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ESCADA PONTEANA

o negócio jurídico tem três planos, três degraus:

i. plano da existência;
ii. plano da validade;
iii. plano da eficácia. Esses planos foram esquematizados de modo a
formarem uma escada:

No plano da existência encontram-se os requisitos mínimos do negócio.


Sem eles, torna-se inexistente o negócio jurídico. Esses requisitos formam
os pressupostos de existência. Como pode um negócio existir sem que
hajam agentes (quem contrata, contrata com alguém), sem um objeto,
sem uma forma definida ou sem a clara manifestação da vontade das
partes?

Quando os requisitos do primeiro degrau forem satisfeitos, podemos


passar para o plano da validade. Aqui, vale o auxílio do já citado art. 104
do Código Civil, que determina o que é necessário para a validade do
negócio: o agente deve ser capaz; o objeto deve ser lícito, possível,
determinado ou determinável; a forma deve ser prescrita ou não defesa
em lei; e, por último, a vontade deve ser livre, consciente e voluntária.

Uma vez ferido algum desses requisitos, o negócio se tornará nulo ou


anulável. E, para saber se a aplicação é de anulabilidade ou de nulidade, é
necessário fazer a leitura dos arts. 166 e 171 do Código Civil, traduzidos
no esquema abaixo
A Nulidade Absoluta decorre da ausência de elemento essencial do ato
jurídico, transgredindo regra de ordem pública, bloqueando os efeitos do
contrato desde a sua formação (ex tunc).
Para lembrar, as regras contidas no art. 166 do Código Civil, aplicáveis às
relações contratuais:
"É nulo o negócio jurídico quando:
I- celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II- for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III- o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV- não revestir a forma prescrita em lei;
V- for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI- tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII- a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção."
A nulidade pode ser arguida a qualquer tempo, por qualquer interessado,
podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou a pedido do Ministério Público.
A nulidade relativa (ou anulabilidade) se origina da imperfeição na manifestação
da vontade: seja porque uma pessoa relativamente incapaz manifestou sua
vontade num negócio não estando devidamente assisitdo (com isso, prejudicando
o interesse particular da própria pessoa protegida pela lei), ou porque de uma
manifestação de vontade eivadas de alguns dos vícios de consentimento (erro,
dolo, coação etc.)

Direntemente da nulidade absoluta, a anulabilidade pode ser sanada e


também pode ser arguida fora do prazo prescricional. Ela não é causa de
extinção do contrato, mesmo sendo um vício de formação, e dos seus efeitos
e a sentença que a declará produzirá efeitos ex nunc.
Também é diferente da nulidade absoluta em outro ponto: não pode ser
decretada de ofício pelo juiz e nem arguida por ambas as partes da relação
contratual. O legitimado a pleitear a anulação do contrato que contenha
questão de anulabilidade é somente a parte protegida pelas regras da lei
(ver. art. 177 do Código Civil). É questão de lei proteger sempre o interesse
do incapaz, do lesado, do ameaçado. E a estes, indispensável sempre a
presença de um representante legal, cabe decidir, bem como pleitear ou não
a anulação do contrato.
Para fixar, lembramos o art. 171 do Código Civil:
"Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores."

Por fim, no plano da eficácia, os principais elementos, chamados de


acidentais, são:

i. condição;
ii. termo; e
iii. encargo

Esses elementos estão relacionados com a suspensão e resolução de


direitos e deveres das partes envolvidas.

A condição, que deriva da vontade das partes, faz com que o negócio
jurídico dependa de um evento futuro e incerto, de acordo com o art. 121
do Código Civil.
Essa condição pode ser invalidada, de acordo com o art. 122 do Código
Civil, nos seguintes casos:

a. condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas:


Venda subordinada a uma viagem do comprador ao Sol, por
exemplo.
b. condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita: Venda dependente de um
crime a ser praticado pelo comprador.
c. condições incompreensíveis ou contraditórias: João celebra com
José um contrato de locação residencial, sob a condição de José não
morar no imóvel.

