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Brasília - DF.
Autores
Heitor Achilles
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do caderno de estudos e pesquisa.......................................................................................................4
Introdução...............................................................................................................................................................................6
Aula 1
Números reais, funções e gráficos............................................................................................................................7
Aula 2
Função afim e funções não lineares..................................................................................................................... 31
Aula 3
Modelagem matemática........................................................................................................................................... 76
Aula 4
Limites e aplicações.................................................................................................................................................104
Aula 5
Derivadas e aplicações............................................................................................................................................121
Aula 6
Integração e aplicações...........................................................................................................................................138
Referências.........................................................................................................................................................................145
Organização do caderno de
estudos e pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos,
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável.
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras
e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
Praticando
4
Organização do caderno de estudos e pesquisa
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
5
Introdução
Este caderno de estudo se destina a alunos do curso de Graduação a distância em Administração
do IAVM e apresenta uma breve introdução ao Cálculo Diferencial e Integral. Dessa forma, são
apresentados alguns conceitos e definições fundamentais desta área da Matemática tendo como
objetivo principal aplicá-los na resolução de problemas característicos da área de administração,
em particular relacionados à gestão econômica e/ou a gestão de negócios. Acredita-se que, a partir
dos temas apresentados, os futuros administradores possam adquirir subsídios matemáticos para
construir uma prática que atenda as novas demandas do mercado de trabalho, isto é, que vai além
do nível descritivo. Sempre que possível, ao longo deste Caderno de Estudos, são postas algumas
questões relativas aos conceitos apresentados a fim de conectá-las a uma abordagem no âmbito
da Administração. Assim, articulam-se teoria e prática para estabelecer conceitos e significar
objetos matemáticos no contexto da Administração. A apresentação dos temas ocorre de forma
simples, clara e objetiva e sempre que possível associada a exemplos e a contextos relacionados
à realidade de um gestor. Vale ressaltar que não há a preocupação de esgotar completamente
os conceitos abordados, embora estejam incluídas referências bibliográficas para aqueles que
desejam aprofundar e estudar mais detalhadamente as noções apresentadas.
Objetivos
6
AULA
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E
GRÁFICOS 1
Apresentação
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
7
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Introdução
Seja bem-vindo ao curso de Matemática para a Administração. O objetivo central deste curso é
apresentar ferramentas matemáticas que devem servir como instrumentos de análise, de crítica e
de intervenção a fim de ajudar os futuros administradores a analisar situações, a definir, explicitar
e adotar opções para a resolução de problemas, considerando sempre múltiplas alternativas para
a tomada de decisões acertivas frente ao problema que se tem.
Sendo assim, neste curso, os assuntos estudados assumem um caráter formativo e outro aplicativo
ora, no âmbito da própria matemática, ora num âmbito mais geral. Num primeiro momento
será feita a apresentação dos conjuntos numéricos a fim de utilizá-los no contexto da teoria das
funções.
Você perceberá ao longo desta aula, bem como ao longo das demais, uma ênfase na
resolução de problemas, que utilizam estratégias de resolução diferenciadas e que visam
à compreensão de conceitos, definições e regras pertinentes aos objetos matemáticos
propostos em cada aula.
Conjuntos numéricos
Nesta aula os conjuntos serão usados para classificar os números e a opção feita foi pela
classificação mais usada na Matemática.
8
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
Pode-se afirmar que historicamente foram os primeiros a serem criados pelo homem. Para indicar
o conjunto dos números naturais utiliza-se o símbolo ℕ:
ℕ = {0,1,2,3,4,5,…}
Atenção
Representação de um conjunto
Um conjunto pode ser denotado por meio de letras maiúsculas, como A, B, C etc. e denotar os seus elementos por
letras minúsculas, como a, b, c etc.
Representação tabular: nesse caso os elementos são apresentados entre chaves e separados por vírgulas.
Representação por meio de diagrama de Venn: é aquela em que os elementos são simbolizados por pontos interiores
a uma região plana, delimitada por uma linha fechada que não se entrelaça.
Representação por uma propriedade: nessa representação os elementos de um conjunto A são descritos por meio de
uma propriedade P que os determina.
Exemplos:
A = {x| x é vogal}
ℤ = {…,-3,-2,-1,0,1,2,3,…}
Pode-se observar que o conjunto dos números naturais é um subconjunto do conjunto dos
números inteiros. Nesse caso diz-se que ℕ está contido em ℤ, em símbolos, ℕ ⊂ ℤ.
5 5
− 0, 8888 … 6, 21 − 0, 2 −
9 8
9
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Frações, dízimas periódicas e números decimais finitos são exemplos de números racionais.
Todos esses números têm uma característica em comum, ou seja, podem ser escritos como
uma razão entre dois números inteiros. Sendo assim, representando o conjunto dos números
racionais pelo símbolo ℚ, segue que:
p
Q= | p∈ Z, q∈ Z e q ≠ 0
q
Vale destacar que todo número natural é racional, assim como todo número inteiro também é
racional. Em outras palavras:
ℚ⊂Z⊂ℚ
Atenção
Sejam A e B conjuntos. Diz-se que A é subconjunto de B se todo elemento de A também é elemento de B, neste caso
escreve-se A ⊂ B. A relação A ⊂ B chama-se relação de inclusão. Se A não está contido em B escreve-se A ⊄ B.
A palavra racional tem origem na raiz latina ratio, que originou dentre outras palavras da língua portuguesa, a palavra
“razão”, que, em matemática, significa compara por meio de uma divisão.
Os números racionais podem ser obtidos por meio da razão entre dois números inteiros, isto
é, pelas divisões indicadas por , sendo p e q inteiros e q diferente de zero. Sendo assim, essas
ݍ
razões podem simbolizar:
»» Uma divisão não exata (nesse caso há duas possibilidades: a primeira o quociente tem
representação decimal finita enquanto que a segunda tem uma representação decimal
infinita e periódica).
Porém, existem números que estão fora dos padrões descritos acima, ou seja, apresentam
representação decimal infinita e não periódica. Nesse caso tais representações não podem ser dadas
por meio da divisão entre dois números inteiros. Por exemplo, o número 0,303003000300003…
possui infinitas casas decimais não periódicas. Logo, esse número não é racional.
Chama-se número irracional todo e qualquer número que não é racional. O número é outro
exemplo de número irracional. Além desses, existem outros infinitos números irracionais como,
por exemplo, 2, 3 5 etc.
10
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
A união do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números irracionais resulta no
conjunto ℝ dos números reais.
A reta real
Esta reta que representa ℝ é chamada reta real. Na reta real os números estão ordenados. Um
número a é menor que qualquer número x colocado à sua direita e maior que qualquer número
x à sua esquerda.
Intervalos reais
alguns subconjuntos de ℝ podem ser representados de forma “simplificada”. Isto é, dados dois
números reais a e b, com a < b, define-se:
11
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Atenção
A “bolinha cheia” (·) em um extremo do intervalo indica que o número associado a esse extremo pertence ao
intervalo.
A “bolinha vazia” (o) em um extremo do intervalo indica que o número associado a esse extremo não pertence ao
intervalo.
2 8
{x Є ℝ| 2< x < 8} ou ]2, 8[ ou (2, 8)
12
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
-5
9
{x Є ℝ | x ≤ 9} ou [9, + ∞ [ ou [9, + ∞)
Dados dois intervalos pode-se definir entre eles as operações de união, interseção e diferença.
Veja os exemplos a seguir:
Dados os intervalos: A = ]5, 9], B = [7, 11], C = ]-2, + ∞[ e D = ]-∞, 8], segue que:
a. A U B
b. A U B
Portanto: A ∩ B = [7, 9]
c. C – D
Portanto: C – D = ]-8, + ∞)
PLANO CARTESIANO
A notação (a,b) é usada para indicar o par ordenado de números reais a e b, no qual o número a
é a primeira coordenada e o número b é a segunda coordenada. Um sistema de eixos ortogonais
13
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
é constituído por dois eixos perpendiculares, Ox e Oy, que têm a mesma origem O. Os eixos,
que se interceptam no ponto zero (origem), dividem o plano em quatro regiões (quadrantes) e
permitem representar pontos no plano.
y
b P(a, b)
a x
14
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
A seguir temos a representação de dois pontos A(-2, 3) e B(4, -3) no plano cartesiano.
O conceito de função é um dos mais importantes da Matemática e das Ciências em geral. Esse
conceito torna-se presente nos mais variados contextos, em especial, sempre que se relacionam
duas grandezas variáveis. A seguir serão apresentados alguns exemplos, a ideia de função se faz
presente.
Considere a seguinte tabela que relaciona o número de pães comprados e o preço a pagar por eles.
Observe que o preço a pagar é dado em função do número de pães comprados, ou seja, o preço
a pagar depende do número de pães comprados.
15
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Sendo P o preço, em reais, a ser pago pela quantidade x de pães pode-se definir uma lei matemática
que relaciona o preço P com a variável x, isto é, pode-se definir a lei ou regra da função:
P = 0,17x
Uma fábrica que produz certo tipo de peça para informática tem seu custo caracterizado pela
tabela a seguir.
Número de
1 2 3 4 5 … X
peças
Custo (R$) 1,50 3,00 4,50 6,00 7,50 … 1,50x
Sendo C o custo, em reais, a ser gasto pela fábrica para produzir a quantidade x de peças pode-se
definir uma lei matemática que relaciona o custo C, com a variável x, isto é, pode-se definir a lei
ou regra da função:
C = 1,5x
Em uma certa cidade do país, a bandeirada de uma corrida de táxi é R$ 2,50 e o quilômetro
rodado custa R$ 0,90. Sendo x o número de quilômetros rodados e P o preço da corrida pode-se
estabelecer a seguinte tabela:
Note que a variável P depende da variável x, isto é, P é função de x. Dessa forma, pode-se estabelecer
uma lei que caracteriza esta situação, ou seja:
P = 2,50 + 0,90x
Nesse caso diz-se que P é uma variável dependente e x uma variável independente.
A noção de função de uma variável apresentada anteriormente pode ser também expressa usando
a nomenclatura de conjuntos. Por exemplo:
16
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
Antônio fez um passeio de carro. Saiu de casa às 8 horas e retornou às 11 horas. A tabela abaixo
associa o tempo, em horas, a distância, em quilômetros, percorrida por Antônio.
Vale lembrar que nem todas as correspondências são funções. Por exemplo:
Na figura 1.8 diz-se que ambos os diagramas de flechas representam apenas relações de A em B.
Definição de função
Dados dois conjuntos não vazios A e B, uma função f de a em B é uma regra que associa a cada
elemento x ∈ A um único elemento y ∈ B.
17
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
f: A → B
18
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
»» f(1) = 6.
»» f(4) = 9.
»» f(7) = 12.
1
Assim, por exemplo, ao considerar a função f ( x ) = , temos que x deve ser diferente de zero.
x
Portanto, o domínio de f é dado por:
D(f ) = {x ∈ ℝ | x ≠ 0}
Já na função f ( x=
) x − 1 , temos que x – 1 deve ser maior ou igual a zero. Ou seja, em ℝ não há raiz
quadrada de número negativo. Sendo assim:
x–1≥0
x≥1
Portanto:
D(f) = { x ∈ ℝ | x ≥ 1}
5–x≥0 ⇒ x≤5
x–1>0 ⇒ x>1
19
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
1
x>1
1 5
x≤5ex>1
Portanto:
D(f) = {x ∈ ℝ | 1 < x ≤ 5}
Muitas situações de nosso dia a dia podem ser retratadas por meio de gráficos, e tabelas. Os
meios de comunicação, por exemplo, utilizam bastante esse recurso. Em geral esses gráficos e
essas tabelas representam funções e a partir da análise desses pode-se obter informações e tirar
conclusões sobre as situações nas quais se referem.
O recurso gráfico é utilizado para representar relações entre grandezas. Muitos desses gráficos
recebem um tratamento estatístico, como é visto nos cursos de Estatística Básica. Nesse momento,
o interesse está em analisar e construir gráficos no contexto das funções.
O desemprego no Brasil
O gráfico da figura 1.12 mostra a variação da taxa de desemprego no Brasil em seis regiões
metropolitanas mês a mês, desde o mês de maio de 2014 até o mês de maio de 2015.
20
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
De acordo com o gráfico pode-se afirmar que após dezembro de 2014 as taxas tiveram
aumento considerável. O mês de maio de 2015 registrou a maior alta na taxa de desemprego,
considerando-se o período analisado. Em dezembro de 2015, a taxa ficou em 4,3% a melhor
marca do período considerado. Pode-se perceber ainda que de maio a novembro de 2014 a
taxa de desemprego teve pouca oscilação. Isso pode indicar um dos fatores de uma economia
mais estabilizada. A alta em janeiro de 2015 tem muitas consequências, entre essas, o fato de
que pessoas costumam ficar sem emprego entre dezembro e janeiro, o que historicamente
é comum no mercado de trabalho, tendo em vista os cortes das vagas temporárias após as
contratações para as festas de final de ano. Ao considerar o mês de maio de 2015, vê-se que a
taxa de desemprego aumentou significativamente em relação ao mesmo mês do ano anterior
– o que pode significar que o mercado de trabalho contratou menos pessoas em relação ao
período anterior.
O gráfico abaixo apresenta a variação da taxa básica SELIC em função do tempo em anos.
O período analisado corresponde a janeiro de 2006 a janeiro de 2011.
Atenção
A taxa SELIC é divulgada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Ela tem vital importância na economia, pois as
taxas de juros cobradas pelo mercado são balizadas pela mesma. A taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (SELIC), expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um
dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no SELIC, na forma de operações compromissadas. É a taxa básica
utilizada como referência pela política monetária.
21
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Número de celulares
O gráfico a seguir relaciona o número de pessoas aprisionadas para cada 100 mil habitantes do
Brasil a um determinado ano. Pode-se observar que o número de pessoas aprisionadas no País
vem aumentando de ano a ano, no período compreendido entre 2004 e 2014.
Construção de gráficos
A partir da lei de formação de uma função, y = f(x), e conhecendo-se o seu domínio como pode
ser feita a construção de seu gráfico?
