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Caso n.

o 14

O Banco X, onde Daniel tem conta, obrigou-se a transferir para a conta Daniel €3.000,00,
que este se obrigou a restituir no prazo de 6 meses.
 Trata-se de um contrato de mútuo?

Abertura de crédito (aberta linha crédito no qual se pode atingir um montante final) vs
contrato de mútuo (valor concreto)

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis,

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

De acordo com o art 1143º uma vez que o contrato tem por objeto a quantia de 3.000€
este está sujeito a forma especial, neste caso, a documento assinado pelo mutuário.

O mútuo é um contrato naturalmente oneroso – refere i 1145º/1 em que as partes podem


convencionar o pagamento de juros como retribuição do mútuo; este presume-se oneroso
em caso de dúvida. Neste caso não parecem ter sido estabelecido juros uma vez que D
apenas se obrigou a restituir no prazo de 6 meses os 3 000€ sem ser referido qualquer
valor de juros- Do 1145º resulta que a onerosidade não sendo uma característica essencial
é uma característica natural do mútuo, uma vez que vigora uma presunçãp de
onerosidade.

Contudo as partes podem estipular a gratituidade deste contrato, derrogando a


presunção. Em qualquer caso tanto o mútuo oneroso como o mútuo gratuito constituem
um esquema causal unitário.

A presunção da onerosidade do mútuo funciona relativamente à estipulação de júris à


taxa legal, dado que se as partes quisessem estipular uma taxa diferente, terão que o
fazer por escrito (559º/2).

Importa ainda saber se se exige alguma forma especial se as partes quiserem estipular
expressamente o caracter gratuito do mútuo não está sujeito a forma especial:
o Doutrina tem respondido no sentido maioritariamente negativo,
considerando que a estipulação do carácter gratuito do mútuo não está
sujeito a forma especial, podendo resultar inclusivo do conteúdo do
contrato ou dos elementos que o acompanham, desde que resulte com
toda a probabilidade que a vontade das partes vai nesse sentido.
 No entanto, caso o mútuo tenha por objeto dinheiro, o acordo de
exoneração de juros apenas se aplicará àqueles que seriam devidos
atè à data do vencimento da obrigação de restituição do capital,
uma vez que após essa data, com a entrada do mutuário passam a
ser automaticamente devidos juros legais (805º nº2 a) e 806º).

Dentro das modalidades do especiais de mútuo assume especial relevância o caso


bancário, o que qual consiste no mútuo que é celebrado por instituições bancárias.
Normalmente, o mútuo bancário corresponderá a um mútuo de escopo, uma vez que os
empréstimos bancários costumam ser realizados tomando em atenção o fim específico a
que o mutuário se compromete a aplicar as quantias mutuadas mas tal não corresponde a
uma característica essencial desse contrato.

O mútuo bancário seja qual for o seu valor quando feito por estabelecimento bancário
autorizado podem provar-se por escrito particular ainda que a outra parte não seja
comerciante – neste caso não é referido se foi celebrado o contrato por forma escrita
(esta é uma exigência que provém não só do regime geral dos contratos de mútuo uma
vez que a quantia é superior a 2.500€

Neste caso estamos assim perante um contrato de mútuo bancário curto (inferior a um
ano a partir da data em que os fundo são colocado à disposição do respetivo beneficiário).
Este mútuo tem por objeto a quantia de 3.000€ - o dinheiro é uma coisa fungível e
normalmente consumível, logo pode ser objeto do contrato de mútuo.

Este deve ser realizado por documento escrito.

O mútuo bancário seja qual for o seu valor quando feito por estabelecimento bancário
autorizado podem provar-se por escrito particular ainda que a outra parte não seja
comerciante – neste caso não é referido se foi celebrado o contrato por forma escrita
(esta é uma exigência que provém não só do regime geral dos contratos de mútuo uma
vez que a quantia é superior a 2.500€, quer seja pelo estabelecido no DL 58/2013

As partes sendo o mútuo um acto de administração extraordinária tanto para o


mutuante como para o mutuário (seja este oneroso ou gratuito), não podem estar
abrangidos por alguma incapacidade (menoridade, interdição, inabilitação) e a sua
legitimidade para celebrar contratos de mútuo é limitada ao proprietário das coisas ou a
quem tem a faculdade de disposição sobre elas – neste caso as partes não parecem sofrer
de qualquer vicio a nível quer de capacidade quer de legitimidade.

Caso n.o 15

Ana emprestou a Bárbara €2.000,00, que esta se obrigou a devolver à primeira no prazo
de um ano. Sem que Bárbara soubesse, o dinheiro pertencia a Carlos. Quid iuris?

Estamos perante um contrato de mútuo

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis,

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

O contrato tem por objeto a quantia de 2000€

- De acordo com o art 1143º uma vez que o contrato não tem por objeto uma quantia
superior a 2500€ este não está sujeito a forma especial, neste caso, a documento assinado
pelo mutuário.

- Uma vez que o contrato tem por objeto dinheiro, trata-se de uma coisa fungível e
normalmente consumível (208º)- este poderia ser objeto do contrato de mútuo

Não foi definido juros

O mútuo é um contrato naturalmente oneroso – refere i 1145º/1 em que as partes podem


convencionar o pagamento de juros como retribuição do mútuo; este presume-se oneroso
em caso de dúvida. Neste caso não parecem ter sido estabelecido juros uma vez que D
apenas se obrigou a restituir no prazo de 6 meses os 3 000€ sem ser referido qualquer
valor de juros- Do 1145º resulta que a onerosidade não sendo uma característica essencial
é uma característica natural do mútuo, uma vez que vigora uma presunçãp de
onerosidade.
Contudo as partes podem estipular a gratituidade deste contrato, derrogando a
presunção. Em qualquer caso tanto o mútuo oneroso como o mútuo gratuito constituem
um esquema causal unitário.

A presunção da onerosidade do mútuo funciona relativamente à estipulação de júris à


taxa legal, dado que se as partes quisessem estipular uma taxa diferente, terão que o
fazer por escrito (559º/2).

o A Doutrina tem respondido no sentido maioritariamente negativa


relativamente à necessidade de forma especial se as partes quiserem
estipular um contrato gratuito de mútuo, considerando que a estipulação
do carácter gratuito do mútuo não está sujeito a forma especial, podendo
resultar inclusivo do conteúdo do contrato ou dos elementos que o
acompanham, desde que resulte com toda a probabilidade que a vontade
das partes vai nesse sentido.

