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Analise o conceito de luso-tropicalismo, em "Um Brasileiro em

Terras Portuguesas (1952), e em que aspectos ele se aproxima


e se distancia da interpretação do Brasil de Casa-Grande &
Senzala (1933).

O mundo lusotropical definido por Freyre é o de um complexo de valores


morais, sentimentais, estéticos e sociais que abrange Portugal e toda extensão territorial
ultramarina lusitana, além do Brasil; mundo do legado da cultura lusa, formado pelo
espaço social lusotropical espalhado em diversos espaços físicos colonizados pelos
portugueses. Assim, o estudo do lusotropicalismo proposto pelo sociólogo recifense,
muito mais especificamente político que o de CGS, envolveria diversas ciências na
investigação de problemas, características e condições desse mundo de herança lusa.
Um mundo assemelhado pelo passado histórico comum de uma expansão
portuguesa que se processara sob formas menos imperiais que fraternas, antes
harmônicas que violentas; e que alcançara vitórias superiores às das expansões
simplesmente econômicas ou políticas de outras colonizações europeias: a vitória de ter
adaptado sua cultura aos trópicos, constituindo um mundo em que imperava o valor da
convivência harmônica – inspirado pelo qual Freyre sugere que se deve fazer não
apenas o futuro da civilização lusíada, mas de toda a civilização humana.
Essa tendência de ler de forma abrandada e harmônica o processo violento da
colonização portuguesa - violento como qualquer outro –, que se expressa tanto na
interpretação do Brasil de CGS quanto no ensaio lusotropicalista, é um ponto comum
entre os dois trabalhos. Entretanto, enquanto que em sua maior obra Freyre confere ao
negro um papel de quase colonizador ao lado do branco (foi, afinal, o primeiro trabalho
que considerou a contribuição do elemento africano na formação da civilização
brasileira, longe do tom pejorativo ou derrotista expresso no eugenismo então em voga),
nesse segundo trabalho, o sociólogo desloca o foco para esse mundo lusotropical na
perspectiva do português seu criador; um mundo enxergado por essas lentes.
Em CGS já havia noções que serão reaproveitadas na justificativa do
lusotropicalismo, como os da adaptabilidade e miscibilidade do português, povo
indefinido entre Europa e África e que devia a capacidade de se miscigenar a seu
passado étnico, o qual definira seu caráter assimilador. Um aspecto que distancia CGS
do ensaio lusotropicalista, entretanto, é o debate em que cada obra se insere: a primeira,
na sequência das grandes interpretações do Brasil escritas nas primeiras décadas do
século passado, se propunha, como tal, a buscar a formação e a definição da identidade
nacional; ao passo que a outra obra se localiza no debate do desenvolvimento da nação
do pós-45. Por último, o ensaio lusotropicalista procurará estudar o espaço ultramarino
lusitano e buscar um denominador comum entre estes povos; já CGS vai se ater ao
estudo da sociedade brasileira.

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