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ANÁLISE DE BLOCOS DE CONCRETO ARMADO SOBRE DUAS ESTACAS COM CÁLICE EMBUTIDO 161

ANÁLISE DE BLOCOS DE CONCRETO


ARMADO SOBRE DUAS ESTACAS
COM CÁLICE EMBUTIDO
Rodrigo Barros
José Samuel Giongo
Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC-USP, Av. Trabalhador
São-carlense, 400, CEP 13560-590, São Carlos, SP, Brasil,
e-mails: barrosrn@sc.usp.br, jsgiongo@sc.usp.br

Resumo
Neste trabalho é estudado o comportamento de blocos de concreto armado sobre duas estacas com cálice embutido,
empregado na ligação pilar-fundação de estruturas de concreto pré-moldado. Foi desenvolvida análise numérica
tridimensional utilizando programa baseado no método dos elementos finitos (MEF), em que foi considerada a não-
linearidade física dos materiais. Nos blocos estudados variaram-se o tipo de conformação das paredes do cálice, a
espessura da parede e o ângulo de inclinação das bielas. Os resultados indicam um fluxo de tensões na região compreendida
entre o fundo do cálice e o fundo do bloco, e formação de biela comprimida a partir do encontro do pilar com o bloco.
Por meio das tensões nas barras da armadura principal, foi possível obter a força no tirante e na biela comprimida
antes da ruína dos modelos. Constatou-se que os blocos com ângulo da biela igual a 45º e 55º apresentaram comportamentos
distintos em relação às configurações e espessuras das paredes do cálice. O dimensionamento dos blocos, por sua
vez, baseou-se nos modelos de bielas e tirantes.
Palavras-chave: blocos sobre estacas, cálice de fundação embutido, modelo de bielas, tirantes.

Introdução estruturas de volume usadas para transmitir às estacas


A escolha do tipo de fundação a ser utilizado numa as cargas de fundação”.
obra depende essencialmente de parâmetros técnicos e O surgimento de novas tecnologias, assim como
econômicos que devem ser avaliados pelo engenheiro o avanço na indústria da construção civil, atinge diretamente
responsável pelo projeto. Diversos parâmetros a respeito os processos construtivos no que diz respeito ao tempo
do solo, como estratificação do terreno, situações de construção, aumento da produtividade e redução de
topográficas, intensidade das ações, disposição das desperdício. Nesse cenário, o uso do concreto pré-moldado
edificações limítrofes, bem como os tipos de fundação se torna cada vez mais disseminado no meio técnico,
possíveis de serem realizados, são importantes para que por atender a essas novas exigências.
se obtenha a melhor solução em termos da fundação a Os blocos sobre estacas são peças importantes
ser adotada. quando da ligação do pilar pré-moldado com a fundação.
Quando as camadas superiores do terreno não Dentre as possíveis formas de ligação desses elementos
são capazes de resistir às ações, é necessário recorrer a destaca-se o uso de blocos de fundação com cálice ou
camadas mais profundas do solo, usando, portanto, colarinho por apresentarem relativa facilidade de construção
fundações profundas. Dentre as diversas soluções e possibilidade de ajuste e de transmissão de momentos
disponíveis, o emprego de estacas de concreto armado é dos pilares para as estacas.
uma das mais difundidas no meio técnico, podendo ser O cálice é a parte do bloco que recebe o pilar
dimensionadas considerando apenas sua resistência de pré-moldado, funcionando como um encaixe entre esses
ponta ou com o uso de atrito lateral, dependendo da situação. elementos, e suas paredes podem ser lisas ou rugosas.
O uso desse tipo de solução, porém, requer um novo O pilar fica em contato com o cálice num trecho denominado
elemento estrutural capaz de realizar a ligação entre os comprimento de embutimento, emb. Nesse tipo de ligação,
pilares e as estacas. Tal elemento é conhecido como bloco três situações de cálices são admitidas, conforme Figura
de coroamento, bloco de fundação ou mesmo bloco sobre 1: totalmente externo ao bloco, parcialmente embutido
estacas. Segundo a ABNT NBR 6118:2003, “blocos são ou totalmente embutido no bloco.

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Figura 1 Bloco de fundações com cálice externo, parcialmente embutido e totalmente embutido.

