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RESISTÊNCIA
Lugares de repressão e
de luta contra a Ditadura Militar
de 1964–1985, em Belo Horizonte.
MINEIROS MORTOS E
DESAPARECIDOS DURANTE
A DITADURA CIVIL-MILITAR
(1964-1985)
DOPS
Endereço:
Av. Afonso Pena, 2.351 • Funcionários.
DELEGACIA DE CENTROS
FURTOS E ROUBOS CLANDESTINOS
Endereço: Rua Pouso Alegre, 417 • Floresta DE TRIAGEM
Prisão com práticas medievais de tortura e prisões
ilegais, a Delegacia de Furtos e Roubos da Polícia Endereço:
Esquina das ruas Sergipe
Civil de Minas, na rua Pouso Alegre, bairro Floresta,
e Santa Rita Durão • Funcionários
era uma das mais temidas unidades policiais do
País. Com a repressão política transformada em
método de obtenção de informações de militantes, Sítios clandestinos no entorno de Belo Horizonte e
presos políticos envolvidos em assaltos a bancos se as penitenciárias de Neves e Dutra Ladeira foram
juntaram aos presos comuns nas salas de tortura. transformados em centros de detenção clandestina
Em 28 de janeiro de 1969, após uma ação da Polícia nos anos de repressão. Os locais foram definidos a
Civil em um aparelho da organização COLINA na partir de relatos de presos políticos, que apontam,
rua ATACARAMBU, 120, no bairro São Geraldo, que entre eles, uma casa no bairro Renascença, nunca
resultou na morte de dois policiais civis e na prisão identificada. Em muitos casos, a localização é
de um grupo de militantes, foi lançada uma caçada imprecisa porque os detidos eram encapuzados.
a integrantes da organização em Belo Horizonte e
Um desses centros de triagem pertencia à Polícia
no Estado. Em busca de informações que levassem a
Militar e funcionava em uma casa anexa ao Palacete
outros integrantes, foi transferido para a unidade o ex-
Dantas, a 30 metros do Palácio da Liberdade.
sargento da Aeronáutica João Lucas Alves, preso em
novembro de 1968 pelo Dops/RJ e levado em seguida
para a Polícia do Exército. Integrante do COLINA, o ex-
militar, expulso das Forças Armadas por envolvimento
no movimento de suboficiais em 1963 e 1964, foi trazido
para interrogatório na Furtos e Roubos, onde morreu
sob tortura. A polícia alegou suicídio. A DFR, instituída
como unidade autônoma em 1964, foi desativada em
1985, após ação do Ministério Público Estadual, e
transferida para a rua Uberaba, no Barro Preto.
Foto Acervo da FMC Foto Breno Pataro/Acervo PBH
Endereço:
Avenida Alfredo Balena, 588 • Santa Efigênia
Cidade com forte tradição cultural e população
jovem, Belo Horizonte teve no circuito de teatros
um importante formador de consciência crítica
O Teatro Marília foi construído pela Cruz Vermelha e de ligação com a produção cultural nacional e
brasileira, ficando sob responsabilidade da internacional de vanguarda e de contracultura. No
instituição durante 15 anos. Concebido como Teatro da Associação Mineira de Imprensa – AMI,
auditório da sua Escola de Enfermagem, foi em Lourdes, seminários de leituras dramáticas
inaugurado em 1964, dando início à história de de peças proibidas pela censura reuniam artistas,
um espaço privado que, tornado público, passou jornalistas, intelectuais e estudantes nos anos
a ter grande importância cultural para a cidade 1970, desafiando as forças policiais que tentavam
e se transformou em um núcleo de resistência impedir apresentações de produções de desafio
intelectual e artística. Nas décadas de 1960 e à ordem política. No mesmo período, o TEATRO
1970, apresentações do Grupo de Teatro Oficina e DA IMPRENSA OFICIAL promovia com frequência
de autores de contestação, como Bertolt Brecht, festivais de cinema do realismo socialista
Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Millôr soviético, theco, polonês e cubano.