Estaremos assim perante um contrato de mútuo gratuito- a onorisadede não faz parte dos
seus elementos essenciais, embora este seja quase sempre esta a modalidade do contrato
de mútuo adotada pelas partes.

Estaremos aqui perante um problema de legitimidade.

As partes sendo o mútuo um acto de administração extraordinária tanto para o mutuante


como para o mutuário (seja este oneroso ou gratuito), não podem estar abrangidos por
alguma incapacidade (menoridade, interdição, inabilitação) e a sua legitimidade para
celebrar contratos de mútuo é limitada ao proprietário das coisas ou a quem tem a
faculdade de disposição sobre elas.

O professor ML defende que a celebração do mútuo por quem não tem legitimidade para
dispor das coisas mutuadas não pode implicar a transmissão da propriedade sobre as
mesmas, na medida em que uma datio de coisas fungíveis implica sempre uma
transmissão da propriedade em função da commixitio que se verifica e atento o facto de a
reinvindicação ser apenas idónea à restituição de coisas determinadas. No entanto não
deve deixar de se considerar aplicável a regra do art 892º, por força da remissçai do artigo
939º:

 Assim um mútuo celebrado com dinheiro alheio será considerado nulo, não
gerando para o mutuário o prazo de utilização do capital nem para o mutuante o
direito a juros e à restituição do capital.
 A nulidade do mútuo coloca-se no âmbito da relação entre as partes, na medida
em que conforme se salientou não pode afetar a posição do titular do dinheiro que
se vê privado da sua propriedade.
 Tem sido divergentes nas doutrina os meios de reação contra o mutuante:
o Uma parte da doutrina entende que o titular das coisas fungíveis poderia
sub-rogar-se ao mutuante no exercício dos respetivos direitos – GALASSO-,
mas esta posição tem sido criticada com o fundamento de que a utilização
de dinheiro alheio para a celebração do mútuo não basta para alterar a
pessoa que figura no contrato, uma vez que exclusivamente em relação a
esta que o mutuário aceitou vincular-se.
o Parece assim que o titular das coisas fungíveis apenas poderá, verificados
os respetivos pressupostos, solicitar ao mutuante o direito de
indemnização pelos danos sofridos, com fundamento na responsabilidade
civil ou o direito à restituição por enriquecimento com fundamento no
enriquecimento por intervenção.

Caso n.o 16

Conhecendo a necessidade de Eliseu, promotor imobiliário, obter fundos para a


construção de um prédio, Fernando prometeu emprestar-lhe €100.000,00 a uma taxa de
8,5% ao ano. Ficou acordado que Fernando entregaria o dinheiro a Eliseu daí a um mês.
Passado um ano, e apesar de vários pedidos, Fernando ainda não deu dinheiro algum a
Eliseu que, entretanto, se viu impedido de começar a construção, o que lhe tem trazido
grande prejuízo. Quid iuris?

Estamos perante um contrato- promessa de mútuo

Temos de saber se se considerar real constituem

Tipo de mutuo? Mutuo civil ou mutuo mercantil

Mutuo mercantil- tem de servir para um qualquer ato mercantil- averiguação recorrendo
à teoria do acessório.

Ver as diferenças – neste caso estaríamos perante um mutuo mercantil embors tal
pudesse ser discutido.
A diferença é grande tanto ao nível da forma como ao nível dos juros.

Tem-se questionado na doutrina a admissibilidade do cp de mutuo:

 A posição tradicional era a da inadmissibilidade dessa promessa na medida em que


para alguns autores, não faria sentido que o legislador impusesse às partes o ónus
de efetuar a tradição da coisa para efeitos de constituição do mutuo para depois
dispensar desse ónus em relação À celebração do respetivo contrato promessa.
o A esta argumentação tem sido porém respondido que a tradição das coisas
mutuadas é exigida por lei para a constituição do mútuo mas não da
promessa de mútuo que constitui um tipo negocial distinto. Para além
disso, afirma-se que não há identidade entre a obrigação de dare que seria
típica do mútuo consensual e a obrigação resultante da promessa de
mútuo que consiste em emitir uma nova declaração negocial
acompanhada da tradição da coisa, o que implica a prestação não apenas
de dare mas também e principalmente de contrahere, ou seja de face
negocial.
o ML: Ora reconhecendo o nosso direito o CP como figura geral nos termos
do 410º não parece haver razão para excluir a sua aplicabilidade no caso do
mútuo. Teríamos assim um cp em que a obrigação do promitente não
consiste apenas num facere jurídico mas também num dare.

Adotando a posição que admite este contrato tem sido porém ainda controvertido a
questão de recurso à execução especifica prevista no 830º, com o fundamento que a
promessa de mútup bem como nos outros contratos reais quod constitutionem, a
sentença não pode produzir os efeitos acompanhada da tradição da coisa.

À objeção de que a entrega de uma coisa também pode ser objeto de execução especifica
nos termos do 827º tem-se replicado com o argumento de que a execução especifica para
a entrega de certa coisa é um ato idóneo para efetuar a transferência forçada da posse ou
detenção da coisa mas não para realizar a transferência da propriedade como ocorre na
datio mutui. Parece assim de defender a exclusão da execução especifica da promessa de
mútuo.

MC diz que é configurável a execução especifica- defende mutuo consensual- o que


tribunal não se substituiu à parte na entrega do dinheiro mas apenas na emissão do
contrato futuro.

O incumprimento da promessa de mútuo apenas poderá dar lugar à obrigação de


indemnização pelos danos causados ao credor. A doutrina tem porém questionado qual o
montante de indemnização que poderá ser atribuído por esse incumprimento:

 Para alguns autores a indemnização pela não celebração do mútuo corresponderá


À diferença entre a taxa de juro estipulada e aquele que o beneficiário da
promessa veio a obter noutro mútuo que veio a celebrar;
 ML: Parece preferível a posição que sustenta não haver limite para a indemnização
neste caso, nada impedindo o beneficiário de reclamar outros danos sofridos em
virtude do incumprimento dessa obrigação de contratar, como por exemplo os
resultantes da indisposnibilidade do capital até à contração do empréstimo
definitivo.

Se o contrato chegasse a ser celebrado

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis,

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

Uma vez que o contrato tem por objeto dinheiro, trata-se de uma coisa fungível e
normalmente consumível (208º)- este poderia ser objeto do contrato de mútuo.

