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Agravo de Instrumento n. 2011.

079154-5, de Pomerode
Relator: Des. Ronaldo Moritz Martins da Silva

Agravo de instrumento. Ação declaratória de inexistência


de débito c/c anulatória de títulos e indenização por danos
morais. Pleitos de tutela antecipada, consubstanciada na
suspensão dos efeitos de protestos, e de denunciação à lide
indeferidos. Insurgência dos demandantes.
Acervo documental apresentado apenas perante este
Pretório. Magistrado singular que não teve oportunidade de
avaliar o seu conteúdo e a sua repercussão jurídica para à
causa. Exame das peças inadequado e inviável, sob pena de
supressão de instância. Precedentes.
Antecipação dos efeitos da tutela. Afirmado pagamento a
credor putativo. Verificação de circunstância que exige
cognição definitiva. Requisitos pre vistos no artigo 273 do
Código de Processo Civil não satisfeitos. Decisão mantida.
Litisdenunciação. Ação secundária. Requisitos do artigo
282 do CPC. Cumprimento obrigatório. Ausência de pedido
subsidiário em face do denunciado. Pretensão de integrá -lo à
lide na condição exclusivamente de assistente do
denunciante. Inépcia configurada.
Decisão mantida. Reclamo desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento


n. 2011.079154-5, da comarca de Pomerode (Vara Única), em que são
agravantes NLS Madeira e Materiais de Construção Ltda. e Marcenaria Rio Ferro
Ltda. ME, e agravada Madereira Soffa Ltda:

A Terceira Câmara de Direito Comercial decidiu, à unanimidade,


conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Custas
legais.
O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pelo
Excelentíssimo Senhor Desembargador Paulo Roberto Camargo Costa, com
voto, e dele participou o Excelentíssimo Senhor Desembargador Tulio Pinheiro.
Florianópolis, 24 de julho de 2014.

Ronaldo Moritz Martins da Silva


RELATOR

Gab inete Des. Ronaldo Moritz Martins da Silva


TP
RELATÓRIO

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por NLS Madeira e


Materiais de Construção Ltda. e Marcenaria Rio Ferro Ltda. ME, relativamente à
decisão proferida pela MMa. Juíza de Direito da comarca de Pomerode (Vara
Única) que, nos autos da "ação declaratória de inexistência de débito c/c pedido
liminar de cancelamento do protesto e seus efeitos cumulado com indenização
por danos morais" (processo n. 050.11.002471-0) proposta pelos ora agravantes
em face de Madeireira Soffa Ltda., ora agravada, indeferiu os pedidos de
antecipação de tutela, para determinar o cancelamento de protestos, e de
denunciação à lide de Gilmar Lemank Lopes (fls. 126/130).
Alegaram os recorrentes, em síntese, que 1) os títulos protestados
foram quitados mediante pagamento efetuado para pessoa autorizada pela
requerida (Gilmar Lemank Lopes); 2) a agravada não ajuizou qualquer ação para
cobrar o crédito que alega ter, o que evidencia a inexistência de dívida; 3) "nas
notas fiscais emitidas no mês de agosto de 2010, quando da aquisição dos
produtos, foram lançadas as condições, entre estas a entrega mediante
pagamento à vista" (fl. 11); 4) se aplica ao caso o artigo 309 do Código Civil; 5)
"há necessidade de denunciar a lide o Sr. Gilmar, para que possa ser esclarecida
toda a situação, sem que para isso deva movimentar a máquina judiciária
novamente" (fl. 15) ; 6) "o interesse em denunciar a lide o Sr. Gilmar é justamente
garantir a celeridade processual e evitar que mais uma demanda se instaure" (fl.
22).
Requereu a atribuição de efeito suspensivo (fl. 02), o que foi
indeferido (fls. 160/162).
Desse decisum, os agravantes apresentaram pedido de
reconsideração (fls. 168/170), o qual foi rejeitado (fl. 181).

