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Consistem em situações em que a posição do credor aparece reforçada para além do que
resultaria da responsabilidade patrimonial do devedor. Esse reforço pode ter caracter
meramente quantitativo, como sucede quando a garantia vai implicar, através da constituição
de uma nova obrigação, que outros patrimónios para além do património do devedor sejam
sujeitos ao poder de execução do credor ou ter carater qualitativo, qd o credor adquire o dt de
ser pago com preferência sobre outros credores, em relação a bens determinados ou
rendimentos desses bens.
Em termos genéricos existe uma garantia especial, sempre que exista algum reforço da posição
jurídica do credor, em confronto com a posição de outros credores.
Separação de patrimónios
Situação em que a lei prevê a sujeição de certos bens do devedor a um regime próprio de
responsabilidade por dividas, dos bens adquiridos pelo mandatário no mandato de
representação (art. 1184º), a meação nos bens comuns do casal, em relação aos bens próprios
dos conjugues (art 1695º).
Consiste em toda e qualquer garantia que por lei, decisão judicial ou negócio jurídico, é
imposta ou autorizada para assegurar o cumprimento de obrigações eventuais ou de amplitude
indeterminada.
623º
624º
625º
626º
Cessão de bens aos credores
831º
Forma
Caso a cessão envolva bens imoveis, deverá necessariamente constar de escritura pública. A
cessão deve ainda ser registada sempre que envolva bens sujeitos a registo (art 832º nº2).
Objecto
Art 831º refere que ele pode consistir em todo o património do devedor ou apenas em parte
dele, o que implica que o obj do negócio terá de corresponder a uma universalidade
patrimonial, e não a bens determinados. Se o negócio for limitado a bens considerados
individualmente, a situação corresponderá a uma dação pro solvendo e não de uma cessão de
bens ao credor.
Efeitos
o Restringe a possibilidade de se instaurarem execuções sobre esses bens, uma vez que a
partir do momento em que a cessão é celebrada, apenas os titulares de créditos
anteriores podem executar esses bens até á data da sua alienação. Nem os
cessionários nem os credores posteriores à cessão podem instaurar qualquer execução
sobre bens cedidos (art. 833º). No entanto sendo declarada a insolvência do devedor,
os bens objeto de cessão são igualmente apreendidos no processo de insolvência.
Extinção
A cessão de bens aos credores pode extinguir-se pelas formas gerais de extinção dos contratos.
Daqui resulta que a desistência da cessão de bens aos credores se apresenta condicionada à
satisfação do interesse do cumprimento em relação aos cessionários e a sua verificação não
afecta quaisquer actos e administração ou disposição dos bens cedidos, que entretanto estes
tenham praticado.
Natureza jurídica
Alguns autores pretenderam atribuir-lhe a natureza processual. Para outros, a cessão de bens
aos credores constituiria um caso particular de dação em cumprimento. Para outros estar-se-ia
perante um contrato real, em que se verifica a transmissão para cessionários das faculdades de
administração e disposição dos bens.
Para o prof. ML, consiste num caso particular de mandato sem representação para alienar no
interesse comum de ambas as partes. Efetivamente trata-se de um mandato, pq estão
presentes na cessão todos os traços desta figura, já que os credores são encarregados de
praticar actos jurídicos e o devedor pode fiscalizar a gestão e exigir a prestação de contas.
Trata-se de um mandato sem representação para alienar, uma vez que no caso contrário os
actos dos credores seriam qualificados como actos do devedor, pelo que não precisam que a
leis os investisse formalmente em poderes de administração e disposição, deles excluindo o
devedor. (art. 834º).
Trata-se de um interesse de ambas as partes, uma vez que a liquidação tanto visa a extinção
dos débitos do devedor, como o pagamento aos credores, existindo por isso na cessão de bens
as mesmas restrições à revogação do contrato que ocorrem no mandato de interesses comuns
(835º).
Art 627º nº1- a situação do fiador é de garante da obrigação com o seu património pessoal,
tendo sido discutido na doutrina se esta situação envolve a constituição de uma obrigação
própria do fiador.
De acordo com o PROF. ML a resposta deve ser afirmativa, uma vez que o fiador tem um dever
de prestar perante o credor, ainda que a sua função seja apenas a de assegurar a realização do
pagamento pelo devedor. Daí que se o fiador efetuar a prestação, tal seja considerado como
um caso de prestação por um 3º que garantiu a obrigação, ainda que sujeita por esse mesmo
motivo à sub-rogação legal (art. 644º).
