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SEBENTA DE MATEMÁTICA
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2018
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1 NOÇÕES DE CÁLCULO ALGÉBRICO E DE CÁLCULO MATRICIAL 3
1.1 Números naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Linguagem corrente do dia a dia e linguagem matemática . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Cálculo algébrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3.1 Operações algébricas e suas propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3.2 Simplificação das expressões algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3.3 O número racional e os factores de conversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3.4 Proporcionalidade direta e indireta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4.1 Equações lineares com e sem módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4.2 Sistemas de equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4.3 Algebra matricial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.5 EXERCÍCIOS DE NOÇÕES DE CÁLCULO ALGÉBRICO E DE CÁLCULO MATRI-
CIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1
3.4.1 Produto de um escalar por um vector . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.4.2 Soma de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4.3 Diferença de vectores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.4.4 Produto escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.4.5 Produto vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.5 EXERCÍCIOS DE CÁLCULO VETORIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5 Bibliografia matemática 65
2
1. NOÇÕES DE CÁLCULO ALGÉBRICO E
DE CÁLCULO MATRICIAL
1.1 Números naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais
Platão (séc. V - IV antes de Cristo): ”Os números governam o mundo”
Os matemáticos construı́ram os números negativos, racionais, reais e complexos por sucessivas
generalizações partindo dos inteiros naturais, mas deixaram a Deus a construção dos números
da natureza, os inteiros naturais. Os números naturais (N) surgiram da necessidade de contar:
Os números racionais (Q), com a forma: a/b, a e b inteiros, e b não nulo, surgiram da necessidade
de medir e possibilitaram a divisão generalizada de números inteiros:
5.000 0 1
··· , − (menos cinco mil), · · · , (zero), · · · , (um nono), 2, · · · .
1 1 9
Com os números racionais podemos medir quantidades que não contêm um número inteiro da
unidade padrão usada para a respetiva medição. Por exemplo podemos medir um comprimento
nove vezes mais curto que a unidade padrão usada para o medir, comprimento medido = 19 . Com
os números racionais podemos calcular o resultado da divisão de um número inteiro por outro
que não é seu divisor. Esse resultado não será um número inteiro. Por exemplo, se dividirmos 3
bolinhos por 6 meninos, cada menino ficará com o resultado da divisão de três por seis:
√ a
2 , não existe nenhuma fração que seja igual à hipotenusa de um triângulo de lados um.
b
No conjunto dos números reais: R = Q ∪ I, que contém o conjunto dos números racionais e
irracionais, podem definir-se as operações internas: soma, subtracção, multiplicação e divisão
excepto quando a divisão é por zero. A soma, subtracção, multiplicação e divisão (exceptuando
por zero) de dois reais é sempre um número real. O mesmo não contece
√ com a radiaciação, por
exemplo. A raı́z quadrada do real menos um não é um número real: −1 = ±i < R
3
Os primeiros matemáticos desenvolveram conhecimento nas propriedades dos números e nas
figuras geométricas. Um primeiro passo para a abstração aconteceu quando os matemáticos to-
maram a liberdade de substituir os números por letras (ou sı́mbolos) e começaram a operar com
estes. A algebra começara a nascer. A partir daı́ a resolução de problemas particulares deu lugar
a famı́lias de problemas. Faz-se a abstração dos números e raciocina-se com os sı́mbolos obede-
cendo às relações conhecidas entre os números. O raciocı́nio matemático passa a centrar-se nos
sı́mbolos, nas operações e nas relações.
x − y = x + (−y).
Por exemplo se quisermos referir-nos a um pastor que tinha 2 ovelhas, perdeu 3 ovelhas no jogo, e
finalmente ficou a dever uma ovelha, poderemos sumariar esta história com a seguinte subtração:
Dividir, no conjunto dos números reais, equivale a multiplicar com o elemento simétrico:
x 1
=x× .
y y
Por exemplo se quisermos calcular metade de um bolo tanto podemos dividir o bolo por dois
como multiplicar o bolo por 0, 5 que é o inverso de 2:
1 bolo 1
metade do bolo = = × bolo = 0, 5 × bolo.
2 2
4
Como a operação de subtração é a adição pelo oposto e a operação de divisão é a multiplicação
pelo simétrico, quando se fala na operação de adição está-se a incluir a subtração e quando se fala
na operação de multiplicação está-se a incluir a divisão.
As operações algébricas internas de adição (ou subtração), multiplicação (ou divisão) de reais
têm as seguintes propriedades:
Exercı́cio 1.3.1 Para dois (três) quaisquer números reais, ∀x, y, z ∈ R, exprima as propriedades co-
mutativa, associativa, existência de elemento neutro e de elemento simétrico (inverso) da adição e
multiplicação correspondentes aos exemplos acima tabelados. Exprima também, de forma geral a pro-
priedade distributiva da × relativamente à +(−) em termos gerais.
5
Exercı́cio 1.3.2 Para dois (três) quaisquer números reais, ∀x, y, z ∈ R, e dois quaisquer números racio-
nais: ∀q, r ∈ Q, exprima as propriedades da potenciação por um expoente racional correspondentes aos
exemplos acima tabelados.
Exercı́cio 1.3.3 Para dois (três) quaisquer números reais, ∀x, y, z ∈ R, e um número natural: ∃n ∈ N,
exprima as propriedades das relações de ordem correspondentes aos exemplos acima tabelados.
6
1.3.3 O número racional e os factores de conversão
O problema da medida e o número racional
O problema de medir é bem antigo. Segundo Oliveira e Silva (1981), citando o historiador
Heródoto, já há cerca de 4000 anos atrás, o Rei egı́pcio Sesóstris repartia entre o seu povo, ter-
renos rectangulares cultiváveis e tinha medidores que se deslocavam aos terrenos para medir as
respetivas áreas para, subsequentemente, calcular o devido tributo a pagar.
Quando se mede, comparam-se duas grandezas da mesma espécie, ou seja, com a mesma di-
mensão. Compara-se, por exemplo, comprimento com comprimento, área com área, volume com
volume, massa com massa, euros com libras, etc. A grandeza que serve de termo de comparação
no processo de medida é designada de unidade e é escolhida livremente pelo indivı́duo que vai
efectuar a medição. Podemos, por exemplo, medir um qualquer comprimento usando uma uni-
dade com a dimensão de comprimento como é o caso das seguintes unidades: o palmo, o polegar,
o pé, o metro, o centı́metro, o angstron, o ano-luz, o nanómetro e por aı́ adiante. Temos assim,
para cada grandeza, um número infinito de possı́veis unidades.
Embora a escolha da unidade seja arbitrária, devemos escolher a unidade apropriadamente, evi-
tando usar unidades grandes para medir grandezas pequenas e vice-versa. Na prática, não se
escolhe o cêntimo para quantificar a fortuna de um milionário, assim como não se escolhe o
milı́metro quadrado para indicar a área de um terreno agrı́cola. De facto, não seria normal medir
a grossura de um cabelo usando como unidade o quilómetro ou medir a potência de um carro
em watt. A capacidade de um condensador eléctrico mede-se, em geral, em microfarad, a mi-
lionésima parte do farad e a distância no espaço interestelar mede-se em anos-luz.
No processo de medida, a grandeza a medir, G, é comparada com a unidade, u, e do resultado
dessa comparação obtém-se m, a medida na unidade adoptada. A medida é um número adimen-
sional, sem unidade associada, e indica quantas vezes u está contida em G:
E se para a mesma grandeza for escolhida outra unidade, u´ em vez de u? A medida obtida terá de
ser necessariamente diferente porque a unidade é diferente ou, pelo contrário, será igual porque
estamos a medir a mesma grandeza? Qual a relação entre a medida, m, obtida na unidade u e a
medida, m´, obtida na unidade u´?
Resposta:
m u0
(
G = m×u 0 0
⇔ m × u = m × u ⇔ =
G = m0 × u 0 m0 u
Se se mudar a unidade de medida, isso vai afetar a medida que se vai obter. Quanto mais pequena
for a unidade, u, escolhida na medição, maior será a medida, m, que se obtém na medição, de tal
modo que o produto ´m × u terá de se manter constante e igual a G. A razão entre as medidas em
unidades diferentes é inversamente proporcional à razão entre as respectivas unidades adoptadas,
isto é, se por exemplo a unidade adoptada duplicar, a correspondente medida diminuirá para
metade (a diminuição na medida é na mesma proporção que o aumento na unidade e vice-versa).
Podemos comparar grandezas da mesma dimensão (da mesma espécie) mesmos que venham ex-
pressas em diferentes unidades. Assim, é correto afirmar acerca das seguintes grandezas com a
dimensão de comprimento: ou ainda para duas grandezas de volume: Para se poderem comparar
duas grandezas da mesma dimensão não se pode simplesmente comparar os valores das respeti-
vas medidas, ignorando a relação entre as unidades usadas em cada uma dessas medidas. Assim,
estaria incorrecto afirmar que 20 cm ¡ 2 m, apesar de 20 ser inferior a 2. O fato é que o centı́metro
é a centésima parte do metro e 20 cm significa vinte centésimas partes do metro:
7
1m 20
20 cm = 20 × 1 cm = 20 × = × 1 m = 0,2 m.
100 100
Para se compararem grandezas, expressas na mesma unidade, basta comparar as respertivas me-
didas nessa unidade. A medida, m, indica quantas vezes a unidade escolhida está contida na
grandeza a medir, ou seja, quantas vez G contém u. Logo, m apenas faz sentido se se indicar u:
G
G = m×u ⇔ m = .
u
É necessário fazer-se uma ressalva para o caso de algumas unidades diferentes mas com o mesmo
nome, uma prática altamente desaconselhável. É o caso, por exemplo, do cúbito egı́pcio (0,5 m),
introduzido 2000 anos antes de Cristo, como a distância do cotovelo até à ponta do dedo médio
do Faraó, e o cúbito pérsico (0,43 m). Outros exemplos são o caso do galão americano e do galão
inglês, do alqueire no Rio Janeiro e do alqueire em São Paulo, entre outros. Medidas diferentes
com o mesmo nome trazem problemas e muita confusão.
Outros problemas podem surgir quando o resultado da medida é expresso indicando apenas a
medida na unidade (m) sem explicitação da unidade (u) adoptada. A perca da sonda climática,
Mars Surveyor ’98 Orbiter, lançada pela Nasa em 11/dezembro/1998, ficou a dever-se a um erro
no cálculo do impulso a transmitir pelos propulsores da sonda para a colocar na orbita correta.
