Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva da carne bovina no estado do Rio Grande do Sul assume
características específicas em relação às demais regiões, devido aos seus solos e
campos, ao clima temperado como também pelo estilo dos manejos dos bovinos.
Fatores como competição por área, por outras atividades agrícolas, competição
de outros tipos de carnes, tais como: frango e suíno, somados à estabilidade
econômica, caracterizam o novo cenário da pecuária gaúcha.
Essas situações caracterizam a necessidade de novas formas de organização
e atuação dos agentes econômicos e governos, de modo que, a inserção com
sucesso, da cadeia produtiva da carne bovina, nessa nova dinâmica, depende em
grande parte, da capacidade de coordenação de seus agentes.
Em anos recentes se intensificaram os esforços para melhorar os índices de
produtividade da bovinocultura de corte, de forma que os produtores estão adotando
novas tecnologias, a fim de gerar aumentos tanto na produtividade, como na
eficiência econômica da produção. Haja vista, que os frigoríficos oferecem
bonificações pela oferta de bovinos de qualidade, dentro das
exigências/especificações de mercado.
Diante da importância que assume a bovinocultura de corte no estado do Rio
Grande do Sul, que possui o 5º maior rebanho bovino brasileiro, refere-se ao
1
NEUMANN, M.; ZUCHONELLI, C.; PRIEB, R.I.P. A cadeia produtiva da carne bovina: análise de
formação de preços da carne bovina no Rio Grande do Sul. In: JORNADA TÉCNICA EM SISTEMAS
DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E CADEIA PRODUTIVA: TECNOLOGIA, GESTÃO E
MERCADO, 1., Porto Alegre, 2006. Anais... Porto Alegre: UFRGS – DZ – NESPRO, 2006. 1 CD-
ROM.
1
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
2
Segundo o SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul).
3
Idem.
4
Segundo Anuário Brasileiro da Pecuária, 2005.
2
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
5
Volumoso é um alimento forrageiro com teor de fibra acima de 16% (ex.: silagem e feno).
6
Conforme Anuário Brasileiro da Pecuária 2005.
3
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
4
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
5
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
6
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
7
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
7
De acordo com o presidente da Comissão de Pecuária da FARSUL (Federação da Agricultura do Rio Grande
do Sul).
8
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
8
Segundo informações junto ao SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do
sul).
9
Refere-se a compra de carne bovina resfriada por parte da União Européia, segundo o frigorífico Mercosul.
9
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
modo que se destaca ainda um outro frigorífico, mas com menor participação na
exportação do estado, o frigorífico Extremo Sul, localizado na cidade de Capão do
Leão.
10
Segundo informações junto ao SICADERGS e Anuário Brasileiro de Pecuária 2003.
10
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
11
Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996.
12
Idem.
13
Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996.
11
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
14
Idem.
15
Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996.
16
Idem.
12
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
13
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
dos demais interesses envolvidos17. Neste sentido, para o caso da pecuária, verifica-
se o interesse de instituições e/ou órgãos de classe que coordenam a atividade,
quais sejam: a FARSUL (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) a qual
atua no sentido de coordenar os interesses relacionados aos produtores; o
SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul),
com interesses junto às indústrias frigoríficas; e o SICOCARNE (Sindicado do
Comércio Varejista de Carnes Frescas do Rio Grande do Sul), pelos distribuidores.
SHMITTER apud SILVA (1996) ressalta que o “capitalismo depende de ‘arenas
de decisão’, onde produtores e consumidores trocam bens e serviços regulados por
vários mecanismos”. Essas “arenas de decisão” se referem à própria instância em
que as negociações ocorrem.
Segundo BERTRAND apud SILVA (1996) “no complexo não coexistem apenas
os agricultores, as firmas, os comerciantes, mas também ‘forças intelectuais’: a
pesquisa, as agências de divulgação de técnicas ou a publicidade e o crédito”;
portanto, pode-se afirmar que abrange todas as instâncias que de certa forma
compreendem ou são capazes de interferir nos interesses do complexo. Ocorre que
nessa concepção, o Estado além de representar o local onde essas forças atuam,
tem uma participação relativamente importante na configuração dos interesses que
se organizam.
Formação de preços
Primeiramente torna-se necessário mostrar que no estado gaúcho, há uma
grande desorganização do setor em função da crescente competitividade de carnes,
da abertura comercial e da constituição do Mercosul.
