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Fundamentos de Matemática I
DERIVADAS DAS
FUNÇÕES SIMPLES
Gil da Costa Marques
12.1 Introdução
12.2 Derivada de y = axn, n ∈
12.2.1 Derivada de y = 1/x para x ≠ 0
12.2.2 Derivada de y = axn, para x ≠ 0, n = −m, m ∈ , isto é, n é um número inteiro negativo
12.3 Derivadas das funções seno e cosseno
12.4 Derivada da função logarítmica
12.5 Derivada da função exponencial
12.1 Introdução
O conceito de derivada de uma função é um dos sustentáculos do Cálculo e o introduzimos
no texto anterior. O objetivo agora é o de aprimorar o desenvolvimento do ferramental inerente
ao assunto, a fim de poder operar com ele. Assim, neste texto deduziremos alguns resultados
relativos ao cálculo de derivadas de funções simples. No estudo das derivadas de funções de
uma única variável independente, Augustin Cauchy, em suas Oeuvres Complètes, procura
distinguir as funções simples – que, segundo ele próprio, são consideradas como resultado de
uma única operação aplicada à variável independente – das funções que são construídas com o
auxílio de várias operações, as quais são chamadas de funções compostas. As funções simples
que produzem as operações corriqueiras da álgebra e da trigonometria são
a
, x a , Ax , log A x,
a + x , a − x , a. x ,
x
sen x, cos x, arcsen x, arccos x
No texto anterior, vimos a definição de derivada de uma função num ponto do seu domínio
e, a partir dela, encontramos a derivada de
f ( x ) = xn 12.1
df
f '( x) = ( x ) = n. x n −1 12.2
dx
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g ( x ) = a. x n 12.3
dg
g '( x) = ( x ) = n.a. x n −1 12.4
dx
Vamos considerar agora o caso em que o expoente é um número inteiro, começando com
o caso em que
a
y= 12.5
x
ou seja,
∆y ( ax − a ( x + ∆ x ) ) 1
= ⋅ 12.7
∆x x ( x + ∆x ) ∆x
∆y −a∆ x 1
= ⋅ 12.8
∆ x x ( x + ∆ x) ∆ x
∆y −a
= 12.9
∆x x ( x + ∆x )
∆y −a a
lim = lim =− 2 12.10
∆ x →0 ∆x ∆ x → 0 x ( x + ∆x ) x
∆y −a
= 12.11
∆x x ( x + ∆x )
∆y −a a
lim = lim =− 2 12.12
∆x →0 ∆ x ∆x →0 x ( x + ∆ x ) x
a
y' = − 12.13
x2
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ou seja,
∆y ax − a ( x + ∆ x ) 1 xm − ( x + ∆x ) 1
m m m
= ⋅ = a ⋅ ⋅ 12.15
xm ( x + ∆x ) xm ( x + ∆x )
m m
∆x ∆x ∆x
⋅∆ x − m ( m − 1) / 2 x m −2 ⋅ (∆ x ) − − (∆ x )
m −1 2 m
∆y −m ⋅ x 1
= a⋅ ⋅ 12.16
xm ( x + ∆x )
m
∆x ∆x
− m ( m − 1) / 2 x m −2 ⋅ (∆ x ) − − (∆ x )
m −1 m −1
∆y −m ⋅ x
= a⋅ 12.17
xm ( x + ∆x )
m
∆x
∆y a ⋅ m ⋅ x m −1
lim =− = −m ⋅ a ⋅ x − m −1 12.18
∆ x →0 ∆ x x 2m
y = ax n 12.19
y ' = n ⋅ ax n −1 12.20
Exemplos
• Exemplo 1
1
No caso da função y = x5, utilizando 12.2, já deduzida no texto anterior, temos yʹ = 5x4. Sendo y = = x −5,
x5
−5
utilizando a relação encontrada em 12.18, observamos que a sua derivada é y ' = −5 x −6 = .
x6
• Exemplo 2
1
Vamos escrever a equação da reta tangente ao gráfico da função y = no ponto cuja abscissa é x = 2.
x2
1
Notamos que a reta procurada passa pelo ponto 2, e tem coeficiente angular dado pela derivada
4
da função em x = 2.