Supostamente, a medida (m) deveria ter sido expressa na unidade u=newton segundo mas na
realidade o programa fornecido pelo fabricante dos propulsores calculava-a em u 0 = libra-força ×
segundo ( howpublished=https://en.wikipedia.org/wiki/Mars_Climate_Orbiter).
Factores de conversão
Para se converter uma determinada medida, escrita numa determinada unidade, para outra di-
ferente unidade é útil a noção de fator de conversão. O fator de conversão é a unidade (ou o
elemento neutro da multiplicação) escrito nas unidades convenientes. A partir da relação entre
duas diferentes unidades facilmente se constrói o fator de conversão. Para o caso do fator de
conversão entre o farad e microfarad tem-se:
× 1061µF
1F 106 µF 1F
1 F = 106 µF ⇔ 6
= 6
⇔ 6 =1
10 µ F 10 µF 10 µF
Determine o fator de conversão entre libra inglesa e euro e calcule o custo de um café (0,65 euros)
em libras usando o fator de conversão. Atenda a que 1 libra = 1,22 euros.
Resolução:
8
A dificuldade que surgiu na medição e que fez surgir o aparecimento dos números fraccionários
foi o facto de só em rarı́ssimas ocasiões, a unidade escolhida estava contida um número inteiro de
vezes na grandeza a medir. Na figura, a grandeza G contém cinco unidades e mais dois décimos
da unidade e mais cerca de metade de um décimo da unidade.
• a razão entre as duas grandezas é constante, ou seja, dadas as medidas a, a0 , a00 , a000 , da
primeira grandeza e b, b0 , b00 , b000 , da segunda grandeza, temos:
a a0 a00 a000
= = = = ···
b b0 b00 b000
A razão constante
a
k=
b
é chamada de constante de proporcionalidade.
Um exemplo de proporcionalidade direta é o da relação entre o preço a pagar pela carne de vaca
e a massa de carne a adquirir. O custo é diretamente proporcional à massa adquirida e a constante
de proporcionalidade é o custo, em euros, por quilograma de carne de vaca: 7 1euros
kg .
constante de proporcionalidade
z }| {
custo da carne vaca = preço da carne por quilograma × massa de carne vaca
Se tivermos:
7 euros
• 2 kg de carne de vaca, o custo será de: custo de 2 kg = 1 kg × 2 kg = 14 euros, se
9
Caso particular massa de carne adquirida custo da carne adquirida
7 euros 7 euros
1 m1 = 2 kg custo1 = 1 kg × m1 = 1 kg × 2 kg = 14 euros
7 euros 7 euros
2 m2 = 3 kg custo2 = 1 kg × m2 = 1 kg × 3 kg = 21 euros
7 euros 7 euros
3 m3 = 0,5 kg custo3 = 1 kg × m3 = 1 kg × 0,5 kg = 3,5 euros
7 euros
• 3 kg, o custo é de: custo de 3 kg = 1 kg × 3 kg = 21 euros , e
7 euros
• 0,5 kg o custo é custo de 0,5 kg = 1 kg × 0,5 kg = 3,5 euros.
Em notação matemática dizer que o custo da carne de vaca, custo, é diretamente proporcional à
massa de carne de vaca adquirida, massa é equivalente à seguinte expressão:
custo ∝ massa.
Se for adquirida mais (menos) carne de vaca o custo da carne será maior (menor) na mesma
proporção. Isto é, por exemplo, o dobro da carne implicará o dobro do custo e um terço da carne
implicará um terço do custo.
Consideremos agora um outro exemplo de proporcionalidade. A distância percorrida por um
carro em cruise-control, distância, é directamente proporcional à rapidez com que o carro viaja,
distância ∝ rapidez,
e também ao intervalo de tempo,
distância ∝ tempo,
isto é:
=1
z }| {
distância ∝ rapidez, tempo ⇒ distância = cte de prop. × rapidez × tempo,
e a constante de proporcionalidade é um . O facto de:
• distância ∝ rapidez implica que considerando um intervalo de tempo fixo (constante), se
um carro A se desloca ao dobro (triplo, metade, etc) da rapidez de um carro B, o carro A
deslocar-se-á duas (três, metade das, etc) vezes mais que o carro B.
• distância ∝ tempo, implica que considerando a rapidez fixa (constante), se um carro A tem o
dobro (triplo, metade, etc) do tempo de um carro B para se deslocar, o carro A deslocar-se-á
duas (três, metade das, etc) vezes mais que o carro B.
10
Nos casos de proporcionalidade nem sempre o aumento (diminuição) de uma quantidade implica
o correspondente aumento (diminuição) da quantidade proporcional. Nos casos de proporciona-
lidade inversa, o aumento de uma grandeza implica a diminuição da outra, mas na mesma
proporção. Nesses casos diz-se que as grandezas são inversamente proporcionais. Duas grande-
zas dizem-se inversamente proporcionais se:
• ao aumentarmos (diminuirmos) uma, a outra diminui (aumenta) na mesma proporção;
• o produto entre as duas grandezas é constante, ou seja, dadas as medidas a, a0 , a00 , a000 , da
primeira grandeza e b, b0 , b00 , b000 , da segunda grandeza, temos: a × b = a0 × b0 = a00 × b00 = · · · .
O tempo gasto a percorrer uma determinada distância é inversamente proporcional à rapidez da
pessoa que a percorre:
1
tempo ∝ ,
rapidez
assim, quanto mais (menos) rápido for o corredor, menos (mais) tempo gasta a percorrer uma
determinada distância fixa.
Na generalidade das funções com utilidade prática não são verificadas nem relações de propor-
cionalidade direta nem de proporcionalidade inversa. Tome-se o caso do ordenado diário de um
funcionário de um restaurante:
• o ordenado diário, ord, depende do ordenado fixo diário, of mas como? Se se duplicar o
ordenado fixo diário será que o ordenado diário também duplica? Para responder a este
caso consideremos dois casos gerais. No primeiro caso geral o ordenado fixo é of e a gorjeta
é gt. Neste primeiro caso o ordenado diário é: ord (1) = of + gt. No segundo caso geral o
ordenado fixo é 2 × of e a gorjeta é igual à do primeiro caso geral, gt. Neste segundo caso
o ordenado diário é: ord (2) = 2 × of + gt. Neste segundo caso o ordenado só duplicaria se a
gorjeta também tivesse duplicado mas isso não aconteceu, isto é, ord (2) , 2 × ord (1) . Assim
podemos concluir que o ordenado diário não é diretamente proporcional ao ordenado fixo
embora saibamos que se aumentarmos o ordenado fixo o ordenado diário também aumenta
mas não na mesma proporção.
• o ordenado diário, ord, depende da gorjeta, gt mas como? Se se diminuir a gorjeta três
vezes será que o ordenado diário também diminui três vezes? Para responder a este caso
consideremos dois casos gerais. No primeiro caso geral o ordenado fixo é of e a gorjeta é gt.
Neste primeiro caso o ordenado diário é: ord (1) = of + gt. No segundo caso geral o ordenado
gt
fixo mantém-se constante of e a gorjeta fica três vezes mais pequena, 3 . Neste segundo
gt
caso o ordenado diário é: ord (2) = of + 3 . Neste segundo caso o ordenado só ficaria três
vezes mais baixo se a gorjeta também tivesse reduzido três vezes. Mas isso não aconteceu,
(1)
isto é, ord (2) , ord3 . Assim podemos concluir que o ordenado diário não é diretamente
proporcional à gorjeta embora saibamos que se diminuirmos a gorjeta o ordenado diário
também diminui mas não na mesma proporção.
11
Caso geral ordenado fixo gorjeta ordenado diário
1 of gt ord (1) = of + gt
Conlusão:
Tabela 1.2: Tabela de estudo da dependência de ord com of (gt mantém-se fixa)
1.4 Matrizes
Uma matriz é um arranjo ordenado de números, sı́mbolos ou expressões, dispostos em linhas e
colunas. Os termos individuais da matriz são designados de elementos da matriz. Costuma-se
representar as matrizes por letras maiusculas e seus elementos pelas letras minusculas corres-
pondentes. Exemplos de matrizes são:
a a
matriz quadrada A, de ordem 2, e elemento geral a = A = [aij ]2×2 = 11 12
a21 a22
1 0 0
matriz quadrada diagonal (elementos não principais principal nulos) = C 0 2 0
3×3
0 3 4
0 0 0
matriz nula de 2 linhas por 3 colunas = 02×3 =
0 0 0 .
1 0
matriz identidade quadrada de 2 linhas por 2 colunas = I2×2 =
0 1
matriz linha de variáveis = A2×1 = −x 2y ;
−x
matriz coluna de variáveis = B1×3 = 2y
z
• um sinal de igual;
12
Equação em linguagem matemática Equação em linguagem corrente
No total, as expressões algébricas do lado esquerdo e do lado direito de uma equação contêm pelo
menos uma incógnita (quantidade desconhecida).
Considere-se a equação 2x + 4 = 8, em que x ∈ R. Em notação do dia a dia lê-se: Qual o
número real, x, que multiplicado por dois e somado a quatro dá 8? A tabela abaixo exemplifica
três equações lineares de uma só incógnita, de duas incógnitas e uma equação linear incluindo
módulos.
Para se determinar a (ou as) incógnita(s), numa equação, podemos utilizar o método da tentativa
e erro. Por exemplo, para o caso da equação com módulos: |x − 4| = 10, x ∈ R, comecemos por
tentar verificar se x=a é ou não solução da equação:
Se partirmos da hipótese de x = 0 chegamos a uma afirmação falsa. Então podemos concluir que
o número zero não é solução desta equação. Podemos seguidamente ir tentando:
• Se x=5...
• Se x=6...
• Se x=7...
• Se x=9...
• Se x=10...
• Se x=11...
• Se x=12...
13
• Se x=13...
