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A prática educativa na educação

infantil: organização do
tempo/espaço
Nájela Tavares Ujiie*
Sandra Regina Gardacho Pietrobon**

Resumo

O artigo ora apresentado tem por Introdução


prerrogativa subsidiar a compreen-
são da importância da organização do A educação infantil, compreendida
tempo e do espaço para o contexto da por creche e pré-escola, a partir da Cons-
educação infantil, enfatizando a ques-
tão da estruturação da rotina diária,
tituição Federal (1988), passa a integrar
que é elemento essencial para o fazer o sistema educacional brasileiro como
pedagógico do educador da infância primeira etapa da educação básica. A
e favorece a formação da segurança partir de então se iniciam as discussões
e confiança na criança, uma vez que e formulações de propostas e propositu-
esta percebe que a dinâmica e a prá-
tica educativa seguem um norte, no
ras para a educação da infância no país,
qual as atividades acontecem numa entre as quais temos as Diretrizes Cur-
sucessão de tempo (antes, durante e riculares Nacionais para a Educação
depois) e com encadeamento singu- Infantil (1998) de caráter obrigatório, e
lar. o Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil (1998), de caráter
Palavras-chave: Educação infantil.
Prática educativa. Tempo. Espaço. alternativo e flexível.

* Professora do Departamento de Pedagogia da Unicentro,


Campus de Irati. Mestranda do Programa de Mestrado
em Educação da UEPG, na linha de pesquisa História e
Políticas Educacionais. E-mail: najelaujiie@yahoo.com.br
** Professora do Departamento de Pedagogia da Unicentro,
Campus de Irati. Mestra em Educação pela PUC-PR. E-
mail: spietrobom@yahoo.com.br

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A atual educação infantil passa a Organização do tempo e
trilhar caminhos em busca de estra- espaço
tégias capazes de garantir o cuidar e
o educar da infância, tendo em vista Ao pensar em tempo e espaço na
atender às necessidades do corpo e me- educação infantil, uma das tarefas
diar o desenvolvimento sociocultural fundamentais de um educador da in-
das crianças desde o nascimento, asse- fância é saber organizar um ambiente
gurando-lhes o tripé de direitos que se estimulante e possibilitar às crianças
esboçam para esta etapa da educação, que interagem nesse espaço terem
o direito a brincar, criar e aprender. inúmeras possibilidades de ação am-
Assim, quando se pensa em edu- pliando, assim, as suas vivências de
cação infantil, novas tendências se descobrimento e consolidação de ex-
impõem, mudando a visão da infân- periências e, conseqüentemente, de
cia e dos serviços voltados à criança aprendizagem.
pequena; surge uma demanda por A Educação Infantil possui caracterís-
superar dicotomias (educar x cuidar, ticas muito particulares no que se re-
fere à organização dos espaços: precisa
criança x aluno, professor x educador
de espaços amplos, bem diferenciados,
da infância, entre outras) e favorecer de fácil acesso e especializados (facil-
a integração de um atendimento que mente identificáveis pelas crianças
priorize a criança em suas múltiplas tanto do ponto de vista da sua função
determinações: aspectos físicos, emo- como das atividades que se realizam
cionais, afetivos, cognitivos, lingüísti- nos mesmos) (ZABALZA, 1998, p. 50).
cos e sociais. A rotina diária nesse contexto re-
A instituição de educação infantil presenta a estrutura sobre a qual será
se constitui num espaço de socializa- organizado o tempo didático (educa-
ção por excelência, que cumpre papel tivo), sendo mecanismo importante
de promover o cuidar e o educar da in- na estruturação da segurança e da
fância, bem como o favorecimento da adaptação infantil. De acordo com o
inserção da criança nas relações éticas Referencial Curricular Nacional para
e morais que permeiam a sociedade. a Educação Infantil, a rotina é algo de
Nesse contexto, a organização do suma importância e “deve envolver os
espaço, na disposição dos materiais cuidados, as brincadeiras e as situa-
pedagógicos, e o planejamento das ções de aprendizagens orientadas”
atividades educativas, assim como a (BRASIL, 1998, p. 54).
organização do tempo nas atividades Em relação ao tempo, existem ati-
permanentes e em atitudes básicas vidades que envolvem a rotina diária
dos educadores com as crianças, são das crianças, como o horário da chega-
salutares, pois revelam uma concep- da e da saída, a alimentação, a higie-
ção de infância, criança, educação e ne, o repouso, as brincadeiras, as ati-
prática pedagógica. vidades artísticas, o contar histórias...,
as quais são, no cotidiano infantil, ati-