Além disso, a condição se divide em condição suspensiva e condição


resolutiva. A primeira é aquela em que não se geram os efeitos jurídicos
até sua implementação. Exemplo: Um pai que promete dar um carro a seu
filho caso ele passe no vestibular. Enquanto o filho não passar no
vestibular, a condição não se implementará, ou seja, não existirão efeitos
jurídicos.

Já a condição resolutiva é aquela em que os efeitos existirão até que o


evento a interrompa. Aqui, a aquisição dos direitos se opera desde logo.
Por exemplo: Maria promete emprestar seu carro a Marta até que esta
passe no exame de Ordem. Após a implementação da condição, o direito
se extingue, de acordo com o art. 128 do Código Civil.

O termo condiciona o negócio jurídico a um evento futuro e certo,


conforme demonstra o art. 131 do Código Civil. Ele se subdivide em
termo inicial e termo final.

No termo inicial se tem o início dos efeitos negociais; suspendendo o


exercício do direito, mas não sua aquisição. Por exemplo: Caio aluga sua
casa de praia a José a partir do início do verão.

No termo final, se predefine o momento em que o direito se extinguirá.


Por exemplo: Fábio empresta seu carro a Manoel até o fim do mês de
abril.

Por fim, o encargo, previsto no art. 136 do Código Civil, traz um ônus que
pode ser posto ao beneficiado por um ato gratuito. Aqui, não se suspende
nem a aquisição nem o exercício do direito. O art. 555 do Código Civil
trata da possibilidade de o estipulador exigir o cumprimento do encargo.

É o caso, por exemplo, do donatário que doa um terreno a alguém com a


condição que seja construído, em parte do terreno, um asilo.
Merece especial atenção o art. 137 do Código Civil, que trata do encargo
ilícito ou impossível. Esse artigo diz que os encargos ilícitos ou
impossíveis serão considerados como não escritos, exceto se o encargo
constituir o motivo determinante da liberalidade, gerando a invalidade do
negócio jurídico.

Para ilustrar: João doa a José uma fazenda para que ali se cultive
maconha. Por se tratar de motivo determinante, o negócio é inválido. Já se
João doar uma fazenda a José com o encargo de que ele plante maconha, o
encargo será tido como não escrito, ficando assim: João doa a José uma
fazenda com o encargo de que ele plante maconha

1. Princípios Clássicos

1.1.Princípio da autonomia de vontade

1.2.Principio da obrigatoriedade dos contratos

1.3.Princípio da revisão dos contratos. A cláusula “rebus sic stantibus”


e a Teoria da Imprevisão

1.4.Princípio da relatividade dos contratos

1.5. Princípio do consensualismo e os contratos reais

2. Princípios modernos

2.1.Função social do contrato

2.2.Princípio da boa-fé. Os deveres anexos

2.3.Princípio do equilíbrio contratual

2.4.Princípio da onerosidade excessiva

PRINCÍPIOS CLÁSSICOS

1.1. Princípio da autonomia de vontade.

O princípio da autonomia da vontade estabelece a liberdade contratual das


partes, isto é, “no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante
acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica” Em outras
palavras, é a faculdade que têm as partes de se vincularem a um contrato,
adquirindo direitos e obrigações.
A liberdade contratual está prevista no art. 421 do Código Civil. É este o
princípio, que possibilita a celebração dos contratos atípicos, isto é, daqueles que
não estão regulamentados pelo ordenamento jurídico, mas que são gerados pelas
necessidades e interesses das partes.

1.2. Principio da obrigatoriedade dos contratos.

O princípio da obrigatoriedade determina que o contrato deverá ser cumprido


entre as partes que o celebraram, consubstanciado na expressão “pacta sunt
servanda”. Este principio significa, “em essência, a irreversibilidade da palavra
empenhada. Quando os contraentes celebram um contrato, estão adstritos a este,
de modo que deverão cumprir com os compromissos assumidos. O contrato, deste
modo, é lei entre as partes. Este princípio é extremamente relevante para os
contratos porque, se as partes pudessem não cumprir aquilo que prometeram fazer,
estaria estabelecido o caos. Fornece, assim, segurança jurídica nos negócios. A
obrigatoriedade dos contratos força as partes a cumprirem suas obrigações, de
forma que, ao mesmo tempo, fornece subsídios jurídicos para que possa ser
cobrada a obrigação daquele que não a fez.

