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PUBLICIDADE E CULTURA
O consumo como cultura e a
internacionalização publicitária.
RESUMO
O presente ensaio crítico tem como base a revisão sistemática de publicações científicas inseridas na conjuntura
temática da publicidade e cultura. Após selecção e análise dos vários artigos, procedeu-se à e definição das
especificações de cada um e distinção do seu contributo para a literatura do tema. A omnipresença da
publicidade na cultura contemporânea foi a questão que motivou a investigação e tornou pertinente a reflexão
que pretendeu responder a duas questões: Como se estabelece a relação entre publicidade e cultura? E, De que
forma a publicidade é um espelho da cultura?
A cultura, como o sistema de valores no qual vivemos, é a estrutura base para analisar todos os fenómenos de
um determinado período histórico. Na actual sociedade capitalista, um dos fenómenos que mais se distingue é a
publicidade. A publicidade é definida pelo conjunto de meios utilizados na divulgação e comunicação de um
produto e, por isso, detém um papel fundamental na produção cultural contemporânea.
No contexto do forte impacto publicitário em todas as esferas do quotidiano, surge a necessidade de examinar as
dinâmicas intrínsecas a este processo. Neste sentido, ressalva-se a influência do consumo na sociedade actual e
a forma como a própria publicidade alavancou a criação de uma sociedade que enraizou o consumo como o
sentido de existência humana.
Com o avanço da globalização empresarial, na tecnologia e na sociedade, é cada vez mais frequente e natural a
internacionalização da publicidade. Por consequência, o papel da cultura é determinante para o estabelecimento
de uma estratégia publicitária. Se, por um lado, há a perspectiva de que as diferenças entre culturas merecem
atenção e cuidado na elaboração da estratégia de publicidade, por outro, também se defende que apesar das
diferenças, o mundo global requere uma padronização e uniformidade que em todas as esferas favorecem a
igualdade.
Em suma, respondeu-se à necessidade de promover abordagens que exploram a relação entre publicidade e
cultura, e reconhecer como a publicidade tira proveito do conhecimento dos valores culturais dos consumidores,
tal como a cultura se apropria dessas mensagens e as incorpora no seu quotidiano.
À semelhança, ao fazer uma análise das diferenças culturais entre Suécia e Paquistão,
Majid faz uso da tese de Hofstede para argumentar que as pessoas, grupos e nações
pensam, agem e sentem de maneira diferente em todo o mundo e são estes padrões de
pensamento – que designa “software mental” – que constituem a cultura. Neste sentido,
o Homem, enquanto agente consumidor, é influenciado pela cultura porque estes
sentimentos e padrões de pensamento são definidos e moldados pelo ambiente em que
se habita (Hofstede, 2010 apud Majid, 2013).
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Sob a visão da Semiótica da Cultura em que se compreende o mundo como um sistema
de processos semióticos, a cultura relaciona-se com o conceito de linguagem pois
representa um sistema cujos signos e mensagens formam códigos culturais, nos quais
nos baseamos para viver. (Machado, 2003 apud Shiozaki, Velho, Ribaric, 2013 p.3-4).
De igual forma, com uma nova organização da sociedade baseada no capitalismo,
também a publicidade é um tipo de linguagem que codifica um discurso persuasivo,
envolvente, sedutor e de fácil compreensão, que atinge a generalidade das pessoas.
Além disso, o homem, como sujeito subjectivo complexo, é influenciado pela cultura,
pela sociedade e pela história. Assim, o mundo de cada individuo constrói-se pelos
diversos estímulos externos, dos quais também a publicidade faz parte. O papel
pertinente do fenómeno publicitário enquanto manifestação cultural reside na
transmissão de signos que permitem uma melhor compreensão das relações sociais e
mediáticas (Perez e Barbosa, 2007, apud Shiozaki, Velho, Ribaric, 2013 p.2).
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PUBLICIDADE E CULTURA DO CONSUMO
Segundo Ritson e Elliott (1995) mencionados por Costa, a publicidade é vista como
uma directriz que estrutura todos os aspectos da existência do consumidor - na criação,
modificação e transformação de significados culturais-, da mesma forma que os
aspectos da existência do consumidor são directrizes para planear a criatividade
publicitária - pensada tendo em conta os significados culturais da mente do consumidor.
A relação entre a publicidade e o consumidor é, por isso, bilateral: a publicidade é tanto
um meio de transferência de significados na cultura como um produto cultural cujo
objectivo é o consumo (apud Costa, 2016, p 34).
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Assim, o factor do consumo é utilizado como princípio básico para a significação da
publicidade e do objecto publicitado. Por outras palavras, cada produto tem um capital
simbólico próprio que é automaticamente transmitido para o consumidor que o adquire.
Logo, o consumo pode ser entendido como um fenómeno determinante na nossa
sociedade porque nos representa e significa como seres sociais (Debord, 1997 apud
Oliveira 2010, p 4).