Estamos perante um contrato um mutuo de escopo: – mutuo em que o mutuário além de


se comprometer à restituição do capital e juros mutuados, se compromete ainda à aplicação
das quantias mutuadas no âmbito de um fim especifico, acordada com o mutuante. É uma
modalidade atípica no mutuo uma vez que nesta a liberdade, que o mutuário possui em
regra deixa de existir uma vez que ele se compromete a aplicar as quantias mutuadas num
fim especifico, também do interesse do mutuante.

Existem 3 tipos de mútuos de escopo:

 1. Escopo legal
 2. Escopo legal facilitado
 3. Escopo voluntário

Neste caso uma vez que não estão em causa interesses públicos mas antes interesses
meramente privado. Estamos assim perante um mutúo de fim convencional onde não há a
imposição legal das quantias mutuadas a um fim convencionado mas antes se estabelecem
limites à utilização das quantias mutuada, em resultado da estipulação das partes.

Entre as causas de extinção do contrato de mutuo encontra-se a afetação das quantias


entregues a fins diferentes daquele que para que foram emprestadas no mútuo de escopo.
Naturalmente que a exigência de restituição antecipada pelo mutuante implicará que ele
perca o direito aos juros voncendos a partir do momento em que a restituição do capital se
concretiza.

Neste caso estamos perante um mútuo oneroso

O mútuo é um contrato naturalmente oneroso – refere o 1145º/1 em que as partes


podem convencionar o pagamento de juros como retribuição do mútuo; este presume-se
oneroso em caso de duvida- neste caso estamos perante um mútuo oneroso uma vez que
foram estabelecidas taxas de juro.

O objeto do contrato é 100 000€ em dinheiro

De acordo com o art 1143º uma vez que o contrato tem por objeto uma quantia superior
a 25 000€ logo este está sujeito a forma especial, neste caso, este para ser válido terá de
ser celebrado por escritura pública ou por documento particular autenticado (DL
116/2008).

Para além disso foi estabelecida uma taxa de juro superior à taxa legal,
consequentemente a convenção relativa a esses juros tem de ser celebrada por escrito
sem o que serão devido apenas os juros legais (559º e portaria 291/03- taxa de juros civis
é de 4%).

Neste caso estamos perante juros estabelecido sem garantia real (ou pelo menos nada no
enunciado indica que tenha sido estabelecida tal garantia) consequentemente a taxa de
juro legal máxima permitida nestes casos é de 9% - a taxa estabelecida foi de 8,5% por isso
não estamos perante um mútuo usurário nos termos do 1143º.
1150º - pode resolver o mutuo

Penhor

102º CCom

Alertas dos avisos 32775 de 1943- artigo único: no mútuo bancário seja qual for o seu
valor quando feito por estabelecimento bancário autorizado podem provar-se por escrito
particular ainda que a outra parte não seja comerciante – neste caso não é referido se foi
celebrado o contrato por forma escrita (esta é uma exigência que provém não só do
regime geral dos contratos de mútuo uma vez que a quantia é superior a 2.500€, quer seja
pelo estabelecido no DL 58/2013

Caso n.o 17

Gabriela emprestou a Hugo €100,00 em notas que este descobriu serem falsas logo na
primeira tentativa de utilizar o dinheiro. Quid iuris?

Estamos perante um mútuo gratuito, cujo o objeto é dinheiro (100 €)- este devido a ser
inferior a 2500€ não exige forma especial estando sujeito ao principio da liberdade de
forma.

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis,

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

Uma vez que o contrato tem por objeto dinheiro, trata-se de uma coisa fungível e
normalmente consumível (208º)- este poderia ser objeto do contrato de mútuo.

O mútuo é um contrato naturalmente oneroso – refere i 1145º/1 em que as partes podem


convencionar o pagamento de juros como retribuição do mútuo; este presume-se oneroso
em caso de dúvida. Neste caso não parecem ter sido estabelecido juros uma vez que D
apenas se obrigou a restituir no prazo de 6 meses os 3 000€ sem ser referido qualquer
valor de juros- Do 1145º resulta que a onerosidade não sendo uma característica essencial
é uma característica natural do mútuo, uma vez que vigora uma presunçãp de
onerosidade.

Contudo as partes podem estipular a gratituidade deste contrato, derrogando a


presunção. Em qualquer caso tanto o mútuo oneroso como o mútuo gratuito constituem
um esquema causal unitário.

De acordo com o art 1143º uma vez que o contrato não tem por objeto uma quantia
superior a 2500€ este não está sujeito a forma especial, neste caso, a documento assinado
pelo mutuário.

Em principio as partes tinham neste caso legitimidade e capacidade para celebrar o


contrato

As partes sendo o mútuo um acto de administração extraordinária tanto para o


mutuante como para o mutuário (seja este oneroso ou gratuito), não podem estar
abrangidos por alguma incapacidade (menoridade, interdição, inabilitação) e a sua
legitimidade para celebrar contratos de mútuo é limitada ao proprietário das coisas ou a
quem tem a faculdade de disposição sobre elas – neste caso as partes não parecem sofrer
de qualquer vicio a nível quer de capacidade quer de legitimidade.

Estamos neste caso perante uma perturbação da prestação no âmbito do mútuo:

O CC é extremamente parco no regime que estabelece para este hipótese já que o 1151º
se limita a referir que é aplicável à responsabilidade do mutuante, no mútuo gratuito, o
art 1134º. Desta resulta que o mutuante, no mútuo gratuito não responde por quaisquer
vícios ou limitações de direito ou por vícios de coisa mutuada, a mesmo que se tenha
expressamente responsabilizado ou tenha procedido com dolo.

Os Professores AV/PL afirmam que, quando o dolo assume a forma de erro provocado ou
dissimulado, temos que ter em consideração o artigo 253: neste preceito supõe-se uma
sugestão ou artifício com a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor
da declaração, ou a dissimulação pelo declaratário do erro do declarante. Assim, para
estes autores, a ignorância culposa do vício, por mais grave que seja a culpa, não constitui
dolo, bem como não constitui o simples conhecimento do vício, ou até o conhecimento do
erro do declarante, desde que o comodante nada tenha procurado dissimular. Contudo,
para estes professores, o dolo aqui é entendido de formas mais ampla: abrange todos os
casos em que o mutuante tenha faltado ao dever de denunciar os vícios da coisa ou do
direito, contrapondo-se aqui o dolo à mera culpa ou negligência.
Por outro lado, podemos considerar a posição de ML relativa à posição do
donatário: para este professor, a falta de denúncia não chega para estabelecer a
responsabilidade do donatário. Exige-se antes que o doador tenha a efetiva intenção de
prejudicar o donatário. A solução vertida no artigo 1134 CC é paralela ao artigo 957/1.
Como tal, podemos defender que aqui se possa exigir que, para operar a responsabilidade
do mutuaante que tiver procedido com dolo, o comodante tenha a efetiva intenção de
prejudicar o donatário.

