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Existencialismo
1. O que é Existencialismo
Assim, nascido no século XIX, através das ideias do filósofo dinamarquês Kierkegaard,
esta vertente filosófica e literária conheceu seu apogeu na década de 50, no pós-guerra,
com os trabalhos de Heidegger e Jean-Paul Sartre. A contribuição mais importante desta
escola é sua ênfase na responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre-
arbítrio.
Não se trata de uma única doutrina. Entretanto, existe algo de comum entre eles, que é
a preocupação em compreender e explicar a existência humana.
Seus seguidores não crêem, assim, que o homem tenha sido criado com um propósito
determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua caminhada
existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em
que vivemos, pois não se pode racionalizar o mundo como nós o percebemos. Esta
visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e
conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do
Existencialismo, a qual não se pode negar.
Coube a Sartre batizar esta escola filosófica com a expressão francesa ‘existence’, versão
do termo alemão ‘dasein’, utilizado por Heidegger na sua obra Ser e Tempo.
Para os existencialistas, a existência tem prioridade sobre a essência humana, portanto
o homem existe independente de qualquer definição pré-estabelecida sobre seu ser. O
indivíduo, no princípio, somente tem a existência comprovada. Com o passar do tempo
ele incorpora a essência em seu ser. Não existe uma essência pré-determinada.
Com esta frase, os existencialistas rejeitam a idéia de que há no ser humano uma alma
imutável, desde os primórdios da existência até a morte. Esta essência será adquirida
através da sua existência. O indivíduo por si só define a sua realidade.
A corrente existencialista assimilou ainda uma influência da fenomenologia cuja figura
principal, Husserl, propõe a descrição dos fenômenos tais como eles parecem ser, sem
nenhum pressuposto de como eles sejam na verdade. Para o existencialismo, a
fenomenologia de Husserl significou um interesse novo na fenômeno da consciência.
Apesar do precursor do existencialismo, Soren Kierkegaard, ser profundamente cristão,
os principais filósofos que desenvolveram e divulgaram o existencialismo, Martin
Heidegger e Jean-Paul Sartre, eram ateus.
2. Existencialismo Fenomenológico
No entanto, Husserl não pretende que a "cientificidade" da filosofia deva ser a mesma
que a das ciências positivas. Ao contrário. A filosofia não pode deixar que, p. ex., a física
lhe prescreva seus métodos, ou orientar-se, para garantir sua própria "cientificidade",
pela física. A filosofia não é uma ciência positiva.
FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL
ou
EXISTENCIALISMO FENOMENOLÓGICO.
Não durou, contudo, muito tempo tal situação. No Sein und Zeit (Ser e Tempo) de
Heidegger juntaram-se o existencialismo de Kierkegaard e a fenomenologia de Husserl
para servir de base à filosofia que se chama hoje geralmente "fenomenologia
existencial"
Em HEIDEGGER encontramos uma filosofia do homem, que não mergulha nas ilusões
do idealismo ou do positivismo.
3. Os Existencialistas
Fonte: http://www.oocities.org/athens/olympus/7979/visao.htm
4. As linhas do existencialismo
2. A segunda, de Sartre, Camus e Beauvoir, era uma linha política, até Sartre e
Camus provarem que brigas mesquinhas e orgulho não podem ser sustentadas
pela filosofia.
Enquanto outras pessoas entraram e entraram nesses grupos, esses seis indivíduos
definiram o existencialismo.
Metafísicos
Pode ser um pouco injusto chamar os existencialistas franceses de políticos, mas eles
eram politicamente ativos e, freqüentemente, motivados. A França foi o centro do
existencialismo político. Os filósofos alemães, até a II Guerra, estavam isolados das
brigas políticas diárias. Até mesmo durante das duas guerras mundiais, eles apenas
podiam imaginar os horrores dos campos de concentração. A Resistência Francesa, por
outro lado, erao refúgio de alguns dos maiores pensadores franceses.
Sartre e Camus, eventualmente reconhecidos como os dois existencialistas mais
influentes; ambos eram ativos na Resistência Francesa. Camus tinha sido um
politicamente ativo na Algéria, sua terra natal, tendo nascido na pobreza, o que resultou
na sua participação em grupos socialistas na faculdade. Sartre foi mais político depois
da II Guerra. Sua família, de uma alta posição social, o manteve longe dos assuntos
políticos. A guerra transformou esses dois homens em ativistas. Sartre tornou-se um
líder defensor da União Soviética, enquanto que Camus promoveu o que ele chamava
de "socialismo humanista" ou socialismo com compaixão.