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vidades permanentes. Cada atividade a casinha de boneca (boneca, roupas,
proposta precisa contemplar o ritmo utensílios de casa etc.), o espaço mu-
das crianças, a faixa etária, suas ne- sical (todo tipo de objeto que produza
cessidades, designando um tempo ra- som, alguns instrumentos musicais e
zoável para a efetivação das mesmas. CDs diversos), o canto da construção
O conjunto de atividades é muito (blocos de madeira, sucata, brinque-
variado. Podem-se propor, de acordo dos de montagem etc.).
com Barbosa e Horn (2001), atividades Na área semimovimentada estão
diversificadas para livre escolha (as as atividades que envolvem tanto a ação
crianças escolhem o que querem fazer: quanto a atenção. É um espaço de socia-
brincadeiras, jogos, casa de bonecas); lização, vivências e experiências. Aqui
atividades opcionais (aproveitar o in- se encontram a roda de conversa (pla-
teresse da criança por algo: passeios, nejamento e avaliação das atividades
visitas, festas comemorativas, visitas diárias, histórias, jogos de adivinhação,
de pessoas da comunidade); ativida- relatos de experiência, poesias etc.), as
des coordenadas pelo adulto (propos- artes plásticas (desenho, pintura, mo-
tas ao grupo, trabalham-se a atenção, delagem, recorte, colagem, dobradura
concentração, capacidade de atender a etc.), como também os jogos e brinque-
uma solicitação: construção do plane- dos pedagógicos (quebra-cabeça, domi-
jamento das atividades do dia, jogos, nós, baralho, entre outros jogos que pro-
brincadeiras de roda, coleta de dados piciam classificar, seriar e correlacionar
e informações, entrevistas, passeios, quanto a tamanho, forma, cor ou outras
organização da sala...). Todos esses características que apresente).
momentos podem ser educativos, A área tranqüila, por sua vez, cor-
como também de cuidados, auxiliando responde às atividades que envolvem
a criança no desenvolvimento da sua concentração e calma, dentre elas a bi-
autonomia e independência. blioteca (dicionários, álbuns, livros de
Nesse sentido, Garms (s. d.) refe- história, de poesias impressos ou fei-
re que, para atender à necessidade de tos individualmente ou coletivamente
organização e às demandas das crian- pelas crianças etc.), o museu (coleção
ças de auto-expressão, comunicação, de animais, insetos, vegetais secos, ob-
pesquisa (criar, agir, conhecer), é acon- jetos antigos etc.), os viveiros (plantas,
selhável que a sala de aula seja divi- horta, pequenos animais etc.); e, tam-
dida em áreas ou cantinhos, os quais bém, o canto do descanso (colchonetes,
oportunizam a realização do trabalho esteiras, tapetes, almofadas etc.).
infantil. A autora divide a organização Dentro da estruturação dessas
do espaço em três áreas: movimenta- áreas temos, portanto, os cantinhos
da, semimovimentada e tranqüila. ou ateliês freinetianos, tão bem expli-
A área movimentada corresponde citados por Elias (1996), na organiza-
ao espaço organizado para atividades ção da obra Pedagogia Freinet: teoria
interativas de ação e movimento, como e prática. Assim:

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A disposição material da classe Freinet seu desenvolvimento, dificulda-
é por si só um convite à comunicação des e dúvidas;
e ao trabalho. A sala é dividida em • trabalho grupal é o momento de
cantos, cada um correspondendo a um
atelier de trabalho. Tais cantos são de-
interação em que os alunos colo-
finidos em função dos objetivos e dos cam seus conhecimentos e estra-
conteúdos fixados para o curso [...]. É tégias à disposição dos outros, in-
a criança que escolhe o cantinho em corporando novos conhecimentos
que vai trabalhar: desenho, escrita, por meio de contribuições mútu-
modelagem, pintura, recorte-colagem, as, realizando uma atividade na
jogos de construção, biblioteca, água,
qual cada um faz a sua parte;
matemática, etc. Em cada canto o
material necessário para realização • trabalho coletivo é um momento
de atividades encontra-se disposto de de construção cooperativa, crítica
forma que a criança possa utilizá-lo e e responsável do conhecimento,
guardá-lo sem necessitar da ajuda do busca de soluções de interesses
professor (SANTOS, 1996, p. 36, grifos comuns;
da autora).
• trabalho diversificado é um mo-
O planejamento das áreas de mento de liberdade contextua-
atividades, a definição de objetivos e lizada de escolha dentre as ati-
conteúdos, bem como a organização vidades determinadas, claras e
do tempo e espaço para realização do planejadas;
trabalho pedagógico na educação in- • trabalho independente é um mo-
fantil, estão a cargo do educador da mento de realização de atividades
infância, uma vez que ele é um profis- e tarefas autônomas por parte
sional das relações humanas e tem fun- do aluno, espaço livre de criação,
ção determinante no encaminhamento ação e fantasia.
da prática educativa; é o responsável Das modalidades elencadas cada
por atividades reguladas por firmeza, qual tem uma função significativa no
segurança e uma relação afetiva posi- processo de ensino e aprendizagem,
tiva com as crianças. no tocante à educação e cuidado. En-
Dentro desse contexto, segundo tretanto, existe uma preferência pelo
Bonals (2003), o trabalho pedagógico trabalho diversificado nesta primeira
poderá ser encaminhado de modo in- etapa da educação básica, pois este
dividual, grupal, coletivo, diversifica- pode, sem sombra de dúvida, conjugar
do, independente. O autor define tais em seu âmbito, ou “cantos” diversos,
modalidades de trabalho pedagógico todas as demais modalidades.
ou educativo da seguinte maneira: Com referência aos cantinhos, es-
• trabalho individual é um momen- tes podem ser organizados como: can-
to em que o aluno realiza ativi- tinho dos jogos (quebra-cabeças, jogos
dades por si e o educador tem a diversos), cantinho da leitura (diversos
oportunidade de conhecê-lo na portadores de texto, livros variados e,
sua singularidade, bem como o inclusive, os livros criados pela tur-

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ma), cantinho da boneca e/ou fantasia quedoteca, área externa (pátio, quadra,
(espelho, peças de vestuário para dra- gramado, jardim, horta, areia etc.). São
matização, bonecas, chapéus...), canti- todos esses espaços permeados pela
nho da construção (peças de madeira ação lúdica, isto é, pelo brincar, que é a
de formas e tamanhos variados, para linguagem própria da infância.
o desenvolvimento da criatividade e Segundo Devries e Zan (1998),
noções matemáticas); cantinho da pin- as atividades permanentes e a estru-
tura no cavalete (posicionado próximo turação do ambiente sociomoral da
ao varal, deverá ter pincéis, esponja, educação infantil desenvolvem-se em
toalha, avental, cores variadas de tinta momentos específicos, os quais são
guache); cantinho do recorte e colagem planejados pelo educador em conso-
(materiais diversos para colagem, potes nância com os objetivos de cada fase do
de cola, pincel, papéis coloridos e cor- desenvolvimento infantil, para a esti-
tados previamente); cantinho da mo- mulação das linguagens oral e escrita,
delagem (massa de modelar suficiente musical, corporal, matemática, espa-
para que todos possam criar); cantinho cial, temporal e artística. Tais ativida-
da novidade (relacionada ao conteúdo, des ocorrem em momentos pontuais,
algo motivador e estimulante). planejados e organizados, aos quais
O educador tem, portanto, função as autoras denominam como “hora”
ímpar na organização dos cantinhos da roda, da atividade, do lanche, da
de acordo com os conteúdos a serem arrumação, do descanso e do banho.
trabalhados, e as crianças devem ser Acrescenta-se a essas a hora da brin-
orientadas desde o início do ano letivo cadeira, uma vez que se compreende o
a cuidar da manutenção e organização valor da ação lúdica para o cotidiano
dos materiais da sala. Após o térmi- formativo da educação infantil.
no das atividades, devem realizar a Nas brincadeiras as crianças transfor-
arrumação da sala, para que possam mam os conhecimentos que já possuí-
am anteriormente em conceitos gerais
prosseguir a rotina diária num am- com os quais brinca. [...] no ato de brin-
biente limpo e organizado. O trabalho car que a criança estabelece os diferen-
diversificado só funciona quando existe tes vínculos entre as características do
organização por parte das crianças e do papel assumido, suas competências e
educador da infância, o qual é a racio- as relações que possuem com outros
nalidade do processo educativo e o me- papéis, tomando consciência disto e
generalizando para outras situações
diador na construção do conhecimento.
(BRASIL, 1998, p. 27-28).
Para além do espaço da sala de
aula, que é espaço de suma importância, Nesse aspecto, faz-se importante
como bem explicitam Mochiutti e Soa- a compreensão dessas “horas” ou mo-
res (2001), na educação infantil existem mentos na formação integral da crian-
outros espaços de suma importância ça, ou seja, na composição da pedago-
dentro do processo educativo, tais como gia da infância.
sala de vídeo, biblioteca, parque, brin-