O uso cada vez mais frequente de elementos pré- estruturais desde que a tensão máxima não ultrapasse a
moldados em estruturas usuais exige que os engenheiros resistência à tração do material.
tenham conhecimento técnico e prático a respeito do assunto.
No caso de elementos pré-moldados, há ainda vasta lacuna Blocos Sobre Duas Estacas com Cálice
a ser preenchida com pesquisas e experimentos. Embutido
Para as análises realizadas neste trabalho, utilizaram- As simulações numéricas foram feitas via método
se resultados provenientes de modelos teóricos e analíticos, dos elementos finitos, por meio do programa computacional
assim como resultados obtidos por meio de modelos DIANA®, versão 9.2, registrada para o Departamento
numéricos utilizando programa computacional baseado de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia
no método dos elementos finitos (MEF). Nesses modelos de São Carlos (USP).
foram consideradas as não linearidades físicas do concreto Foram estudados blocos sobre duas estacas com
e das barras de aço das armaduras. Outras informações cálice embutido, utilizado na ligação com pilar pré-moldado.
podem ser obtidas em Barros (2009). As condições de contorno bem como as ações que atuam
no bloco procuraram reproduzir uma situação próxima
Modelo de Bielas e Tirantes da real existente em projetos. As propriedades mecânicas
O modelo de bielas e tirantes baseia-se na analogia dos materiais utilizados nos modelos foram obtidas por
de treliça clássica introduzida no início do século XX meio das normas ABNT NBR 6118:2003 e ABNT NBR
por Ritter & Mörsch, na qual a viga de concreto armado 7480:2007.
fissurada é associada a uma treliça de banzos paralelos. A análise numérica teve por objetivo avaliar o
Após anos de estudos, o modelo evoluiu, obtendo-se então comportamento do bloco sobre duas estacas com cálice
a treliça generalizada de Mörsch, na qual os banzos superior embutido, no que diz respeito às curvas do tipo força
e inferior não são paralelos nem a inclinação das bielas versus deslocamentos.
é constante e igual a 45º ao longo de toda a viga. Porém,
a idéia básica da treliça clássica de que a viga se comporta Parâmetros analisados
como uma treliça continua válida. Os parâmetros escolhidos para serem analisados
O modelo de bielas e tirantes é uma representação nas simulações numéricas foram os seguintes: o ângulo
discreta do fluxo de tensões num determinado elemento de inclinação da biela comprimida, a espessura da parede
estrutural. A estrutura inicial é representada por uma estrutura lateral do cálice e a conformação das paredes do cálice.
equivalente composta por barras comprimidas e tracionadas, Os ângulos adotados para a biela de compressão
interligadas por meio de nós. As barras comprimidas foram iguais a 45º e 55º. A escolha desses valores se
recebem o nome de biela e devem absorver o fluxo de deu em função das recomendações de Blévot & Frémy
tensões de compressão, sendo normalmente representadas (1967).
por linhas contínuas. As barras tracionadas recebem o Tratando da espessura das paredes laterais do cálice,
nome de tirante e devem absorver o fluxo de tensões de foram adotados os valores de 15 cm e 20 cm. Por conta
tração existentes no elemento, sendo representadas por da ausência de informações específicas na bibliografia
linhas contínuas. a respeito de cálice embutido, optou-se por utilizar as
Em elementos de concreto armado, as bielas recomendações de Leonhardt & Mönnig (1978) e da ABNT
representam as regiões de concreto que estão submetidas NBR 9062:1985 para cálice externo.
à compressão, enquanto os tirantes representam as barras A conformação das paredes internas do cálice também
de aço submetidas à tração. Eventualmente, podem ser foi considerada, sendo avaliados cálices com paredes
previstos tirantes de concreto em alguns elementos rugosas ou lisas.

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ANÁLISE DE BLOCOS DE CONCRETO ARMADO SOBRE DUAS ESTACAS COM CÁLICE EMBUTIDO 163

Modelos analisados numericamente A Tabela 2 apresenta as propriedades geométricas


