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Resumo
Neste trabalho é estudado o comportamento de blocos de concreto armado sobre duas estacas com cálice embutido,
empregado na ligação pilar-fundação de estruturas de concreto pré-moldado. Foi desenvolvida análise numérica
tridimensional utilizando programa baseado no método dos elementos finitos (MEF), em que foi considerada a não-
linearidade física dos materiais. Nos blocos estudados variaram-se o tipo de conformação das paredes do cálice, a
espessura da parede e o ângulo de inclinação das bielas. Os resultados indicam um fluxo de tensões na região compreendida
entre o fundo do cálice e o fundo do bloco, e formação de biela comprimida a partir do encontro do pilar com o bloco.
Por meio das tensões nas barras da armadura principal, foi possível obter a força no tirante e na biela comprimida
antes da ruína dos modelos. Constatou-se que os blocos com ângulo da biela igual a 45º e 55º apresentaram comportamentos
distintos em relação às configurações e espessuras das paredes do cálice. O dimensionamento dos blocos, por sua
vez, baseou-se nos modelos de bielas e tirantes.
Palavras-chave: blocos sobre estacas, cálice de fundação embutido, modelo de bielas, tirantes.
Figura 1 Bloco de fundações com cálice externo, parcialmente embutido e totalmente embutido.
O uso cada vez mais frequente de elementos pré- estruturais desde que a tensão máxima não ultrapasse a
moldados em estruturas usuais exige que os engenheiros resistência à tração do material.
tenham conhecimento técnico e prático a respeito do assunto.
No caso de elementos pré-moldados, há ainda vasta lacuna Blocos Sobre Duas Estacas com Cálice
a ser preenchida com pesquisas e experimentos. Embutido
Para as análises realizadas neste trabalho, utilizaram- As simulações numéricas foram feitas via método
se resultados provenientes de modelos teóricos e analíticos, dos elementos finitos, por meio do programa computacional
assim como resultados obtidos por meio de modelos DIANA®, versão 9.2, registrada para o Departamento
numéricos utilizando programa computacional baseado de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia
no método dos elementos finitos (MEF). Nesses modelos de São Carlos (USP).
foram consideradas as não linearidades físicas do concreto Foram estudados blocos sobre duas estacas com
e das barras de aço das armaduras. Outras informações cálice embutido, utilizado na ligação com pilar pré-moldado.
podem ser obtidas em Barros (2009). As condições de contorno bem como as ações que atuam
no bloco procuraram reproduzir uma situação próxima
Modelo de Bielas e Tirantes da real existente em projetos. As propriedades mecânicas
O modelo de bielas e tirantes baseia-se na analogia dos materiais utilizados nos modelos foram obtidas por
de treliça clássica introduzida no início do século XX meio das normas ABNT NBR 6118:2003 e ABNT NBR
por Ritter & Mörsch, na qual a viga de concreto armado 7480:2007.
fissurada é associada a uma treliça de banzos paralelos. A análise numérica teve por objetivo avaliar o
Após anos de estudos, o modelo evoluiu, obtendo-se então comportamento do bloco sobre duas estacas com cálice
a treliça generalizada de Mörsch, na qual os banzos superior embutido, no que diz respeito às curvas do tipo força
e inferior não são paralelos nem a inclinação das bielas versus deslocamentos.
é constante e igual a 45º ao longo de toda a viga. Porém,
a idéia básica da treliça clássica de que a viga se comporta Parâmetros analisados
como uma treliça continua válida. Os parâmetros escolhidos para serem analisados
O modelo de bielas e tirantes é uma representação nas simulações numéricas foram os seguintes: o ângulo
discreta do fluxo de tensões num determinado elemento de inclinação da biela comprimida, a espessura da parede
estrutural. A estrutura inicial é representada por uma estrutura lateral do cálice e a conformação das paredes do cálice.
equivalente composta por barras comprimidas e tracionadas, Os ângulos adotados para a biela de compressão
interligadas por meio de nós. As barras comprimidas foram iguais a 45º e 55º. A escolha desses valores se
recebem o nome de biela e devem absorver o fluxo de deu em função das recomendações de Blévot & Frémy
tensões de compressão, sendo normalmente representadas (1967).
por linhas contínuas. As barras tracionadas recebem o Tratando da espessura das paredes laterais do cálice,
nome de tirante e devem absorver o fluxo de tensões de foram adotados os valores de 15 cm e 20 cm. Por conta
tração existentes no elemento, sendo representadas por da ausência de informações específicas na bibliografia
linhas contínuas. a respeito de cálice embutido, optou-se por utilizar as
Em elementos de concreto armado, as bielas recomendações de Leonhardt & Mönnig (1978) e da ABNT
representam as regiões de concreto que estão submetidas NBR 9062:1985 para cálice externo.
à compressão, enquanto os tirantes representam as barras A conformação das paredes internas do cálice também
de aço submetidas à tração. Eventualmente, podem ser foi considerada, sendo avaliados cálices com paredes
previstos tirantes de concreto em alguns elementos rugosas ou lisas.
