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C u r s o d e C a m p o - 2 0 0 2
S e g u n d a E d i ç ã o
Jansen Zuanon
Eduardo Venticinque
Novembro - 2002
Coordenadores Monitores
Subclasse Família Gênero Espécie fam fam Fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam fam2 fam fam fam Fam fam fam fam Fam22
1 2 4 7 12 13 15 19 26 29 32 5 16 23 20 24 25 33 31 18 14 30 7 10 26 21 17 9 3 6
Magnoliidae Annonaceae 5-1
Magnoliidae Lauraceae Aniba sp. 2-1
Magnoliidae Lauraceae Endlicheria macrophylla 1-3
Magnoliidae Lauraceae Mezilaurus duckei 2-1
Magnoliidae Lauraceae Ocotea boisseriana 4-1
Magnoliidae Lauraceae Ocotea sp. 1 1-1
Magnoliidae Lauraceae Ocotea sp. 2 1-1
Magnoliidae Lauraceae Ocotea sp. 3 1-1
Magnoliidae Lauraceae Paraia bracteata 4-1
Magnoliidae Lauraceae Paraia bracteata 1-1
Magnoliidae Simaroubaceae Simaba polyphylla 3-1
Magnoliidae Simaroubaceae Siparuna guianensis 1-1
Magnoliidae Siparunaceae Siparuna cuspidata 1-1
Magnoliidae Siparunaceae Siparuna cuspidata 2-1
Magnoliidae Siparunaceae Siparuna guianensis 1-1
Magnoliidae Siparunaceae 1-1
Magnoliidae Siparunaceae 3-1
Hamamelidae Cecropiaceae Pourouma minor 1-1
Hamamelidae Moraceae 3-1
Hamamelidae Moraceae 2-2
Hamamelidae Moraceae? 3-2
Caryophyllidae Polygonaceae Coccoloba confusa 1-2
Dilleniidae Dilleniaceae 2-1
Dilleniidae Dilleniaceae 3-1
Dilleniidae Dilleniaceae 2-3
Dilleniidae Flacourtiaceae 2-2
Dilleniidae Flacourtiaceae? 1-1
Dilleniidae Myrsinaceae Cibianthus sp. 3-2
Dilleniidae Tiliaceae Lueheopsis rosea 2-4
Dilleniidae Violaceae 1-1
Dilleniidae Violaceae? 1-5
Rosidae Burseraceae Crepidospermum rhoifolium 3-1
Rosidae Burseraceae Crepidospermum rhoifolium 1-6
Rosidae Burseraceae Protium arachouchini 1-1
Rosidae Burseraceae Protium divaricatum 1-1
Rosidae Burseraceae Protium giganteum 2-6
Rosidae Burseraceae Protium Hebetatum 2-2
Rosidae Burseraceae Protium Hebetatum 1-1
Rosidae Burseraceae Protium Hebetatum 1-3
Rosidae Burseraceae Protium Hebetatum 4-1
Rosidae Burseraceae Protium Laxiflorum 1-4
Rosidae Burseraceae Protium Laxiflorum 1-1
Rosidae Burseraceae Protium Pilosum 2-2
Rosidae Burseraceae Protium Pilosum 1-1
Rosidae Burseraceae Protium sp. X 2-1
Rosidae Burseraceae Protium Strumosum 1-1
Rosidae Burseraceae Protium Strumosum 1-1
Rosidae Burseraceae Protium Subserratum? 2-1
Rosidae Burseraceae Protium Tenuifolium 1-1
Rosidae Burseraceae Tetragastris Panamensis 1-1
Rosidae Burseraceae Trattinickia Rhoifolia 2-1
Rosidae Burseraceae 1-1
Rosidae Chrysobalanaceae Couepia Guianensis 1-2
Rosidae Chrysobalanaceae Licania gracilipes 2-1
Rosidae Chrysobalanaceae Licania micrantha 1-3
Rosidae Euphorbiaceae Mabea subsessilis 1-2
Rosidae Euphorbiaceae Mabea subsessilis 2-1
Rosidae Euphorbiaceae 1-1
Rosidae Euphorbiaceae 1-1
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga cayenensis 1-4
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga cf. Paraensis 2-2
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga laterifolia 1-1
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga paraensis 1-1
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga paraensis 2-2
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga thibaudiana 1-1
Rosidae Leg: Mimosoideae Inga umbellifera 1-1
Rosidae Leg: Swartzia ingifolia 1-1
Papilionoideae
Rosidae Leg: Swartzia ingifolia 1-1
Papilionoideae
Rosidae Melastomataceae Clidemia bullosa 1-1
Rosidae Melastomataceae Clidemia novemnervia 1-1
Rosidae Melastomataceae Miconia egensis 1-1
Rosidae Melastomataceae Miconia egensis 1-1
Rosidae Melastomataceae Miconia phanerostila 2-1
Rosidae Melastomataceae Miconia pyrifolia 3-2
Rosidae Melastomataceae Miconia tetraspermoides 1-1
Rosidae Meliaceae 1-1
Rosidae Sapindaceae 2-1
Rosidae Sapindaceae 2-1
Rosidae Sapindaceae 2-1
Rosidae Sapindaceae 1-1
Rosidae Sapindaceae 1-1
Asteridae Acanthaceae Mendoncia Pedunculata 2-1
Asteridae Boraginaceae Cordia 1-1
Asteridae Rubiaceae Palicourea Corymbifera 1-2
Asteridae Rubiaceae Psychotria Astrelantha 1-2
Asteridae Solanaceae 1-1
Asteridae Solanaceae? 1-2
Introdução
Aranhas compreendem uma porção significativa da 7 X=Y
AEH
diversidade de artrópodes e, por serem invertebrados 6
predadores de topo, são componentes muito importantes de
5
Leucage (N)
qualquer ecossistema (Toti, Coyle & Miller, 2000). Existem
atualmente cerca de 37.000 espécies de aranhas conhecidas, 4
LEUCAGE
10
Resultados
Foram amostrados 25 agregados, sendo que o número
de indivíduos de Leucage sp. variou de 1 a 18 por agregado, 5
com média de 5 indivíduos por agregado.
Encontramos relação positiva entre o número de 0
indivíduos de Leucage sp. e o número de camadas de teia 0 10 20 30
(r2=0,21; N=25; t=0,49; p=0,02) (Fig. 2a), o comprimento PHOLCIDAE
do agregado (r2=0,57; N=25;t=2,33; p<0,001) (Fig. 2b) e o
número de indivíduos de Pholcidae (r2=0,22; N=25; t=2,30; 20
D
p=0,017) (Fig.2c). A velocidade da água, a superfície do
agregado e a sobreposição com as teias de Pholcidae, não 15
Leucage (N)
apresentaram relação linear com o número de indivíduos
de Leucage sp. (Figs. 2d, e e f).
10
A
20 0
0 1 2 3 4 5
Velocidade da corrente (classes)
15
LEUCAGE (N)
10 20 E
5 15
Leucage (N)
0 10
1 2 3 4 5 6 7 8
N. CAMADAS
5
0
0 1 2 3 4 5
Superficie (m2)
B
20
20
F
15
15
Leucage (N)
Leucage (N)
10 10
5 5
0 0
0 100 200 300 0 1 2 3 4 5
Comprimento (cm) Sobreposição
Figura 2.Regressão linear entre: o número de indivíduos de Leucage sp. e a) o número de camadas de teias do
agregado; b) o comprimento do agregado; c) o número de indivíduos da família Pholcidae; d) a velocidade da corrente
de água do igarapé sob o agregado; e) a superfície do agregado e f) a sobreposição com teias de indivíduos
pertencentes à família Pholcidae.
Liteira (cm)
de raízes através do coeficiente de Pearson. Para avaliar o 7
efeito da fração arenosa na camada de folhas, no tapete de 6
raízes e na liteira como um todo (camada de folhas e tapete 5
de raízes) fizemos regressões lineares. 4
3
Resultados 2
Não houve correlação significativa entre a espessura da 1
camada de folhas e o tapete de raízes (coeficiente de Pearson 0 10 20 30 40 50
r=0,175, Fig. 1), indicando que camadas espessas de folhas Fração de areia (%)
independem da espessura do tapete de raízes.
Figura 3 - Dispersão dos valores da espessura da liteira
(camada de folhas e tapete de raízes) e da fração de
areia na área de estudo.
Camada de folhas (cm)
5,5
5,
4,5 5
3,5
Tapete de raízes (cm)
3,
2,5 4
2,
1,5
1, 3
0,9
0,7
0,5 2
0,4
1, 1,4 1,5 1,6 1,8 2, 2,1 2,5 2,6 3, 3,5 4, 5, 1
Tapete de raízes (cm)
0
0 10 20 30 40 50
Figura 1 – Dispersão dos valores da espessura da camada
Fração de areia (%)
de folhas e do tapete de raízes na área de estudo .
Figura 4 - Dispersão dos valores da espessura do tapete
de raízes e da fração de areia na área de estudo.
As variações da espessura da camada de folhas e da liteira
apresentaram baixa correlação com a fração de areia do solo Discussão
(r 2=0,33, p=0,001, Fig. 2; r2=0,23, p=0,009, Fig. 3, Os resultados indicam que a fração de areia é um fator
respectivamente). A espessura do tapete de raízes não que explica pouco a variação encontrada na espessura da
apresentou relação significativa com a fração de areia do camada de folhas sobre a superfície do solo. Fatores como
solo (r2=0,014, p=0,538, Fig. 4). queda de folhas, pluviosidade e sazonalidade contribuem
diretamente para a espessura da liteira. Basicamente, o vol-
ume de folhas que caem das plantas da comunidade vegetal
6
Camada de folhas (cm)
18
1.900 e 2.400mm. 16
27
da espécie, principalmente, se considerarmos a baixa
24
21 produtividade observada em igarapés amazônicos.
18
15
12
Agradecimentos
9 Agradecemos ao Ocírio de Souza Pereira (Juruna) pela
6
identificação dos girinos e auxílio nas coletas e ao Marcelo
3
0
(Pinguela) pelo apoio logístico. Ao prof. Jansen Zuanon pela
20 25 30 35 40 45 50 55 60
valiosa orientação.
Classes de comprimento (mm)
Referências Bibliográficas
Figura 2. Distribuição de freqüência das classes de Buckup, P.A. 1999. Sistemática e biogeografia de peixes
comprimento de indivíduos de Rivulus compressus
de riachos. Pág. 91-138 in E.P. Caramaschi, R.
amostrados em poças de igarapé (a) e poças de platô
Mazzoni & P. R. Peres, editores. Ecologia de peixes de
(b), na Reserva Ducke.
riachos. Série Oecologia Brasiliensis, vol. VI. PPGE-
UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.
Bührnheim, C.M. & C.C. Fernandes. 2001. Low seasonal
Discussão variation of fish assemblages in Amazonian rain forest
A predominância de indivíduos adultos de R. compressus streams. Ichthyolgical Exploration of Freshwaters 12:
nas poças do platô corrobora nossa hipótese inicial de 65-78.
existência de uma diferença na estrutura das populações nos Ebert, T.A. & M.L. Balko. 1987. Temporary pools as
dois ambientes estudados. Entretanto, este resultado não é islands in space and in time: the biota of vernal pools,
conclusivo em relação ao mecanismo de colonização das in San Diego, Southern California, USA. Archiv. für
poças temporárias. Hydrobiologie 110: 101-123.
Uma premissa assumida neste trabalho foi de que as poças Hanski, I. 1987. Colonization of ephemeral habitats. 155-
presentes no platô são ambientes temporários e que a cada 185 in A. J. Gray, M..J. Crawley & P.J. Edwards,
ano os peixe recolonizam estes ambientes ativamente. Um editors. Colonization, Sucession and Stability. 26 th
experimento sobre reprodução de anfíbios anuros realizado Symposium of the British Ecological Society.
com poças artificiais mostrou que, de fato, após o início do Blackwell Scientific Publications, Oxford.
Metodologia
Realizamos o presente estudo em um local de extração
de madeira de baixo impacto, a Mil madeireira, situada no
km 227 da rodovia AM-010 (02o43’ a 03o04’S e 58o31’ a
58o57’W). A área apresenta pluviosidade média de 2.200
mm anuais e temperatura média de 26oC.
Visando comparar áreas de floresta preservada e áreas
que sofreram diferentes impactos em relação ao corte
seletivo de madeiras, três ambientes diferentes foram
investigados: 1- área de floresta primária livre de
perturbação; 2- área de floresta onde o corte seletivo foi
realizado em 1999 e 3- trilhas abertas para o arraste de
madeira ao longo da área explorada. Figura 1. Esquema de transectos utilizados para amostrar
Três transectos de 50 metros de comprimento a estrutura da vegetação nas áreas estudadas, na Mil
eqüidistantes 50 metros foram percorridos ao longo de cada Madereira, Itacoatiara, AM.
4 13 7
ÍNDICE DE LUMINOSIDADE
DENSIDADE DE CIPÓS
6
12
DAP MÉDIO (CM)
5
3
11 4
3
10
2 2
9 1
0
1 8 c m t
c m t c m t AMBIENTES
AMBIENTES AMBIENTES
250 6 50
DENSIDADE DE PLÂNTULAS
ALTURA DO FOLHIÇO (CM)
DISTÂNCIA MÉDIA (CM)
5
40
200
4
30
3
150
20
2
100 1
c m t 10
c m t c m t
AMBIENTES
AMBIENTES AMBIENTES
DENSIDADE DE PALMEIRAS
DENSIDADE DE ARBUSTOS
0.8
30
0.7
25 0.6 20
0.5
20 0.4
15 0.3
10
0.2
10 0.1
0.0
5 c m t 0
c m t AMBIENTES c m t
AMBIENTES AMBIENTES
Figura 2. Gráficos representando os dados obtidos em cada um dos ambientes estudados para cada variável mensurada.
c- área conservada; m- área no interior da área explorada; t- área próxima às trilhas de arraste ao longo da área
explorada na Mil Madeireira, Itacoatiara, AM.
4 7
ÍNDICE DE LUMIN OSIDADE
DENSIDADE DE CIPÓS
5
3
4
3
2 2
1 0
8 9 10 11 12 13 1 2 3 4
DAP MÉDIO (CM) ÍNDICE DE LUMINOSIDADE
Figura 3. Análises de regressão linear entre o DAP médio (cm) e o índice de luminosidade e entre o índice de
luminosidade e a densidade de cipós.
Para as variáveis que apresentaram diferenças extração de madeiras em floresta tropical na Malásia (Pinard
significativas entre os ambientes estudados realizamos, & Putz 1992 apud Rittl 1998).
posteriormente, análises de regressão linear. O índice de O padrão de luminosidade na Floresta Amazônica vem
luminosidade apresentou relação negativa em relação ao se modificando devido, principalmente, ao efeito da
DAP médio das árvores mais próximas (r2=0,878; P=0,019). atividade madeireira na região (Muggiati & Gondim 1996).
A densidade de cipós, por outro lado, apresentou relação Possivelmente outras mudanças em nível estrutural, como
positiva com índice de luminosidade (r2=0,859 P=0,003) a quantidade de epífitas, palmeiras, arbustos e plântulas não
(Fig. 3). tenham ocorrido e talvez tenham não venham a ocorrer em
um curto período de tempo, ou talvez somente não tenham
Discussão sido observada neste estudo. Muitas destas alterações
Encontramos maior luminosidade na área de extração que estruturais vegetais só podem ser verificadas em períodos
na área preservada e essa parece estar influenciando a longos não podendo ser mensuradas num período de tempo
abundância de cipós e no número de árvores de porte menor curto como por exemplo três anos como observado na área
nos pontos ao longo do transecto. Este padrão foi também de estudo. Além disso o efeito da distância da mata contínua
observado por Laurence (2001) na Amazônia brasileira e (matriz) sobre a estradas de exploração, podem atuar como
Mason (1996) e Mason apud Rittl (1998) em uma floresta tampão, mitigando a curto prazo os danos das alterações
submetida a exploração na Venezuela. Os mesmos padrões causadas pela extração de madeira.
obtidos neste estudo para cipós foram verificados após a Estudos ligados a composição das espécies são
Referências Bibliográficas
2000
Clark, D.B & D.A. Clark. 1985. Seedling dynamics of a
tropical tree: impacts of herbivory and meristem
1000 damage. Ecology 66: 1884-1892.
Coley, P.D. 1983. Herbivory and defensive characteristics
0
of tree species in a lowland tropical forest. Ecological
Monographs 53: 209-233.
Coley, P.D. & T.M. Aide. 1991. Comparison of herbivory
Limbo Borda and plant defenses in temperate and tropical broad-
leaved forests. pp. 25-49 in P.W Price, T.M.
