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Acupuntura e Psicologia: um estudo dos cinco elementos


Jonileide Mangueira da Silva¹
leidemangueira@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós - graduação em Acupuntura - Faculdade Ávila

Resumo
A aproximação das ciências ocidentais e das tradições orientais busca conhecer o ser
humano como um todo, com a intenção de descobrir a causa das patologias que
acometem o corpo, envolvendo principalmente os aspectos emocionais que fazem com
que o indivíduo tenha vulnerabilidade as doenças.
As doenças são causadas pela perda da homeostase de um organismo vivo resultando
em um mau funcionamento biológico e físico. O princípio de uma patologia pode ter
fatores emocionais desencadeados por agentes estressantes externos e cada pessoa age
de forma diferente quando se depara com situações de enfrentamento, algumas choram,
se deprimem, gritam, se culpam e outras se isolam ou comem, bebem e fumam
excessivamente. O controle e equilíbrio de cada um podem ser mantidos através do
consciente que define os mecanismos mentais ou cognitivos de sentir, falar e agir.
A interação entre a acupuntura e a psicologia permite identificar no paciente
desequilíbrios de energia decorrentes de seu comportamento. Essa grande relação está
ligada também a constituição, perfil psicossomático e hereditariedade que podem
provocar várias desordens nas funções dos órgãos e vísceras.
Palavras Chave: Acupuntura; Psicologia; Cinco Elementos.

1. Introdução
As emoções sejam elas positivas ou negativas mexem profundamente com o interior do
corpo, fazendo com que ele libere diversos hormônios, para ocasionar um aumento de
energia e motivação e possibilitar o enfrentamento da situação. Quando isso acontece a
homeostase interna já foi comprometida, a resistência do organismo foi rompida e os
sintomas de dor começam a aparecer seguidos do aparecimento de doenças. A
acupuntura e a psicologia explicam tais fenômenos como doenças psicossomáticas, que
embora apresentem sintomas físicos, tem causa emocional (WEITEN, 2010).
A acupuntura é uma técnica milenar chinesa que visa tratar as doenças através do
equilíbrio das energias que passam dentro do corpo, acredita-se que um organismo
equilibrado não adoece. Atua dentro dos acupontos espalhados ao longo do corpo nas
doze linhas imaginárias chamadas deh meridianos, os mesmos são estimulados por
agulhas finas, capazes de promover muitos benefícios a saúde (SILVA, 2007).
Por outro lado a Psicologia vem contribuir com um estudo aprofundado da relação entre
a mente e o corpo, e em vários outros aspectos de natureza emocional, comportamental,
experiências vividas, a maneira como o ser humano funciona, agi, pensa, planeja e tira
conclusões. Uma das funções da psicologia profunda é entender tais processos,
classificando as tipologias e as características. Por tal motivo a mesma tem grande
interação com a acupuntura, medicina psicossomática que não separa o corpo do
espírito, o que é biológico do comportamental (SCHULTZ e SCHULTZ, 2009).
Segundo a Medicina tradicional chinesa, as desarmonias ou desequilíbrios podem ser
_________________________________
¹ Pós - graduando em Acupuntura.
² Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e
Direito em saúde.
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verificados através de sinais físicos ou psíquicos, já que ambos os aspectos pertencem à