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Intimada (fl. 167), a recorrida apresentou contrarrazões (fls.
173/179).
Esta Câmara não conheceu do reclamo por considerá-lo
intempestivo (fls. 188/190).
Irresignados, os agravantes interpuseram embargos de declaração
(fls. 192/196), os quais foram acolhidos (fls. 208/211), reabrindo-se o julgamento
do agravo.
Esse é o relatório.

VOTO

O recurso é tempestivo (fls. 192/196), e o preparo devidamente


efetuado (fl. 27).
Dos documentos novos
Os documentos de fls. 132/154 foram apresentados apenas neste
reclamo.
Nessas condições, não se afigura adequado o seu exame, sob pena
de supressão de instância, tendo em vista que o magistrado singular não teve
oportunidade de avaliar o conteúdo do acervo e a repercussão jurídica para a
causa.
Em casos semelhantes, assim decidiu esta Corte:
1) Agravo (§ 1º art. 557 do CPC) em Agravo de Instrumento n.
2012.085897-2, de Blumenau, rel. Desa. Subst. Cláudia Lambert de Faria,
Câmara Cível Especial, j. 07.03.2013:
AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO - JUNTADA DE
DOCUMENTOS SOMENTE EM SEDE RECURSAL - IMPOSSIBILIDADE DE
APRECIAÇÃO NESTE GRAU DE JURISDIÇÃO, SOB PENA DE SUPRESSÃO
DE INSTÂNCIA - DECISÃO MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. [...].
2) Agravo (§ 1º art. 557 do CPC) em Agravo de Instrumento n.
2010.050580-0, da Capital, rel. Des. Luiz Fernando Boller, Câmara Cível
Especial, j. 16.12.2010:
AGRAVO INOMINADO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE
LIMINARMENTE NEGOU SEGUIMENTO AO RECURSO ANTE A AUSÊNCIA

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DE MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO DE 1º GRAU ACERCA DOS DOCUMENTOS
NOVOS APRESENTADOS PELO INSURGENTE - SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA - PRONUNCIAMENTO A QUO QUE INDEFERIU O BENEFÍCIO
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA - VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO DUPLO
GRAU DE JURISDIÇÃO - RECLAMO DESPROVIDO. [...].
3) Agravo (§ 1º art. 557 do CPC) em Agravo de Instrumento n.
2009.063939-6, de Balneário Camboriú, rel. Des. Carlos Alberto Civinski,
Câmara Cível Especial, j. 19.08.2010:
AGRAVO (ART. 557, § 1º, DO CPC) EM AGRAVO POR INSTRUMENTO.
DECISÃO MONOCRÁTICA QUE LIMINARMENTE NEGOU SEGUIMENTO AO
RECURSO ANTE A OCORRÊNCIA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
PRONUNCIAMENTO DE PRIMEIRO GRAU IMPUGNADO QUE INDEFERIU A
JUSTIÇA GRATUITA. ARGUMENTOS E DOCUMENTOS QUE NÃO FORAM
SUBMETIDOS À ANÁLISE DO JUÍZO A QUO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. POSSIBILIDADE DE REQUERER A
REAPRECIAÇÃO DO PEDIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. DECISÃO QUE
NÃO FAZ COISA JULGADA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
- No agravo por instrumento, a análise é limitada ao acerto ou desacerto
da decisão do juízo a quo, de modo que a alteração na realidade fática - por
meio de documentos que não foram apresentados na instância ordinária -
acarreta em supressão de instância e impede o exame da decisão singular.
[...]. (grifou-se)
4) Agravo de Instrumento n. 2008.061354-0, de Joinville, rel. Des. Luiz
Carlos Freyesleben, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 25.03.2010:
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA
COM REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
REQUISITOS LEGAIS INDEMONSTRADOS (CPC, ART. 273). JUNTADA DE
DOCUMENTOS NÃO SUBMETIDOS AO CRIVO DO JUÍZO A QUO.
IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELO ÓRGÃO COLEGIADO, SOB
PENA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INDEFERIMENTO. RECURSO
DESPROVIDO.
[...] O objeto do agravo de instrumento restringe-se ao acerto ou desacerto
da decisão impugnada, e é vedada a discussão de tema e análise de
documentos não apreciados em primeiro grau de jurisdição, sob pena de
supressão de instância. (grifou-se)
Assim, a documentação de fls. 132/154 não pode ser considerada.
Da tutela antecipada
Na aludida ação declaratória (fls. 11/20), os ora insurgentes
sustentam que as compras que ensejaram a emissão das duplicatas protestadas
foram pagas ao representante da requerida, Gilmar Lemank Lopes, que "atuava
em nome da agravada, apresentando aparência de credor" (fl. 46), sendo