913º e 914º + 909º- se considerarmos o

Caso n.o 18

Precisando de quatro ovos para fazer um bolo, Isabel foi pedi-los emprestados ao seu
vizinho João, o que este fez prontamente. Passados três meses, Isabel apresentou-se a
devolver os quatro ovos, o que João recusou por considerar que tem direito a uma
retribuição. Quid iuris?

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao denominado


empréstimo de coisas fungíveis,

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta
dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo
género e qualidade.

Relativamente às formalidades exigidas, verificamos que o mútuo é um contrato primordialmente


não formal: como resulta do artigo 1143, “o contrato de mútuo de valor superior a 25. 000 só é
válido se for celebrado por escritura pública ou por documento particular autenticado e o de valor
superior a 2500 se for por documento assinado pelo mutuário”. Assim, se o mútuo for de valor
inferior a estes dois valores, vigora o princípio da liberdade de forma, presente no artigo 219 CC.

Objecto do mútuo: segundo o artigo 1142, o mútuo tem por objecto dinheiro ou outra coisa
fungível. Apesar de o objecto comum ser dinheiro, não significa que o mútuo se cinja apenas a este:
são admitidas coisas fungíveis, sendo estas aquelas que se determinam pelo género, qualidade e
quantidade, quando constituam objecto de relações jurídicas. Normalmente as coisa fungíveis são
consumíveis, não significando que não existam excepções.
Esta exigência justifica-se no facto da restituição apenas ser possível em género, isto é, com
bens que, apesar de serem diferentes, coincidem economicamente com aqueles que foram
entregues.
A discussão quanto à fungibilidade da coisa emprestada centra-se se esta característica deva
ser avaliada objectivamente ou subjectivamente:

 A maior parte da doutrina defende que deve ser avaliada objectivamente: apontam
que a fungibilidade advém da característica natural da coisa emprestada;

 A fungibilidade, segundo uma posição minoritária, poderá ser avaliada de forma


subjectiva: aquelas a que as partes atribuem no caso concreto essa característica,
ainda que em sociedade normalmente não a revistam.
Desta forma, podemos excluir as seguintes coisas:
 Imóveis;
 Universalidades de facto (embora possa verificar-se o mútuo de coisas que as
compõem – 206/2);
 Animais;
 Prestações de facto (empréstimo de trabalhadores – aqui haveria uma cessão
temporária da posição contratual nos contratos ou uma indicação do credor para a
realização de terceiros);
 Coisas futura.

Concluímos deste modo que os ovos podem ser objeto do contrato de mútuo. Uma vez que se trata
de uma coisa fungível (objetivamente) mas cujo o valor monetário é baixo não requer forma
especial. Está sujeito ao principio da liberdade de forma.
Os ovos são efetivamente entregues – adotando a posição da maioria da doutrina (Professores
AV/PL, ML e Galvão Telles) que defende que o mútuo se trata de um contrato real quoad
constitutionem, e que como tal, fazem da entrega um elemento essencial do contrato, sem o qual o
contrato não produz efeitos, observamos que uma vez que houve entrega dos ovos o contrato
constitui-se.
Entre as obrigações do mutuário encontra-se a obrigação de restituição do tantundem eiusdem
generalis, ou seja a restituição do outro tanto do mesmo género do que foi recebido. Trata-se de
uma obrigação essencial ao mutuo, presente quer no mutuo oneroso, quer no mutuo gratuito (neste
caso o mutuo foi gratuito) 1 e que se destina a reequilibrar a situação patrimonial das partes,
colocando-as na situação em que se encontravam ao tempo da conclusão do negócio.

Tendo por objeto o tantundem eiusdem generis, a obrigação do mutuário consistirá por isso numa
obrigação pecuniária, quando tiver sido recebida uma quantia em dinheiro ou uma obrigação
obrigação genérica no caso contrário, correspondendo sempre o género àquele da prestação
recebida. Neste último caso a restituição pelo mutuário deve ser feita in natura e não por
equivalente pecuniário, o que significa que o património do mutuante deve ser represtinado na sua
composição qualitativa originária, independentemente das alterações de valor que as coisas
tenham entretanto sofrido.
Fala-se neste caso num principio de homogeneidade qualitativa e quantitativa da prestação do
mutuário em relação à prestação do mutuante.

Excecionalmente admitem-se variações qualitativas do objeto da obrigação de restituição, já que o


1149º estabelece que se o mutui recair em coisa que não seja dinheiro e a prestação se tornar
impossível por causa não imputável ao mutuário pagará este o valor que a coisa tiver no momento
e no lugar do vencimento da obrigação. Neste caso naturalmente que a obrigação restitutória terá
por objeto bens de natureza diferente daqueles que foram entregues, o que constitui uma
importante atenuação da regra de que o mutuário tem que restituir bens do mesmo género e
qualidade (1142º).

1 . O mútuo tanto pode ser oneroso como gratuito, ao contrário do comodato, que só
pode ser gratuito. Assim, como resulta do artigo 1145/1, as partes podem estabelecer
juros como retribuição do mútuo a favor do mutuante – em caso de dúvida, o mútuo
presume-se oneroso, como resulta do artigo 1145/1, parte final.
Assim sendo, os Professores AV/PL e ML defendem que a onerosidade não é
elemento essencial do contrato de mútuo: é antes uma característica natural – vigora uma
presunção de onerosidade. Contudo, as partes podem estipular a gratuitidade do
contrato, derrogando essa presunção. Para além do mais, aponta o Professor MC que esta
presunção não faz sentido no mútuo civil, uma vez que, regra geral, os empréstimos
celebrados entre particulares não têm qualquer juro estipulado.
Mora do credor- não aceita a retribuição -236º
Relativamente ao prazo da restituição: no contrato de mútuo a estipulação de prazo aparece como
essencial ao próprio contrato pelo que nunca pode a obrigação do mutuário ser considerada pura
(77º/!). Não é porém necessário o recurso a tribunal para a fixação destes prazo (777º/2)dado que
o 1148º refere uma solução alternativa.
Uma vez que aqui se tratava de um mútuo gratuito o prazo suplementar era de 30 dias, após a
exigência do seu cumprimento (1148º/1).