A força obrigatória dos contratos é, contudo, relativa. Em virtude do


desenvolvimento da sociedade e da vida como a conhecemos, pode ocorrer que,
feito um contrato, este possa oferecer certos desequilíbrios sobre as obrigações
assumidas. Ou seja, o contrato pode tornar-se excessivamente oneroso a uma das
partes.

A fim de evitar esse desequilíbrio e, consequentemente, um proveito


injustificado, tem-se admitido a intervenção do Estado nos contratos, a fim de
modificá-lo ou apenas liberar a parte prejudicada. A essa intervenção do Estado dá-
se o nome de dirigismo estatal.

À essa limitação acrescenta-se mais duas: a primeira é o caso fortuito e a


força maior, exceções clássicas, que liberam uma das partes de cumprir o contrato
em virtude de um acontecimento natural ou humano que escapa de seu controle,
como, por exemplo, terremotos, enchentes, guerras, etc.

O segundo é o arrependimento do comprador. Disciplinado pelo código de


defesa do consumidor, estabelece que o comprador tem o prazo de sete dias para
desistir do negócio, desde que a aquisição do produto ocorra fora do
estabelecimento comercial (por telefone, em domicílio, através de internet ou por
outro meio similar). É o que dispõe o art. 49 do CDC:

“Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias


a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço,
sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora
do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio.”

1.3. Princípio da revisão dos contratos. A cláusula “rebus sic stantibus”


e a Teoria da Imprevisão.
Por meio deste princípio, as partes podem revisar, alterar, modificar um
contrato estabelecido, a fim de evitar injustiças. Consequentemente, opõe-se à força
obrigatória dos contratos.

Foi explicado que, em regra, quando um contrato é firmado entre as partes,


deve ser cumprido, isto é, o contrato faz lei entre as partes. Entretanto, podem
ocorrer fatos que alteram a situação de um dos contraentes, de modo que a este
sobrevém uma excessiva onerosidade para cumprir as obrigações que assumira. A
situação de fato em que se encontrava foi alterada, impossibilitando que cumpra
suas obrigações. Para evitar este tipo de injustiça, criou-se a possibilidade de revisar
os contratos.

Deste modo, deve ser observada a teoria segundo a qual há uma


presunção da existência de uma cláusula implícita no contrato, que determina
a permanência da situação de fato para que as partes cumpram seus
deveres. À esta teoria convencionou-se chamar de “rebus sic stantibus”.

Esta teoria foi adotada no Brasil com o nome de teoria da imprevisão.


Possui as mesmas características da “rebus sic stantibus”, mas à ela foi
acrescentada um requisito: a imprevisibilidade. Assim, além de ocorrer uma
alteração de fato que torne excessiva a prestação de uma das partes, impõe-
se que essa alteração seja imprevisível.

Carlos Roberto Gonçalves expõe: “A teoria da imprevisão consiste, portanto,


na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando, por
eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes torna-se
exageradamente onerosa

O código Civil de 2002 trata deste tema em três artigos: 478, 479 e 480.

Este princípio, portanto, não desfaz os contratos, mas apenas fornece um


meio judicial de alterar modificações supervenientes que os atingem. Busca-se a
justiça contratual.

1.4. Princípio da relatividade dos contratos.

Estipula que, como regra, os contratos possuem efeitos apenas entre as


partes. “Seus efeitos não podem, em princípio, nem prejudicar, nem aproveitar a
terceiros.”

Mas há exceções a este princípio. Isto é, admite-se que determinados efeitos


atinjam aqueles que não participaram da formação do contrato. Este não é mais
firmado tendo em vista apenas os interesses das partes; lhe é reconhecido uma
função social.

O terceiro atingido é aquele “totalmente estranho ao contrato ou à relação


sobre a qual ele estende os seus efeitos” .A este terceiro podem ser impostas tanto
obrigações como direitos.
É importante ressaltar que este princípio não se aplica apenas às partes, aos
sujeitos, mas também ao objeto. Deste modo, a regra é que o bem deve ser dos
sujeitos que participam do contrato. O contrato sobre bem que não pertence aos
sujeitos não atinge terceiros. Mas essa regra também comporta exceções.