BLH75A45_15 Lisa
15
BRH65A45_15 Rugosa
45º
BLH75A45_20 Lisa
20
BRH65A45_20 Rugosa
BLH75A55_15 Lisa
15
BRH65A55_15 Rugosa
55º
BLH75A55_20 Lisa
20
BRH65A55_20 Rugosa
modificado de Mohr-Coulomb descrito em Chen (1982), O valor da coesão foi calculado pela expressão (1), em
pode ser utilizado para descrever esse comportamento. que fc’ é a resistência característica à compressão do concreto
De acordo com Chen (1982), valores usuais para e φ é o ângulo interno de atrito. A Figura 4a apresenta os
ângulo interno de atrito φ estão em torno de 37º. Entretanto, elementos de interface aplicados na região do encontro
esse valor resulta numa resistência à tração de cerca de do pilar com o bloco, enquanto a Figura 4b apresenta o
25% do valor da resistência à compressão, valor este modelo BRH65A55_15.
comprovadamente alto para os concretos atuais. Dessa
f c' × (1 - senf ) (1)
maneira, adotou-se um ângulo interno de atrito φ igual a c=
31º, cuja tangente resulta em 0,6 e o valor da resistência ×
2cos f
característica à tração do concreto foi considerado de As Figuras 5a, 5b, 5c e 5d apresentam as barras
acordo com as recomendações da ABNT NBR 6118:2003. das armaduras discretizadas no DIANA.
z 19
20 18
16 17
13 14
15
12
h
9 11
8 7
10 6
x
1
5
2
3 4
(a) (b)
Bloco
Z Z Estaca e pilar
IS88 – CQ481 Graute
X Y X Y Placa metálica
HE20 – CHX60
Figura 4 (a) Região de interface entre o pilar e o graute, e (b) malha de elementos finitos do modelo BRH65A55_15.
(a) (b)
Z Z
X Y X Y
(c) (d)
Z Z
X Y X Y
Força (kN)
2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BRH65A45_15 BRH65A55_15 BRH65A45_20 BRH65A55_20
2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BLH75A45_15 BLH75A55_15 BLH75A45_20 BLH75A55_20
2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BRH65A45_15 BRH65A45_20 BLH75A45_15 BLH75A45_20
BRH65A55_15 BRH65A55_20 BLH75A55_15 BLH75A55_20
Bloco com biela igual a 45º, e = 15 cm Bloco com biela igual a 45º, e = 20 cm
3500 3500
(a) (b)
2800 2800
Força (kN)
2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BLH75A45_15 BRH65A45_15 BLH75A45_20 BRH65A45_20
Bloco com biela igual a 55º, e = 15 cm Bloco com biela igual a 55º, e = 20 cm
3500 3500
(a) (b)
2800 2800
Força (kN) 2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BLH75A55_15 BRH65A55_15 BLH75A55_20 BRH65A55_20
520
494
468
443
417
392
366
Barra 1 340
315
Barra 2 289
Barra 3 263
Barra 4 238
Barra 5 212
Barra 6 186
161
135
109
83.8
Y 58.2
32.6
Z X
Tensão (MPa)
285 285
234 234
Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 12 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BLH75A45_15 e BLH75A45_20.
Tensão (MPa)
386 386
295 295
203 203
Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 13 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BLH75A55_15 e BLH75A55_20.
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)
351 349
336 336
192 192
Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 14 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BRH65A45_15 e BRH65A45_20.
Tensão (MPa)
299 299
201 203
244 243
Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 15 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BRH65A55_15 e BRH65A55_20.
Com os valores de tensão normal em cada barra é as tensões no encontro do bloco com o pilar e do bloco
possível obter um valor médio para a tensão nas barras com as estacas. Esses valores foram calculados por meio
da armadura principal do tirante, a partir do qual, do modelo de bielas e tirantes, no último passo de carregamento.
multiplicando-se pelo valor da área dessas barras, pode-
se encontrar o valor da força resultante Rst atuante em Considerações Finais
cada um dos modelos. Os resultados indicaram que em todos os modelos
Com o valor da força Rst e da força última atuante a formação da biela se inicia a partir do encontro do
no pilar, por meio do polígono de forças é possível encontrar pilar com o bloco. Entretanto, por tratar-se de resultados
o valor da força de compressão Rcb atuante nas bielas de numéricos, recomenda-se a realização de ensaios
compressão. Também é possível chegar ao valor das tensões experimentais para comprovar esse comportamento.
nodais no encontro do bloco com o pilar e do bloco com Verificou-se que os blocos com inclinação da biela
as estacas. de compressão igual a 45º apresentaram a mesma tendência
A Tabela 5 apresenta os valores das forças nas barras de comportamento, independente da espessura e da
da armadura principal e na biela comprimida, bem como configuração das paredes do cálice.