Relativamente ao lugar do cumprimento da obrigação mutuária, ela deve ocorrer no lugar


convencionado no contrato. Caso porém falte essa convenção, e uma vez que neste caso se trata
de coisa fungível de outra natureza que não dinheiro, aplica-se o critério geral do lugar do domicilio
do devdor, constante do art 772º CC. ML refere que esta solução parece aplicar-se igualmente aos
contratos de mutúo gratuitos

Neste caso tendo ocorrido um mútuo em género, J não tem razão. I não só pode como deve
entregar bens da mesma espécie e na mesma quantidade que o objeto do mutuo não havendo
qualquer impossibilidade que permita aplica o 1149º

O lugar do cumprimento uma vez que não foi estabelecido deveria ser o domicilio de I e não de J
uma vez que se trata de coisa fungível diferente de dinheiro.

Caso n.o 19

O Banco X emprestou a Eliseu, promotor imobiliário, €500.000,00 para este os utilizar na


construção de um prédio em Lisboa. A restituição deveria ser feita de uma forma faseada,
nos três anos após a construção. Eliseu, porém, gastou o dinheiro todo numa festa de
arromba que decidiu dar numa das melhores discotecas da capital. Quid iuris?

Estamos perante um mútuo bancário. Esta modalidade de mútuo apresenta uma


especialidade de forma, resultante do artigo único da L. nº 32.765, de 29 de Abril de 1943:
segundo o preceito “os contratos de mútuo ou usura, seja qual for o seu valor, quando feitos
por estabelecimentos bancários autorizados, podem provar-se por escrito particular, ainda
mesmo que a outra parte contratante não seja comerciante”.
Assim sendo, e tratando-se de um mútuo bancário, aplicamos este preceito, que vai ao
encontro da solução dada pelo artigo 1143 relativamente ao mútuo de valor superior a
2500.

Normalmente um mútuo bancário corresponderá a um mútuo de escopo, uma vez que os


mútuos bancários costumam ser realizados tomando em atenção um fim especifico a que o
mutuário se compromete a aplicar as quantias mutuadas, mas tal não corresponde a uma
característica essencial do contrato – neste caso temos um mutuo de escopo uma vez que E
se compromete a utilizar aquele valor na construção de um prédio em lisboa.

A restituição deveria ser feita num prazo de 3 anos- estamos assim perante um mútuo de
médio prazo – superior a 1 anos mas não excede os 5 anos considerando que o período de
construção não ultrapassou os dois anos – critério enunciado no art 4º do DL 58/2013.

O art 5º DL 58/2013 determina que os prazos do mutúo bancário devem ser contados a
partir do momento em que os fundos foram colocado à disposição do respetivo beneficiário
e terminam na data estipulada para a liquidação final e integral das operações em causa
sendo obrigatória a fixação da respetiva data de vencimento ou do critério para a
determinação da mesma.

Uma vez que estamos neste caso num mútuo de escopo – mutuo em que o mutuário além
de se comprometer à restituição do capital e juros mutuados, se compromete ainda à
aplicação das quantias mutuadas no âmbito de um fim especifico, acordada com o
mutuante. É uma modalidade atípica no mutuo uma vez que nesta a liberdade, que o
mutuário possui em regra deixa de existir uma vez que ele se compromete a aplicar as
quantias mutuadas num fim especifico, também do interesse do mutuante.

Existem 3 tipos de mútuos de escopo:

 1. Escopo legal
 2. Escopo legal facilitado
 3. Escopo voluntário

Neste caso uma vez que não estão em causa interesses públicos mas antes interesses
meramente privado. Estamos assim perante um mutúo de fim convencional onde não há a
imposição legal das quantias mutuadas a um fim convencionado mas antes se estabelecem
limites à utilização das quantias mutuada, em resultado da estipulação das partes- existe
uma clausula de destinação
Entre as causas de extinção do contrato de mutuo encontra-se a afetação das quantias
entregues a fins diferentes daquele que para que foram emprestadas no mútuo de escopo.
Naturalmente que a exigência de restituição antecipada pelo mutuante implicará que ele
perca o direito aos juros vincendos a partir do momento em que a restituição do capital se
concretiza.

Neste caso, uma vez que os fundos foram desviados o banco poderia extinguir o contrato
ainda que o prazo não tivesse findado e exigir de E a restituição antecipada do valor.

Neste caso não há limitações ao anatocismo – 560º não é proibido

1150º

Caso n.o 20

Carlos entregou a Daniel um exemplar do livro “Del Mutuo”, da autoria de Fragali, para que Daniel o
consultasse, ficando estipulado que, nos 30 dias seguintes, Daniel entregaria a Carlos outro exemplar
da mesma obra.

Estamos perante um mutuo civil gratuito.

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis,

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

Relativamente ao objecto do mútuo:


 segundo o artigo 1142, o mútuo tem por objecto dinheiro ou outra coisa fungível. Apesar
de o objecto comum ser dinheiro, não significa que o mútuo se cinja apenas a este: são
admitidas coisas fungíveis, sendo estas aquelas que se determinam pelo género, qualidade
e quantidade, quando constituam objecto de relações jurídicas. Normalmente as coisa
fungíveis são consumíveis, não significando que não existam excepções.
Esta exigência justifica-se no facto da restituição apenas ser possível em género, isto é, com
bens que, apesar de serem diferentes, coincidem economicamente com aqueles que foram
entregues.
A discussão quanto à fungibilidade da coisa emprestada centra-se se esta característica deva
ser avaliada objectivamente ou subjectivamente:

 A maior parte da doutrina defende que deve ser avaliada objectivamente: apontam
que a fungibilidade advém da característica natural da coisa emprestada;
 A fungibilidade, segundo uma posição minoritária, poderá ser avaliada de forma
subjectiva: aquelas a que as partes atribuem no caso concreto essa característica,
ainda que em sociedade normalmente não a revistam.
Desta forma, podemos excluir as seguintes coisas:
 Imóveis;
 Universalidades de facto (embora possa verificar-se o mútuo de coisas que as
compõem – 206/2);
 Animais;
 Prestações de facto (empréstimo de trabalhadores – aqui haveria uma cessão
temporária da posição contratual nos contratos ou uma indicação do credor para a
realização de terceiros);
 Coisas futura.