A fiança é uma garantia pessoal das obrigações através da qual um terceiro assegura a
realização de uma obrigação do devedor, responsabilizando-se pessoalmente com o seu
património por esse cumprimento perante o credor. O valor da fiança como garantia encontra-
se, dependente do valor do património do fiador. Normalmente a fiança abrange todo o
património do fiador, restringe-se a algumas dívidas do devedor, embora possa abranger todas
as dívidas presentes e eventualmente futuras, desde que determináveis. Se não for
estabelecido qualquer critério para a determinação de obrigações futuras a afiançar, o negócio
não poderá deixar de ser considerado nulo por indeterminabilidade do objeto (art 280º).
O negócio que dá origem à fiança tem um carater necessariamente bilateral. Pode por isso
dizer-se que a fiança resulta sempre ou de um contrato entre o fiador e o credor, ou de um
contrato entre o fiador e o devedor que, nesse caso revestirá a natureza de um contrato a favor
de 3º.
Apesar de a fiança ser originada num contrato entre duas partes, sempre elemento de uma
relação trilateral entre o fiador, o credor e o devedor. Daí que a lei sinta a necessidade de
regular especificamente o regime das relações entre o fiador e o credor, e entre o fiador e o
devedor.
Forma
Art. 628º nº1 – a forma da declaração de prestação de fiança é a forma exigida para a
obrigação principal, ainda que se exija declaração expressa do fiador. Esta forma vem a ser
estabelecida apenas para a declaração do fiador, já que não fazendo a lei exigência semelhante
relativamente à declaração da outra parte no contrato de fiança, seja ela o devedor ou o
credor, estas estarão naturalmente sujeitas ao regime da consensualidade (art 219º).
A lei não exige portanto que a fiança seja genericamente prestada por escrito, podendo esta
revestir a forma consensual, sempre que a obrigação principal não esteja sujeita a qualquer
forma. Nesse caso, a fiança poderá ser provada por qualquer meio, não podendo o fiador elidir
a sua responsabilidade com o argumento de que não celebrou qualquer declaração escrita. Já
se a obrigação principal exigir forma superior à escrita para a sua constituição (escritura publica
ou documento particular autenticado), a fiança não será válida se não adotar essa mesma
forma, mesmo que seja prestada por escrito.
Principais características
Acessoriedade-, art 627º nº2- a obrigação do fiador apresenta-se na dependência
estrutural e funcional do da obrigação do devedor, sendo determinada por essa
obrigação em termos genéricos, funcionais e extintivos. A dependência da obrigação
do fiador em relação á obrigação do devedor começa na forma de declaração da
prestação de fiança, que é a da forma exigida para a obrigação principal, ainda que seja
exigida declaração expressa do fiador (art 628º nº1). Estende-se tbm ao âmbito da
fiança, já que no art 631º nº1, se refere que a fiança não pode exceder a divida
principal nem ser contraída em condições mais onerosas, ficando sujeita à redução
caso tal venha a suceder (art 631º nº2).
Para além disso, o art. 639º, refere que a subsidariedadde da fiança opera mesmo
existindo garantias reais constituídas po terceiro antes da fiança, já que o fiador tem
igualmente o dt de exigir a execução prévia das coisas sobre que recai a garantia real.
Constitui uma característica não essencial, uma vez que o fiador pode renunciar a ela
(art. 640º a)).
Art 634º- daqui se retira que o credor pode exercer perante o fiador os mesmos
direitos que tem perante o devedor, quer estes respeite à ação de cumprimento, quer
à indemnização por incumprimento, mora ou cumprimento defeituoso.
Meios de defesa- Art 637º, o fiador pode exercer perante o credor, além dos meios de
defesa que lhe são próprios, as exceções que competem ao devedor, salvo se forem
incompatíveis com a sua obrigação. O fiador pode assim utilizar perante o credor tanto
as exceções respeitantes à relação de fiança, como as exceções relativas á própria
obrigação do devedor, não produzindo a renúncia deste a essas exceções, qualquer
efeito em relação ao fiador (art 637º nº2).
Já não se admite porém que o fiador possa invocar exceções relativas ao devedor que
se mostrem incompatíveis com a sua obrigação.
Determina-se que em caso julgado entre o credor e o devedor, esse caso julgado não é
oponível ao fiador, mas pode ser invocado por este em seu benefício, salvo se respeitar
a circunstâncias pessoais do devedor, que não excluam a responsabilidade do fiador
(art. 635º nº1).
Já quanto ao caso julgado entre credor e o fiador, este aproveita ao devedor, mas não o
prejudica o caso julgado desfavorável (art. 635º nº2).