Lewinsohn, G.W. Fernandes & WW Benson, editors.
Figura 1. Média da área foliar atacada no limbo e na Plant-Animal Interactions: Evolutionary Ecology in
borda (margem) nas espécies vegetais estudadas na Mil Tropical Temperate Regions. John Wiley and Sons,
Madereira, Amazônia Central. New York.
Frequência
Resultados 3
estudados mostrou que, nos dois ambientes, não houve uma Morfoespécies
(Equitatividade)
4
Frequência
E1 0.88
3
E2 0.98
2
E3 0.99 1
E4 0.98 0
11 13 9 23 24 6 28 3 4 19 25 29 30 32 1 2 5 7 8 10 12 14 15 16 17 18 20 26 27 33 34
P1 0.94 Morfoespécies
P2 0.98
Figura 3. Distribuição da abundância das morfoespécies
P3 0.95 de aranhas presentes na área preservada.
Discussão
6.5
No workshop promovido pelo projeto BIONTE (1998),
em Manaus, a principal conclusão que se tirou foi de que o
6.0
problema central do manejo florestal do estado do Amazonas
5.5
é que a extração de madeira não é feita de modo sustentável.
5.0 Como conseqüência, há o risco de que, com o tempo, o
4.5 suprimento dos produtos da madeira comece a diminuir no
4.0
mercado e, ao mesmo tempo, de que haja uma séria ameaça
à integridade dos ecossistemas amazônicos.
3.5
Apesar disto, podemos dizer que de acordo com nossos
3.0
resultados, a extração seletiva de madeira não afeta a
2.5 comunidade de aranhas de maneira expressiva. Se a curva
E4 E2 P2 P1 E3 P3 E1
de espécies/área fosse feita não teríamos chegado à
Figura 1. Dendrograma calculado pela Distância estabilização, visto que da primeira à última amostra
Euclidiana entre os pontos amostrados, nas duas áreas morfoespécies ainda não coligidos cairão cairam na
estudadas, baseado nos índices de similaridade. amostragem. Isto indica que é arriscado fazermos qualquer
16m2
Figura 3. Porcentagem relativa do número de
4m2
morfoespécies exclusivas registradas em cada uma das
parcelas na área preservada (P1 e P2) e na área explorada
(E1 e E2) e do número de morfoespécies comuns às
Figura 1. Desenho amostral das parcelas hierárquicas. A parcelas de cada ambiente, separadamente (P1+P2 e
legenda mostra a área delimitada pelos diferentes E1+E2). O número acima das barras indica o número
pontos. absoluto de morfoespécies.
No. de indivíduos
60
firme na Amazônia Central. 50 Attalea attaleoides
40
30
Métodos 20
10
O presente estudo foi realizado na propriedade da Mil
0
(Madeireira Itacoatiara Ltda), no município de Itacoatiara t1 t2 t3 t4
explorada preservada
(2o43’ - 3o04’S, 58o31’ - 58o57’W), em novembro de 2002. Local
As médias anuais de temperatura e de precipitação são de
Figura 2. Distribuição de frequências de indivíduos de
26oC e 2.200mm, respectivamente.
três espécies de palmeiras por parcelas de amostragem
Para amostrar as populações das três espécies de
em áreas presentes e explorada na Madeireira Mil.
palmeiras nas duas áreas florestais sob diferentes condições
de preservação (explorada e preservada), foi utilizado o
método de parcelas (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974). A distribuição de indivíduos por classe de altura destacou
Para cada uma das áreas foi estabelecida uma parcela de 3 os indivíduos mais jovens como a categoria dominante,
x 50m, denominados T1 e T2 (área explorada) e T3 e T4 independente da espécie analisada. Oenocarpus bacaba, por
(área preservada). exemplo, apresentou 95% de seus indivíduos com altura
Para cada um dos indivíduos amostrados foi estimada a igual ou inferior a um metro para a área preservada e 91%
altura total por meio de uma referência de altura conhecida para a área explorada (Figura 3a). Para a espécie
e medido o diâmetro do caule à altura do solo (DAS) com Astrocaryum sciophilum, a mesma classe reteve 45% da
auxílio de um paquímetro. Para as espécies acaules foram abundância (Figura 3b), enquanto Attalea attaleoides
mensurados os diâmetros dos pecíolos à altura do solo, sendo apresentou um percentual ainda menor (Figura 3c).
os mesmos somados em seguida. 120
A divisão de cada espécie em classes de tamanho foi 100
80
inicialmente baseada no “plot” de Whittaker” (Krebs 1998), 60
40
usualmente aplicado para comunidades. Entretanto, a curva 20
apresentou uma única deflexão (Figura 1) correspondendo 0
0-1,00 1,01- 2,01- >3,00 (a)
a aproximadamente 100 cm de altura. Dessa maneira, 2,00 3,00
manteve-se esta como a primeira classe e criou-se outras 25
(classe-1= menores que 1m; classe 2= de 1 a 1,99m; classe 20
500 20
Altura (cm )
15
400
10
300
5
200 0
0-1,00 1,01- 2,01- >3,00 (b)
100 2,00 3,00
0
1 15 29 43 57 71 85 99 113 127 141 155 169 183 197
Abundância (n) Figura 3. Abundância de a) Oenocarpus bacaba, b)
Figura 1. Ranqueamento dos indivíduos de Oenocarpus Astrocaryum sciophilum e c) Attalea attaleoides por classe
bacaba por altura. de tamanho (Ap- área protegida; Ae- área explorada).
Número de plântulas
diferentemente a essas mudanças nos fatores ambientais 500
(Cintra & Horna, 1997). As espécies pioneiras são 400
favorecidas por uma maior disponibilidade de luz e têm
maiores probabilidades de estabelecimento depois de uma 300
remoção do solo. Assim, a investigação da resposta da 200
regeneração a essas mudanças é essencial para que se possa
compreender melhor a dinâmica da floresta e fazer predições 100
da estrutura e da composição florística para fins de manejo. 0
A DA A
O objetivo deste trabalho foi verificar o impacto da RAD VA ILH
O ER TR
extração seletiva de madeira na densidade de plântulas de PL ES
EX PR
um modo geral e de alguns grupos indicadores, três anos Ambiente
após o corte.
Figura 1. Número de plântulas por parcela (n=4) nos três
Métodos ambientes estudados.
O trabalho foi desenvolvido no compartimento “N” da
Mil Madeireira, situada no município de Itacoatiara, AM. 50
Número de plântulas
Introdução
Altura do barranco +
Os loricariídeos, conhecidos por acaris, cascudos ou Densidade de raízes
bodós, são peixes de hábito alimentar detritívoro,
- - -
caracterizados pelo corpo recoberto de placas ósseas, que
formam uma couraça protetora (Ferreira et al. 1998). + Cobertura de capim
+ Número de tocas
Luz
Liposarcus pardalis é um bodó de grande porte, chegando
+
a alcançar cerca de 50 cm de comprimento. O período de
Declividade do barranco
desova desta espécie se inicia no final da estação seca e seu
comportamento consiste em cavar tocas em barrancos para + ou -
depositar seus ovos (Ferreira et al. 1998). Apesar de L.
pardalis ser o loricariídeo de maior importância comercial Figura 1. Modelo conceitual do efeito das variáveis
na bacia do Amazonas (Ferreira et al. 1998), o conhecimento estudadas sobre o número de tocas produzidas por
sobre a biologia deste animal é ainda rudimentar e Liposarcus pardalis nas margens do lago Camaleão, ilha
fragmentário. da Marchantaria. Os sinais associados às setas do modelo
Segundo o modelo conceitual descrito abaixo (Fig. 1), a referem-se aos efeitos positivos (+) ou negativos (-)
seleção de locais para a construção de tocas poderia ser que, hipoteticamente, podem estar sendo causados por
afetada negativamente pela existência de uma densa trama variáveis diretas e indiretas no número de tocas
de raízes que dificultaria a construção dos abrigos. Por sua observadas. As setas que ligam os compartimentos do
vez, a presença de vegetação arbórea diminuiria os processos modelo indicam a direção da influência de uma variável
erosivos, mantendo um barranco mais vertical o que sobre o número de tocas.
facilitaria a construção das tocas, em função de possíveis
limitações de mobilidade dos bodós. No entanto, a cobertura
Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar se o
dos barrancos por capins favoreceria a escolha destes locais
comportamento de desova em tocas apresentado por L.
para a construção das tocas, pois serviria de fonte alimentar
pardalis pode ser influenciado por fatores ambientais,
para os bodós, que apresentam hábito alimentar detritívoro.
conforme descrito neste modelo conceitual.
A quantidade de luz incidente e a altura do barranco
poderiam influenciar direta ou indiretamente a localização
das tocas para a desova dos bodós.
Métodos
Este trabalho foi desenvolvido no lago Camaleão, ilha
Número de tocas
5
outra, de modo a abranger uma maior amplitude da variação
de quantidade de tocas, observadas ao longo do barranco. 0
Resultados - 0.333
Os barrancos estudados apresentaram, em média, uma
altura de 1m, com declividade de 40° e 27,5% de Figura 3. Análise de caminhos para as variáveis que
luminosidade. Foi observada uma média de 8,5 tocas em influenciam direta e indiretamente o número de tocas de
cada parcela de 10 m2. A densidade de raízes (N=16; ß=- L. pardalis observadas na margem esquerda do lago
0,14; t=0,61; p=0,55), a cobertura de capim (N=16; ß=0,05; Camaleão, ilha da Marchantaria.
t=0,20; p=0,55) e a luminosidade (N=16; ß=-0,33; t=1,03;
p=0,37) não afetaram o número de tocas presentes nos bar-
verticais elaborados.
rancos. Já a declividade apresentou um efeito positivo sobre
O efeito negativo da luminosidade associado ao efeito
o número de tocas construídas pelos bodós (N=16; ß=0,71;
da altura do barranco e da cobertura de capim indica que
t=0,57; p=0,01; Fig. 2). A proporção da variação total dos
margens mais baixas, por estarem mais expostas à luz (o
dados explicada pelo modelo (R2) foi de 74%.
que propicia o crescimento de capim) não são locais
A luminosidade (N=16; ß=-0,55; t=1,55; p=0,15) e a
adequados para a construção das tocas, talvez, em função
altura do barranco (N=16; ß=0,24; t=0,69; p=0,50), por sua
da já citada limitação física dos bodós.
vez, não afetaram a densidade de raízes presentes no solo,
Da mesma forma, uma grande quantidade de raízes pode
apesar do modelo ter explicado 53% da variação total (Fig.
dificultar a construção das tocas, ao passo que, a trama de
3). Há uma relação negativa entre a altura do barranco e a
raízes das árvores da floresta ripária auxilia na manutenção
luminosidade do lago (N=16; R2=0,69; ß=-0,86; t=-6,33;
da integridade física dos barrancos o que, provavelmente,
p<0,001, Fig. 3), no entanto, a luminosidade teve um efeito
resulta em tocas mais resistentes aos efeitos erosivos da água.
positivo sobre a cobertura de capim do lago (N=16; R2=0,45;
Isso, possivelmente, favorece a permanência das tocas de
ß=0,67; t=3,41; p<0,001, Fig. 3).
um ano para outro, resultando em um acúmulo de tocas
nesses locais.
Discussão Finalmente, a dependência entre o número de tocas
As placas externas presentes no corpo dos membros da observadas e a maior declividade do barranco pode
família Loricariidae, apesar de oferecerem uma proteção representar uma nova estratégia de manejo para esta espécie.
contra predadores, diminuem de forma considerável a A presença da mata de várzea reduz a possibilidade de
manobrabilidade do nado dos indivíduos (Zuanon, J. com. erosão dos solos, mantendo a declividade elevada do bar-
pess.). Assim o efeito positivo da declividade sobre o número ranco em relação à água. Isto deve aumentar a
de tocas produzidas pelos bodós deve estar relacionado à disponibilidade de locais para a construção de tocas,
reduzida capacidade desta espécies em realizar movimentos garantindo a sobrevivência desta espécie.
Referências Bibliográficas
Ferreira, E.J.G.; Zuanon, J.A.S. & dos Santos, G.M.
1998. Peixes Comerciais do Médio Amazonas: Região Grupo 5 - Projeto Orientado 3/ Orientação: Jansen
de Santarém, Pará. Edições Ibama. Brasília, DF Zuanon e Eduardo Venticinque
50
abundância ponderada multiplicando as freqüências pelas
40
classes de tamanho dos aglomerados de esponjas, como
Abundância de esponjas
30
medida estimada do número de indivíduos. Esta medida 20
30
Não houve efeito do número de bifurcações dos ramos
20
na abundância das esponjas (F= 0,49; g.l.=58; p=0,68; Fig.
10
3). As três primeiras bifurcações apresentaram abundância lisa rugosa
Textura da casca
média similares (ca. de 12 aglomerados), enquanto que a
quarta bifurcação continha poucos indivíduos. Figura 4. Abundância média e erro padrão das esponjas
Aparentemente, a abundância das esponjas foi maior em encontradas em árvores com casca de textura lisa (n=8) e
árvores cuja casca apresentava uma textura mais lisa (Fig. rugosa (n=12).
4).
38 Curso de Campo Ecologia da Floresta Amazônica - 2002
Discussão Agradecimentos
A distribuição vertical das esponjas que ocorrem em um Agradecemos a orientação de Jorge Nessimian, desde as
sistema de várzea do rio Solimões parece estar concentrada discussões sobre o desenho experimental até as ‘quase’
acima do nível médio na coluna de inundação. Em todas as conclusões deste projeto. Estamos em débito com Macelo
áreas de inundação nos trópicos existe uma permanente ou ‘Pinguela’ Moreira, que nos ajudou em todas as fases.. À
periódica falta de oxigênio dissolvido na água (hipóxia). O Ocírio ‘Juruna’ Pereira e aos piloteiros da nau ‘San Pietro’
nível de hipóxia depende de vários fatores como a
pela disposição e bom humor nos nossos deslocamentos, e
quantidade de matéria orgânica e a profundidade. As áreas
a todos os colegas e professores do curso de campo –
de várzea próximas a Manaus sofrem periodicamente fortes
períodos de hipóxia por causa do grande aumento da Ecologia da Amazônia/PDBFF – novembro de 2002, que
decomposição de matéria orgânica (Junk, 1997). Muito de alguma forma contribuíram para a realização deste
provavelmente, os níveis de oxigênio e a conseqüente trabalho.
produtividade destes sistemas estão influenciando o
estabelecimento e desenvolvimento das esponjas nos estratos Referências Bibliográficas
mais próximos à superfície da água, onde a disponibilidade Barnes, R.D. 1984. Zoologia dos Invertebrados. 4o
de oxigênio é adequada. Entretanto, estes estratos estão
Edição. Ed. Roca. São Paulo, S.P.
sumetidos a mudanças estacionais do nível de água, o que
Zar, J.H. 1984. Biostatistical Analysis. 2o Edição. Ed.
proporciona maior instabilidade ambiental. Portanto, níveis
médios da coluna d’água em sistemas de várzea devem Prentice Hall, New Jersey.
apresentar condições mais favoráveis para o estabelecimento Junk, W.J. 1997. General aspects of floodplain ecology
e desenvolvimento das esponjas. A adequação do habi- with special reference to Amazonian floodplains. p. 3-
tat (grau de ramificação/bifurcação) não teve relação com a 20. In: Junk, W.J. (Ed.) The Central Amazon Flood-
abundância de esponjas, pois as medidas tomadas plain – Ecology of a Pulsing Systems. Ecological
corresponderam apenas até a terceira bifurcação e esta po- Studies, vol. 126. Springer-Verlag.
dia estar tanto a um metro do solo, quanto a mais de cinco Prance, G.T. 1979. Notes on the vegetation of Amaonia
metros de altura. Entretanto, não acreditamos que a
III. The terminology of Amazonian forest types subject
adequação do habitat, no caso dessas esponjas, seja um fator
to inundation. Brittonia, 34:228 - 251.
primário de influência direta. Outras características do
substrato, tais como textura, que não foram aqui tratadas
em detalhes, deveriam ser investigadas como fatores de Grupo 5 - Projeto Orientado 4
influência indireta. Orientador: Jorge Nessimian
Resultados
Foram coletados 757 invertebrados pertencentes a 24
famílias distintas (Tabela 1). As raízes grandes apresentaram
Cluster Tree
maior número de invertebrados que as raízes menores com
uma diferença de 489 indivíduos. A família Naucoridae Case 3
Case 17
(Hemiptera) foi exclusiva ao sistema radicular das plantas Case 5
pequenas, enquanto que as raízes grandes das macrófitas Case 8
Case 1
apresentaram 11 famílias exclusivas (Tabela 2). Case 20
Não houve diferença significativa entre a densidade de Case 4
Case 14
invertebrados e os dois tipos de raízes (p=0,88), mostrando Case 2
Case 10
que o número de invertebrados por área de raiz é o mesmo Case 7
entre os tipos de raizes. Os valores de similaridade Case 15
Case 6
encontrado para as amostras indicam que não há uma fauna Case 12
típica de cada um dos morfotipos de E. crassipes (Figura Case 9
Case 18
1). Case 16
Case 13
Case 11
Case 19
Tabela 1. Abundância, riqueza de famílias e densidade
média (invertebrados/litro) nas raízes de E. crassipes no
lago Camaleão, Ilha da Marchantaria, Amazonas, Brasil. 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
Abundância Riqueza de Famílias Densidade Média
Distances
(invert./l) Figura 1. Dendrograma de similaridade de Morisita da
Raiz 134 13 3.3
pequena fauna de invertebrados associados às raízes de E.
