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66 GEOLOGIA 10.0

TEMA 3. COMPREENDER A ESTRUTURA


E A DINÂMICA DA GEOSFERA
UNIDADE 1. Métodos para o estudo do interior da geosfera
É mais fácil estudar o espaço longínquo do Sistema Solar do que o interior do planeta Terra, com as suas
condições extremas de pressão e de temperatura às quais nenhuma tecnologia resiste. Basta lembrar
que a Terra tem cerca de 6370 km de raio e que a temperatura à profundidade de pouco mais de 10 km
ronda os 300 °C. Se para viajar no espaço, a milhões de quilómetros de distância, existem inúmeras tec-
nologias, «viajar até ao interior da Terra» só é possível em ficções literárias ou nas modernas realidades
virtuais. Assim, para estudar o interior da Terra, os cientistas utilizam métodos diretos, como as sonda-
gens, as explorações mineiras e a observação de materiais vulcânicos, e, principalmente, métodos indi-
retos, como os referentes à sismologia, gravimetria, geotermismo, geomagnetismo e, ainda, ao estudo de
outros corpos do Sistema Solar.

MÉTODOS DIRETOS
Os métodos diretos são os que permitem estudar diretamente os materiais que se encontram no inte-
rior da Terra, como as rochas. Podem ser baseados na ocorrência de fenómenos naturais, como as erup-
ções vulcânicas, os movimentos tectónicos e a erosão, que nos dão acesso a rochas e outros materiais
que estavam sob a superfície, bem como na utilização de diversas técnicas, como as explorações minei-
ras e as sondagens. Apesar das modernas tecnologias, só temos acesso direto a uma fina película do
planeta. As explorações mineiras não vão além de cerca de 4 km de profundidade, as sondagens não
ultrapassaram os 13 km e a atividade vulcânica lança para o exterior materiais existentes a profundida-
des que apenas atingem os 100 a 150 km.

OBSERVAÇÃO E ESTUDO DIRETO DA SUPERFÍCIE VISÍVEL


Qualquer pessoa pode observar as rochas expostas à superfície da Terra. Algumas dessas rochas forma-
das no interior do planeta afloram por ação dos movimentos tectónicos, dando-nos acesso a rochas a
que não poderíamos chegar. Também a erosão permite a exposição de rochas que se formaram e que
estiveram «escondidas», em profundidade, durante milhões de anos.

Cadeia montanhosa

Rochas continentais Rochas oceânicas Tensões tectónicas

FIG. 1 A tectónica faz aflorar rochas profundas.

EXPLORAÇÃO DE JAZIGOS MINERAIS EFETUADA EM MINAS E ESCAVAÇÕES


A exploração em minas e as escavações fornecem dados diretos para o estudo do interior da Terra. Por
exemplo, quando existe exploração de recursos minerais em minas, como o carvão, o cobre e o estanho,
ou em pedreiras que exploram calcários e mármores, é facilitado o estudo de rochas que estão em pro-
fundidade.
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Tema 3 - UNIDADE 1 - Métodos para o estudo do interior da geosfera 67

SONDAGENS
As sondagens são perfurações verticais na litosfera que atingem,
frequentemente, vários milhares de metros de profundidade. É o
método técnico direto que consegue extrair rochas de maiores
profundidades. É realizado um furo, através de um tubo, que reali-
za orifícios verticais de diâmetros variáveis, e a partir dele conse-
guem obter-se colunas de rochas — carotes ou tarolos — que, além
de fornecerem amostras dessas rochas do interior da Terra, con-
tam ao geólogo muitos acontecimentos do passado. Os furos que
ultrapassam os 1500-1700 m são designados por furos ultrapro-
FIG. 2 Sondagens.
fundos. A perfuração continental mais profunda atingiu cerca de
12 km, enquanto a perfuração oceânica mais profunda atingiu
2000 m sob o fundo oceânico, situado a 3500 m de profundidade.

VULCANISMO
Através da atividade vulcânica os geólogos têm acesso a materiais,
nomeadamente rochas, existentes no interior da Terra. O magma, na
sua ascensão, arranca fragmentos das rochas encaixantes, por vezes
arrancados a grandes profundidades, que trazem informações da cons-
tituição do manto. Temos o exemplo de basaltos que solidificam a partir
de magma que tem inserido peridotito, rocha característica do manto.
FIG. 3 Vulcanólogo a recolher lava.

Os vulcões lançam para o exterior materiais existentes a profundidades que podem atingir os 150 km. Estes
materiais, apesar de serem relativos a uma região superficial quando comparada com o raio terrestre, propor-
cionam dados sobre a temperatura no interior da Terra e sobre a sua composição química. Através do estudo
da atividade vulcânica sabe-se que a temperatura do globo aumenta com a profundidade. Por exemplo, os
cientistas pensam que a 1000 km de profundidade a temperatura deve ser próxima dos 2400 °C. Alguns inves-
tigadores admitem que a temperatura nas zonas mais internas da Terra deve variar entre 4000 e 5000 °C.

MÉTODOS INDIRETOS
Os métodos indiretos, que não se baseiam na observação dos materiais em profundidade, têm propor-
cionado uma série de dados que se revelaram fundamentais para o estudo do interior da Terra. Na astro-
nomia, salientam-se as informações obtidas pela planetologia e pela astrogeologia; na geofísica podem
destacar-se os dados da sismologia, mas são também importantes os da gravimetria, geomagnetismo
e geotermismo. Alguns estudos geofísicos realizam-se à distância, por meio de sensores colocados em
satélites — deteção remota.

PLANETOLOGIA E ASTROGEOLOGIA A B
As técnicas aplicadas ao estudo de outros planetas do
Sistema Solar podem ser usadas no estudo da Terra.
Como atualmente se admite a origem comum dos
astros do Sistema Solar, a partir dos mesmos mate-
riais, por processos e durante um período de tempo
semelhantes, considera-se que estudar o interior des-
ses corpos fornece indicações sobre o que se passa no FIG. 4 A – Veículo espacial Soujournes a retirar amostras em
interior da Terra. Marte; B – Análise de meteorito.
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68 GEOLOGIA 10.0

A análise da constituição dos meteoritos, dos asteroides e das rochas constituintes de outros planetas for-
nece dados particularmente importantes para o conhecimento da constituição química da Terra, já que
estes proporcionam muitas informações sobre alguns tipos de rochas existentes no Sistema Solar que os
cientistas pensam encontrarem-se também no interior da Terra. O estudo de meteoritos, por exemplo, tem
permitido relacionar a sua natureza e a sua composição com as diferentes zonas que se admite constituí-
rem o interior do globo terrestre: sideritos — núcleo; siderólitos — manto; aerólitos — crusta.

MÉTODOS GEOFÍSICOS
Baseiam-se na análise das propriedades físicas dos materiais terrestres. Estes são os mais utilizados na
investigação do interior da Terra. Dos métodos geofísicos podem destacar-se a sismologia, a gravime-
tria, o geomagnetismo e o geotermismo, que permitem obter dados relacionados com a gravidade, o
magnetismo, as propriedades elétricas, a radioatividade e as condições de temperatura e de pressão no
interior da Terra.

SISMOLOGIA
Apesar de as ondas sísmicas não permitirem a observação direta dos materiais, elas revelam muito sobre
eles ao atravessá-los, pois modificam o seu comportamento. A sua velocidade, direção e até a sua existên-
cia sofrem mudanças ao passar por materiais mais ou menos densos e mais ou menos rígidos, sólidos,
líquidos e pastosos. Assim, com o estudo das ondas sísmicas, ao detetar as alterações que sofrem e a que
profundidades, podemos entrever características das zonas do interior da Terra por onde passaram.
A forma de propagação das ondas sísmicas prova, assim, que o interior da Terra não é homogéneo, possuindo
zonas com diferentes características. Se a Terra fosse homogénea, ou seja, se a composição e as proprie-
dades físicas dos materiais fossem iguais em qualquer ponto do globo, a velocidade das ondas sísmicas
seria constante em qualquer direção e a trajetória dos raios sísmicos seria retilínea.

