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Certamente o modelo burocrático puro teve seu “momento d’ouro” na história humana
por ser uma forma racional de operacionalizar a produção sistemática de bens,
especialmente os de pouco valor agregado, cuja cadeia produtiva era simples e, como
tal, seus processos podiam ser facilmente decompostos e tornados repetitivos por grupos
de pessoas com baixa especialização. Não por acaso, o exemplo da “produção de
alfinetes” de ADAM SMITH, foi posto em sua obra “A Riqueza das Nações”, de 1776,
ou seja, no alvorecer da 1ª Revolução Industrial, quando sintetizou tão bem esta
realidade que se materializava a partir de então.
O detalhe capcioso da situação atual é que, qualquer ambiente administrativo tido como
moderno, simplesmente não pode abrir mão do uso de Sistemas de Informação. E tal
afirmação é verdadeira tanto em ambientes privados, quanto em ambientes públicos (ou
de Adm Pública), ainda que por razões bem distintas.
Enfim, diante desta evolução histórica, e considerando que a Burocracia busca sempre
um processamento lógico e racional do traballho, deduzo, pelo até aqui exposto, que a
Burocracia não está “com os dias contados”. Ela foi, antes sim e em sua maior parte,
absorvida e transformada em bits e bytes que gerem a vida moderna.
Por outro lado, ainda que não se aceite o argumento de que a burocracia sobrevive (e
sobreviverá) no corpo eletrônico e virtual de nossos sistemas informatizados, há um
outro fenômeno que carece de um olhar diferenciado quando se fala de Burocracia e
que, certamente, lhe garantirá uma sobrevida significativa. Refiro-me à China, o mais
forte e proeminente componente dos assim chamados BRIC.
Segundamente, num sentido mais prático, naquele país a Burocracia se confunde com o
próprio governo, em qualquer que seja o nível – federal, estadual ou municipal. Os
ensinamentos do confucionismo, combinados com a prática do legalismo, estabeleceram
diversos princípios burocráticos, dos quais se destaca o “sistema de exame” para
admissão ao serviço público, levando o indivíduo (funcionário), no final das contas, a
posições de “enorme poder e prestígio no âmbito de uma burocracia profissional”
(SHENKAR, 2005).
Por fim, como argumento de que a Burocracia vai perdurar por muito tempo ainda,
especialmente na China, trago à baila o argumento de Juan Chingo, em seu artigo Mitos
e realidade da China Atual, publicado no sítio Fracción Trotskista – Cuarta
Internacional, de 2004, no qual afirma que “ainda é embrionária a formação capitalista
[chinesa atual] e a burocracia continua sendo o agente central do processo de
restauração capitalista”. Outro ponto relevante deste mesmo autor é que ele afirma que
o setor estatal chinês emprega, ainda hoje, 45% da força de trabalho urbano. Se
considerarmos que a população chinesa aproxima-se dos 2 bilhões de seres humanos,
teremos uma dimensão da força da burocracia chinesa e a dificuldade e perigo de “matá-
la”.
Diante de todo o exposto, vê-se que a Burocracia é viável, seja por outras formas, seja
em outras culturas. Desta forma, certamente ouviremos falar e seremos utilizadores de
Burocracia por muito tempo ainda!
BIBLIOGRAFIA
CHINGO, Juan (2004); Artigo Mitos e realidade da China Atual, publicado no sítio
Fracción Trotskista – Cuarta Internacional. Disponível em http://www.ft-
ci.org/article.php3?id_article=28?lang=pt_br , acessado em 14 Out 2010.
SMITH, Adam (1999 [1776]) “Da Divisão do Trabalho” in A Riqueza das Nações, Vol.
1, Lisboa, Portugal, Edições Calouste Gulbenkian, pp.77-91.
SHENKAR, Oded (2005) “Um legado imperial (mas não imperialista)” in O Século da
China – a ascensão chinesa e o seu impacto sobre a economia mundial, o equilíbrio do
poder e o (des)emprego de todos nós, tradução de Janaína Ruffoni. Porto Alegre, Brasil,
Bookman Editora, pp. 46-48.