Pelo método da tentativa e erro e após 15 tentativas conseguimos descobrir uma solução, x = 14,
isto é, o número real 14 está à distância 10 do número 4. Haverá outro número na reta real que
também esteja à distância 10 do número 4. Por tentativa e erro conseguiremos verificar que o
número x = −6 também se encontra à distância 10 do número 4:
• marcar os números reais à distância 6 do número +4. Estes pontos são a solução da equação:
|x − (+4)| = 6
O processo analı́tico é um outro método de resolver esta equação. Sabemos que os pontos desco-
nhecidos, x, estão à distância seis do real +4:
|x − (+4)| = 6
Logo, a diferença entre x e +4 ou é seis ou é menos seis pois essa é a única maneira de o módulo
dar +6:
14
Figura 1.5: Solução gráfica de |x − (+4)| = 6 ⇔ x = −2 ∨ x = +10
Relembre que para resolver uma qualquer equação tudo o que fizer ao membro esquerdo da
equação terá de fazer igual ao membro direito para que a igualdade se mantenha. No caso das
equações anteriores foi necessário somar o real a ambos os membros para que a incógnita x ficasse
isolada no membro esquerdo e assim se obtivesse uma igualdade com a forma:
x = ...
Um sistema de equações lineares pode ser possı́vel se admitir pelo menos uma solução e im-
possı́vel se não admitir nenhuma solução. Se o sistema de equações lineares admitir mais do que
15
uma solução, o sistema é possı́vel e indeterminado, e se apenas admitir uma e uma só solução o
sistema é possı́vel e determinado.
Em notação matricial o sistema acima exemplificado toma a forma:
16
1. comutativa: Am×n + Bm×n = Bm×n + Am×n
2. associativa: Am×n + Bm×n + Cm×n = Am×n + (Bm×n + Cm×n ) = (Am×n + Bm×n ) + Cm×n
O produto de uma matriz por outra apenas se pode efetuar se o número de colunas da primeira
matriz for igual ao número de linhas da segunda matriz. A matriz produto tem tantas linhas como
a primeira matriz e tantas colunas como a segunda matriz. Consideremos o exemplo do produto
de uma matriz linha 1 × 4 por uma matriz coluna 4 × 1. Como a primeira matriz tem quatro
colunas e a segunda matriz tem quatro linhas, esse produto pode ser efetuado. O resultado será
uma matriz com o mesmo número de linhas da primeira matriz (neste caso 1 linha) e o mesmo
número colunas da segunda matriz (neste caso 1 coluna), isto é, uma matriz de uma linha e uma
coluna:
x
y 1 w
A1×4 × B4×1 = 2 −1 3 21 × = 2 × x + (−1) × y + 3 × z + × w = 2x − y + 3z + .
z 2 2
w
Quando se multiplica uma linha por uma coluna, o primeiro elemento da linha multiplica com
o primeiro elemento da coluna, ao resultado desta multiplicação adiciona-se o produto do se-
gundo elemento da linha com o segundo elemento da coluna, ao resultado desta multiplicação
adiciona-se o produto do terceiro elemento da linha com o terceiro elemento da coluna e assim
sucessivamente até terem sido adicionados os produtos de cada elemento da linha com os corres-
pondentes elementos da coluna. Repare que o resultado da multiplicação da matriz linha pela
matriz coluna é um escalar, ou seja, uma matriz de ordem 1 × 1. De forma geral, quando o pro-
duto de uma matriz, A, por outra, B, pode ser efetuado, o elemento da primeira linha, primeira
coluna da matriz produto, c11 , obtêm-se multiplicando a primeira linha da primeira matriz, a1 l ,
pela primeira coluna da segunda matriz, b1 c , repetindo o processo explicado anteriormente para
a multiplicação da matriz linha pela matriz coluna:
a1 l
c11 = a1 l × b1 c c12 = a1 l × b2 c · · · c1n = a1 l × bn c
a
A × B = C ⇔ 2 l × b1 c b2 c · · · bn c =
··· ··· ··· ··· .
· · ·
c = a × b c = a × b · · · c = a × b
m1 ml 1c m2 ml 2c mn ml nc
am l
17
6. matriz identidade: Am×n × In×n = Am×n e Im×m × Am×n = Am×n
kf actores
z }| {
7. potenciação de expoente inteiro de matriz quadrada: Ak = A × A × · · · × A
18
1.5 EXERCÍCIOS DE NOÇÕES DE CÁLCULO ALGÉBRICO E
DE CÁLCULO MATRICIAL
1. (Resolvido) Quando se divide x bolos por y pessoas o resultado dá a fração de bolos que
cabe a cada pessoa.
(a) explicite, em notação matemática, qual o resultado da divisão referida no enunciado.
Resposta: yxpessoas
bolos bolos
= yx pessoa , lê-se x sobre y bolos por pessoa.
(b) o que acontece ao resultado da divisão quando x aumenta? Resposta: Se x aumenta,
aumenta o número de bolos que se quer repartir, logo, vai aumentar o número de bolos
por pessoa, isto é, yx vai aumentar.
(c) o que acontece ao resultado da divisão quando x diminui? Resposta: Se x diminui,
diminui o número de bolos que se quer repartir, logo, vai diminuir o número de bolos
por pessoa, isto é, yx vai diminuir.
(d) o que acontece ao resultado da divisão quando y aumenta? Resposta: Se y aumenta,
aumenta o número de pessoas por quem se vão repartir os bolos, logo, vai diminuir o
número de bolos por pessoa, isto é, yx vai diminuir.
(e) o que acontece ao resultado da divisão quando y diminui? Resposta: Se y diminui,
diminui o número de pessoas por quem se vão repartir os bolos, logo, vai aumentar o
número de bolos por pessoa, isto é, yx vai aumentar.
19
5. (Resolvido): Considere a seguinte função: g(h) = 20+3
h . Note que quando se divide por
zero não é bem por zero, é por um número muito, muito próximo zero, por exemplo: 0 =
1, 0 × 10−10 = 0, 0000000001. Quando falamos em infinito estamos a pensar num número
muito, muito grande, maior do que qualquer número a que esteja habituado a lidar, por
exemplo +∞ = +1, 0 × 10+10 = 10000000000.
1
8. Considere as seguintes frações: 12 , 2
2 e 1
3 de uma tarte com a área de um retângulo de lados
1 cm e 10 cm.
10. Traduza da notação matemática para a linguagem corrente ou vice versa os elementos das
colunas da tabela abaixo:
alı́nea Notação matemática Linguagem corrente Comece as frases com:
Qual é (são) ou
Função
Expressão algébrica
y
a) 2x + 3 , x e y são reais
b) A(b,h)
c) f (y) = y 2 , y é real
d) 3 × v + 4 = 10, v é real
e) |x − 4| = 10, x é real
20
√ √ √
(a) 8 − 3( 12 + 3)
√
(b) ( 2 + 1)2
(c) − √4 × 12
2
√
(d) 3 + 5 2
(a) − 25 + 32 − (−2 + 2 × 12 )4 : 6
5
6 metros
(b) 3 segundos ;
10 litros
(c) 2 segundos ;
5 bolinhos
(d) 3 meninos + 23 bolinhos
meninos ;
6 bolinhos
(e) 3 meninos − 1 bolinho
menino ;
5 bolinhos
(f) 3 meninos × 5;
(g)
13. Simplifique ou expanda ou encontre uma outra expressão algébrica equivalente, detalhando
as propriedades utilizadas:
21
(b) A aceleração da gravidade média à superfı́cie da Terra é cerca de 9, 8 sm2 . Calcule esta
aceleração em centı́metros por minuto ao quadrado. Relembre que 1 m = 100 cm e que
1 min = 60 s.
(c) A velocidade média de um carro na aut-estrada é cerca de 100 km
h . Calcule esta veloci-
dade em metros por segundo. Relembre que 1 km = 1000 m e que 1 h = 3600 s.
`
(d) O caudal médio de uma torneira é de cerca de 2 min . Calcule este caudal em metros
cúbicos por segundo. Relembre que 1 m3 = 1000 ` e que 1 min = 60 s.
(e) O preço de uma determinada marca de chocolate por quilograma de massa é de 24 euros
kg .
Calcule o preço do chocolate por cada 100 g. Relembre que 1 kg = 10 hg.
(f) Um determinado ângulo é medido em radianos sendo o seu valor de 2 rad. Calcule o
mesmo ângulo em graus. Relembre que 180° = Πrad.
15. Interprete as seguintes expressões algébricas em termos:
(a) das suas dependências;
(b) do tipo de proporcionalidade direta ou indireta nas respetivas variáveis independentes:
16. Cada um dos pontos A, B e C da figura 1.7 obedecem a duas equações, quais são?
17. Atendendo a que o declive de uma reta é uma medida da sua inclinação e calcula-se divi-
dindo a altura (f (t1 ) − f (t0 )) pela base (t1 − t0 ):
f (t1 ) − f (t0 )
declive de uma reta f(t) = ,
t1 − t0
determine o declive das retas das figuras.
22
Figura 1.8: Retas de declive positivo e com unidades
18. Relembre que a equação geral da reta se pode escrever na forma: y = m × x + b, em que m é
o declive da reta (ou tangente do ângulo que a reta faz com a direção paralela ao eixo X), b é
a ordenada na origem, x e y são as variáveis dependentes e independente, respetivamente.
(a) A e B
(b) A e C
23
(c) A e D
(d) B e C
(e) B e D
(f) C e D
21. Traduza os dados da figura num sistema de equações lineares e determine a expressão da
figura, função das incógnitas deste problema.
22. Traduza cada um dos seguintes problemas num sistemas de equações lineares e determine
geometricamente a solução.
(a) Quais são as coordenadas, x e y, de um ponto do plano XOY, que pertence às retas r1 e
r2, cada uma com as seguintes caracterı́sticas:
i. r1 é a reta de declive um que passa na origem do sistema retangular de coordenadas
XY;
ii. r2 é a reta horizontal à distância 2 do eixo X e acima deste eixo.
(b) Quais são as coordenadas x e y de um ponto que pertence às retas r1 e r2, cada uma
com as seguintes caracterı́sticas:
i. r1 é a reta de declive um que passa na origem do sistema retangular de coordenadas
XY;
ii. r2 é a reta de declive um e que cruza o eixo Y no ponto de ordenada y=-2.
24
(c) Quais são as coordenadas x e y de um ponto que pertence às retas r1 e r2, cada uma
com as seguintes caracterı́sticas:
i. r1 é a reta de declive um e que cruza o eixo Y no ponto de ordenada y=-3;
ii. r2 é a reta de declive um e que cruza o eixo X no ponto de abcissa x=3.