O estudo do comportamento das ondas sísmicas, através da interpretação dos sismogramas, permite
obter dados sobre a densidade, a composição, o estado físico e a espessura das diferentes zonas que se
admite constituírem a Terra. Os métodos sismológicos conheceram nos últimos anos uma revolução.

A tomografia sísmica é uma nova técnica de aplicação dos computadores a este estudo. Milhares de sis-
mógrafos registam continuamente os sismos que ocorrem, obtendo-se, assim, dados sobre as zonas
atravessadas pelas ondas sísmicas. Os computadores tratam os dados, obtendo-se uma imagem a três
dimensões do interior do planeta.
Placa
Ilhas Fiji Ilhas Lau Ilhas Tonga
do Pacífico
0
Profundidade (km)

100

200

300

400

500
600

700

-6% 0% 6%
Menor Velocidade das ondas Maior
FIG. 5 Tomografia sísmica.
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Tema 3 - UNIDADE 1 - Métodos para o estudo do interior da geosfera 69

GEOTERMISMO
A temperatura aumenta com a profundidade, fenómeno designado
por gradiente geotérmico. O aumento inicial da temperatura no 1000
interior da Terra é muito grande, até se atingirem cerca de 1350 °C,

Profundidade (km)
2000
em média, aumenta 30 a 40 °C por quilómetro. Mas, em certas 3000
regiões, por exemplo as vulcânicas, existem anomalias térmicas e o
4000
valor medido é ainda superior. O gradiente geotérmico não é gradual
5000
pois, a partir de determinada profundidade, o aumento da tempe-
ratura vai sendo mais lento. 6000
0 1000 2000 3000 4000 5000
Temperatura (0C)
Designa-se por grau geotérmico o número de metros que é neces-
FIG. 6 Variação da temperatura no interior
sário percorrer em profundidade para que a temperatura aumente da Terra.
1 °C. Nos primeiros quilómetros de profundidade, o seu valor médio
situa-se entre os 25 e os 33 metros.

O fluxo térmico é outra medida do calor terrestre, que quantifica o calor que se liberta à superfície. Sob
a litosfera, o aumento da temperatura com a profundidade é bastante menor. Pensa-se que esta dife-
rença tenha a ver com a forma como o calor é transmitido. Até cerca de 1350 °C, o calor é transmitido
através das rochas, por condução, retendo mais calor, o que justifica os elevados valores do gradiente
geotérmico na parte superior da Terra, enquanto que a temperaturas mais altas é transmitido por con-
vecção, que torna a transferência de calor mais eficaz, sendo, por isso, o principal processo responsável
pelo arrefecimento do interior da Terra. Assim, porque a condução retém mais calor, as zonas superfi-
ciais da Terra apresentam um gradiente geotérmico elevado; já nas zonas mais profundas, a convecção
permite, com eficácia, o arrefecimento das rochas e, por isso, um gradiente geotérmico menos elevado.

Como a variação do estado físico dos materiais no interior da Terra depende não só da temperatura mas
também da pressão e, como estas duas grandezas aumentam com a profundidade, as variações de rigi-
dez dos materiais dependem da relação entre o aumento da temperatura e o aumento da pressão.
Assim, se a temperatura aumenta mais do que a pressão, a rigidez diminui — os materiais tendem a fun-
dir — e vice-versa. Deste modo, as zonas mais internas do nosso planeta devem estar no estado sólido,
enquanto acima delas outras estão parcial ou completamente fundidas.

GRAVIMETRIA
A gravimetria é a determinação da aceleração da gravidade terrestre utilizando aparelhos próprios —
gravímetros.

Qualquer corpo situado à superfície da Terra experimenta uma força (F) de atração para o centro da
Terra. Esta força, chamada força gravítica, varia na razão direta das massas e na razão inversa do qua-
drado da distância ao centro da Terra, ou seja, a força gravítica aumenta com o aumento da massa e
diminui com o aumento da distância ao centro da Terra.

A força de atração para o centro da Terra é expressa segundo a lei da atração universal de Newton:

m¥M
F = G ᎏᎏᎏ
R

G = Constante de gravitação M = Massa da Terra m = Massa do corpo R = Raio terrestre


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70 GEOLOGIA 10.0

Existem anomalias gravimétricas, que são variações locais ou regionais de força gravítica, em relação ao
valor médio da gravidade medida ao nível médio da água do mar. A gravidade terrestre varia em função
da latitude, sendo maior nos polos, onde a distância relativamente ao centro da Terra é menor; pela
mesma razão, tende a diminuir com a altitude, pelo que varia em toda a superfície terrestre devido à
existência de montanhas, planícies e grandes depressões, como os fundos oceânicos. Mesmo corrigindo os
efeitos latitude, altitude e presença de acidentes topográficos, a força gravítica continua a apresentar
anomalias gravimétricas em face da existência de rochas com maior ou menor densidade sob a super-
fície. Existem anomalias gravimétricas negativas e positivas.
O valor normal da força gravítica, ao nível médio das águas do mar, é 0 (zero). As anomalias negativas
situam-se abaixo de zero. São devidas, por exemplo, a rochas com menor densidade, como o sal-gema.
As anomalias positivas situam-se acima do valor normal da força da gravidade. Devem-se a rochas com
maior densidade, como é o caso das magmáticas. Estas anomalias são utilizadas para localizar, em pro-
fundidade, minérios com interesse económico, como os metais, massas de maior densidade do que as
encaixantes. Os estudos de gravimetria contribuem para conhecer o interior da Terra, permitindo inferir
que é constituído por materiais muito densos.

GEOMAGNETISMO
A Terra tem um campo magnético invisível. Esse campo
magnético é influenciado pelo núcleo externo da Terra, Eixo de rotação
que funciona como um grande eletroíman localizado
no centro do planeta, ligeiramente deslocado em rela- Polo norte magnético
ção ao seu eixo de rotação. Este magnetismo terrestre,
ou geomagnetismo, é revelado pela orientação toma-
da pelas agulhas das bússolas.
A intensidade do campo magnético devia variar regu- Equador

larmente, desde um valor mínimo, próximo do equador,


até um valor máximo, perto dos polos, mas tal não
acontece, porque a heterogeneidade dos materiais
terrestres perturba essa regularidade. As anomalias
magnéticas, detetadas com recurso a magnetóme-
tros, são, à semelhança das gravimétricas, um bom
indicador da existência de jazigos metálicos no interior FIG. 7 Geomagnetismo.
da crusta terrestre, constituindo, inclusive as primei-
ras aplicações geofísicas à prospeção mineira.

Os minerais ferromagnesianos presentes em determinadas rochas, nomeadamente nos basaltos, com-


portam-se como ímanes, pois registam a polaridade do campo magnético terrestre na altura da sua for-
mação. Um importante registo de magnetismo fóssil, que mostra que o magnetismo terrestre sofreu
várias inversões, existe nos fundos oceânicos que apresentam faixas de um e outro lado dos riftes de
polaridade normal e inversa. A polaridade remanescente (a que se encontra «gravada» nas rochas),
idêntica à polaridade atual, é chamada polaridade normal, e a oposta é chamada polaridade inversa.
Nos riftes, as inversões magnéticas apresentam-se simétricas de um e do outro lado. A existência de um
campo magnético terrestre permite compreender melhor a composição e as características físicas do
núcleo terrestre. O paleomagnetismo fornece inúmeras informações sobre o passado da Terra e apoia a
teoria da tectónica de placas.
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Tema 3 - UNIDADE 1 - Métodos para o estudo do interior da geosfera 71

Estudo do interior da Terra


Utilizam-se

Métodos diretos Métodos indiretos

Mesmo com o uso de moderna tecnologia,


só acedem a uma fina película do planeta

˛ As explorações minerais, só até 4 km de profundidade Proporcionam dados fundamentais


˛ As sondagens, só até 13 km de profundidade para o estudo do interior da Terra
˛ A atividade vulcânica expele materiais até 150 km de profundidade Baseiam-se na análise das propriedades
físicas dos materiais terrestres

Métodos geofísicos: Geotermismo: Astronomia:


˛ Sismologia ˛ Gradiente geotérmico – aumento ˛ Planetologia comparada
˛ Gravimetria da temperatura com a profundidade ˛ Astrogeologia
˛ Geomagnetismo ˛ Grau geotérmico – n.o de metros a
˛ Geotermismo aprofundar para a temperatura subir 1 oC Fornecem dados sobre os
˛ Fluxo térmico – quantifica o calor que astros do Sistema Solar
se liberta à superfície
Destacam-se os métodos
sísmicos, que se aplicam
Como se adimite que
a grandes profundidades
os astros, incluindo a Terra,
Gravimetria: têm origem comum,
˛ Determinação utilizando gravímetros a análise das suas rochas
Consistem no estudo do
comportamento das ondas ˛ Valor normal da força gravítica – ao constituintes
sísmicas, através da nível médio das águas do mar é 0 (zero)
interpretação dos sismogramas ˛ Anomalias gravimétricas – variações
locais ou regionais de força gravítica Fornece dados sobre
Negativas – abaixo de zero o interior da Terra
Permitem que se conheçam Positivas – acima do valor normal
características:
˛ Densidade
˛ Composição
˛ Estado físico Geomagnetismo:
˛ Espessura das diferentes zonas ˛ Gerado pelo o núcleo da Terra – atua
que as ondas atravessam como eletroíman
dentro da Terra ˛ Há anomalias magnéticas, detetadas
com magnetómetros
˛ Magnetismo terrestre sofreu inversões
Nova técnica – ˛ Fundos oceânicos – faixas
tomografia sísmica: de polaridade normal – idêntica
˛ Milhares de sismógrafos à atual – e inversa – a oposta
registam sismos anualmente,
obtendo dados sobre as zonas
atravessadas pelas ondas
˛ Os computadores tratam
os dados, obtendo-se uma
imagem a três dimensões
do interior do planeta
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230 BIOLOGIA 11.0

TEMA 6. REPRODUÇÃO
UNIDADE 1. Reprodução assexuada
Todos os seres vivos têm a capacidade de se reproduzirem para perpetuar a espécie a que pertencem
mas nem todos o fazem de igual maneira. Uns reproduzem-se de forma assexuada, em que um único ser
origina outro sem que tenha ocorrido intervenção de células sexuais e, portanto, sem que tenha existi-
do fecundação; outros reproduzem-se de forma sexuada ocorrendo fecundação entre duas células
sexuais, uma feminina e uma masculina, resultando desta união um zigoto, a primeira célula do novo
indivíduo.

Na reprodução assexuada, como não há intervenção de dois seres, o novo indivíduo é uma cópia genética
do ser que o originou — clone. Por este facto, este tipo de reprodução não contribui para o aumento da
variabilidade genética da espécie a que o ser pertence, o que poderá ter consequências negativas
podendo levar em casos extremos de alteração ambiental ao desaparecimento da população ou mesmo
à extinção da espécie. A divisão mitótica é o mecanismo que permite a reprodução assexuada, origi-
nando a partir de uma célula duas iguais geneticamente entre si e à que as originou, permitindo assim
o rápido crescimento da população.

ESTRATÉGIAS REPRODUTIVAS
Existem diferentes tipos de reprodução assexuada:
Bipartição — Comum em procariontes e em eucariontes unicelulares, como a paramécia. Um ser divide-
-se e origina dois seres semelhantes que crescem e atingem o tamanho do que os originou.
Gemulação — Ocorre em seres eucariontes unicelulares, como as leveduras, e em seres pluricelulares,
como a hidra. No ser forma-se uma protuberância ou gomo que se separa e origina um novo ser, geral-
mente de menor dimensão do que o que o originou.
Fragmentação — Ocorre em algas, como a espirogira, e em alguns animais, como as planárias e estrelas-
-do-mar. A partir de fragmentos de um ser originam-se novos seres completos por regeneração.
Esporulação — É frequente em fungos,
como os bolores. Em estruturas próprias A B
— esporângios — formam-se células —
esporos – que, ao serem libertadas, e se
as condições forem favoráveis, germi-
nam e originam novos seres.
Em alguns insetos, peixes, anfíbios e
répteis pode formar-se um novo ser a Amiba Levedura Hidra
partir de uma célula sexual feminina, C Esporângios maduros D
sem que ocorra fecundação. Este pro-
cesso é designado partenogénese.
Esporos

FIG. 1 Tipos de reprodução assexuada: (A) – Bipartição


em amiba; (B) – Gemulação em leveduras e hidra; (C) – Rizoides
Fragmentação na estrela-do-mar; (D) – Esporulação em
Estrela-do-mar Fungo (bolor)
bolores.
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Tema 6 - UNIDADE 1 - Reprodução assexuada 231

Multiplicação vegetativa — Ocorre exclusivamente em plantas. Este processo de reprodução assexuada


é possível porque as plantas mantêm ao longo da sua vida determinados tecidos com capacidade de
divisão e diferenciação — meristemas. Assim, naturalmente, de acordo com o tipo de planta, especial-
mente a partir de folhas e caules podem originar uma nova planta completa.

No morangueiro, do caule principal formam-se caules raste-


jantes – estolhos – que enraízam e podem originar novas
plantas que se podem destacar da planta-mãe.

A partir de um tubérculo, caule subterrâneo, por exemplo da


batateira, pode originar-se uma nova planta a partir dos
gomos que possuem.

Na margem das folhas de certas plantas formam-se peque-


nas plântulas que ao caírem ao solo originam uma nova
planta.

FIG. 2 Exemplos de multiplicação vegetativa.


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232 BIOLOGIA 11.0

O Homem, nas suas práticas hortofrutícolas e de floricultura, utiliza muitas técnicas que se baseiam no
conhecimento dos mecanismos da multiplicação vegetativa. Estas técnicas permitem selecionar as
plantas que apresentam características vantajosas e promover a sua reprodução assexuada para se
obter assim muito rapidamente uma grande quantidade de plantas com as mesmas características.

De entre os processos de multiplicação vegetativa artificial destacam-se a enxertia, a estacaria e a


mergulhia.

Enxerto

Porta
enxerto

A enxertia consiste na junção de duas porções de plantas A estacaria consiste em colocar no solo fragmentos da
diferentes da mesma espécie ou de espécies semelhantes. planta, normalmente do caule, que enraízam e formam gomos
originando uma nova planta.

A mergulhia (A) consiste em dobrar um ramo da planta, que por esse facto tem de ser flexível, e enterrá-lo no solo. A porção
desenvolverá raízes podendo assim originar uma nova planta. Em alguns casos, em que não seja possível dobrar os ramos até ao
solo, retira-se a casca a uma porção do ramo e envolve-se num recipiente com terra – alporquia (B).

FIG. 3 Processos de multiplicação vegetativa utilizados pelo Homem.

Utilizando técnicas de cultura de células, consegue-se igualmente produzir em laboratório, num curto
período de tempo, plantas em série a partir, por exemplo, de fragmentos de um único exemplar. Por
manipulação genética, pode-se igualmente melhorar as características das plantas introduzindo-lhes
genes que são considerados vantajosos.
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Tema 6 - UNIDADE 1 - Reprodução assexuada 233

REPRODUÇÃO DOS SERES VIVOS É condição essencial para


a perpetuação das espécies

Reprodução assexuada Reprodução sexuada

˛ Está associada à divisão mitótica


˛ Um único ser origina outro sem Forma-se um zigoto, a primeira célula de
intervenção de células sexuais um novo ser e que resulta da fecundação
de duas células sexuais diferentes

Existem diferentes Implica manutenção das


tipos características genéticas Promove o aumento da variabilidade
da população genética nas populações

Bipartição Procariontes e eucariontes


unicelulares como a paramécia
Gemulação
Eucariontes unicelulares, como as
Fragmentação Observa-se em leveduras, e pluricelulares, como a hidra.
Esporulação Algas, como a espirogira, e alguns
animais, como as estrelas-do-mar
Partenogénese

Multiplicação Fungos, como os bolores


vegetativa
Alguns insetos, peixes,
anfíbios e répteis

Plantas

Pode ocorrer

Naturalmente De forma artificial provocada pelo Homem

A partir, especialmente, de folhas e São selecionadas plantas que apresentam características


caules podem originar uma nova vantajosas. A sua reprodução permite obter uma grande
planta completa quantidade de plantas com as mesmas características
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234 BIOLOGIA 11.0

te U N IDADE 1 - Tema 6
T e s
Reprodução assexu a
ad

1. Complete as seguintes frases de modo a obter afirmações corretas.


1.1 Nos processos de reprodução assexuada…
A. o novo ser é geneticamente diferente do ser que o originou.
B. um único ser origina outros sem que tenha ocorrido intervenção de células sexuais.
C. ocorre fecundação entre duas células sexuais, uma feminina e uma masculina.
D. de geração em geração há aumento da variabilidade genética da espécie a que o ser pertence.
1.2 Na reprodução sexuada…
A. um único ser por fecundação origina um zigoto.
B. o novo indivíduo é uma cópia genética do ser que o originou.
C. ocorre fecundação resultando um zigoto, a primeira célula do novo indivíduo.
D. não aumenta a variabilidade genética da espécie a que o ser pertence de geração para geração.