mesma unidade. Esses sinais servem de base diagnóstica para se conhecer a causa
inicial dos desequilíbrios. Os sinais e sintomas são classificados, agrupados e
direcionam a hipótese diagnóstica para conclusões a respeito do que, na medicina
tradicional chinesa, são denominadas causas externas, internas ou nem uma nem outra.
E ainda pode-se dizer que o desequilíbrio entre homem-cosmos poderia levar a um
desequilíbrio físico-psíquico, em que um influencia o outro, causando sofrimento
(SILVA, 2007).
A aproximação da acupuntura com as análises caracteriológicas da psicologia gera
grande interesse. Permitindo ao acupuntor dar mais exatidão ao caráter de seu paciente,
e de deduzir os desequilíbrios de energia nos meridianos, em função de seu
comportamento. Possibilitando ao psicólogo determinar a dimensão fisiológica, e por
conseqüência somática, na diferenciação do caráter. E permitindo também atualizar de
outra maneira à relação psiquêsoma, contida na acupuntura. Esse conjunto de
correlações permite abordar não apenas o caráter do paciente, mas também a
vulnerabilidade psíquica e mórbida do indivíduo ligada a sua constituição, em outras
palavras a sua hereditariedade (CAMPIGLIA, 2004).
Por tal motivo é de grande importância conhecer as relações diretas existentes entre a
função física e psíquica para poder compreender os comportamentos e os fenômenos do
espírito. A medicina tradicional chinesa atribui aos órgãos uma capacidade
psicossomática. Segundo o conceito tradicional existe uma energia básica que marcará a
as etapas de desenvolvimento e evolução física do ser humano, assim como as
características essenciais da personalidade. Essa energia é denominada Zhong Qi.
Atualmente a medicina psicossomática, mediante técnicas cognitivas, tem se
aproximado das comportamentais que inclui a acupuntura e a farmacologia se
necessário, para ajudar as pessoas a diminuir a ativação fisiológica, e reduzir o mal estar
psicológico e a facilitar uma expressão emocional mais sadia, com isso resultando em
uma melhora na qualidade de vida e na saúde. O equilíbrio físico e psicológico é
alcançado quando imprimimos padrões harmônicos de pensamentos que estão de acordo
com a natureza, quando alterados esses padrões geram distorções e desequilíbrios entre
sistemas interconectados que acabam por produzir efeitos somáticos, a homeostase só é
alcançada através da manutenção da saúde, sem esperar a doença se instalar para não
desencadear distúrbios orgânicos, sendo que o primeiro passo é encontrar as origens do
problema para poder tratar as conseqüências da doença (PINHEIRO JR., 2010).
A medicina tradicional chinesa é a medicina do corpo vital por excelência vê a doença
como desarmonia e desequilíbrio dos movimentos da energia vital e procura corrigi-los
com a aplicação de ervas medicinais, uma infusão externa de chi e dispõe também de
uma técnica altamente sofisticada, a acupuntura que consiste numa estimulação direta
no nível da pele para corrigir movimentos energéticos desgovernados. A acupuntura da
resultados não porque a introdução de agulhas na pele atinge sinais nervosos, mas
porque é capaz de influenciar os movimentos da energia vital. A punção afeta
primeiramente o fluxo de energia vital nos meridianos correlatos ao corpo físico na pele
e segundo através de conexões internas, o fluxo de energia vital nos meridianos no
interior do corpo que interligam as matrizes vitais dos órgãos. O princípio da medicina
chinesa é manter o yin e o yang em equilíbrio e se baseia na classificação dos cinco
elementos, madeira, fogo, terra, metal e água (GOSWAMI, 2006).
Desta forma este artigo objetiva realizar uma revisão bibliográfica sobre a interação da
acupuntura e a psicologia dentro dos cinco elementos, envolvendo a grande relação
entre os sistemas internos, os aspectos emocionais, personalidade, equilíbrio mente e
corpo e patologias que influenciam o sistema energético.
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2. Embasamento Teórico
2.1 Teorias de base da medicina tradicional chinesa
A medicina tradicional chinesa busca entender e tratar as doenças a partir de uma visão
integradora entre o corpo e a mente. A acupuntura está inserida dentro das diversas
técnicas de tratamentos da medicina oriental, começou a ser conhecida através da
coleção de manuscritos chineses do século XVIII a.C. E passou a ser aplicada e
estudada pela medicina ocidental na década dos anos setenta (KUREBAYASHI, 2009).
Na medicina chinesa todas as atividades da vida, incluindo as mentais, como
pensamento, desejos, emoções, são baseadas nas ações e mudanças do Qi. Desde que o
Qi é matéria, sua teoria explica as atividades mentais. E os seres humanos são derivados
do Qi da natureza, então a matéria do mundo é primária e existe independentemente da
mente, enquanto o ser humano é simplesmente uma parte da natureza. Segundo esta
visão, a medicina chinesa enfatiza que todas as atividades psicológicas estão em
conformidade com as mudanças do meio natural e, portanto, para conservar a saúde
deve-se manter a harmonia segundo as leis da natureza (ZHUFAN, 2009).
Segundo Palmeira (1990) há milhares de anos a milenar acupuntura foi fundamentada e
estruturada em bases filosóficas, e não cientificas. A medicina tradicional chinesa tem
fundamentos filosóficos taoístas de integridade e unidade do todo, a unidade do
organismo humano em si e a unidade maior do ser humano com a natureza, representa a
condição vital para a nossa sobrevivência. A acupuntura sustenta a integração do
organismo vivo no macrocosmo com o qual mantém ligações intercondicionais. Do
ponto de vista filosófico encontra-se uma perfeita semelhança com a teoria dos
sistemas, no qual se explica que todo sistema tem uma ligação de interdependência com
o macrossistema do qual se deriva, e o descontrole de um provoca reflexos na
funcionalidade do outro. Para a medicina tradicional chinesa, as desarmonias ou
desequilíbrios podem ser verificados através de sinais físicos ou psíquicos, já que ambos
os aspectos pertencem à mesma unidade. Esses sinais servem como diagnóstico para
conhecer o princípio das patologias. Os sinais e sintomas direcionam a hipótese
diagnóstica para as conclusões a respeito das causas externas, internas ou nem internas e
externas. O desequilíbrio entre homem-cosmos pode levar a um desequilíbrio físico-
psíquico, em que um influencia o outro, causando sofrimento.
Os conhecimentos da acupuntura são rotineiramente utilizados na China para o
tratamento de diversas afecções, as funções desta terapia são de manter o controle
imunológico em um estado ótimo, regulando seus mecanismos e restaurando a
homeostase do organismo, diminuindo hiperfunções e ativando mecanismos em
hipofunção. Os fatores apontados pela medicina chinesa como causadores das
patologias, clima, emoções, dieta etc, se aplicam a qualquer sociedade (SZABÓ e
BECHARA, 2001).
A acupuntura possui mecanismos de ação de liberação de opióides e outros peptídeos no
sistema nervoso central e periférico e mudanças na função neuroendócrina. Um estudo
histológico dos pontos de acupuntura verificou-se uma concentração fibrilar neural, uma
rede capilar bem desenvolvida e uma concentração aumentada de mucopolissacarídeos,
essas características demonstram a diferença de estrutura dos pontos de acupuntura
(MEDEIROS e SAAD, 2009).
De acordo com Goswami (2006) acredita-se que a acupuntura foi descoberta em
conseqüência da guerra, quando os guerreiros feridos pelas flechas inimigas percebiam
que a seta alojada aliviava dores crônicas que hoje seriam associadas à artrite ou a
tendinite. O principal aspecto da teoria da acupuntura é que existem canais para o fluxo
da energia vital chamados de meridianos que se ligam aos órgãos.
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2.2 O Yin e o Yang