Raiz grande 623 23 3.5
Total 757 24
crassipes, em relação aos locais amostrados (P- pequeno,
G- grande).
40 Curso de Campo Ecologia da Floresta Amazônica - 2002
Discussão O elevado número de taxa associados as raízes
Como era esperado, a abundância de invertebrados foi evidenciam microhabitats diferentes. A fauna de
maior nas raízes grandes porém, sua densidade média foi invertebrados das raízes pode estar sofrendo efeitos de
igual à encontrada nas raízes pequenas, embora a riqueza tamanho e quantidade das raízes secundárias e terciárias,
de famílias tenha sido maior nas raízes grandes. Postulou- densidade de detrito agregado e distância entre os estolões.
se então que o padrão encontrado seja causado pela maior
superfície disponibilidade para colonização nas raízes Agradecimentos
grandes que poderiam suportar um maior número de Agradecemos a Ocírio “Juruna” e ao grupo 8 (Flávio,
organismos. Desta forma a probabilidade de se encontrar Flaviana, Carolina, Ana Paula, Eduardo) pelo auxílio nas
um maior número de taxa aumenta. Uma segunda explicação coletas, Neuza Hamada e Jorge Nessimian pela ajuda nas
seria o aumento na disponibilidade de recursos, representada identificações dos invertebrados.
pelo maior número de indivíduos, o que estaria estimulando
a presença de uma maior riqueza de espécie de algumas Referências Bibliográficas
categorias tróficas nas raízes maiores. Por exemplo uma Junk, W. J. 1973. Investigation on the ecology and
espécie de predador preferencialmente escolheria uma área production-biology of the “floating
de vida onde a abundância e a oferta de recursos é maior, meadows”(Paspalo-Echinochloetum) on the middle
fazendo com que outros taxa diferentes tenham a mesma Amazon. Amazoniana 4: 9-1-2.
escolha, resultando em comunidades mais complexas. Pott, V. J., A. Pott. 2000. Plantas Aquáticas do Pantanal.
O que o dendograma evidencia é que muitas amostras Ed. EMBRAPA. Brasília, DF.
são bem parecidas entre si, mas sem relação com o tamanho RADAM BRASIL. 1978. Levantamento de Recursos
das raízes (P e G). Ou seja, há similaridade, mas não há Naturais. Vols. 1- 18. Ministério de Minas e Energia.
uma fauna típica de comunidades em função do tamanho Departamento Nacional de produção Mineral, Rio de
das raizes. Isso pode ser explicado simplesmente pela Janeiro.
proximidade/ conectividade entre as plantas e/ou bancos
de macrófitas como um efeito do pequeno número de Grupo 6 – Projeto Orientado 3
amostras.
Introdução Métodos
O nível da água nas florestas alagáveis da Amazônia Realizamos este estudo em uma várzea na Ilha da
Central, pode flutuar cerca de 14 metros e durar até 270 Marchantaria, município de Iranduba (03º15 S, 60º00W),
dias entre as estações de cheia e vazante (Junk et al. 1989). localizada no Baixo Solimões, a 40 Km da Manaus,
Essa drástica alteração anual do ambiente terrestre para Amazonas (Figura 1).
aquático causam profundo estresse na comunidade vegetal,
resultando em adaptações para sobreviver durante os
períodos de submersão total ou parcial (Junk et al. 1989;
Ferreira & Stohlgren 1999).
Prance (1997) reconhece sete diferentes tipos de florestas
alagáveis na região amazônica. Desses os mais comuns são
as florestas alagáveis por rios de água branca ou preta. As
características dessas florestas diferem devido aos aspectos
geológicos e hidrológicos (Fittkau 1971, apud Ferreira 2000;
Kubtizki 1989).
A variação da topografia nas áreas alagáveis cria
diferentes habitats, que variam quanto a duração da cheia,
tipo de solo, elevação e distância das florestas não alagáveis Figura 1. Desenho esquemático das duas cotas
(Junk et al. 1989; Ferreira, 1997). A duração e topográficas estudadas na várzea da Ilha da
previsibilidade da flutuação do nível da água do rio pode Marchantaria, no período de vazante.
influenciar a riqueza e a composição da comunidade ao longo
de um gradiente de inundação (Ferreira 1997). Montamos 20 parcelas de 2 x 2 m, distantes no mínimo
A distribuição de espécies nas florestas de várzea no oeste 10m entre si, sendo 10 na área mais alta da várzea e 10 na
da Amazônia tem sua variação fortemente relacionada ao área mais baixa da várzea. Em cada área, 5 parcelas foram
movimento da água, erosão e taxas de sedimentação, porque amostradas na sombra e outras 5 no sol. Em cada parcela,
estes efeitos alteram a estrutura da comunidade e a foram quantificadas e identificadas todas as plântulas
estabilidade do habitat (Salo et al., 1986). presentes.
A duração e previsibilidade da flutuação do nível da Utilizamos two-way ANOVA para avaliar se havia
flutuação do nível da água do rio pode influenciar a riqueza diferenças entre a riqueza e abundância de espécies como
e a composição ao longo de um gradiente de inundação variáveis dependentes, em relação a cota e a luminosidade.
(Ferreira, 1997), o objetivo deste trabalho foi avaliar a Afim de testar a variação na composição entre os fatores
influência da inundação e luminosidade na riqueza e analisados, utilizamos uma análise de ordenação de Bray-
abundância de plântulas em uma floresta de várzea. Curtis (coeficiente de distância: coeficiente de Sorensen,
30
29
28
27
26
25
24
7 8 9 10 11
Hora (período da manhã)
Figura 4. Abundância de indivíduos nas duas áreas,
Figura 1. Tamanho das asas dos indivíduos nas duas
aberta e fechada, na várzea em relação à temperatura do
áreas, aberta e fechada, em relação ao período de
ambiente em diferentes períodos da manhã.
observação (manhã).
90
Discussão
O horário não influenciou na distribuição das libélulas
80
nas duas áreas. Embora esse efeito não tenha sido bem
Abundância de indivíduos
Número de indivíduos
80
70
60
50 Novos
40
30 Velhos
20
140 10
0
120
Número de indivíduos
a
ae
ra
e
ae
ae
e
a
e
et
da
da
er
da
ter
ce
iid
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iid
ha
100
pt
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iro
Le
sC
O
80
m
ry
ra
yd
Ch
ly
St
Ch
H
tro
Po
ou
60
Taxa amostrados
40
20 Figura 3. Número de indivíduos por taxon amostrado nos
0
bulbos de E. crassipes de acordo com o estado físico.
e
ae
ra
eta
ae
ae
ae
e
a
ra
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da
er
e
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id
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Ch
St
Ch
H
tro
Po
ou
Taxa amostrados
80
Número de indivíduos
70
60
50
40 Grandes
30 Pequenos
20
10
0
ae
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a
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St
Ch
H
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Po
Taxa amostrados
número de espécies de invertebrados encontrados nos
Figura 2. Número de indivíduos por taxon amostrado nos bulbos e a interação entre os dois morfotipos e estados
bulbos de E. crassipes, de acordo com o morfotipo. físicos.
2
também deste ponto de vista, a ictifauna do Lago do
80
MOITA 3 70 Camaleão não é um sistema homogêneo. Dentro de um
60
50 mesmo lago, diferentes tipos de ambientes, distantes poucos
N 40
30 metros, podem apresentar distintas comunidades de peixes,
20
10 características de cada microhabitat. Tal afirmação é
0
corroborada pela presença de um conjunto de espécies
m
s
1
e
a
2
80 comuns (entre um e dois terços) às amostras de capins
MOITA 2 70
flutuantes. Estas moitas foram dominadas pelas mesmas
60
50
N 40 espécies, em particular, alguns Cichlídeos e Gymnotiformes,
30
20
importantes componentes nas comunidades de peixes de
10
0
várzeas na Bacia Amazônica (Crampton, 1996) e diferentes
das espécies dominantes na praia. Isto acentua a importância
80 dos diferentes microhabitats na composição da diversidade
MOITA 1 70
60 b, característica do sistema de várzea.
50
N 40 Considerando que o índice de similaridade utilizado é
30
20 altamente sensível à contribução das espécies mais
10
0
abundantes (Krebs, 1989), a importância das espécies raras
na diferenciação das comunidades fica subestimada. Assim,
yt us ba us
hy o au on p1
Br A s sp con ta
op to us 2
Se yp ci in s
sc 2
es hl rol .
hy do pl .
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Hy ren us m vir s
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He po s gr ra
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Pt Odo amm s sp
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Rh om ala lian
rra he ch a s
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ac H on h az s s
lm b in
yc id
hy pli xw ar
p m l
ry a om
ob om op
er n
ig
en as yp
i
C rach
Br
Anexo 1. Classificação taxonômica, categoria trófica dos peixes e número de indivíduos coletados em cada amostra no
Lago do Camaleão. M=Moita de capim, P= Praia de lama.
Ordem Família Espécie M1 M2 M3 P Categoria trófica
Introdução Resultados
O jacaretinga (Caiman crocodilus) é o crocodiliano mais Durante o censo, observamos 235 jacarés. Destes, 29
comum na região amazônica, sendo amplamente distribuído. permaneciam junto à margem predominantemente florestal,
Entretanto, existem poucas informações sobre sua área de com declive acentuado. Os outros 209 estavam restritos à
vida e preferência de habitat. Esta espécie ocupa diversos margem, a ambientes,tescaracterizados pela predominância
ambientes aquáticos, principalmente pequenos rios, igapós e vegetação graminóide e por uma baixa declividade.
e várzeas (Scott & Limerick, 1983). A abundância de indivíduos de jacaretinga apresentou-
A sua dieta varia de forma ontogenética, sendo esta se relacionado apenas com o tipo de vegetação da margem
quando jovens, é composta principalmente por artrópodes, do lago. A margem com cobertura graminóide apresentou
crustáceos, pequenos anfíbios e peixes (Schmidt et al.,1995). uma abundância maior do que a margem coberta por
Quando adultos, alimentam-se principalmente de animais vegetação florestal (F[1,10]=9.483, P=0.012). Em relação ao
de maior porte, como capivaras, tatus, macacos, grandes declive da margem não foi encontrada uma difenrença
aves (Staton & Dixon 1978 apud Schmidt et al. 1995), significativa no número de jacaretinga(F [1,10]=1.552,
peixes, pequenos répteis e anfíbios. P=0.241) (Figura 1).
Mesmo ocorrendo de forma ampla, está espécie é
territorialista e defende as áreas para termoregulação e
nidificação e caça. O ninho, construído em forma de 60.000
Abundância
50
Fitzpatrick 1980). O objetivo deste trabalho foi caracterizar 40
através da localização visual das espécies de aves aquáticas 30
20
e das possíveis estratégias de forrageamento das mesmas 10
no lago Camaleão, o habitat das aves piscívoras em uma 0
torquata
Ardea cocoi
Anhinga
anhinga
Egretta thula
Phalacrocorax
Butorides
Casmerodius
Bussarelus
Ceryle
área de várzea na época de estiagem.
superciliaris
striatus
nigricolis
olivaceus
Sterna
albus
Métodos
Foram realizadas observações de aves aquáticas
piscívoras no Lago do Camaleão, na Ilha da Marchantaria, Figura 1. Abundância total de aves piscívoras observadas
município de Iranduba (3o14’S e 59o57’W), a 20 km ao sul no Lago do Camaleão, Ilha da Marchantaria, AM.
de Manaus, AM. Durante as observações foi registrado o
número de indivíduos de todas as espécies piscívoras
avistadas, associações com qualquer outra espécie e o
ambiente por elas utilizado, como descrito abaixo. 12 Mata Lago Margem Vôo
10
Mata – aves que encontravam-se na floresta situada ao
avistamentos
8
longo da margem do lago. Nestes casos, registrou-se também 6
4
se as aves estavam em poleiros e galhadas, e a que altura se 2
encontravam do solo; 0
Egretta thula
torquata
Anhinga
anhinga
Butorides
Ardea cocoi
Bussarelus
Casmerodius
Phalacrocorax
superciliaris
striatus
Cerile
nigricolis
olivaceus
Sterna
albus
caso, medimos a profundidade da água do lago onde elas se
encontravam;
Margem – aves que se encontravam no solo margeando
Figura 2. Distribuição das espécies de aves por local de
o lago, podendo ainda estar sobre macrófitas aquáticas;
avistamento, no Lago do Camaleão, Ilha da Marchantaria,
Vôo – aves que forrageiam em pleno vôo.
AM.
Realizamos um total de 3 horas de observação (das 6:30
às 9:30) no período matutino, no dia 15 de novembro de
Tabela 1. Riqueza e caracterização dos habitats de aves
2002.As observações foram realizadas com auxílio de
binóculos e a olho nú. aquáticas no Lago do Camaleão, Ilha da Marchantaria,
AM. Entre parênteses são apresentados valores médios
em metros e os desvios das medidas de altura para a
Resultados mata e de profundidade para o lago.
Foram realizados 72 avistamentos, num total de 158
indivíduos pertencentes a 9 espécies e 7 famílias Espécie Nome
comum
Avistamentos Mata Lago Margem Vôo Macrófitas Puleiro Galhada Outras
espécies
Sterna Gaivota 9 0 0 3 6 0 0 0 1
e Phalacrocoracidae). A espécie mais abundante foi o biguá superciliaris
Butorides striatus Socózinho 10 1 0 9 0 4 1 2 1
(P. olivaceus), sendo seguida pela gaivota (S. superciliaris). Cerile torquata Martim
pescador
9 8 (4,2
± 1,6)
0 1 0 0 1 0 2
início da vazante. Altura x ramificação 0,37 Número de folhas x número de flores 0,10
Altura x número de flores 0,014 Número de ramos x número de flores 0,08
Vinte indivíduos de Psychotria sp. (Rubiaceae) foram
Métodos
Desenvolvemos este estudo numa mata de várzea da ilha
da Marchantaria, localizada no rio Solimões, Amazônia
Central, no mês de novembro de 2002 (final da época seca).
Estabelecemos dois transectos de 15m ao longo de um trecho
de mata, distantes 20 m entre si, ambos no sentido oeste-
leste. Em cada transecto, amostramos aleatoriamente oito
árvores, onde contamos todas as esponjas avistadas e
medimos o perímetro à altura do peito (PAP).