2. Selecione a opção que permite completar corretamente a seguinte frase.


Apesar da diversidade de formas, a reprodução ____ é um processo conservador pois as características dos proge-
nitores são ____ de geração em geração. Este processo de reprodução permite uma ____ colonização de um deter-
minado ambiente.
A. sexuada […] alteradas […] lenta
B. assexuada […] mantidas fielmente […] rápida
C. sexuada […] mantidas fielmente […] rápida
D. assexuada […] alteradas […] lenta

3. Estabeleça a correspondência correta entre os termos da coluna I e as afirmações da coluna II.

COLUNA I COLUNA II
A. Bipartição 1. A partir de fragmentos de um ser originam-se novos seres completos por regeneração.
B. Gemulação 2. Nos esporângios formam-se esporos que ao serem libertados, e se as condições forem favoráveis, germinam e
C. Fragmentação originam novos seres.
D. Esporulação 3. Forma-se um novo ser a partir de uma célula sexual feminina sem que tenha ocorrido fecundação.
E. Partenogénese 4. Um ser divide-se e origina dois seres semelhantes que crescem e atingem o tamanho do ser que os originou.
5. No ser forma-se uma protuberância ou gomo que se separa e origina um novo ser, geralmente de menor dimen-
são do que o que o originou.

4. Classifique cada uma das afirmações como verdadeira (V) ou falsa (F).
A. Na reprodução assexuada os descendentes são geneticamente diferentes entre si.
B. A mergulhia consiste em dobrar um ramo flexível de uma planta e enterrá-lo no solo para essa porção da planta
desenvolver raízes, podendo assim originar uma nova planta.
C. O conjunto de seres geneticamente iguais produzidos assexuadamente designam-se por clones.
D. A partir de um tubérculo, raiz da batateira, pode originar-se uma nova planta.
E. A enxertia consiste na junção de duas porções de plantas de espécies muito diferentes.
F. A estacaria consiste em colocar no solo fragmentos da planta que enraízam e originam uma nova planta.
G. O processo de reparação de partes amputadas de um organismo designa-se regeneração.
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Tema 6 - UNIDADE 1 - Reprodução assexuada 235

5. Utilizando as letras da chave, classifique corretamente as afirmações seguintes.

CHAVE AFIRMAÇÕES
A. A afirmação 1 é verdadeira; as afirmações 2 e 3 são falsas. 1. A capacidade de regeneração dos seres vivos está associada aos
B. A afirmação 2 é verdadeira; as afirmações 1 e 3 são falsas. processos de reprodução assexuada.
C. As afirmações 1 e 3 são verdadeiras; a afirmação 2 é falsa. 2. O processo de alporquia consiste em dobrar um ramo da planta e
enterrá-lo no solo para desenvolver raízes e assim originar uma nova
planta.
3. Na esporulação intervêm estruturas especializadas para a reprodu-
ção.

6. Observe com atenção as figuras e responda às questões sobre elas formuladas.

A B C

6.1 Justifique a afirmação: Os processos representados são processos de reprodução assexuada.


6.2 Identifique os processos representados esquematicamente na figura.
6.3 Com base na observação da figura, complete o seguinte quadro.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS
N.o DE
ORGANISMOS GÂMETAS GENÉTICAS MORFOLÓGICAS
PROGENITORES
DOS DESCENDENTES DOS DESCENDENTES
Bactéria 1
Bolor do pão
Levedura Ausentes

7. Os pescadores de uma determinada zona costeira, na qual existia uma grande exploração de viveiros de mexilhões
e de ostras, andavam muito preocupados, pois os seus viveiros estavam a ser atacados por estrelas-do-mar, gran-
des predadores destes moluscos. Assim, sempre que as encontravam na proximidade dos viveiros, apanhavam-nas,
arrancavam-lhes os braços um a um e atiravam tudo à água de novo. Para seu grande espanto, o número de pre-
dadores não só não diminuiu, como, pelo contrário, não parava de se multiplicar.
7.1 Apresente uma explicação para o acontecimento relatado.
7.2 Designe o processo de reprodução das estrelas-do-mar que se encontra em evidência no texto.
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236 BIOLOGIA 11.0

UNIDADE 2. Reprodução sexuada


A reprodução sexuada, ou biparental, pode ser definida como a fusão de duas células sexuais, originando
uma célula, o ovo ou zigoto, desenvolvendo-se a partir desta, por mitoses sucessivas, um novo indivíduo.
A maioria das espécies animais, bem como algumas plantas, possuem indivíduos de sexos opostos, mas-
culino e feminino, responsáveis pela produção das células sexuais — os gâmetas. Tais espécies são
designadas gonocóricas (animais) e dioicas (plantas). No entanto, alguns animais e a maioria das plan-
tas possuem a capacidade de formar gâmetas masculinos e femininos no mesmo indivíduo – hermafro-
dita (animais) e monoico (planta). Quando este indivíduo, por autofecundação, produz um ovo ou zigoto,
fala-se de hermafroditismo suficiente, isto é, um único progenitor é capaz de se reproduzir. Este proces-
so, aparentemente pouco eficiente, uma vez que não fomenta a diversidade, é a única solução para a
reprodução de alguns seres (Ex.: a ténia). Quando é necessário existir fecundação cruzada entre gâme-
tas de indivíduos diferentes está-se na presença de hermafroditismo insuficiente (Ex.: o caracol). Neste
processo, cada animal age simultaneamente como macho e fêmea, o seu gâmeta masculino irá fecun-
dar o gâmeta feminino do parceiro e o feminino será fecundado pelo gâmeta masculino do parceiro –,
sendo que a descendência receberá cromossomas de ambos os progenitores e terá uma maior diversi-
dade.
Na maioria dos animais os gâmetas são produzidos em órgãos especializados: as gónadas — testículos
(masculino), onde são produzidos os gâmetas masculinos — espermatozoides — e os ovários (feminino),
onde são produzidos os gâmetas femininos — óvulos.
Nas plantas os gâmetas resultam de mitoses e, tal como nos animais, é possível identificar gâmetas
masculinos — anterozoides — e femininos — oosferas — formados nos gametângios, respetivamente, no
gametângio masculino — anterídeo — e feminino — arquegónio. Nas plantas, para além dos gâmetas,
encontram-se também outras células fundamentais para a reprodução, os esporos, produzidos por
meiose, em órgãos especializados designados por esporângios.

MEIOSE E FECUNDAÇÃO
A reprodução sexuada envolve, alternadamente, o acontecimento de dois processos fundamentais: a
fecundação e a meiose. Na fecundação, a união de dois gâmetas implica, naturalmente, a junção dos
cromossomas contidos em cada um dos núcleos — cariogamia. Assim, o ovo ou zigoto possui o dobro do
número de cromossomas de cada gâmeta. Este fenómeno envolve um problema: sendo o número de
cromossomas de cada espécie um número específico, é necessário que os gâmetas tenham metade do
número de cromossomas do zigoto, pelo que é necessário que haja a redução do número de cromosso-
mas nos progenitores antes da fecundação, de modo a que esse número seja mantido. A manutenção
do número de cromossomas implica, portanto, em todas as espécies que se reproduzem sexuadamen-
te, a existência de um processo de redução para metade do número Criança (2n)
Adultos (2n)
de cromossomas, compensando, deste modo a duplicação que ocor-
re na fecundação. Este processo, denominado meiose, acontece
quando uma célula diploide — com 2n cromossomas, isto é, com o
Meiose Meiose
número de cromossomas característico das células somáticas da Zigoto (2n) nos ovários nos testículos
espécie — necessita de originar células com n cromossomas — células
haploides — como ocorre, por exemplo na espécie humana, com a
Fecundação (n+n)
produção de gâmetas.
Óvulo (n) Espermatozoide (n)

FIG. 1 Meiose e fecundação.