Portanto, com regra, os efeitos do contrato atingem apenas as partes, e seu


objeto é também aquele pertencente aos contraentes. Mas tanto os sujeitos, como o
objeto comportam exceções.

Os principais exemplos destes contratos são: a estipulação em favor de


terceiro, o contrato coletivo de trabalho, a locação (em certos casos) e o fideicomisso
“inter vivos”.

As cláusulas gerais, por disporem de normas de ordem pública, referentes


aos interesses da sociedade, também são consideradas como limitações a este
princípio.

1.5. Princípio do consensualismo e os contratos reais.

A vida moderna fez com que o legislador subordinasse alguns contratos ao


formalismo, que nada mais é do que exigências materiais para o aperfeiçoamento do
contrato. Assim, este só seria concretizado se estivessem presentes todas as
condições legais.

Em outras palavras, é o princípio “segundo o qual o simples acordo de duas


ou mais vontades basta para gerar o contrato válido, pois, (...), não se exige, em
regra, qualquer forma especial para a formação do vínculo contratual”. Este
formalismo pode ser observado, por exemplo, na obrigatoriedade de inscrição no
registro imobiliário e na elaboração de instrumentos escritos para a compra e venda
de automóveis.

Felizmente, contudo, a maioria dos contratos é consensual. Isto significa que


os contratos se formam com o simples acordo de vontades, independentemente da
entrega da coisa. “A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e
obrigatória, desde que as partes acordem no objeto e no preço (CC, art. 482)”

Mas, a estes que aperfeiçoam-se apenas com o acordo de vontades,


opõem-se aqueles que precisam da entrega efetiva da coisa (tradição). Isto é, o
contrato só é efetivamente firmado no momento em que há transferência da coisa do
devedor para o credor. Estes são os contratos reais.

Exemplos são os contratos de comodato, mútuo e depósito.

2. PRINCÍPIOS MODERNOS

2.1. Função social do contrato.

vem previsto no art. 421, que dispõem da seguinte maneira: “A liberdade de


contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” Trata o
artigo em questão de uma norma de ordem pública, segundo a qual “o contrato visa
atingir objetivos que, além de individuais, são também sociais. O poder negocial é,
assim, funcionalizado, submetido a interesses coletivos ou sociais”

Caio Mário explica brilhantemente que “a função social do contrato serve


para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com
o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa tingir a
própria liberdade de não contratar”

Este princípio estabelece, portanto, a prevalência do interesse coletivo sobre


o individual. Não mais estão autorizadas as partes a observarem apenas os seus
interesses, mas devem visar uma função social, isto é, observar o interesse da
sociedade. Esta estará satisfeita se a distribuição da riqueza se dever de forma
justa, representando o equilíbrio social.

A função social do contrato está muito relacionado às cláusulas gerais, que


são “normas orientadoras sob forma de diretrizes, dirigidas precipuamente ao juiz,
vinculando-o, ao mesmo tempo em que lhe dão liberdade para decidir”. O
magistrado, desta forma, passa a ter liberdade para decidir sobre a adequação
social de cada contrato, bem como de suas cláusulas.

2.2. Princípio da boa-fé.

O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta,


não apenas durante a execução do contrato, mas também durante as tratativas.
Está previsto no art. 422 do Código Civil: “Os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade
e boa-fé.”

“Coloquialmente, podemos afirmar que este princípio de boa-fé se estampa


pelo dever das partes de agir de forma correta, eticamente aceita, antes, durante e
depois do contrato, isso porque, mesmo após o cumprimento de um contrato, podem
sobrar-lhes efeitos residuais”

O CC/02 trouxe como inovação a boa-fé objetiva, que se traduz em uma


norma imposta a todos, e que importa a obrigação das partes em comportar-se de
boa-fé nas suas relações. A boa-fé objetiva é, assim, uma norma cogente, obrigando
as partes em um dever de cooperação entre si (regra de conduta)

Já a boa-fé subjetiva ocorre no consciente do agente, ou seja, ocorre


quando o agente acredita que está agindo de boa-fé na celebração do contrato. Ele
acredita que está agindo de acordo com o direito (regra de interpretação).