Anotamos a face do tronco (norte, sul, leste, oeste) na
qual cada esponja estava fixa. Classificamos as Figura 2. Freqüência de ocorrência das aglomerações de
aglomerações de esponjas em três classes de tamanho: esponjas nas diferentes classes de tamanho, nos quatro
grande (mais de quatro esponjas), média (duas a três sentidos cardeais, na mata de várzea, Ilha da
esponjas) e pequena (uma esponja). Marchantaria. Colunas pretas mostram a distribuição dos
Para avaliar a freqüência de distribuição das esponjas grupos pequenos; hachuradas dos grupos médios e
nos quatro pontos cardeais foi realizado um teste qui- branco dos grupo grandes.
quadrado (Zar, 1984). A distribuição esperada foi estimada
como 25% das esponjas ocupando cada uma das faces dos
trocos. Discussão
Nosso estudo mostra um claro efeito da direção da
Resultados correnteza do rio Solimões sobre a orientação de fixação
O número de agregados de esponjas presentes nas 18 das esponjas que se desenvolvem nas árvores do sistema de
árvores amostradas foi de 188, totalizando cerca de 352 várzea local, já que estas se estabelecem com maior
indivíduos. Os agregados se distribuíram em três categorias freqüência na face oeste. Esponjas que se estabelecem nesta
de tamanho sendo, 31 de tamanho grande, 57 de tamanho face a favor da correnteza, talvez tenham acesso mais fácil
médio e 100 de tamanho pequeno. a recursos que vêm com a correnteza. Existem duas possíveis
Houve efeito da direção cardeal na distribuição de explicações para tal localização de fixação: i) há uma
ocorrência de esponjas (c2= 193; g.l.3; p < 0,001) e as diferença na chance de estabelecimento de uma esponja entre
esponjas ocorreram com maior freqüência na face oeste dos as diversas faces das árvores, sendo a face oeste a de maior
troncos (Fig. 1). acessibilidade ou ii) se alguma das faces representa um habi-
No entanto, a avaliação da ocorrência das esponjas de tat onde os recursos são menos disponíveis (por estarem
diferentes tamanhos nos quatro sentidos mostrou que contrários ao fluxo d’água), é possível também que um
aglomerados de esponjas de tamanhos médio e grande fenômeno de mortalidade diferencial esteja modulando o
ocorreram principalmente na face oeste dos troncos, padrão de distribuição encontrado.
enquanto as aglomerações menores ocorreram mais A chance de estabelecimento de uma gêmula em uma
freqüentemente na face sul (Fig. 2). planta deve depender das condições específicas do local e
do número de esponjas já estabelecidas. A abundância de
esponjas no local é relativamente alta e, além disso, há uma
concentração da distribuição destas a uma altura de 2,5 a
3,5 metros (Camargo et al., 2002). Assim, a competição
por espaço (substrato para fixação) pode ser um fator
limitante ao desenvolvimento das esponjas. Sendo assim, a
segregação dos tamanhos dos agregados de esponjas nas
diferentes faces das árvores indica que as esponjas têm um
êxito maior na face oeste, apresentando, por isto, esponjas
maiores que as demais faces. Confirmando esta idéia,
observamos que a face sul apresentou uma maior quantidade
de agregados pequenos. Isto mostra que, aparentemente, na
falta de espaço na face oeste, estas esponjas se fixam nas
Figura 1. Freqüência de ocorrência de esponjas nos demais faces, talvez menos propícias ao seu
quatro sentidos cardeais, em mata de várzea na Ilha da desenvolvimento. Assim, é razoável supor que a maior
Marchantaria.
60 Curso de Campo Ecologia da Floresta Amazônica - 2002
concentração de esponjas pequenas na face sul seja uma with special reference to Amazonian floodplains.
resposta à competição ou uma estratégia para aproveitar o pages 3-20. in Junk, W.J. (Ed.) The Central Amazon
espaço restante disponível, já que a face oeste já está ocupada Floodplain – Ecology of a Pulsing Systems. Ecological
por indivíduos maiores. Studies, vol. 126. Springer-Verlag.
Zar, J. H. 1984. Biostatistical Analysis. 2o Edição. Ed.
Referências Bibliográficas Prentice Hall, New Jersey.
Barnes, R. D. 1984. Zoologia dos Invertebrados. 4o
Edição. Ed. Roca. São Paulo, S.P. Agradecimentos
Camargo, J., D. C. Resende, A. M. Benavides, & S. M. Agradecemos às várias sugestões do professor Jorge
Mendel. 2002. Distribuição vertical de Spongilla sp. Nessimian e ao querido Marcelo ‘Pinguela’, que esteve
(Spongillidae, Porifera) em uma área de várzea na ilha sempre pronto a nos ajudar. Ao Juruna, pelo bom humor e
da Marchantaria, Amazônia Central. Curso de Campo pela água gelada, naqueles momentos mais certos.
da Floresta Amazônica.
Junk, W. J. 1997. General aspects of floodplain ecology Projeto livre 2
de cada parcela para posterior contagem e identificação das Figura 1. Relação entre a abundância da galha de
galhas. Parcelas nas quais não havia nenhum indivíduo da morfotipo IV e a distância do lago do prato, arquipélago
planta hospedeira foram desconsideradas nas análises. de Anavilhanas.
Os ramos coletados foram etiquetados, armazenados em
sacos plásticos e levados para o laboratório onde, de cada Tabela I. Análises de regressão múltipla entre a distância
saco, selecionamos ao acaso 20 folhas, para as quais do lago do Prato e a abundância de S. paniculata com a
determinamos a riqueza e abundância de galhas. As galhas abundância dos morfotipos de galha (N=43).
foram divididas em cinco morfotipos distintos, baseado na Morfotipo de Relação R2 B t P
forma e cor (Fernandes & Price, 1988). galha
A relação entre a abundância de Symmeria paniculata, I Distância do lago 0,06 5,86 1,04 0,30
distância do lago e abundância e riqueza de galhas foi Abundância de planta 0,06 8,73 1,69 0.10
verificada com uso de regressão múltipla (Zar, 1984). hospedeira
II Distância do lago 0,07 -1,07 0,35 0,72
Abundância de planta 0,07 5,54 1,23 0,23
Resultados hospedeira
Do total das 56 parcelas delineadas, 13 delas localizadas III Distância do lago 0,00 4,42 0,22 0,82
a mais de 10 metros da borda da mata, não continham Abundância de planta 0,00 6,58 0,16 0,87
espécimes da planta hospedeira. Quantificamos um total de hospedeira
9934 galhas, sendo 2580 do morfotipo I, 1492 do morfotipo IV Distância do lago 0,17 -57,3 2,53 0,01
II, 667 do morfotipo III, 4835 do IV e 360 do V. Todas Abundância de planta 0,17 -3,46 0,10 0,91
Cecidomyiidae (Diptera). Das 820 folhas analisadas, 404 V Distância do lago 0,06 2,00 1,49 0,14
Abundância de planta 0,06 2,99 1,30 0,19
(49,30 %) apresentaram algum tipo de galha associada.
hospedeira
Considerando apenas as folhas coletadas na parcela mais
próxima ao lago, obtivemos um total de 160 folhas, das quais
118 (83,75 %) apresentaram galhas. Na parcela mais interna Discussão
à mata, localizada a 14m da margem do lago, 51,77% de Não detectamos a ocorrência do efeito de borda sobre a
um total de 60 folhas coletadas, mostraram-se infectadas composição e abundância de galhas em Symmeria
por galhas. paniculata no lago do Prato. Esta ausência de relação pode
Não houve relação da abundância (gl.=40; t=1,29; ser devida ao fato de que para as galhas o que realmente
R2=0,08; P=0,20) e da riqueza total (g.l.=40; t=1,95; importa sejam as diferenças entre os indivíduos da população
R2=0,13; P=0,058) de galhas com a distância da margem da planta hospedeira e não sua posição em relação à borda.
do lago. A abundância (g.l.=40; t=0,27; R2=0,13; P=0,78) Entretanto, não podemos excluir a hipótese de que o
e a riqueza de galhas (g.l.=40; t=0,17; R2=0,13; P=0,51) tamanho da mancha de vegetação na ilha seja muito
também não foram influenciadas pela abundância de plantas reduzido, resultando em uma diluição dos efeitos
hospedeiras. característicos de uma borda. Ou seja, mesmo com o
O morfotipo IV de galha apresentou um decréscimo da decréscimo da abundância da planta hospedeira da borda
abundância com a distância do lago (Fig. 1). Todavia, a para o interior, é possível que para os insetos galhadores
variação na abundância desta galha não foi influenciada pela não haja um gradiente efetivo de luminosidade, umidade
abundância da planta hospedeira (Tab. I). Nos demais ou temperatura em direção ao interior da mata.
morfotipos de galhas não houve relação da abundância com Em relação ao decréscimo da abundância do morfotipo
a distância do lago ou mesmo com a abundância da planta de galha IV para o interior da mata, acreditamos que possa
hospedeira (Tab. I). estar havendo algum processo de mortalidade diferencial.
Métodos
Realizamos este estudo no igapó do Lago Prato, situado 10 5
na Estação Ecológica de Anavilhanas (02º47’S, 60º 48’W)
localizada no Rio Negro, Amazonas, Brasil. Nesta
localidade, o nível d’água apresenta uma oscilação média
de 8 m entre os períodos de cheia e vazante (Walker 1995).
Realizamos quatro transectos de 100m cada, partindo da 5
margem do lago do Prato (Arquipélago de Anavilhanas) em
direção ao interior da mata, com um espaçamento de 50m.
A cada 20m marcamos um ponto (uma árvore) onde
avaliamos com o auxílio de uma estaca graduada de 0,5 em
0,5 m, (total de 3m), o número de esponjas em cada classe
0
0 1 2 3 4 5 6
de altura (0 a 0,5m; 0,5 a 1m; 1 a 1,5m; 1,5 a 2m; 2 a 2,5m
e 2,5 a 3m).
Para avaliarmos a altura máxima do nível da água em Figura 2. Distribuição de esponjas sobre o tronco de
cada cota de relevo, medimos a altura da última inundação árvores de igapó, segundo as cotas de inundação e a
nas árvores da floresta (3m). Do barco, estendemos uma altura de fixação nas árvores.
régua, que foi visualizada por um observador no alto do
barranco, resultando assim na altura do barranco (9,7m),
este valor foi somado à marca da água nas árvores, resultando Discussão
na altura máxima do nível da água para a área no período A permanência das esponjas em classes mais baixas
de inundação (12,7m). A extensão média da ilha foi de 125m provavelmente garante maior sobrevivência em ambientes
(transversalmente). Usando estes valores, calculamos a que apresentem diferentes níveis de inundação, pois estas
altura do nível da água para cada cota, usando o teorema de poderão ficar maior tempo submersas. Isto deve ser
Pitágoras (Figura 1). especialmente vantajoso em ambientes de água preta, que
são pobres em nutrientes, permitindo que esses animais
filtradores tenham maior tempo para alimentar-se, crescer
Nível máximo da água e reproduzir.
Comparando com os resultados obtidos na várzea
(Camargo et al., neste volume) observamos uma zonação
B 125 diferencial desses animais. No experimento da várzea, a
m
12,7m
a
maioria das esponjas estavam dispostas na zona
r
intermediária das árvores (2,5-3,5m), enquanto nossos
9,7m
r
a 20m resultados mostram que as esponjas concentram-se na zona
n
basal (0 -1m). Estas diferenças podem estar relacionadas
c
o com as mudanças nas características fisicas e químicas da
água, como sedimentação, oxigênio dissolvido, nutrientes,
Nível da água do lago na estiagem
turbidez e condutividade, entre os dois ambientes.
Figura 1. Desenho esquemático usado para calcular o Segundo Nessimian (com. pess. 2002), a espécie
nível da água em todas as cotas estudadas. encontrada no ambiente de várzea por Camargo et al. (neste
Riqueza
estudados. Diferenças na riqueza e abundância entre os
ambientes foram avaliadas por meio de análise de variância
(ANOVA) e comparação múltipla de Tukey.
5
Resultados
Foram amostrados 430 indivíduos pertencentes a 15 0
famílias, 25 gêneros e 25 espécies. Na área aberta A C M
encontramos nove espécies (99 indivíduos), enquanto que Ambiente
na mata e na clareira encontramos 17 espécies (125 e 206
indivíduos, respectivamente); (Figura 1). A similaridade
Figura 2. Número de espécies registradas em cada um
foi de 0,54 entre a mata e a clareira, e de 0,30 entre a área
dos ambientes estudados: (A) Área aberta, (C) Clareira e
aberta e a clareira. A área aberta e a mata foram as áreas
(M) Mata.
menos similares entre si (ISJ = 0,13).
70
60
50 Mata Área
40
N
30
aberta
20 3
10 5 0
0
3
m
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10
0 2
Myrciaria dubia
Alchornea
Buchenavia
Hevea spruceana
Allamanda
Tabernaemontana
Swartzia sericea
Terminalia
Rubiaceae 2
Rubiaceae
Alibertia edulis
Machaerium
Ilex inundata
70 Clareira
60
50
N 40
30
20 Figura 3. Número de espécies exclusivas e comuns aos
10 ambientes estudados.
0
m
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M
or
Ta
Al
150
Agradecimentos
100 Agradecemos ao INPA e Smithsonian Institution pela
realização do curso, ao Juruna pela ajuda no campo, ao
50
Jansen pela ajuda com as análises estatísticas e a todos que
0
colaboraram para o bom andamento do curso.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Distancia da planta mãe (m) Referências bibliográficas
Figura 1. Distribuição de freqüência de plântulas em Bustamante, R. & J.A. Simonetti. 2000. Seed predation
relação à distância da planta mãe em transectos and seedling recruitment in plants: the effect of the
perpendiculares (a), e em transectos paralelos à linha da distance between parents. Plant Ecology 147: 173-183.
água (b) (n=1230 plântulas). Denslow, J. S. 1980. Notes on the seedling ecology of a
large-seeded species of Bombacaceae. Biotropica 12:
220-222
Discussão Janzen, D. H.1970. Herbivores and the number of tree
As características do microhabitat no qual uma plântula species in tropical forest. American Naturalist, 104:
germina são fundamentais para o processo de manutenção 501-529.
das populações de plantas, já que elas determinam, em parte, Junk, W. J. 1997. General aspects of floodplain ecology
a probabilidade de sobrevivência dos indivíduos. As with special references to amazonian floodplains. Pp
plântulas de A. jauari apresentaram uma distribuição do tipo 3-22. In W. J. Junk (ed.). The Central Amazon
leptocúrtica com um pico de densidade próximo à planta
Floodplain – ecology of a pulsing system. Ecological
mãe. A segunda moda na distribuição de freqüência dos
Studies, 126. Springer. 525 pp.
transectos perpendiculares à água provavelmente reflete o
Willson, M. F. 1992. The ecology of seed dispersal. In:
aporte da chuva de sementes de um outra palmeira,
Fenner, M. (ed). The Ecology of regeneration in plant
localizada a 13 metros de um dos indivíduos amostrados. A
communities. C.A.B. International. Wallingford.
distribuição encontrada indica que a predação de sementes
não deve constituir um fator importante influenciando as Zar, J. H. 1984. Bioestatistical Analysis. 2nd edition.
probabilidades de germinação das sementes localizadas a Prentice Hall, New Jersey. 718 pp.
distintas distâncias da planta mãe. Na escala do microhabi-
tat, a chuva de sementes parece ser o fator que determina a Projeto livre 3
Métodos
El estudio se llevo a cabo en una floresta inundada (igapó)
localizada en la Estación Ecológica de Anavilhanas,
adyacente a Rio Negro, 100 km de Manaus (03 05’S, 59
59’W), durante el mes de noviembre (final de la epoca
seca).
Algunas plantas presentan características morfológicas
que permiten estimar la edad de crecimiento, tal es el caso
de Tovomita sp., (Clusiaceae) en la cual presenta cicatrices
de crecimiento y estas están relacionadas con las épocas de
inundacion. Seleccionamos aleatoriamente 30 indivíduos de Figura 1. Fluxograma de crecimiento apical con distintas
porte pequeños asumidos como plantas jovenes de Tomovita variables que afectarnel crecimiento de Tomovita sp. Los
sp, localizados en un mismo nivel topográfico y con una valores representan el coeficiente patronizado de
distancia minima entre si de 5 m. regresion multiple para las relaciones directas y los
Para cada individuo, evaluamos los siguientes valores de las regresiones parciales para los relaciones
parámetros: crecimento apical, como una longitud de la indirectas.
Agradecimientos
Agradecemos a Leandro Ferreira y a Eduardo Venticinque
por las sugerencias y discusiones.
Referencias bibliográficas
Harper, J. L. 1977. Population Biology of plants. Aca-
demic Press. London. 892 p.
Figura 2. Relación del crecimiento apical con respecto a Junk, W., P. B. Bayley and R. E. Sparks. 1989. The flood
la luminocidad de Tomovita sp. Variación da la pulse concept in river-floodplain systems. In D. P.
luminosidad 1=baja, 2=Media, 3=alta, en un ambiente Dodge (ed.) Proceedings of the International Larger
inundable. River Symposium. Can. Spec. Publ. Fish. Aqua. Sci.
106:110-127.
Larcher, W. 1986. Ecofisiologia vegetal. EPU. São Paulo.
Discusión 319 p.
