrutura produtiva,
mas sim as relações políticas e comerciais entre metrópole e colônia.

Neste sentido vemos como neste contexto Portugal, em função da extrema


dependência econômica em relação a economia colonial buscará ao máximo
possível retardar qualquer mudança no sistema colonial e desta postura
veremos surgir tanto na conjuntura interna quanto externa diferentes formas de
manifestações contrárias a manutenção do exclusivo colonial no Brasil.

Num plano externo essas resistências se manifestaram em ocupações de


parcelas do território brasileiro por franceses e holandeses, atos de pirataria e
contrabando e no plano interno em inúmeros conflitos como os dos mascates,
de Beckman, e o dos emboabas. Todos eles colocando em questionamento os
sistemas de monopólios.
Neste contexto verifica-se na colônia a emergência de ideais liberais, bastante
limitados como índia Costa (1999), que trarão uma nova visão dos brasileiros
em relação ao exclusivo colonial, que passaram a vê-lo efetivamente como um
obstáculo ao pleno desenvolvimento de seus negócios.

No cerne da luta pela manutenção do sistema colonial um novo acontecimento


acabou acelerando o processo de retirada do controle colonial sobre o Brasil.
Em função da ocupação de Portugal pelas tropas napoleônicas em 1808, D,
João VI com a corte portuguesa vem para o Brasil e instala a nova sede do
reino aqui, de maneira que para manter a dinâmica econômica e sedendo a
pressões inglesas toma uma série de medidas liberais, que culmina com a
liberação do Brasil do exclusivo colonial e o eleva a condição de reino, que
significou de fato a emancipação política brasileira, pois a partir de então já não
cabia espaço para retroceder.

A partir das mudanças trazidas por D. João VI os portugueses demonstraram-


se insatisfeitos com as perdas e uma vez tendo expulsado as tropas
napoleônicas passaram a exigir o retorno do Brasil a condição de colônia,
fornecendo assim os elementos que desencadearam no processo de
independência do Brasil.

Caminhos da Independência:

A independência do Brasil oficializada em 1822, como fruto da aliança entre as


elites senhoriais e o príncipe regente no Brasil, D. Pedro, começa a ser gestada
a partir da Revolução Liberal do Porto, como forma de manifestar a insatisfação
da corte em relação a permanecia de D. João VI no Brasil e as medidas liberais
adotadas por ele, que prejudicavam profundamente os interesses dos
comerciantes portugueses, apesar de já haver desde o século XVIII
movimentos pontuais pautados em um ideal de liberdade.

Apesar de ser intitulada como uma Revolução Liberal, a Revolução do Porto de


1820 teve um caráter muito mais reacionário e conservador do que liberal, pois
em cerne estava a idéia de contestar o poder absoluto do rei justamente para
fazê-lo retroceder nas medidas liberais tomadas em relação ao Brasil, com o
intuito de submeter o Brasil novamente à condição de colônia, como bem indica
Costa (1999):

“Realizando uma revolução em nome dos princípios liberais, insurgindo-se contra o


absolutismo, manifestando-se a favor da forma constitucional de governo, os
revolucionários do Porto tenham, em sua maioria, como objetivo anular as medidas
liberais concedidas pelo “rei absoluto” ao Reino do Brasil.” (COSTA:1999, p. 105)

Entretanto essa ambigüidade presente nos objetivos da Revolução do Porto


acabou servindo para a adesão dos brasileiros a Revolução de maneira que
estes se detiveram no aspecto constituinte da mesma, o que serviu para acirrar
os ânimos políticos brasileiros em um caminho de luta pela manutenção do
Brasil na categoria de reino para não perder as conquistas das medidas liberais
de D. João VI. Contudo a Revolta de 1820 culminou com a exigência do retorno
da corte a Portugal, questão bastante preocupante para o Brasil, que via neste
ato um risco de voltar a ser colônia ou de ter que romper definitivamente com
Portugal, planos que não agradavam a elite senhorial brasileira, altamente
preocupada em manter seus vínculos com Portugal, que lhes dava status e em
manter a estrutura no Brasil inalterada.

Assim em função da profunda agitação tanto em Portugal, que esperava o


retorno de D. João VI, quanto no Brasil, onde desejavam sua permanência, D.
João VI procurou contornar a situação, de maneira que “dom João assinou dois
decretos em 7 de março – um afinal anunciando seu regresso para Lisboa e a
permanência de dom Pedro no Brasil, na condição de regente, e outro
convocando eleições para escolha dos deputados brasileiros às Cortes”.
(BASILE: 2008, p. 195).

Tal decisão provocou uma ampla agitação política na cidade do Rio de Janeiro
e a partir de então houve grande participação da população carioca na causa
constitucionalista. Se pararmos para analisar esse fato notamos que
aparentemente as medidas eram favoráveis ao Brasil, de maneira que não só
permanecia na condição de reino como também teria participação política no
mesmo, através do envio de deputados brasileiros para representá-lo nas
Cortes. Entretanto os acontecimentos que se seguiram e culminaram com a
aprovação em Portugal do retorno de D. Pedro ao país, que não era nada
favorável ao Brasil. De fato os decretos aprovados pelas Cortes neste
momento demonstravam claramente o despreparo político dos deputados que
foram para Portugal sem nenhuma instrução precisa a seguir, com exceção
daqueles que representavam São Paulo, previamente orientados por José
Bonifácio, que não tiveram sucesso em suas propostas.