23. Escreva os seguintes sistemas de equações na forma matricial: A×X = B, em que A é a matriz
dos coeficientes, X é a matriz das variáveis e B é a matriz dos termos independentes.
(
y = x
(a)
y = 2
(
y = x
(b)
y = x−2
(
y = x−3
(c)
2x = 2y + 6
24. Determine a caracterı́stica (número de linhas não nulas ou o número de elementos princi-
pais e não nulos da matriz condensada) da matriz ampliada (matriz dos coeficientes com
uma coluna adicional igual à matriz dos termos independentes) de cada um dos sistemas da
pergunta anterior.
25. No processo de drenagem de um tanque usando duas mangueiras sabe-se que o caudal
` `
de vazamento é de 330 min . Sabe-se que uma mangueira vaza 50 min mais do que a outra.
Quanto drena cada mangueira em separado?
(a) Quantas incógnitas tem este problema e que nome deu a cada uma?
(b) Quantas equações pode retirar do enunciado deste problema e que equações escreveu?
(c) Obtenha a matriz dos coeficientes do sistema e indique a sua ordem (número de linhas
× número de colunas).
(d) Obtenha as matrizes das variáveis e dos termos independentes do sistema e indique as
suas ordens (número de linhas × número de colunas).
(e) Obtenha a matriz ampliada ou completa do sistema.
(f) Resolva o sistema de equações usando o método da substituição (use uma das equações
para escrever uma das incógnitas em função da outra, use essa expressão na outra
equação e obtenha o valor dessa outra incógnita, uma vez conhecendo a outra incógnita
será fácil determinar a primeira incógnita voltando novamente à primeira equação
usada).
(g) Resolva matricialmente o sistema de equações usando o método da condensação (ou
método de eliminação de Gauss) e compare com a resolução do sistema pelo método
da substituição.
(h) Obtenha a caracterı́stica (número de linhas não nulas ou o número de elementos prin-
cipais e não nulos da matriz condensada) da matriz ampliada do sistema (matriz dos
coeficientes com uma coluna adicional igual à matriz dos termos independentes).
(i) Classifique o sistema de equações em possı́vel determinado (uma só solução), indeter-
minado (mais do que uma solução) ou impossı́vel (sem solução).
(j) Obtenha a forma matricial do sistema de equações que escreveu acima.
25
26. Um teste de vinte perguntas é cotado até 100 pontos. O teste consiste em perguntas Ver-
dadeiro e Falso, com 3 pontos cada, e perguntas de múltipla escolha de 11 pontos cada.
Quantas perguntas de múltipla escolha estão no teste?
(a) Quantas incógnitas tem este problema e que nome deu a cada uma?
(b) Quantas equações pode retirar do enunciado deste problema e que equações escreveu?
(c) Obtenha a matriz dos coeficientes do sistema e indique a sua ordem (número de linhas
× número de colunas).
(d) Obtenha as matrizes das variáveis e dos termos independentes do sistema e indique as
suas ordens (número de linhas × número de colunas).
(e) Obtenha a matriz ampliada ou completa do sistema.
(f) Resolva o sistema de equações usando o método da substituição (use uma das equações
para escrever uma das incógnitas em função da outra, use essa expressão na outra
equação e obtenha o valor dessa outra incógnita, uma vez conhecendo a outra incógnita
será fácil determinar a primeira incógnita voltando novamente à primeira equação
usada).
(g) Resolva matricialmente o sistema de equações usando o método da condensação (ou
método de eliminação de Gauss) e compare com a resolução do sistema pelo método
da substituição.
(h) Obtenha a caracterı́stica (número de linhas não nulas ou o número de elementos prin-
cipais e não nulos da matriz condensada) da matriz ampliada do sistema (matriz dos
coeficientes com uma coluna adicional igual à matriz dos termos independentes).
(i) Classifique o sistema de equações em possı́vel determinado (uma só solução), indeter-
minado (mais do que uma solução) ou impossı́vel (sem solução).
(j) Obtenha a forma matricial do sistema de equações que escreveu acima.
26
2. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA
E DE NÚMEROS COMPLEXOS
2.1 Definição de ângulo plano, unidades e conversões entre di-
ferentes unidades
Ângulo plano (ou simplesmente ângulo) é a região do plano delimitada por duas semirretas com
uma origem em comum, denominada por vértice do ângulo.
O comprimento do arco circular, s, inscrito pelo ângulo θ em radianos, a uma distância unitária
do vertice do ângulo é igual à amplitude do ângulo θ, na unidade adoptada para R, isto é: se R =
1 U ⇒ s = θ( em rad)times1 U.
2πrad 90° π
s = θ( em rad) × 1 cm = 90° × cm = × 2πrad cm = cm,
360° 360° 2 Figura 2.1: Arco de cir-
cunferência de raio 1 cm
uma vez que rad × cm = cm. Este arco mede, aproximadamente 1,6
cm de comprimento (s ' 1.6 cm) e realmente se comparar visualmente s com R, na figura ??,
facilmente observará que s > R.
Esta relação 2.1 contitui a equação de definição de ângulo em radianos. Como consequência
desta relação entre arco circular e ângulo em radianos, tem-se que o ângulo, em radianos, é uma
quantidade adimensional, ou de dimensão igual a um. Repare que tanto o arco como o raio são
quantidades com a mesma dimensão:
[s] comprimento
[θ, em rad] = ⇔ dimensão de ângulo em radianos = = 1. (2.2)
[R] comprimento
Embora o ângulo, em radianos, seja uma quantidade adimensional, este tem uma unidade associ-
ada, o radiano como já referido. Outra unidade também frequentemente utilizada para a medida
da amplitude do ângulo é o grau, com a seguinte relação entre ambas as unidades:
27
factor de conversão de graus para rad
z }| {
2π rad
θ(rad) = θ(°) × (2.4)
360°
Exercı́cio 2.1.2 Determine a abertura do cone de emissão de luz do candeeiro LED da figura, em radi-
anos.
α1 + α2 + α3 = 180°
Qualquer um dos lados de um triângulo (a ou b ou c) é menor que a soma dos outros dois lados,
por exemplo:
a ≤ b+c
e maior que a diferença dos outros dois lados, isto é:
a ≥ b − c.
Exercı́cio 2.2.1 No papel quadriculado da figura 5 desenhe dois ou três triângulos diferentes. Meça a
amplitude de todos os ângulos internos e o comprimento de todos os lados e aponte no local respetivo.
Some todos os ângulos de cada um dos triângulos e verifique se a sua soma tem 180° de amplitude. Some
e subtraia dois quaisquer lados de cada um dos triângulos e compare com o outro lado não incluido na
soma.
28
2.2.2 Triângulo retângulo, notações e teorema de Pitágoras
A hipotenusa é o maior lado do triângulo retângulo, ou o lado oposto ao ângulo de 90°. A hipote-
nusa juntamente com o lado adjacente a α definem o ângulo α. Como exemplo, h é a hipotenusa
do triângulo retângulo da figura 2.4.
O lado adjacente ao ângulo α é um dos lados que define α, juntamente com a hipotenusa. Como
exemplo, a é o lado adjacente do ângulo α do triângulo retângulo da figura 2.4.
Se, por outro lado, quisermos aplicar as definições de lados adjacente e oposto ao ângulo com-
plementar de α, temos que a é o lado oposto do ângulo 90° − α e b é o lado adjacente do ângulo
90° − α do triângulo retângulo da figura 2.4.
Os comprimentos dos lados do triângulo retângulo estão relacionados entre si pelo Teorema de
Pitágoras. Pode-se enunciar o teorema de Pitágoras dizendo que o quadrado do comprimento da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados do triângulo retângulo. No caso
do triângulo retângulo da figura 2.4: h2 = a2 + b2 .
b a h
sin(α) = sin(90° − α) = sin(90°) = = 1.
h h h
O cosseno de α é uma quantidade adimensional e é definida pela razão entre o lado adjacente ao
ângulo α e a hipotenusa:
lado adjacente a α
cos(α) = .
hipotenusa
No caso da figura 2.4, e aplicando a definição do cosseno de α tem-se que
a b 0
cos(α) = cos(90° − α) = cos(90°) = = 0.
h h h
A tangente de α é uma quantidade adimensional e é definida pela razão entre o lado oposto ao
ângulo α e o lado adjacente ao ângulo α:
lado oposto a α
tan(α) = .
lado adjacente a α
29
No caso da figura 2.4, e aplicando a definição de tangente de α tem-se que
b a h
tan(α) = tan(90° − α) = tan(90°) = = .
8
a b 0
A cotangente de α é uma quantidade adimensional e é definida pela razão entre o lado adjacente
ao ângulo α e o lado oposto ao ângulo α:
lado adjacente a α
cot(α) = .
lado oposto a α
a b 0
cot(α) = cot(90° − α) = cot(90°) = = 0.
b a h
As razões inversas das razões seno e cosseno de α, respetivamente a cosecante e secante de α, são
também quantidades adimensionais e são definidas, respetivamente pela razão entre a hipotenusa
e o lado oposto ao ângulo α e pela razão entre a hipotenusa e o lado adjacente ao ângulo α:
hipotenusa hipotenusa
csc(α) = e sec(α) = .
lado oposto a α lado adjacente a α
h h
csc(α) = sec(α) = .
b a
−−→
O ângulo agudo α, da figura 2.5, é o ângulo que o segmento de reta orientado OP faz com a parte
positiva do eixo X, do sistema ortonormado (s.o.n.). Aplicando as definições das razões seno,
cosseno e tangente e respetivas razões inversas, obtemos as seguintes relações:
y x y
sin(α) = r cos(α) = r tan(α) = x
r r x
csc(α) = y sec(α) = x cot(α) = y
30
2.2.4 Generalização das definições das razões trigo-
nométricas para ângulos não ângulos agudos
Qualquer que seja a amplitude do ângulo α, a distância, r, do ponto P à origem do sistema orto-
normado, O, é sempre um valor positivo:
r > 0.