La intensidad lumínica fue el factor que presentó mayor Morsello, C.; A. D. de Souza; K. A. Caro; M. T. V. A.
relación con el crecimiento apical de las plantas jovenes de Campos & T. Lomäscolo; 1996, Padrão de
Tovomita sp. independientemente de factores intra- crescimento em Iriartella setigera e Geonoma
especificos. La intensidad luminosa es uno de los factores maxima, Iv curso de campo, Ecologia da Floresta
esenciales para várias actividades fisiológicas como la Amazonica, INPA/Smithsonian Institution/Unicamp/
fotosíntesis. Esta dependencia hacia la luz puede determinar OTS, 347p.
diferencias en las tasas de crecimiento de poblaciónes. Parolin, P. 2001. Morphological and physiological
(Larcher, 1986). adjustments to waterlogging and drought in seedlings
Además de esto, la distancia de las plantas adultas y of Amazonian floodplain trees. Oecologia 128:326-
jovenes parece estar influyendo levemente en el tamaño da 335.
plantas de Tovomita sp. y consecutivamente también un
crecimento apical. Probablemente, dos factores están Grupo 3 - Projeto Livre 3
ALTURA
60
Métodos
50
O presente trabalho foi desenvolvido na reserva do km
41 do PDBFF (Projeto dinâmica Biológica de Fragmentos 40
Florestais – INPA/Smithsonian Institution), a cerca de 90 30
km ao norte de Manaus (02Ú26’S e 059Ú46’O). 20
As coletas foram feitas em duas áreas: ao longo da estrada 10
de acesso à Reserva (ambiente ensolarado) e no sub-bosque 4 3 2 1 0 1 2 3 4
da floresta (ambiente sombreado). Em cada ambiente, fo- Borda Floresta
INDIVÍDUOS
ram amostrados 10 indivíduos de Miconia cf. phanerostila
que tiveram medidos a altura, o comprimento dos dois
últimos entrenós (distais) e contados o número de entrenós Figura 1. Distribuição da alturas dos indivíduos de
de toda planta. Os entrenós de uma planta podem ser usados Miconia cf. phanerostila nos dois ambientes estudados.
como unidades padrão de crescimento, fornecendo uma
estimativa do crescimento do indivíduo num dado período
de tempo. Além disso, em cada indivíduo, as seis folhas O número de entrenós foi semelhante entre os indivíduos
mais próximas ao ápice tiveram seu comprimento e largura do sub-bosque e da borda da floresta, mas o comprimento
medidos e o Índice de Herbivoria (Dirzo & Domingues dos entrenós distais foi maior na clareira (N=20; t = 3,894;
1995) estimado. Este índice foi baseado na seguinte tabela p = 0,002; Figura 2). Dessa forma, pudemos verificar que
de Área Foliar Consumida: os indivíduos possuem o mesmo número de unidades de
crescimento em ambos ambientes, e estas diferem em
IH AFC (%) tamanho, ocorrendo entrenós mais compridos na borda,
0 0 enquanto no interior de floresta os indivíduos tem menor
1 1-6 estatura, e por isso, entrenós mais curtos.
2 6-12
3 12-25
4 25-50
Tamanhos dos entrenós distais
5 > 50 30
Introdução Métodos
A herbivoria pode ser definida como o dano sofrido por As coletas foram realizadas num trecho de 500 m na
uma planta, que pode ser causada por um vasto grupo de floresta de terra firme da Reserva Biológica do km 41,
organismos, dos quais os insetos são os principais. O grau inserida no “Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos
de danos encontrados em plantas está associado à sua Florestais” (INPA/PDBFF), localizada a 70 km ao norte de
distribuição, fenologia, e às suas características físicas, como Manaus, Amazônia Central. Amostramos indivíduos de
pilosidade, dureza e espinhos, e químicas, como as Vismia japurensis ao longo da borda da mata e na beira da
substâncias secundárias que podem ser tóxicas ou repelentes estrada (ZF-3). Escolhemos esta espécie por ser uma espécie
(Edwards & Wratten 1981). Algumas dessas defesas foram pioneira e freqüentemente encontrada neste tipo de
adquiridas ao longo da evolução como uma forma de ambiente.
transpor as pressões ambientais, como a predação causada Coletamos o maior ramo de cada planta. Na base de
por herbívoros, parasitismo por outras plantas, infestação pesquisa do projeto verificamos a porcentagem de herbivoria
por fungos, entre outros fatores (Rhoades 1983). através da categorização das porcentagens de dano por folha
A herbivoria varia entre espécies, entre indivíduos e (ver Dirzo & Dominguez 1995) (Tabela 1). Em cada
também no mesmo indivíduo, como por exemplo entre folhas indivíduo verificamos apenas um par de folhas da mesma
de idades diferentes (Coley 1983; Harbone 1993). Em geral, idade, sendo escolhida uma planta ao acaso para a
as folhas novas são mais ricas em nutrientes e apresentam observação de cada par de folha, considerando-se que cada
menor dureza e menor quantidade de substâncias par pertencia a categorias de idades diferentes. O primeiro
secundárias quantitativas como os taninos condensados, par de folhas encontrado no ápice do ramo foi considerado
desta maneira tornando-se mais atraentes aos herbívoros do jovem, enquanto os pares seguintes foram considerados
que as folhas maduras (Coley 1983). adultos, aumentado a idade do par de folhas à medida que
Baseado neste postulado, os nossos objetivos foram seguíamos o ramo em direção à base do ramo. Usamos um
avaliar se as taxas de herbivoria em Vismia japurensis variam par de folhas de cada indivíduo para manter as amostras
de acordo com a idade das folhas ou do tempo de exposição independentes.
da folha.
Resultados Discussão
Amostramos um total de 36 indivíduos de Vismia As taxas de herbivoria foram similar entre as classes de
japurensis. Não houve diferença entre as taxas de herbivoria idades foliares, demonstrando que a nossa hipótese inicial
em relação a idade foliar (U=2,222, g.l.=3, p=0,528, Figura não foi corroborada. É provável que por ser uma espécie
1). pioneira, V. japurensis invista menos em defesas
O índice de herbivoria apresentou uma correlação quantitativas do que as plantas persistentes (Coley 1983),
negativa baixa com a idade das folhas (rSpearman= -0,21). As desta maneira, não apresentando diferenças nos padrões de
folhas do terceiro par (tempo 3) foram as que sofreram maior herbivoria entre as folhas de diferentes idades.
herbivoria (Figura 2). Como o nosso modelo de bioensaio não apresentou respostas
Os gafanhotos atacaram folhas em apenas três casos. Um relevantes (n=3), não houve possibilidade de confirmar se
gafanhoto consumiu apenas parte da folha jovem. Os outros os gafanhotos apresentaram preferência entre folhas novas
gafanhotos apresentaram herbivoria apenas nas folhas e maduras. Esta ausência de resposta (não ingestão das
maduras. Os gafanhotos só começaram a se alimentar após folhas) pelos gafanhotos pode estar relacionada a problemas
seis horas do alimento ser oferecido, parando de se alimentar experimentais como estresse, ou ser devido à não
após uma hora. palatabilidade da planta.
25
de cada colônia dois pedaços de papel de filtro de
aproximadamente 6 cm² distanciados 1 cm entre si. Em um 20
C
desses pedaços colocamos 100 ul e solução açucarada 15
T
(controle) e no outro, 100 ul da solução açucarada misturada
10
à secreção. O registro para cada um dos pedaços de papel
filtro se iniciou no primeiro contato das formigas e teve 5
duração de 10 min. A cada 2 min foi registrado o número 0
de formigas que estavam em contato com os pedaços de 0 2 4 6 8 10
papel. O resultado deste experimento foi analisado através Tempo (minutos)
de uma ANOVA de medidas repetidas. Calculamos um
Figura 1. Número de indivíduos de Crematogaster sp. que
índice de visitação somando-se o número total de indivíduos
visitaram o controle de solução açucarada (C) e o
que visitaram cada pedaço de papel filtro e dividindo-o pelo
tratamento (T) de solução açucarada + secreção
tempo total de amostragem (número de indivíduos por
repugnatória do opilião Manaosbia scopulata ao longo de
minuto). O resultado do índice de visitação foi analisado
10 minutos.
através de um teste t pareado.
Resultados
Realizamos um total de 39 transplantes, sendo três ma-
chos e nove fêmeas no controle, cinco machos e oito fêmeas
no transplante a 10m e quatro machos e dez fêmeas nos
transplantes a 500m.
Figura 2. Número total de indivíduos alados aceitos pela
A variável “agressividade” das operárias e soldados ao
distância da colônia original.
alado introduzido, foi acrescentada na expectativa de
delinear melhor as afinidades existentes entre as colônias.
Nossas observações em campo, evidenciaram que o alado
ocasionalmente encontrava alternativas para sobrepujar o a)
ataque das operárias e soldados. Assim, a reação insistente
e agressiva das operárias em repelir o alado invasor foi 1,5
contabilizada como alternativa à opção entrada ou não nas
aceitos
domáceas Alados 1,0
O teste “G” para a relação de agressividade das operárias,
destacando a maior agressividade nos transplantes à 500 m
e a menor no controle (Figura 1), comparando observado e
esperado (G=20,995, gl=2, p<0,001), apresentou-se
significativa, enquanto para as classes controle e 500 metros,
os valores apareceram em razão inversa.
O sucesso dos transplantes ocorridos nas plantas controle
(100% de aceitação) não se repetiu em nenhuma das duas
classes seguintes (10 e 500m). As proporções de indivíduos
aceitos nessas duas categorias foram de 61,5% e 69%,
respectivamente (Fig 2).
Quando o grupo de alados foi tratado como grupos
distintos (machos e fêmeas) a proporção de aceitação foi
semelhante entre o grupo controle e as demais.(Fig 3).
Agressões
68
parcela na borda da mata e outra a 50m desta. 7:50-8:10 8:45-9:10 9:45-10:00 10:20-10:40 11:07-11:20 11:38-12:00
Em cada parcela, fizemos uma varredura manual pelo horário de observações
folhiço da área total da parcela à procura de répteis e
anfíbios, sendo que não utilizamos um tempo determinado Figura 2. Variação da umidade relativa do ar em
para essa amostragem. diferentes horários do dia nos diferentes pares amostrais
Em cada ponto de amostragem foram mensuradas as ( Borda Interior ).
variáveis microclimáticas como temperatura e umidade
relativa do ar, a espessura da serapilheira e anotado o horário
de coleta. 14
Resultados
Foram encontrados dois Bufo tiphonius, em diferentes
parcelas no interior e cinco Coleodactylus amazonicus em
diferentes parcelas (três na borda e dois no interior da mata).
Sendo que em apenas uma parcela foram registrados dois
indivíduos (um B. tiphonius e um C. amazonicus). Figura 3. Variação da espessura da serapilheira nos
Observamos que a temperatura no interior da floresta e diferentes pares amostrais (barra negra = borda e barra
na borda aumentou ao longo da manhã, entretanto a variação cinza = interior).
entre os dois locais não foi significativa (t = 1,581; df = 5; p
= 0,175) (Fig.1). Discussão
Devido ao pequeno número de indivíduos não foi possível
fazer uma análise estatística, entretanto relacionamos os
28,5
resultados com as características ambientais mensuradas.
temperatura do ar (0C)
28,0
27,5
27,0
A semelhança da temperatura nos dois ambientes indica
26,5 que a distância de 50m não é suficiente para ter diferença
26,0
25,5 entre a borda e o interior da floresta e pode ter contribuído
para uma maior dispersão de répteis de folhiço, que
necessitam de calor para termorregular. Isso também pode
ter contribuído para a ocorrência de C. amazonicus tanto na
borda como no interior.
Figura 1. Variação da temperatura em diferentes horários A ocorrência dos anfíbios só no interior pode ter sido
do dia nos diferentes pares. amostrais ( Borda Interior ). determinada pela umidade, pois esse grupo é dependente
de locais mais úmidos, mesmo no caso dos bufonideos que
são o grupo de anfíbios mais tolerantes a valores mais baixos
Na maioria dos pares amostrais a a umidade relativa do de umidade relativa do ar. Sendo assim, esse grupo pode
ar apresentou-se mais alta no interior da floresta, entretanto ser usado como um indicador de qualidade da floresta ou
essa diferença não foi significativa (t = 1,048 ; df = 5 ; p = de fragmentos de floresta, pois em locais onde os ambientes
0,343) (Fig.2). florestais estão mais degradados, existe uma maior
Em relação a espessura da serapilheira não foi observado permeabilidade aos fatores ambientais externos.
um diferença significativa entre a borda e o interior da Mesmo não tendo havido diferenças na espessura da
floresta (t = 0,210 ; df = 5 ; p = 0,842), sendo que houve serapilheira, a qualidade e composição desta podem ser
uma maior diferença entre os pares amostrais (Fig 3). fatores determinantes na distribuição das espécies que vivem
neste tipo de habitat, o que resta ser estudado com mais
detalhe.
Distância Euclidiana
ambiente (mata e borda) foram consideradas amostras 40
16
3 função da largura.
2
Igarapé Agradecimentos
1
Agradecemos ao prof. Carlos “Tachi” Fonseca pela
0 orientação e por nos mostrar, em tão pouco tempo, algumas
0 2 4 6 8 10 12 14 16
das maravilhas da Floresta Amazônica.
Largura da folha (cm)
Referências
Figura 2. Largura da folha em relação ao nível de
Coley, P. D. 1983. Herbivory and defensive characteris-
herbivoria nos dois ambientes estudados, na reserva do
Km 41, Amazônia Central. tics of tree species in a Lowland Tropical forest.
Ecological Monographs, 53(2): 209-233.
Crawley, M. J. (ed.). 1997. Plant Ecology. Blackwell
Tabela II. Resultado da análise de covariância avaliando
Science, Oxford.
o efeito da largura das folhas sobre a herbivoria nos dois
ambientes estudados na reserva do Km 41, Amazônia Dirzo, R. & C. Domingues. 1995. Plant-animal interac-
Central. tions in Mesoamerican tropical dry forests. In: E.
Bullock Medina & H. Mooney (eds.). Seasonally Dry
Variáveis G.L. F P R2 Tropical Forests. Cambridge University Press,
Ambiente 315 1,87 0,17 0,05 Cambridge.
Largura da folha 315 27,53 <0,001 0,77 Fonseca, C. R. ; J. M. Overton; B. Collins & M. Westoby.
Ambiente*Largura da folha 315 4,78 0,03 0,15 2000. Shifts in trait combinations along rainfall and
phosphorus gradients. Journal of Ecology, 88: 964-
Discussão 977.
A disponibilidade de recursos, como luz, nutrientes e Lovejoy, T. E. & R. O. Bierregaard. 1990. Central
umidade, é um dos fatores de maior influência sobre a amazonian forests and the minimal critical size of
riqueza de espécies e de estratégias adaptativas encontradas ecosystems project, p. 60-74. In: A. H. Gentry (ed.).
em comunidades vegetais (Crawley 1997). A disponibilidade Four Neotropical Rainforests. New Haven: Yale
destes recursos varia de acordo com o ambiente no qual a University Press.
planta vive, o que, por sua vez, se refletirá na estratégia Ribeiro, J. E. L. da S. 1999. Flora da Reserva Ducke:
foliar adotada pela mesma (Fonseca et al. 2000). Guia de Identificação das Plantas Vasculares de uma
Os ambientes de platô são localizados em áreas mais altas Floresta de Terra Firme na Amazônia Central. INPS/
e apresentam, de forma geral, um solo pobre em nutrientes. DFID. Manaus. AM.
As matas de baixio estão localizadas ao longo dos igarapés Richards, P. W. 1979. The Tropical Rain Forest. 450 p.
apresentando, em relação ao platô, um solo mais encharcado Syndics of the Cambridge University Press. London.
e com maior acúmulo de sedimentos (Ribeiro et al. 1999).
A largura das folhas foi maior no baixio, o que, a princípio Orientador: Carlos Fonseca
IH =
∑n i
∗i
N
onde, IH = Índice de herbivoria; ni = número de folhas
na classe i; i = classe; N = número total de folhas.
Para as análises da freqüência de ataque das
formigas em folhas e plantas com e sem abrigos realizei um
teste de Qui-quadrado. Para comparar o forrageamento de B
formigas tanto entre folhas/plantas quanto na mesma planta
(entre as diferentes regiões da folha) utilizei um teste de
Friedman. O grau de herbivoria entre as folhas e plantas
com e sem abrigo foi comparado através do teste t. Para a
comparação do número total de formigas forrageando sobre
as folhas utilizei o teste de Wilcoxon.
Resultados
Ocorrência de abrigos de formigas em Miconia cf.
phanerostila
No trecho que percorri ao longo da estrada observei que
tanto as plantas quanto a presença de abrigos ocorriam em
manchas. Assim, ao longo de certos trechos da estrada era
comum não encontrar nenhuma planta de M. cf. C
phanerostila, assim como encontrar um aglomerado de
plantas com ou sem abrigos.
A maioria das plantas examinadas para a realização do Figura 1. (A) Arvoreta de Miconia cf. phanerostila; (B)
experimento (69,4%) não apresentou abrigos, o que Detalhe de um abrigo em construção na face inferior da
dificultou um pouco as buscas de plantas com características folha; (C) Formigas (Azteca sp.) atacando o cupim usado
semelhantes para o pareamento, porém, sem comprometê- como isca no experimento.
n=30).