1o Passo:
2o Passo:
Representar cada par ordenado (x, y) da tabela por um ponto do plano cartesiano.
3o Passo:
Ligar os pontos construídos no passo anterior por meio de uma curva, que é o próprio gráfico
da função y = f(x).
22
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
Para esboçar o gráfico da função y = 2x com domínio ℝ basta seguir os passos descritos acima,
isto é:
1o Passo:
x y=2x Y
-2 y = 2 . (-2) -4
-1 y = 2 . (-1) -2
0 y= 2 .0 0
1 y= 2 .1 2
2 y= 2 .2 4
2o Passo:
3o Passo:
23
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
x y = x2 y
-2 y = (-2) 2
4
-1 y = (-1) 2
1
0 y = 02 0
1 y=1 2
1
2 y=2 2
4
Daí:
X y = 1/x Y
-2 y = 1/(-2) -1/2
-1 y = 1/(-1) -1/1
1 y = 1/1 1
2 y = 1/2 ½
Daí:
24
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
Análise de gráficos
Muitas informações a respeito do comportamento das funções podem ser obtidas por meio da
análise do gráfico que as representam. Por meio dos gráficos pode-se ter uma visão do crescimento
(ou decrescimento) da função, dos valores máximos (ou mínimos) que ela assume, de eventuais
simetrias, do comportamento para valores de x muito grandes etc.
Suponha que a balança comercial de certo país variou em determinado ano de acordo com a
função f(t) = t2 – 7t + 12, em que t representa o tempo, em mês, com 1 ≤ t ≤ 12, e f(t) é o valor da
balança comercial em bilhão de dólares. Em que meses desse ano a balança comercial desse
país foi nula?
f(t) = 0
t2 – 7t + 12 = 0 (Equação do 2o grau)
∆ = b2 – 4ac = (-7)2 – 4 ∙ 1 ∙ 12 = 49 – 48 = 1
Portanto, a balança comercial favorável foi nula nos meses 3 e 4, isto é, em março e abril.
Os valores de t, 3 e 4, que anulam a função f são chamados de raízes de f.
25
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Chama-se raiz (ou zero) de uma função real de variável real, y = f(x), todo número x pertencente
ao domínio que anula a função f, isto é, que satisfaz a
Atenção
equação f(x) = 0. Em outras palavras para determinar a(s)
raiz(es) de uma função basta fazer f(x) =0. Nem toda função admite raiz ou zero.
»» F se anula para um elemento x, com x ∈ D, se, e somente se, f(x) = 0. Nesse caso x é raiz
da função.
»» f é nula em x = -2 e x = 2.
26
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
»» Se, para quaisquer valores x1 e x2 de um conjunto A (contido no domínio D), com x1 < x2,
temos f(x1) < f(x2), então f é crescente em A. Se, para quaisquer valores x1 e x2 de um
conjunto A (contido no domínio D), com x1 < x2, temos f(x1) > f(x2), então f é decrescente
em A.
27
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
No gráfico a seguir:
Se, para todo x pertencente a A, temos f(x) ≥ f(x0), então x0 é o ponto de mínimo de f em A, e f(x0)
é o valor mínimo de f em A.
Se, para todo x pertencente a A, temos f(x) ≤ f(x0), então x0 é o ponto de máximo de f em A, e f(x0)
é o valor máximo de f em A.
Função composta
28
NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS • AULA 1
f(x) = 3x e g(x) = x3 – 6
Então:
29
AULA 1 • NÚMEROS REAIS, FUNÇÕES E GRÁFICOS
Resumo
30
AULA
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO
LINEARES 2
Apresentação
Nesta aula, serão apresentadas as principais ideias relacionadas ao estudo das funções afins e das
funções não lineares. Tais conceitos são fundamentais para se estabelecer uma relação formal
entre a matemática e sua utilização em negócios e economia. O foco é desenvolver aspectos de
uma ferramenta matemática capaz de estabelecer relações quantitativas entre variáveis a fim
de resolver problemas relacionados às mesmas.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
»» Identificar situações que podem ser representadas por funções afins e funções não
lineares.
»» Identificar intervalos do domínio de uma função não linear onde esta é crescente ou
decrescente.
31
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Introdução
Nessas condições, pode-se afirmar que o salário desse representante de vendas é obtido por
meio da lei matemática:
Portanto, o salário mensal desse representante de vendas é dado em função do total de vendas
que o mesmo realiza durante um mês. Sendo assim, se x é o total das vendas do mês e s(x) o
salário mensal do representante de vendas segue que:
Agora, considere outra situação. Suponha que para fretar um ônibus de excursão com 40 lugares
paga-se ao todo R$ 3.600,00. Essa despesa deverá ser repartida entre os participantes.
Para achar a quantia que cada um deve desembolsar (y), basta dividir o preço total (R$ 3.600,00)
pelo número de passageiros (x). A fórmula (ou lei) que relaciona y com x é dada por:
3600
y=
x
As duas situações descritas acima são exemplos de problemas que podem ser representados por
uma função que relaciona duas grandezas. Essas funções podem ser classificadas de acordo com
a lei que as representam. Por exemplo, a função considerada na primeira situação corresponde
a uma função afim enquanto que a função considerada na segunda situação é uma função
não linear.
Função afim
Definição
Considere uma função f: ℝ → ℝ. Diz-se que f uma função afim quando existem números reais
tais a e b tais que f(x) = ax + b, para todo x ∈ ℝ.
32
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Os gastos do consumo (C) de uma família e sua renda (x) são tais que:
C = 2 000 + 0,6x.
Se a renda dessa família é igual a R$ 3 800,00, então qual é o valor gasto do seu consumo?
A questão apresentada refere-se ao cálculo do valor de C para x = 3 800 reais. Sendo assim:
Ou seja, o valor que a função afim assume pra x = 3 800 é dado por C= 4 280. Portanto o gasto do
consumo dessa família é igual a R$ 3 800,00.
O valor de uma função afim f(x) = ax + b para x = x0 é dado por f(x0) = ax0 + b.
Por exemplo, seja f: ℝ → ℝ definida por f(x) = -3x + 5, então qual o valor de f(-2)?
2
E o valor de f ?
5
2 2 6 −6 + 25 19
f = -3 ∙ +5= − +5= =
5 5 5 5 5
Aplicação
A despesa mensal com encargos sociais de uma pequena empresa é dada pela função:
x
D ( x=
) 20 + ,
10
Em que D (x) é a despesa, em milhares de reais, e x é o número de funcionários.
100
D (100 ) = 20 + = 20 + 10 = 30
10
33
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
x
50
= 20 +
10
x
50 − 20 =
10
x
30 =
10
x = 300
Portanto, quando a despesa é igual a 50 mil reais o número de funcionários da empresa é igual
a 300.
O zero ou a raiz de uma função afim f: ℝ → ℝ definida por f(x) = ax + b (a ≠ 0) pode ser determinado
fazendo-se f(x) = 0, isto é, resolvendo a equação do 1o grau ax + b = 0.
Por exemplo, seja f: ℝ → ℝ definida por f(x) = -3x + 5. Então o zero ou raiz dessa função é dado
fazendo-se:
f(x) = 0
-3x + 5 = 0
-3x = -5
5
x=
3
5
Portanto, x = é raiz ou zero da função dada.
3
Uma função afim f(x) = ax + b é bem determinada quando se conhece dois de seus valores f(x1) e
f(x2) para quaisquer x1 e x2 reais, com x1 ≠ x2. Ou seja, com esses valores é possível determinar os valores
de a e b.
34
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Por exemplo, sabendo que f(3) = 5 e que f(4) = 7 determinar a função afim f(x) = ax +b. Primeiramente
observe que:
f(3) = 5 ⇒ 5 = 3a + b
f(4) = 7 ⇒ 7 = 4a + b
{ 5 = 3a + b
7 = 4a + b
{ -5 = -3a - b
7 = 4a + b
{ -5 = -3a - b
7 = 4a + b
2=a
Para determinar o valor de b basta substituir o valor de a em qualquer uma das equações.
5 = 3a + b ⇒ 5 = 3⋅2 + b ⇒ 5 = 6 + b ⇒ b = -1
Aplicação
Uma empresa fabrica componentes eletrônicos; quando são produzidas 1.000 unidades por mês,
o custo de produção é R$ 35.000,00. Quando são fabricadas 2.000 unidades por mês, o custo é
R$ 65.000,00. Admitindo que o custo mensal seja uma função afim em relação ao número de
unidades produzidas, qual o custo (em real) de produção de 1.400 unidades?
X C(x)
1 000 35 000
2 000 65 000
Como o custo mensal é uma função afim em relação ao número de unidades produzidas pode-se
afirmar que:
C(x) = ax + b
35
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
35 000 = 1 000a + b
65 000 = 2 000a + b
65 000 = 2 000a + b
65 000 = 2 000a + b
30 000 = 1 000a
a = 30
Substituindo o valor de a em qualquer uma das duas equações obtém-se o valor de b. Escolhendo
a igualdade 35 000 = 1.000a + b, segue que:
Assim, b = 5 000.
Portanto, o custo, em real, para produzir 1 400 unidades de componentes eletrônicos, por mês,
é obtido fazendo-se:
f(x) = ax + b
O coeficiente a de uma função afim f(x) = ax + b é chamado taxa de variação (ou taxa de
crescimento). Para obtê-lo, basta dois pontos quaisquer distintos, (x1, f(x1)) e (x2, f(x2)), da função
considerada.
36
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
f ( x1 ) − f ( x2 )
a=
x1 − x2
Por exemplo, a taxa de variação da função f(x) = 3x + 5 é 3 e da função f(x) = -7x + 15 é -7.
Note-se que sabendo que os pontos (5, 4) e (6, 7) são pontos de uma reta, qual a sua taxa de
variação? Nesse caso pode-se utilizar a fórmula deduzida acima, isto é:
4 − 7 −3
a
= = = 3
5 − 6 −1
O gráfico de uma função afim é sempre uma reta. Sendo assim pode-se afirmar que no caso das
funções afins que não são constantes o gráfico será uma reta inclinada para direita ou para a
esquerda. Se a função afim é constante o seu gráfico é uma reta paralela ao eixo x.
Nesse caso, como já foi dito, o gráfico é uma reta inclinada. Sendo o gráfico uma reta, para que
esta fique bem determinada precisamos de pelo menos dois pontos. Assim, basta obter a raiz ou
zero da função e o ponto onde a função intercepta o eixo y, isto é, o ponto (0,b).
Primeiramente, pode-se determinar o zero ou a raiz dessa função, fazendo f(x) = 0. Isto é:
f(x) = 0
x+3=0
x=-3
37
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Agora para x = 0 tem-se f(0) = 3, isto é, a reta intercepta o eixo y no ponto (0, 3).
Logo, temos dois pontos da reta (-3, 0) e o ponto (0, 3). Marcando cada um deles no plano
cartesiano, segue que a reta procurada é aquela que passa por esses dois pontos. Portanto:
Agora veja como esboçar o gráfico da função real f(x) = – 2x – 6. O zero ou raiz dessa função é
obtido fazendo f(x) = 0, então:
f(x) = 0
– 2x – 6 = 0
– 2x = 6
x=–3
Para x = 0 tem-se f(0) = – 6, isto é, a reta intercepta o eixo y no ponto (0, –6).
Logo, deve-se traçar a reta que passa pelos pontos (–3, 0) e (0, –6).
Portanto:
38
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Aplicação
O custo de um produto é calculado pela fórmula matemática c = 1 + 2q, na qual c indica o custo (em
reais) e q, a quantidade produzida (em unidades). Qual o gráfico de c em função de q?
A lei que caracteriza o problema corresponde a uma função afim. Nesse caso, a raiz ou o zero
dessa função é dado fazendo c = 0, isto é:
c=0
1 + 2q = 0
2q = -1
q = - 1/2
Porém, q representa a quantidade de produto produzida, isto é, q deve ser um número maior
ou igual a zero. Nesse caso, o zero da função não deve ser marcado assim como nenhum ponto
cuja abscissa seja negativa. Portanto, o gráfico procurado é dado por:
Função linear (b = 0)
Nesse caso o gráfico também é uma reta inclinada só que contém a origem. Assim, pode-se obter
o gráfico dessas funções com o auxílio de uma tabela, como sugerido na aula 1.
X f(x)
-1 -3
0 0
1 3
39
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Então:
X f(x)
-2 -2
-1 -1
0 0
1 1
2 2
Então:
Saiba mais
O gráfico da função constante f(x) = b é uma reta paralela ao eixo x que passa pelo ponto (0, b). Nesse caso, a
Im(f ) = {b}
40
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Função constante (a = 0)
Observe a construção do gráfico da função constante f(x) = 3 para qualquer x real no plano
cartesiano.
A tabela a seguir apresenta alguns o valor que f assume à medida que x varia.
X f(x)
-3 3
-2 3
-1 3
0 3
1 3
2 3
3 3
Então:
Sugestão de estudo
Considere as funções f(x) = x; g(x) = x + 1 e h(x) = x – 1. Pode-se verificar que todas apresentam
o mesmo coeficiente angular, isto é, a = 1. Veja agora que o gráfico de cada função pode ser
representado num mesmo plano cartesiano.
41
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Nesse caso, o coeficiente angular de todas as funções apresentadas é dado por a = -1.
Pode-se observar que funções que apresentam o mesmo coeficiente angular caracterizam retas
que são paralelas entre si.
42
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Geometricamente, observa-se que as retas são concorrentes, ou seja, apresentam como ponto
de interseção o ponto de coordenadas (-1, 2).
Portanto, funções afins que apresentam coeficientes angulares distintos caracterizam retas
concorrentes.
Observe que a abscissa do ponto de interseção (-1, 2) pode ser obtida algebricamente fazendo
f(x) = g(x). Ou seja:
f(x) = g(x)
2x + 4 = - 3x – 1
2x + 3x = - 1 – 4
5x = - 5
x=-1
Então para determinar o valor de y correspondente a x = -1, basta substituir esse valor em qualquer
uma das duas funções:
f(-1) = 2(-1) + 4 = - 2 = 4 = 2
ou
g(-1) = -3(-1) – 1 = 3 – 1 = 2.