Para ângulos de amplitude no intervalo ]90°, 180°[, o sinal da abscissa x passa a ser negativa pois
é medida a partir do eixo Y, perpendiculamente a esse eixo, até ao ponto P, no sentido contrário
ao arbitrado como positivo. Em conclusão, o sinal da abscissa, x, de um ponto à esquerda do eixo
Y é negativo. Já o sinal de y permanece posivivo uma vez que o ponto permanece acima do eixo
X. Assim, o sinal do seno é:
>0
∈]90°,180°[
z}|{
z}|{ y
sin( α )=
r
|{z}
>0
Exercı́cio 2.2.3 Determine o sinal e o crescimento da razão trigonométrica principal cosseno para o
caso em que o ponto P pertence ao primeiro, segundo, terceiro e quarto quadrante (figura 2.7).
31
Mas o seno de 30° é, por definição, a razão entre o lado oposto ao ângulo de 30° (o lado menor do
esquadro) e a hipotenusa, isto é:
Igualando estes dois resultados obtém-se uma relacão entre o menor lado e a hipotenusa:
Conclui-se assim que num triângulo retângulo que contenha o ângulo de 30°, o menor lado é
metade da hipotenusa. Para verificar se isso acontece , meça a hipotenusa e o lado menor do seu
esquadro 30° − 60° e determine a razão entre ambos. Se essa razão for dois, isso significa que a
hipotenusa é o dobro do lado menor e que a relação se confirma.
O esquadro 45° − 45° é outro tipo de esquadro
que se vende no mercado. Dois dos ângulos
do esquadro são iguais e têm amplitude igual
a 45°, o restante ângulo é o ângulo de 90°. Os
lados de menor comprimento deste esquadro
são os lados opostos aos ângulos de 45°. A hi-
potenusa, o maior de todos os lados do esqua-
dro, é o lado oposto ao maior ângulo, o ângulo
de 90°. Curiosamente, a tangente do ângulo de Figura 2.9: Esquadro 45◦ -45◦
π
45° (ou 4 rad) assume um valor especialmente
simples: tan(45°) = tan(π/4rad) = 1. Mas a tangente de 45° é, por definição, a razão entre o lado
oposto ao ângulo de 45° (um dos lados menores do esquadro) e o lado adjacente ao ângulo de 45°
(o outro lado menor do esquadro), isto é:
Igualando estes dois resultados obtém-se uma relacão entre os menores lados do esquadro:
Conclui-se assim que num triângulo retângulo que contenha o ângulo de 45°, os dois lados me-
nores são iguais. Para verificar se isso acontece , meça os dois lados menores do seu esquadro
45° − 45° e verifique se a razão é um. Se essa razão for um, isso significa que os dois lados são
iguais e que a relação se confirma.
Exercı́cio 2.3.1 Usando as definições das razões trigonométricas principais e o teorema de Pitágoras
preencha as lacunas na tabela seguinte.
32
O A O
ângulo θ sin(θ) = H cos(θ) = H tan(θ) = A
0° 0
1
30° 2
45° 1
1
60° 2
90° 0
33
mento do vetor que desenhou. Assim e usando a definição de seno obtém-se:
y = 64 mm = 6.4 cm = 0.64 U.
Compare esse valor com o que obtém para o seno de +40° usando a sua
Figura 2.11: Marcação calculadora: sin(40°) ' 0, 643. No caso de se querer medir a tangente
ângulo 40° do mesmo ângulo de +40°,
deve-se escolher um triângulo com um ângulo interno de +40° e cujo lado horizontal seja igual ao
raio da circunferência. Se assim for, a medida da tangente resume-se à medida do lado oposto, no
sistema de unidades adoptado, uma vez que o lado adjacente ao ângulo de +40° é igual à unidade.
34
argumento do seno e cosseno for o mesmo ângulo θ. Experimente calcular, usando a sua máquina,
a seguinte expressão: sin2 (11, 93°) + cos2 (11, 93°). Deu exatamente 1? Se sim então a formula
trigonométrica é válida para esse ângulo. Experimente para outros ângulos. E o resultado da
expressão: sin2 (11, 93°)+cos2 (10°)? Também dá um, dá inferior a um ou superior a um? Consegue
justificar o resultado que obteve?
Exercı́cio 2.4.2 Com base no cı́rculo trigonométrico verifique se a seguinte relação é verdadeira :
cos(90° + α) = − sin(α),
para um ângulo α pertencente ao primeiro quadrante
Resolução Com base no circulo trigonométrico da figura 2.13
é possı́vel verificar graficamente que o seno do ângulo α é
positivo e mede-se na vertical, para cima, e o cosseno do
ângulo 90° + α é negativo e mede-se na horizontal, para a es-
querda. No entanto, ambos os comprimentos parecem ter o
mesmo valor absoluto: |cos(90° + α)| = |sin(α)|. Atendendo Figura 2.13: Razões seno e cos-
a que estes têm sinais contrários conclui-se que a relação seno
cos(90° + α) = − sin(α) é verdadeira.
Exercı́cio 2.4.3 Qual o ângulo, α, que uma estrada inclinada com um declive (ou tan(α)) igual a 10%
faz com a direção horizontal?
10
Resolução Repare que tan(α) = 10% ⇔ tan(α) = 100 ⇔ tan(α) =
0, 1. Assim:
180°
tan(α) = 0, 1 ≤ 0, 2 ⇔ α ' tan(α) = 0.1 rad = 0.1 rad × ' 6° Figura 2.14: Sinal de estrada
πrad
inclinada
O ângulo que a estrada faz com a direção horizontal é de apro-
ximadamente 6° e a representação gráfica da inclinação não corresponde, neste caso, ao seu valor
180°
real. A partir do ângulo de 0.2 rad = 0.2 rad × πrad ' 11°, correspondente a um declive de estrada
de 20 %, a tangente do ângulo deixa de ser aproximada ao ângulo respetivo em radianos.
35
2.5 Resolução de um triângulo arbitrário
Para um triângulo não retângulo, deixamos de ter um lado denominado hipotenusa e, sem esta,
os lados adjacente e oposto deixam também de existir.
Para determinar um lado de um qualquer triângulo não
retângulo tem de se conhecer, no mı́nimo, um outro lado
e dois ângulos internos ou, em alternativa, os outros dois
lados e o ângulo interno oposto ao lado que se pretende Figura 2.15: Triângulo de lados a, b e c
determinar.
No primeiro caso usa-se a lei dos senos:
a b c
= = (2.8)
sin(α) sin(β) sin(γ)
e no segundo caso, a lei dos cossenos:
a2 = b2 + c2 − 2 × b × c × cos(α). (2.9)
Percebemos o porquê das denominações pela simples observação das respetivas leis. Na primeira
lei os denominadores de todos os membros contêm a razão seno. Na segunda lei, o último termo
do segundo membro contém um termo contendo a razão cosseno. A lei dos cossenos pode-se
escrever para qualquer um dos lados do triângulo mantendo a simetria de forma.
36
a b
a × sin(β) = b × sin(α) ⇔ = (2.11)
sin(α) sin(β)
Juntando as equações (2.10) e (2.11) obtém-se a expressão geral da lei dos senos (2.8)
p(z) = an zn + a( n − 1) z( n − 1) + · · · + a1 z + a0
tem n raı́zes complexas z1 , z2 , . . . , zn em C. Por exemplo o polinómio de grau dois x2 = −1 tem
duas raı́zes complexas: x1 = +i e x2 = −i.
A raı́z quadrada de um número negativo √ é um número complexo (ou imaginário) puro. Por
exemplo, a raı́z quadrada de menos um é: −1 = ±i.
O número complexo, z = x + y i, é
um número no espaço complexo C.
O espaço complexo pode ser identifi-
cado por IR2 . A parte real do com-
plexo é: x = <(z) e a parte ima-
ginária é y = =(z). Os números reais
são números complexos cuja parte
imaginária é zero: z = x + 0i ∈ IR. Figura 2.18: Representação geométrica de z
37
ovelhas, o pastor poderia associar a cada grupo de dez ovelhas uma pedra maior. O número
natural é o número mais simples, é um inteiro estritamente positivo e é elemento do conjunto dos
números naturais (N). A adição e a multiplicação de números naturais é, necessariamente, um
número natural.
Os números inteiros relativos apareceram nas operações de contagem e de subtração. O conjunto
dos números inteiros, Z, constitui uma extensão natural de N, é um conjunto que contém o
conjunto dos números naturais. O conjunto Z permitiu definir a operação de subtracção (muitas
vezes impossı́vel em N). A adição, subtracção e multiplicação de inteiros é, necessariamente, um
número inteiro.
Os números racionais surgiram da necessidade de medir e para possibilitar a divisão de números
inteiros, por exemplo, podemos dividir 3 bolinhos por 6 meninos. Os números racionais têm a
forma: a/b, a e b inteiros, e b é não nulo. Todos os números decimais (com um número finito
de algarismos decimais depois da vı́rgula) são números racionais mas o recı́proco pode não ser
verdadeiro. Os números racionais contêm os números inteiros, como caso particular em que o de-
nominador da fracção é um. O conjunto dos números racionais Q contém o conjunto dos números
inteiros relativos e constitui uma extensão natural de Z. A soma, subtracção, multiplicação e di-
visão (exceptuando por zero) de dois racionais é sempre um número racional.
Os pitagóricos procuravam explicar todas as coisas por meio dos números. Os números irra-
cionais surgiram da necessidade de expressar o comprimento da hipotenusa de um triângulo
rectângulo, de catetos iguais, por meio de um número que perceberam não ser racional. Demonstra-
se usando o método de redução ao absurdo, que a hipotenusa, a, não pode ser um racional e como
tal não podia ser nem natural, nem inteiro nem fraccionário pois os racionais incluem estas clas-
ses. Se a não é um racional então pertence a uma nova classe de números, os irracionais. O
conjunto dos números irracionais (I) é um subconjunto do conjunto dos números reais (R). I é o
complemento de Q, relativo a R.
No conjunto dos números reais, a soma, subtracção, multiplicação e divisão (exceptuando por
zero) de dois reais é sempre um número real. Embora o quadrado de um número real seja ainda
um número real, o mesmo não acontece com a raı́z quadrada de um número real, por exemplo, a
raı́z quadrada de menos um é um número não real.
Os números complexos contêm os reais como caso particular e são números no espaço a duas
dimensões. No conjunto dos números complexos podem-se definir as operações soma, subtracção,
multiplicação, divisão (excepto por zero) e potenciação por reais.