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A “Hora da Roda” tem como ob- convencer as crianças de modo a criar
jetivo principal o desenvolvimento a disposição para limpar e arrumar.
sociomoral e intelectual da criança. O A transição de uma atividade à
conteúdo das atividades diz respeito à outra é algo difícil para a criança, uma
música, à literatura, às celebrações, vez que esta é emocional e se envolve
aos temas especiais, rotinas tais como prazerosamente nas atividades que
lista de chamada, planejamento de realiza. O desafio para o educador é
passeios, introdução das atividades, descobrir como facilitar a mudança da
estabelecimento de regras, tomada de hora da atividade para a da arruma-
decisões democráticas e discussão de ção, transformando a arrumação e a
problemas da turma. A duração reco- limpeza numa ação lúdica, num jogo de
mendada, dentre as faixas etárias, é papéis ao se colocar no lugar do adulto
para crianças menores de três anos que arruma, ou num jogo de competi-
(5-10min), de três a quatro anos (10- ção: “quem guarda mais rápido?”.
20min) cinco anos ou mais (30min). Quanto à “Hora do Lanche”, não é
A “Hora da Atividade” talvez seja apenas um momento para a satisfação
o período mais importante do dia numa fisiológica da criança, mas é também
sala de aula, podendo-se dizer que é um espaço de convivência e socializa-
momento do “Criando Idéias Maravi- ção. Por isso, é importante lembrar às
lhosas” (DEVRIES; ZAN, 1998), mo- crianças os hábitos de saúde higiene
mento do desenvolvimento do trabalho e nutrição; permitir que se sirvam
diversificado e independente por parte sozinhas; que se sentem onde e com
das crianças. Trata-se do período no quem desejarem; compartilhem expe-
qual estas optam por se envolver em riências, conversem, e envolvam-se na
jogos de grupo, jogos de faz-de-conta, limpeza do ambiente. Portanto, este é
atividades de conhecimento físico, um espaço individual e coletivo.
recorte e colagem, leitura e escrita, A “Hora do Descanso”, por sua
construção com blocos ou artes, entre vez, também é desafiadora à mediação
outras. As atividades devem atrair os do educador, tornando-se uma hora
interesses e metas das crianças, de- difícil para muitas crianças, pois não
safiar seu raciocínio, estimular sua querem abandonar as atividades para
auto-regulagem, construção do conhe- dormir (trocar algo divertido x coisa
cimento e cooperação. nenhuma). Entretanto, o descanso
Após a “Hora da Atividade” está nessa etapa da vida da criança é de
a “Hora da Arrumação”, que é espaço suma importância para a formação or-
de promoção do desenvolvimento dos gânica, tendo em vista o crescimento e
sentimentos, da necessidade moral e a oxigenação cerebral. Assim, é salu-
responsabilidade das crianças (lim- tar a constituição de um ambiente que
peza e organização). Nesse caso, as seja silencioso, tranquilo e arejado (es-
autoras destacam que se deve evitar curo) e com colchonetes confortáveis;
a coerção. O desafio para o educador é pode haver uma música tranqüila

