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Salvador
2017
Os estudos da Ciências Política “tornam-se amplamente comparativos” e “suas
teorias alcançam maior desenvolvimento”, com “certo estudo sistemático dos efeitos das
características dos sistemas políticos nacionais sobre o funcionamento do sistema político
internacional”, como trata ALMOND e POWEL Jr. “O estudo das burocracias ou
departamentos administrativos governamentais, legislativos, partidos políticos, grupos de
interesses, opinião pública”, ganham, no livro dos autores anteriormente citado, um
enfoque conhecido como “abordagem funcional da política comparada”.
Tais estudos se opõem à abordagem do “governo comparativo” que dominaram o
período anterior a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), caracterizados por “sua
limitação”, ao “fato de preocupar-se somente com as características de sistemas de
políticos individuais, e “sua atenção relativamente limitada sobre instituições
governamentais, regras e padrões legais e ideias políticas”, e concentravam seus estudos
“quase que exclusivamente” à área da Europa.
Ao considerar que “em todas as sociedades, o papel das instituições formais de
governo é moldado e limitado por grupos informais, atitudes políticas e numerosos tipos
de relacionamentos pessoais”, ALMOND e POWEL Jr. afirmam a necessidade de uma
base mais global de análise, para que a Ciência Política seja mais efetiva ao estudar todas
as espécies de fenômenos políticos. Com isso, eles tratam da discussão do conceito de
“sistemas políticos”.
Primeiro observam que “geralmente, o sistema político é associado ao uso de força
física legítima nas sociedades”:
“Quando falamos de sistemas políticos, incluímos todas as interações que
afetam ou ameaçam o uso da força física legítima. Os sistemas políticos
incluem não somente organizações governamentais como os legislativos,
cortes de justiça e órgãos administrativos, mas todas as estruturas, inclusive
grupos familiares e sociais, em seus aspectos políticos.” (p.17)
Eles ressaltam quem alguns sistemas políticos têm caráter basicamente regulador
e extrativo e que enquanto o totalitarismo comunista tem uma “poderosa capacidade
distributiva” e pouco responsiva, as democracias têm a capabilidade responsiva mais
elevada, uma vez que são mais afetadas por inputs de demandas de grupos da sociedade.
O segundo nível de funcionamento é interno, ao sistema, são os processos de
conversão:
“Os processos de conversão, ou funções, são os métodos pelos quais os
sistemas transformam inputs em outputs. No sistema político, essa
conversão envolve os métodos pelos quais demandas e suportes são
transformados em decisões oficiais e implementados, ou cumpridos.”
(p.24)
“Geralmente o grau até onde uma orientação geral é executada depende das
interpretações que os burocratas dão à mesma e do espírito e efetividade
com que a impõem. Assim, muito da substância das decisões políticas cabe
à decisão dos burocratas, e a efetividade de tais decisões é consequência do
espírito e da vontade dos burocratas” (p.99-100)
GUIMARÃES aborda as categorias fornecidas por Schweitzer, em uma leitura de Weber, que
distingue três possíveis formas de relacionamento na interação entre empresariado e Estado: o
capitalismo implementado politicamente, o capitalismo orientado politicamente e o capitalismo
dirigido pelo Estado. Na primeira forma “os grupos empresarios privados usam de usa influência para
fazer com que suas políticas sejam adotadas pelo Estado”; na segunda forma “os grupos funcionais ou
políticos – partidos, burocracias, militares – definem objetivos políticos para o Estado que implicam
na expansão das atividades do governo”; na terceira forma “tais grupos funcionais ou políticos
mobilizam o aparato estatal, impondo objetivos e pondo em prática controles diretos sobre a economia,
inclusive reestruturando mercados e controlando a massa de recursos para a realização de políticas
prioritárias”. Com isso, “o problema de como o empresariado articula seus interesses se torna muito
complexo.
A partir de quadro um Guimarães relacionam os tipos de capitalismo (politicamente
implementado, politicamente orientado e dirigido pelo estado) à quatro formas de articulação de
interesses (Corporativismo subordinado, Anéis Burocráticos, Articulação de interesses econômicos
gerais e Elites de Classe). No caso do politicamente implementado não haveria um corporativismo
subordinado; no caso do politicamente orientado não existiria elites de classes; e no caso do dirigido
pelo Estado, além da ausência de uma elite de classe, não se caracterizaria por uma articulação de
interesses econômicos de classe.
No caso brasileiro, o diagnóstico aproxima a um padrão de “corporativismo subordinado”, na
expressão de Manoilesco, ou de “corporativismo de Estado”, expressão de Schmitter. A organização
de interesses no Brasil, desde o Estado Novo vem sendo regulado por uma legislação corporativista.
Outra forma de articulação de interesses no caso do Brasil, são os anéis burocráticos, que aparece nos
trabalhos de Fernando Henrique Cardoso. A combinação dessas duas formas de articulação de
interesses, corporativismo subordinado e anéis burocráticos, se se somasse a uma ausência da
articulação de interesses econômicos gereis e de elite de classe, segundo o quadro (Tipos de
Capitalismo x Formas de Articulação de Interesses), situaria o caso brasileiro como Dirigido pelo
Estado. Porém como ressalta Guimarães:
Com bases nesses estudos da Ciência Política sobre o sistema político e processo
decisório político, com seus inputs, conversões e outputs, e a questão se alguém manda?
ou quem manda? Mesmo que não considere uma estrutura de poder consolidada ao longo
do tempo, alguns agentes políticos se revelam privilegiados na relação de influência do
processo decisório político, principalmente quando se trata dos empresários, homens de
negócios e a burocracia, servidores públicos, não só estatais, que interferem a
implementação e cumprimento de decisões do sistema políticas, afetando o seu
desempenho.