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Tema 6 - UNIDADE 2 - Reprodução sexuada 237

MEIOSE
A meiose é um tipo de divisão nuclear com redução cromossómica que envolve duas divisões sucessivas, pelo
que dela resulta a formação de quatro núcleos haploides a partir de um núcleo celular diploide. Esta divisão é
normalmente acompanhada da divisão citoplasmática — citocinese —, constituindo ambos os fenómenos a
designada divisão meiótica. O processo de meiose implica, como já referido, duas divisões sequenciais e com-
plementares: a primeira — meiose I — é uma divisão reducional, produzindo, a partir da célula diploide, duas
células haploides; a segunda — meiose II — é uma divisão equacional, em que ocorre a separação de cromatí-
deos-irmãos das células haploides anteriormente formadas. Em analogia com a mitose, cada uma das divi-
sões da meiose pode ser dividida em quatro fases — profase, metafase, anafase e telofase.
O processo inicia-se com a interfase, onde, tal como na mitose, se consideram três etapas: a fase G1, em
que se inicia o crescimento celular; a fase S, em que ocorre a única duplicação do DNA; e a fase G2, em
que termina a preparação para a meiose com a síntese proteica e o fim do crescimento celular. Após
este processo tem inicio a divisão meiótica.

MEIOSE I — DIVISÃO REDUCIONAL


Na primeira divisão, um núcleo diploide (2n) origina dois núcleos haploides (n), havendo assim redução
do número de cromossomas.
Cromossomas homólogos
na placa equatorial

PROFASE I METAFASE I ANAFASE I TELOFASE I


FIG. 2 Meiose I – divisão reducional.
P

A profase I é a fase mais longa, podendo, em alguns organismos ter a duração de anos. É nesta fase que ocor-
re a condensação dos cromossomas, tornando-se mais espessos, curtos e visíveis. É nesta fase que ocorre o
emparelhamento — sinapse — dos cromossomas homólogos, isto é, cromossomas do mesmo par, sendo cada
um dos elementos do par proveniente de cada um dos progenitores. O par de homólogos designa-se bivalente,
e os quatro cromatídeos que compõem o par designam-se tétrada. Nesta fase ocorre o cruzamento e troca de
fragmentos equivalentes entre cromatídeos do bivalente em zonas denominadas quiasmas, correspondendo
ao fenómeno de crossing-over, fundamental para a introdução de variabilidade na espécie. Durante a profase
I ocorre também a dissociação do nucléolo e membrana nuclear, e os centrossomas, contendo cada um um
par de centríolos, já divididos afastam-se para os polos opostos e iniciam a formação de microtúbulos.
Durante a metafase I o fuso acromático diferencia-se completamente e os bivalentes alinham-se aleatoria-
mente num plano mediano, entre os dois polos — a placa equatorial — ligados ao fuso acromático pelos cen-
trómeros, de modo a que os centrómeros homólogos fiquem situados um de cada lado do plano equatorial. O
número de bivalentes que formam a placa equatorial é igual ao número haploide de cromossomas da espécie.
Na anafase I os microtúbulos encurtam e cada um dos cromossomas homólogos migra para um polo
oposto. Ocorre, deste modo, a segregação independente dos cromossomas homólogos sem que haja
separação dos centrómeros, como ocorria na anafase mitótica. Esta segregação aleatória consequente da
colocação aleatória de cada um dos cromossomas de cada bivalente no fuso acromático é de extrema
importância em termos de variabilidade genética, uma vez que determina, entre outros fatores, que se
possam formar células com informação hereditária diferente. A chegada dos cromossomas aos polos da
célula marca o fim da anafase I e o início da telofase I.
P236A244_PG_Exames 10/4/13 4:06 PM Page 238

238 BIOLOGIA 11.0

Na telofase I os cromossomas que se encontravam condensados alongam-se, voltando à forma de filamen-


tos longos, finos e menos visíveis. O fuso acromático desaparece, o nucléolo e a membrana nuclear ressur-
gem, e pode haver formação de duas células distintas por divisão do citoplasma.

MEIOSE II — DIVISÃO EQUACIONAL


A segunda divisão consiste, basicamente, numa
mitose, a ocorrer sobre os dois núcleos forma-
dos na primeira divisão e poderá, ou não, ter iní-
cio imediatamente a seguir à telofase I. No
entanto, em qualquer das situações, nunca
ocorrerá nova síntese de DNA.

PROFASE II METAFASE II ANAFASE II TELOFASE II

FIG. 3 Meiose II – divisão equacional.

A profase II é uma fase muito curta. Os cromossomas constituídos por dois cromatídeos unidos pelo
centrómero reiniciam a condensação. O nucléolo e a membrana nuclear desorganizam-se novamente e
desaparecem e os microtúbulos iniciam a condensação.
Na metafase II os cromatídeos-irmãos de cada cromossoma unem-se às fibras do fuso acromático pelo
centrómero, alinhando-se na placa equatorial.
A anafase II é caracterizada pela divisão longitudinal do centrómero. Cada cromatídeo passa agora a ser
considerado um cromossoma. Ocorre a ascensão polar destes «novos» cromossomas.
A meiose termina com a telofase II. Nesta fase os cromossomas terminaram a sua migração para os polos,
os núcleos são reconstituídos, bem como o nucléolo, formando-se assim quatro núcleos haploides.
O fenómeno de citocinese, que teve o seu início na anafase II, termina formando-se, deste modo, qua-
tro células haploides.

VARIAÇÃO DA QUANTIDADE DE DNA DURANTE A MEIOSE


A quantidade de DNA duplica na fase S da interfase (4Q), sendo reduzida para metade na anafase da primei-
ra divisão da meiose (2Q), e novamente reduzida na mesma fase da segunda divisão (Q). Durante a fecunda-
ção, a junção dos dois gâmetas vai permitir que a quantidade de DNA volte ao valor normal (2Q). Como já foi
referido, entre as duas divisões da meiose não há replicação de DNA.
Quantidade de DNA

4Q

Fecundação
2Q

Q
Interfase

G1 S G2 PI MI AI TI PII MII AII TII G1 S G2


Meiose Tempo
FIG. 4 Variação da quantidade de DNA durante o ciclo celular.
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Tema 6 - UNIDADE 2 - Reprodução sexuada 239

REGULAÇÃO DA MEIOSE
Existem mecanismos moleculares reguladores e diversos pontos de controlo (checkpoints) envolvidos
na regulação da meiose. Por exemplo, a finalização da fase G1 e o inicio da fase S, a entrada da célula em
divisão nuclear, profase I, o estado dos cromossomas na profase II ou as ocorrências na metáfase II são
acontecimentos regulados por complexos proteicos, bem como por outros fatores extracelulares. No
entanto, estes checkpoints podem não ser suficientes, podendo por vezes subsistir erros que vão origi-
nar, no final, células com alterações cromossómicas que podem ser quantitativas — alteram o número
de cromossomas — ou qualitativas — alteram a morfologia dos mesmos.
Os fenómenos ocorridos durante a meiose, nomeadamente, a segregação de homólogos na anafase I e
a separação de cromatídeos-irmãos na anafase II, podem originar células geneticamente alteradas
quantitativamente. O fenómeno de crossing-over, por sua vez, pode originar alterações qualitativas
negativas. Checkpoint G 1

Se houver formação de gâmetas com alterações cromossómicas, e


se estes forem utilizados numa fecundação, originarão um ovo ou
Sistema
zigoto com uma carga genética diferente do normal, cujo potencial G1 de controlo S

negativo culminará, provavelmente, com a interrupção do desen-


M G2
volvimento ou com o desenvolvimento de um organismo com alguma
deficiência.
Checkpoint M
Checkpoint G 2

FIG. 5 Regulação da meiose.