0
Espécies não-construtoras de abrigos FS1 FS2 FS3 FC1 FC2 FC3 PS1 PS2 PS3
Índice de herbivoria
PS1 x PS2 0,333 0,564 3,000 0,083
1,4
PS1 x PS3 0,333 0,564 2,667 0,102
* Valores significativos a 95% de confiança. 1,0
0,6
2,5 com abrigos, não diferindo entre folhas com e sem abrigos
na mesma planta, supondo que haveria uma função de
1,5 proteção generalizada para toda a planta. Porém, nem a
freqüência de ataque nem o número total de formigas
0,5 forrageando sobre a planta diferiram entre folhas ou plantas
com e sem abrigos, fazendo supor que outros fatores devem
-0,5
FS1 FS2 FS3 FC1 FC2 FC3 PS1 PS2 PS3
ser os responsáveis pela maior herbivoria constatada em
Grupos experimentais plantas sem abrigos. A baixa freqüência de plantas
encontradas com abrigos também permite inferir que a
Figura 3. Valores mínimos, máximos e mediana do relação entre a planta e a formiga pode ser facultativa ou
número de formigas não construtoras de abrigos oportunista (Beattie 1985, apud Vasconcelos & Davidson
forrageando sobre folhas de Miconia cf. phanerostila. FS = 2000).
Folhas sem abrigo; FC = Folhas com abrigo; PS = Planta É fato porém, que as escalas de tempo da ocorrência
sem abrigo. Os números seguintes às letras representam desses dois processos (ataque e proteção contra herbívoros)
os locais de forrageamento nas folhas (1 = terço proxi- são diferentes, o que poderia mascarar a detecção de uma
mal; 2 = terço mediano; 3 = terço distal). relação de causa e efeito. Essas diferenças nas escalas de
uma das variáveis estudadas. Para testar se os machos Bromeliaceae 14 (82) 3 (75)
Rapateaceae 5 (62.5) 12 (92.3)
defendem territórios e se as exibições são um tipo de
sinalização entre machos realizei análises de regressão en-
tre o tempo gasto com disputas e patrulha dos territórios e o O comportamento de defesa de territórios dos machos
número de machos no sítio e entre o número de exibições desta espécie consiste de uma série de manobras de vôos,
realizadas pelos machos e o número de machos no sítio. onde um macho se posiciona na frente dos outros e flexiona
as asas posteriores amplamente para baixo exibindo a
Resultados coloração interna acobreada. Durante as interações um
Os machos de Chalcopteryx scintilans são residentes. macho permanece tentando deslocar o outro para trás e este
Do total de 34 machos marcados, recapturei 17. Dentre estes, comportamento gera um movimento de vai-e-vem contínuo.
apenas dois mudaram de sítio de defesa de território (Tab. Estes vôos podiam ocorrer a poucos centímetros da lâmina
I). Os sítios de defesa de territórios distavam em média 10,4 d’água ou a cerca de 3 m de altura. Observei um total de 52
m, apresentando uma amplitude de 3,5 a 22 m. A abundância interações e elas foram bastante diversificadas envolvendo
de fêmeas nesta espécie parece ser muito baixa e observei de 2 a 4 machos e com duração média de 21 s (DP= 126,9 s;
uma única fêmea em um sítio de defesa de territórios. A amplitude = 2 a 780 s).
distribuição dos machos ao longo dos sítios de defesa de O tempo gasto pelos machos nas interações agressivas
territórios não foi uniforme, variando de um a cinco foi maior a medida que o número de machos presentes nos
indivíduos. sítios aumentou (F1,20=7,59; p=0,01, R2=0,28; Fig. 1). Já a
proporção de tempo gasto em patrulha dos territórios não
foi afetada pelo aumento do número de machos nos sítios
Tabela I. Resumo dos dados de captura e recaptura de de defesa de territórios (F1,20=0,10; p=0,75, R2=0,005). O
machos de Chalcopterys scintilans na Reserva do Km 41 número de exibições realizadas pelos machos não foi
durante cinco dias de estudo. Considerei que um influenciado pelo número de machos presentes nos sítios
indivíduo permaneceu no território quando ele foi de defesa de territórios (F1,20=0,04; p=0,84, R2=0,002).
recapturado no mesmo sítio da observação anterior. *Os
dados do dia 28/11/02 se referem a apenas um sítio de
defesa territorial.
Proporção de tempo gasto nas interações
0.6
25/11/02 7 4 (1) 4
26/11/02 12 2 (1); 3(2) 3
27/11/02 3 2 (1); 6 (2); 5(3) 13 0.2
28/11/02* 0 1(2); 2 (3) 3
0.0
Número de machos
para a persistência dos machos em seus territórios (Teste
exato de Fisher ; c2=10,03; N=22; p=0,01; Tab. II). As
Figura 1. Relação entre a proporção de tempo gasto nas
demais características analisadas, como presença de folhiço
interações entre os machos de Chalcopeteryx scintilans e
(Teste exato de Fisher; c2=0,46; N=22; p=0,48), presença
o número de machos coespecíficos presentes nos sítios.
de areia (Teste exato de Fisher; c2=0,36; N=22; p=1,00),
presença de luz (Teste exato de Fisher; c2=0,82; N=22;
p=1,00), presença de bromélias (Teste exato de Fisher; Discussão
c2=0,11; N=22; p=0,98) e presença de Rapateaceae (Teste Disputas territoriais são freqüentemente vencidas pelos
exato de Fisher; c2=2,85; N=22; p=0,25) não influenciaram machos que apresentam um “potencial de retenção do
a persistência do macho no território (Tab. II). recurso” (PRR) mais elevado (Mesterton-Gibbons et al.
Entretanto, na maioria dos casos os ectoparasitos ocorrem Fragmentos Florestais (Instituto Nacional de Pesquisas da
em pequenas populações, com pouco ou nenhum efeito sobre Amazônia/Smithsonian Institution), localizada na estrada
a saúde ou valor adaptativo (fitness) dos hospedeiros. Essas ZF3, uma via vicinal da BR174, ca. de 70 Km de Manaus,
populações em baixa abundância podem ser o resultado da Amazonas.
coevolução hospedeiro-parasito (Clayton 1991). As A vegetação da reserva é de floresta tropical úmida com
interações parasito-hospedeiro, que freqüentemente altura média de 35 m de altura e sub-bosque dominado por
mostram uma evidência circunstancial de co-adaptação, são palmeiras acaules (Pires & Prance 1985). A mata está situada
ideais para testar coevolução, pois incluem uma das mais em terra firme (terreno não alagável) com altitudes variando
íntimas associações conhecidas entre organismos (Price de 50 a 125 m sobre nível do mar. O clima é quente e úmido
1980, Rollinson & Anderson 1985, Proctor & Owens 2000). com temperatura média anual de 26,7oC (RADAMBRASIL
Estudos sobre parasitismo em morcegos ainda são 1978). A precipitação média anual é de 2200 mm, com pico
escassos e limitam-se a uma breve discussão da ocorrência de chuvas entre os meses de março e abril e diminuição
e biologia das espécies de parasitos (veja Coimbra Jr. et al. marcada entre julho e setembro (Lovejoy & Bierregaard
1984, Santos 1990, Autino et al. 1998, Graciolli et al. 1999, 1990). A reserva possui mil hectares, cuja área total está
Riqueza de ectoparasitos
Riqueza de ectoparasitos
A B
3.0 3.0
2.5 2.5
2.0 2.0
1.5 1.5
1.0 1.0
0.5 0.5
0 5 10 15 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Comprimento do pêlo (mm) Assimetria entre antebraços (mm)
C D
Abundânc ia de ectoparasitos
20 E F
15
10
0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Assimetria entre antebraços (mm)
Figura 1. Relações entre as variáveis morfométricas: (a) comprimento do pêlo dos indivíduos (b) assimetria do
antebraço (diferença entre o antebraço direito e esquerdo de cada indivíduo); (c) assimetria da área da asa (diferença
entre a área da asa direita e esquerda) e a riqueza de ectoparasitos. Relações entre (d) o peso (e) a assimetria dos
antebraços e (f) a assimetria das áreas das asas de cada indivíduo e a abundância de ectoparasitos encontrada em cada
um deles.
significativamente com a riqueza de ectoparasitos. Dos doze indivíduos de Carollia brevicauda, oito eram
O peso dos indivíduos (R2=0.001, t=0.111, g.l.=16, machos, dos quais três não estavam infectados. Das quatro
p=0.913, Fig. 4) e o comprimento do pêlo (R2=0.031, t= - fêmeas capturadas desta espécie, apenas uma não apresentou
0.738, g.l.=17, p=0.47) não têm relação com o número de ectoparasitos.
ectoparasitos presentes. As medidas de assimetria entre
antebraços (R2=0.01, t= -0.447, g.l.=19, p=0.66, Fig. 5) e Discussão
área das asas (R2=0.04, t= -0.278, g.l.=19, p=0.784, Fig. 6) A especificidade e a prevalência de algumas espécies de
também não tiveram efeito sobre a abundância de ectoparasitos em morcegos hospedeiros está bem relatada
ectoparasitos. em alguns trabalhos realizados em regiões temperadas (e.g.
Quanto ao vigor dos animais, dos 29 indivíduos Overal 1980, Deunff et al. 1990). Na Espanha, Estrada-Peña
capturados, sete apresentavam-se normais. Dois indivíduos e colaboradores (1989) relataram a distribuição e a
de aparência normal não continham ectoparasitos. Os outros prevalência de ácaros em espécies de morcegos nativos.
22 animais tinham aparência absolutamente saudável. Nesses estudos, a maior parte das capturas de morcegos
Largura (cm)
300
foram feitas medidas de largura e profundidade do leito,
velocidade da água (para o cálculo de vazão - área do leito 200
do igarapé em cm2 x velocidade em cm/seg.) e número de 100
interseções. Esta última, uma medida do grau de
0
fragmentação do folhiço acumulado no leito dos rios, foi
1 2 3
feita colocando uma régua sobre uma amostra de folhiço e
ordem
contabilizando os pontos em que cada parte das folhas tocam
a régua. O depósito nos leitos foi também observado e 60 (b)
profundidade (cm)
classificado em dois tipos: areia ou folhiço. 50
As medidas de largura dos igarapés foram divididas em 40
10 partes iguais, o que resultou em nove pontos onde foram 30
tomadas medidas de profundidade, a partir das quais se 20
estabeleceu a área seccional dos igarapés. 10
A classificação dos igarapés quanto à ordem foi realizada 0
com auxílio de um mapa e conforme a proposta de Horton 1 2 3
(1945), modificado por Strahler (1954, 1957) apud Beau- ordem
mont 1975). Assim, todas as nascentes foram consideradas
200000 (c)
igarapés de primeira ordem, estes por sua vez ao se unirem
vazao (cm3/s)
que esta não é uma boa variável para predições sobre ordens
2 de rios. Talvez, a utilização de equipamentos mais refinados
de medida, e de uma metodologia que preveja as variações
1
de velocidade nas porções mais turbulentas dos igarapés
0 possa sanar este problema e levar a resultados mais
1 2 3 confiáveis.
ordem
Agradecimentos
Agradeço a ajuda dos professores Jansen e Paulo, na
Figura 2. Proporção de a) areia e de b)folhiço acumulado
busca por uma hipótese a ser trabalhada junto aos igarapés,
no leito dos igarapés.
e a todos os professores envolvidos neste “super curso”; ao
Marcelo e ao Juruna pelo constante apoio; ao Luiz, grande
Discussão companheiro no sofrimento de campo e nas análises e
Definidas as características físicas e estruturais dos discussões sobre estes 30 dias de curso; à Carina, por ter
igarapés que compõem a microbacia de drenagem da me orientado nas análise estatísticas dos dados e em sua
Reserva do Km 41, torna-se possível avaliar a importância interpretação; aos CD’s da Paula e Sylvia que me salvaram
relativa de cada igarapé dentro conjunto do sistema da eminente loucura em ter de escutar “brega e forró” por
hidrológico, ao invés de caracterizá-los de forma simplista tanto tempo e, a todos os meus novos amigos (André (Su-
como o fazem desde 1945, a partir da iniciativa de Horton per Kid - Um amigo para o resto da vida, eu espero), George,
(citado por Beaumont 1975). Esta crítica somente reforça a Josué, Mestre Eduardo, Guma, Ana Paula, Carolina, Patrícia,
de Chorley (1969 apud Beaumont 1975), que acreditava na Vanina, Yumi, Daniela, Genimar, Ana Maria, Flaviana) que
inadequação do método por este não seguir as regras básicas espero rever em breve.
de adição e multiplicação algébrica, ignorando o fato que Por fim, agradeço a Deus por estar cuidando daqueles
muitos igarapés de segunda ordem comportam volumes que tanto amo (Mãe, Pai, Letícia, Lívia, Laurinha (minha
muito acima dos seus vizinhos de mesma ordem, bastando flor de mel) e a Ana Paula) enquanto estou longe.
que esse receba como afluente, vários igarapés de primeira Obrigado.
ordem.
Conforme esperado, igarapés de maior magnitude Referências bibliográficas
(terceira ordem) estão propensos a receberem uma Beaumont, P. 1975. Hidrology In: River ecology: studies
quantidade maior de energia e biomassa, também pelo maior in ecology. Editor: Whitton, B.A. University of
afastamento de suas margens, o que resulta em menor California Press. Los Angeles, USA.
cobertura do dossel, deixando-o exposto à ação dos fatores Botero, J. I. S. 1999. Aplicação do conceito de rio
físicos climáticos, gerando consequentemente uma maior contínuo em igarapés de primeira, segunda e terceira
produtividade primária no sistema aquático. ordem na bacia do Rio Urubu. Ecologia da Floresta
30
20 ambiente (Fowler et al. 1993, Didham 1997), pois os
10 mesmos podem atuar como vetores de infecções permitindo
0 a penetração e a ação de fungos através dos danos que
MT BD causam nas folhas. Esta maior abundância de insetos na
Mortalidade borda também poderia explicar porque, em relação ao inte-
rior da mata, neste ambiente ocorreu uma maior freqüência
Figura 1. Mortalidade (%) das galhas registradas no de galhas predadas e parasitadas.
interior da mata (MT) e na borda (BD). Os números acima A reação de hipersensitividade é um importante tipo de
das barras indicam os valores absolutos de mortalidade defesa induzida das plantas em relação ao ataque de
de galhas em cada ambiente. organismos galhadores (Fernandes 1990, 1998). Esta reação
foi recentemente descrita como o mais importante
mecanismo de resistência de plantas contra insetos
70
285
herbívoros que possuem uma íntima associação com a sua
60 planta hospedeira, como por exemplo, os galhadores
158
50
(Fernandes 1992). Entretanto, esta reação têm sido
113
(%)
40
137 negligenciada como importante fator de mortalidade em
30
20 49 estudos populacionais de insetos herbívoros (veja Fernandes
42 1990, Price et al. 1990).
10 24 25 15
0
0 A riqueza semelhante de espécies registrada na mata e
HS FG PD PR OT na borda foi provavelmente um reflexo do método de
Fatores de mortalidade amostragem aplicado neste estudo. Em trabalho realizado
recentemente nos mesmos locais, no qual o esforço de
Figura 2. Porcentagens dos fatores de mortalidade (%)
amostragem foi padronizado em horas/ambiente, a riqueza
das galhas registradas no interior (barra escura) e na
de espécies na borda foi maior do que aquela registrada no
borda (barra clara) da mata: hipersensibilidade (HS),
interior da mata (Resende et al. este volume).
doenças causadas por fungos (FG), predação (PD),
Organismos galhadores possuem uma forte associação
parasitoidismo (PR) e outros (OT). Números acima das
com as suas plantas hospedeiras (Fernandes 1992). Desta
barras indicam os valores absolutos dos respectivos
forma, a distribuição das espécies vegetais ao longo de um
fatores nos dois ambientes (c2= 18,86; GL=3; P< 0,001).
ambiente influencia a distribuição das espécies de galhadores
presentes no mesmo. No decorrer da realização deste
Discussão trabalho, observei que, em grande parte, as galhas estavam
Este trabalho demonstrou que o mecanismo que produz distribuídas em manchas de indivíduos, de acordo com as
a abundância diferencial (Fernandes et al. 1995, Gonçalves- espécies de plantas nas quais as mesmas ocorriam.