Fernandes, colocaram o Marília como referência
no circuito nacional. No local, funcionaram
também a Galeria Guignard e o bar Stage Door,
pontos de encontro de artistas, boêmios e
intelectuais.
Foto Acervo NI Foto Acervo NI
A Igreja São Francisco das Chagas, no bairro A Universidade Federal de Minas Gerais sofreu
Carlos Prates, abrigou os estudantes que, após a intervenção militar em julho de 1964 por ordem de
invasão da União Estadual dos Estudantes em Belo uma das principais lideranças militares no Estado,
Horizonte, três dias antes, quando a polícia efetuou o general Carlos Luis Guedes, que, à revelia do
dezenas de prisões, realizaram clandestinamente, Ministério da Educação, destituiu o reitor Aloísio
em 28 julho de 1966, o 28º Congresso da UNE, Pimenta, em quem via posição de esquerda, e
colocada na ilegalidade após o golpe de 1964. O nomeou como interventor o tenente-coronel
congresso, realizado na cripta da igreja, reforçou Expedito Orsi Pimenta. A intervenção durou dois
a linha de resistência e decidiu pela ampliação das dias e, por ordem do Marechal Castello Branco,
manifestações de rua em todo o País. A igreja foi então na Presidência, o ato foi anulado e o cargo
atingida por atentado a bomba em 28 de março de reassumido por Pimenta. A UFMG tornou-se, por
1978. várias de suas escolas, a principal instituição de
resistência ao regime militar.
Foto Acervo Projeto República/UFMG Foto Acervo Projeto República/UFMG
FAFICH FACULDADE DE
Endereço:
MEDICINA/UFMG
Rua Carangola, 288 • Santo Antônio
Endereço:
Avenida Alfredo Balena, 190 • Santa Efigêna
A repressão atuou fortemente contra um dos
principais redutos da resistência em Belo Horizonte,
a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Em 4 de junho de 1977, a realização do III Encontro
UFMG, a Fafich, cujo prédio, na rua Carangola, Nacional dos Estudantes, promovido pela União
abrigava as Faculdades de Psicologia, História, Nacional dos Estudantes (UNE), colocada na
Geografia, Ciências Sociais, Letras, Comunicação ilegalidade, foi violentamente reprimida em Belo
Social, Filosofia, Matemática, Física, Química e Horizonte. O objetivo do encontro, que mobilizou
Biologia. O prédio foi invadido e ocupado pela estudantes de todo o País, era reorganizar a UNE
Polícia Militar em 1968. Os militares levaram uma e discutir novas formas de resistência. O Exército
lista de 12 alunos para serem presos. Havia no impediu a saída de caravanas dos estados e
prédio, no momento, 600 alunos, 90 professores barrou o acesso de estudantes à capital. Um
e funcionários. A direção se recusou a entregar grande aparato policial-militar foi montado. Cerca
os alunos e o diretor, professor Pedro Parafita de de 400 universitários mineiros guardaram vigília
Bessa, recebeu ordem de prisão. O impasse só na noite do dia 3 na Faculdade de Medicina da
seria resolvido horas depois, quando os militares UFMG, onde aconteceria o encontro. A repressão
deixaram o prédio. Nenhum aluno foi preso. Na culminou com o cerco da Faculdade e a condução
Fafich, organizaram-se, em assembleias de alunos, dos confinados para o Parque da Gameleira,
vários movimentos públicos de resistência ao transformado em prisão temporária. O Diretório
regime que prendeu, cassou e processou vários Acadêmico da Faculdade de Medicina já tinha
professores e estudantes. Marco de resistência à sido invadido, pichado e vasculhado, em 11 de
ditadura, a Fafich vai abrigar o Memorial da Anistia maio, por grupos anticomunistas. No ano seguinte,
Política cuja montagem está sob coordenação da uma bomba explodiu no DA, provocando danos ao
UFMG. prédio. O Show Medicina, contestador do regime
militar, sofreu restrições e acabou impedido.