A raı́z quadrada de um real negativo pode sempre ser decomposta no produto do imaginário, i,
pela raı́z quadrada de um real positivo:
p p √ p √ p p
− |x| = −1 × |x| = −1 × |x| = i 2 × |x| = ±i × |x|. (2.12)
38
problema particular interpretação antigamente atualmente
√
x2 = −1 lado de um quadrado Não exis- x = ± −1 = ±i ∈ C, i é
de área −1? tem areas de o imaginário unitário
quadrados
negativas, x < R
Como exemplo particular podemos decompor o imaginário puro na sua forma algébrica: i =
0 + 1 i.
A forma trigonométrica do número complexo é outra maneira de o escrever, pondo em evidência
o seu módulo e o ângulo que o complexo faz com o eixo real X:
z = |z| × ei×arg (z) = |z| × cos(arg (z)) + i |z| × sin(arg (z)), (2.14)
em que |z| é o módulo do número complexo e arg (z) é o argumento.
39
Argumento do número complexo
O ângulo que o vetor OP~ faz com o eixo da parte real é designado de argumento do número
complexo e calcula-se a partir da definição de tangente:
y
arg (z) = arctan (2.16)
x
Complexo conjugado
O complexo conjugado, z̄, de um qualquer número complexo, z = x + y i, é o complexo com a
mesma parte real e parte imaginária simétrica:
z̄ = x + y i = x − y i. (2.17)
A operação de conjugação de um complexo
corresponde a uma reflexão relativamente ao
eixo X, como ilustra a figura. Devido a este
facto, o complexo conjugado de um número
complexo z tem o mesmo módulo e o seu ar-
gumento é simétrico: z̄ = |z| e− arg (z) i . Se o
número complexo tiver parte imaginária igual
a zero, isto é, se o complexo for um número
real (no eixo do X), o seu complexo conjugado Figura 2.21: Número complexo e seu conjugado
é o próprio real. A soma de um número complexo, z, com o seu conjugado, z̄, é igual ao dobro
da parte real: z + z̄ = 2 x. Repare que a soma geométrica do complexo z com o seu conjugado, z̄,
é a diagonal do paralelogramo, 2 x, de lados z e z̄. O produto de um número complexo, z, com o
seu conjugado, z̄, é igual ao real de módulo igual ao produto dos módulos e argumento nulo pois:
z × z̄ = |z| × |z| e(arg (z)−arg (z)) i = |z|2 e0 i = |z|2 .
A tabela seguinte exemplifica a operação de conjugação para cinco números complexos particu-
lares:
complexo conjugado
1√+ 2i 1√
− 2i
3 3
−5 i 5i
i −i
1 − 10 i 1 + 10 i
40
z̄ = z (2.18)
z + w = z̄ + w̄ (2.19)
|z| = |z̄| (2.20)
zz̄ = |z|2 (2.21)
z + z̄ = 2 × <z (2.22)
1 z̄ z̄
= = 2 (2.23)
z z z̄ |z|
(2.24)
Se z1 = z2 = então a1 + b1 i = a2 + b2 i ⇔ a1 = a2 ∧ b1 = b2 (2.25)
Por exemplo, os complexos z1 = 1 + 2 i e z2 = 1 − 2 i não são iguais porque as partes imaginárias de
z1 e z2 não são iguais mas sim simétricas: b1 = −b2 .
41
Produto de números complexos
O produto de dois números complexos, escritos na forma algébrica, obtém-se aplicando a pro-
priedade distributita da multiplicação em relação à adição e atendendo a que i × i = −1. Assim
tem-se que:
i × i = (0 + 1 i) × (0 + 1 i) = 0 × 0 + 0 × 1 i + 1 i × 0 + 1 i × 1 i = 12 i 2 = −1. (2.28)
No caso em que os complexos estão escritos na forma trigonometrica, o produto é muito mais
simples de efetuar, atendendo ao uso da propriedade da multiplicação de potências com a mesma
base. Assim:
O complexo que se obtém do produto de dois complexos, tem módulo igual ao produto dos
módulos dos seus fatores e argumento igual à soma dos argumentos dos seus fatores.
Como caso particular considere a multiplicação
de um complexo qualquer pelo imaginário
puro i. O complexo i tem módulo igual a um,
|i| = 1, e argumento igual a 90° = π2 , isto é:
π
i = 1 e 2 i . Logo, multiplicar um complexo z por
i corresponde a multiplicar o módulo do com-
plexo por um e a somar 90° ao argumento do
complexo:
π π
z = z1 × i = (|z1 | ei θ1 ) × (1 e 2 i ) = |z1 | ei (θ1 + 2 ) .
(2.30) Figura 2.24: Potências de i
Assim, o complexo produto, z × i, tem módulo
π
igual ao de z e faz, com este, um ângulo de 90°, no sentido direto: z × i = |z| eθ+ 2 i
42
Obtenha geometricamente i 0 × i = 1 × i, i 2 , i 3 e i 4 .
O produto de um complexo, z = x + y i, pelo seu conjugado, z∗ = x − y i, é igual ao quadrado do
módulo do complexo:
z × z∗ = (x + y i) × (x − y i) = x2 + y 2 . (2.31)
As propriedades da adição e multiplicação de reais extendem-se agora para a adição e multiplicação
de complexos (comutatividade, associatividade, propriedade distributiva da multiplicação relati-
vamente à adição).
43
2.7 EXERCÍCIOS DE TRIGONOMETRIA E DE NÚMEROS COM-
PLEXOS
1. Determine o comprimento do arco de circunferência s, de raio R = 1 cm, inscrito no ângulo
θ = 90°.
2π rad 360°
2. Explique porque as frações 360° e 2π rad são fatores de conversão.
π π π π
4. Converta os seguintes ângulos em graus: 0 rad, 6 rad, 4 rad, 3 rad, 2 rad.
5. No papel quadriculado da figura 5 desenhe dois ou três triângulos diferentes. Meça a am-
plitude de todos os ângulos internos e o comprimento de todos os lados e aponte no local
respetivo. Some todos os ângulos de cada um dos triângulos e verifique se a sua soma tem
180° de amplitude. Some e subtraia dois quaisquer lados de cada um dos triângulos e com-
pare com o outro lado não incluido na soma.
6. Avalie os ângulos agudos das figuras por comparação com os ângulos que já conhece (0°,
30°, 45°, 60° e 90°). Identifique o intervalo a que cada um dos ângulos pertence: ]0°, 30°[,
]30°, 45°[, ]45°, 60°[ and ]60°, 95°[.
44
7. Determine o crescimento da razão trigonométrica principal seno para o caso de ângudos
agudos (pertences ao primeiro quadrante).
9. Demonstre geometricamente que sin(α) = sin(π − α), sin(α) = − cos( π2 + α), sendo α um
ângulo agudo. Que outras relações pode deduzir geometricamente? Suponha, por exemplo
que α = 10°, 20°, . . . e verifique usando máquina se as relações que provou geometricamente
se comprovam.
10. Obtenha as expressões para o seno, cosseno e tangente dos ângulos α, 90° − α, θ e γ utili-
zando as respetivas definições.
11. Relativamente à figura do triângulo rectângulo representada pode-se afirmar que o lado
adjacente ao ângulo α (lado a) é igual a:
√
(a) a = h2 + b2
45
h
(b) a = b
b
(c) a = h
sin(α)
(d) a = h
h
(e) a = cos(α)
(f) a = h × cos(α)
π π π
12. Determine o seno, o cosseno e a tangente dos ângulos de 6 rad, 4 rad e 3 rad usando apenas
o circulo trigonométrico.
9
13. Determine o cos(α) e a tan(α) do ângulo agudo α solução da equação: sin(α) = 10 . Usando
apenas o cı́rculo trigonométrico determine o intervalo que contém α de entre os possı́veis:
(a) ]0°, 30°[,
(b) ]30°, 45°[,
(c) ]45°, 60°[ ou
(d) ]60°, 95°[,
π π π
14. Determine o seno, o cosseno e a tangente dos ângulos de 10 rad, 100 rad e 350 rad usando a
máquina de calcular e compare os valores que obteve com os respetivos ângulos.
π
15. Determine a soma do quadrado do seno com o quadrado do cosseno dos ângulos de 10 rad,
π π
100 rad e 350 rad usando a máquina de calcular.
16. Determine o comprimento do vetor v~ da figura, resultado da soma dos vetores de módulos
4 e 2, fazendo, respetivamente, ângulos de 20° e 50° com o eixoorientado
da figura. Calcule
também todos os ângulos internos do triângulo de lados 2, 4 e v~.
17. Qual o ângulo, α, que uma estrada inclinada com um declive (ou tan(α)) igual a 15% faz
com a direção horizontal?
18. Mostre que x1 = 1 + i e x2 = 2 − i são as duas raı́zes complexas do polinómio de grau dois
x2 − 3x + (3 + i) = 0.
46
19. Represente no plano de Argand os complexos e determine as relações entre estes complexos.
(a) z1 = 1 + 1i
(b) z2 = −1 + 1i
(c) z3 = −1 − 1i
(d) z4 = 1 − 1i
(a) z1 + z2
(b) z1 − z2
(c) z1 × z2
z1
(d) z2
(e) z1 + z1 e z2 − z2
(f) z1 × z1 e z1 × z2
(a) z1 = 1 + 1i
(b) z2 = 5
(c) z3 = −4i
(d) z4 = −10 + 10i
47
(b) z2 = 2ei 0
π
(c) z3 = 2ei 2
(d) z1 = 2ei π
√ π
25. Sendo z = 2ei 3 , calcule:
(a) z
(b) −z
(c) z3
(d) z−1
(−z)2
(e)
z4
26. Dado z = −i + √ 2
3−i
28. Obtenha as expressões para o seno e cosseno da soma ou subtração de ângulos a partir
do produto de dois números complexos de diferentes argumentos escritos na forma trigo-
nométrica.
48
3. INTRODUÇÃO AO CÁLCULO VETORIAL
3.1 Introdução
O conceito de vetor está relacionado com o conceito de número com direção. A história do desen-
volvimento deste conceito data, muito provavelmente, da antiguidade, uma vez que o movimento
numa determinada direção e ao longo de uma determinada distância, com mapa e bússola, já o in-
corpora necessariamente. Os vetores são essenciais na movimentação espacial, na construção dos
jogos informáticos e, em termos gerais, em todas as ciências fı́sicas. Os vetores são usualmente de-
senhados usando setas e o comprimento da seta representa o módulo do vetor. Os vetores podem
ser usados para representar objetos fı́sicos ou fenómenos.