Para além do beneficio da excussão, o art. 642º atribui ainda outros meios de defesa
ao fiador. É-lhe assim permitido recusar o cumprimento enquanto o dt do credor puder
ser satisfeito por compensação com um crédito do devedor ou se este tiver a
Art 644º - desta norma resulta que apesar da exigência de uma obrigação do fiador
perante o credor (art 627º), o cumprimento da obrigação pelo fiador não é equiparado
ao cumprimento pelo devedor solidário, na medida em que não confere apenas um dt
de regresso, mas antes implica, por via da sub-rogação legal (art 592º nº1), uma
verdadeira transmissão do crédito para o fiador, com todos os seus acessórios e
garantias. Por isso podem contimuar a ser opostas ao fiador que cumpriu a obrigação
as measmas exceções que poderiam ser invocadas perante o credor. Se porem o
devedor tiver consentido no cumprimento pelo fiador ou avisado por este, não lhe
tiver dado conhecimento, injustificadamente, dos meios de defesa que poderia opor
esses meios contra o fiador. (art 647º).
A lei prevê tbm por motivos de boa fé, deveres específicos de aviso entre o devedor e o
fiador, de modo a evitar que o cumprimento acabe por lesar o outro. (art 645º nº1).
Art 646º
A lei admite que o fiador possa, em certos casos, exigir a sua liberação ou a prestação
de caução. Esses casos constam do art 648º e corresponde ao seguinte:
a) Se o credor obtiver contra o fiador sentença exequível;
b) Se os riscos da fiança se agravarem sensivelmente;
c) Se após a assunção da fiança, o devedor se colocar na situação de não poder ser
demandado ou executado no território continental ou das ilhas adjacentes.;
d) Se o devedor se houver comprometido a desonerar o fiador dentro de certo prazo
ou verificado o evento previsto;
e) Se houverem decorridos 5 anos, não tendo a obrigação principal um termo, ou se,
tendo-o, houver prorrogação legal imposta a qualquer das partes.
Pluralidade de fiadores
Se porém esse pagamento for efetuado sem este ter sido demandado
judicialmente, este não terá o dt de regresso sobre os outros fiadores, sem que
primeiro ter executivo o património do devedor (art 650º nº3).
Extinção da fiança
A fiança de acordo com o princípio da acessoriedade extingue-se quando se extinguir a
obrigação principal (art 651º).
Para além desta causa específica, a lei admite ainda a possibilidade de extinção da
obrigação por causas referentes ao credor.
Se a obrigação principal for pura, o fiador que goza do benefício da excussão tem a
possibilidade, sob a mesma cominação, de exigir a interpelação do devedor, a partir do
momento em que haja decorrido mais de 1 ano sob a assunção de fiança (art 652º
nº2).
A lei aqui pretende evitar, que tendo o fiador a possibilidade de obter a execução do
património do devedor, possa ver no futuro prejudicada essa possibilidade pela inação
do credor em proceder antecipadamente contra o devedor.
A lei prevê ainda que o fiador fique exonerado pelo facto de, em virtude da conduta do
credor, ter perdido a possibilidade de sub-rogação, nos dts do credor contra o devedor,
ocorrendo essa exoneração mesmo que se verifique a solidariedade entre fiadores (art
653º).
Também neste caso, a conduta do credor vem a traduzir-se num prejuízo para o
exercício dos dts do fiador, situação que a lei considera incompatível com a
manutenção da obrigação de fiança. Se no entanto a impossibilidade de sub-rogação
for apenas parcial a fiança não se extingue, ocorrendo apenas a redução da obrigação
do fiador.
A fiança pode ainda extinguir-se se surgir em relação a ela qualquer causa geral de
extinção das obrigações, independentemente da subsistência ou não da obrigação
principal.
Caso comum: a caducidade.
A lei admite um prazo supletivo para a obrigação do fiador no caso de fiança para
garantia de obrigação futura (art 654º). Neste caso além de se admitir ao fiador,
enquanto a obrigação não se constituir, a possibilidade de se liberar da garantia se a
situação patrimonial do devedor se agravar em termos de por em risco os seus dts
contra este, admite-se tbm que essa liberação ocorra se tiverem decorridos 5 anos
sobre a prestação de fiança, quando outro prazo não resulte de convenção (art 654º).
Subfiança (630º)
Consiste numa segunda fiança que é prestada para garantir da obrigação do fiador,
estabelecendo-se em segundo nível de garantia, da mesma forma que o fiador garante a
obrigação do devedor principal, o subfiador garante perante o credor a obrigação do fiador.
Em relação ao benefício da excussão estabelece-se que o subfiador beneficia deste, tanto em
relação ao fiador como em relação ao devedor (art. 643º), tendo assim um duplo benefício, o
qual pode ser excluído nos termos gerais.
No caso de a subfiança ser prestada numa situação de pluralidade de fiadores, art 650º nº4
Resulta da subfiança que o subfiador apenas afiança o fiador perante o credor (art.