REPRODUÇÃO SEXUADA E VARIABILIDADE


A meiose é um processo fundamental para os seres vivos com reprodução sexuada pois, além de permi-
tir a formação de células sexuais com metade do número de cromossomas característico da espécie, o
que é fundamental para a reprodução, também contribui para a variabilidade das células-filhas em rela-
ção à célula-mãe. Na profase I o crossing-over é o mecanismo responsável pela recombinação genéti-
ca, pois permite a recombinação intracromossómica de cada par de bivalentes. Posteriormente, na
metafase I, a orientação aleatória dos bivalentes na placa equatorial também aumenta as probabilida-
des de novas combinações, uma vez que a posição de cada um dos cromossomas do bivalente acima ou
abaixo da linha equatorial da célula determina para que polo este irá ascender na anafase I. O mesmo
ocorre na metáfase II e posterior anafase II, com o alinhamento na placa equatorial e a separação dos
cromatídeos-irmãos.
Crossing-over
A B A B Não há A B
recombinação

A b
Há recombinação
A B A b

a b a B a B
Há recombinação

Não há a b
recombinação
a b a b

FIG. 6 Crossing-over como fator de variabilidade.

Ao contrário da mitose, que permite a propagação de características da espécie sem haver variações, a
meiose é um processo que origina grande variabilidade genética nos descendentes, pois pode gerar
determinadas características que, no seu meio, se traduzam numa vantagem para o indivíduo, confe-
rindo-lhe maior adaptabilidade ao meio em questão e uma maior capacidade de sobrevivência, que ten-
derá a transmitir-se às gerações vindouras, sendo, assim, um potencial evolutivo.
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240 BIOLOGIA 11.0

MITOSE VS. MEIOSE


As principais diferenças entre a meiose e a mitose encontram-se descritas no quadro seguinte.

MITOSE MEIOSE
•Divisão nuclear, após a duplicação do DNA, origina duas célu- •Divisão nuclear, após a duplicação do DNA, origina quatro células
las geneticamente iguais. haploides geneticamente diferentes.
•Número de cromossomas da célula-mãe é igual ao das células- •Número de cromossomas da célula-mãe é o dobro do das células-
-filhas. -filhas.
•Ocorre em células haploides e diploides. •Ocorre apenas em células diploides.
•Não há emparelhamento dos cromossomas homólogos – são •Há emparelhamento dos cromossomas homólogos.
independentes. •Ocorre crossing-over entre cromatídeos de cromossomas homólo-
•Não ocorre crossing-over. gos.
•Não há introdução de variabilidade genética. •Há introdução de variabilidade genética.
•As células filhas podem sofrer novas divisões mitóticas conse- •As células filhas não podem sofrer novas divisões meióticas.
cutivas. •Centrómeros dividem-se longitudinalmente apenas na anafase II.
•Centrómeros dividem-se longitudinalmente na anafase.

Profase MEIOSE I
Quiasma (crossing-over)
Célula-mãe
(antes da replicação)

Replicação de Replicação de Tétradas (emparelhamento


Cromossomas cromossomas cromossomas de cromossomas homólogos
replicados (dois duplicados)
cromatídeos-irmãos) 2n = 4

Metafase Cromossomas alinhados Bivalentes alinhados Metafase I


na placa equatorial na placa equatorial

Cromatídeos-irmãos Cromossomas
Anafase separados durante homólogos separam-se Anafase I
Telofase a anafase durante anafase I Telofase I
(cromatídeos-irmãos
mantêm-se unidos)
Células-filhas
n=2
da meiose I

2n 2n Células-filhas MEIOSE II
Células-filhas
da meiose II
da mitose n n n n

Não há replicação cromossómica


Separação de cromatídeos-irmãos ocorre na anafase II
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Tema 6 - UNIDADE 2 - Reprodução sexuada 241

REPRODUÇÃO SEXUADA
Envolve dois processos, alternadamente

Meiose Fecundação

Para formar
Consiste em

Ovo ou zigoto

Gâmetas Fusão de duas células sexuais


Em muitos animais e algumas plantas
são provenientes de indivíduos Em muitas plantas e alguns animais são
de sexos diferentes provenientes do mesmo indivíduo
São produzidos em órgãos especializados

Plantas Animais Plantas Animais


Que
Dioicas Gonocóricos Monoicas podem Hermafroditas
ser

Nos animais Nas plantas Insuficientes Suficientes

Gónadas Gametângios Ex.: caracol Ex.: ténia


Ambos os indivíduos agem Um único
Testículos como macho e fêmea, progenitor
Anterídeos
(masculino) libertando os seus gâmetas, produz ambos
(masculino)
que se fecundam os gâmetas
Ovários Arquegónio reciprocamente
Produz Produz
(feminino) (feminino)

Espermatozoides Anterozoides Fecundação cruzada Autofecundação


Óvulos Oosfera

Formados por Formados por

Meiose Mitose

Regulada por Importante por permitir


Constituída por
Mecanismos Redução do número de cromossomas para
moleculares em n, permitindo a fecundação; introdução Divisão I Não há replicação Divisão II
pontos específicos de variabilidade genética para melhor (reducional) de DNA entre as (equacional)
capacidade de adaptação ao meio duas divisões
Erros na regulação
originam
Profase I Metafase I Anafase I Telofase I Profase II Metafase II Anafase II Telofase II
Alterações
cromossómicas: O que origina O que origina
Crossing- Alinhamento Ascensão Alinhamento Ascensão
˛ Qualitativas
-over dos polar dos dos cromatídeos polar dos
˛ Quantitativas 4 células
cromossomas cromossomas 2 células na placa cromatídeos
na placa haploides com equatorial haploides com
Que culminarão na
O que provoca n cromossomas O que provoca n cromossomas
equatorial
e 2Q DNA e Q DNA
˛ Finalização da
meiose Redução do teor de DNA (2Q) e Redução do teor
˛ Indivíduo com do número de cromossomas (n) de DNA (Q)
deficiência
Introduzem Variabilidade
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242 BIOLOGIA 11.0

s te U N IDADE 2-Tema 6
T e
Reprodução xuada
se

1. Selecionando uma das letras da chave, classifique corretamente o conjunto de afirmações seguintes.

CHAVE AFIRMAÇÕES
A. A afirmação 2 é verdadeira; as afirmações 1 e 3 1. Nos animais, os gâmetas são células sexuais que são produzidas em órgãos
são falsas. especializados, designados por gónadas.
B. As afirmações 1 e 3 são verdadeiras; a afirmação 2 2. Tal como os gâmetas dos animais, os gâmetas das plantas são produzidos
é falsa. por mitose.
C. A afirmação 1 é verdadeira; as afirmações 2 e 3 3. A reprodução sexuada implica a existência de células sexuais haploides, de
são falsas. modo a manter o número de cromossomas do indivíduo após a fecundação.

2. A figura ao lado ilustra o cruzamento entre dois caracóis, que são organis-
mos hermafroditas.
2.1 Explique o que é um organismo hermafrodita.
2.2 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação:
O caracol é um hermafrodita ____ , pelo que necessita de recorrer à
____ , o que poderá ser vantajoso pois permite aumentar a ____ ,
aumentando a sua capacidade ____ .
A. suficiente […] autofecundação […] variabilidade genética […] evolutiva
B. insuficiente […] autofecundação […] compartimentação celular […] seletiva
C. suficiente […] fecundação cruzada […] compartimentação celular […] seletiva
D. insuficiente […] fecundação cruzada […] variabilidade genética […] evolutiva

3. A figura ao lado representa um processo fundamental na reprodução sexuada.


3.1 Identifique este processo. 3.2 Explique em que consiste.

4. Na figura observam-se diversas fases de um processo celular importante.


4.1 Refira como se designa este processo.
4.1.1 Justifique a sua resposta na alínea anterior.
4.2 Legende as estruturas celulares representadas pelas letras A, B, C, D, E e F.
4.3 Identifique as fases 1, 2, 3, 4 e 5 que estão representadas na figura.