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INTERNACIONALIZAÇÃO DA PUBLICIDADE – Uma abordagem específica ou
padronizada?
Um dos atributos mais salientes da sociedade moderna é a globalização. Tal como todos
os outros aspectos do quotidiano, também a publicidade é implicada na era da liberdade
de circulação, fácil acesso e propagação generalizada. Assim, é pertinente esclarecer as
dinâmicas da internacionalização publicitária presentes nos vários artigos já referidos.
Se, por um lado, as empresas multinacionais optam por uma abordagem publicitária
ajustada a cada cultura para adequar a mensagem ao público-alvo; por outro, num
ambiente de globalização, o conteúdo standard ganha, proporcionalmente, uma força
global. Basicamente, a estratégia publicitária depende, mais uma vez, da cultura.
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A título de exemplo, apesar de serem países culturalmente semelhantes, Costa conclui
que Portugal e Angola apresentam diferenças determinantes na estratégia publicitária. A
influência da cultura na estratégia de publicidade pode ser explicada à luz do modelo de
Hofstede, já mencionado anteriormente. Em culturas colectivistas como a portuguesa,
os apelos que salientam os benefícios para o grupo, a harmonia e a família são mais
eficazes. Enquanto em culturas individualistas como a angolana, a publicidade que
invoca preferências individuais, sucesso e independência pessoal é mais eficaz (Mooij e
Hofstede, 2011 apud Costa, 2016, p 35).
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II. ESTUDO
METODOLOGIA
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Assim, foi possível categorizar informação através da conversão dos dados retirados das
várias publicações em formato compreensível e sistematizado. A figura que se segue
ilustra a referida tabela de codificação (Figura A).
TABELA DE CODIFICAÇÃO
Base de Dados
Data
País
Título
Autores
Teorias mais referidas
Palavra-chave
Metodologia
Questões de Investigação
Tema e Hipótese
Amostra
Tipo
Técnica de Recolha
Referência da recolha de dados
Autores mais citados
III. RESULTADOS
A análise dos vários artigos foi realizada no âmbito de uma leitura detalhada e
exaustiva. Com efeito, a maioria dos artigos foi publicada apenas por um autor, porém,
os restantes têm a autoria de três autores. Curiosamente, no que concerne a origem
geográfica, a maior percentagem de estudos nesta amostra foram realizados no Brasil
(43%), seguidos por 29% de artigos da Europa (Portugal e Suécia), 14% nos EUA e
mais 14% na Colômbia.
Adicionalmente, todos os artigos têm por base concepções teóricas e enquadram as suas
hipóteses e questões de investigação em quadros teóricos nos domínios da cultura,
distinguindo-se uma tendência para a inclusão e menção da teoria de Hofstede das
Dimensões Culturais, presente em vários dos sete artigos. Além desta, grande parte das
publicações fizeram uso de princípios da área da Publicidade mas também, no que toca
o tema da cultura, vários artigos recorreram a outras áreas do conhecimento para
fundamentarem a sua tese.
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Para um melhor entendimento da relação destas teorias com o tema deste ensaio,
tornou-se relevante definir, de forma sucinta, cada uma destas concepções teóricas
(Anexo 1).
Os autores mais referidos nestes artigos pertencem, na sua maioria, ao campo das
ciências sociais, em especial destaque para Hofstede que realizou um estudo empírico
desenvolvido sobre diferenças culturais e Mooij que estudou o comportamento do
consumidor e a publicidade em geral. Sinteticamente, os autores mais citados e número
de referências podem ser consultados no Anexo 1.
O presente ensaio teve como objectivo geral a análise e reflexão de diferentes artigos
científicos no âmbito da procura em bases de dados pelos termos de publicidade e
cultura. Pretendia-se uma selecção bibliográfica dentro do intervalo temporal do ano de
2010 a 2018 de forma a produzir um estudo actual e pertinente para o quotidiano da área
de conhecimento da Comunicação Publicitária.
Neste sentido, apesar de não ter sido difícil a procura por informação científica
relevante sobre o tema, a grande limitação remete para o número de artigos
seleccionados e o facto de, naturalmente, estes se servirem de análises de conteúdo
publicitário, o que prevê sempre conclusões mais subjectivas. Além disso, surgiram
algumas dificuldades com a codificação da informação que foram igualmente superadas
dentro dos meios disponíveis. Ainda assim, o ponto forte do trabalho foi o desafio de
estruturar todas as diversas abordagens encontradas e retirar uma conclusão unanime,
que penso ter sido bem-sucedido.
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ANEXO 1
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TABELA B- AUTORES MAIS CITADOS E NÚMERO DE CITAÇÕES
Hofstede 85 Santaella 5
Mooij e Hofstede 46 Weber 4
Machado 16 Whitelock 4
Perez e Barbosa 12 Vannini e Williams 3
Onkvisit e Shaw 11 Marina 3
Campbell 9 April 3
Featherstone 6 Tavares 2
Chávez 6 Rocha 2
Mueller 5 Santos 2
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