A boa-fé objetiva também determina alguns deveres anexos, denominados


pela doutrina de deveres laterais de conduta. São deveres que excedem o dever de
prestação. Em outras palavras, são deveres secundários impostos às partes, que
podem caracterizar o inadimplemento. Caio Mário explica: “Desse modo, quando o
contratante deixa de cumprir alguns deveres anexos, esse comportamento ofende a
boa-fé objetiva e, por isso, caracteriza inadimplemento do contrato”
Esse inadimplemento dos deveres anexos é denominado de violação
positiva da obrigação. Possui esse nome porque o inadimplemento dá-se nesses
deveres laterais, não havendo inadimplemento total, nem tampouco a mora.

Os deveres anexos são três: proteção (evitar que a outra parte sofra dano),
informação (dar as necessárias e básicas informações à outra parte) e lealdade
(fazer a sua parte e ajudar, ou, no mínimo, não atrapalhar, a outra parte a fazer a
dela).

Deste modo, não basta aos contraentes cumprirem as normas de


comportamento (boa-fé objetiva), nem tampouco acreditar que seguem o direito
(boa-fé subjetiva); é necessário obedecer a deveres secundários, ou anexos, que
estão de acordo com os padrões de justiça estabelecidos pelos princípios
contratuais.

2.3. Princípio do equilíbrio contratual.

Este princípio encontra-se presente no Código Civil de 2002, e tem como


fundamentos “a lesão e a revisão ou resolução do contrato por excessiva
onerosidade superveniente. Em ambos os casos, desempenha papel de limite à
rigidez do princípio da força obrigatória do contrato”

2.4. Princípio da onerosidade excessiva.

A onerosidade excessiva é um estado contratual que ocorre quando


acontecimentos supervenientes, extraordinários e imprevisíveis, provoquem
mudanças na situação fática, refletindo diretamente sobre a prestação devida,
tornando-a excessivamente onerosa para o devedor, enquanto a outra parte obtém
benefício exagerado”

Tem-se a ideia de desproporção das contraprestações, fato que acarreta


excessiva onerosidade para o devedor, deixando-o em uma posição desfavorável na
relação jurídica. Isso, por certo, deve ser de pronto corrigido, pois a uma dos
contraentes é imposto uma desproporção nas prestações que deve pagar, enquanto
ao outro lhe é atribuído um enriquecimento injustificado, vedado pelo direito.

Por fim, insta salientar que difere essa teoria da imprevisão porque esta
pauta-se na imprevisibilidade, ao passo que aquela, na desproporção.

Requisitos Subjetivos, Objetivos


e Formais
REQUISITOS SUBJETIVOS
São requisitos subjetivos: a manifestação de duas ou mais vontades, vindas
de partes capazes (genericamente), a aptidão específica para contratar e o
consentimento.
1. Capacidade genérica para contratar: é a
capacidade exigida de quem não está na
classificação dos arts. 3° e 4° do Código Civil. Para
as pessoas jurídicas, se refere à pessoa indicada em
seus estatutos para representá-la ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente.
2. Aptidão específica para contratar: é um tipo de
capacidade específica, exigida em certas
modalidades contratuais, como a doação, a
transação, nas alienações onerosas, que exigem
capacidade ou poder de disposição das coisas ou
dos direitos que são objetos do contrato. Também,
em casos em que o contratante não é genericamente
incapaz, mas precisa de uma autorização para
realizar um contrato, como a outorga uxória (arts.
1647, 1649 e 1650).
3. Consentimento: ou acordo de vontades. Deve
versar sobre: a) acordo sobre a existência e natureza
do contrato; b) acordo sobre o objeto do contrato; c)
acordo sobre as cláusulas que compõem o contrato.
Deve ser livre, espontâneo e pode ser expresso ou
tácito (se o tipo de contrato assim o permitir).
REQUISITOS OBJETIVOS
1. Licitude do objeto: Lícito é o objeto que não atenta
contra a lei, a moral e os bons costumes. Por objeto
imediato entede-se a conduta humana, ou prestação,
de dar, fazer ou não fazer. Mediato será o bem ou
prestação sobre a qual incide a obrigação contratual.
2. Possibilidade física e jurídica do objeto: física é a
que é estabelecida pelas leis da física, pela natureza
e deve alcançar a todos, sem distinção. Possibilidade
jurídica diz respeito ao ordenamento jurídico proibir
ou não que sejam objetos de contrato.
3. Determinação do objeto: a determinação deve ser
total (coisa certa) ou parcial (coisa incerta), sendo
este determinado no momento da exceução.
Também deve ser suscetível de valor econômico.
REQUISITOS FORMAIS
A forma é o meio de os contratantes revelarem sua vontade. Ela deve estar
prescrita ou não proibida pela lei (art. 104, III).
1. Forma livre: é qualquer meio de manifestação de
vontade não imposto pela lei. É a forma
predominante do direito contratual brasileiro.
2. Forma especial ou solene: é a forma exigida pela
lei. Caso não seja obedecida, acarreta a invalidade
do contrato. Um dos objetivos da lei em estabelecer
tal forma é facilitar a prova do contrato.
3. Forma contratual: é a forma escolhida pelas partes
ao realizar o contrato.