Fungibilidade convencional

Concluímos deste modo que o livro pode ser projeto do contrato de mútuo. Uma vez que se trata
de uma coisa fungível (objetivamente) mas cujo o valor monetário é baixo não requer forma
especial. Está sujeito ao principio da liberdade de forma (219º).

O livro em causa é efetivamente entregue – adotando a posição da maioria da doutrina (Professores


AV/PL, ML e Galvão Telles) que defende que o mútuo se trata de um contrato real quoad
constitutionem, e que como tal, fazem da entrega um elemento essencial do contrato, sem o qual o
contrato não produz efeitos, observamos que uma vez que houve entrega do livro o contrato
consequentemente constitui-se.
Relativamente ao prazo da restituição: no contrato de mútuo a estipulação de prazo aparece como
essencial ao próprio contrato pelo que nunca pode a obrigação do mutuário ser considerada pura.
Neste caso as partes estabeleceram o prazo de 30 dias para a entrega de um exemplar igual.

1a Hipótese:

O exemplar entregue por Carlos era pertença da biblioteca da Faculdade.

Quid iuris?

Entre as obrigações do mutuário encontra-se a obrigação de restituição do tantundem eiusdem


generalis, ou seja a restituição do outro tanto do mesmo género do que foi recebido. Trata-se de
uma obrigação essencial ao mutuo, presente quer no mutuo oneroso, quer no mutuo gratuito (neste
caso o mutuo foi gratuito) e que se destina a reequilibrar a situação patrimonial das partes,
colocando-as na situação em que se encontravam ao tempo da conclusão do negócio.

Tendo por objeto o tantundem eiusdem generis, a obrigação do mutuário consistirá por isso numa
obrigação pecuniária, quando tiver sido recebida uma quantia em dinheiro ou uma obrigação
obrigação genérica no caso contrário, correspondendo sempre o género àquele da prestação
recebida. Neste último caso a restituição pelo mutuário deve ser feita in natura e não por
equivalente pecuniário, o que significa que o património do mutuante deve ser represtinado na sua
composição qualitativa originária, independentemente das alterações de valor que as coisas
tenham entretanto sofrido.

Fala-se neste caso num principio de homogeneidade qualitativa e quantitativa da prestação do


mutuário em relação à prestação do mutuante. Está aqui em causa uma obrigação genérica (tem de
entregar um exemplar igual e não um livro especifico) uma vez que a prestação em causa está
apenas determinada quanto ao género (qualidade e quantidade) e uma vez que nada foi estipulado
cabe a C a escolha.
Legitimidade sobre o mutuo - As partes sendo o mútuo um acto de administração

extraordinária tanto para o mutuante como para o mutuário (seja este oneroso ou gratuito),
não podem estar abrangidos por alguma incapacidade (menoridade, interdição,
inabilitação) e a sua legitimidade para celebrar contratos de mútuo é limitada ao
proprietário das coisas ou a quem tem a faculdade de disposição sobre elas – neste caso
havia uma falta de legitimidade
Sendo o juro uma cláusula acessória é necessário ser estabelecida- de acordo com as regras
da interpretação considera-se que é gratuito

A lei não resolve porém a situação especifica do caso de o mutuo ser realizado com coisas alheias.
Neste caso ML refere que naturalmente a propriedade não se transmitirá para o mutuário pelo facto
da entrega, ainda que possa naturalmente ocorrer por commixtio mas ainda assim o proprietário
do dinheiro teria o direito a obter a restituição por enriquecimento sem causa o que afetaria a
situação do mutuário.

Por sua vez na doutrina italiana tem-se defendido a aplicação neste caso do regime da venda de
coisa alheia (892º) ou de doação de bem alheio (956º) consoante o mútuo seja realizado ou não a
titulo oneroso

Aplica-se aqui 0 956º da doação de bens alheios

2a Hipótese:

Daniel recebeu o livro e foi estudar para uma esplanada de Alcântara. Uma súbita e violenta
rajada de vento levou a que o livro cai ́sse ao rio, não mais sendo encontrado. Quid iuris?

Fungibilidade convencional

Entre as obrigações do mutuário encontra-se a obrigação de restituição do tantundem eiusdem


generalis, ou seja a restituição do outro tanto do mesmo género do que foi recebido. Trata-se de
uma obrigação essencial ao mutuo, presente quer no mutuo oneroso, quer no mutuo gratuito (neste
caso o mutuo foi gratuito) e que se destina a reequilibrar a situação patrimonial das partes,
colocando-as na situação em que se encontravam ao tempo da conclusão do negócio.

Tendo por objeto o tantundem eiusdem generis, a obrigação do mutuário consistirá por isso numa
obrigação pecuniária, quando tiver sido recebida uma quantia em dinheiro ou uma obrigação
obrigação genérica no caso contrário, correspondendo sempre o género àquele da prestação
recebida. Neste último caso a restituição pelo mutuário deve ser feita in natura e não por
equivalente pecuniário, o que significa que o património do mutuante deve ser represtinado na sua
composição qualitativa originária, independentemente das alterações de valor que as coisas
tenham entretanto sofrido.

Fala-se neste caso num principio de homogeneidade qualitativa e quantitativa da prestação do


mutuário em relação à prestação do mutuante. Está aqui em causa uma obrigação genérica (tem de
entregar um exemplar igual e não um livro especifico) uma vez que a prestação em causa está
apenas determinada quanto ao género (qualidade e quantidade) e uma vez que nada foi estipulado
cabe a C a escolha.

Excecionalmente admitem-se variações qualitativas do objeto da obrigação de restituição ( exceção


ao principio de homogeneidade qualitativa e quantitativa da prestação do mutuário em relação à
prestação do mutuante) , já que o 1149º estabelece que se o mutuo recair em coisa que não seja
dinheiro e a prestação se tornar impossível por causa não imputável ao mutuário pagará este o valor
que a coisa tiver no momento e no lugar do vencimento da obrigação. Neste caso naturalmente que
a obrigação restitutória terá por objeto bens de natureza diferente daqueles que foram entregues,
o que constitui uma importante atenuação da regra de que o mutuário tem que restituir bens do
mesmo género e qualidade (1142º).