1 −2 1
Como, se y = 2
então y ' = 3 , o coeficiente angular da reta tangente procurada é m = − e a
x x 4
equação dessa reta é:
1 1
y− = − ( x − 2),
4 4
ou seja,
1 3
y=− x+
4 4
1
Gráfico 12.1: O gráfico de y= e
x2
1
a reta tangente no ponto 2, .
4
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• Exemplo 3
x se x ≥ 0
Sendo f ( x ) = x =
− x se x < 0
vamos determinar o conjunto de pontos onde f é derivável.
→ Resolução:
Em primeiro lugar, observamos que se trata de uma função cujo domínio é o conjunto dos números
reais, que é definida por meio das duas regras acima, dadas na expressão da função. A notação de
valor absoluto apenas descreve tal fato de uma forma simples e rápida.
Para encontrar a sua derivada, precisamos analisar separadamente as situações seguintes:
a. x > 0 e o acréscimo Δx positivo ou negativo, mas de tal maneira que x + Δx > 0;
b. x < 0 e o acréscimo Δx positivo ou negativo, mas de tal maneira que x + Δx < 0;
c. x = 0 e o acréscimo Δx positivo ou negativo.
Vejamos então cada uma dessas situações:
a. Se x > 0 e x + Δx > 0, temos:
x + ∆x − x x + ∆x − x
lim = lim =1
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x
x + ∆x − x − ( x + ∆x ) − ( − x )
lim = lim = −1
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x
c. Se x = 0, temos:
• se Δx > 0
0 + ∆x − 0 ∆x
lim = lim =1
∆x →0+ ∆x ∆x →0+ ∆x
• se Δx < 0
0 + ∆x − 0 − ∆x
lim = lim = −1
∆x →0− ∆x ∆x → 0 − ∆x
0 + ∆x − 0
Logo, como os limites laterais são diferentes, não existe lim , ou seja, não existe a derivada
∆x
∆x →0
x se x ≥ 0
função f ( x) = x = , isto é, da
− x se x < 0
1 se x>0
função f '( x ) = .
−1 se x<0
∆y sen ( x + ∆x ) − sen x
= 12.21
∆x ∆x
o que nos leva a concluir que a taxa de variação média é dada por:
∆y
= sen x
( cos ∆ x − 1) + sen ∆ x cos x 12.23
∆x ∆x ∆x
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lim
∆y
= lim sen x
( cos ∆ x − 1) + sen ∆x cos x
∆ x →0 ∆ x ∆ x →0 ∆x ∆x 12.24
a partir do que vimos no texto sobre Limites, em 10.35 e 10.36, respectivamente, temos
sen ∆x
lim =1 12.25
∆x →0 ∆x
lim
( cos ∆ x − 1) = 0 12.26
∆ x →0 ∆x
e, portanto,
∆y
lim = cos x 12.27
∆ x →0 ∆x
d ( sen x )
= cos x 12.28
dx
∆y sen ( x + ∆x ) − sen x
A segunda alternativa para calcular lim = lim consiste em utilizar o
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
fato de que:
∆x ∆x
e, considerando a = x + e b = , temos:
2 2
∆x ∆x
2 cos x + sen
∆y 2 2 12.30
=
∆x ∆x
o que nos leva a uma expressão mais simples para a taxa de variação média:
∆x ∆x
cos x + sen
∆y 2 2
= 12.31
∆x 1
∆x
2
Tomando agora o limite quando ∆x → 0 e levando em conta o limite 10.35, obtemos o resultado:
Consideremos agora o caso da função y = cos x. Neste caso, a taxa de variação média pode
ser escrita como:
∆y cos ( x + ∆x ) − cos x
= 12.33
∆x ∆x
Substituindo tal identidade em 12.33, obtemos o seguinte resultado para a taxa de variação média:
∆y
= cos x
( cos ∆ x − 1) − sen ∆ x sen x 12.35
∆x ∆x ∆x
lim
∆y
= lim cos x
( cos ∆ x − 1) − sen ∆ x senx
∆ x →0 ∆ x
12.36
∆x →0
∆x ∆x
Novamente, utilizando os limites dados pelas expressões 10.35 e 10.36, obtemos a derivada
da função cosseno:
d (cos x )
= − sen x 12.37
dx
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∆y cos ( x + ∆ x ) − cos x
lim = lim 12.38
∆ x →0 ∆x ∆ x → 0 ∆x
∆x ∆x
Considerando a = x + e b = , temos:
2 2
∆x ∆x
−2 sen x + sen
∆y 2 2 12.40
=
∆x ∆x
ou seja,
∆x
∆y sen
=− 2 sen x + ∆x
∆x 12.41
∆x 2
2
• Exemplo 4
A reta tangente ao gráfico de y = sen x na origem é a
reta que contém as bissetrizes dos quadrantes ímpares,
isto é, a reta y = x.