43
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Considere a função real f(x) = 2x – 1. Agora observe na tabela o que acontece com o valor de f(x)
quando se atribuiu valores cada vez maiores para x.
X f(X)
-3 -7
-2 -5
-1 -3
x aumenta f(x) aumenta
0 -1
1 1
2 3
3 5
Considere agora a função real g(x) = -2x – 1. Observe na tabela o que acontece com o valor de
g(x) quando se atribuiu valores cada vez maiores para x.
X g(X)
-3 5
-2 3
-1 1
x aumenta f(x) diminui
0 -1
1 -3
2 -5
3 -7
44
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Note-se agora que a função crescente f(x) = 2x – 1 possui coeficiente angular a = 2 e a função
decrescente g(x) = -2x – 1 tem coeficiente angular a = -2.
Ou seja, quando a é maior que zero a função é crescente e quando a < 0 a função é decrescente.
Sendo assim, se f é uma função real definida por f(x) = ax + b em que a ≠ 0, segue que:
f(x2) f(x1)
f(x1)
f(x2)
x1 x2 x x1 x2 x
f é crescente quando a > 0 f é decrescente quando a < 0
Estudo do sinal
Estudar o sinal de uma função qualquer y = f(x) é determinar os valores de x para os quais y é
positivo, os valores de x para os quais y é nulo e os valores de x para os quais y é negativo.
Considere uma função afim y = f(x) = ax + b. O objetivo agora é fazer o estudo do sinal desta
função. Primeiramente temos que sua raiz ou zero corresponde a x = -b/a.
45
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Conforme descrito na seção anterior há duas possibilidades para a função afim em questão:
Por exemplo, faça o estudo do sinal da função real f(x) = x + 2. Primeiramente, segue que x = -2
é raiz ou zero dessa função e como a = 1 > 0, a função é crescente. Então:
-2 x
-
Então:
Agora considere a função f(x) = -x + 2. Segue que x = 2 é a sua raiz e como a = -1 < 0 a função é
decrescente. Então:
2 x
-
46
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Então:
O estudo do sinal de uma função é aplicado na resolução de certas inequações, assunto a ser
tratado na próxima seção.
Chama-se inequação produto toda equação que pode ser apresentada sob uma das formas a
seguir, em que f e g são funções quaisquer:
»» f(x)⋅g(x) > 0.
»» f(x)⋅g(x) < 0.
»» f(x)⋅g(x) ≥ 0.
»» f(x)⋅g(x) ≤ 0.
»» f(x)⋅g(x) ≠ 0.
Chama-se inequação quociente toda equação que pode ser apresentada em uma das formas abaixo, em
que f e g são funções quaisquer com g(x) ≠ 0.
f (x)
»» > 0.
g(x)
f (x)
»» < 0.
g(x)
f (x)
»» ≥ 0.
g(x)
f (x)
»» ≤ 0.
g(x)
f (x)
»» ≠ 0.
g(x)
Como resolver inequações produto e inequações quocientes
Para resolver inequações produto e inequações quocientes pode-se utilizar um esquema para
representar as funções que compõem cada inequação e por meio de uma análise determinar a
sua resposta.
47
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Primeiramente, considere f(x) = 3x + 6 e g(x) = -x + 2 e faça o estudo do sinal de cada uma delas, isto é:
Para f(x) = 3x + 6:
3x + 6 = 0 ⇒ x = -2 (raiz de f)
a = 3 > 0 (f é crescente)
-2 x
-
Para g(x) = -x + 2:
-x + 2 = 0 ⇒ x = 2 (raiz de g)
a = -1 < 0 (f é decrescente)
2 x
-
Função quadrática
Definição
Chama-se função quadrática toda função f: ℝ → ℝ definida por f(x) = ax2 = bx + c onde a, b, c ∈ ℝ e a ≠ 0.
48
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Por exemplo:
f(x) = 2x2 – 4x + 9, (a = 2, b = - 4 e c = 9)
f(x) = x2 – 2x + 1, (a = 1, b = - 2 e c = 1)
3 2 3
f(x) = x + 81, (a = , b = 0 e c = 81)
5 5
f(x) = 3x2, (a = 3, b = 0 e c = 0)
O valor de uma função quadrática f: ℝ → ℝ, dada por f(x) = ax2 + bx = c, com a, b, c ∈ ℝ e a ≠ 0, para x = x0
é dado por f(x0) = a(x0)2 + b(x0) + c.
Isto é:
Considere as funções f: ℝ → ℝ definidas por f(x) = x2 e g(x) = - x2. Os gráficos de f e g podem ser obtidos
com o auxílio de uma tabela. Essa tabela pode ser obtida atribuindo-se valores reais para a variável
independente x a fim de obter o respectivo valor de f(x). Sendo assim:
49
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
x f(x) = x2 f(x)
-2 f(-2) = (-2) 2
4
-1 f(-1) = (-1) 2
1
0 f(0) = 02
0
1 f(1) = 12
1
2 f(2) = 22
4
x f(x) = - x2 f(x)
-2 f(-2) = -(-2) 2
-4
-1 f(-1) = -(-1) 2
-1
0 f(0) = -0 2
0
1 f(1) = -12 -1
2 f(2) = -22 -4
O gráfico das funções acima corresponde a uma curva denominada parábola. Note que a parábola
representativa de uma função quadrática f(x) = ax2 + bx + c pode ter concavidade voltada para
“cima” ou para “baixo”.
Nos exemplos acima f possui concavidade voltada para cima e g concavidade voltada para baixo.
Ou seja:
50
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
f(x) = 0
Isto é:
ax2 + bx + c = 0
Portanto, para obter algebricamente o(s) zero(s) ou a(s) raiz(es) de uma função quadrática
deve-se resolver uma equação do 2o grau e para isso utiliza-se a fórmula de Bháskara:
−b ± ∆
x=
2a
a = 1, b = - 5 e c = 6
Sendo assim:
∆ = b 2 − 4ac = (−5) 2 − 4 ⋅1 ⋅ 6 = 25 − 24 = 1
Então:
5 +1 6
x1= = = 3
2 2
−b ± ∆ −(−5) ± 1 5 ± 1
=x = = =
2a 2 ⋅1 2
5 −1 4
x2= = = 2
2 2
51
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
No exemplo anterior ∆ = 1, isto é, ∆ > 0 e assim pode-se obter duas raízes reais e distintas
(x1 = 3 e x2 = 2).
Interpretando geometricamente, diz-se que os zeros de função quadrática são abscissas dos
pontos onde a parábola corta o eixo dos x. Na figura a seguir x1 e x2 são as raízes de cada uma
das funções representadas.
Eixo de simetria
O gráfico da função quadrática admite um eixo de simetria perpendicular ao eixo dos x e que
passa pelo V, denominado vértice da parábola.
52
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Dada a função quadrática f(x) = ax2 + bx + c, pode-se obter as coordenadas do vértice, V(xV, yv),
da parábola que a caracteriza, fazendo:
b ∆
xV = − e yV = −
2a 4a
Figura 2.6. Coordenadas do vértice.
Veja o exemplo:
então:
b (−5) 5
xV =
− =
− =
−
2a 2(−1) 2
e:
∆ 49 49
yV =
− =
− =
4a 4(−1) 4
5 49
Portanto, as coordenadas do vértice correspondem a V �� , �.
2 4
∆
Im(f) = {x ∈ ℝ | y < – }
4a
53
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Nesse caso, a abscissa xV do vértice da parábola que representa f é um ponto de máximo e a sua
respectiva ordenada yV é o valor máximo de f.
De maneira geral, a discussão da variação do sinal de uma função quadrática qualquer, f(x) = ax2
+ bx + c, recai sempre em um dos casos contidos na figura a seguir:
54
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Função exponencial
As aplicações financeiras como, por exemplo, fundos de renda fixa, CDBs, fundo de ações e
cadernetas de poupança remuneram, diariamente, o capital aplicado pelo sistema de “juros
sobre juros”, isto é:
»» No 1o dia de aplicação, a taxa de juro incide sobre o capital inicial que foi aplicado.
»» No 3o dia de aplicação, a taxa de juro incide sobre o montante acumulado no dia anterior
e assim por diante.
Agora, considere o capital inicial de R$ 5.000,00. Suponha que esse capital seja aplicado a juro
composto, durante 3 meses, à taxa de 2% ao mês. Qual o montante acumulado ao fim de 3 meses?
Tempo
Capital Juro Montante
(mês)
1 5 000 0,02 . 5 000 5 000 + 0,02 . 5 000 = 5 100
2 5 100 0,02 . 5 100 5 100 + 0,02 . 5 100 = 5 202
3 5 202 0,02 . 5 202 5 202 + 0,02 . 5 202 = 5 306,04
55
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
M = C(1 + i)t
Assim, o montante acumulado em t dias pela aplicação de R$ 5.000,00 à taxa diária de juros de
4% é dado pela fórmula:
M = 5 000(1 + 0,04)t
M = 5 000 × (1,04)t
Isto é, nesse caso o montante M é função do tempo t. Note-se que a variável t ocorre no
expoente de uma constante positiva (1,04) e diferente de 1. Essa função é chamada função
exponencial.
Definição
Chama-se função exponencial toda função f: ℝ → ℝ *+ tal que f(x) = ax, com a ∈ ℝ *+ e a ≠ 1.
Por exemplo:
f(x)= 2x
x
1
g(x) =
2
x f(x) = 2x f(x)
-2 f(-2) = 2-2 ¼
-1 f(-1) = 2 -1
½
x aumenta f(x) aumenta
0 f(0) = 20
1
1 f(1) = 21 2
2 f(2) = 22
4
56
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Ao observar a tabela associada ao gráfico de f pode-se afirmar que f é crescente. A partir do gráfico
de f tem-se que D(f) = ℝ e que Im(f) = ℝ *+ .
Atenção
Propriedades da potenciação:
am × an = am + n
am : an = am – n
(am)n = am × n
(a × b)n = an × bn
57
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Propriedade1:
Seja f: ℝ → ℝ *+ tal que f(x) = ax, com a ∈ ℝ *+ , a > 0 e a ≠ 1. Então para quaisquer x1 e x2 do domínio de f,
tem-se:
f(x1) = f(x2) ⇔ x1 = x2
Isto é:
ax1 = ax2 ⇔ x1 = x2
Propriedade 2:
Seja f: ℝ → ℝ *+ tal que f(x) = ax, com a ∈ ℝ, a > 1 é crescente. Então para quaisquer x1 e x2 do domínio de
f, tem-se:
isto é:
Propriedade 3:
Seja f: ℝ → ℝ *+ tal que f(x) = ax, com a ∈ ℝ *+ , 0 < a < 1 é decrescente. Então para quaisquer x1 e x2 do
domínio de f, tem-se:
isto é:
58
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Chama-se equação exponencial toda equação que apresenta incógnita no expoente de uma ou
mais potências de base positiva e diferente de 1.
A propriedade 1 pode ser aplicada na resolução de equações exponenciais, ou seja: para quaisquer
x1 e x2 do domínio de f, ax1 = ax2 ⇔ x1 = x2.
a. 8X = 4
(23)X = 22
23x = 22
3x = 2
x = 2/3
b. 3x + 2 = 9
3x + 2 = 32 Atenção
x = -4
59
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
d. 52x+1 = 1
52x+1 = 50
2x+1 = 0
2x = -1
x = -1/2
Chama-se inequação exponencial toda inequação que apresenta a variável no expoente de uma
ou mais potências de base positiva e diferente de 1.
a. 5x + 1 > 25
5x + 1 > 52
x+1>2
x>2–1
x>1
Portanto, {x ∈ ℝ | x > 1}
x +1 3
1 1
>
b.
5 5
1
Como a = > 0, segue que:
5
x+1<3
x<3–1
x<2
Portanto, {x ∈ ℝ | x < 2}
60
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Função logarítmica
23 = 8 ⇔ log2 8 = 3
Mais exemplos:
42 = 16 ⇔ log4 16 = 2
Assim:
logb a = x ⇔ bx = a
Atenção
a. log5 25 tem-se:
a é o logaritmando;
Primeiramente, faça:
b á a base do logaritmo;
Então:
25 = 5x
52 = 5x
x=2
1
b. log3
9
Primeiramente, faça:
1
log3 =x
9
61
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Então:
1
= 3x
9
2
1 = 3x
3
3-2 = 3x
x=-2
c. log3 1
Primeiramente, faça:
log3 1 = x
Então:
1 = 3x
30 = 3x
x=0
3. logb ay = y logb a
4. logb bx = x
5. blogba = a
Propriedade (i):
log5 5 = 1
log13 13 = 1
Propriedade (ii):
log10 1 = 0
62
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
log345 1 = 0
Propriedade (iii):
log3 94 = 4 log3 9 = 4 x 2 = 8
Propriedade (iv):
log4 47 = 7
log13 1345 = 45
Propriedade (v):
8log812 = 12
3log37 = 7
Sejam a, b, c ∈ ℝ *+ , com b ≠ 1:
Ana está depositando suas economias em uma caderneta de poupança, que rende 1% ao mês.
Por quantos meses Ana deverá deixar o dinheiro na conta para que seu valor dobre?
Sendo C o valor inicial depositado por Ana, segue pela fórmula do montante, que:
M = C . (1 + 0,01)t
M = C . (1,01)t
63
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
M = 2C
Daí, substituindo B em A:
C . (1,01)t = 2C
(1,01)t = 2
t = log1,01 2
Nesse caso:
C . (1,01)t = 3C
(1,01)t = 3
t = log1,01 3
Portanto, no caso em que o desejo é que o capital inicial se torne multiplicado por x tem-se a
seguinte função:
f(x) = log1,01 x
Definição
Dado um número real b (com 0 < b ≠ 1), chama-se função logarítmica de base b a função f: ℝ *+ → ℝ
definida por f(x) = logb x.
64
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Por exemplo:
f(x) = log2 x
g(x) = log x
Atenção
O conjunto formado por todos os logaritmos dos números reais positivos em uma base b (0 < b ≠ 1) é chamado sistema
de logaritmos de base b. Por exemplo, o conjunto formado por todos os logaritmos de base 2 dos números reais positivos é
o sistema de logaritmos de base 2. Existem dois sistemas de logaritmos que são muito utilizados em problemas aplicados:
o sistema de logaritmos decimais, que corresponde ao sistema de logaritmos de base 10 e o sistema de logaritmos
neperianos, que é o de base e.