Não constituiu porém causa de extinção do mutuo a impossibilidade da obrigação de restituição


ao contrário do que sucede no regime geral do 790º. Efetivamente quando o mútuo recai sobre
dinheiro a obrigação de restituição constituiu uma obrigação pecuniária, pelo que nesse caso o
perecimento do género nunca se verificaria. Já no caso de o mútuo não recair sobre dinheiro a lei
admite a hipótese de a restituição se tornar impossível ou extremamente difícil por causa não
imputável ao mutuante, mas neste caso ele deve pagar o valor que a coisa tiver no momento e no
lugar do vencimento da obrigação.

Relativamente ao lugar do cumprimento da obrigação mutuária, ela deve ocorrer no lugar


convencionado no contrato. Caso porém falte essa convenção, e uma vez que neste caso se trata
de coisa fungível de outra natureza que não dinheiro, aplica-se o critério geral do lugar do domicilio
do devdor, constante do art 772º CC. ML refere que esta solução parece aplicar-se igualmente aos
contratos de mutúo gratuitos

796º/1 – o risco corre por conta de Daniel- este não se encontra exonerado

O lugar do cumprimento uma vez que não foi estabelecido deveria ser o domicilio de I e não de J
uma vez que se trata de coisa fungível diferente de dinheiro.

Esta obrigação com conteúdo semelhante à da restituição por enriquecimento sem causa
(479º/1), tem o mesmo fundamento na medida em que embora a atribuição patrimonial
do mutuante transmita a propriedade é uma atribuição efetuada a titulo não definitivo
pelo que a não restituição do tantundem enriquece injustificadamente o mutuário
obrigando a restituir um valor à prestação que deveria restituir.

Neste caso não havia sido estipulado que o livro que tinha caído à água era o livro que era
suposto entregar. D ficou vinculado à restituição de um exemplar daquele livro e não
daquele livro em particular. Consequentemente neste caso não se está perante uma
exceção (1149º) uma vez que D pode adquirir um outro exemplar desse mesmo livro e
restituir em espécie – a aquisição de um outro exemplar é em principio possível (nada no
caso indica que o livro é exemplar único ou sequer raro) não excedendo a dificuldade
exigível ao devedor no cumprimento da sua obrigação de restituição do bem espécie para
que se justifique que esta seja feita em dinheiro.

Caso n.o 21

Gil emprestou a Heitor € 3.000,00. O contrato foi celebrado em 1 de janeiro de 2004 e ficou
convencionado um prazo de 5 anos para a restituição, a efetuar anualmente, sem juros, em partes
iguais. Em 1 de janeiro de 2005, Heitor pagou a Gil € 500,00, mas em 1 de janeiro de 2006 esqueceu-se.

Quid iuris?
Estamos perante um mutuo civil gratuito

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis.

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

Relativamente ao objecto do mútuo:


 Segundo o artigo 1142, o mútuo tem por objecto dinheiro ou outra coisa fungível.
Neste caso o objeto do contrato é dinheiro.

Relativamente às formalidades exigidas:


 Verificamos que o mútuo é um contrato primordialmente não formal:
o como resulta do artigo 1143, “o contrato de mútuo de valor superior a 25.
000 só é válido se for celebrado por escritura pública ou por documento
particular autenticado e o de valor superior a 2500 se for por documento
assinado pelo mutuário”. Assim, se o mútuo for de valor inferior a estes dois
valores, vigora o princípio da liberdade de forma, presente no artigo 219 CC.
Neste caso é apenas exigido documento escrito assinado por H.

Relativamente à gratituidade:
 O mútuo tanto pode ser oneroso como gratuito, ao contrário do comodato, que
só pode ser gratuito. Assim, como resulta do artigo 1145/1, as partes podem
estabelecer juros como retribuição do mútuo a favor do mutuante – em caso de
dúvida, o mútuo presume-se oneroso, como resulta do artigo 1145/1, parte final.
 Assim sendo, os Professores AV/PL e ML defendem que a onerosidade não é
elemento essencial do contrato de mútuo: é antes uma característica natural –
vigora uma presunção de onerosidade. Contudo, as partes podem estipular a
gratuitidade do contrato, derrogando essa presunção. Para além do mais, aponta
o Professor MC que esta presunção não faz sentido no mútuo civil, uma vez que,
regra geral, os empréstimos celebrados entre particulares não têm qualquer juro
estipulado
 Neste caso os elementos do caso parecem indicar que estamos perante um mutuo
gratuito
Relativamente ao tempo do cumprimento da obrigação do mutuário:
 há ainda que começar por referir que as partes podem nos termos gerais
convencionar que a restituição não se fará integralmente mas sim por partes,
derrogando a regra do art 763º.
 Neste caso as partes convencionaram um prazo de 5 anos para a restituição, a
efetuar anualmente, sem juros, em partes iguais
 Neste caso teremos em relação à obrigação de restituição uma obrigação
fracionada que poderá no caso do mútuo oneroso ser realizada simultaneamente
com a obrigação do pagamento de juros por parte do mutuário não se aplicará o
prazo de prescrição do artigo 310º do art 310º do CC. Da mesma forma se o
mutuário faltar ao pagamento de uma prestação relativa à restituição do capital, o
mutuante pode imediatamente exigir a restituição por inteiro nos termos do 781º,
regime que não se aplicará às prestações de juros, em que a falta do cumprimento
na data do vencimento apenas autoriza o mutuante a resolver o contrato.
 Neste caso o mutuo é gratuito consequentemente apenas existe uma obrigação de
restituição de uma obrigação fracionada. Uma vez que H falha no pagamento de
uma prestação, G mutuante pode exigir a exigir a restituição por inteiro nos termos
do 781º.
 Regente: 435º: poderia exigir a resolução do contrato ou exigir o pagamento total
(vencimento antecipado e não exigibilidade antecipada) – esta não é contudo
obrigatório- apenas é exigível se houver interpelação pelo mutuanto do mutuário.
 Há mora do devedor (805º/2 e 806º) – há direito mas não houve vencimento
antecipado – há um cumprimento parcial ou seja ainda assim há incumprimento
mas ainda assim pode a parte aceitar o valor reduzido e não pedir este vencimento

Caso n.o 22

Ester entregou € 2.500,00 à sua irmã Fernanda, para que esta os guardasse em sua casa, durante um
mês.
Ficou combinado que se Ester conseguisse ir estudar para a Alemanha no próximo semestre, “o
dinheiro considerava-se emprestado” a Fernanda. Três semanas depois, Ester obteve uma bolsa de
estudos e partiu para Munique.