Outro aspecto filosófico da medicina tradicional chinesa é a teoria do yin e do yang que
designam as partes nebulosas e ensolaradas da colina. Desde que todas as coisas têm
dois lados quando estão sob o sol, à luz e o escuro por analogia, yin e yang representa
dois lados opostos de um objeto ou fenômeno e são interdependentes. Esta dialética
pode ser aplicada a qualquer campo da medicina. O Qi pode ser dividido em yin Qi e
Yang Qi, o primeiro refere-se ao aspecto material do elemento e o segundo com o
dinâmico. O yin Qi cristalino ascende para formar o céu, enquanto que o yin Qi turvo
descende para formar a terra. A teoria de yin e yang também pode ser aplicada a
fisiologia moderna em vários níveis, nos sistemas, organismos, células e até mesmo em
moléculas. Um exemplo se dá na estimulação ou inibição do sistema nervoso, as
funções simpáticas ou parassimpáticas, as ações de acetilcolina ou noradrenalina estão
todas em oposição, e para cada par um equilíbrio deve ser mantido para as atividades
nervosas normais. No sistema endócrino há estrogênio e testosterona em oposição, nos
rins a diurese e antidiurese, secreção renal tubular e reabsorção, no sistema muscular há
contração e relaxamento e assim por diante. Todos os opostos devem ser mantidos em
equilíbrio de acordo com a lei geral das atividades (ZHUFAN, 2009).
De acordo com Maciocia (2010) o yin e o yang representam características opostas e
também complementares, cada coisa ou fenômeno só poderia existir por si mesma ou
pelo seu oposto e o yin contém a semente do yang e vice-versa. O dia corresponde ao
yang e a noite ao yin, a atividade refere-se ao yang e o descanso ao yin, isto conduz a
primeira observação da alternância contínua de todo fenômeno, entre os dois pólos
cíclicos. Um correspondente a luz, sol, luminosidade e atividade e o outro a escuridão,
lua, sombra e descanso. Assim yin e yang são essencialmente uma expressão de
dualidade no tempo, são a força motriz de mudança e desenvolvimento. Todos os
fenômenos do universo são resultado de uma interação de dois estágios opostos cada
fenômeno contém em si mesmo ambos os aspectos em diferentes graus de manifestação.
Na medicina chinesa como um todo, sua fisiologia, patologia, diagnóstico e tratamento
podem ser reduzidos a teoria de yin e yang. Todo o processo fisiológico e
sintomatológico podem ser analisados sob a ótica desta teoria e cada modalidade de
tratamento é enfocada em quatro estratégias tonificar o yang, tonificar o yin, sedar o
yang ou sedar o yin. Pode-se dizer que não há medicina chinesa sem yin e yang.
Segundo Auteroche e Navailh (1992) chama-se yin e yang a reunião de duas partes
opostas que existem em todos os fenômenos e objetos em relação recíproca no meio
natural. A teoria de yin e yang permite classificar os fenômenos e as manifestações
concretas da natureza segundo alguns critérios, físicos, da natureza da manifestação, dos
movimentos, e das transformações. A relação de yin e yang faz com que não se possa
separar um princípio do outro e que nenhum possa existir separadamente, o alto e yang,
o baixo e yin se não houver alto não se pode falar do baixo, e se não houver baixo não
se pode falar do alto e assim por diante.
A filosofia taoísta chinesa antiga considera que o yin e o yang são o princípio do
antagonismo pelo qual o princípio único em todas as coisas, o Tao, imaterial,
permanente e potencial pode se materializar no mundo físico que é atualizado, mas não
permanente, sujeito as mudanças e transformações, ao aparecimento e desaparecimento.
Yin e yang nunca são fixos, existe ao contrario um dinamismo entre essas duas
preposições, um dinamismo de complementaridade como o macho e a fêmea, um
dinamismo de alternância como o dia e a noite, um dinamismo de transformação o
excesso de yang se transforma em yin, o excesso de yin em yang. Este raciocínio é o
que melhor se adapta para captar o princípio do universo de homogeneidade e de
heterogeneidade que a ciência demonstra nas leis da natureza (REQUENA, 1992).
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3. Os cinco elementos
Segundo a teoria filosófica o mundo natural é feito de cinco elementos denominados
madeira, fogo, terra, metal e água. Os quais eram reconhecidos pelos chineses com
características únicas, madeira tende a dispersar livremente, metal é indispensável para
a produção de armas, fogo tende a queimar em ascendência, terra produz a miríade das
coisas e a água tende a fluir em descendência. De acordo com esses conceitos as coisas
podem ser classificadas em cinco categorias de acordo com suas propriedades e ações,
sendo que cada categoria corresponde a um dos cinco elementos. Unindo os cinco
elementos com a medicina, no sistema teórico das patologias e fisiologias foi então
formado um núcleo com os cinco órgãos zang, fígado, pulmão, coração, rim e baço.
Vários fenômenos fisiológicos e patológicos podem ser explicados com base no inter-
relacionamento dos cinco elementos, dentro de um sistema de analogia e dedução. Por
exemplo, o fígado corresponde à madeira porque promove a dispersão do Qi e do
sangue, assim como a árvore se dispersa livremente, o verde das folhas e a acidez
também estão relacionados à madeira. O mesmo se aplica as outras quatro categorias,
que estão em conformidade com o homem. O inter-relacionamento dos cinco elementos
explica a correlação entre as partes do corpo humano e com o meio ambiente,
importantes para explicar a patogênese das condições fisiológicas e patológicas,
seguindo os princípios de que água nutre madeira, um fígado saudável necessita de
nutrição adequada do yin do rim, se o yin do rim está em deficiência é provável que o
yin do fígado também desequelibrará, manifestado por meio de tortura, zumbido e visão
turva. Neste último caso é atribuído ao fracasso de água em nutrir a madeira. Madeira
controla terra, isso explica a relação fisiológica entre fígado, baço e estômago. Terra
gera metal, fisiologicamente baço transforma os nutrientes dos alimentos e transporta
para os pulmões. Há um princípio particularmente útil em acupuntura, o de tonificar a
mãe nas condições de deficiência e sedar o filho nas condições de excesso, este
princípio basei-se no relacionamento de geração entre os cinco elementos (ZHUFAN,
2009).
A classificação dos cinco elementos foi feita pelos chineses e passou a ser universal e
decodificada com o conjunto de coerências correspondente a cada elemento. Como
madeira corresponde ao este, a primavera, ao nascimento, a germinação, ao vento, ao
planeta júpiter, a cor verde, ao trigo, aos animais no viveiro, as drogas vegetais de sabr
ácido e etc. A medicina chinesa e a acupuntura em especial tiraram proveito dessa
classificação. Mas, além disso, sendo o homem a representação microcósmica do
macrocosmo-universo, sua vísceras, suas funções, seus meridianos estão classificados
nesses cinco elementos. E como existem doze funções, os textos nos indicam que elas
se acham reagrupadas duas a duas, sob cada elemento. Os cinco elementos têm grande
utilidade na acupuntura servindo para classificar os tipos humanos em terrenos, ou
constituições, visto que tudo que se encontra no cosmos se encontra nos seres humanos,
a partir do momento em que se pode classificar todos os fenômenos em cinco
elementos, pode-se classificar também os seres humanos do mesmo modo. Segundo a
psicossomática dos cinco elementos cada fenômeno natural exprime uma característica
diferente. Os pacientes do tipo madeira têm a pele esverdeada, são altos, de ombros
largos, as mãos e os pés são pequenos, são trabalhadores. Os do tipo fogo têm a pele
vermelha, a cabeça pequena, o queixo pontudo, as costas, os quadris, o ventre
arredondados, as mãos e os pés pequenos, andam depressa, são rápidos e ativos. Os do
tipo terra têm a pele amarela, a cabeça grande, o rosto redondo, as espáduas e as costas
carnudas, as coxas e o ventre gordos. Os de água têm a pele escura, a cabeça grande, as
espáduas estreitas, e o ventre gordo, gostam do movimento, sua coluna vertebral é mais
comprida do que a normal e assim por diante (REQUENA, 1992).
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Auteroche e Navailh (1992) descreveram que os cinco elementos se geram e se