O número e é um exemplo de número irracional, isto é, e = 2, 718281828…
Indica-se por log10x, ou simplesmente, log x o logaritmo decimal de x, e representa-se o logaritmo neperiano de x por
logex ou ℓ𝑛x.
65
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Ao observar o gráfico de f pode-se verificar que f é crescente. A partir de gráfico de f segue que
Dom(f) = ℝ *+ e Im(f) = ℝ.
2 g(x) = log 1 2 -1
2
4 g(x) = log 1 4 -2
2
8 g(x) = log 1 8 -3
2
Ao observar a tabela associada ao gráfico de g verifica-se que à medida que x aumenta g(x) diminui, isto
é, g é decrescente. Além disso, a partir do gráfico de g tem-se que Dom(g) = ℝ *+ e Im(g) = ℝ.
66
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Propriedade 1:
logb x = logb y ⇔ x = y
Propriedade 2:
Seja f: ℝ *+ → ℝ definida por f(x) = logb x, com 0 < b ≠ 1. Nesse caso, f é crescente em todo o domínio se, e
somente se b > 1.
Então:
Propriedade 3:
Seja f: ℝ *+ → ℝ definida por f(x) = logb x, com 0 < b ≠ 1. Nesse caso, f é decrescente em todo o domínio se,
e somente se 0 < b < 1.
67
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Então:
As três últimas propriedades listadas podem ser usadas na resolução de equações (propriedade
1) e inequações (propriedades 2 e 3) logarítmicas.
»» x – 8 > 0 ⇒ x > 8
Sendo assim:
Usando a Propriedade 1:
3x – 6 = x – 8
3x – x = - 8 + 6
2x = - 2
x = -2
Observe que x = -2 não satisfaz a condição de existência, portanto o conjunto solução da equação
é S= ø.
68
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
⇒ 5x = 9 + 10
⇒ 5x = 19
⇒ x = 19/5
A resolução de uma inequação logarítmica baseia-se em, pelo menos, uma das propriedades (2
ou 3) das funções logarítmicas.
Então:
como b = 2 > 1:
3x – 6 > 16
3x > 22
x > 22/3
O conjunto solução S da inequação é a interseção do conjunto S1, dos reais x tais que x > 2
(condição de existência), com o conjunto S2 dos reais x tais que x > 22/3. Isto é:
69
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Portanto:
S = ]22/3, + ∞[
»» x – 8 > 0 ⇒ x > 8
Sendo assim:
Então:
Então:
3x – 6 < x – 8
2x > - 2
x>-1
O conjunto solução S da inequação é a interseção do conjunto S1, dos reais x tais que x > 8
(condição de existência), com o conjunto S2 dos reais x tais que x > -1. Isto é:
70
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Portanto:
S = ]8, + ∞[
Seja f : ℝ *+ → ℝ definida por f(x) = x3. O gráfico de f pode ser obtido a partir de alguns pontos obtidos por
meio da tabela construída abaixo.
x f(x) = x3 f(x)
-2 f(-2) = (-2)3 -8
-1 f(-1) = (-1)3 -1
x aumenta f(x) aumenta
0 f(0) = 0 0
1 f(1) = 1 1
2 f(2) = 23 8
1
Chama-se função recíproca a função f: ℝ → ℝ definida por f(x) = . O gráfico de f pode ser obtido
x
a partir de alguns pontos obtidos por meio da tabela construída abaixo.
71
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
1
Tabela 2.10. f(x) = .
x
x 1 f(x)
f(x) =
x
-3 1 1
f(-3) = −3
– −3
-2 1 1
f(-2) = −2
– −2
-1 1 -1
f(-1) = −1
1 1 1
f(1) = 1
2 1 1
f(2) = 2 2
3 f(3) =
1 1
3 3
1
Figura 2.18. Gráfico da função f(x) = .
x
1
A função recíproca f(x) = não é definida para x = o, tem Imagem Im(f ) = ℝ* e o seu gráfico é uma
x
hipérbole equilátera.
Praticando
EXERCÍCIO 1
O salário fixo de um segurança é de R$ 1. 200,00. Para aumentar a sua renda mensal, ele faz plantões noturnos em
uma casa de espetáculos, onde recebe R$ 60,00 por noite de trabalho.
c. Qual é o número mínimo de plantões necessários para gerar uma receita de 2.500,00?
72
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Praticando
EXERCÍCIO 2
Uma pessoa vai escolher um plano de saúde entre duas opções A e B. O plano A cobra R$ 100,00 pela inscrição e R$
50,00 por consulta num certo período. O plano B cobra R$ 180,00 de inscrição e R$ 40,00 por consulta no mesmo
período.
b. Em que condições é possível afirmar que o plano A é mais econômico; o plano B é mais econômico; os dois planos
são equivalentes.
EXERCÍCIO 3
a. f(x) = 2x = 15
b. f(x) – x + 3
c. f(x) = 4
d. f(x) = 3x
EXERCÍCIO 4
Escreva em cada caso abaixo a função afim f(x) = ax + b, sabendo que:
a. f(-1) = 3 e f(2) = 4
b. f(2) = 4 e f(3) = 6
EXERCÍCIO 5
Sabendo que a função f(x) = ax + b é tal que f(1) = 5 e f(-2) = -4, determine:
b. os valores de a e b
c. o gráfico de f
EXERCÍCIO 6
O custo de um produto é calculado pela fórmula c = 100 + 400q, na qual c indica o custo (em reais) e q, a quantidade
produzida (em unidades). Construa o gráfico de c em função de q.
EXERCÍCIO 7
Estude o sinal das seguintes funções afins:
a. f(x) = -2x + 5
b. f(x) = 4x -12
73
AULA 2 • FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES
Praticando
EXERCÍCIO 8
Resolva, em ℝ, as seguintes inequações:
EXERCÍCIO 9
Considere a função quadrática f(x) = x2 – 2x – 3. Determine:
a. os zeros ou as raízes de f
b. as coordenadas do vértice
d. a imagem de f
EXERCÍCIO 10
Dada a função quadrática f(x) = 2x2 + 7x + 15, para que valor de x a função atinge um máximo?
EXERCÍCIO 11
Uma pessoa deposita R$ 500,00 na caderneta de poupança e, mensalmente, são creditados juros de 2% sobre o saldo.
Utilize a fórmula do montante para determinar:
b. o rendimento no 1o ano
EXERCÍCIO 12
a. Resolva as equações exponenciais a seguir:
23x + 1 = 4x – 2
2x
5 27
=
3 125
22x -1 > 2x + 1
EXERCÍCIO 13
x
1
Considere as funções exponenciais f(x) = 3x e g(x) = .
3
a. Esboce o gráfico de cada uma das funções
74
FUNÇÃO AFIM E FUNÇÕES NÃO LINEARES • AULA 2
Praticando
EXERCÍCIO 14
Dê o valor de cada logaritmo abaixo:
a. log23 23 + log23 1
b. log4 46 – log0,7 1
EXERCÍCIO 15
Resolva a inequação log2 (4 – x) > log2 3.
EXERCÍCIO 16
Esboce o gráfico das seguintes funções reais:
a. f(x) = - 3x2 + 2x + 1
1
c. f(x) = (x ≠ 0)
x
d. f(x) = - x3
Resumo
»» Como identificar situações que podem ser representadas por funções afins e funções
não lineares.
»» Como reconhecer a lei de uma função afim e de uma função não linear.
75
MODELAGEM MATEMÁTICA
AULA
3
Apresentação
Nesta aula, serão apresentadas algumas relações formais entre a matemática e sua utilização
em negócios e economia. Para isso serão apresentados conceitos relacionados à modelagem
matemática, bem como, as etapas para a elaboração desse processo. Também serão feitas
caracterizações de modelos econômicos cuja natureza é matemática. Além disso, será usado o
conceito de função afim para modelar problemas relacionados à demanda, oferta, custo e receita.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
76
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Modelagem Resolução
Nas mais diversas áreas a ideia de “modelo” é usada justamente para representar aspectos da
realidade. Sendo assim, de uma forma geral os modelos podem ser classificados em físicos ou
abstratos.
modelos físicos estáticos enquanto que a aerodinâmica de É a designação da doutrina criada por
August Comte, fundada na extrema
um carro em um túnel de vento corresponde a um modelo
valorização do método científico e
físico dinâmico. na recusa de discussões metafísicas.
O lema da ciência positiva é ver para
Os modelos abstratos também podem ser classificados em prever, possui como característica
77
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
Quanto ao modelo estocástico, pode-se afirmar que não gera um resultado exato, mas fornece a
probabilidade de ocorrência do mesmo. Por exemplo: ao jogar um dado não viciado os valores
que podem ser obtidos ao se observar a face voltada para cima são 1, 2, 3,4 ,5 e 6. Sendo assim,
a chance de obter um desses números a partir de um lançamento é 1/6.
Para se obter um modelo matemático é necessário seguir etapas bem definidas da modelagem
matemática. Nesse curso o interesse está nos modelos abstratos, isto é, equações ou sistemas de
equações que tentam representar ou “modelar” certas situações. Vale lembrar que é extremamente
difícil estabelecer uma representação completa de sistemas reais, e a matemática exigida é
bastante complexa.
Em linhas gerais pode-se estabelecer quatro etapas que caracterizam o processo de modelagem.
A primeira etapa consiste em entender a situação real para propor questionamentos
pertinentes. A segunda etapa consiste em formular um modelo matemático e para isso
torna-se necessário certificar-se de que os questionamentos propostos podem ser tratados
matematicamente. A terceira etapa consiste em verificar a validade do modelo. Na quarta
etapa, após ter a certeza de que o modelo matemático proposto é válido para a investigação
de interesse, consiste em usá-lo.
78
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Modelos econômicos
Os modelos macroeconômicos estudam a economia como um todo. Isto é, são responsáveis pelo
estudo de um agregado de decisões econômicas já tomadas e a serem tomadas.
No dia a dia, consumidores, empresas e governos geram milhões de decisões tomadas de minuto
a minuto. Isso faz com que o sistema econômico tenha uma infinidade de variáveis que o afetam
79
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
direta e indiretamente. Dessa forma, pode-se afirmar que tal sistema econômico se apresenta
como uma estrutura complexa. Diante dessa estrutura complexa surge como desafio buscar
uma “ferramenta” que o descreva de forma mais precisa possível. Dentre os modelos utilizados,
a opção feita neste curso é pelo modelo do fluxo circular. Esse modelo mostra que a atividade
na economia é circular.
No modelo do fluxo circular a economia é composta por três agentes econômicos e três mercados.
Os três agentes econômicos são os domicílios (consumidores), empresas (produtores) e o governo.
Os mercados são o mercado de bens, de trabalho (mão de obra) e o mercado financeiro.
A seguinte figura ilustra como o modelo do fluxo circular caracteriza o sistema econômico.
A caracterização apresentada a seguir, juntamente a sua descrição, deve-se a Bradley (2011).
No esquema acima os fluxos 1 e 4 definem os fluxos físicos de bens e mão de obra na economia.
Esses dois fluxos possuem muitas contrapartes financeiras, isto é, empresas pagam remunerações
e salários a domicílios pelo suprimento de seus serviços de mão de obra (fluxo 5). Os domicílios
gastam receita para pagar bens e serviços produzidos pelas empresas (fluxo 6).
80
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Domicílios não gastam toda a sua receita; parte dela pode ser poupada em instituições financeira
(fluxo 7). Essas poupanças podem ser utilizadas para fornecer fundos às empresas para finalidade
de investimento (fluxo 8).
Demanda e Oferta
O nível de atividade econômica em uma economia pode ser determinado pelas decisões de
demanda e oferta tomadas por consumidores, empresas e governos. Tais decisões desempenham
um importante papel para os negócios e nas atividades de consumo. Para a análise de tais contextos
torna-se necessário criar ferramentas matemáticas que auxiliem a compreensão dos mesmos.
Função demanda
Considere X um bem. Existem muitas variáveis que influenciam a demanda por X. Dessa forma,
pode-se expressar essas variáveis por uma função conhecida como função demanda geral:
Onde:
g. A é o nível de propaganda.
A função definida corresponde a uma função de várias variáveis. Nesse curso estaremos
interessados apenas no estudo das funções de uma variável. Por isso será estudado o seguinte
modelo de função demanda:
Q = f(P)
81
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
Q = 200 – 2P
Note-se que:
Q = 200 – 3P ⇒ Q – 200 = – 2P
⇒ 200 – Q = 2P
⇒ P =100 – 0,5Q
82
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Portanto, fica subentendido que Q = f(P) é a função demanda e P = g(Q) é a função demanda
inversa.
Considere a função P = g(Q). Esta função pode ser modelada pela função afim:
P = b – aQ
P = 100 – 0,5Q
5 = 100 -0,5Q
-95 = -0,5Q
Q = 190
Isto é: quando o preço do bem x é 5 unidades monetárias a quantidade demandada é igual a 190.
83
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
A partir de P = f(Q) pode-se obter Q = f(P). Para isso basta isolar Q na equação P = 100 – 0,5Q.
Ou seja:
P = 100 – 0,5Q
P – 100 = - 0,5Q
100 – P = 0,5Q
Q = 100 – 2P
Função oferta
Considere o bem X. Há diversas variáveis que influenciam a oferta do bem X. Sendo assim,
pode-se expressar a oferta e as variáveis por meio da função:
84
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Onde:
b. P é o preço do bem.
c. C é o custo da produção.
e. Te é a tecnologia disponível.
Q = f(P)
Ou seja, a quantidade ofertada do bem X é função do preço P do bem e por hipótese as demais
variáveis de que depende a oferta são consideradas constantes.