Foto Acervo Projeto República/UFMG Foto Acervo Projeto República/UFMG
Entidade com vínculos históricos com a defesa da Fundado em fevereiro de 1952 em Belo Horizonte
liberdade de expressão e das instituições democráticas, e um dos precursores da imprensa alternativa
o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas brasileira, tanto no formato tablóide como no
Gerais teve atuação importante na proteção conteúdo crítico, O BINÔMIO se transformaria em 1964
dos profissionais de imprensa, na denúncia das em trincheira contra o movimento conspiratório que
arbitrariedades policiais e na abertura do espaço levaria ao governo militar, antecedendo a atuação
da Casa do Jornalista, na avenida Álvares Cabral, da chamada imprensa nanica. Jornal satírico, na
para debates que davam voz à oposição e a outras linha que anos depois levou ao surgimento de “O
entidades sindicais ameaçadas pelo regime militar. PASQUIM”, O BINÔMIO fez humor e crítica contra
Alinhou-se a correntes progressistas e a organismos todos os governos anteriores ao golpe. Após a
de defesa dos Direitos Humanos. Cedeu espaço para publicação de uma matéria que apontava o então
reuniões de outras categorias profissionais e teve comandante militar em Minas, João Punaro Bley,
participação ativa na defesa da Anistia e na campanha como simpatizante do Nazifascismo, o jornal foi
por eleições diretas. Atuou na organização de vários invadido por cerca de 200 militares, depredado e
sindicatos em Minas. Foi alvo de atentados a bomba, empastelado. Durou poucos meses em 1964, sendo
ameaças, invasões, violação de correspondência fechado por apoiar as reformas de base de João
e pichações. Em 27 de junho de 1980, véspera da Goulart. Seu editor, José Maria Rabêllo, foi obrigado
visita do Papa João Paulo II a Belo Horizonte, novo a se asilar no Chile e, depois, na França. Muitos
atentado atingiu o sindicato, que meses antes já jornais que surgiram no período pós-golpe, com
tinha sido invadido. A explosão de uma bomba veio linha crítica e de resistência, como MOVIMENTO, EM
em meio a uma escalada de terror contra bancas de TEMPO e DE FATO sofreram ameaças e atentados
jornais, gráficas, editoras, universidades e entidades a bomba em Belo Horizonte. Os jornais comerciais
religiosas. Bombas ainda explodiram na Casa do de grande circulação nacional colaboraram, em sua
Jornalista após a redemocratização. maioria, na desestabilização do governo e apoiaram
o golpe de 64.
Foto Ricardo Laf - Acervo PBH Foto Acervo NI
SINDICATO
DOS MÉDICOS
Endereço:
Avenida do Contorno, 4.999 • Floresta
1954
O presidente Getúlio Vargas, após uma intensa
campanha de desestabilização liderada pela
A atuação sindical dos médicos de Belo Horizonte direita militar e parlamentar representada pela
se transformou numa militância política de União Democrática Nacional, a UDN, comete
contestação do regime, principalmente a partir suicídio em 24 de agosto nos aposentos
de 1980 quando, em eleição histórica, elegeu-se presidenciais do palácio do Catete, no Rio
para o Sindicato dos Médicos a Chapa Renovação de Janeiro. Assumiu o Vice-Presidente, Café
Médica, encabeçada pelo médico e ex-prefeito Filho, em meio a uma grave crise política e
de Belo Horizonte Célio de Castro, que também militar. Pressionado pelos militares, que
presidiu o Cebrade (Centro Brasil Democrático). ameaçavam um golpe, Café Filho se licencia
A atuação política do Sindicato levou grupos e passa o governo para o presidente da
anticomunistas a praticar dois atentados contra Câmara e sucessor natural, Carlos Luz.
o presidente da entidade, um deles, em abril de
1987, com a explosão de uma bomba na casa
de Célio de Castro, na rua Catete, na Barroca. A
repressão prendeu e processou vários médicos
militantes da resistência.