De fato, o gráfico de y = sen x passa pela origem e o coe-
ficiente angular da reta tangente nesse ponto é o valor
da derivada y' = cos x calculada em x = 0, isto é, m = 1.
Logo, a equação da reta procurada é y = x.
• Exemplo 5
π
Analogamente, pode-se mostrar que a reta tangente ao gráfico de y = cos x, no ponto , 0 , é a
π 2
reta y = − x + .
2
y = ln x 12.43
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1
y' = 12.48
x
Assim sendo, a função logarítmica de base e, y = ln x, em 12.43, tem derivada dada por
d 1
( ln x ) = 12.49
dx x
Seja agora
y = log A x 12.50
∆y log A ( x + ∆ x ) − log A x
= 12.51
∆x ∆x
ou seja,
1
x x x
1
∆y 1 x + ∆x ∆x ∆x ∆ x ∆x 1 ∆ x ∆x
= log A = log A 1 + = log A 1 + = log A 1 + 12.52
∆x ∆x x x x x x
ln e 1
Ae
uma vez que log= = . Dessa maneira, a função logarítmica de base A, A > 0 e A ≠ 1,
ln A ln A
dada em 12.50, y = logA x, tem como derivada a função
1
y' = 12.54
x ln A
y = ex 12.55
∆y e x + ∆ x − e x e x ( e ∆ x − 1)
= = 12.56
∆x ∆x ∆x
Agora,
∆y e x ( e ∆x − 1)
lim = lim = ex 12.57
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
e∆ x − 1
pois lim = 1.
∆ x →0 ∆ x
y = Ax 12.59
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∆y Ax + ∆ x − Ax Ax ( A∆ x − 1)
= = 12.60
∆x ∆x ∆x
∆y Ax ( A∆ x − 1)
lim = lim = Ax ln A 12.61
∆ x →0 ∆ x ∆x →0 ∆x
A∆ x − 1
uma vez que lim = ln A.
∆ x →0 ∆x
De fato, de maneira semelhante à que foi efetuada no caso da base e, colocando u = AΔx −1,
temos Δx = logA(u + 1) e, quando Δx → 0, u → 0.
Então,
A∆ x − 1 u 1 1
lim = lim = lim = lim
∆ x →0 ∆x u →0 log ( u + 1) u →0 1 u →0 1
A log A (u + 1) log A (u + 1) u
u 12.62
1
= = ln A
log A e
Assim, a função logarítmica de base A, A > 0 e A ≠ 1, dada em 12.59, y = Ax, tem derivada
a função
y ′ = Ax .ln A 12.63
• Exemplo 6
As retas tangentes aos gráficos de y = ln x no ponto (1, 0)
e de y = e x no ponto (0, 1) são paralelas.
De fato, sendo y = ln x, temos y' = 1/x. Logo, a equação
da reta tangente ao gráfico da função no ponto (1, 0) é
y = x − 1.
Agora, sendo y = e x, temos y' = e x e a equação da reta
tangente ao gráfico em (0, 1) é y = x + 1.
O paralelismo das duas retas é evidente pois, nos pontos
considerados, elas apresentam o mesmo coeficiente angular.
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