Alvim & Fernandes 2001a, Fernandes et al. 2002) de insetos Por sua vez, a composição de espécies do MT e do BD
galhadores em ambientes de borda e interior de floresta é a diferiu muito, refletindo as particularidades de cada hábitat.
maior porcentagem de mortalidade destes organismos na Fernandes & Price (1988, 1991) propõem que, a longo
mata (vide Fig. 1). Este resultado é corroborado por estudos prazo, as taxas diferenciais de mortalidade entre ambientes
realizados em outros locais, onde a abundância e a riqueza xéricos e úmidos têm levado a uma especiação e a uma maior
de galhas foram maiores em ambientes xéricos do que em irradiação dos insetos galhadores em ambientes mais secos
ambientes mésicos (Fernandes et al. 1995, Gonçalves-Alvim e expostos à luz solar. Tais processos podem explicar esta
& Fernandes 2001a, Fernandes et al. 2002, Price et al. 1998). composição particular de galhas registrada em cada
A borda da mata é um ambiente mais exposto à ação da ambiente estudado, o que também é influenciado pela
radiação solar e à dessecação do que o interior da mata. composição e pela riqueza florística desses ambientes
Modificações na disponibilidade de nutrientes e/ou água (Fernandes 1992).
alteram os balanços hormonais e fisiológicos das plantas, o Por fim, a distinção das comunidades de galhas de
que as torna mais suscetíveis ao ataque de herbívoros ambientes secos e úmidos assinala o potencial de utilização
(Fernandes 1992) e à ação dos organismos galhadores das mesmas como organismos indicadores de diversidade e
(Fernandes & Price 1992). qualidade do habitat (Fernandes et al. 1995, Resende et al.
Pavón (1999) em seu estudo registrou uma maior este volume). No entanto, são necessários mais estudos que
incidência de fungos sobre as folhas de plantas presentes na busquem elucidar a relação existente entre as espécies
borda do que no interior da mata. Este resultado corrobora galhadoras e o ambiente.
Resultados
Obtive um total de oito ninhos da mesma espécie de
Figura 1(A).Vista geral do ninho de vespa (Vespidae: vespa, sendo a maioria encontrada na face abaxial de folhas
Polybiinae) estudado neste trabalho. (B) Corte transver- de palmeiras (Arecaceae) tanto na área de baixio como em
sal do ninho, mostrando células com ovos e larvas. terra firme. Os ninhos foram enumerados de 1 a 8 de acordo
Métodos com uma ordem crescente de volume (Tab.1). Os ninhos 7
e 8 eram constituídos de duas camadas de células
sobrepostas, sendo a superior um pouco menor que a infe-
Este trabalho foi realizado em uma área de terra firme na
rior, dando a aparência de uma estrutura em pirâmide.
Reserva do Km 41 (59º43’40" O; 2º24’26" S) do Projeto
Os estágios de desenvolvimento foram caracterizados da
Dinâmica Biológica de Fragmento Florestais, localizada a
seguinte forma:
70 km ao norte de Manaus, AM. Durante um período de
1) Ovos: estrutura em forma de gota com, no máximo,
três dias, percorri áreas de baixio, da estrada e da trilha KK
1mm de comprimento, inserida pelo ápice
7 da reserva à procura de ninhos de vespa que pertencessem
perpendicularmente à parede da célula do ninho. Havia
à uma mesma espécie. Os ninhos encontrados eram
sempre um único ovo por célula. A posição dos ovos no
cuidadosamente envoltos em um saco plástico junto com a
ninho variou de periférica nos ninhos maiores (5 - 8),
folha onde estavam fixados. No laboratório, os animais fo-
ocupando apenas as faixas de células mais externas, a mais
ram sacrificados no interior do saco plástico por meio de
O número total de indivíduos total de cada ninho está Figura 3. Regressão linear entre o número total de
positivamente relacionado ao seu volume (F(1,6) =11,251; indivíduos e o volume dos ninhos (mm3) encontrados na
p=0,010; R2=0,651; Fig. 3). Contrariamente, não houve área da Reserva do Km 41, Amazônia Central.
Resultados
Foram registradas no total 4 classes de artrópodes: In-
secta (10 ordens), Chilopoda (uma ordem), Diplopoda (uma
ordem) e Arachnida (2 ordens).(Tabela 1).
As somas podem não totalizar 100%, pois alguns Figura 1. Abundância de artrópodes predadores (A) e
indivíduos coletados não puderam ser identificados em decompositores (B) em ambientes de campinarana (c) e
ordem. A grande abundância de Hymenoptera pode ser ao platô (p).
explicada pela alta captura de formigas e algumas vespas.
A família Ponerinae foi a mais representativa, constituída
principalmente por formigas errantes, talvez este seja o Não houve relação entre a abundância de artrópodes
motivo por que elas foram bem coletadas. A ordem Diptera predadores e fatores ambientais analisados (luminosidade
foi representada por moscas e carapanãs. Entre os Ortho- e profundidade da serapilheira; F=0,038; R 2=0,001;
ptera, os grilos foram os mais capturados. p=0,963; Figura 2 A e B) Já para os artrópodes
Observei que a maior diferença entre os dois ambientes decompositores a relação foi significativa (F=3,173; R2=0,1;
foi em relação a abundância de Homoptera e Thysanura. O p=0,049), no entanto nota-se que esta foi muito fraca. O
primeiro grupo foi bem mais abundante na campinarana fator que mais influenciou a abundância desse grupo foi a
(aproximadamente 90% dos indivíduos foram encontrados luminosidade, regressão múltipla,p=0,057. (Figura 3 A e
neste ambiente), enquanto que o segundo grupo foi mais B).
abundante no platô (aproximadamente 95% dos indivíduos Não houve relação entre a abundância de artrópodes
coletados encontravam-se neste local). predadores e fatores ambientais analisados (luminosidade
A luminosidade (t=3,251; gl=58; p<0,009) e a e profundidade da serapilheira; F=0,038; R 2=0,001;
profundidade da serapilheira (t=2,717; gl=58; p<0,002) p=0,963; Figura 2 A e B) Já para os artrópodes
foram maiores na campinarana do que no platô. decompositores a relação foi significativa (F=3,173; R2=0,1;
Entretanto, a abundância de artrópodes predadores e p=0,049), no entanto nota-se que esta foi muito fraca. O
decompositores não diferem entre os ambientes ( fator que mais influenciou a abundância desse grupo foi a
predadores: t=-0,025; gl=58; p=0,98; decompositores: luminosidade, regressão múltipla,p=0,057. (Figura 3 A e
U=331,5; N=30; p=0,069) (Figura 1 A e B) B).
B B
Discussão
A A composição de espécies e a estrutura da comunidade
de artrópodes de serapilheira são dependentes de vários
fatores, entre os quais o tipo de formação vegetal, o solo, o
clima local e a diversidade de microhabitats (Schowalter &
Sabin.1991). Neste estudo o enfoque foi dado à
profundidade da serapilheira e à luminosidade, pois supus
que estas eram duas variáveis importantes na estruturação
da comunidade e dos grupos funcionais.
Das hipóteses testadas, observou-se que o grupo dos
predadores respondeu da forma prevista, ou seja, não houve
diferença significativa na sua abundância entre os ambientes
estudados. Isto era esperado porque a presença de
B
artrópodes predadores não deve estar diretamente
relacionada à luminosidade ou à profundidade da
serapilheira, mas sim à disponibilidade de presas, a qual
deve ser semelhante no platô e na campinarana. Os
decompositores também comportaram-se da forma prevista
pela hipótese. Este grupo apresentou diferença entre os dois
ambientes. No ambiente com menor luminosidade, os
artrópodes decompositores foram mais abundantes. Isto era
esperado pois a taxa de decomposição em ambientes de platô
Figura 2. Resíduos parciais da regressão múltipla entre é maior que em campinaranas. No entanto a luminosidade
artrópodes predadores e a luminosidade (A) e a não está diretamente relacionada a taxa de decomposição.
profundidade da serapilheira (B). Ambientes: c = Em relação aos fitófagos, era esperado que sua
campinarana; p=platô. abundância fosse maior na área de campinarana, pois nessas
6
de espécies algívoras (J. Zuanon, com. pess.). Como citado
5
anteriormente, um maior número de espécies proporciona
4 maiores interações ecológicas. Somente em igarapés de 2a
3 e 3 a ordem foram encontrados peixes carnívoros e
2 piscívoros, corroborando a hipótese do rio contínuo, que
1
prediz que quanto maior a dimensão do ambiente, maiores
serão as interações ecológicas nestes locais.
0
0 20 40 60 80 Peixes maiores e espécies de maior porte somente
Profundidade (cm)
ocorreram em igarapés mais profundos e largos. Este tipo
de estrutura de comunidade não é notada em igarapés de 1a
ordem, onde encontram-se como espécies dominantes
Figura 1. Regressão linear entre riqueza de espécies e pequenos characideos e lebiasinídeos.
profundidade de igarapés de terra firme na Reserva Km Era esperado que o tipo de substrato e de margem
41, Amazonas, Brasil. tivessem influência na riqueza de espécies de peixes em
igarapés. Diferentes tipos de substrato e margem poderiam
Discussão proporcionar maior quantidade de abrigos e locais de
forrageio. É possivel que espécies de habitos criptobióticos
Segundo a teoria do rio contínuo (Vanotte et al. 1980), à
não tenham sido registradas pelo método de observação
medida que segue o ambiente lótico, ou riacho, o número
direta e a partir das margens, resultando em um subestimativa
de interações inter-específicas aumenta também. Algumas
de riqueza de espécies locais e atrapalhando as análises. O
características se modificam ao longo de um gradiente lon-
folhiço, por exemplo, é um substrato rico em abrigos que
gitudinal, por exemplo a quantidade de luz que entra no
são utilizados por pequenos peixes de difícil visualização.
sistema aumenta, proporcionando uma produção primária
Nestes locais a melhor opção seria realizar coletas mais
autóctone importante em rios maiores. A qualidade e a
efetivas, com redes e peneiras, ou despender um tempo maior
quantidade de material em suspensão também difere ao
de observações subaquáticas (Rincón, 1999).
longo do sistema onde nos rios maiores existe uma grande
A velocidade da correnteza é reconhecida como um
quantidade de nutrientes e material particulado fino,
parâmetro-chave de habitats aquáticos (Rincón, 1999),
enquanto nos rios menores ocorre o início do processo de
porém não teve influência na riqueza de espécies de peixes
fragmentação e decomposição de folhas e troncos. Estas
nos igarapés estudados. Este parâmetro pode ser crucial para
mudanças nas características do sistema proporcionam a
o estabelecimento de algumas espécies, pois o custo
adição e a substituição de muitas espécies de peixes
metabólico para natação aumenta exponencialmente com a
resultando em comunidades ícticas progressivamente mais
velocidade da água. Portanto, era esperado que em locais
complexas. Assim, os igarapés são sistemas heterotróficos
de maior correnteza fossem encontradas espécies com
que modificam-se até constituírem sistemas autotróficos nos
características morfológicas e/ou comportamentais
corpos d’água maiores.
especializadas, o que não ocorreu. É possível que a baixa
Neste estudo, a profundidade e a largura dos igarapés
freqüência e extensão desse tipo de habitat em riachos de
estiveram correlacionadas e tiveram grande influência na
cabeceiras não permita o estabelecimento de conjuntos de
riqueza de espécies de peixes. Ambientes mais profundos
espécies estritamente reofílicas típicas de rios maior porte.
proporcionam a existência de diferentes meso-habitats em
As características que determinam a ocorrência de
um mesmo trecho do rio, fazendo com que conjuntos de
espécies dos grandes rios são completamente diferentes das
peixes que ocupam diferentes estratos de profundidade
consideradas importantes nos igarapés de cabeceiras. Em
possam se estabelecer, aumentando a riqueza local de
rios, parâmetros físico-químicos da água e sazonalidade são
espécies. A maior largura em igarapés pode funcionar de
mais importantes, ao passo que nos igarapés os parâmetros
modo semelhante à profundidade, pois em um mesmo trecho
físicos ou morfológicos do local são mais marcantes para a
do riacho a maior amplitude na largura faz com que
ocorrência de determinadas espécies de peixes.
diferentes espécies possam partilhar o espaço do igarapé
Assim concluo que quanto maior a largura e a
em seu plano horizontal. Assim, a distinção mais clara en-
profundidade do igarapé, maior é o número de espécies
tre áreas de margem e de canal possibilita a ocorrência de
estabelecidas e que o tipo de substrato, margem e correnteza
guildas tróficas diferenciadas, resultando em relações
apresentam influência relativamente reduzida sobre a
tróficas mais complexas. Porém se ambas espécies forem
riqueza de peixes em igarapés de cabeceiras de áreas de
da mesma guilda trófica a competição por locais de forrageio
terra firme na Amazônia Central. Interações bióticas
pode ocorrer (Rincón, 1999).
possivelmente consistem fatores importantes na estruturação
Igarapés maiores, como os de 3 a ordem, além de
dos conjuntos de espécies de peixes de igarapés.
Introdução Métodos
Estudos comportamentais e ecológicos são cada vez mais No período de 23 à 27 de novembro foram realizadas
utilizados como base de dados na sugestão de hipóteses observaçõesl em dois períodos, tarde (14:00-18:00) e noite
filogenéticas . Além disso características da história natu- (19:00-1:00). O estudo foi realizado na Reserva do Km 41
ral de qualquer grupo quando abordados dentro de uma ótica (INPA), aproximadamente 80 km de Manaus (2o 30’., 59o
filogenética podem mostrar padrões importantes para se
52’ O). As observações foram realizadas em três sítios,
compreender melhor o processo evolutivo implícito na
escolhidos por apresentarem uma grande quantidade de
história do grupo. Dessa forma, estudos sobre história natu-
troncos de árvores caídos, que são usualmente utilizados
ral dos grupos têm um papel significativo nas pesquisas
evolutivas. como abrigos diurnos (obs. pess.).
Os amblipígios são animais de hábitos noturnos que Todos os locais onde foram encontrados amblipígios fo-
ocorrem em regiões tropicais e semi-tropicais (Barnes, ram marcados com uma fita colorida. Os indivíduos, quando
1984). Os trabalhos que tratam de aspectos do possível, foram coletados, marcados com tinta para
comportamento do grupo se referem basicamente à sua aeromodelismo, numa combinação de cores individual e,
biologia reprodutiva (Weygoldt, 1972). Relatos sobre outras em seguida, soltos no mesmo local de captura. Foram
características da história natural das espécies do grupo são tomadas duas medidas dos indivíduos coletados: largura e
muito escassos. comprimento do cefalotórax. As medidas foram tiradas com
Heteroprhynus longicornis é uma espécie de grande porte
paquímetro de precisão de 0,05 mm. Os exemplares foram
muito comum na região amazônica. Assim como a maioria
agrupados em três categorias: macho, fêmea e juvenil. A
das espécies da ordem pouco se sabe sobre aspectos de seu
comportamento. As perguntas que guiaram este estudo fo- freqüência de recaptura foi anotada a partir da primeira
ram: (1) H. longicornis é uma espécie com fidelidade por captura. O perímetro de atividade dos indivíduos foi
abrigos? (2) Qual o perímetro de atividade dos indivíduos? estimado
Introdução
A predação pode ser considerada um tipo interação que 1501 (Km 41) do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmento
envolve a captura de um organismo vivo (presa) para o florestais localizadas a 70 km ao norte de Manaus,
consumo de um outro (predador). Amazonas (02º25 ‘S 59°50’ W), com altitudes, variando
Em alguns grupos de herbívoros como larvas de entre 50-125 m acima do nível do mar. A Reserva apresenta
lepidópteros, a predação exerce uma forte pressão seletiva 1000 ha cobertos por uma floresta densa contínua de terra
na regulação populacional (Stamp & Wilkens 1993). Pode- firme (Oliveira 1997). A borda nesse ambiente apresenta
se afirmar que o comportamento e a abundância de seus uma vegetação de dossel mais baixa, uma complexidade
principais predadores (pássaros, vespas, formigas, entre menor e heterogeneidade maior que o interior (Laurance
outros) podem interferir na abundância das lagartas e estas 2001).
nos danos de plantas (Montlor & Bernays 1993). Alguns Os modelos artificiais de lagartas foram feitos utilizando
fatores como o clima, habitat do predador, a complexidade massa de modelar. O tamanho do modelo apresentava cerca
e heterogenidade da vegetação podem alterar a eficiência de 0,4 cm de diâmetro e 4,0 cm de comprimento (n= 408
da relação predador-presa (Andrade 1995). lagartas).