B C D

A 1
2
E
F

3 4
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Tema 6 - UNIDADE 2 - Reprodução sexuada 243

5. O esquema da figura ao lado representa a alternância básica de dois fenómenos durante 1 2


a reprodução sexuada.
5.1 Identifique os fenómenos A e B.
1 2

I
5.2 Classifique as células I e II quanto ao número de cromossomas. B
A
5.3 Indique:
5.3.1 o número que corresponde aos gâmetas;
II

5.3.2 o número que corresponde ao ovo ou zigoto.


2
1

5.4 Selecione a opção que completa corretamente a seguinte afirmação:


Comparando os cromossomas 1 e 2 existentes nas células I e II verifica-se que diferem…
A. no seu número.
B. no seu grau de condensação.
C. no número de cromatídeos de cada cromossoma.
D. no ácido nucleico que os constitui.

6. Populações que se reproduzem sexuadamente apresentam maior variabilidade genética, e consequentemente


maior capacidade de adaptação ao meio. Contribuem para essa variabilidade…
A. o crossing-over entre cromossomas homólogos.
B. o encontro aleatório dos gâmetas na fecundação.
C. a descondensação dos cromossomas no início da meiose.
D. a segregação independente dos cromossomas homólogos.
E. a orientação dos cromossomas na placa equatorial.
F. o processo de citocinese.
(Selecione as opções corretas.)

7. Estabeleça a correspondência correta entre os termos da coluna I e as afirmações da coluna II.

COLUNA I COLUNA II
A. Mitose 1. Ocorre duas vezes replicação de DNA.
B. Meiose 2. As células-filhas têm metade dos cromossomas da célula-mãe.
C. Ambos os processos 3. Formam-se duas células-filhas.
D. Nenhum dos processos 4. Aumenta a variabilidade na espécie.
5. Há alteração do número de cromossomas.
6. Existe um fenómeno de interfase a preceder o processo.
7. Formam-se quatro células-filhas com um número de cromossomas igual ao da célula-mãe.
8. A célula inicial pode ser diploide.

8. O gráfico ao lado representa a variação da quantidade de DNA ao longo de um


Quantidade de DNA

a
4Q
ciclo de vida. e

8.1 Indique a letra (ou letras) que representa(m) a meiose.


c
2Q

8.2 Identifique o fenómeno X. b X

8.3 Selecione a opção que permite completar o texto, de modo a criar uma
Q
d

frase correta sobre o gráfico. Tempo

Se uma célula somática com 40 cromossomas entrar em divisão celular e sofrer meiose, apresentará na meta-
fase I ____ pares de cromossomas e ____ cromatídeos-irmãos.
A. 20 […] 80 B. 80 […] 20 C. 40 […] 80 D. 80 […] 40
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244 BIOLOGIA 11.0

9. A figura ao lado ilustra um fenómeno verificado na meiose.


9.1 Indique como se designa o fenómeno apresentado.
9.2 Refira em que fase da meiose este fenómeno ocorre.
9.3 O fenómeno em causa tem como possível consequência…
A. o aparecimento de alterações cromossómicas quantitativas.
B. a redução do número de cromossomas.
C. o aumento da variabilidade genética na descendência.
D. a finalização súbita do processo de meiose.
(Selecione a opção correta.)

10. Estabeleça a correspondência correta entre os termos da coluna A e as afirmações da coluna B.

COLUNA A COLUNA B
A. Período G1 1. Número de cromossomas é reduzido para metade.
B. Período S 2. Replicação semiconservativa do DNA.
C. Divisão reducional 3. Dá-se a separação dos cromatídeos do mesmo cromossoma.
D. Divisão equacional 4. O número de cromossomas mantém-se.
5. Dá-se a separação aleatória dos cromossomas homólogos.
6. Ocorrem numerosas sínteses principalmente de proteínas e de moléculas de RNA.
7. A quantidade de DNA da célula duplica.
8. No final desta divisão formam-se quatro células haploides.
9. Há formação de bivalentes e tétradas.

11. A figura ao lado representa, esquematicamente, uma etapa de uma das divisões da meiose.
11.1 Identifique a divisão da meiose representada na imagem.
11.2 Refira como se designa a etapa representada.
X
Y

11.3 Considere as estruturas X e Y e Z.


11.3.1 Indique como se designam. Z

11.3.2 Indique qual a função da estruturas X e Y.

12. Atente nos seguintes acontecimentos:


A. Crossing-over entre cromatídeos de cromossomas homólogos.
B. Formação do fuso acromático.
C. Segregação independente dos cromossomas homólogos.
D. Sinapse de cromossomas homólogos.
E. Formação de quatro células-filhas, geneticamente iguais entre si.
F. Formação de duas células-filhas, geneticamente iguais entre si.
G. Duplicação do número de cromossomas.
H. Posicionamento dos cromossomas homólogos na placa equatorial.
12.1 Selecione aqueles que ocorrem na meiose.
12.2 Indique a ordem correta em que os acontecimentos referidos na alínea anterior surgem.
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Tema 6 - UNIDADE 3 - Ciclos de vida: unidade e diversidade 245

UNIDADE 3. Ciclos de vida: unidade e diversidade


O conjunto de transformações que ocorre na vida de um ser, desde que se forma até que origina a sua
própria descendência, designa-se por ciclo de vida.
Nos seres com reprodução sexuada, ao longo do ciclo de vida existe uma meiose, através da qual o número
de cromossomas das células envolvidas é reduzido para metade, e uma fecundação, em que o número de
cromossomas é duplicado, repondo-se, assim, o número próprio da espécie a que o ser pertence. Desta
forma, a meiose e a fecundação determinam uma alternância de fases nucleares — haploide (n cromos-
somas) / diploide (2n cromossomas). Como o momento do ciclo em que ocorrem estes dois fenómenos,
nomeadamente a meiose, não é o mesmo em todos os seres, podem considerar-se três tipos de ciclos
de vida: haplonte, diplonte e haplodiplonte.

CICLO DE VIDA HAPLONTE


Observa-se na maioria dos fungos e algas. A meiose ocorre após a formação do zigoto, pelo que se desig-
na meiose pós-zigótica. A fase diploide está limitada ao ovo ou zigoto, única entidade diploide do ciclo, e
o ser adulto é o representante da fase haploide.

A espirogira, alga verde filamentosa com células alongadas dispostas topo a topo, vive em ambientes de
água doce. Quando as condições do meio são favoráveis reproduz-se assexuadamente por fragmenta-
ção, reproduzindo-se de forma sexuada quando as condições ambientais não favorecem o desenvolvi-
mento rápido de indivíduos. Neste caso, apresenta um ciclo de vida haplonte.

Gâmeta recetor

FECUNDAÇÃO

Gâmeta dador

n 2n
HAPLOFASE DIPLOFASE Zigoto

MEIOSE

FIG. 1 Ciclo de vida da espirogira – ciclo haplonte.

Quando as células de dois filamentos ficam próximas formam-se entre elas canais, tubos de conjuga-
ção, por desagregação da parede na zona de contacto. Os conteúdos celulares das células — células
dadoras —, que funcionam como gâmetas masculinos, deslocam-se até às outras células — células
recetoras —, que funcionam como gâmetas femininos. Ocorre a fusão dos dois conteúdos, formando-se
um zigoto que, envolvido por uma parede espessa, fica em estado latente até que as condições ambien-
tais sejam favoráveis ao seu desenvolvimento. Quando tal acontece ocorre meiose, formando-se uma
célula com quatro núcleos. Três degeneram e a célula, agora com um único núcleo haploide, origina,
através de mitoses, uma nova espirogira.
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246 BIOLOGIA 11.0

CICLO DE VIDA DIPLONTE


Observa-se na maioria dos animais. A meiose ocorre Óvulo
antes da formação dos gâmetas, pelo que se designa

M
EI
meiose pré-gamética. A fase haploide está limitada

OS
E
Espermatozoide ÃO
aos gâmetas, únicas entidades haploides do ciclo, e AÇ
UND
Ovário FEC
o ser adulto é o representante da fase diploide.
Testículo Zigoto

O estudo do ciclo de vida da espécie humana é um


bom exemplo deste tipo de ciclo. Os gâmetas —
óvulo, feminino, e espermatozoide, masculino — são
Mitoses
produzidos em órgãos próprios, as gónadas — as e desenvolvimento
femininas são os ovários e as masculinas, os testí-
culos. Adultos multicelulares Fase haploide Fase diploide

FIG. 2 Ciclo de vida da espécie humana – ciclo diplonte.