No dia seguinte, por caso fortuito, em casa de Fernanda verificou-se um enorme incêndio. Todo o
dinheiro existente no imóvel ardeu.

Quid iuris?

Estamos perante um mútuo civil

O mútuo encontra-se previsto nos artigos 1142º e ss do CC, correspondendo ao


denominado empréstimo de coisas fungíveis.

De acordo com o 1142º o contrato de mútuo é o contrato pelo qual uma das partes
empresta dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.

Relativamente ao objecto do mútuo:


 Segundo o artigo 1142, o mútuo tem por objecto dinheiro ou outra coisa fungível.
Neste caso o objeto do contrato é dinheiro.
 O dinheiro em causa é efetivamente entregue – adotando a posição da maioria da doutrina
(Professores AV/PL, ML e Galvão Telles) que defende que o mútuo se trata de um contrato
real quoad constitutionem, e que como tal, fazem da entrega um elemento essencial do
contrato, sem o qual o contrato não produz efeitos, observamos que uma vez que houve
entrega do livro o contrato consequentemente constitui-se.

Relativamente às formalidades exigidas:


 Verificamos que o mútuo é um contrato primordialmente não formal:
o como resulta do artigo 1143, “o contrato de mútuo de valor superior a 25.
000 só é válido se for celebrado por escritura pública ou por documento
particular autenticado e o de valor superior a 2500 se for por documento
assinado pelo mutuário”. Assim, se o mútuo for de valor inferior a estes dois
valores, vigora o princípio da liberdade de forma, presente no artigo 219 CC.
Neste caso visto que a quantia é igual (e não superior) a 2500€ o contrato
está sujeito ao principio da liberdade de forma nos termos do 219º CC
Relativamente ao objecto do mútuo:
 Segundo o artigo 1142, o mútuo tem por objecto dinheiro ou outra coisa fungível.
Neste caso o objeto do contrato é dinheiro.

Estamos perante um de escopo

Uma vez que estamos neste caso num mútuo de escopo – mutuo em que o mutuário além
de se comprometer à restituição do capital e juros mutuados, se compromete ainda à
aplicação das quantias mutuadas no âmbito de um fim especifico, acordada com o
mutuante. É uma modalidade atípica no mutuo uma vez que nesta a liberdade, que o
mutuário possui em regra deixa de existir uma vez que ele se compromete a aplicar as
quantias mutuadas num fim especifico, também do interesse do mutuante.

Existem 3 tipos de mútuos de escopo:

 1. Escopo legal

 2. Escopo legal facilitado

 3. Escopo voluntário

Neste caso uma vez que não estão em causa interesses públicos mas antes interesses
meramente privado. Estamos assim perante um mútuo de fim convencional onde não há a
imposição legal das quantias mutuadas a um fim convencionado mas antes se
estabelecem limites à utilização das quantias mutuada, em resultado da estipulação das
partes.

Neste caso as partes estipulam uma clausula contrato acessório ao contrato de mutuo:

 A estipulação destas clausulas é admitida em relação a qualquer contrato, A


natureza real quod constitutionem do mútuo coloca alguns problemas
relativamente à estipulação de algumas cláusulas.

Neste caso estaremos perante uma condição suspensiva:

 A admissibilidade da sua estipulação tem vindo a ser discutida em relação com a


controvérsia da natureza real ou consensual do contrato de mútuo.
o Para os autores que defendem a natureza consensual do mútuo não se
coloca qualquer problema à admissibilidade de estipulação da condição
suspensiva, a qual é possível como em qualquer contrato.
o Para os autores que defendem a natureza real quod constitutionem do
mútuo a questão coloca-se de maneira diferente consoante a verificação da
condição suspensiva ocorra antes da tradição da coisa ou após a sua
verificação_
 No primeiro caso entende.se que a estipulação da condição não
produz qualquer efeito na medida em que o contrato apenas se
constituiu com a entrega, não havendo por isso antes dela um
mútuo suspensivamente condicionado, mas antes um mútuo não
constituído.
 Ainda que se verifique a condição o mutuante não fica
obrigado a entregar as coisas mutuadas uma vez que a
tradição é um ato livre. A estipulação da condição só pode
por isso servir que a entrega produza os seus efeitos, caso o
mutuante a decida realizar antes da verificação da condição
 Ni segundo caso (quando a verificação da condição ocorra após a
tradição da coisa) entende-se que ocorre estipulação de dois
contratos em união alternativa : um contrato de depósito irregular,
com efeitos imediatos e que vigorará em definitivo em caso de não
verificação da condição e um contrato de mútuo que apenas
produzirá os seus efeitos em caso de verificação da condição.
 Neste caso uma vez que a tradição ocorreu antes da verificação da condição,
entende-se que ocorre estipulação de dois contratos em união alternativa: um
contrato de depósito irregular, com efeitos imediatos e que vigorará em definitivo
em caso de não verificação da condição e um contrato de mútuo que apenas
produzirá os seus efeitos em caso de verificação da condição.

Relativamente à destruição de todo o dinheiro no imóvel

Entre as obrigações do mutuário encontra-se a obrigação de restituição do tantundem eiusdem


generalis, ou seja a restituição do outro tanto do mesmo género do que foi recebido. Trata-se de
uma obrigação essencial ao mutuo, presente quer no mutuo oneroso, quer no mutuo gratuito (neste
caso o mutuo foi gratuito) e que se destina a reequilibrar a situação patrimonial das partes,
colocando-as na situação em que se encontravam ao tempo da conclusão do negócio.

Tendo por objeto o tantundem eiusdem generis, a obrigação do mutuário consistirá por isso numa
obrigação pecuniária, quando tiver sido recebida uma quantia em dinheiro ou uma obrigação
obrigação genérica no caso contrário, correspondendo sempre o género àquele da prestação
recebida. Neste último caso a restituição pelo mutuário deve ser feita in natura e não por
equivalente pecuniário, o que significa que o património do mutuante deve ser represtinado na sua
composição qualitativa originária, independentemente das alterações de valor que as coisas
tenham entretanto sofrido.
Uma vez que o objeto do negócio é dinheiro não é possível neste caso aplicar-se a exceção do 1149º
(o artigo expressamente exclui o dinheiro uma vez que nestes casos não há impossibilidade nem a
dificuldade de aquisição que exceda a exigível ao devedor– a moeda (currency) não se esgota –
continua a existir). Consequentemente o incêndio não extingue a obrigação de restituição de F nos
2500€ objetos do contrato .

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