Classificação dos Contratos


A classificação dos contratos é importante porque com ela descobrimos as
particularidades de cada um dos contratos que serão estudados. É uma
classificação extensa mas elucida muito ao estudante como cada
modalidade contratual se comporta dentro do nosso ordenamento jurídico.
Seguiremos a classificação dos contratos em oito categorias. É por meio
dela que desvendamos a natureza jurídica de cada contrato, o que é de
suma importância
1. Quanto aos Efeitos
 Unilaterais: criam obrigações unicamente para uma
das partes. Exemplo: Doação Pura.
 Bilaterais: geram obrigações para ambos os
contratantes. Se as obrigações são recíprocas, são
chamados também de sinalagmáticos (do
grego, sinalagma, reciprocidade; no caso,
reciprocidade das prestações). Exemplo: compra e
venda, locação, transporte etc.
 Plurilaterais: são aqueles que se formam com mais
de duas partes, como no contrato de sociedade
(societário), em que cada sócio é uma parte.
 Gratuitos: também chamados de benéficos, apenas
uma das partes tem benefícios ou vantagens.
Exemplo: Doação Pura, Comodato
 Onerosos: quando ambos os contratantes obtêm
proveito, ao qual corresponde um sacrifício,
sacrifícios e benefícios recíprocos. Exemplo: Compra
e Venda, Transporte etc. Os Contratos Onerosos se
subdividem em Comutativos e
Aleatórios. Comutativo é aquele de prestações
certas e determinadas, antevistas pelas partes
contratantes. Aleatório é aquele em que pelo menos
uma das partes não consegue antever a vantagem
que receberá em troca da prestação que paga.
Exemplo: Jogo e Aposta.
2. Quanto à Formação
 Paritários: é o tipo tradicional de contrato. Nele, as
partes discutem livremente as condições, cláusulas,
pois se encontram em situação de igualdade, ou
seja, par a par.
 De Adesão: é aquele em que as cláusulas são
previamente estipuladas por um dos contratantes,
cabendo ao outro aceitar ou não o que se lhe
apresenta. Não há discussão, negociação. Ou se
aceita o bloco ou se rejeita. Exemplo: Seguro,
Contratos Bancários.
 Contrato-Tipo: também chamado de contrato em
massa, em série ou por formulários. Não resulta de
cláusulas imposta por uma das das partes, mas de
pré-redigidas, que podem ser discutidas antes do
aceite final.
3. Quando ao Momento de Sua Execução
 De Execução Instantânea: também chamado de
execução imediata ou única. São aqueles que se
consumam num só ato, sendo cumpridos
imediatamente após a celebração. Exemplo: Compra
e Venda à Vista.
 De Execução Diferida: ou execução retardada.
Devem também ser cumpridos em um só ato, mas
em momento futuro.
 De Trato Sucessivo ou em Prestações: ou
execução continuada. São aqueles que se cumprem
por meio de atos reiterados.
4. Quando ao Agente
 Personalíssimos: ou intuitu personae. O contrato é
celebrado por causa de qualidades pessoais de um
dos contratantes. Logo, a obrigação gerada não pode
ser executadas por terceiros ou outras pessoas.
 Impessoais: São os que podem ser cumpridos pelo
contratante obrigado ou por terceiro,
indiferentemente.
 Individuais: Classificação utilizada no Direito do
Trabalho. É o que se forma pelo consentimento de
pessoas, cujas vontades são individualmente
consideradas.
 Coletivos: Classificação utilizada no Direito do