A nomenclatura adotada para os modelos foi idealizada dos quatro grupos de blocos analisados. Os pilares e estacas
a partir dos seguintes parâmetros: conformação das paredes são de seção quadrada com medida dos lados igual a 30
do cálice, altura total do bloco (função do comprimento cm. As paredes laterais possuem dois valores de espessura:
de embutimento, emb), ângulo de inclinação da biela 15 cm e 20 cm. Além disso, entre o pilar e o cálice há uma
comprimida e espessura da parede lateral do cálice. folga de 5 cm em cada face, que posteriormente é ocupada
Para compreender melhor a nomenclatura adotada, pelo graute, resultando assim nos valores de BLy.
utilizam-se os exemplos a seguir. O modelo BLH75A45_15 As barras das armaduras principais do tirante foram
representa o bloco com conformação lisa das paredes, altura dimensionadas para não escoarem. Os pilares e as estacas
do bloco de 75 cm, ângulo de inclinação da biela igual a tiveram concretos com resistência à compressão maior
45º e espessura da parede igual a 15 cm. Já o modelo do que as resistências do concreto dos blocos e das vigas.
BRH65A55_20 representa o bloco com conformação das Esse procedimento teve o intuito de evitar a ruína dos
paredes rugosas, altura do bloco de 65 cm, ângulo de modelos no pilar ou na estaca. A Tabela 3 apresenta a
inclinação da biela igual a 55º e espessura da parede igual configuração das barras das armaduras adotadas nos
a 20 cm. A Tabela 1 reproduz os modelos estudados. modelos. O valor da resistência característica ao escoamento
Os blocos foram dimensionados segundo recomen- foi igual a 500 MPa, enquanto o módulo de elasticidade
dações de Blévot & Frémy (1967), da ABNT NBR foi de 210 GPa.
9062:1985 e da ABNT NBR 6118:2003, na determinação A Tabela 4, por sua vez, apresenta os valores das
do arranjo das barras das armaduras. Como o objetivo propriedades mecânicas dos concretos utilizados nos
da análise em questão é estudar o comportamento do modelos, sendo que fck é a resistência característica à
bloco com cálice embutido, optou-se por não variar a compressão do concreto, fct,m é a resistência média à tração
geometria dos pilares e das estacas nos modelos do concreto e Ecs é o módulo de elasticidade secante do
analisados. concreto.

Tabela 1 Modelos analisados numericamente.

Nomenclatura Ângulo Espessura Interface

BLH75A45_15 Lisa
15
BRH65A45_15 Rugosa
45º
BLH75A45_20 Lisa
20
BRH65A45_20 Rugosa

BLH75A55_15 Lisa
15
BRH65A55_15 Rugosa
55º
BLH75A55_20 Lisa
20
BRH65A55_20 Rugosa

Tabela 2 Propriedades geométricas dos modelos analisados.


Dimensão da Dimensão do ?emb Altura
Blocos BLx (cm) BLy (cm)
estaca (cm) pilar (cm) (cm) (cm)

BLH75A45 30x30 30x30 205 70/80 45 75

BLH75A55 30x30 30x30 165 70/80 45 75

BRH65A45 30x30 30x30 185 70/80 35 65

BRH65A55 30x30 30x30 150 70/80 35 65

BLx e BLy são os comprimentos dos blocos nas direções x e y, respectivamente.

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Tabela 3 Barras de aço das armaduras dos modelos analisados.

Blocos BLH75A45 BLH75A55 BRH65A45 BRH65A55


Armadura longitudinal 6Ø20 mm 6Ø20 mm 6Ø20 mm 6Ø20 mm
Estribo vertical 6Ø6,3 c/10 6Ø6,3 c/11,5 6Ø6,3 c/13,5 6Ø6,3 c/15,5
Estribo horizontal 4Ø6,3 c/15 4Ø6,3 c/15 4Ø6,3 c/15 4Ø6,3 c/15
Ashp 3Ø6,3 c/6 3Ø6,3 c/6 3Ø6,3 c/6 3Ø6,3 c/6
Ashs 4Ø6,3 c/10 4Ø6,3 c/10 4Ø6,3 c/10 4Ø6,3 c/10
Asvp 2Ø6,3 c/10 2Ø6,3 c/10 2Ø6,3 c/10 2Ø6,3 c/10
Asvs 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8
Armadura de punção 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8
Armadura de costura 6Ø6,3 c/10 6Ø6,3 c/11,5 6Ø6,3 c/13,5 6Ø6,3 c/15,5
Armadura do pilar 12Ø12,5 mm 12Ø12,5 mm 12Ø12,5 mm 12Ø12,5 mm
Armadura da estaca 8Ø12,5 mm 8Ø12,5 mm 8Ø12,5 mm 8Ø12,5 mm

Tabela 4 Propriedades mecânicas dos concretos.

fck fct,m Ecs


Propriedades
(MPa) (MPa) (MPa)
Bloco 25 2,56 23800

Pilar 50 4,07 33658

Estaca 50 4,07 33658

Graute 50 4,07 33658

Elementos finitos utilizados Para a simulação do atrito existente entre o pilar e


