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Apesar de discordar da sua analogia, o que voc� escreveu � interessante demais

porque voc� levantou a bola para um grande assunto.

Se voc� lembrou do ing�s Chesterton, puxarei para a nossa conversa o brasileiro


Machado, porque este, v�rias vezes, tamb�m cantou o mesmo problema, embora de outro
jeito. O exemplo mais puro que me ocorre � o daquele conto em que um sujeito gasta
o seu tempo queimando a patinha dum camundongo na vela. Essa imagem �
impressionante. D� a medida, ao mesmo tempo, da baixeza a que o homem se permite e
da sua maldade inata. Dispor de um bem t�o precioso, isto �, o tempo, sobre o qual,
ali�s, a pr�pria Igreja tratava quanto advertia, at� mesmo, de certos aspectos
imorais quanto � cobran�a de simples juros, para provocar um sofrimento t�o
gratuito a um ser cuja �nico culpa era ser um fraco inocente, e em circunst�ncias
t�o mesquinhas, me parece o exemplo acabado de maldade.

S� � poss�vel explicar uma coisa dessas recorrendo a um pre�mbulo sobrenatural e


misterioso.

Passar uma tarde perdendo tempo divertindo-se com os atrasildos do ENEM � como
perder tempo assistindo a uma maratona de v�deo-cassetadas. Pode ser que isto
revele algo do pecado original, mas n�o da mesma forma que crian�as torturando
gatos, at� porque, neste caso, h� o aspecto de obter prazer pela dor alheia
mediante uma a��o mais direta e deliberada. Uma coisa � voc� rir de quem pisa na
merda; outra � voc� induzir uma pessoa a pisar nela. E consagrar parte de sua
exist�ncia com tais pr�ticas � um tipo de masoquismo que, como no exemplo
machadiano, s� pode ser compreendido � luz de uma explica��o sobrenatural e
essencialmente misteriosa.

Da� eu voltar � analogia, que me parece mais apropriada, entre o que Chesterton
disse e o caso de ociosos veteranos dando trote em pobres calouros. Uma das
diferen�as, claro, est� na esp�cie de dano provocado, mas analogia � precisamente
isto: conjunto de semelhan�as fundamentais e diferen�as aparentes. Se tudo fosse
igual sob todos os sentidos, ent�o as analogias sequer teria raz�o de ser.

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