630º), pelo que se entende que a sua garantia não se deva considerar extensiva a outro
fiador, salvo quando estipulado por lei.
Retrofiança
Consiste numa fiança destinada a garantir o eventual crédito que o fiador venha a adquirir
sobre o devedor em consequência da sub-rogação legal que se opera caso venha a satisfazer
essa obrigação (art 644º e 592º).
O fiador pode, para prestar fiança, exigir que lhe seja prestada uma garantia adicional relativa
ao crédito que ficará investido no case de vir a ser chamado a cumprir a sua obrigação. A
retrofiança desempenha essa função, vindo um 3º a prestar ao fiador uma fiança relativa á
obrigação do devedor resultante da sub-rogação. Assim o retrofiador não assume qualquer
vinculação perante o primitivo credor, mas apenas perante o fiador, e apenas na hipótese de
este vir a ser sub-rogado no crédito sobre o devedor.
Mandato de crédito
Trata-se de um contrato em que uma das partes assume perante outra a obrigação de conferir
crédito a terceiro, em nome e por conta própria, passando o autor do encargo a garantir esse
crédito como fiador. Sendo quem determina a concessão do crédito, o autor do encargo tem a
possibilidade de revogar o mandato enquanto o crédito não for concedido. (art 629º nº2).
A lei admite que o autor do encargo possa sempre livremente por termo ao mandato,
qualificando essa situação como revogação se o crédito ainda tivesse sido concebido e como
denuncia se tal tiver ocorrido. Neste ultimo caso, a denuncia não libera o autor do encargo da
responsabilidade pelos danos causados.
O encarregado, pelo contrário a partir do momento em que aceita o encargo deixa de poder
renunciar ao mandato. (art. 629º nº3).
Garantia autónoma
Tem natureza contratual, sendo um negócio causal na medida em que se comporta em si uma
função económica própria. O garante não promete o resultado da prestação a título primário,
mas antes para a hipótese de não se verificar o cumprimento por parte de devedor principal.
Modalidades
À primeira solicitação – as partes estipulam ainda que o garante não oporá qualquer exceção á
exigência de garantia, mas antes a satisfará imediatamente sem discussão logo que tal seja
solicitado pelo credor. Neste caso ainda se distingue entre a garantia com ou sem justificação
documental, consoante o pedido de pagamento tenha de ser acompanhado de doc.
comprovativa do evento que desencadeia a garantia ou possa ser realizado
independentemente da junção de qualquer documentação.
Forma
Deverá ser exigida a forma escrita para a declaração do vinculado à garantia autónoma. Já
relativamente à declaração de aceitação, por parte do benefício não será de exigir forma
especial (art. 219º), podendo inclusivamente a aceitação ser meramente tácita (art. 217º).
Regime
Relação de cobertura
Relação de atribuição
Existe um negocio especifico entre o dador de ordem e o beneficiário da garantia, que justifica
que a garantia venha a ser prestada.
Relação de execução
O garante vincula-se a prestar ao beneficiário a garantia nos termos exatos em que se obrigou
perante o dador da ordem.
Estamos aqui perante um verdadeiro contrato, visto que exige a aceitação do beneficiário,
ainda que esta possa ser tácita nos termos do art 217º. O contrato é no entanto unilateral por
criar apenas obrigações para o garante.
Relação de execução
Mas tbm é vedado ao garante, opor ao beneficiário exceções oriundas da relação de cobertura,
designadamente o facto de o dador deixar de pagar a redistribuição acordada pela prestação
de garantia, ou ter ordenado ao garante que não prestasse a garantia. Mas já se torna
necessário para poder exigir o cumprimento da obrigação do garante, que o beneficiário faça
perante este prova de que ocorreu o facto constitutivo do seu dt.
Se esta garantia é estabelecida com justificação doc, não basta que o credor formule ao garante
a exigência da garantia, sendo necessário que essa exigência seja comprovada
documentalmente com a demonstração de que ocorreu o facto que determina a exigência da
garantia. Se, pelo contrário, a garantia autonoma é estabelecida sem justificação documental,
basta ao credor formular pura e simplesmente a exigência da garantia, devendo o garante,
independentemente de qualquer prova, liquidá-la imediatamente.
No entanto neste ultimo caso, o pagamento poderá ser recusado em determinadas hipóteses
típicas, como sejam, a extinção da garantia por cumprimento, resolução ou caducidade.
Um dos termos do negócio é que o reembolso seja tbm á 1º solicitação, o que exclui que o
devedor possa opor ao garante as exceções relativas ao crédito que sobre ele tinha o
beneficiário, devendo efetuar tbm automaticamente o pagamento.