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Dieter Duhm
(Capítulo do livro: A Matriz Sagrada, por Dieter Duhm)
Traduzido por Maria João Soares
A Terra encontra-se dominada por uma cadeia global de medo e violência. Se conseguirmos quebrar esta
cadeia em alguns pontos e mudar da matriz antiga para a nova, isso terá um efeito em toda a cadeia, pois por
detrás de toda a violência, está permanentemente oculta a matriz sagrada, à espera de ser revelada. A
mudança não ocorre através da violência, mas por meio de informação, já que é a informação que guia toda a
vida. O código global de violência tem de ser respondido com um contra-código superior de paz. Desta
forma, temos novas possibilidades para a libertação da Terra.
A próxima mudança ocorrerá principalmente em três áreas: a nossa relação com a Natureza e a Criação, a
nossa relação com a comunidade, e a nossa relação com o amor e a sexualidade. A nova informação, que
precisamos para um mundo não-violento, consiste em novas experiências e desenvolvimentos nestas três
áreas. Em todas elas, é necessário um nível superior de cooperação e união com o todo. Assim sendo, este
livro incidirá sobretudo sobre estas três áreas.
A mudança da matriz antiga para a nova matriz é uma transição para um sistema de ordem superior. Iremos
continuamente depararmo-nos com o conceito de ordens superiores nas nossas reflexões. Em todas as áreas,
a solução dos conflitos existentes requer a escolha de um sistema novo de ordem superior. A título de
exemplo, atentemos sobre o conflito pessoal entre a vida a dois, e a sexualidade livre. Este conflito não pode
ser resolvido ao nível privado do indivíduo. Para ser capaz de resolvê-lo, devemos mudar para um sistema de
ordem superior, neste caso uma comunidade (funcional). Apenas em comunidade é possível transformar o
dilema entre “isto ou aquilo”, que surge a um nível individual, para um orgânico “também”. A teoria do
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caos, a teoria de sistemas e a matemática fornecem muitas pistas sobre a transição para sistemas de nível
superior. Estes pensamentos fazem parte de um holomovimento geistig* no qual vivemos actualmente, logo
podemos aplicá-los às nossas questões, dado estarem verdadeiros em todo o lado. Vejamos um exemplo
simples e surpreendente. Imagine que recebe a seguinte tarefa: desenhe um pequeno círculo que inclua uma
área muito grande. A tarefa parece ser absurda, dado não poder ser resolvida em duas dimensões. Contudo, a
solução é simples se considerarmos a terceira dimensão. Podemos representar a grande área que é suposto
encaixar num círculo, numa esfera! Mesmo o menor círculo desenhado na superfície de uma grande esfera
circunda uma grande superfície. Deste modo, se eu fosse um sábio oriental, poderia dizer: os teus limites são
os limites do Universo! É lógico que, a este nível, possibilidades absolutamente novas surjam naturalmente.
Aqueles que analisam este exemplo e o compreendem plenamente, obtêm uma ideia clara sobre a forma de
repensar que é agora necessária, isto se quisermos alterar as estruturas do sistema actual para novas
estruturas. A “mudança de paradigma” muitas vezes citada é um salto entre dimensões; um holo-salto para
novos níveis da nossa existência. Estes níveis, no entanto, estão implícitos no esquema do mundo, e é esse o
significado da matriz sagrada. É nossa tarefa descobri-los e aplicá-los.
Da matriz da violência para a matriz da vida. Esta declaração afirma que a violência não é (necessariamente)
parte da vida. A afirmação é deliberada. Tenho obviamente consciência do tipo de oposição que poderá
provir da ciência evolutiva: não é verdade que a vida na Terra, a ascensão evolutiva do reino animal,
originou um imenso arsenal de mentiras, engano, veneno e violência, muito antes da “queda” do homem?
Podem dizer-se duas coisas sobre isso: primeiramente, do ponto de vista actual, é difícil dizer quais eram as
funções dos presumíveis instrumentos de morte no reino animal. O segundo e principal argumento é que,
mesmo se tudo isso existiu e ainda existe, não há nenhuma razão para que as coisas permaneçam como estão.
O desenvolvimento da vida segue, como veremos, algumas informações básicas, codificadas nas cadeias
moleculares do código genético e nas interligações do sistema nervoso central. Mas esta informação nunca é
final. Os poderes da vida aos quais acedemos podem ser violentos ou pacíficos, dependendo de como as
informações são combinadas. Quando conseguirmos construir uma informação para a paz que incorpore e
reúna as forças essenciais da vida de modo não contraditório, não haverá mais nenhum motivo para a
violência. Mentiras, engano e violência irão dissolver-se automaticamente quando deixarem de constituir
uma vantagem evolutiva. Os trabalhadores para a paz do nosso tempo que compreendem a situação histórica
enfrentam a tarefa de criar uma informação geral da vida que apague para sempre a matriz da violência. Esta
questão pode ser resolvida.
(* Palavra alemã, que não pode ser traduzida integralmente para o português; significa intelectual, espiritual, mental)
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