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aplicável ao caso o disposto no artigo 309 do Código Civil.
Para provar o alegado juntaram 1) declarações firmadas pelo
terceiro (fls. 71/72), nas quais este afirma que, na qualidade de "responsável
pelas quitações dos valores de suas vendas", recebeu as quantias descritas nas
notas ficais que amparam as cambiais levadas a protesto; 2) autorizações da
requerida à empresa AFJ Esquadrias de Madeiras Ltda. dando poderes a Gilmar
L. Lopes para receber pagamento de determinadas mercadorias (fls. 64/65); 3)
notas fiscais, nas quais constam modalidade de pagamento à vista (fls. 82 e 93).
O ato judicial de fls. 126/130, ora impugnado, foi prolatado nos
seguintes termos:
[...] Diante do exposto, face à ausência dos requisitos estampados no
artigo 273 do Código de Processo Civil, indefiro o pedido de tutela antecipada
quanto ao cancelamento dos protestos (ou, nos exatos termos empregados no
item "a" de fl. 21, de "sustação dos protestos").
[...]
3. No tocante à preliminar de denunciação da lide indispensável ponderar
que esta forma de intervenção de terceiro só é possível quando presente uma
das situações descritas nos incisos I, II ou III do artigo 70 do Código de
Processo Civil. Ei-lo:
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio
foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção
Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação
ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário,
o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em
ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
Da narrativa exposta na exordial, infere-se que os autores requereram a
denunciação da lide com amparo na suposta obrigação de GILMAR LEMANK
LOPES estar obrigado a indenizá-los, caso a pretensão inicial seja acolhida.
Porém, nada há nos autos que evidencie ter Gilmar obrigado-se
contratualmente, tão pouco se enquadrar em hipótese legal que lhe condicione
a regressar à empresa ré, caso esta venha a perder a demanda.
Nem se cogite que as declarações de fls. 44/45 representam contrato do
qual se extrairia o fundamento para o deferimento da denunciação da lide. Os
documentos mencionados indicam adimplemento de determinadas dívidas, mas
em nada revelam ser Gilmar o garantidor dos débitos que lhe condicione o

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ingresso na lide na qualidade de denunciado.
Portanto, indefiro a denunciação da lide a GILMAR LEMANK LOPES.
4. Cite-se a demandada, com as advertências legais de praxe, para,
querendo, responder a ação no prazo de quinze (15) dias.
O deferimento da antecipação de tutela está condicionado ao
cumprimento dos requisitos do artigo 273 do Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu.
Para que o pagamento realizado a terceiro seja considerado válido,
nos termos do artigo 309 do Código Civil, "é necessária a existência de
elementos suficientes para induzir e convencer o devedor diligente de que o
recebente é o verdadeiro credor" (REsp 1044673/SP, Rel. Min. João Otávio De
Noronha, Quarta Turma, j. 02.06.2009).
As declarações de fls. 71/72, subscritas por Gilmar Lemank Lopes,
no sentido de que recebeu das empresas NLS Madeiras e Materiais de
Construção Ltda. ME e Marcenaria Rio Ferro Ltda. ME, os valores de R$
8.639,45 e R$ 6.870,39 " para fins de quitação" das notas fiscais ns. 227 e 229
de Madereira Soffa Ltda. em favor das ora agravantes, constituem documentos
unilaterais, produzidos sem a observância do contraditório e no interesse
exclusivo de direitos dos insurgentes. À evidência, como é consabido, não
possuem valor jurídico.
A alegação de que o declarante Gilmar era representante legal da
requerida, ou assim, pelo menos, aparentava, exige cognição definitiva.
Essa circunstância, unicamente, ou por si só, obsta a antecipação
dos efeitos da tutela, porquanto não satisfeito o pressuposto da verossimilhança
das alegações das autoras/agravantes.
Consoante movimentação extraída do SAJ, a agravada ofereceu