produzem mutuamente e que favorecem o seu crescimento respectivo. A dominação
recíproca é o processo inverso, pelo qual os elementos se governam e se restringem uns
aos outros. As leis de movimento e transformação das coisas, fez-se através da regra de
produção e dominação. A ordem de produção dos cinco elementos é madeira produz o
fogo, fogo produz a terra, terra produz o metal, metal produz a água e água produz a
madeira. E a ordem de dominação é madeira domina a terra, a terra domina a água, a
água domina o fogo, o fogo domina o metal e o metal domina a madeira. A lei dos cinco
movimentos constitui um guia para a elaboração do diagnóstico e do tratamento. Cada
órgão do corpo pertence a um elemento e de acordo com as características de cada
elemento podem-se explicar as particularidades da atividade fisiológica dos órgãos. A
correspondência entre órgãos e elementos relaciona-se da seguinte forma fígado tem a
função de drenar e de ser regulador, coração tem a função de aquecer, baço da origem e
transformação, pulmão tem a função de purificar e fazer descer, os rins têm a função de
comandar a água e de conter o Jing. A relação fisiológica segue o seguinte contexto o
Jing dos rins vai alimentar o fígado, o fígado estoca o sangue que vai ajudar o coração,
o calor do coração vai aquecer o baço, transforma a essência Jing Wei dos alimentos,
que vai encher o pulmão, o pulmão purifica e faz circular para baixo a fim de auxiliar as
águas dos rins. A lei dos cinco elementos explica concretamente a fisiologia humana, os
fenômenos patológicos e constitui um guia para a elaboração do diagnóstico e do
tratamento.
Segundo Maciocia (2010) existem padrões de acordos com os cinco elementos que
descrevem as condições de deficiência de cada sistema quando esse é induzido pelo seu
elemento mãe. Madeira não gerando fogo as manifestações clínicas são timidez, falta de
coragem, indecisão, palpitação e insônia. Esse padrão também é descrito como padrão
de vesícula biliar que descreve o caráter e a personalidade e sua característica marcante
é a falta de coragem e a timidez. Fogo não gerando a terra sintomas de perda de fezes,
calafrios e debilidade dos membros este padrão descreve basicamente a deficiência do
yang do baço decorrente do fracasso do fogo em fornecer calor. Terra não gerando o
metal, sintomas fleuma torácica, tosse e cansaço, ocorre quando a deficiência do baço
causa cansaço, conduz a formação de fleuma que obstrui o pulmão. Metal não gerando a
água as manifestações clínicas são tosse, dispnéia, afonia e asma, corresponde ao rim
não recebendo o Qi. Água não gerando a madeira sintomas, tortura, visão turva, cefaléia
e vertigem, corresponde a deficiência do yin do rim e de fígado.
De acordo com Dumitrescu (1996) citado por Silva (2007) a acupuntura através de uma
terminologia específica, sustenta a integração do organismo vivo no macrocosmo com o
qual mantém uma ligação intercondicional, do ponto de vista filosófico existe uma
perfeita semelhança com a teoria dos cinco movimentos, segundo a qual todo sistema se
encontra numa ligação de independência com o macrossistema do qual ele deriva, e a
perturbação de um provoca reflexos na funcionalidade do outro.
É importante compreender o que une todas as partes do corpo entre si em primeiro lugar
órgãos e membros e também o que une com os níveis psicológico e espiritual, nesse
segundo o conhecimento taoísta é muito útil, pois oferece ligações bastante profundas e
pertubadoras para os nossos espíritos cartesianos. Com a teoria dos meridianos e a lei
dos cinco elementos, temos um primeiro nível de explicação que nos mostra as relações
potenciais entre os órgãos e as diferentes partes do corpo e também com a psicologia.
Por meio da energia Qi, que circula nos meridianos e graças às correspondências
estabelecidas com cada um dos cinco elementos. As relações entre todas as do corpo e
com o mundo exterior aparecem aí claramente e isso permite compreender melhor
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muitas atitudes ou reações. A teoria das psiques orgânicas permite compreender melhor
a relação mais tênue, mais elaborada que existe com o espírito (SCHMIDT, 2002).

3.1 A utilização dos cinco elementos no diagnóstico e no tratamento


Os desequilíbrios nas atividades dos órgãos podem refletir na tez do rosto, no som da
voz, no apetite, no pulso, a princípio desses critérios se pode fazer o diagnóstico. De
acordo com Nan Jing citado por Auteroche e Navailh (1992) é pela inspeção que se
observa a cor do rosto, a fim de conhecer a natureza da doença, pela audição observa-se
os sons, pelo interrogatório questiona-se qual e o sabor preferido e para saber de onde
provem e onde se situa a doença examina-se o pulso radial verifica se o pulso está pleno
ou vazio para reconhecer a doença e se esta presente em Zang ou Fu. Então se o rosto
estiver esverdeado, se gosta do sabor ácido, se o pulso está tenso pode-se diagnosticar
uma doença de fígado, se o rosto se apresentar avermelhado, se gosta do sabor amargo,
se o pulso está amplo corresponde a um excesso de fogo no coração, nos desequilíbrios
de baço no qual o rosto apresenta-se esverdeado porque a madeira se aproveita da
fraqueza da terra, as doenças do coração tem a tez enegrecida, pois a água aproveita da
fraqueza de fogo. Os médicos antigos estabeleceram métodos de tratamentos mais
exatos, reforçar a terra para produzir o metal, umedecer a água para manter a madeira
irrigada, sustentar a terra para conter a madeira, fortificar a água para conter o fogo. Não
é possível separar as teorias Yin e Yang daquelas dos cinco elementos que tem relação
recíproca. Quando se refere a yin e yang chega-se sempre aos cinco elementos e vice-
versa. Ambas as teorias são aplicadas a atividade fisiológica e as mudanças patológicas
do corpo humano orientando o exame clínico e o diagnóstico (AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992).
Com a teoria dos cinco princípios tem-se a explicação para as relações potenciais entre
órgãos e as diferentes partes do corpo e também com a psicologia, permitindo
compreender melhor muitas atitudes ou reações com o mundo exterior, uma forma mais
elaborada que existe com o espírito e o mental (ODOUL, 2003).
Segundo Maciocia (2010), o modelo de correspondência dos cinco elementos é
amplamente utilizado no diagnóstico, sendo baseado na interligação dos elementos,
odor, cor, sabor e som. A cor da face é observada na maior parte das vezes, a prevalência
de uma das cinco cores indica um desequilíbrio em determinado elemento, que pode ser
caracterizado como uma deficiência ou um excesso. A coloração da face nem sempre
está de acordo com as manifestações clinicas, em alguns casos pode haver uma
contradição. Todavia as cores dos cinco elementos devem ser criteriosamente aplicadas,
juntamente com outros aspectos da medicina chinesa. Os sons e os tons das vozes
também podem ser utilizados no diagnóstico. O grito indica um desequilíbrio de
madeira, o excesso de risadas freqüentes pode ser desequilíbrio de fogo, uma voz com
um tom musical indica um desequilíbrio de terra, o choro e a voz muito fraca e débil
está relacionado com metal e frequentemente indica uma deficiência de pulmão, cuja
emoção é o lamento. Uma voz com tom rouco ou gemido indica um desequilíbrio do
elemento água. O odor também é utilizado no diagnóstico dos cinco elementos de
acordo com cada sistema correspondente. As emoções têm grande importância no
diagnóstico, pois influenciam diretamente no funcionamento dos órgãos. Existem dois
métodos de tratamento por meio dos cinco elementos, o tratamento de acordo com as
várias sequências e o outro de acordo com os cinco pontos de transporte, ambos são
utilizados frequentemente de acordo com as leis de geração, controle, excesso e lesão.
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3.2 Principais desequilíbrios segundo os conceitos dos cinco elementos