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(orquestrada ou com sons da nature- criança atua, desenvolve-se e cria seu
za) de fundo, a contação de uma his- próprio conhecimento. A “Hora da Brin-
tória ou, até mesmo, um relaxamento cadeira” é espaço para a ação infantil do
dirigido, respeitando as necessidades brincar, seja ele empreendido no espaço
fisiológicas e emocionais da criança. de tempo livre (atividade espontânea,
Nem todas são obrigadas a dormir faz-de-conta), seja no tempo dirigido
caso não queiram, contudo devem ser (atividade planejada e educativa), am-
compreensivas e solidárias ao outro, bas proveitosas e significativas para a
sendo esta idéia enfatizada pelas Di- formação global da criança.
retrizes Curriculares Nacionais para De acordo com Lima (2003), o brin-
a Educação Infantil em seu inciso I, car é adotado como um laboratório do
item “a”, formação de: “Princípios Éti- pensamento infantil constituído por uma
cos da Autonomia, da Responsabilida- linguagem simbólica singular, apoiada
de, da Solidariedade e do Respeito ao em brinquedos, objetos de uso cotidiano,
bem comum” (BRASIL, 1998, p. 10). materiais de construção e baseada em
A “Hora do Banho” é uma ativida- regras que estejam diretamente associa-
de que faz parte dos cuidados essen- das à infância. O brincar funciona como
ciais para com o corpo e que também cenário no qual a criança se constitui
é componente educativo na educação como sujeito que atua e cria a partir de
infantil, uma vez que a criança seja seu potencial de desenvolvimento, ela-
vista em perspectiva global. borando conhecimento próprio.
A rotina do banho pode ser organizada A ação lúdica, ou seja, o brincar
e trabalhada de maneira a oportunizar pode ser desenvolvida tanto no espaço
as crianças o desenvolvimento autô- interno (sala de aula) quanto no exter-
nomo de diversas habilidades como no (parque, brinquedoteca, pátio, qua-
despir-se, lavar-se, experimentar a dra, gramado, jardim, horta, banco de
textura e outras qualidades da água,
do sabão, da esponja, vestir e calçar
areia, lanche...). O brincar tem livre
a si próprias, além de auxiliar outras trânsito na educação infantil, uma vez
crianças, numa dinâmica ativa de que é linguagem própria da infância
construção do conhecimento indivi­dual e é reflexo da mente do brincante em
e coletivo (UJIIE, 2007, p. 257). ação em todo e qualquer momento de
O momento do banho é, assim, vivência individual ou coletivo.
para a criança, também oportuno para Nesse contexto, reafirma-se a impor-
o desenvolvimento de competências e tância da organização do tempo e espaço
habilidades múltiplas, estruturação e como também do planejamento para uma
reconhecimento do esquema corporal. ação formativa na educação infantil.
A ação lúdica, como mencionado
anteriormente, permeia todos os espa- Considerações finais
ços e atividades desenvolvidas no âmbi-
to da educação infantil. O brincar é uma Tendo em vista o atendimento à
forma de linguagem a partir da qual a infância na educação infantil, o binô-