Trabalho. Decorre do acordo de vontades entre duas
pessoas jurídicas de direito privado, representativas
de categorias profissionais (sindicatos) e são também
denominados de convenções coletivas.
5. Quanto ao Modo por que Existem
 Principais: são aqueles que têm existência própria,
não dependendo de outras relações, são
autônomos.
 Acessórios: são também chamados de adjetos. são
aqueles cuja existência depende da de outro
contrato. Exemplo: Fiança.
 Derivados: são também chamados de subcontratos.
São aqueles que têm por objeto direito estabelecido
em outro contrato. Exemplos: Sublocação,
subempreitada.
6. Quanto à Forma
 Solenes: também chamados de formais. Só se
aperfeiçoam se obedecerem a forma prescrita na lei.
Exemplo: Compra e venda de imóveis (escritura).
 Não solenes: também chamados de forma livre. Não
existe forma preestabelecida para sua formação,
bastando o consentimento.
 Consensuais: são aqueles que se formam
unicamente pelo acordo de vontades, independente
da entrega da coisa.
 Reais: são aqueles que exigem a entrega da coisa,
além do consentimento, para se aperfeiçoarem.
Exemplo: Comodato.
7. Quanto ao Objeto
 Preliminares: ou pactum de contrahendo. É aquele
que tem por objeto a celebração de um contrato
definitivo. Exemplo: Compromisso de Compra e
Venda
 Definitivos: é aquele que tem por objetivo uma
obrigação final, definitiva, a depender de cada tipo de
modalidade contratual.
8. Quanto à Designação
 Nominados: são aqueles contratos que possuem
designação própria, os que têm nomes. Exemplos:
Compra e Venda, Doação, Locação etc.
 Inominados: são os que não têm denominação
própria, não possuem um nome dentro do
ordenamento jurídico, nem por isso deixando de
existir e produzir efeitos.
 Típicos: são aqueles regulados pela lei, que têm seu
perfil e características traçados na legislação.
 Atípicos: são os que resultam do acordo de
vontades, não tendo suas características definidas na
lei.
 Mistos: são os que resultam da combinação de um
contrato típico e de cláusulas criadas livremente
pelos contratantes.
 Coligados: é uma pluralidades de contratos
celebrados pelas mesmas partes, apresentando-se
interligados.
 União de Contratos: acontece quando há contratos
distintos e autônomos realizados ao mesmo tempo e
no mesmo documento.
Conceito de consumidor
De acordo com o art. 2º do CDC:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Apesar dessa definição, a determinação do conceito de consumidor é complexa


e dependerá, em grande parte, das características do caso concreto.

Os consumidores equiparados e a coletividade de consumidores são, por


exemplo, todos aqueles que são atingidos pela veiculação de uma propaganda,
mesmo que não tenham efetuado a compra do determinado produto, e mesmo
sendo eles, conforme o enunciado, indetermináveis. Isso porque a propaganda
integra o negócio jurídico.

Também serão consumidores equiparados aqueles que são afetados em uma


relação de consumo estabelecida, mesmo que estes não sejam os contratantes
em si, por exemplo, uma família que reside conjuntamente é igualmente afetada
pelos fatores da contratação do fornecimento de energia elétrica, sendo
irrelevante que o contrato esteja em nome de apenas um dos membros dessa
família.