Fúria: está inserido o ressentimento, fúria contida, irritabilidade, frustração, ódio,
indignação, animosidade ou amargura, qualquer uma dessas características pode afetar o
fígado e persistindo o quadro pode causar estagnação do Qi e manifestar-se com muitos
sintomas na cabeça como cefaléia, zumbido, tortura, manchas vermelhas na região
frontal do pescoço entre outros, há a possibilidade de se apresentar quadros de
submissão e depressão. Alegria: não é um estado saudável de felicidade, mas um
excitamento excessivo que pode causar desequilíbrios no coração como o sintoma de
enxaqueca causada por boas notícias. Tristeza: Afeta o pulmão e o coração. O pulmão
governa o Qi e a tristeza depaupera o Qi, causando sintomas como dispnéia, cansaço,
depressão, choro e nas mulheres amenorréia. Preocupação: trabalho mental e estudo
excessivo debilita o baço e causa cansaço, anorexia e diarréia. A preocupação
desequilibra o Qi do baço paralisando o Qi do pulmão e provocando sintomas como
ansiedade, dispnéia e rigidez nos ombros e pescoço. Medo: depaupera o Qi do rim e faz
o Qi descender. Em crianças inseguras e medrosas levam a descida do Qi podendo
provocar a enurese noturna. Em adultos, medo e ansiedade provocam a deficiência do
yin do rim, resultando em calor na face, sudorese noturna, palpitação e boca e garganta
secas. Choque emocional: excede o Qi e atinge o coração e o rim, causando sintomas
como palpitação, dispnéia, insônia, sudorese noturna, boca seca, tortura ou zumbido
(VECTORE, 2005).
Segundo Braghirolli (2010) existem fatores determinantes das emoções que causam
desequilíbrios no indivíduo são o medo: que é uma experiência emocional que supõe
conhecimento de uma ameaça a algum aspecto de auto-conceito, tal como seu bem-estar
físico ou sua auto-estima, em partes pode ser prejudicial na resolução de tarefas
delicadas e problemas, mas pode contribuir como agente protetor, motivador e
socializador. A raiva: é instigada pela ameaça a um aspecto da consciência na qual o
conhecimento da ameaça é parcial ou substituído por um conteúdo subjetivo agressivo e
pela correspondente atividade nas esferas glandulares e motoras. A frustração pode
aumentar a raiva e a agressão, e pode vir associada com o medo, insegurança e
ansiedade, com submissão, fuga e dependência. A alegria: está relacionada a auto-
estima, a resolução bem sucedida de um processo de frustração e de dificuldade, há
vários níveis de manifestação desta emoção. A ansiedade: é uma variante do medo
experienciado em uma resposta a uma ameaça antecipada ao autoconceito. A tristeza,
aborrecimento ou mágoa: são um estado afetivo induzido pela ausência de estimulação,
atividade ou por excesso de satisfação.

3.3 As personalidades de acordo com cada elemento


Água: é um símbolo de sabedoria, pois corre livre, seguindo as irregularidades do
terreno, sem contestar, sem parar, encontrando seu caminho por entre as pedras e
obstáculos. Representa movimento, fluxo e maleabilidade. Seu temperamento está
ligado a capacidade de manter sua natureza, fluir constantemente e sem receios, suas
características marcantes são adaptabilidade, flexibilidade, hipersensibilidade,
hiperemotividade, sociável respeitando as opiniões e diferenças alheias, tem variações
constantes de humor e temperamento mutável. Tem facilidade de convencimento,
podendo se tornar manipulativos e egoístas, tem pouco poder de decisão, pouca
determinação e muita dúvida. Sua emoção central é o medo. Madeira: símbolo de
crescimento, expansão, ascensão e desenvolvimento. Seu temperamento está ligado a
capacidade de tomar decisões, olhar para o futuro e crescer com o tempo, representa a
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capacidade de ação e planejamento, são decididos, expansivos, competitivos, ousados,


não tem medo de arriscar, são confiantes e impulsivos, são líderes naturais, ocupando
cargos de direção, não gostam de trabalhar sozinhos e nem de ficar parados, são
dinâmicos, criativos e imaginativos. Fogo: símbolo do amor, da paixão e da alegria. Se
expressa pelas emoções, afetividade e amor. São comunicativos, otimistas, idealistas,
espontâneo, social e ativo. Buscam a evolução e a transgressão de normas, trabalham
por ideais, são naturalmente líderes, abnegados e lutadores com grande vitalidade,
organização e rapidez mental. No geral são cativantes, falantes e gostam de ser o centro
das atenções. Não tem muita tolerância com a opinião dos outros não medem esforços
para produzir mudanças, podendo se tornar violentos. A emoção que predomina quando
estão em desequilíbrio é a euforia, ansiedade, mania ou hiperexcitabilidade. Terra: é o
símbolo de fertilidade, fecundidade e regeneração. Seu temperamento está relacionado
ao movimento de prover alimento aos outros, à preocupação e ao cuidado materno. São
introvertidos, reservados, detalhistas, organizados, passivos, pensativos, cuidadosos,
críticos e racionais. Tem serenidade e sabedoria, são lentos no agir, mas quando o fazem
são ágeis. São metódicos e bons administradores. A emoção que predomina quando
estão em desequilíbrio é a preocupação, o pensamento obsessivo. Metal: simboliza
aspectos sólidos, valiosos e duradouros. São observadores, introvertidos, sensíveis,
intuitivos, inteligentes, desconfiados, teimosos, calculistas e frios. Tem firmeza de
caráter e grande força moral, forte poder de decisão com objetividade e pouca dúvida,
são inflexíveis, determinados e pacientes. Em geral gostam de fazer as coisas sozinhos e
não pedem ajuda, são discretos e sabem analisar as situações. Quando o ser humano
nasce tem a possibilidade de executar toda a gama de comportamentos, e quando em
idade avançada se tornam duros, rígidos como um velho carvalho. Esquecendo que
podem entrar com liberdade em todos os cinco elementos (ODOUL, 2003).