Ambos eram partidários do marxismo e usaram sua fama de escritores de ficção para
promover suas idéias. Os metafísicos não teriam considerado tal auto-promoção.
Foi na Alemanha que Hannah Arendt fez os seus estudos universitários, Estudando
Filósofa política alemã e teologia. Foi uma precursora da moderna ciência política, mas
enfatizando sempre suas preocupações em torno dos valores humanos, notadamente a
liberdade e os direitos civis.
Foi uma teórica política alemã, muitas vezes descrita como filósofa, apesar de ter
recusado essa designação .
Conhecida como a pensadora da liberdade, Hannah Arendt vivenciou grandes
transformações políticas do século XX, o que fez com que estudasse a formação dos
regimes autoritários (totalitários) instalados nesse período: o nazismo alemão e o
comunismo soviético.
Nesta perspectiva, sua obra é fundamental para entender e refletir sobre os tempos
atuais, dilacerados por guerras localizadas e por nacionalismos.
Para ela, compreender significava enfrentar sem preconceitos a realidade e resistir a
ela, sem procurar explicações em antecedentes históricos.
A tese foi publicada em 1929. Ano em que o mundo mergulhava na recessão causada
pela quebra da Bolsa de Nova York, Arendt ganhou uma bolsa de estudos e muda-se
para Berlim.
Em 1933 (ano da tomada do poder de Hitler) Arendt foi proibida de escrever uma
segunda dissertação que lhe daria o acesso ao ensino nas universidades alemãs por
causa da sua condição de judia.
Exilada, ficou sem direitos políticos até 1951, quando conseguiu a cidadania norte-
americana.
Então começou realmente sua carreira acadêmica, que duraria até sua morte. Em 1968,
tornou-seprofessora de filosofia em uma Universidade em Nova York.
A autora de origem judia, perseguida pelo regime de Adolf Hitler, construiu uma obra
fundamental para a compreensão da política e da condição humana.
Consolida o seu prestígio como uma das figuras maiores do pensamento político
ocidental.
É importante saber desse aspecto porque Hannah dedicou toda sua vida a
compreender o destino do povo judeu perseguido por Hitler.
Isto é, com uma explicação compreensiva da sociedade mas também da vida individual,
e mostra como a via totalitária depende da banalização do terror, da manipulação das
massas, do acriticismo face à mensagem do poder.
Sob esse ponto de vista, líderes como Hitler ou Stalin podem ser encarados como faces
de uma só moeda, que subiram ao poder graças a uma bem-sucedida exploração da
"solidão organizada" das massas populares.
Já no polêmico Livro
EICHMANN EM JERUSALÉM
O livro surgiu de uma série de cinco grandes reportagens escritas por encomenda da
revista a The New Yorker, prestigiado veículo de imprensa para a qual Arendt cobriu, em
1961, o julgamento de Eichmann, que no ano anterior fora localizado e capturado por
agentes da Mossad, serviço secreto de Israel, em uma operação realizada na Argentina.
Em seus depoimentos, Eichmann disse que cumpria ordens e considerava desonesto
não executar o trabalho que lhe foi dado, no caso, exterminar os judeus.
Hannah concluiu que ele dizia a verdade: não se tratava de um malvado ou de um
paranóico, mas de um homem comum, incapaz de pensar por si próprio, como a maior
parte das pessoas. Essa afirmação é um eco da frase do filósofo e matemático francês
Neste livro enfatiza a importância da política como acção e como processo, dirigida à
conquista da liberdade. Em seu prólogo, discorre brevemente sobre eventos históricos
que marcaram e transformaram a vida do homem no século XX: o lançamento de um
satélite (p. 9), em 1957 ao universo e também sobre o irrestrito desenvolvimento
científico (Bebê de proveta, p. 10) e tecnológico (advento da automação, p. 12) com suas
possibilidades, limites e perigos engendrados à existência humana.
Hannah Arendt nos parágrafos finais afirma que seu objetivo é propor uma
reconsideração da condição humana “à luz de nossas mais novas experiências e nossos
temores maisrecentes, presentes em nosso tempo”.
O que proponho, portanto”, diz a filósofa, “é muito simples: trata-se apenas de refletir
sobre o que estamos fazendo.