1955 1964
Sob forte oposição dos militares e da UDN, Em 31 de março, um levante militar iniciado
que o acusavam de ter apoio dos comunistas, em Juiz de Fora recebe apoio das guarnições
Juscelino Kubistchek de Oliveira foi eleito de Rio de Janeiro e São Paulo e resulta
Presidente da República em 3 de outubro no golpe que, com apoio de empresários
de 1955. A posse de Juscelino e do Vice- representantes de empresas estrangeiras,
Presidente eleito João Goulart só foi da imprensa e de fundamentalistas católicos,
garantida com um levante militar liderado derruba o governo constitucional e instaura
pelo ministro da Guerra, general Henrique uma ditadura que dura 21 anos. Em 12 de
Teixeira Lott, que, em 11 de novembro de abril, o marechal Humberto de Alencar
1955, depôs o então presidente interino da Castello Branco, então chefe do Estado-Maior
República Carlos Luz. Suspeitava-se que do Exército, toma posse como presidente de
Carlos Luz, da UDN, não daria posse ao fato da República pelo Congresso Nacional.
presidente eleito. Assumiu a Presidência, Foi o primeiro dos cinco presidentes do
após o golpe de 11 de novembro, o presidente ciclo militar, seguido dos generais Costa e
do Senado Federal, Nereu Ramos. O Brasil Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e
permaneceu em estado de sítio até a posse João Baptista Figueiredo. Nesse período,
de JK em 31 de janeiro de 1956. parlamentares foram cassados, o Congresso
Nacional fechado, a imprensa foi colocada
sob censura, estudantes e professores
1961
expulsos das universidades e os direitos civis
suspensos, instaurando um regime de terror.
1985
tem como Vice João Goulart. Conservador,
com apoio da UDN e políticas ambíguas,
renuncia em agosto do mesmo ano, com
apenas sete meses de governo, provocando
uma nova mobilização dos militares, que Em 15 de janeiro, o Colégio Eleitoral elege
não aceitam a posse de João Goulart, o que Tancredo Neves. É o fim do regime militar.
provoca uma intensa mobilização popular
liderada pelo governador do Rio Grande do
Sul, Leonel Brizola. Um acordo destinado
a evitar uma guerra civil permite a posse
de Goulart com a implantação do regime
parlamentarista. Em 1963, um plebiscito
restaura o presidencialismo.
OS NÚMEROS DA
DITADURA
Dados da Arquidiocese de São Paulo apontam que denunciados, 6.385 indiciados e 2.183
cerca de 50 mil pessoas foram presas somente testemunhas, perfazendo um total de 17.420
nos primeiros meses de ditadura; milhares de pessoas pessoas atingidas; foram quatro condenações
passaram pelos cárceres por motivos políticos; em à pena de morte – não consumadas; 130 pessoas
torno de 10 mil exilados; 4.862 cassados; foram banidas do território nacional; 6.592
245 estudantes expulsos das universidades militares punidos. Além disso, cerca de 20 mil
por força do decreto 477; foram 707 processos presos foram submetidos a torturas
judiciais por crimes contra a segurança nacional físicas e há um número desconhecido de mortos.
de 1964 a 1979; desses processos, constam 7.367
BIBLIOGRAFIA
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STARLING, Heloísa. Os Senhores das Gerais – Os
Novos Inconfidentes e o Golpe de 1964. Petrópolis:
Editora Vozes, 1986
Material de pesquisa
Centro de Documentação da UFMG/Projeto
República
Estado de Minas/Hoje em Dia/Movimento/
Texto e pesquisa elaborados pela Empresa
O Binômio/IstoÉ
Municipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur
Polícia Civil de Minas Gerais 31 de março de 2014.
belohorizonte.mg.gov.br