A velocidade do vento, por exemplo, é uma quantidade vetorial porque num qualquer determi-
nado local tem direção (vento de nordeste) e magnitude (50 km/h). Tal como a velocidade do
vento, a velocidade de qualquer corpo é representada por um vetor cuja direção representa a
direção do movimento e o comprimento representa a rapidez do movimento. O momento linear
de uma bola de bilhar é também um vetor porque é igual à massa vezes a velocidade. Assim o
momento da bola de bilhar aponta na mesma direção da sua velocidade e o comprimento do ve-
tor momento é igual ao produto da sua massa pela sua rapidez. O vetor momento dos objetos em
movimento é extremamente importante quando se trata de predizer o que vai acontecer no caso
dos choques.
Quando uma bola de bowling é arremessada por um jogador, a direção do seu movimento na pista,
vai depender tanto do impulsionamento do jogador como, também, da direção do movimento do
jogador durante este impulsionamento. As duas direções que influenciam o movimento final
da bola somam-se usando a regra do paralelogramo (regra da soma de dois vetores). Quando
um barco é movimentado por dois rebocadores, o seu movimento resultante depende da soma
vetorial das forças exercidas pelos cabos de cada um dos rebocadores. Num dia com vento, a
direção do movimento de um avião depende não só da direção do vento como também da direção
do movimento do avião relativamente ao vento. A impedância num circuito de corrente alternada
depende da soma vetorial das impedâncias das resistências, dos condensadores e das indutâncias
do circuito.
A representação moderna do vetor no espaço a três dimensões, como um tripleto ordenado de
pontos, é geralmente atribuı́da ao fundador da geometria analı́tica, o filósofo René Descartes.
49
Figura 3.3: Arremesso de uma bola de Bowling
Vimos, no capı́tulo anterior, um outro tipo diferente de vetor, o número complexo. Este encontra-
se numa direção diferente dos escalares reais (os números complexos formam um espaço vetorial
sobre o conjunto dos reais).
Dois segmentos orientados não nulos têm a mesma direcção se as rectas suportes desses segmen-
tos são paralelas ou coincidentes. Na figura 3.6, os segmentos orientados AB, CD, HG e EF têm
a mesma direção. Só se podem comparar os sentidos de dois segmentos orientados se eles tive-
rem a mesma direcção. Na figura 3.6, os segmentos orientados AB e HG têm sentidos contrários.
Dois Segmentos orientados dizem-se opostos se tiverem sentidos contrários. Dois segmentos ori-
entados são segmentos equipolentes são equipolentes porque têm a mesma direção, o mesmo
sentido e o mesmo comprimento. Dois segmentos nulos são sempre equipolentes. A equipolência
dos segmentos AB e CD, por exemplo, é representada por AB ∼ CD.
Propriedades da Equipolência:
• AB ∼ AB (reflexiva).
• Se AB ∼ CD, CD ∼ AB (simétrica).
• Se AB ∼ CD e CD ∼ EF, AB ∼ EF (transitiva).
• Dado o segmento orientado AB e um ponto C, existe um único ponto D tal que AB ∼ CD.
50
Figura 3.6: Segmentos com a mesma direção (as retas r, s e t são paralelas)
A cada segmento orientado pode-se associar um número real, não negativo, que é o comprimento
do segmento usando por comparação uma unidade de comprimento. A medida do segmento
orientado é o seu comprimento ou seu módulo. O comprimento do segmento AB é indicado
por AB. Os segmentos nulos têm comprimento igual a zero. O comprimento do segmento PQ
representado na figura abaixo é de 5 unidades de comprimento:
P Q = 5 u.c..
3.3 Vetores
3.3.1 Tipos de vetores
O vector livre é determinado por um segmento orientado e é o conjunto de todos os segmentos
orientados equipolentes a esse segmento orientado. Assim, um mesmo vector é determinado por
uma infinidade de segmentos orientados, chamados representantes desse vector, e todos equipo-
lentes entre si. Assim, um segmento orientado e seus equipolentes determina um só vector. O
−−→
vector v~, determinado por AB e seus equipolentes, da figura 3.6, pode ser indicado por AB ou
−−−→ −−→
CD ou EF ou B − A ou D − C ou F − D ou etc, isto é:
−−→ −−−→ −−→
v~ = AB = B − A = CD = D − C = EF = F − E = · · · .
As caracterı́sticas do vector livre, v~, são as mesmas de qualquer um de seus representantes, isto é:
2. a direcção, indica-se por exemplo, pelo ângulo agudo que o vetor faz com a direção Norte-
Sul: ∠(~
v ; N S) = 30°;
3. o sentido, por exemplo, a velocidade do vento, v~, tem o sentido de sul para norte;
51
Exemplos de vetores livres são os vetores unitários que formam de base para a decomposição de
todos os restantes vetores. A variação da velocidade ou a variação de aceleração de um carro
ou outro objeto em movimento são também exemplos de vetores livres. O vetor velocidade do
esquiador, da figura ??, por exemplo, não é um vetor livre uma vez que o seu ponto de aplicação
é sempre representado no centro de massa do corpo cujo movimento estamos a estudar.
Figura 3.8: O ponto de aplicação do vetor velocidade do esquiador acompanha o seu movimento
52
Figura 3.9: Vetor deslocamento d~1 , com origem em I e extremidade em J
u k = 1.
k~
O versor de um vector não nulo é o vector unitário com a mesma direcção e o mesmo sentido.
Por exemplo, tomemos o vector ~ a, de módulo 3: k~
ak = 3, da figura 3.11. Os vectores u~a e −~
ua são
vectores unitários, pois ambos têm módulo 1. No entanto, embora ambos os versores referidos
tenham a mesma direção do vetor ~a, apenas u
~a tem o mesmo sentido. Portanto, u ~a é o versor de ~
a.
Existem três vectores unitários, perpendiculares entre si, que formam a base canónica para todos
os vetores no espaço XYZ, que são dados por: u ~y = ~e2 = jˆ = (0, 1, 0) e u
~x = ~e1 = î = (1, 0, 0), u ~z = ~e3 =
k̂ = (0, 0, 1). Qualquer vetor v~ se pode escrever como uma combinação linear destes três vetores
unitários:
v~ = vx u
~x + vy u
~ y + vz u
~z . (3.1)
53
No plano horizontal, podemos usar as direcões Norte-Sul e Este-Oeste, por exemplo, para des-
crever a velocidade do vento à superfı́cie da Terra. Na figura abaixo vemos os exemplos para os
ventos de Norte e de Sudoeste.
Figura 3.13: Vetores horizontais obtidos por multiplicação de escalares pelo unitário segundo X
Repare que para construirmos um vetor com a direção do eixo do X apenas precisamos de multi-
plicar um número real pelo vetor unitário com a direção do eixo X. Assim, um vetor paralelo ao
eixo X, com o comprimento c > 0, e sentido igual ao do eixo X é o produto do vetor unitário com
a direção e sentido do eixo X pelo escalar c:
v~x = c ×~
u , (3.2)
|{z} x
>0
em que o ı́ndice x, no vetor, é uma indicação que este tem a direção do eixo x. O escalar que
multiplica o versor u
~x designa-se por:
54
Figura 3.14: Vetor com a direção do eixo X e sua componente escalar vx
• Se c = 0 então u
~ será o vector nulo.
• Se c > 1 então u
~ terá comprimento maior do que v~: k~
u k > k~
vk
• Se c < 0 então u
~ terá sentido oposto ao de v~.
Para construir um vector unitário u ~v que tenha a mesma direcção e sentido que um outro vector
v~, basta dividir o vector v~ pelo seu módulo, isto é:
v~
~v =
u . (3.4)
vk
k~
Propriedades do produto de escalar por vector. Quaisquer que sejam k e c escalares, v e w
vectores:
• em linha reta de I a J ou
• inicialmente na vertical, para baixo, de I até ao ponto de coordenadas (8 km, 1 km) e depois
na horizontal, para a direita, deste ponto até ao ponto J ou
• num outro percurso qualquer mais complicado mas ficando, no final, 4 km à direita de I e 6
km abaixo.
55
Podemos dizer que d~1 se pode decompor na soma de um deslocamento horizontal de 4 km, (com
a direção do eixo X) para a direita, com um deslocamento de 6 km, vertical (com a direção do eixo
Y) para baixo:
d~1 = 4 km u
~x − 6 km u
~y .
Mas podemos também afirmar que:
d~1 = −6 km u
~y + 4 km u
~x .
Como segundo exemplo, na figura 3.16 temos o deslocamento total de um drone que inicialmente
se desloca de I a J e, em seguida de J a K. O deslocamento total do drone é o vetor com origem no
ponto de partida inicial do drone, ponto I, e extremidade na posição final do drone após os dois
deslocamentos sequenciais, ponto K.
Na soma analı́tica, somam-se as componentes em x de cada vetor com as componentes em y de
cada vetor. A componente X do vetor soma é a soma das componentes X de cada vetor adicionado
e a componente Y do vetor soma é a soma das componentes Y de cada vetor adicionado:
(vx u
~x + vy u
~y ) + (vx u
~ x + vy u
~y ) = (vx + wx ) u
~x + (vy + wy ) u
~y . (3.10)
| {z } | {z }
v~ w
~
Para o caso anteriormente referido dos dois deslocamentos do drone, temos:
d~1 + d~2 = (4 km u
~x − 6 km u
~y ) + (-5 km u
~x + 2 km u
~y ) = (4 km -5 km) u
~x + (−6 km +2 km) u
~y .
| {z } | {z }
-1 km -4 km
Para somar graficamente dois ou mais vetores aplica-se a regra do Polı́gono. Começa-se por
representar o primeiro vetor a somar e na extremidade deste coloca-se a origem do segundo vetor
a somar e assim sucessivamente. O vetor soma tem origem coincidente com a origem do primeiro
vetor e extremidade coincidente com a extremidade do último. A ordem por que se somam os
vetores é arbitrária, isto é, o primeiro, segundo (e por aı́ adiante) vetores a somar são escolhidos
arbitrariamente por de entre os vetores a somar.