“O que estamos fazendo”, segundo a autora (p. 9-14), é o tema central do livro que
aborda as manifestações mais elementares da condição humana e que estão ao alcance
de todo ser humano: são elas as atividades do labor, do trabalho e da ação.
Hannah Arendt assegura que o homem habita o mundo condicionado por estas três
atividades e que elas são a própria tessitura (ou organização) da Vita Activa. Para a
pensadora, essas atividades se distribuiriam em dois espaços: o público e o privado.
Com efeito, nos afirma Arendt: “Com a expressão vita activa, pretendo designar três
atividades humanas fundamentadas; o labor, o trabalho e a ação. Trata-se de atividades
fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condições básicas
mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra” (ARENDT, 2007, p. 15).
Ao tomar como referência em sua reflexão a Grécia antiga, Arendt enfatiza que na
esfera privada estariam compreendidas as atividades do trabalho e do labor. Assim, no
âmbito privado os homens eram forçados a buscar formas de garantir coletivamente
sua subsistência tanto na confecção de alimentos quanto na procriação da espécie
humana através do labor, que outra finalidade não tem senão a manutenção e
reprodução da vida biológica no homem.
Na ESFERA PÚBLICA o homem podia realizar e falar o que ninguém ainda realizara ou
falara, isto é, trazer à tona o novo em açãoe discurso, de sorte que ao fazê-lo, cada um
podia tornar-se imortal, e, assim, estar um pouco mais próximo dos deuses, senão em
sua eternidade, certamente em sua imortalidade.
Contudo, a partir do que já foi comentado, pode-se indagar: o que exatamente seria a
ação e o que seria o espaço público, no pensamento arendtiano?
Por AÇÃO, a filósofa entende a atividade exercida entre os homens, a própria expressão
do ser destes, que sem o discurso que a acompanha, ficaria totalmente desprovida de
sentido.
O espaço público, neste contexto, poderia ser entendido enquanto a própria realidade
circundante na qual tudo o que vem ao público pode ser visto e ouvido por todos, isto é,
seria a totalidade dos fenômenos apreendidos por todos e que é reconhecida enquanto
realidade.
Tem-se assim, demarcada a linha que divide o espaço privado do público. Enquanto o
primeiro é o lócus da violência – destruição do alimento no labor; destruição da matéria
na confecção do que é útil ou belo; a própria condição de escravidão –, o outro (o
espaço público) é o lócus da ação, da liberdade, da imortalidade e da pluralidade
daqueles que habitam em pé de igualdade um mundo comum.
Em suma, pode-se concluir, a partir das reflexões tecidas por Arendt, que a VIDA
PÚBLICA, isto é, o próprio mundo, é um constructo coletivo, elaborado por meio do
senso comum, que também se presta para julgar, discernir e manter a ética, a moral e a
lei no espaço público e, assim, assegurar sua sobrevivência às presentes e futuras
gerações.
Para Arendt, as três atividades acima descritas possuem ainda estreita relação com as
condições mais gerais da existência humana: com as condições de nascimento e morte
ou natalidade e mortalidade:
Arendt regressaria depois à Alemanha e manteria contato com o seu antigo mentor
Martin Heidegger, que se encontrava afastado do ensino, depois da libertação da
Alemanha, dadas as suas simpatias nazis. Envolver-se-ia, pessoalmente, na reabilitação
do filósofo alemão, o que lhe valeria novas críticas das associações judaicas americanas.
Do relacionamento secreto entre ambos ao longo dedécadas (inclusive no exílio nos
Estados Unidos) seria publicado um livro marcante, "Lettres et autres documents"
(Cartas e outros documentos), 1925-1975, Hannah Arendt, Martin Heidegger, com
edição alemã e tradução francesa.
Ainda sobre a política como dimensão fundante da condição humana, de acordo com
Hannah Arendt no livro “Entre o passado e o futuro (p. 34-35):
[...] outra geração volta-se para a política como solução de perplexidades filosóficas e
tentara escapar do pensamento para a ação. Foi essa geração que, mais tarde, se
tornou porta voz e criadora do que ela mesma chamou de EXISTENCIALISMO [...].
[...] pois o EXISTENCIALISMO, ao menos na sua versão francesa, é basicamente uma fuga
dos impasses da Filosofia moderna para o compromisso incondicional com a ação.