Neste sentido, pode-se afirmar que quando se considera apenas os frigoríficos
e as grandes redes de supermercados, verifica-se uma estrutura de mercado
oligopsônica. Por outro lado no segmento da produção, este é constituído por
produtores com barganhas semelhantes, no tocante aos preços recebidos, mesmo
porque não se verifica neste segmento a formação de estoques, (visto que seria
totalmente inviável devido aos custos elevados, manter um animal, na propriedade,
passado a sua idade de abate, o qual viria a encarecer a sua produção, e com
17
Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996.
14
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
relação ao estoque da carne em si, também fica difícil, por ser um produto perecível)
que poderiam permitir uma formação de preços diferente daquela da concorrência
perfeita.
Assim, a discussão entre formação de preços na cadeia produtiva da carne
bovina, com relação ao valor pago pela indústria para os produtores, gira em torno
das forças de mercado, oferta e demanda, de modo que, se estabelece forte relação
com a renda per capta, o preço da própria carne e o preço de seus substitutos e/ou
alternativos (frango e suíno), bem como pelas alterações nas preferências dos
consumidores.
A partir daí procura-se estabelecer os fatores que afetam essa oferta e
demanda de carne bovina no estado do Rio Grande do Sul. Convém mencionar que
na oferta há relação direta entre preço e quantidade, ou seja, quanto maior o preço,
tanto maior será a quantidade que os produtores pretendem oferecer à venda.
No caso específico do Rio Grande do Sul, verifica-se que os fatores que
exercem grande influência sobre a oferta de carne bovina são: os níveis de preços
correntes do boi gordo; a sanidade do rebanho, a qual afeta significativamente a
oferta, visto que compromete toda uma produção; a concorrência do mercado
centro-oeste, afetando a competitividade do setor, devido falta de oneração fiscal; e
a elevada carga tributária, a qual desestrutura a atividade econômica, pois o
resultado do elevado ônus fiscal é um incentivo a sonegação e ao abigeato,
impedindo uma melhor estruturação do setor.
Já com relação à demanda, constando que a quantidade procurada varia
inversamente com o preço, sendo assim, a demanda de carne bovina é influenciada:
pelas carnes substitutas e/ou alternativas, quais sejam, principalmente a carne de
frango, visto que esta representa grande parcela de participação junto ao mercado
consumidor, que pelo seu baixo custo de produção apresentando preços inferiores
ao se comparar à carne bovina, tendo ainda como alternativa a carne suína, mas
esta com uma parcela bem menor de consumo; pelo preço da própria carne bovina,
visto que há o fator da preferência do consumidor, que altera o consumo conforme o
preço, considerando que o Rio Grande do Sul apresenta um consumo per capta de
aproximadamente 47 kg; como também a demanda é influenciada pela renda
disponível.
15
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
18
DAVISSON, W.I. Introdução à análise microeconômica, 1974.
19
DAVISSON, W.I. Introdução à análise microeconômica, 1974.
16
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
17
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
18
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
20
VARIAN, H.R., Microeconomia - Princípios básicos, 2000.
19
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
21
Idem.
22
Idem.
20
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
23
SALVATORE, Microeconomia. 1977.
21
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
Alianças mercadológicas
Entende-se por Aliança Mercadologia, uma proposta de parceria entre os
segmentos da cadeia produtiva da carne bovina, visando produzir, industrializar e
disponibilizar para o consumidor final, uma carne de qualidade superior, resultante
do abate de novilhos precoces.
PEROSA (1998) define aliança mercadológica como um compromisso
estabelecido entre os segmentos de produção, abate/processamento e distribuição
de carne bovina, tendo como objetivo ofertar um produto com atributos de qualidade
que a diferencie da carne-commoditie disponível no varejo.
A aliança mercadológica da cadeia da carne bovina tem por objetivo
estabelecer canais estáveis de distribuição de carne de qualidade superior, nesse
sentido, realizando um acordo entre pecuaristas, frigoríficos e supermercados, a fim
24
Estudo realizado pela FNP Consultoria & Comércio (2002).
22
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
25
Apontados por várias literaturas a respeito do assunto, entre eles: RESTLE & VAZ (2002).
23
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
24
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
Políticas governamentais
No final da década de 70 até meados dos anos 80, as alíquotas do então ICMS
para produtos agropecuários variavam de 4,52% a 17,8%, dependendo do estado. A
partir de 1984, a alíquota de ICMS passou a ser de 17% e única em todo o território
nacional. No entanto, atribui-se a esse aumento de tributação, a ampliação da
economia informal, com reflexos diretos sobre o abate clandestino, e a conseqüente
queda na qualidade da carne oferecida à população27.