Assim como no caso da função demanda, temos que P = h(Q) admite um modelo “afim”, isto é:
P = d + cQ
Onde c e d são constantes. Note-se que o gráfico desse modelo é dado por:
A interseção de P = f(Q) com o eixo P é 10. Isso significa que a empresa não ofertará nenhuma
unidade em P ≤ 10. Por outro lado, observe que a = 0,3, isto é, o preço aumenta 0,3 unidades para
cada unidade sucessiva de aumento na quantidade ofertada.
85
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
P = 15 + 0,3Q
0 = 15 + 0,3Q
-15 = 0,3Q
Q = - 50
A partir de P = f(Q) pode-se obter Q = f(P), isto é, para isso basta isolar em P = 15 + 0,3Q a variável Q:
P = 15 + 0,5Q
P – 15 = 0,5 Q
P − 15
=Q
0,5
10
Q = − 50 + P.
3
Custo
Ao empregar seus insumos as empresas incorrem em custos, pois precisam produzir mercadorias
para a venda.
»» Custos fixos (CF) que correspondem aos custos que independem do nível do resultado
das vendas como, por exemplo, aluguel.
86
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
»» Custos variáveis (CV ), isto é, aqueles que variam com o nível do resultado das vendas.
Assim define-se o custo total (CT) como a soma obtida entre os custos fixos e o os custos variáveis:
CT = CF + CV
Vale ressaltar que esses custos podem ser modelados por uma função custo afim. Por exemplo,
considere CT = 40 + 2Q. A relação define o custo total (CT) em função da quantidade (Q) produzida.
Nesse caso, o custo fixo (CF) é igual a 40 e o custo variável (CV ) é dado por CV = 2Q, onde 2 é a
inclinação da reta.
Os custos fixos de produção e os custos variáveis de produção de uma empresa são, respectivamente,
R$ 120,00 e R$ 30,00 por unidade produzida. Sendo assim, segue que a função custo total é
caracterizada por:
CT = 120 + 0,3Q
Q CT
0 120
1 150
2 180
Saiba mais
87
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
Receita
Ao vender o que produz uma empresa recebe receita. A receita total (RT ), recebida é o preço da
mercadoria (P), multiplicado pelo número de unidades vendidas (Q), ou seja:
RT = P . Q
A receita total pode ser modelada por uma reta se o preço de cada unidade vendida for o mesmo,
isto é, cada empresa é responsável em gerar preço, representada por uma função constante.
RT = P0 . Q
Onde P0 é o preço constante por unidade do bem e é representado pela interseção entre a reta
demanda horizontal e o eixo RT. Por exemplo, se P0 = 15, então:
RT = 15Q
Suponha que uma caixa contendo uma pizza grande tenha preço igual a R$ 7,10 independentemente
do número de unidades vendidas. Nesse caso a função receita total é dada por:
RT = 7,1Q
Na aula 2 você viu como determinar o ponto de interseção entre duas retas. Agora você poderá
aplicar essa ideia para determinar as condições de equilíbrio em alguns mercados como os de
bens (mercadorias), de trabalho (mão de obra) e financeiro (de dinheiro). Vale ressaltar que
88
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Diz-se que o equilíbrio de bens e serviços ocorre quando há uma igualdade entre a quantidade
demandada (Qd) pelos consumidores e a quantidade ofertada (Qs) pelos produtores de um bem
ou serviço.
Analogamente, o equilíbrio de mercado ocorre quando o preço que um consumidor está disposto
a pagar (Pd) é igual ao preço que o produtor está disposto a aceitar (Ps).
Qd = Qs e Pd = Ps
Por exemplo, as funções demanda e oferta de um bem são dadas, respectivamente, por:
Pd = 65 – 0,2Qd
Ps = 5 + 0,2Qs
Nesse caso, o equilíbrio de mercado ocorre quando Qd = Qs e Pd = Ps. Então, pode-se obter a
quantidade de equilíbrio fazendo:
Pd = Ps
65 – 0,2Q = 5 + 0,2Q
- 0,2Q – 0,2Q = 5 – 65
- 0,4Q = - 60
60
Q=
0, 4
Q = 150
E quanto ao preço de equilíbrio? Nesse caso, basta considerar Q = 150. Isto é, basta substituir em
qualquer uma das funções q por 150. Veja:
P = 65 – 0,2 . 150 = 65 – 30 = 35
ou
P = 5 + 0,2 . 150 = 5 + 30 = 35
Note que a solução gráfica é dada pela interseção entre cada reta que caracteriza as funções, ou
seja:
89
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
Já o equilíbrio do mercado de trabalho ocorre quando a mão de obra demandada (Ld) pelas
empresas é igual à mão de obra ofertada (Ls) pelos trabalhadores o que é equivalente a dizer
que a remuneração que uma empresa está disposta a oferecer (ws) é igual à remuneração que
os trabalhadores estão dispostos a aceitar (wd).
Portanto:
Ld = Ls e ws = wd
wd = 18 – 0,3Ld
ws = 2 + 0,2Ls
wd = ws e Ld = Ls
90
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Assim, fazendo:
wd = ws
18 – 0,3L = 2 + 0,2L
- 0,5L = - 16
L = 32
ou
O ponto de nivelamento para um bem ocorre quando a receita total é igual ao custo total.
Ou seja:
RT = CT
RT = CT
Isto é:
4Q = 12 + 3Q
4Q – 3Q = 12
Q = 12
RT = 3Q = 4 . 12 = 48
CT = 12 + 3Q = 12 + 3 . 12 = 12 + 36 = 48
91
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
Muitas situações podem ser, por exemplo, modeladas por funções quadráticas. Demanda, oferta e
receita total são exemplos de contextos onde se aplica o modelo quadrático. Veja alguns exemplos.
As funções demanda e oferta para determinado mercado são dadas, respectivamente, por:
Pd = Q2 + 6Q + 9 e PO = Q2 – 10Q + 25
Note-se que a partir das funções consideradas pode-se, algebricamente, determinar o ponto de
equilíbrio do mercado. Nesse caso:
Pd = Po
Q2 + 6Q + 9 = Q2 – 10Q + 25
Q2 – Q2 + 6Q + 10Q = 25 – 9
16 Q = 16
Q=1
Pd = 12 + 6 . 1 + 9 = 1 + 6 + 9 = 16
ou
PO = 12 – 10 . 1 + 25 = 1 – 10 + 25 = 16.
Esse ponto também pode ser determinado graficamente. Como as duas funções são quadráticas
o gráfico de cada uma delas é uma parábola. Note-se ainda que o coeficiente quadrático é igual a
92
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
1 nas duas funções, isso caracteriza uma parábola de concavidade para cima. Vale observar ainda,
que nos interessa apenas o comportamento das funções no 1o quadrante do plano cartesiano.
Sendo assim o esboço a ser considerado corresponde ao intervalo onde Q varia de 0 a 5.
Agora considere a função receita total (RT) dada pela relação RT = P x Q, onde P representa o preço
do bem X e q a quantidade comercializada desse bem. Se o preço do bem X varia de acordo com
a relação:
P = - 2Q + 80
Segue que:
RT = (-2Q + 80) x Q
RT = -2Q2 + 80Q
93
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
»» A sua concavidade é voltada para baixo, pois o coeficiente quadrático igual a -2 é menor
que zero.
»» Os pontos em que a curva corta o eixo RT, ou raízes da função, são obtidos fazendo RT
= 0. De fato, pois:
RT = 0
-2Q2 + 80Q = 0
Veja agora mais uma aplicação. Considere que para um certo produto comercializado, a receita
e o custo são dados, respectivamente por:
Pode-se definir a partir das funções receita total e custo a função lucro, fazendo:
L = RT – C
Nesse caso:
L = -2Q2 + 22Q – 2Q – 32
L = -2Q2 + 20Q – 32
94
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
A função lucro tem concavidade voltada para baixo, pois o coeficiente quadrático é -2, isto é,
menor que zero.
As raízes dessa função correspondem à quantidade comercializada para lucro nulo. Ou seja:
L=0
-2Q2 + 20Q – 32 = 0
As coordenadas do vértice fornecem a quantidade a ser comercializada para se ter lucro máximo
(QV ) e o lucro máximo (Lv). Isto é:
95
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
A partir do gráfico, observa-se que para o lucro seja positivo (L > 0) a quantidade de mercadoria
a ser vendida deve pertencer ao intervalo ]2, 8[.
Já foi visto, por definição, que a base de uma função exponencial é sempre constante. Por exemplo,
funções exponenciais que possuem base e descrevem crescimento e decaimento em uma ampla
gama de sistemas. Funções demográficas (crescimento de populações), financeiras (montante de
um investimento), físicas (variações de correntes elétricas e decaimento de materiais radioativos)
além de muitas outras costumam ter como base a constante e.
»» crescimento ilimitado;
»» crescimento limitado;
»» crescimento logístico.
A população de um povoado era igual a 900 pessoas em 1980. Sabe-se que a população cresce
de acordo com a função:
P = 900 × e0,03t
T P = 900 × e0,03t
96
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Daí:
Generalizando:
O crescimento ilimitado é modelado pela função f(t) = aert, onde a e r são constantes.
Modelos dessa forma servem para caracterizar funções consumo, quantidade de informações
aleatórias que podem ser memorizadas, vendas com propaganda, sistemas elétricos e mecânicos.
M
y (t ) =
1 + ae − rMt
97
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
Funções como estas servem de instrumentos para caracterizar modelos de consumo, populações
controladas, crescimento de epidemias, vendas etc.
Num certo programa de rádio, o locutor informa: “Atenção, senhores ouvintes. Entra em vigor
a promoção ganhe duas entradas para o teatro. Vá até o nosso site e envie uma mensagem
respondendo: Qual a melhor rádio do país? E concorra a duas entradas para o teatro”. Suponha
que o número de pessoas que tenha acesso a essa informação, quando transcorridas t horas após
a divulgação da mesma, seja dado pela função:
P
f (t ) =
− Pt
1+ 9 ⋅ 2 3
Onde t > 0 e P é a população do país. Pergunta-se: qual o percentual da população que tomou
conhecimento da promoção no instante de sua divulgação?
Para responder a questão basta calcular f(0), isto é, para determinar o percentual da população
que tomou conhecimento da promoção no instante de sua divulgação deve-se considerar t =
0. Então:
P P P P
( 0)
f= = = 0
= =
− 1 + 9 ⋅ 2 1 + 9 ⋅1 1 + 9
P ⋅0
1+ 9 ⋅ 2 3
P 1 10
= = P
= P
10 10 100
O uso dos logaritmos também se torna imprescindível quando o foco de interesse é a resolução
de determinadas equações. A seguir serão apresentadas algumas situações onde esta ideia se
faz presente.
A população de um povoado era igual a 900 pessoas em 1980. Sabe-se que a população cresce
de acordo com a função:
P = 900 . e0,03t
98
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Um dos interesses frente a essa aplicação pode ser estimar, por meio da lei acima, após quanto
tempo a população do povoado alcança um determinado valor. Por exemplo, após quantos anos
a população desse povoado alcança o número 8. 100?
P = 900 . e0,03t
ℓ𝑛 9 = e0,03t
ℓ𝑛 9 = 0,03t . ℓ𝑛 e
ℓ𝑛 9 = 0,03t
n 9
t=
0, 03
2,1972
t=
0, 03
t ≅ 73,24
Certa financeira empresta dinheiro a seus clientes com a condição de que a dívida seja paga em
uma única vez, de acordo com a seguinte regra: para um montante de k reais emprestados, o
cliente ao final de t anos, deverá pagar P reais, obtidos de acordo com a lei:
Se um cliente deseja tomar emprestado 1.000 reais e pagar a financeira 1 ano depois, qual será
a quantia recebida pela financeira?
P = k . log10 (t + 2)
P = 1000 . log10 (1 + 2)
99
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
P = 1000 . log10 3
P = 1000 . 0,4771
P = 477,10
Considere agora que uma pessoa dispõe de 36 000 reais e deseja aplicar essa quantia de maneira
a duplicar o seu valor. Sabendo que o montante M de um investimento é calculado pela fórmula:
M = M0 . 1,08x
Em que M0 é o valor inicial aplicado e x é o tempo, em anos, da aplicação, determinar após quanto
tempo esse valor é duplicado. Dados: log 2 = 0,3010 e log 3 = 0,4771.
Ao aplicar 36 000 reais deseja-se após um certo tempo x obter 72 000 reais. Então segue que:
= 1,08x
2 = 1,08x
108
log 2 = x log
100
log 2 = x . (log 108 – log 100)
100
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
0,3010 = 0,0333 x
0,3010
x=
0, 0333
x = 9,0390
Funções hiperbólicas
�
As funções hiperbólicas que serão tratadas a seguir são da forma ���� = ���� e conhecidas como
função hiperbólica retangular. O caso mais simples dessas funções foi apresentado na aula 2,
isto é, a função = 1
cujo gráfico corresponde a:
1
Figura 3.21. Gráfico de f(x) = .
x
Nessa função o domínio é dado por Dom(f) = ℝ – {0}, ou seja, a função não está definida em x = 0.
Além disso, a forma do gráfico aumenta ou diminui drasticamente em cada lado do ponto não
identificado. Isto pode ser constatado à medida que se calcula f(x) para valores de x próximos ao ponto
indefinido. Nesse exemplo, o eixo y é uma assíntota vertical e o eixo x é uma assíntota horizontal.
Uma assíntota vertical é uma reta à qual a curva tende para mais infinito (+∞) ou menos infinito
(-∞) à medida que a variável x se aproxima da reta.
101
AULA 3 • MODELAGEM MATEMÁTICA
1
Figura 3.22. Assíntotas do gráfico f(x) = .
x
a c
As funções da forma f(x) = , com x ≠ − são caracterizadas por curvas semelhantes às que
bx + c b
determinam a função y = 1 com x ≠ 0.
x
1
Veja, por exemplo, como esboçar o gráfico da função f(x) = . Primeiramente, determina-se
x+3
o domínio de f, isto é, Dom(f) = ℝ {–3}. Daí segue que x = - 3 é uma assíntota vertical. Agora se
pode determinar os pontos em que f intercepta o eixo y, isto é, o ponto em que x = 0. Nesse caso,
para x = 0 tem-se y = 1/3.