4. Metodologia
Este estudo foi elaborado com base em levantamentos bibliográficos sobre o estudo da
acupuntura e psicologia dentro dos cinco elementos, descrevendo os conceitos de cada
área do conhecimento, o diagnóstico na medicina chinesa, a personalidade e a emoção
de cada elemento, benefícios e razões dos desequilíbrios dos indivíduos.
A pesquisa foi realizada através de uma base de dados em saúde, sendo a scielo,
utilizando-se as palavras-chaves: psicologia, acupuntura e medicina chinesa, nas bases
de dados em português e acupuncture, emotion, tratamiento acupuntural e psychology
nas bases de dados em inglês e espanhol, encontrando-se dessa forma diversos artigos
científicos publicados no período de 1990 a 2011. Também foram levantadas
informações de livros correspondentes ao tema tratado. A pesquisa caracterizou-se como
qualitativa do tipo exploratória, buscando-se informações mais detalhadas, com a
intenção de proporcionar um entendimento geral do assunto pesquisado.

5. Resultados e Discussão
De acordo com Schultz e Schultz (2011) o homem não é feito somente de estruturas
físicas, possui um grande sistema energético que contribui com o seu equilíbrio interno.
Fatores externos têm grandes influencias sobre a saúde integral e harmônica do ser
humano, podem ser ambientais, sociais, emocionais, influxos psíquicos, o meio natural
e os alimentos. Segundo a Organização Mundial da Saúde para se obter um completo
bem-estar físico, psíquico e social e não simplesmente a ausência de sintomas precisa-se
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viver bem e de forma digna, mas estes são paradigmas pouco cumpridos na sociedade.
A psicologia dentro de todo o seu universo teórico tem ajudado ao demonstrar a íntima
associação existente entre mente e corpo e na ligação entre algumas perturbações
orgânicas e os aspectos de natureza emocional, subjetiva do indivíduo. Pensamenos e
emoções influenciam diretamente a força vital, crescendo ou paralisando o fluxo de
energia pelo corpo. Todo esse processo mostra que o psiquismo não pode ser separado
dos órgãos e vice-versa.
Segundo Requena (1992) o psiquismo é basicamente yang que por sua vez também é
alimentado pela força yin oriunda dos alimentos. O fluxo do Qi influencia diretamente
os sentimentos localizados nos órgãos, causando insuficiências ou plenitudes. Então o
coração é a sede da mente e agi sobre a vida intelectual, estabilizando a razão e
preservando a energia mental, o baço-pâncreas atua sobre o consciente, ajudando na
concentração do pensamento e na assimilação, o rim é o gerador de energia, contribui
nas tomadas de decisão, conservando a vontade e a vitalidade, o fígado considerado a
sede das emoções da alma, mantém o fluxo de energia do corpo e atua sobre a ação,
inveja e o ciúme, o pulmão capta a ação energia vital ajudando na defesa do organismo
e nas perdas afetivas. O vaso governador e o da concepção agem sobre a percepção da
realidade. O excesso de yang pode ser identificados pela raiva, preocupação, obsessão,
silêncio e ociosidade. Os sentimentos que causam vazio de yin são representados pela
alegria, medo e fadiga. Se o psiquismo estiver em paz, equilibrado, o indivíduo ficará
menos sujeito ou até mesmo livre de doenças, mesmo de origem externa sob a
influência das energias cósmicas ou climáticas e não adquirá nenhuma doença mesmo
que infecciosa. As emoções e os sentimentos desempenham um papel importante na
vulnerabilidade às doenças. Podendo provocar isoladamente a desorganização de todo o
sistema energético dos meridianos e causar várias desordens. A psicologia relaciona-se
diretamente com o caráter natural do ser humano, a morfologia das mãos, as doenças da
infância, o temperamento e características dos pais, com tudo isso compreende-se a
solidez física e os riscos que a herança herdada dos pais expõe como também a
personalidade que tem a função pela qual o indivíduo consciente considera um ego. A
psicologia chinesa antiga faz disso uma regra para a escolha de um esposo ou esposa
que vem sendo usada até hoje. Na China, o homem é yang e a mulher é yin, cada um
deles pode ser classificado nos cinco tipos dos cinco elementos, o que corresponde às
cinco constituições e às cinco morfologias. Para os chineses a concepção da
psicossomática é um fenômeno energético, as transformações que a energia provoca no
plano biológico, são paralelas aquelas que se observa no plano psicológico e vice-versa,
como exemplo um excesso de fígado torna um paciente colérico e uma cólera em
excesso perturba o fígado. A relação da acupuntura com a psicologia se liga as
constituições e aos perfis psicossomáticos, esse conjunto de correlações permite abordar
não só o caráter do paciente, mas também sua vulnerabilidade psíquica e mórbida que
estão ligadas à sua constituição e hereditariedade. Antes de expor essas relações é
preciso primeiramente indicar as idéias de yin e yang, as seis energias e os cinco
elementos que formam a doutrina da acupuntura, não podendo aprofundar o assunto.
Goswami (2006) citou que para os antigos chineses a natureza apresenta uma relação
circular entre os cinco elementos, duas dessas relações fazem parte da filosofia chinesa:
promoção também chamada de relação mãe-filho e controle. Madeira promove fogo,
água extingue o fogo. Os chineses percebiam as mesmas relações em nosso corpo físico,
o fígado controla o coração, mas o coração controla o pulmão. E classificaram os
campos morfogenéticos do corpo vital em cinco categorias, de acordo com os cinco
elementos, terra, água, fogo, metal e madeira. Cada elemento tem movimentos yin e
yang complementares. Cada um tem duas classes de representações de órgãos. A classe
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de órgãos associadas a movimentos yin é chamada de zang, a classe associada a