Segundo ANJOS (1995), à medida que a alíquota foi elevada, houve aumento
na sonegação e conseqüentemente, uma arrecadação relativamente menor.
Sendo assim, os problemas financeiros enfrentados pela indústria frigorífica
têm sido atribuídos em boa parte à concorrência desleal das empresas que
sonegam, devido às elevadas alíquotas do ICMS.
26
Conforme apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia).
27
Segundo informações junto a FEE.
25
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
26
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
28
Segundo o SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul).
27
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
28
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
(produtor) em vender ou não, pois uma compra mal feita resulta em prejuízo
irreversível.
b) - Consumo interno de carne bovina.
c) - Exportação de carne bovina e derivados.
d) - Expansão da pecuária – Influenciado pelas campanhas de vacinação
contra febre aftosa, as quais, por sua vez, fizeram com que os dados estatísticos se
tornassem mais confiáveis, devido ao controle de registros.
e) - Monitoramento do rebanho ou rastreabilidade, o Sistema Brasileiro de
Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina – SISBOV, foi criado com a
finalidade de identificar e certificar o rebanho, com relação à origem, destino,
sanidade, manejo, alimentação, medicação administrada por animal e qualidade da
carne produzida.
Consta que o SISBOV atinge apenas 2,5% do rebanho gaúcho. Das 13,4
milhões de cabeças de gado existentes no estado, pouco mais de 300 mil fazem
parte da base de dados do programa29.
O Rio Grande do Sul precisa rastrear o seu rebanho para continuar exportando
aos países da União Européia, porém, o estado enfrenta sérios problemas no que se
refere às diferentes estatísticas apresentadas, que indicam graves distorções em
relação ao número de animais abatidos anualmente no estado. "Uma das fontes nos
sugere 3,5 milhões, a outra 2,1 milhões e a terceira quase um milhão de cabeças"30.
Destaca-se que o sistema de rastreabilidade viria a dirimir qualquer dúvida acerca
do número real de bovinos abatidos entre outras informações difusas que existem no
setor.
Atualmente este é um fator a se considerar, pois animais com rastreabilidade
apresentam um valor agregado maior na ocasião da venda, em torno de 5 a 8%,
conforme comunicação pessoal do comércio local.
29
Informações do coordenador do SISBOV, publicadas no site: www.megaagro.com.br no dia 17/10/2003.
30
Idem.
29
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
indústrias para a exportação, fazendo com que o preço do boi gordo gaúcho seja,
normalmente o menor em relação aos estados considerados como as principais
praças formadoras de preços, quais sejam: São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul e Goiás.
O estado do Rio Grande do Sul embora enfrente alguns problemas no setor da
pecuária bovina, os preços, ainda que não sejam os melhores, durante a década de
90 até 2006, estão em torno da média do custo esperado pela produção da pecuária
gaúcha, que se baseia primordialmente e/ou tradicionalmente, na produção de
animais a pasto; mas, mesmo assim, precisam melhorar, para que o estado do Rio
Grande do Sul possa atuar com mais competitividade junto aos demais estados.
Os novilhos precoces produzidos no estado recebem uma remuneração de 5%
sobre o preço médio do dia pago pelo frigorífico, por serem um produto diferenciado.
Além disso, animais com padrão britânico, com especificidades de gordura de
cobertura entre 3 e 10 milímetros, até 4 dentes (30 meses), ganham mais 2% de
bonificação; como também os novilhos que apresentem comprovada rastreabilidade
superior a 40 dias, pelo SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação
de Origem Bovina e Bubalina), recebem mais R$ 0,05 (cinco centavos) por quilo de
carcaça fria31.
A carne bovina é uma commodity e a indústria está buscando agregar valor aos
produtos, procurando desenvolver produtos semi-prontos e/ou prontos. O
investimento nessa área está sendo em produtos com maior valor agregado. Outro
aspecto importante é a embalagem dos produtos que difere de acordo com a parcela
alvo do mercado, havendo grande distinção nas embalagens destinadas à
exportação, influenciando na divulgação da marca. Os produtos destinados ao
mercado externo junto à marca própria do frigorífico, estão associados à marca
South Brazilian Beef, que envolve um grupo de indústrias frigoríficas do Rio Grande
do Sul, SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena e Micro Empresa) e APEX
(Programa de Apoio a Exportação), em parceria com o SICADERGS (Sindicado da
Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul), visando atender os
31
Dados conseguidos junto ao Frigorífico Mercosul, de Bagé (RS), principal exportador gaúcho.