1
Figura 3.23. Assíntotas do gráfico f(x) = .
x+3
a c
Funções da forma f(x) = , com x ≠ − modelam funções de custo médio, oferta, demanda
bx + c b
e outras que crescem ou decaem a taxas crescentes.
102
MODELAGEM MATEMÁTICA • AULA 3
Resumo
»» Como definir e resolver problemas aplicados que são modelados por funções hiperbólicas
a
da forma f(x) = .
bx + c
103
LIMITES E APLICAÇÕES
AULA
4
Apresentação
Nesta aula será apresentado o conceito de limite, isto é, um conceito que é ponto de partida para
definir conceitos do cálculo diferencial e integral como os de continuidade, derivada e integral.
Vale lembrar que a ideia de limite permite, dentre outras coisas, converter taxas médias em taxas
instantâneas de variação, taxas essas associadas a múltiplos conceitos das áreas de negócios e
economia.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Introdução
As ideias centrais do Cálculo surgiram no século XVII a partir dos trabalhos de Isaac Newton
(1662 – 1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716) cujo objetivo principal na época era
resolver certos problemas de mecânica e geometria. Porém, anos mais tarde, o Cálculo Diferencial
e Integral tornou-se uma poderosa ferramenta e muitas outras áreas além da matemática e da
104
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
A seguir serão apresentadas de forma bastante intuitiva essas ideias a fim de usá-las nas aulas
posteriores deste Caderno de Estudos.
x2 −1
x f ( x) = f(x)
x −1
0,952 − 1
0,95 f ( 0,95 ) = - 1,95
0,95 − 1
0,962 − 1
0,96 f ( 0,96 ) = - 1,96
0,96 − 1
0,97 2 − 1
0,97 f ( 0,97 ) = -1,97
0,97 − 1
0,982 − 1
0,98 f ( 0,98 ) = -1,98
0,98 − 1
0,992 − 1
0,99 f ( 0,95 ) = - 1,99
0,99 − 1
12 − 1
1 f (1) = ?
1 −1
1, 012 − 1
1,01 f (1, 01) = 2,01
1, 01 − 1
1, 022 − 1
1,02 f (1, 02 ) = 2,02
1, 02 − 1
1, 032 − 1
1,03 f (1, 03) = 2,03
1, 03 − 1
1, 04 − 1
1,04 f (1, 04 ) = 2,04
1, 04 − 1
1, 052 − 1
1,05 f (1, 05 ) = 2,05
1, 05 − 1
105
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
A tabela 4.1 sugere certo padrão. Ao observar os valores de f(x), percebe-se que f(x) se aproxima
de 2 quando x se aproxima de 1. Matematicamente, diz-se que a função f(x) tende para 2 quando
x tende para 1. Além disso, os valores de f(x) tendem para 2 de uma forma regular. A cada variação
de ± 0,01 em x corresponde uma variação de ± 0,01 em f(x), o que sugere que f(x) se comporta
como uma função linear de inclinação 1. De fato, fatorando o numerador obtém-se:
x2-1= (x+1)∙(x-1)
f ( x )=
x2 −1
=
( x + 1) ⋅ ( x − 1)= x +1
x −1 x −1
Isto é: obtém-se como resultado uma função linear cujo domínio inclui o ponto x = 1. O gráfico da função
y = x + 1 é uma linha reta que contém o ponto (1, 2). O gráfico de f(x) coincide com esta reta para todos
os valores de x exceto 1, o que explica a regularidade observada na tabela 4.1.
2
Figura 4.2. Gráfico de f ( x ) = x − 1 .
x −1
106
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
Para indicar que os valores da função f(x) tendem para o número L quando x tende para o número
a, e diz-se que o limite de f(x) quando x tende para a é igual a L. Vale lembrar que na discussão do
limite de uma função supõe-se que f(x) é definida para todos os valores de x nas proximidades
de a, mas não necessariamente em x = a.
Portanto, pode-se afirmar intuitivamente que: limite de uma função é o valor para o qual converge
a variável dependente, f(x), quando a independente, x, tende para determinado ponto.
Dessa forma surge, em muitos casos, a possibilidade de obter o limite de uma função de duas
formas: a primeira com o auxílio de uma tabela onde são atribuídos valores muito próximos de x a
fim de deduzir o comportamento (o limite) de f(x) e, a segunda forma por meio de simplificações
(quando possível e se for necessário) da expressão que caracteriza f(x) até que se torne fácil a
sua análise. Veja o exemplo a seguir:
(2 + x) 2 − 4
Determinar: lim
x →0 x
Nesse caso, o domínio de f corresponde aos valores reais de x, tal que x ≠ 0. Sendo assim, busca-
se analisar a tabela construída abaixo usando um valor arbitrário inicial igual a –0,003 e um
incremento de 0,001.
(2 + x) 2 − 4
Tabela 4.2. Valores de f(x) para f ( x ) = .
x
X (2 + x ) 2 − 4 f(x)
f ( x) =
x
- 0,003 (2 + (−0, 003)) 2 − 4 3,997
f ( −0, 003) =
−0, 003
0 (2 + 0) 2 − 4 ?
f ( 0) =
0
(2 + x) 2 − 4
A tabela sugere que f(x) tende a 4 quando x tende a 0, isto é: lim =4.
x →0 x
107
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
Isso pode ser comprovado quando é feita a opção da realização de simplificações na expressão
que caracteriza f(x). Ou seja:
(2 + x)− 4 4 + 4x + x2 − 4 4x + x2 x ⋅ ( 4 + x )
2
f ( x )= = = = = 4 + x, se x ≠ 0
x x x x
O gráfico de f(x), apresentado na figura 4.2, é idêntico ao gráfico da função y = 4 + x, exceto no
ponto x = 0, onde f não está definida. Como y = 4 + x tende a 4 quando x tende a 0, conclui-se
2
que: lim (2 + x) − 4 = 4 .
x →0 x
������ ��
Figura 4.3. Gráfico de ���� = .
�
O conceito de limite apresentado permite concluir que o limite de uma função num ponto está
associado ao valor que a função assume nesse ponto. Nos casos mais simples, a função existe
no ponto x = a e assim lim f ( x ) = f (a ) .
x→a
2
Por exemplo: qual o valor de lim x ?
x→4
Se um número é muito próximo de 4, como 3,9999 ou 4,0001 seu quadrado é muito próximo de
2 2
16. Essa conclusão torna-se também válida quando se faz: lim x= 4= 16 .
x→4
Portanto, pode-se generalizar tal ideia para outras funções potência. Ou seja:
lim x3 =
(−1) 2 =
−1
x →−1
lim x 4 =(−2) 4 =
16
x →−2
4 4
lim x= 2= 16
x→2
108
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
Para o caso das funções polinomiais pode-se verificar que consistem em somas de funções
potência multiplicadas por coeficientes numéricos. Portanto, ao combinar o caso lim x n = f (a)
x→a
com as propriedades listadas abaixo, chega-se ao limite dessas funções quando x tende a um
número real a.
Propriedades de limites
lim c ⋅ f ( x) =
c ⋅ lim f ( x) =
c⋅L
x→a x→a
lim f ( x ) + g ( x ) =
lim f ( x ) + lim g ( x ) =
L+M
x→a x→a x →a
lim f ( x ) ⋅ g ( x ) =
[lim f ( x )] ⋅ [lim g ( x )] =
L⋅M
x→a x→a x →a
Se M ≠ então,
f ( x) lim f ( x) L
lim
= x= →a
x→a g ( x) lim g ( x) M
x→a
p p p
lim[
= f ( x) ] [lim
q
= f ( x)] L q q
x→a x→a
lim 3 x 2 = 3 ⋅ lim x 2 = 3 ⋅ 22 = 3 ⋅ 4 = 12
x→2 x→2
f ( x) f (a)
Se f(x) e g(x) são funções e g(a) ≠ 0 então lim = .
x→a g ( x ) g (a)
x2 − 5x + 7
Por exemplo, calcular lim .
x →1 x2 − 9
2
Primeiramente, calcula-se lim( x − 5 x + 7) , isto é:
x →1
2 2
lim( x − 5 x + 7) =1 − 5 ⋅1 + 7 =1 − 5 + 7 =3
x →1
109
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
2
Agora calcule lim( x − 9) :
x →1
2 2
lim( x − 9) =1 − 9 =−8
x →1
2
Como lim( x − 9) ≠ 0 , segue que:
x →1
2
x − 5x + 7 3 3
lim 2
= = −
x →1 x −9 −8 8.
f ( x)
As considerações a seguir apresentam táticas importantes para resolver limites da forma lim .
x→a g ( x)
f ( x)
Para determinar lim , primeiramente verifique o valor de lim g ( x ) .
x→a g ( x ) x→a
f ( x) f (a)
»» Se lim g ( x ) ≠ 0 então, como já foi dito, lim =
x→a x→a g ( x ) g (a) .
f ( x)
»» Se lim g ( x ) = 0 e lim f ( x ) ≠ 0 então não existe lim .
x→a x→a x→a g ( x)
f ( x)
»» Se lim g ( x ) = 0 e lim f ( x ) = 0 então simplifique a função e volte ao início da
x→a x→a
g ( x)
análise.
x2 −1
Por exemplo, calcular lim .
x →1 x −1
Note-se que lim
x →1
( )
x 2 − 1 = 12 − 1 = 0 e que lim ( x − 1) = 1 − 1 = 0 .
x →1
2
Porém, x − 1 = ( x + 1) ⋅ ( x − 1)
Daí:
x2 −1 ( x + 1) ⋅ ( x − 1) =lim x + 1 =1 =1 =2
lim =lim ( )
x →1 x − 1 x →1 x −1 x →1
Formas indeterminadas
As razões nas quais tanto o numerador como o denominador tendem para zero quando x → a,
x2 −1
como no último exemplo: lim são chamadas formas indeterminadas. Nesses casos, o limite
x →1 x −1
da razão pode ou não existir. Caso o limite exista vale lembrar que não poderá ser calculado antes
de simplificar, de alguma forma, a razão em questão. Veja a seguir outros exemplos:
x2 + 4x + 4 ( x + 2) 2
lim =lim =lim ( x + 2 ) =−2 + 2 =0
x →−2 x+2 x →−2 x + 2 x →−2
x2 + x x ⋅ ( x + 1)
lim = lim = lim ( x + 1) = 0 + 1 = 1
x →0 x x → 0 x x →0
110
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
Limites laterais
Como já foi visto o limite de uma função quando x tende a “a” é o valor para o qual converge a
variável dependente quando a independente se aproxima do ponto a. Essa ideia de aproximação
a um ponto dado está relacionada a duas ideias: a de posição relativa e a de rota de aproximação.
A primeira ideia refere-se ao fato de que um valor pode estar à direita ou à esquerda de a. Já a
segunda significa dizer que os valores menores que x se aproximam dele pela esquerda, enquanto
que os maiores pela direita.
»» O limite pela esquerda, indicado como xlim f ( x) , se x tende para a por valores menores
→a−
que x.
»» O limite pela direita, indicado como xlim f ( x) , se x tende para a por valores menores
→a+
que x.
Os limites quando x tende a “a” pela direita (x → a+), e quando x tende a “a” pela esquerda (x → a-),
são chamados limites unilaterais. Veja agora alguns exemplos.
−1 se x < 0
Considere a função
= f ( x ) =0 se x 0 chamada função sinal. O gráfico de f é apresentado na
1 se x > 1
figura a seguir.
−1 se x < 0
de f ( x )
Figura 4.4. Gráfico = =0 se x 0 .
1 se x > 1
lim f ( x ) = −1
x → 0−
111
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
lim f ( x ) = lim+ ( 2 + x 2 ) = 2 + 12 = 2 + 1 = 3
x →1+ x →1
lim f ( x) existe e será igual a L se e somente se lim+ f ( x) e lim− f ( x) existirem e forem iguais.
x→a x→a x→a
Limites infinitos
1
x f ( x) = f(x)
( x − 2) 2
1
1 f (1) = 1
(1 − 2) 2
1
1,5 f (1,5 ) = 4
(1,5 − 2) 2
1
1,75 f (1, 75 ) = 16
(1, 75 − 2) 2
1
1,99 f (1,99 ) = 10 000
(1,99 − 2) 2
1
1,999 f (1,999 ) = 1 000 000
(1,999 − 2) 2
1
x f ( x) = f(x)
( x − 2) 2
1
3 f ( 3) = 1
(3 − 2) 2
112
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
1
2,5 f ( 2,5 ) = 4
(2,5 − 2) 2
1
2,25 f ( 2, 25 ) = 16
(2, 25 − 2) 2
1
2,01 f ( 2, 01) = 10 000
(2, 01 − 2) 2
1
2,001 f ( 2, 001) = 1 000 000
(2, 001 − 2) 2
Na tabela 4.3 conclui-se intuitivamente que à medida que x se aproxima de 2 por valores menores
que 2, f(x) cresce indefinidamente. Ou seja: lim− f ( x ) = +∞ .
x→2
Na tabela 4.4 conclui-se intuitivamente que à medida que x se aproxima de 2 por valores maiores
que 2, f(x) cresce indefinidamente. Ou seja: xlim f ( x ) = +∞ .
→ 2+
1
f ( x) =
Figura 4.5. Gráfico de ( x − 2) 2 .
113
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
assumir o valor 2. Utilizando-se as tabelas 4.5 e 4.6 abaixo se conclui que lim− f ( x ) = −∞ e
x→2
lim+ f ( x ) = −∞ .
x→2
x 1 f(x)
f ( x) = −
( x − 2) 2
1 1 -1
f (1) = −
(1 − 2) 2
1,5 1 -4
f (1,5 ) = −
(1,5 − 2) 2
1,75 1 - 16
f (1, 75 ) = −
(1, 75 − 2) 2
1,99 1 - 10 000
f (1,99 ) = −
(1,99 − 2) 2
1,999 1 - 1 000 000
f (1,999 ) = −
(1,999 − 2) 2
x 1 f(x)
f ( x) = −
( x − 2) 2
3 1 -1
f ( x) = −
( x − 2) 2
2,5 1 -4
f ( 2,5 ) = −
(2,5 − 2) 2
2,25 1 - 16
f ( 2, 25 ) =
−(2, 25 − 2) 2
2,01 1 - 10 000
f ( 2, 01) = −
(2, 01 − 2) 2
2,001 1 - 1 000 000
f ( 2, 001) = −
(2, 001 − 2) 2
1
Figura 4.6. Gráfico de f ( x ) = − ( x − 2)2 .