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contestação, o feito se submeteu à instrução, com a inquirição de testemunhas –
consta que Gilmar foi intimado para depor –, a qual encontra-se encerrada, com
alegações finais já deduzidas pelos litigantes.
Essa realidade processual confirma a impossibilidade de
acolhimento do pedido de antecipação dos efeitos da tutela.
Não se desconsidera o efeito negativo de protesto de título. Mas o
seu cancelamento, ou a suspensão dos seus efeitos, exige a satisfatória e
vigorosa demonstração de que o ato notarial foi praticado sem amparo na lei, fato
não verificado nos autos
Aplicáveis ao caso em apreço, mutatis mutantis:
1) Agravo de Instrumento n. 2010.084809-2, de Laguna, rel. Des. Cláudio
Valdyr Helfenstein, Quinta Câmara de Direito Comercial, j. 07.04.2011
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DECLARATÓRIA -
EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS - DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO -
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA INDEFERINDO O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO
DOS EFEITOS DA TUTELA,[...] ANÁLISE DO RECLAMO QUE SE
CIRCUNSCREVE AO ACERTO OU DESACERTO DA DECISÃO DIANTE DO
QUADRO FÁTICO APRESENTADO - MANUTENÇÃO DO DECISUM
HOSTILIZADO QUE SE FAZ NECESSÁRIA [...].
Em sede de agravo de instrumento, cuja estreita via de cognição não
permite aprofundamento de mérito, mas tão-somente uma análise perfunctória
do litígio a fim de evitar uma supressão de instância, descabem maiores
dilações probatórias, motivo pelo qual os fundamentos do pedido recursal
devem ser apresentados de maneira a demonstrar o fumus boni juris e o
periculum in mora.
2) Agravo de instrumento n. 2006.031569-3, de Rio do Sul, rel. Des.
Marcus Túlio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 24.10.2006:
PROCESSUAL CIVIL [...] – ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
DEFERIDA – AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA
MEDIDA [...] – VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES POR ORA AUSENTE
[...].
Por expressa disposição legal (art. 273 do CPC), deve a tutela antecipada
ser concedida apenas diante de prova evidente que convença o julgador da
verossimilhança das alegações delineadas na petição inicial e da percepção do
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ao exercício do direito
prestacionado. Não identificados esses requisitos, é de ser indeferida a medida.
3) Agravo de instrumento n. 2006.001078-6, da Capital, rel. Des. Paulo
Roberto Camargo Costa, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 03.08.2006:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO –
NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS – MORA
CONFIGURADA – INDEFERIMENTO DE TUTELA ANTECIPADA MANTIDO –
RECURSO DESPROVIDO.
Não havendo prova inequívoca do alegado na inicial que possibilite o
reconhecimento da sua verossimilhança, e carecendo a matéria de dilação
probatória elucidadora dos pontos controvertidos, correta a decisão que indefere
o pedido de antecipação de tutela.
4) Agravo de instrumento n. 2002.028065-3, de Canoinhas, rel. Des.
Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, 18.11.2004:
PROCESSUAL CIVIL - TUTELA ANTECIPADA - INTERLOCUTÓRIO
CONCESSIVO DE PENSÃO MENSAL - PROVA INEQUÍVOCA - AUSÊNCIA -
DILAÇÃO PROBATÓRIA - NECESSIDADE - SUSPENSÃO DOS EFEITOS DO
DESPACHO IMPUGNADO - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
Havendo necessidade de dilação probatória, não há que se falar em prova
inequívoca.
A concessão de tutela antecipada pressupõe a existência de prova
inequívoca, assim entendida como aquela a respeito da qual não se admite
controvérsia.
Nestas condições, o indeferimento da tutela antecipada merece ser
mantido.
Da denunciação à lide
A denunciação à lide, modalidade de intervenção de terceiros ,
constitui ação secundária, que somada à principal, estabelece duas lides no
mesmo ambiente processual. Sua concepção tem amparo nos princípios da
economia e celeridade processuais.
A propósito:
A denunciação da lide consiste na convocação forçada do terceiro para vir
a juízo responder pela garantia que fez ao denunciante, caso este saia vencido
do processo. Para os franceses é denominada de exception de garantie e na
Itália é conhecida como chiamata in garantia.
Tem inspiração no princípio da economia processual, porque num único
cenário se consegue resolver mais de uma lide, com concentração e unificação
de atos que ordinariamente seriam praticados de forma cumulativa e repetida.
(Apelação Cível n. 2009.054206-2, de Criciúma, rel. Des. Paulo Henrique Moritz
Martins da Silva, Primeira Câmara de Direito Público, j. 02.08.2011)
Sobre o tema, Humberto Teodoro Júnior ensina:
A função de denunciação da lide é a de cumular duas ações: à primitiva,