movimentos yang é chamada de fu. Os órgãos tem uma relação circular. O fluxo do Qi,
naturalmente, se conectam com as matrizes vitais por meio dos meridianos. Na
medicina tradicional chinesa a doença é sempre um desequilíbrio de yin ou yang. No
sistema tradicional chinês são adotados os princípios gerais com relação aos campos
morfogenéticos vitais para definir saúde, que significa equilíbrio e harmonia, definir
doença que significa ausência de equilíbrio e harmonia, derivar relações entre os
sistemas do corpo físico, que então podem ser aplicadas em processos de cura. Para os
chineses o corpo vital tem a capacidade de resistir a fatores patogênicos e de
restabelecer o corpo físico. Essa capacidade é chamada de Qi antipatogênico. A
acupuntura promove a cura de muitos distúrbios, não apenas da dor, mais promove o
fluxo da energia vital entre as matrizes vitais de qualquer órgão zang-fu com vistas a
corrigir desequilíbrios de energia e assim recuperar a saúde. As doenças podem ser
diagnosticadas pela leitura dos pulsos. A medicina chinesa pode se individualizada, uma
pessoa pode sofrer de deficiência de yang caracterizada por obesidade e excesso de
fleuma, ou pode sofrer de deficiência de yin caracterizada por um corpo magro, excesso
de gás intestinal e acidez. A acupuntura tem resultados reais, porque movimentam o
fluxo de energia vital dos meridianos correlatos ao corpo físico na pele e que se
interligam as matrizes vitais dos órgãos, equilibra os pares de órgãos dos cinco
elementos, madeira, fogo, terra, água e metal.
Pinheiro Júnior (2010) relatou que o controle emocional ocorre com a racionalização de
acontecimentos cotidianos que levam ao desequilíbrio. O primeiro passo é a
identificação pessoal de sinais fisiológicos, decorrentes de desequilíbrios emocionais
que costumam ocorrer antes da reação física ao estímulo do meio ambiente, os sinais
mais comuns são batimentos cardíacos, contrações musculares, sudorese, cerração de
dentes, diminuição da pupila.
Zhufan (2009) explicou que as emoções são sentimentos ou reações mentais aos
estímulos, geralmente não são graves, apenas quando uma emoção repentina, violenta
ou prolongada excede a gama normal das atividades fisiológicas é que há perturbação
do Qi e do equilíbrio entre o yang e o yin, e a coordenação harmoniosa do Qi e do
sangue fica prejudicada e as patologias aparecem. Dentro da medicina chinesa as
emoções são classificadas nas sete categorias, alegria, fúria, preocupação, ansiedade,
tristeza e medo relacionados ao coração, fígado, baço, pulmões e rins respectivamente.
A raiva danifica o fígado, a alegria excessiva prejudica o coração, a ansiedade prejudica
o baço, tristeza danifica os pulmões e o medo danifica os rins. As emoções
desequilibram os órgãos internos devido aos distúrbios do Qi. Por tanto, emoções
diferentes podem causar diferentes distúrbios do Qi, resultando em desarmonias nos
diferentes órgãos zang fu. Qualquer emoção excessiva pode exercer impacto sobre os
múltiplos órgãos internos. Dentre os cinco órgãos zang o coração controla o sangue e
abriga a mente, o fígado estoca o sangue e regula o fluxo de Qi, o baço situado no
aquecedor médio ascende e descende o Qi e também é fonte de formação do Qi e do
sangue. As patologias são causadas pela desarmonia do Qi e do sangue e devido as
emoções estarem envolvidas, que descontrolam o coração, o fígado e o baço. As
características emocionais marcantes são preocupação e ansiedade que geralmente
causam uma condição de deficiência tanto no coração quanto no baço, manifestada por
insônia, sono com distúrbios de sonhos, anorexia, distensão abdominal, aumento da
frequência intestinal e lassidão. Um outro exemplo é da raiva que é capaz de danificar o
fígado, causando estagnação do Qi ao longo do meridiano do fígado, manifestada por
distensão no hipocôndrio e formação de massa abdominal ou dismenorréia e outras
alterações menstruais nas mulheres. As mudanças patológicas causadas pelas emoções
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podem ser transformadas em fogo, tais como fogo excessivo no coração e combustão
ascendente do fogo do fígado. Para a medicina chinesa as emoções são consideradas
fatores patogênicos, mas não os estímulos que conduzem às reações emocionais, sendo
de grande significância para a prevenção das patologias. Para evitar os efeitos
prejudiciais das emoções não se aconselha fugir da realidade, mas cultivar o bom caráter
e exercitar o autocontrole para distrair a mente das emoções desagradáveis.
Silva (2007) citou que na concepção taoísta, base da medicina tradicional chinesa, o ser
humano é composto por cinco elementos, fogo, terra, metal, água e madeira são
consideradas a base da concepção do universo e todos os seus componentes, e ainda de
todas as estruturas, sistemas fisiológicos, órgãos, vísceras ou estruturas psíquicas e cada
sistema desse está relacionado a um dos cinco elementos e a cinco tipos psicológicos,
conhecidos na acupuntura como acupuntura constitucional onde todas as coisas
poderiam ser correlacionados segundo suas características predominantes. E de acordo
com a medicina oriental cada entidade visceral está relacionada a um sistema que leva o
nome de um órgão físico ocidental. Cada sistema possui uma fisiologia própria que
inclui sentimentos, emoções, dor, cor, manifestações específicas de excesso, de
insuficiência e tratamento específico. Para a medicina tradicional chinesa, a condição de
saúde é resultado da condição da existência de certo equilíbrio entre todos os sistemas
internos físicos ou psíquicos. Saúde como um todo. A situação de desequilíbrio é
expressa por sinais de hiperfuncinalidade, excitação, excesso, ou por uma manifestação
de hipofuncionalidade, como a depressão ou uma insuficiência. Tais características
podem apontar a direção de uma condição que levará ao sofrimento, seja ele físico ou
mental. Dessa forma, usando-se as emoções como um dos indicadores, é possível
conhecer o desequilíbrio da energia que afeta a unidade homem, podendo ser corrigido
através das várias ferramentas da medicina tradicional chinesa.