114
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
Nos dois últimos exemplos à medida que x tende a um valor a, f(x) cresce ou decresce
indefinidamente. Casos análogos a essas caracterizam limites infinitos.
Limites no infinito
1
Tabela 4.7. Valores de f ( x ) = .
x
x 1 f(x)
f ( x) =
x
-100 1 - 0,01
f ( −100 ) =
−100
-10 1 - 0,1
f ( −10 ) =
−10
-5 1 - 0,2
f ( −5 ) =
−5
-4 1 - 0,25
f ( −4 ) =
−4
-3 1 - 0,3333
f ( −3) =
−3
-2 1 - 0,5
f ( −2 ) =
−2
-1 1 -1
f ( −1) =
−1
1 1 1
f (1) =
1
2 1 0,5
f ( 2) =
2
3 1 0,3333
f ( 3) =
3
4 1 0,25
f ( 4) =
4
5 1 0,2
f ( 5) =
5
10 1 0,1
f (10 ) =
10
100 1 0,01
f (100 ) =
100
115
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
Ao observar a tabela 4.7 segue que à medida que x cresce, isto é, tende a infinito, os valores de f
se aproximam de 0. Isto é:
lim f ( x ) = 0
x →+∞
lim f ( x ) = 0
x →−∞
Sendo assim, toda vez que a partir de uma função dada x tende a infinito, diz-se que o limite é
no infinito e denota-se por:
lim f ( x ) = L ou xlim f ( x) = L
x →+∞ →−∞
Um atacadista vende um produto por quilo (ou fração de quilo). Se forem pedidos mais de 15
quilos, o atacadista cobrará R$ 1,00 por quilo. No entanto, para incentivar pedidos maiores, ele
cobra R$ 0,80 por quilo, se mais de 15 quilos forem comprados. Assim, se x quilos do produto
forem comprados e C(x) for custo do pedido, então:
x, se 0 ≤ x ≤ 15
C ( x) =
0,8 x, se 15 < x
lim C
=
x →15+
( x ) lim
= +
x 15
x →15
A seguir o esboço do gráfico de C indica uma “quebra” no traço de C em x = 15. Nesse caso diz-se
que C é descontínua em x = 15.
116
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
Diz-se que uma função é contínua no número a se, e somente se, as seguintes condições são
satisfeitas:
a. f(a) existe;
b. lim+ f x = lim− f ( x );
x→a x →a
c. lim f x = f (a ).
x →a
Se uma ou mais dessas condições não forem verificadas em a, a função f será descontínua em a.
Um atacadista que vende um produto por quilo (ou fração de quilo) cobra R$ 1,00 por quilo se
o pedido for até 5 quilos. Mas se o pedido ultrapassar esse peso, ele cobrará R$ 5,00 mais 0,7
por quilo excedente. Nesse caso, ao vender x quilos do produto tem-se que a função custo é
caracterizada por:
x, se 0≤ x≤5
C ( x) =
5 + 0, 7 ⋅ ( x − 5 ) , se x > 5
( x ) lim
lim C=
x → 5−
= −
x 5
x →5
= 0, 7 ⋅ 5 + 1,5= 5
117
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
No final do século XIX, o economista italiano, Vilfredo Pareto, estudou a distribuição de rendas
para indivíduos em uma população de tamanho a. Nesse estudo Pareto pôde perceber que,
na maioria dos casos, o número y de indivíduos que recebem uma renda superior a x é dado
aproximadamente por:
a
y=
( x − r )b
Em que r é a menor renda considerada para a população e b é um parâmetro positivo que varia
de acordo com a população estudada.
1 000 000
y=
( x − 400)1,2
A partir dessa função pode-se estimar o número de indivíduos que têm renda superior a
R$ 1.200,00, basta fazer x = 1.200. Assim:
Logo, pode-se afirmar que 328 indivíduos recebem renda superior a R$ 1.200,00.
Em muitos casos, considera-se na Lei de Pareto r = 0, isto é, a renda mínima igual a 0. Assim:
a a
y
= = b
= b
ax − b
( x − 0) x
=y 10.000,000 ⋅ x −1,2
118
LIMITES E APLICAÇÕES • AULA 4
A tabela abaixo fornece a distribuição aproximada de indivíduos com renda superior à renda de
alguns valores de x.
A partir do gráfico acima pode-se notar que a maior parte dos indivíduos tem rendas com valores
baixos, isto é, próximos a x = 0, enquanto é pequeno o número de indivíduos com altas rendas.
A partir da tabela nota-se que a função y =10 000 000 ∙ x-1,2 é decrescente.
Para rendas mais elevadas, a curva se aproxima cada vez mais do eixo x. Ou seja:
lim y = 0
x →∞
Além disso, quando x assume valores positivos cada vez mais próximos de 0, y assume valores
cada vez maiores. Ou seja:
lim y = +∞
x → 0+
119
AULA 4 • LIMITES E APLICAÇÕES
Resumo
»» Como determinar limites indeterminados, bem como a diferença entre limites infinitos
de limites no infinito.
120
DERIVADAS E APLICAÇÕES
AULA
5
Apresentação
Nesta aula, será apresentado o conceito de taxa de variação e serão analisadas as taxas de variação
média e instantânea. Essas análises servirão de suporte para entender o conceito de derivada,
que tem grande aplicação nas áreas de economia, administração, entre outras. Além disso, serão
apresentados procedimentos que permitem encontrar de forma prática as funções derivadas.
Vale lembrar que além de aplicar o conceito de derivada para estudar o comportamento de
funções, serão vistas também abordagens práticas a fim de entender o significado econômico
da marginalidade, isto é, avaliar custo marginal, custo médio marginal, receita marginal e lucro
marginal.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
»» Determinar valores máximos e mínimos de funções receita, lucro, custo e outras funções
econômicas.
121
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
Já se sabe que o custo C para a produção de uma quantidade Q de um produto pode ser
caracterizado por uma função. Isto é, o custo C é função da quantidade produzida:
C = f(Q)
variação de C
m=
variação de Q
Sendo a função custo uma função do 1o grau tem-se que a taxa de variação média corresponde
ao coeficiente angular dessa função.
P = x2
variação de P ∆P
Taxa=
de variação =
variação de x ∆x
Isto é:
42 − 22 16 − 4 12
Taxa de variação
= = = = 6 ton / h
4−2 2 2
De forma geral:
A taxa de variação média de uma função f(x) no intervalo a < x < b é calculada da seguinte forma:
f ( b ) − f (a)
Taxa de variação média =
b−a
122
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
Seja f a função definida por ���� = � � � = 3. Determinar a sua taxa de variação no intervalo 4 < x < 8.
Segue que:
f ( 8 ) − f (4) 67 − 19 48
Taxa de variação
= = = = 12
8−4 8−4 4
O interesse agora é obter a taxa de variação de uma função num instante específico. Essa taxa é
chamada de taxa de variação instantânea.
P = x2
Nesse caso, pode-se calcular várias taxas de variação média para intervalos de tempo “muito
pequenos”, cada vez mais “próximos” do instante x=3.
Considere o instante x=3 e tome para efeitos de cálculos das taxas de variação média o intervalo
de 3 até 3=h, onde h representa o tamanho do intervalo.
Assim:
f 3 + h − f (3)
Taxa de variação média P no intervalo de 3 até 3 + h =
h
A tabela abaixo apresenta a variação de h, isto é, do tamanho do intervalo, e sua respectiva taxa
de variação média:
f ( 3 + h ) − f (3)
H Taxa de variação média
h
f ( 3 + 0,1) − f (3)
0,1 6,1
0,1
f ( 3 + 0, 01) − f (3)
0,01 6,01
0, 01
f ( 3 + 0, 001) − f (3)
0,001 6,001
0, 001
123
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
f ( 3 + (−0,1) ) − f (3)
-0,1 5,9
−0,1
À medida que se aproxima do valor x=3, variando h, a taxa de variação média se “aproxima” do
valor 6. Nesse caso, diz-se que:
O procedimento de tomar h “próximo de zero” e torná-lo “mais próximo ainda” de zero pode
ser escrito como h → 0.
Portanto:
ou seja:
f ( 3 + h ) − f (3)
Taxa de variação instantânea de f ( x ) em x= 3= lim
h →0 h
Em geral:
f ( a + h ) − f (a)
Taxa Taxa de variação intantânea de f ( x ) em x= a= lim
h →0 h
A taxa de variação instantânea da função produção no instante x=3 recebe o nome de derivada
da função produção no ponto x=3. Sendo P = f(x) tem-se que a derivada de P no ponto x = 3, é
denotada por f’(3).
De maneira geral:
A derivada de uma função no ponto x = a é a taxa de variação instantânea da função nesse ponto:
124
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
ou seja: Atenção
f ( a + h ) − f (a )
f ' ( a ) = lim Vale lembrar que a derivada no ponto x = a só existe,
h→0 h se os limites laterais existirem e forem iguais.
Considere ainda a função produção P = f(x), definida por P = x2. Sabe-se, por exemplo, que:
Taxa de variação média ∆P f ( 4 ) − f (2) 16 − 4 12
=
= = = = 6 ton / h
no intervalo 2 ≤ x ≤ 4 ∆x 4−2 2 2
e
Taxa de variação média ∆P f ( 6 ) − f (4) 36 − 16 20
= = = = = 10 ton / h
no intervalo 4 ≤ x ≤ 6 ∆x 6−4 2 2
Graficamente, para os pontos A(2, f(2)) = (2, 4) e B(4, f(4))=(4, 16) tem-se que �� =
corresponde a 16 − 4 = 12
��4� − ��2� =
diferença entre as ordenadas e ο ݔൌ
a diferença
Ͷ െ ʹ ൌ ʹ entre as abscissas dos pontos A e B. Assim, a taxa
��
média de variação = 6 representa a inclinação da reta secante que passa pelos pontos A e B
��
da função produção.
125
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
Assim, à medida que h → 0, o ponto B “tende” a uma posição limite. Tal posição limite é representada
pelo ponto A. Daí, pode-se afirmar que à medida que h → 0, a reta secante AB também “tende”
para a posição limite. Essa posição limite é representada pela reta tangente à curva no ponto A.
Veja a figura 5.3 a seguir:
126
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
Como a taxa de variação instantânea representa a derivada de uma função no ponto, então se
pode afirmar que a derivada de uma função em um ponto, geometricamente, corresponde à
inclinação da reta tangente à curva nesse ponto.
Em outras palavras:
f ( a + h ) − f (a)
f ' ( a ) = lim é a derivada de f em x = a.
h →0 h
Por exemplo:
f(x) = 4 ⇒ f’(x) = 0
f(x) = 3 ⇒ f’(x) = 0
Por exemplo:
Por exemplo:
127
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
OBSERVAÇÃO:
Regras de derivação
Sejam u(x) e v(x) funções deriváveis num intervalo aberto I e c uma constante, então:
Por exemplo:
Por exemplo:
Observação:
Por exemplo:
u ( x) u´( x ) ⋅ v ( x ) − u ( x) ⋅ v' ( x)
f ( x)
=
v( x)
( v ( x ) ≠ 0 ) ⇒=
f ( x)
'
[v ( x )]2
128
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
Por exemplo:
x2 + 3 2x ⋅ 5x 3 − (x 2 + 3) ⋅15x 2
f (x) = ⇒ f (x) =
'
5x 3 [15x 2 ]2
x 2 + x3 (2x + 3x 2 ) ⋅ (x + 1) − (x 2 + x 3 ) ⋅1
f ( x )= ⇒ f ' ( x )=
x +1 [x + 1]2
Sejam f: A → B uma função dada pela lei y = f(x) e g: B → C uma função definida por z = g(y).
Então, existe a função composta h: A → C tal que h(x) = g(f(x)). Daí:
Por exemplo:
Seja y = f(x) uma função bijetora e derivável no intervalo aberto I = (a, b) tal que f’(x) ≠ 0 para
todo x ∈ I. A função inversa g de f é dada por x = g(y). Sendo assim, segue que:
1
g' ( y ) = '
f ( x)
Por exemplo:
y=loga x ⇔ x= a y
Então:
' 1 1
y= log a x ⇒ y= =y
a lna xlna
Assim:
1
f ( x ) =log 4 x ⇒ f ' ( x ) =
xln 4
1 1
f ( x) =
lnx ⇒ f ' ( x ) = =
xlne x
129
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
A notação de Leibniz
Dada a função derivável y = f(x), até o momento foi usada para denotar a derivada de y, f’(x). Essa
notação foi proposta por Sir Isaac Newton (1643 – 1727). Porém, o matemático alemão Gottfried
݀ݕ
Wilhelm Leibniz (1646 – 1716), propôs a seguinte notação para representar a derivada de y
݀ݔ
em relação a x.
dy d 3
Assim, para y = x3 + x2 tem-se =
dx dx
( x + x 2 ) = 3x 2 + 2x
Note que o símbolo
dy não indica da divisão de dy por dx.
dx
Dada uma função f(x), ao obter a função derivada f’(x) tem-se a função taxa de variação de f(x).
A derivada segunda de f(x) é obtida a partir de f’(x), isto é, basta derivar f’(x). Em outras palavras
basta calcular a taxa de variação da taxa de variação de f(x). As possíveis notações da derivada
segunda de f(x) são:
d2y
=y'' f=
''
( x)
dx 2
De modo parecido pode-se obter a derivada terceira de f(x). Isto é, para obter basta derivar f’’(x).
d3y
=y''' f=
'''
( x)
dx 3
A derivada n-ésima, ou derivada de n-ésima ordem, ou ainda derivada de ordem n de f(x) é dada
d n y e obtida derivando “n vezes” a função f(x).
por
= y(n) (n)
f= ( x)
dx n
Por exemplo:
d3y
Nesse caso deve-se determinar , isto é, derivar f(x) 3 vezes. Então:
dx 3
dy
»» = 5 x 4 (derivada primeira de f(x))
dx
d2y
»» 2
= 20 x3 (derivada segunda de f(x))
dx
d3y
»» = 60 x 2 (derivada terceira de f(x))
dx 3
130
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
A diferencial
dy
Dada uma função derivável y = (x) segue que = f ' ( x) . Ao considerar dy e dx como variáveis,
dx
pode-se escrever dy = f’(x)dx. Nesse caso, tem-se que dy é uma função que depende de f’(x)
e da variável independente dx; em outras palavras a diferencial dy é uma função obtida pela
multiplicação da derivada f’(x) pela diferencial dx. Essa função é conhecida como diferencial
de y = f(x).