Portanto diante da exigência do retorno de D. Pedro à Portugal a


movimentação contrária a isso, especialmente no centro-sul, foi ampla tendo a
liderança do Rio de Janeiro, com o envio de cartas e manifestos à D. Pedro,
evidenciando a necessidade da permanência dele no Brasil, pois o contrário
traria conseqüências negativas para os Portugueses e para a elite brasileira,
que a contra gosto seria levada ao rompimento definitivo com Portugal, como
ficou expresso no Manifesto redigido por frei Sampaio, já que:

“No documento, ficava patente a idéia de que a partida do príncipe regentes levaria
à anarquia, ao rompimento dos laços de união entre as províncias e à
Independência do Brasil, o que não interessaria nem à este país, nem a
Portugal”(BASILE: 2008, p. 197)

Este fato que culminou com o Fico nos conduzem facilmente a constatar o que
enunciamos na introdução deste trabalho, à elite senhorial brasileira não
interessava num primeiro momento a ruptura com Portugal, porque isso
poderia em função das agitações nas províncias ocasionar o fim da unidade, e
a perda do poder deste grupo com o rompimento das estruturas estabelecidas,
de maneira que a esta elite a liberdade que interessava era simplesmente a
autonomia administrativa para o Brasil e a manutenção da ordem já
estabelecida. Este desejo da manutenção da união com Portugal e apreensão
vivida em função insegurança social da elite fica perfeitamente expressa em
Mota (1986):
“Grande foi a apreensão quando a revolução do Porto e a volta de D. João VI
para o velho reino fizeram perigar a continuação do poder real e do novo
Estado português no Centro-Sul que os interesses enraizados em torno da
Corte queriam preservar. Alem disso, grande era a falta de segurança social
que sentiam as classes dominantes em qualquer ponto da colônia;
insegurança em relação à proporção exagerada entre uma minoria branca e
proprietária e uma maioria dos desempregados, pobres e mestiços, que
pareciam inquietá-los mais do que a população escrava. À insegurança do
desnível social somavam-se os problemas advindos da diversidade étnica de
que os portugueses ou nativos enraizados eram muito conscientes.
(MOTA:1986, p.175)
Nos meses que se sucederam ao Fico o clima político no Brasil se tornou ainda
mais intenso, especialmente no que concerne a falta de unidade, quanto a
concordância com o Fico, demonstrando assim nitidamente as divergências
políticas entre as diferentes áreas do Brasil, que em hipótese alguma tinham
uma orientação nacionalista, além das manifestações na Bahia e no Maranhão
outra oposição contra o Fico concretizou-se através do levante das tropas
portuguesas da Divisão Auxiliadora, que chegaram a ameaçar prender D.
Pedro e enviá-lo para Portugal, evento esse que terminou com a retirada da
tropa da cidade do Rio de Janeiro sob a pressão de tropas organizadas pelos
que defendiam a permanência de D. Pedro.

Este evento acabou servindo, portanto para legitimar o apoio do Rio de Janeiro
a D. Pedro como regente de maneira que passou a se posicionar tanto perante
a Portugal, quanto às demais províncias, que se manifestou mais precisamente
na posterior convocação de um Assembleia Geral Constituinte e Legislativa,
que gerou manifestações contrárias especialmente na Bahia e no Maranhão, já
que conflitava com as Cortes portuguesa, tal Assembleia tinha como objetivo
aumentar a autonomia do Brasil perante a Portugal onde: “Passa-se assim a se
delinear o perfil de uma Monarquia Dual, em que Portugal e Brasil manteriam-
se unidos em uma mesma Nação, mas com constituições semelhantes
adaptadas às suas realidades e delegações próprias dos poderes Executivo e
Legislativo”.(BASILE:2008, p. 200).

Mas diante do aumento das pressões de Portugal e do aumento da adesão a


D. Pedro, os fatos desenrolaram-se num caminho da ruptura definitiva, que se
consolida em 7 de setembro de 1922, e em seguida na coroação de D. Pedro
como imperador do Brasil.

Vemos, portanto, evidenciado do decorrer do processo que culmina com a


Independência do Brasil, que este não foi parte de um processo revolucionário
nacionalista, já que foi conduzido pela elite senhorial escravista como caminho
para a manutenção de seu poder e das estruturas que o garantia, e que diante
dos diferentes anseios na diversas províncias do Brasil e das diferenças
socioeconômicas regionais não havia uma identidade de unidade nacional e na
própria opção pela monarquia como forma de governo e na manutenção da
estrutura de produção colonial o nítido desejo de continuidade.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
BASILE, Marcello Otávio N. de C. O Império Brasileiro: panorama político. IN:
Linhares, Maria Yeda (ORG). História Geral e do Brasil, Rio de Janeiro: Ed.
Campus, , 2008.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. –


6.ed. – São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.

MOTA, Carlos Guilherme. 1822 Dimensões, São Paulo: Editora Perspectiva,


1986.

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