As principais correntes que dão o conceito de consumidor são:

 Entendimento finalista: parte de uma compreensão literal do art. 2º do CDC,


de forma que só será consumidor aquele que for destinatário final do produto,
excluindo-se do manto protetivo do direito do consumidor, por exemplo,
empresários que utilizam bens de forma intermediária. Contudo, caberá ao
magistrado a flexibilização da regra em um caso concreto envolvendo
pequenos comerciantes, por exemplo, que não possuem a mesma força dos
grandes fornecedores, podendo ser, portanto, entendidos como consumidores.
A jurisprudência do STJ adota a teoria finalista sob um prisma restritivo do art.
2º do CDC, sendo o destinatário final tão somente o destinatário fático e
econômico do bem ou serviço;
 Entendimento maximalista: compreende o conceito do art. 2º da maneira
mais abrangente possível, de forma que o destinatário final é aquele que retira
o produto do mercado, utiliza e consome, incluindo o consumidor profissional e
o intermediário. A adoção dessa tese traz o risco de tornar consumerista todos
os contratos privados, de forma que não é utilizada pelos tribunais nacionais;
 Finalismo aprofundado: nova vertente da teoria finalista que surge após a sua
adoção pelo STJ, tratando-se de uma análise mais detalhista. A jurisprudência
do STJ decidiu por abrandar o critério subjetivo admitindo a aplicabilidade do
CDC nas relações entre fornecedores e consumidores empresários quando fique
evidenciada uma relação de consumo e o desnível de forças entre as partes. A
função social do contrato, a probidade, a boa-fé e a interpretação mais
favorável ao aderente são institutos do Direito Civil que passam também a
nortear esse entendimento. Portanto, a pessoa jurídica pode ser enquadrada
como consumidora desde que comprove sua vulnerabilidade, de acordo com
essa corrente, não sendo a condição de pessoa física ou jurídica o fator
determinante. A diferença é que, para a pessoa física, a hipossuficiência é um
pressuposto e, para a pessoa jurídica, deverá haver a comprovação dessa
vulnerabilidade. A grosso modo, coloquemos que a teoria finalista aprofundada
(ou finalista mitigada) define o consumidor a partir de sua hipossuficiência. Se
houver hipossuficiência, caracteriza-se o consumidor; se não, a relação não é de
consumo.

A vulnerabilidade que envolve o consumidor, conforme já pontuado, pode


ser técnica, jurídica ou econômica. Ademais, pode se tratar de situação
provisória ou permanente, individual ou coletiva. A vulnerabilidade técnica
refere-se à falta de conhecimento do consumidor comum acerca do produto
que está comprando, o que, de maneira geral, não se encontra em
consumidores profissionais, mas pode ocorrer. Um exemplo seria a aquisição de
maquinário de alta tecnologia por cooperativas agrícolas. Nesta relação é
frequente que a cooperativa se encontre em posição de vulnerabilidade técnica
diante do fornecedor do maquinário. Tal deve ser avaliado caso a caso sempre.

A vulnerabilidade jurídica traduz-se na falta de conhecimentos específicos com


relação ao contrato que o consumidor assume e a sua elaboração unilateral
pelo fornecedor é presumida para o consumidor pessoa física, não profissional,
e quanto aos consumidores pessoas jurídicas, aplica-se a presunção em
contrário, de que eles deveriam possuir esses conhecimentos jurídicos mínimos
para o exercício de sua profissão.

A vulnerabilidade econômica trata-se do poder econômico do fornecedor em


razão da essencialidade do serviço. Fala-se em um quarto tipo de
vulnerabilidade que é a vulnerabilidade informacional, no sentido de que o
consumidor sempre possui menos informação acerca do que está comprando
em comparação ao fornecedor.

Teoria da aparência
A teoria da aparência pressupõe, como sua denominação indica, que uma situação irreal (simples
aparência) seja aceita como verídica, desde que presentes determinados requisitos, quais sejam,
objetivamente: a) situação de fato cercada de circunstâncias tais que manifestamente se apresentem
como se fora uma segura situação de direito; b) situação de fato que assim passa ser considerada
segundo a ordem geral e normal das coisas - error communis fact jus - c) que, nas mesmas condições
acima, apresente o titular aparente como se fora titular legítimo, ou direito como se realmente
existisse. E subjetivamente: a) a incidência em erro de quem, de boa-fé, a mencionada situação de
fato como situação de direito considera: b) a escusabilidade desse erro apreciada segundo a situação
pessoal de quem nele incorreu

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