As aves, por exemplo, apresentam na borda dos ambientes Utilizei quatro parcelas do lado esquerdo e quatro
florestais uma riqueza e abundância menor que no interior. parcelas do lado direito da estrada ZF-3 (Figura 1),
Em mata de terra firme na Amazonia Central, algumas originalmente construídos para avaliar se a estrada servia
espécies como Trogon rufus, Cyanocompsa cyanoides, como uma barreira entre as aves, e se a distância da margem
Galbula albirostris, ocorrem somente na borda e outras da estrada ao interior alterava a distribuição delas (Laurance
como Pipra pipra, Schiffornis turdinus, Dendrocincla 2001). As mesmas parcelas foram utilizadas com a
fuligunosas, somente no interior da floresta. finalidade de comparar os resultados da predação dos
O tamanho das estradas que cortam a Floresta Amazônica modelos de lagartas com a distribuição de aves nestes
podem ser uma barreira para algumas espécies de aves, como ambientes.
as de correição. A presença de borda em cada lado da estrada Cada parcela contém três transectos nas distâncias 10,
potencializa ainda mais este efeito de impedimento em aves 70 e 170 metros da estrada. Em cada transecto foram
insetívoras. Desta maneira, a estrada pode levar a uma distribuídos 17 modelos artificiais de lagartas, uma em cada
alteração da distribuição das aves entre os seus lados indivíduo de planta (n=16), independente da espécie,
(Laurance 2001). distanciados 4,5 metros entre si. As lagartas artificiais fo-
Para testar esse efeito de borda, este trabalho teve como ram fixadas nas folhas que estavam entre 1,20 a 1,40 metros
objetivo verificar, utilizando modelos de lagartas artificiais de altura do solo, utilizando uma cola instantânea da marca
(Andrade 1997; Andrade & Benson 1996; Vidalenc 1999), “Super bonder”. Posteriormente, colocamos graxa nos
se há diferenças nas taxas de predação de lagartas em relação ramos de nove dessas plantas com os modelo, sorteadas
ao tipo de ambiente (borda, interior, lado esquerdo e direito aleatoriamente.Examinei a presença ou ausência das lagartas
da estrada) em uma mata de terra firme na Amazônia Cen- e categorizei as marcas de ataque por aves, formigas, vespas
tral. e outros (figura 2), 48 horas após a colocação dos modelos.
As hipóteses testadas foram: 1) A predação de lagartas Utilizei uma ANOVA de medidas repetidas para testar
artificiais é maior no interior que a área de borda; 2) A as variações na predação entre os lados da estrada, entre a
diferença de composição de aves entre o interior e borda e distância dos transectos e entre os tratamentos (com e sem
entre os lados da estrada afetam a predação por lagartas. graxa), e uma ANOVA de dois fatores para testar a diferença
na predação entre os grupos taxonômicos e distância da
Métodos estrada. A utilização dos testes estatísticos foram de acordo
O trabalho foi realizado em novembro de 2002 na Reserva com Zar (1984).
predação (%)
0,5
0,4
0,3 SYMBOL
0,2 CD
CE
0,1 SD
0,0 SE
0 50 100 150
Distância da estrada (m)
GRUPO
formigas
aves
vespas
0,7
0,6
predação (%)
0,5
0,4
0,3
0,2
Figura 2. Desenho esquemático das principais marcas de 0,1
predação em modelos artificiais de lagartas.
0,0
0 50 100 150
Distância da estrada (m)
Resultados
Encontrei 172 modelos de lagartas predadas (42%) após
Figura 4. Porcentagem de predação por grupo (formigas,
48 horas. A predação total encontrada não diferenciou en-
aves e vespas) entre os transectos a 10 m, 70 m e 130 m
tre os lados estrada (F=0,193, gl= 1, p=0,666, figura 3); a de distância da estrada ZF-3.
média de predação do lado direito foi de 33,5% e do lado
esquerdo foi de 32,5%. Da mesma forma, não encontrei
Na predação por aves não houve diferença entre o lado
diferença de predação entre os transectos e os lados (F=0,02,
direito (sul) e esquerdo (norte) (F=0,1933, gl=1, p=0,666,
gl=2, p=0,98) e entre os tratamentos (com graxa e sem graxa) figura 5), assim como em relação a interação entre transectos
e os lados (F=0,662, gl=1, p=0,426). O perfil de predação e lados (F=0,02, gl=2, p=0,980), entre tratamentos e lados
dos tratamentos e transectos não apresentou diferença (F=0,662, gl=1, p=0,426) e entre tratamento e transecto
(F=0,228, gl= 2, p=0,798). (F=0,228, gl= 2, p=0,798).
12
Tabla 1. Resultado del análisis de varianza de medidas
repetidas para evaluar el efecto del tratamiento (daño 8
a) N de hormigas
Tratamiento 1 6,670 0,014 20
daño foliar
Tiempo
Tiempo x Tratamiento
10
10
12,000
3,260
<0,001
0,005
B
16
b) N de soldados
12
Tratamiento 1 8,150 0,007
Tiempo 5 0,866 0,505
8
Tiempo x Tratamiento 5 2,039 0,075
Tiempo (seg.)
daño foliar previo; y c) en hojas que recibieron 44
manipulación previa .
35
Fuente de variación F G.l. P
48
40
Respuesta inducida a corto plazo
Independientemente del tiempo trasncurrido desde el 32
daño previo, el tiempo de detección del daño fue 24
inversamente proporcional al número de hormigas
16
patrullando la hoja al realizar el daño (r2=0,208; F = 7,63, 1 2 3 4
Intervalo temporal
P= 0,01). Encontré efecto de tiempo transcurrido entre el
primer y segundo daño foliar (Tab. 3) en el tiempo de Figura 3. Tiempo de detección del daño foliar en hojas
detección del segundo daño. En las hojas en que trasncurrió que recibieron un daño previo a distintos intervalos de
30 minutos desde el daño previo, las hormigas tardaron tiempo, 1=5’, 2=10’, 3=15 y 4= 30’, en experimentos
significativamente más que en detectar el daño (Fig. 3). Por realizados escala de hoja (a) y de planta (b).
el contrario, no encontré efecto de escala de experimentación
(a nivel individuo o planta) ni interacción entre ambos distintos tipos de perturbaciones en la hoja, y responder en
factores, indicando que la respuesta no está afectada por la forma diferencial, asumiendo una actitud de defensa en caso
escala de experimentación, observandose en ambos de daño foliar. Esta actitud se manifestó en un mayor número
experimentos el mismo patrón (Fig. 3). de hormigas, un menor tiempo de reclutamiento, así como
Discusión un mayor reclutamiento de soldados en hojas dañadas, los
Las hormigas de la especie Pheidole minutula ejercen cuales no patrullaron la hoja antes del daño, confirmando
una protección efectiva contra herbívoros en Maieta que esta casta tiene una función específica en la defensa,
guianensis (Benson 1985, Vasconcelos 1991). El presente como fué postulado por Benson (1985). El reconocimiento
trabajo demostró que las hormigas son capaces de reconocer del daño foliar indica que estímulos físicos o químicos
Introdução
Na Amazônia os lagartos ocupam diversos ambientes gênero Gonatodes, distribuídas ao longo de toda a bacia
naturais, tais como florestas de terra firme, matas de várzea amazônica (Ávila-Pires 1995). Gonatodes humeralis é o
e igapó, margens de grandes rios e de pequenos igarapés, geconídio amazonico com distribuição mais ampla, podendo
bem como ambientes perturbados naturalmente ou pela ação ocorrer em simpatria com outras espécies do gênero (Ávila-
antrópica como clareiras (Oda 1998; Beebe 1994; Pires 1995).
Hoogmoed 1973; Vanzolini 1968; O’Shea 1989; Duellman Gonatodes humeralis é um pequeno lagarto diurno e
1989, 1990; Martins 1991, Crump 1971, Dixon e Sioni 1975; umbrófilo (41mm de comprimento rostro-cloacal). Nunes
Cunha et al. 1985; Vitt et al. 1997). Os microhabitats onde (1984) observou atividade da espécie no período
estes animais podem ser encontrados são: o solo, galerias compreendido entre 7:00 e 17:00h. Possui coloração críptica
no subsolo, em meio a serapilheira, troncos caídos e e acentuado dimorfismo sexual: os machos são mais
vegetação, desde a base até a copa (Oda 1998). coloridos, apresentando coloração castanho- escuro com
A família Gekkonidae é composta por diversas espécies faixas amarelas bem definidas, partindo do focinho até o
arborícolas em todo o mundo, porém na Amazônia, existem pescoço, as fêmeas possuem coloração mais clara e menos
poucas espécies dessa família que ocupam o estrato verti- vistosa que a dos machos, com manchas castanho-escuro
cal (Ávila-Pires 1995). Dentre essas estão as espécies do (Vanzolini 1972; Ávila-Pires 1995) Fig. 1.
Sede da Reserva do Km 41
PDBFF 4 26 24 z
z7 8 z z
z
3 z 6 z5
z
Banheiro
Refeitório 25
z2 z
9z
1z
18
16 21z z 19
z 23 z
z
10
z
12 11
z
z
Dormitórios
Laboratório
Figura 1. a) macho e b) fêmea de Gonatodes humeralis, 17
z
com marcas para identificação em campo. 14
z
20
z
Banheiro
13
z 15z 22 N
z
DAP entre 20 e 40cm e a altura média de 70cm do solo, Figura 2. Localização dos substratos utilizados por
sendo raramente observado a alturas superiores a 1,5m Gonatodes humeralis na área da Reserva do Km 41 do
(Nunes 1984; Vitt et al. 1997; O’Shea 1989; Vanzolini projeto PDBFF. Os números representam os substratos
1986). onde foram observados os indivíduos e os círculos as
Segundo Oda (1998) Gonatodes humeralis ocupa troncos supostas áreas de vida de grupos de indivíduos da
de diâmetros variados, o que pode definir está escolha é a espécie.
disponibilidade de abrigo e área de forrageio. Seguindo essa
premissa, busquei verificar se troncos maiores (DAP) são Variáveis ambientais
usados com mais freqüência por Gonatodes humeralis pois Observei algumas características dos substratos utilizados
são potenciais áreas de forrageio e abrigo. Outros fatores por Gonatodes humeralis tais como, se o dossel das árvores,
de seleção de microhabitat citados por Oda (1998) são aa contatavam com outras próximas, o DAP (Diâmetro a Altura
quantidade de serapilheira e rugosidade do tronco, que do Peito) dos troncos que abrigavam os indivíduos, foi
podem servir de área de forrageio e refúgio contra medido com uso de fita métrica de 20m, a altura da
predadores. Com base nestas informações resolvi verificar serapilheira, em torno das árvores, com o uso de régua de
se a presença de serapilheira e rugosidade, são importantes acrílico de 30cm que foi introduzida na serapilheira até que
para a abundância da espécie. Este trabalho teve ainda como não penetrasse mais.
objetivo descrever o comportamento de cópula, alimentar e A incidência solar sobre o tronco foi medida visualmente,
de territorialidade da espécie. no local onde o indivíduo se encontrava a rugosidade do
tronco, através do uso de papel sulfite e giz de cera, que era
Métodos pintado sobre o tronco e depois dividido em classes (1 liso,
Área de estudo 2 médio e 3 rugoso), na classe 1 foram identificados
Este estudo foi realizado na base da Reserva do Km 41 substratos de superfície lisa tais como, canos de PVC e
do PDBFF (20 24’S; 590 44’O) que pode ser descrita como árvores de caule liso, na classe dois foram incluídas árvores
uma área de aproximadamente 100m 2 , onde estão de casca com espessura média e na classe 3 as árvores com
localizados o laboratório, os alojamentos, banheiros, cozinha casca mais grossa, os substratos habitados pelos indivíduos
e refeitório, a floresta em volta é uma área de mata contínua, estudados foram divididos em classes de altura, em metros,
situada a 70 Km de Manaus, apresentando precipitação anual 1 (0-0,5), 2 (0,5-1), 3 (1-1,5), 4 (1,5-2), 5 (2-2,5), 6 (2,5-3),
de 2100mm, com estação chuvosa de novembro a maio e 7 (3-3,5), 8 (3,5-4), foi verificada a presença de epífitas e
seca entre junho e outubro (Lovejoy & Bierregard 1990) liquens, e a temperatura ambiental, usando termômetro de
(Fig. 2). O trabalho de campo foi conduzido entre os dias mercúrio. Para verificar a área de deslocamento dos
25 a 28 de novembro de 2002 as observações indivíduos, foram marcados com bandeiras, todos os pontos
comportamentais foram realizadas das 6:00 às 18:00h onde estes foram avistados, distante de sua área original,
perfazendo um total de 48h de observações. posteriormente estes pontos for medidos, com auxílio de
Tabela I. Ocorrência de indivíduos de Gonatodes humeralis na área do acampamento da Reserva do Km 41 PDBFF, por
tipo de substrato.
o
Número de Substrato DAP Epífitas nos Liquens nos Serapilheira na base N de ind. nos Rugosidade dos
substrato substrato substrato dos substratos substratos substratos
Número de morfoespécies
9
Famílias de Plantas Espécies de Morfoespécies
Hospedeiras planta de galhas 8
Burseraceae 7 8
Mimosoideae 7 8
7
Papilionoideae 6 7 6
Sapotaceae 5 6
Sapindaceae 3 3 5
Rubiaceae 3 3
Bignoniaceae 3 3 4
Annonaceae 2 2
Melastomataceae 2 2 3
Lauraceae 2 2
Hippocrateaceae 2 2 2
Cecropiaceae 2 2
Lecythidaceae 2 2 1
Violaceae 2 2 0 100 200 300 400
Elaeocarpaceae 2 2 Área da clareira
Dilleniaceae 2 2
Caesalpinioideae 1 1
Ochnaceae 1 1 Figura 1. Número de morfoespécies de galhas em
Moraceae 1 1 clareiras de diferentes tamanhos.
Celastraceae 1 1
Myrsinaceae 1 1
Connaraceae 1 1 A maioria dos locais amostrados não mostraram qualquer
Apocynaceae 1 1
Bombacaceae 1 1 padrão de similaridade quanto as morfoespécies de galhas
Monimiaceae 1 1 e espécies de plantas. Na figura 2 observa-se que em
Chrysobalanaceae 1 1
Myristicaceae 1 1 qualquer nível de ligação não se encontra agrupamentos bem
Myrtaceae 1 1 estabelecidos, e a clareira 1 (c1) apresenta a maior
dissimilaridade no grupo.
O número médio de morfotipos de galhas na clareira foi
4,3 (d.p.= 2,4) e na floresta 3,4 (d.p.= 1,4). Apesar da maior
3,5
riqueza de insetos galhadores na clareira, estes valores não
diferiram estatisticamente da área de floresta (t = 1,49; p = 3,0
P. fragantissimum
los indivíduos afectan diferencialmte los compartimeintos
1200
P. megalophyllum
P. barrosoanum de la planta (Harper 1977). Por tanto cada hoja de Philo-
1000
dendron existe en su regimen propio de variables
ambientales.
800 La tendencia similar de incrementar el área foliar en
600
relacion a las hojas que se localizaban mas bajas en P.
megalopylum, P. fragantissimum y P. barrosoanum. y el
400 patrón encontrado para P. megalopyllum y P. fragantissimum
Area foliar
200
foliares similares. Revelando por tanto que el patrón
0
0 presentado puede estar permeado de forma directa por la
200 400 600 800 1000
Altura (m) ontogenia y filogenia de las plantas estudiadas y de forma
indirecta por la heteroblastia caracteristica de algunas
Figura 2. Área foliar por las diferentes clases de altura de
especies de Philodendron (Croat 1988). Por otro lado,
las hojas para tres especies de Philodendron.
evidencia que las especies estan sometidas a presiones
ambientales similares, mas que a presiones por competencia
entre individuos de otras especies y de la misma especie de
650 araceas debido a la baja frecuencia de individuos
encontrados por árbol en este estudio. No obstante, es
550
importante subrayar que la altura solo explico un máximo
450
del 14% de la variación que presentaban P. fragantissimum
y un 12% para P. megalophylum, revelando por tanto que la
350 mayor parte de la varición en la estratificación foliar no es
explicada por la altura.
Area foliar ( cm2)
250
De allí, que es importante considerar otros factores que
150
estarian interactuando en la estratificación tanto de los
individuos como en el área foliar. La alta sinuosidad
50 microambiental y estructural de los bosques de tierra firme
bajo medio alto
de la Amazonia crea una complejidad de gradientes
ambientales que podria estar modulando de forma diferencial
esta estratificación no solo de la comunidad de araceas, sino
Figura 3. Variación del área foliar en realción con la tambien de la comunidad de epífitas. Por tanto, es necesario
altura para indivíduos de P. fragantissimum (circulos desarrollar en el futuro estudios de estratificación vertical
negros), P. megalopyllum (circulos blancos) y P. que abarquen esta alta sinuosidad estructural de los bosques
barrosoanum (cuadrados). y estudios puntuales sobre aspectos morfológicos y de la