30
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
31
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
34
Segundo ANUALPEC, 2002.
32
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
33
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
34
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
carne produzida nos dois estados é vendida no Rio Grande do Sul sem recolhimento
de ICMS devido a incentivos fiscais. Os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul respondem por 20% da oferta de carne no Rio Grande do Sul36.
Salienta-se, também, que a carga tributária do Rio Grande do Sul é a mais
elevada do país, responsável pela perda de até 18% da competitividade com outros
estados37.
Outra questão se refere ao relacionamento entre pecuarista e frigorífico, o qual
é considerado como um dos principais entraves para o desenvolvimento da cadeia,
ou seja, o grau de confiança entre eles é importante para haja um melhor
desenvolvimento da produção em termos de estruturação e adequação dos seus
produtos. Um exemplo disso fica por conta dos ganhos do pecuarista. O maior
ganho dele não é o pagamento de um acréscimo no preço do Novilho Precoce sobre
o preço do mercado, mas sim um ganho determinado pelo maior giro de animais,
conseguido entre outras coisas, pela maior confiança na relação entre pecuarista e
frigorífico.
Ressalta-se ainda, como entrave econômico, o comportamento de compra dos
indivíduos, sendo influenciado por variáveis demográficas-culturais, variáveis
psicológicas e pela situação de compra. Em termos de variáveis psicológicas, pode-
se observar que existe uma tendência a consumir produtos com baixo teor de
colesterol e sem excessos de gordura. Nesse aspecto, a carne vermelha possui uma
propaganda negativa, o que não ocorre com as carnes brancas.
Outro fator também bastante relevante nessa questão de entraves econômicos
na cadeia produtiva da carne bovina é a concorrência de outras carnes,
principalmente a de frango, devido a apresentar preços mais baixos, benefícios
nutricionais, ser prática e saudável, sendo este fator inteiramente ligado ao problema
atualmente enfrentado por toda a população, que é o baixo poder aquisitivo.
Quanto ao mercado externo, este vem apresentando crescentes exigências,
quanto aos aspectos de qualidade ambiental e sanidade animal, nesse sentido, o
estado do Rio Grande do Sul possui apenas um frigorífico apto a maiores
exportações.
36
Com base em nota publicada no Jornal Correio do Povo em 28/09/2003.
37
Segundo o SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul).
35
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estado é dependente do consumo interno, visto que exporta apenas 3% da
sua produção, unindo-se a isso o fato dos problemas financeiros que a população
vem enfrentando, ou seja, um baixo poder aquisitivo, ocasionando com freqüência,
uma oferta maior que a procura, na cadeia produtiva da carne bovina.
A cadeia da carne bovina do Rio Grande do Sul, apesar de encontrar-se em
fase de transformação, pode ser caracterizada como desorganizada, apresentando
falta de coordenação e também não possui estratégias bem definidas. Isso pode ser
observado quanto a dados sobre a atividade em si, os quais são muitas vezes
difusos, quando não são escassos.
O relacionamento entre os setores da produção e a indústria frigorífica deverá
ser aprimorado. O produtor necessita de orientação técnica a respeito do que, e
como produzir, para melhor cumprir os padrões exigidos, os quais elevam a
competitividade da cadeia, de modo que, os frigoríficos devem desenvolver uma
política de aproximação com a produção, firmando parcerias e premiando qualidade.
No que se refere ao sistema de produção, observa-se que há a necessidade de
se fazer alguns investimentos, especialmente em tecnologia, pois sem a introdução
de tecnologias fica difícil vencer os desafios que são colocados pela globalização.
Assim é necessário intensificar os sistemas de produção. Nesse sentido, o novilho
precoce é uma alternativa que tem se mostrado capaz de uma estratégia importante
na redução do ciclo da produção da pecuária, pois visa o abate de animais jovens,
sendo um importante indutor de incorporação de outras tecnologias contribuindo
para o aumento da competitividade do setor e possibilitando aumento do giro de
capital, com incrementos de produção e produtividade, de forma que, esse sistema
de produção baseado no novilho precoce, tem sido estudado por diferentes autores
e os resultados têm evidenciado que além dos benefícios biológicos, existem ganhos
econômicos importantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, D.R.D., SILVA, A.L. Consumo de carne bovina no Brasil. In: Estudo sobre
a eficiência econômica e competitividade da cadeia agroindustrial da pecuária
de corte no Brasil. Brasília, IEL, CNA, SEBRAE, 2000.
36
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
37
“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”
38