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mio cuidar e educar tem função inte- expressão das crianças na realização
grada na prática pedagógica do edu- do trabalho diversificado. À medida
cador. E, no desenvolvimento dessa que se envolvem nas atividades, as
ação, a organização do tempo/espaço é crianças cooperam, dialogam, criam e
aspecto primordial na formação global socializam seus conhecimentos; é um
da criança. processo de tateios, de experimenta-
A organização do tempo/espaço ções que levam as crianças ao desen-
requer um planejamento diferenciado, volvimento das suas potencialidades.
tendo em vista os objetivos específicos Essas experiências são um estí-
dessa etapa educativa do desenvolvi- mulo para o desenvolvimento da au-
mento infantil. Possuir clareza no que tonomia e da independência infantil,
diz respeito à concepção de criança, quando orientadas pelos princípios
infância, educação, ensino-aprendiza- norteadores estabelecidos pelas Dire-
gem, conteúdos, objetivos, materiais trizes Curriculares Nacionais da Edu-
curriculares, finalidades e avaliação cação Infantil (1998) em três vertentes:
é base para o êxito da aprendizagem princípios éticos, políticos, estéticos.
significativa. Numa releitura de Oliveira (2006), a
Desse modo, o estabelecimento da visualização desses princípios como
rotina diária está sob a responsabilida- preceitos fundamentais à inserção
de do educador da infância, uma vez que da criança na sociedade é concebida,
este é a racionalidade na relação ensi- respectivamente, como solidariedade
no-aprendizagem, sendo as crianças intelectual e comportamental; senso
sujeitos emocionais e afetivos em pro- crítico e formulação de pensamento
cesso de formação da sua racionalidade divergente; sensibilidade empática,
e personalidade. O processo é pensado artística e cultural. São esses aspectos
para a criança e em função dela. Para relevantes na constituição da criança
tanto, a organização do tempo/espaço cidadã do mundo.
deve atender às demandas infantis. Assim, tais princípios estão pre-
Uma proposta relevante para a sentes, ou devem estar, na estrutura-
efetivação dessa questão é a organi- ção das atividades permanentes que
zação da sala de aula numa perspec- acontecem no âmbito da educação in-
tiva freinetiana, como já mencionado, fantil: hora da roda, da atividade, do
a qual prevê cantos de trabalho ou lanche, da arrumação, do descanso,
­ateliês. Esta pedagogia propõe a edu- do banho e da brincadeira. Entende-
cação pelo trabalho, ou seja, a relação se que a forma como se organizam o
entre intelectualidade e ação, numa espaço e o tempo é reflexo dos precei-
abordagem interativa e criativa, ten- tos educativos e da prática educativa
do o método natural como base da do profissional educador, compreen-
atividade pedagógica. A disposição dendo o educador da infância como o
da classe e dos materiais, por si só, já professor da turma, mas também, em
se torna um convite à criação e livre- perspectiva ampla, como todo aquele

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que interage com a criança, direção, Abstract
coordenação, merendeira, servente,
auxiliar de desenvolvimento infantil
e/ou monitora de creche, e mesmo ou- The teaching practice at the
tra criança. O processo educativo que child’s education: the time
ocorre nesta etapa é composto, dessa and space’s organization
maneira, de relações assimétricas
This article intends to present the com-
(educador-criança) e relações simétri- prehension about the time and space’s orga-
cas (criança-criança), que propiciam o nization importance at the child’s education
desenvolvimento, formação e sociali- context. It discuss the diary rotine structure,
zação infantil. as a essential element for the teaching prac-
Nesse contexto, a ação lúdica tice and favours the child’s security, becau-
como linguagem própria da criança se the children observe that the education
has a route, where the activities happen in
permeia o espaço educacional e excede
a time succession (before, during and after)
os momentos da “hora da brincadeira”, and with a singular chaining.
atividades livres e atividades planeja-
das pontuais, uma vez que a criança Key words: Child’s education. Teaching prac-
brinca quando toma banho ou come, tice. Time. Space.
transformando o sabonete ou os talhe-
res em brinquedo. Segundo Kishimoto
(1996), brinquedo é todo e qualquer Referências
objeto sobre o qual se debruce a ação
BRASIL. Ministério da Educação e do Des-
interativa e transformadora do brin- porto. Referencial Curricular Nacional para
car, fantasia e imaginação. Educação Infantil. Secretaria de Educação
O brincar, portanto, é “laboratório Básica, 1998. v. 1, 2 e 3.
da alma infantil” (HUIZINGA, 1980), BRASIL. Conselho Nacional da Educação.
presença marcante na ação educativa Diretrizes Curriculares Nacionais para a
junto às crianças nos diversos “cantos” Educação Infantil. Parecer CEB nº 022/98
da educação infantil, que precisa estar aprovado em 17 de dezembro de 1998. Re-
lator: Regina Alcântara de Assis. Brasília,
ancorada no respeito à individualida-
DF, 1998.
de infantil, no modo de criar, pensar,
agir, ser e estar no mundo. Partindo BONALS, J. O trabalho em pequenos grupos
na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2003.
desse pressuposto, o educador da
infância será aquele que atuará no BARBOSA, M. S.; HORN, M. G. S. Organi-
atendimento a esta demanda. Para zação do espaço e do tempo na Educação In-
fantil. In: CRAIDY, C. M.; KAERCHER, G.
tanto, a organização do tempo/espaço E. P. da S. (Org.). Educação infantil: pra que
é essencial. te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
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infantil: o ambiente sócio-moral na escola.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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Recebido em maio e aprovado em junho de 2007.

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