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entre autor e réu, soma-se a superveniente, entre denunciante e terceiro
denunciado. (in Código de Porcesso Civil Anotado. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2009, p. 78)
Nestas circunstâncias, por ser ação secundária, exige-se, para sua
instalação, o cumprimento dos requisitos do artigo 282 do CPC.
A respeito:
1) TJDF, Apelação Cível n. 20120111177569, rel. Des. Cruz Macedo,
Quarta Turma Cível, j. 04.12.2013:
PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. AÇÃO MONITÓRIA.
DENUNCIAÇÃO À LIDE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ARTIGO
282 DO CPC. AUSÊNCIA. INÉPCIA. [...]
1. Embora se admita a possibilidade, em atenção ao princípio da
instrumentalidade das formas, que a denunciação à lide seja formulada na
contestação ou, no caso, nos embargos à monitória, é necessária a formulação
de causa de pedir e pedido condenatório específico em relação à suposta
obrigação do denunciado de indenizar, caso contrário, evidencia-se a inépcia da
petição de denunciação. [...]
2) TJPE, Agravo Legal n. 0238342-8/01, de Paulista, rel. Des. Eurico de
Barros Correia Filho, Quarta Câmara Civel, j. 29.09.2011:
[...] DENUNCIAÇÃO À LIDE. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART.
282 DO CPC. IMPOSSIBILIDADE. [...]
7.Mesmo na hipótese de denunciação da lide, a demanda secundária
requer petição que atenda os requisitos do artigo 282 do código de processo
civil, mormente o pedido conclusivo; [...]
3) STJ, REsp 19.074/RS, Rel. Ministro Adhemar Maciel, Segunda Turma,
j. em 02.10.1997:
PROCESSUAL CIVIL. DENUNCIAÇÃO DA LIDE PELO REU. AÇÃO.
REQUERIMENTO DE DENUNCIA. OBSERVAÇÃO DAS EXIGENCIAS
INSERTAS NOS ARTS. 282 E 283 DO CPC: NECESSIDADE. RECURSO NÃO
CONHECIDO.
I - A DENUNCIAÇÃO DA LIDE É AÇÃO, PELO QUE A PEÇA NA QUAL
FOR FORMULADO O REQUERIMENTO DE DENUNCIA DEVE SATISFAZER
AS EXIGENCIAS DOS ARTS. 282 E 283 DO CPC. PORTANTO, O PEDIDO DE
DENUNCIAÇÃO DEVE SER PRECEDIDO DOS RESPECTIVOS
FUNDAMENTOS DE FATO E DIREITO.
II - RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
In casu, verifica-se que, na inicial, os autores, ora agravantes, não
formularam pedido subsidiário em face do denunciado, limitando-se a requerer
sua integração à lide na qualidade de assistente, com intuíto de comprovar a
alegada quitação.