6. Conclusão
A aproximação entre a acupuntura e a psicologia vem a contribuir na compreensão de
fatores relacionados às patologias mentais e no equilíbrio emocional, permite também
compreender e tratar o indivíduo como um todo. Segundo a visão holística da Medicina
Tradicional Chinesa, os pensamentos e as emoções estão ligados diretamente a força
vital, aumentando ou paralisando o fluxo de energia pelo corpo. Isso mostra que ao
mesmo tempo em que as perturbações psíquicas desequilibram os órgãos, as alterações
orgânicas podem agir sobre o psiquismo. Nesta relação é que se encontra a teoria dos
cinco elementos ou cinco movimentos, com padrões dentro da natureza e ligado ao
organismo humano, servindo de auxílio para o diagnóstico e tratamento de inúmeras
patologias. Baseia-se nos conceitos de madeira, fogo, terra, metal e água que são
relacionados com a fisiologia dos órgãos e vísceras, descritos pelos chineses como zang
e fu que formam um sistema que interliga as funções fisiológicas do organismo, suas
partes, sentidos, atividade cerebral, emoções, a relação com o ambiente externo e
também estão ligados a produção, transformação, armazenamento e distribuição das
substâncias vitais, sangue, essência e líquidos corpóreos. Cada órgão é classificado em
uma das cinco categorias, juntamente com os ciclos de geração, dominação e controle.
O primeiro forma a sequência em que cada elemento dá origem ao seguinte, assim como
é gerado da mesma forma, o ciclo de dominação forma o controle que um elemento tem
sobre o outro e que é controlado também. Os ciclos que formam os cinco elementos
asseguram a normalidade dos processos, no caso do corpo humano, o funcionamento
fisiológico saudável, uma interrupção em algum dos ciclos irá repercutir no sistema
inteiro. A medicina tradicional chinesa explica que dentro de cada elemento existe uma
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personalidade diferente, que também é atingida por uma determinada emoção que pode
ser raiva, medo, pavor, tristeza, alegria, preocupação e ainda por outras causas externas
como constituição fraca, trabalho excessivo, atividade sexual excessiva, alimentação
desregulada, trauma físico, parasitas, venenos e tratamento incorreto. A personalidade
de cada pessoa, à medida que se desenvolve, enfrenta uma série de problemas, para
conviver e se adaptar, gerando estados psicológicos como ansiedade e frustração. Para
muitos estudiosos essas características estariam relacionadas às doenças, mais para os
conhecimentos tradicionais chineses todos esses conceitos de personalidade estão
ligados as emoções que interferem profundamente no fluxo de energia dos doze
meridianos e seus acoplados. O equilíbrio está ligado à dinâmica de yin e yang e de
todos os seus processos, inclusive os patológicos. E é à base da avaliação de sinais e
sintomas dos desequilíbrios orgânicos. Ou seja, todo tratamento seguirá as seguintes
medidas, tonificar o yang, ou tonificar o yin, sedar o excesso de yang ou sedar o excesso
de yin. A desarmonia do corpo ocorre quando yin não nutre e esfria o yang ocorrendo
dores de cabeça, rubor facial, olhos secos, garganta seca, sangramento nasal,
irritabilidade, quando yang não aquece e não ativa o yin ocasionando hipoatividade, má
circulação, face pálida e pouca energia. Os sintomas podem variar de acordo com os
órgãos envolvidos e as patologias. O estado yin está ligado a doenças crônicas,
deficiência, letargia, sonolência, corpo e extremidades frias, face pálida, voz fraca, sem
sede, fezes soltas, urina abundante e clara, língua pálida e umidade excessiva, o estado
yang está associado à hiperatividade, doenças agudas, inquietude, insônia, corpo e
extremidades quentes, face vermelha, voz forte, sede espontânea, urina escassa,
constipação, secura excessiva, doenças inflamatórias, língua vermelha e pulso cheio.
A avaliação das patologias pode ser analisada de acordo com cada personalidade dentro
cada elemento, sendo possível encontrar as respostas para os fenômenos físicos
correspondentes a cada patologia. Madeira tem a personalidade de criação,
planejamento, imaginação, quando em desarmonia tem irritabilidade o que leva a
frustração e a intolerância. São grandes estrategistas, e tem muito poder de análise. Fogo
tem a personalidade expansiva, são afetivas, calorosas, festivas, risonhas,
entusiasmadas, espontâneas em desarmonia podem ser impulsivos, inconseqüentes, e
seguidos de apelos emocionais causando euforia. Terra tem a personalidade forte,
sedutora, tem ótima comunicação, são inteligentes, dominadores e líderes, quando em
desarmonia são preocupados, obsessivos, ciumentos e exigentes ou ainda podem ser
inseguros, desatentos e preguiçosos. Metal tem a personalidade prática, são pessoas
muito vaidosas, cuidadosas, prevenidas, prudentes, perfeccionistas e geralmente são
bem sucedidas e vivem com comodidade e conforto, em desarmonia são superficiais,
excêntricas, teimosas e tristes. Água tem a personalidade flexível, são maleáveis,
preservam a individualidade, são dinâmicas, em desarmonia são ambiciosas, frias e
calculistas ou podem ser desencorajadas e desanimadas.
Os conceitos dos cinco elementos são uma ferramenta importante para os tratamentos
com acupuntura, pois correspondem as estações, aos climas, as cores, aos sabores, aos
alimentos, aos órgãos e vísceras, a uma hora do dia, um tipo de psicologia e morfologia,
facilitando a compreensão taoísta do homem e que se atribui a todas as manifestações da
vida. Desta forma o diagnóstico é mais preciso e estruturado e possibilita conhecer o
indivíduo como um todo. A psicologia tem forte ligação com as leis dos cinco
elementos, pois estuda os comportamentos, as ações e manifestações dos seres
humanos, procurando ajuda-los a manter-se em equilíbrio.
Então, compreender o que une todas as partes do corpo, órgãos e membros, como
também o que une o nível psicológico e espiritual é muito útil na concepção taoísta,
pois oferece ligações bastante profundas aos sistemas energéticos do corpo. E com a
teoria dos cinco elementos tem-se a explicação das relações potenciais entre os órgãos e
as diferentes regiões que os integram e também com a psicologia, esse processo se dá
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através do apoio da energia Qi, que circula nos meridianos e de acordo com as
correspondências com cada um dos cinco elementos. As relações com as partes do corpo
e o mundo exterior possibilitam entender muitas atitudes e reações. A teoria das psiques
orgânicas permite a compreensão mais elaborada entre o espírito e o mental. A cura das
patologias está diretamente ligada a critérios humanos e emocionais.

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