Propriedades da soma de vectores:
56
Figura 3.16: O vetor soma, d~1 + d~2 , é o vetor com origem no primeiro vetor e extremidade no
último
57
3.4.4 Produto escalar
O produto escalar entre dois vectores v~ = vx u
~x + vy u
~y e w
~ = wx u
~ x + wy u
~y é o escalar (ou número
real) obtido através da soma do produto das componentes escalares em X com o produto das
componentes escalares em Y:
~ = vx × wx + vy × wy .
v~ · w (3.15)
Mas o produto escalar entre os vectores v~ e w
~ pode também calcular-se pelo produto dos módulos
dos vetores e pelo co-seno do ângulo entre estes:
~ = k~
v~ · w ~ × cos(∠(~
v k × kwk v ; w)).
~ (3.16)
Destas duas expressões é possı́vel concluir que o produto escalar entre dois vetores é nulo quando:
vx = v~ · u
~x . (3.17)
O produto escalar entre uma força constante, F, ~ que atua num corpo e o seu deslocamento, ∆~r,
é igual à energia transferida para o corpo por ação da força:
~ · ∆~r = kFk
energia transferida = F ~ × k∆~rk × cos(∠(F;
~ ∆~r)).
No caso particular da força constante, F ~ = −200 N u~x , que atua ao longo do deslocamento de um
caixote, ∆~r = +30 m u ~x , contrário à força aplicada, a energia transferida é negativa, logo, por ação
desta força, é retirada energia ao corpo. Esta energia é então o produto escalar entre a força e o
deslocamento:
~ · ∆~r = kFk
energia transferida = F ~ × k∆~rk × cos(∠(F;
~ ∆~r)) = 200 N × 30 m × cos(180°) = −6000 J,
uma vez que neste caso a força tem uma norma (ou intensidade ou módulo) de 200 newton:
~ = 200 N, o deslocamento tem um módulo de 30 metros: k∆~rk = 30 m e estes dois vetores
kFk
fazem entre si um ângulo de 180 graus.
~
Figura 3.18: Deslocamento de um caixote, ∆~r, sob a ação de uma força constante F
Este produto escalar pode também ser calculado efetuando o produto das componentes escalares
em x:
~ · ∆~r = Fx × ∆x + Fy × ∆y = 200 N × (-30 m) + 0 × 0 = −6000 J,
energia transferida = F
58
~
Figura 3.19: Medida do ângulo definido pelos vetores ∆~r e F
~ =w
v~ · w ~ · v~ (3.19)
2
v~ · v~ = k~
v k k~v k cos(0) = k~ vk (3.20)
v~ · (~z + w)
~ = v~ · ~z + v~ · w
~ (3.21)
(k × v~) · ~z = v~ · (k × ~z) = k × (~
v · ~z) (3.22)
k~v · wk
~ ≤ k~ v k kwk~ desigualdade de Schwarz (3.23)
É possı́vel assim verificar que o produto vetorial de dois vetores no plano XOY é um vetor per-
pendicular a este plano, logo, um vetor na direção do eixo Z.
59
Figura 3.20: Vetores v~ e w
~ e suas componentes escalares no plano XOY
~ = k~
v ∧ wk
k~ ~ × sin(∠(~
v k × kwk v ; w)).
~ (3.25)
Desta última expressão é possı́vel concluir que o módulo do produto vetorial entre os vectores v~
ew
~ é igual à área do paralelogramo de lados definidos por estes vetores.
Em ambas as situações consideradas anteriormente, o paralelogramo definido por estes dois ve-
tores tem área nula.
Pode-se obter um vetor ~c, perpendicular a dois vetores dados: ~
a = ax u
~x + ay u ~z e ~b = bx u
~y + az u ~x +
~y + bz u
by u a e ~b:
~z , efetuando o produto vetorial entre ~
u~x u
~y u
~z
ay az a a ax ay
a ∧~b = ax ay az = u x z
~c =~ ~x × − u
~y × + u
~z × . (3.26)
by bz bx bz bx by
bx by bz
|{z}
a e ~b
vetor perpendicular a ~
60
Este produto vetorial calcula-se através do cálculo do determinante três por três, que por sua
vez pode ser decomposto na soma de três parcelas contendo o produto de um versor com um
determinante dois por dois.
Em notação matemática, a taxa temporal de variação instantânea ou a derivada em ordem ao
tempo de uma função, f (t), que depende ou não do tempo, é representada (em notação ma-
temática) por:
df
= f 0 (t) (3.27)
dt
Em fı́sica, e para movimentos de rotação, é habitual usar-se uma quantidade designada por mo-
mento angular, relativamente ao ponto A, e escreve-se: `~A . Para se estudar o modo como o mo-
mento angular varia com o tempo calcula-se a taxa temporal de variação instantânea do momento
~
angular, relativamente ao ponto A: ddt `A
. Graças à lei fundamental da rotação, é possı́vel conhecer
a taxa de variação instantânea do momento angular sem ser necessário calcular a derivada em
ordem ao tempo do vetor momento angular. Assim, o produto vetorial entre a posição do ponto
~ aplicada num corpo,
de aplicação da força relativamente a um ponto A, ~rA , e a própria força, F,
é igual à taxa temporal de variação instantânea do momento angular, relativamente ao ponto A,
do corpo que estiver sujeito apenas a essa força:
~A
d` ~ = ~rA ∧ F.
( devida a F) ~ (3.28)
dt
d `~A
~ = ~rA ∧ F
~ = 0 30 cm
( devida a F) ~z = (0×0−30 cm×(−200 N))× u
× u ~z = 6000 cm N u
~z .
dt −200 N 0
Como já era esperado a taxa temporal de variação instantânea do momento angular, relativamente
~ é perpendicular aos vetores vecrA e F
ao ponto A, devida a F, ~ e tem a direção e sentido de `~A .
Propriedades do produto vetorial
Quaisquer que sejam os vectores, v~, ~z e w
~ e k um escalar:
~ = −w
v~ · w ~ ∧ v~ (3.29)
v~ ∧ v~ = ~0 (3.30)
v~ ∧ (~z + w)
~ = v~ ∧ ~z + v~ ∧ w~ (3.31)
(k × v~) ∧ ~z = v~ ∧ (k × ~z) = k × (~
v ∧ ~z) (3.32)
61
3.5 EXERCÍCIOS DE CÁLCULO VETORIAL
1. Considere os vetores unitários com as direções e sentidos do eixo X e Y, respetivamente, u ~x
eu~y , e o vetor ~
a = 3 cm u~x − 4 cm u
~y . Calcule e represente graficamente o vetor sin(30°) × ~
a.
Calcule k sin(30°) × ~ ak com base na sua representação gráfica e no Teorema de Pitágoras
(h2 = a2 + b2 ).
~ de módulo 100 newtons e fazendo um ângulo de 30° com o eixo
2. Considere o vetor força F,
dos Y, como mostra a figura. Este vetor pode-se escrever em função dos vetores unitários
com as direções e sentidos do eixo X e Y, respetivamente, u
~x e u ~=
~x , com a forma geral: F
~x + Fy u
Fx u ~y . Calcule as componentes escalares do vetor F ~ segundo X e Y, Fx e Fy , com
lado oposto ao ângulo
base nas definições das funções trigonométricas seno e co-seno: sin(θ) = hipotenusa e
lado adjacente ao ângulo
cos(θ) = hipotenusa .
4. O deslocamento de uma bola é igual à diferença vetorial entre a posição final do corpo e a
sua posição inicial:
∆~r = ~rf inal − ~rinicial .
Supondo um corpo que parte da posição inicial ~rinicial = 8 km u ~x − 3 km u
~y e termina o
seu deslocamento na posição final ~rf inal = 3 km u
~x − 5 km u
~y , determine o deslocamento da
bola. Interprete o resultado em termos da direção do deslocamento, isto é, verifique se a
bola desceu ou subiu e se se deslocou para a direita ou para a esquerda.
62
4. COMPLEMENTOS SOBRE FUNÇÕES RE-
AIS DE VARIÁVEL REAL
4.1 Generalidades sobre funções reais de variável real
4.2 Estudo de algumas classes de funções
4.3 Funções algébricas racionais (inteiras e fracionárias) e funções
algébricas irracionais
4.4 Funções transcendentes: funções trigonométricas; função ex-
ponencial e função logarı́tmica
4.5 Conceito geométrico de derivada e suas aplicações
4.6 Conceito geométrico de integral e suas aplicações
63
4.7 EXERCÍCIOS DE FUNÇÕES
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5. Bibliografia matemática
I. LÓGICA PROPOSICIONAL 1.1. Proposições e operadores lógicos sobre proposições; 1.2. Ta-
belas de verdade; 1.3. Propriedades das operações lógicas.
II. NOÇÕES DE CÁLCULO ALGÉBRICO E DE CÁLCULO MATRICIAL 2.1. Cálculo algébrico
2.1.1. Números naturais, inteiros, racionais e reais: conceitos e regras operatórias; 2.1.2. Po-
linómios e simplificação de expressões algébricas; 2.1.3. Equações, inequações, razões, proporções
e percentagens. 2.2. Matrizes 2.2.1. Noções gerais; 2.2.2. Matrizes especiais; 2.2.3. Operações
entre matrizes; 2.2.4. Aplicações das matrizes.
III. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA E DE NÚMEROS COMPLEXOS 3.1. Trigonome-
tria 3.1.1. Razões trigonométricas de ângulos agudos; 3.1.2. Valores das razões trigonométricas
em ângulos particulares; 3.1.3. O cı́rculo trigonométrico. 3.2. Números Complexos 3.2.1. Introdução
história dos números complexos. Simplificação de raı́zes de números negativos; 3.2.3. Forma
algébrica e forma trigonométrica de um número complexo; 3.2.4. Operações com números com-
plexos. Sua perspetiva geométrica.
IV. INTRODUÇÃO AO CÁLCULO VETORIAL 4.1. Segmentos orientados 4.2. Norma, direção e
sentido 4.3. Vetores e operações elementares com vetores
V. COMPLEMENTOS SOBRE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 5.1. Generalidades so-
bre funções reais de variável real: 5.2. Estudo de algumas classes de funções: 5.2.1. Funções
algébricas racionais (inteiras e fracionárias) e funções algébricas irracionais; 5.2.2. Funções trans-
cendentes: funções trigonométricas; função exponencial e função logarı́tmica; 5.3. Conceito
geométrico de derivada e suas aplicações 5.4. Conceito geométrico de integral e suas aplicações
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