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Extra-se da peça vestibular:
Assim, diante todo o mencionado, requer seja denunciado à lide o Sr.
Gilmar Lemank Lopes para que compareça junto aos autos e traga o que de fato
e por verdade já declarou anteriormente. (fl. 31) [...]
Sobre o tema, Candido Rangel Dinamarco ensina:
O autor fará a denunciação já ao propor a demanda inicial do processo
(art. 71), com o que instituirá um litisconsórcio alternativo eventual, a saber: ele
pede prioritariamente uma medida em face do réu e, em caráter subsidiário e
eventual, a condenação do responsável a ressarcir. (in Instituições de Direito
Processual Civil, vol. II. 6ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2009, p. 415)
O pedido é um dos pressupostos do artigo 282 do Código de
Processo Civil. Sem ele a exordial será inepta, nos termos do artigo 295,
parágrafo único, inciso I, da Lei Adjetiva Civil.
Registre-se que, neste momento, não se mostra adequada a
intimação dos autores para emendar a inicial, conforme o disposto no artigo 284
do CPC, porquanto, tal medida contrariaria os princípios da celeridade e
economia processual.
Como se disse, o processo em trâmite na origem encontra-se
concluso para sentença.
Autorizar emenda, neste momento, seria contra o escopo da
denunciação.
Certamente, não seria esse o desejo dos agravantes, pois, se
convictos dos seus direitos, mais lhe interessa sentença de procedência do que o
recomeço da causa.
Pertinentes ao caso, mutatis mutantis:
1) TJSC, Apelação Cível n. 2006.042344-0, da Capital, rel. Des. Luiz
Carlos Freysleben, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 10.12.2010:
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA DE TAXAS
CONDOMINIAIS MOVIDA CONTRA O PROPRIETÁRIO LOCADOR. [...].
LITISDENUNCIAÇÃO INDEFERIDA. POSSIBILIDADE DE REGRESSO EM
FUTURA AÇÃO AUTÔNOMA. [...].
Ainda que se admita a possibilidade de litisdenunciação, com fulcro no
artigo 70, III, do CPC, seu indeferimento não enseja o reconhecimento de

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nulidade processual quando avistar-se afronta aos princípios da economia e da
celeridade processuais.
2) TSJC, Apelação Cível n. 2003.020151-3, de Indaial, rel. Des. Victor
Ferreira, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 26.05.2009:
AGRAVO RETIDO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
TÍTULO DE CRÉDITO TRANSFERIDO A INSTITUIÇÃO BANCÁRIA POR
ENDOSSO-MANDATO. [...]. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. HIPÓTESE
FACULTATIVA. ART. 70, III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. JUÍZO DE
CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE PELO MAGISTRADO EM FACE DO
INCREMENTO DE COGNIÇÃO NO PROCESSO DECORRENTE DO NOVO
PEDIDO. SENTENÇA JÁ PROLATADA. RETROCESSO INJUSTIFICADO DA
MARCHA PROCESSUAL EM VIRTUDE DA POSSIBILIDADE DE EXERCER O
DIREITO REGRESSIVO EM AÇÃO AUTÔNOMA. INVIABILIDADE DA
ANULAÇÃO DO FEITO.
3) STJ, REsp 659830/DF, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,
Terceira Turma, j. 16.11.2006:
Ação de indenização. Art. 280 do Código de Processo Civil. Denunciação
da lide. Sentença já proferida. 1. [...].
2. Estando a denunciação ao abrigo do art. 70, III, do Código de Processo
Civil, não havendo, portanto, obrigatoriedade, não cabe anular o feito para
devolver os autos ao 1º grau de jurisdição quando já proferida a sentença [...].
3. Recurso especial não conhecido.
No caso de denunciação da lide facultativa, não é oportuna a anulação do
feito se a sentença já foi prolatada, bem assim se há possibilidade do
litisdenunciante exercer o direito regressivo em ação autônoma. [...].
Por essas razões, o reclamo merece ser desprovido, mantendo-se a
decisão agravada.
Esse é o voto.

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