Por exemplo:
Segue que: f’(x) = 30x5. Daí: dy = f’(x)dx ⇒ dy = 30x5dx , que é a função procurada.
Sabe-se que a derivada de uma função pode ser interpretada como taxa de variação dessa função.
Esta ideia pode ser aplicada no contexto de certas variáveis econômicas como receita, custo,
lucro etc.
Sendo assim, a receita marginal (RM) é a taxa de variação da receita total (RT ) por unidade de
aumento da produção Q. Isto é:
d ( RT )
Receita Marginal : RM =
dQ
O custo marginal (CM) é a taxa de variação do custo total (CT ) por unidade de aumento da
produção Q. Isto é:
d (CT )
Custo Marginal : CM =
dQ
131
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
Para determinar a receita marginal (RM), em primeiro lugar deve-se obter a equação que caracteriza
a receita total (RT ):
RT = P x Q
Onde P é o preço expresso em termos de Q pela equação da função demanda. Em seguida, basta
derivar RT em função de Q.
Daí:
d(R T )
R M= = 6−Q
dQ
Q 1 2 3 4
RM 6 -1 = 5 6–2 = 4 6–3 = 3 6 – 4 =2
O custo total (CM) é definido como a derivada do custo total em relação à produção Q. sabendo
que o custo total (CT ) é a soma do custo fixo (CF) com o custo variável (CV ) e que o custo fixo é
constante, pode-se verificar que o custo marginal é igual aos custos variáveis marginais (CVM),
ou seja:
CT = 5 + 6Q
a. Deduza uma equação pra o custo marginal e verifique se o custo marginal varia com a
produção.
b. Mostre que as derivadas dos custos totais e dos custos variáveis em relação à produção
são iguais.
No item (A) para obter CM, basta derivar a função CT em relação a Q, isto é:
d(CT )
CM
= = 6
dQ
132
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
Logo, CM é constante e, portanto não varia com a produção, isto é, se a produção CM aumentar,
CM continua sendo 6.
Quanto ao item (B), neste caso, a função custo total (CT ) é dada por
CT = 6Q
e como
d(CV )
CVM
= = 6
dQ
As funções marginais, por exemplo, RM, podem ser usadas para determinar a taxa à qual RT
varia por unidade de aumento Q em qualquer ponto. Sendo assim, a função média fornece uma
expressão para o qual o valor médio de uma variável econômica é definido em todo intervalo.
Logo, a receita média (Rm) é definida como receita média por unidade para as Q primeiras
unidades vendidas, ou seja:
RT
Rm =
Q
RT
Rm ⋅ Q = ⋅Q
Q
R=
T Rm ⋅ Q
e como
RT= P ⋅ Q
segue que
P ⋅ Q = Rm ⋅ Q
ou seja:
Rm = P
Portanto, a função receita média (Rm) é igual ao preço (P), onde P é dado pela função demanda.
133
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
CT
Custo médio : Cm =
Q
Porém, o mesmo pode ser obtido por meio da soma entre o custo médio fixo (CmF) e o custo
variável médio (CmV). Sendo assim:
CT CF + CV
C=
m = = CmF + CmV
Q Q
Daí:
d ( RT ) TR 10Q
RM
= = 10 e R=m = = 10
dQ Q Q
A tabela seguinte apresenta um resumo das relações entre as funções marginais e a receita média
para empresas competitivas e monopolistas:
O custo médio (Cm) é igual ao custo total (CT ) dividido pelo nível de produção. Ou seja:
��
�� = � � �� = �� � �
�
A otimização tem como objetivo principal determinar pontos de máximo e de mínimo conhecidos
como pontos estacionários de uma curva. Tal objetivo permite determinar os valores máximo e
mínimo para funções de lucro, custo, utilidade e produção.
134
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
Atenção
dy
Se a equação =0 não tiver solução então não existe nenhum ponto de reversão.
dx
A seguir são apresentados dois métodos para determinar se um ponto de reversão é de máximo
ou mínimo.
MÉTODO A: Método B:
Adaptado de BRADLEY, T. Matemática aplicada à administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011 p. 173.
Após indicar com exatidão os pontos de máximo e de mínimo de uma função, pode-se determinar
quais são os intervalos ao longo das quais uma curva é crescente ou decrescente. Isto é:
Vale lembrar que quando os pontos de reversão são determinados, os intervalos ao longo dos
quais y está crescendo ou decrescendo podem ser indicados com maior precisão.
135
AULA 5 • DERIVADAS E APLICAÇÕES
Cm = 43 – 9Q + 0,5Q2
é crescente e decrescente.
d(Cm )
=−9 + Q
dQ
d 2 (Cm )
=1
dQ 2
Como a derivada é uma constante, segue que só há um ponto de reversão. Para encontrá-lo
deve-se fazer:
-9+Q=0
Q=9
Dessa forma, como Q = 9 é a abscissa de um ponto de mínimo tem-se que para Q < 9 a função é
decrescente e para Q > 9 a função é crescente.
Sabe-se que as derivadas de primeira e de segunda ordem podem ser usadas para determinar
pontos de máximo e de mínimo de várias funções. Além disso, pode-se usar essas derivadas para
descrever a curvatura e determinar pontos de inflexão de uma função estudada.
Na região de um mínimo, onde a derivada segunda da função é maior do que zero, o gráfico
curva-se para cima e é descrito como côncavo para baixo; no caso em que a derivada segunda
da função é menor do que zero (região de um ponto de máximo) o gráfico curva-se para baixo
e é descrito como côncavo para baixo.
Atenção
Consequentemente a derivada segunda caracteriza a
No caso de aplicações econômicas de um
curvatura de uma curva da seguinte maneira: modo geral as curvas só tem significado
no primeiro quadrante. Em tais aplicações
»» A curvatura no intervalo ao redor de um mínimo
as curvas costumam ser descritas como
da função é descrita como côncava para cima. convexas na direção da origem, em vez de
côncavas para cima, e côncavas na direção
»» A curvatura no intervalo ao redor de um máximo
da origem em vez de côncavas para baixo.
da função é descrita como côncava para baixo.
136
DERIVADAS E APLICAÇÕES • AULA 5
Nesse caso, para determinar a curvatura de uma curva ao longo de qualquer intervalo, basta
determinar se as derivadas de segunda ordem são negativas ou positivas no intervalo em questão.
Pontos de inflexão
Os pontos de inflexão ocorrem em regiões da curva onde a curvatura muda de côncava para
cima (y’’>0) para côncava para baixo (y’’<0), ou vice-versa. Logicamente, se a curvatura mudar
de côncava para baixo para côncava para cima, y’’ deixa de ser negativa e passa a ser positiva.
Essa mudança só pode ocorrer em y’’=0.
O(s) ponto(s) de inflexão pode(m) ser obtido(s) por meio do seguinte método:
3. Verificar se a(s) raiz(es) obtida(s) na etapa (2) satisfazem a mudança de sinal da segunda
derivada imediatamente antes e depois do raiz(es) em questão.
Um ponto de inflexão também pode ser descrito com o ponto no qual a inclinação (taxa de
variação) muda de crescente para decrescente, ou vice-versa. Essa descrição é útil em economia,
na qual a inclinação é a função marginal. Portanto, o ponto de inflexão é o ponto no qual a função
marginal muda de função marginal crescente para função marginal decrescente, ou vice-versa.
Resumo
»» Como determinar valores máximos e mínimos de funções receita, lucro, custo e outras
funções econômicas.
137
INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES
AULA
6
Apresentação
Nesta aula o interesse não está na análise de provas matemáticas relacionadas ao processo de
antidiferenciação. O foco a ser dado refere-se ao desenvolvimento intuitivo do conceito de integral,
bem como na apresentação de algumas regras e técnicas de integração usadas na resolução dos
problemas da área de administração e economia.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
O que é integral?
Na maioria dos exemplos e problemas estudados até agora, começamos com uma função
dada e calculamos a derivada para obter informações a respeito da função. Em muitas
situações, porém, o problema é o inverso: conhecemos a derivada e é a função que estamos
interessados em determinar. A razão para isto é que muitas leis, tanto das ciências exatas
como das ciências sociais, como a economia, são expressas em termos da taxa com a qual
um certo processo está variando e nossa tarefa consiste em encontrar uma expressão que
descreva o processo. Isto acontece, por exemplo, quando sabemos a taxa com a qual certa
população está aumentando e queremos saber qual será a população em um determinado
instante futuro; ou se pode ser que o lucro marginal seja conhecido e estejamos interessados
em conhecer a função lucro.
138
INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES • AULA 6
Antiderivadas
Dizer que F(x) é a antiderivada de f(x) equivale a dizer que f(x) é a derivada de F(x), mas com
uma mudança de enfoque. Pensamos em f(x) como função dada e em F(x) como a função a ser
encontrada. O processo de encontrar uma antiderivada é conhecido como antiderivação.
A integral indefinida
Seja f(x) uma função dada. A integral indefinida de f(x), representada por f(x)dx, é a família de
todas as antiderivadas de f(x). Se F(x) é uma das antiderivadas de f(x),
∫f(x)dx = F(x)+C,
A cada “fórmula” das derivadas é possível associar uma fórmula correspondente para as integrais.
∫k dx = kx + C (k ∈ R)
Por exemplo:
∫3dx = 3x + C
∫5dx = 5x + C
x n +1
∫x dx =
n
+C
n +1
Por exemplo:
x 2+1 x3
∫x dx =
2
+C = +C
2 +1 3
x5+1 x6
∫x dx = 5 + 1 + C =
5
+C
6
139
AULA 6 • INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES
1
∫ x=
dx ln x + C
∫ex dx = ex + C
∫k f(x)dx = K ∫f(x)dx
Por exemplo:
x 2+1 x3
∫3x dx = 3∫x dx = 3
2 2
+ C = 3 + C = x3 + C
2 +1 3
x 2+1
∫ (5x + 4 x 3 ) dx =∫5 x 2 dx + ∫ 4 x 3 dx =5 ∫x 2 dx + 4 ∫x 3dx =5
2
+4
2 +1
x3+1 5 3 4 4 5
+ C= x + x + C= x5 + x 4 + C
3 +1 3 4 3
x3+1 x4
∫( ) ∫ ∫
x 3 x 3 x x
e + x dx = e dx + x dx = e + + C = e + +C
3 +1 4
2 1
∫=x
dx 2 ∫=
x
dx 2 ln x + C
Se f(x) pode ser escrita na forma g(u)⋅u’(x) em que u = u(x) então uma antiderivada de f(x) será
obtida tomando-se uma antiderivada de g(u) e substituindo u por u(x), ou seja:
Por exemplo:
∫
2 3
Obter: 3 x x − 1dx
Tome: u = x3–1
du
Então: du= 3 x 2 dx ⇒ dx=
3x 2
140
INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES • AULA 6
Daí:
1
1 +1 3
du u2 2 3
∫3 x ∫3 x ∫
2 3 2
x − 1dx
= u = u2
du
= + C
= ( x − 1) 2
+C
3x 2 1 3
+1
2
Mais um exemplo:
Obter: ∫(x+5)4 dx
Tome: u = x + 5
Então: du = 1dx
Daí:
u 4+1 ( x + 5)5
∫ ( x + 5) dx=
4
∫u du=
4
+ C= +C
4 +1 5
Anteriormente, foi apresentada uma regra para o cálculo da derivada de um produto de funções.
Isto é:
Assim, segue que uma antiderivada de [u(x)⋅v(x)]' é igual à soma de antiderivadas das funções
u' (x)∙v(x) e v´(x)∙u(x) (a menos de uma constante).
Portanto:
Ou seja:
Por exemplo:
Obter: ∫xex dx
141
AULA 6 • INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES
Sendo assim:
Como
Então:
Considere uma função contínua e não negativa definida num intervalo I=[a,b]. O número f ( x ) dx ∫
a
representa a área S sob o gráfico de f(x) no intervalo I=[a, b].
2. Calcular f ( x ) dx ,2)
∫
� pequena alteração nos argumentos
isto é, �� �(�)�� � �(�) � ��(�) .
a levaria à mesma conclusão, de modo
que a única exigência efetiva para f é a
Por exemplo:
continuidade em I=[a, b]
142
INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES • AULA 6
x3 2 8 0 8
2
S = ∫x 2 dx = = − =
0
3 0 3 3 3
A integral definida pode ser usada para determinar os excedentes do consumidor e do produtor
para funções não lineares.
Excedente do consumidor
O excedente do consumidor (ES) pode ser descrito como a diferença entre a despesa que o
consumidor está disposto a arcar com unidades sucessivas de um bem, de Q = 0 a Q = Q0, e a
quantia real gasta com Q0 unidades do bem ao preço de mercado de P0 por unidade:
Excedente do produtor
O excedente do produtor (EP) é definido como a diferença entre a receita que o produtor recebe
para Q0 unidades de um bem quando o preço de mercado é P0 por unidade e a receita que ele
estava disposto a pagar para unidades sucessivas do bem de Q = 0 a Q = Q0.
143
AULA 6 • INTEGRAÇÃO E APLICAÇÕES
Resumo
144
Referências
BARTLE, R. G. Elementos de análise real. Rio de Janeiro: Campus, 1983.
HIMONAS, A.; HOWARD, A. Cálculo: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
LEITHOLD, L. O cálculo com geometria analítica. vol. 1 São Paulo: Harbra, 1994.
MUROLO, A. C.; BONETTO, G. Matemática aplicada à administração, economia e contabilidade. 2. ed. São Paulo:
Cengange Learning, 2012.
145