CICLO DE VIDA HAPLODIPLONTE


Observa-se nas plantas. A meiose ocorre antes da formação dos esporos, pelo que se designa meiose
pré-espórica. A entidade pluricelular resultante da germinação dos esporos — gametófito — é a produtora de
gâmetas e o representante da fase haploide; a entidade pluricelular resultante do ovo ou zigoto — esporófito
— é a produtora de esporos e o representante da fase diploide.
O polipódio é um feto muito comum no nosso país e um bom exemplo deste tipo de ciclo. Apresenta um caule
subterrâneo — rizoma — e folhas de limbo muito recortado. Estes fetos podem reproduzir-se assexuada-
mente por fragmentação do rizoma. Na reprodução sexuada surgem, na época reprodutora, na página infe-
rior da folha umas estruturas arredondadas — soros — que são grupos de esporângios, estruturas onde se
formarão, por meiose, os esporos. Quando estiverem maduros são libertados, caem no solo e, se as condi-
ções forem favoráveis, por mitoses, originam uma estrutura pluricelular autotrófica — protalo —, onde se
irão produzir os gâmetas. Os gâmetas masculinos, anterozoides, produzidos nos anterídeos, movimentam-
-se na água existente no meio onde se encontra o protalo, até ao arquegónio onde se encontra o gâmeta
feminino, oosfera. Ocorre a fecundação, formando-se o zigoto, que por mitoses origina um novo feto.

Soros

Rizoma
Raízes Esporângio
E
MEIOS

Germinação
dos esporos
Arquegónio

Oosfera
ÃO

ND Gametófito
CU
FE
Anterídeo
com anterozoides Arquegónios

Anterídios

Fase haploide Fase diploide


FIG. 3 Ciclo de vida do polipódio – ciclo haplodiplonte.
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Tema 6 - UNIDADE 3 - Ciclos de vida: unidade e diversidade 247

REPRODUÇÃO SEXUADA

A sua alternância determina


Ocorre fecundação e meiose Alternância de fases nucleares

A sua localização no ciclo determina Floema


Células com n
Células com 2n
cromossomas cromossomas

Fase diploide Fase haploide


Diferentes ciclos de vida

Ciclo haplonte Ciclo diplonte Ciclo haplodiplonte

Ocorre em algas, Ocorre nos animais, como Ocorre nas plantas, como
como a espirogira a espécie humana o polipódio

Meiose pós-zigótica Meiose pré-gamética Meiose pré-espórica


˛ Planta adulta – entidade ˛ Indivíduo adulto – ˛ Esporófito – entidade diploide
haploide entidade diploide ˛ Esporos e estruturas deles
˛ Zigoto – única entidade ˛ Gâmetas – única resultantes – gametófitos –
diploide entidade haploide entidades haploides
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248 BIOLOGIA 11.0

t e U N I D A D E 3 - Tema 6
T e s
Ciclos de vida: unidade
e diversidade

1. A reprodução sexuada envolve dois fenómenos complementares – a fecundação e a meiose. Na figura estão esque-
matizados dois tipos de ciclos de vida. Observe-os com atenção e responda às questões formuladas.

Zigoto Gâmetas
n n
2n

O
FE

ÇÃ
HAPLOFASE

ME
CU

2n Zigoto
E

DA
DIPLOFASE
IOS

IOS
Gâmetas n
ND

UN
2n
ME

n

FEC
ÃO

HAPLOFASE
SER DIPLOFASE
SER

n 2n
MU
MU

LT
LT

IC IC
EL EL
UL UL
A AR B AR

1.1 Dê exemplos de seres que apresentem cada um dos tipos de ciclo de vida representados.
1.2 Estabeleça a correspondência correta entre os ciclos A e B e os números que indicam as suas designações.
I. ciclo de vida haplonte; II. ciclo de vida diplonte; III. ciclo de vida haplodiplonte.
1.3 Compare os dois ciclos representados quanto ao desenvolvimento das fases nucleares.

2. Ordene corretamente os acontecimentos a seguir indicados que ocorrem num ciclo de vida haplodiplonte, conside-
rando como ponto de partida a meiose.
A. Produção de esporos D. Formação de uma entidade diploide
B. Produção de gâmetas E. Meiose
C. Formação de uma entidade haploide F. Fecundação

3. Considere o ciclo de vida que se apresenta e com base nele classifique cada uma das afirmações como verdadeira
(V) ou falsa (F).

Gâmetas Fecundação Zigoto

Adulto Meiose

A. O ser adulto apresenta um número haploide de cromossomas.


B. O número de cromossomas do zigoto é igual ao da planta adulta.
C. A meiose é pré-gamética.
D. Os gâmetas são células haploides.
E. O ser adulto apresenta um número diploide de cromossomas.
F. O ciclo representado é um ciclo diplonte.
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Tema 6 - UNIDADE 3 - Ciclos de vida: unidade e diversidade 249

4. A figura seguinte representa um ciclo de vida de uma planta.

n n n

n n n

n n n n 2n 2n 2n

1 2 2n 2n 2n 2n 4

n n n n 3 2n 2n 2n

n n n

n n n

4.1 Estabeleça as correspondências corretas entre as entidades legendadas com os números da figura e os termos
a seguir indicados.
A. Gâmetas
B. Esporos
C. Esporófito
D. Gametófito
E. Zigoto
4.2 Estabeleça as correspondências corretas entre as entidades legendadas com os números de 1 a 5 e as seguin-
tes afirmações.
A. Célula resultante da fecundação.
B. Células que por fecundação originam um novo ser.
C. Entidade pluricelular haploide.
D. Entidade pluricelular diploide.
E. Células resultantes da meiose.

5. Utilizando a chave seguinte, escolha uma das opções para cada um dos pares de afirmações que se apresentam.

CHAVE AFIRMAÇÕES
A. As duas afirmações são verdadeiras. 1.o par
B. As duas afirmações são falsas. 1. Um ciclo de vida é haplodiplonte quando a meiose é pós-zigótica.
C. A afirmação 1 é verdadeira e a afirmação 2 é falsa. 2. Num ciclo de vida haplodiplonte o indivíduo adulto é diploide.
D. A afirmação 1 é falsa e a afirmação 2 é verdadeira.
2.o par
1. No ciclo diplonte, as únicas entidades haploides são os gâmetas.
2. Num ciclo diplonte a meiose é pré-gamética.
3.o par
1. Num ciclo haplonte a meiose é pré-espórica.
2. Num ciclo haplonte o indivíduo adulto é diploide.
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250 BIOLOGIA 11.0

6. Considere o seguinte texto relativo à alga do género Chlamydomonas e atente no seu ciclo de vida representado
na figura. De seguida responda às questões.

«As clamidomonas são algas microscópicas que se encontram em abun-


b
dância em diversos ambientes de água doce, sobretudo nas águas semipara-
b
das das lagoas ou na água de charcos e poças. Apresentam uma estrutura
b'
celular e metabolismo muito simples.
Nestas algas sucedem-se gerações obtidas por reprodução assexuada
c intercaladas por um processo de reprodução sexuada que permite o apareci-
mento de novas combinações genéticas. Durante certas estações do ano, as
células que resultam da reprodução assexuada da alga, após serem liberta-
das, cada uma delas pode fundir-se com outra originária de outra alga origi-
a nando-se uma célula que pode permanecer durante muito tempo em estado
de latência. Quando as condições forem favoráveis este zigoto sofre meiose
d
e as células dele resultantes iniciam um novo ciclo.»

6.1 Designe a célula legendada com a letra c, tendo em conta o fenómeno que a originou.
6.2 Indique o tipo de divisão celular que originou as células legendadas com a letra d.
6.3 Classifique o tipo de ciclo representado quanto ao momento em que a meiose ocorre.
6.4 Justifique a resposta dada em 6.3.
6.5 Considerando que a célula legendada com a letra d apresenta 10 cromossomas, as células a, b e c apresenta-
rão, respetivamente:
A. 20, 10, 10
B. 10, 10, 20
C. 10, 20, 20
D. 10, 20, 10
(Selecione a opção correta.)

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