Os elementos finitos utilizados na simulação numérica o graute e entre o graute e o bloco, foram utilizados elementos
foram os disponíveis na biblioteca de elementos do DIANA. de interface. O elemento finito de interface utilizado foi
Para a modelagem do concreto das estacas, do pilar e do o CQ48I, que é plano, quadrilateral com função aproxi-
bloco, foi utilizado elemento sólido CHX60. madora quadrática em deslocamentos, recomendado em
O elemento finito CHX60 é um elemento análises tridimensionais. A escolha desse elemento se
isoparamétrico com 20 nós e função aproximadora deu em função do elemento finito CHX60 utilizado na
quadrática para os deslocamentos. Cada nó apresenta modelagem do concreto, já que ambos possuem oito nós
três graus de liberdade, que são os deslocamentos nas em cada face. A Figura 4 apresenta o CQ48I.
direções x, y e z. A Figura 2 apresenta o elemento CHX60 A utilização dos elementos de interface foi feita
e a função aproximadora para os deslocamentos. apenas nos blocos cujas paredes do cálice apresentavam
Para modelagem das barras de aço das armaduras configuração lisa. Na situação de paredes rugosas, alguns
foram utilizados elementos chamados de reinforcements. pesquisadores como Canha (2004) e Delalibera (2009)
Esses elementos não possuem nós e funcionam como verificaram que, quando ocorre chave de cisalhamento,
enrijecedores dos elementos finitos aos quais estão pode-se considerar que essa ligação apresenta compor-
conectados, também conhecidos como mother elements. tamento monolítico.
Os reinforcements não possuem graus de liberdade, porém De acordo com o manual do DIANA, a interação
têm seu comportamento habilitado na direção axial da entre duas interfaces de uma estrutura pode ser descrita
barra. Nessa situação, a aderência entre o aço e o concreto por um comportamento de fricção entre essas partes. O
é considerada perfeita. modelo de fricção de Coulomb, semelhante ao modelo

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ANÁLISE DE BLOCOS DE CONCRETO ARMADO SOBRE DUAS ESTACAS COM CÁLICE EMBUTIDO 165

modificado de Mohr-Coulomb descrito em Chen (1982), O valor da coesão foi calculado pela expressão (1), em
pode ser utilizado para descrever esse comportamento. que fc’ é a resistência característica à compressão do concreto
De acordo com Chen (1982), valores usuais para e φ é o ângulo interno de atrito. A Figura 4a apresenta os
ângulo interno de atrito φ estão em torno de 37º. Entretanto, elementos de interface aplicados na região do encontro
esse valor resulta numa resistência à tração de cerca de do pilar com o bloco, enquanto a Figura 4b apresenta o
25% do valor da resistência à compressão, valor este modelo BRH65A55_15.
comprovadamente alto para os concretos atuais. Dessa
f c' × (1 - senf ) (1)
maneira, adotou-se um ângulo interno de atrito φ igual a c=
31º, cuja tangente resulta em 0,6 e o valor da resistência ×
2cos f
característica à tração do concreto foi considerado de As Figuras 5a, 5b, 5c e 5d apresentam as barras
acordo com as recomendações da ABNT NBR 6118:2003. das armaduras discretizadas no DIANA.

z 19
20 18
16 17
13 14
15
12
h
9 11
8 7
10 6
x
1
5
2
3 4

ui (x, h, z) = a0 + a1x + a2h + a3z + a4xh + a5hz


+ a6xz + a7x + a8h + a9z + a10xhz + a11x h
2 2 2 2

+ a12x z + a13xh + a14xz + a15h z + a16xhz


2 2 2 2 2

+ a17x hz + a18xh z + a19xhz


2 2 2

Figura 2 Elemento CHX60 com função aproximadora em deslocamentos.


uz uy
15 ux
14
16 7
y 6 13
z 8
9 12
10
5
x 2 11 4
1

(a) Tipologia (b) Deslocamentos

Figura 3 Elemento CQ48I (DIANA, 2005).

(a) (b)

Bloco
Z Z Estaca e pilar
IS88 – CQ481 Graute
X Y X Y Placa metálica
HE20 – CHX60

Figura 4 (a) Região de interface entre o pilar e o graute, e (b) malha de elementos finitos do modelo BRH65A55_15.

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(a) (b)

Z Z

X Y X Y

(c) (d)

Z Z

X Y X Y

Figura 5 Barras das armaduras discretizadas no DIANA.

Análise dos Resultados do bloco com conformação da parede lisa apresenta a


Como esperado, os blocos com ângulo de inclinação mesma tendência de comportamento do bloco com
das bielas igual a 55º apresentaram maior rigidez quando conformação da parede rugosa. Comportamento semelhante
comparados aos blocos com inclinação de 45º. Constatou- é observado nos blocos com espessura da parede igual a
se também que, de modo geral, os blocos com inclinação 15 cm e 20 cm.
igual a 55º apresentaram valor de força última superior Quando a inclinação da biela é igual a 55º,
aos blocos de 45º, que, por sua vez, apresentaram observa-se que os blocos com conformação da parede
deslocamentos maiores. rugosa apresentam valores de força última superior
Essa tendência de comportamento foi verificada aos blocos com conformação da parede lisa, diferen-
tanto para os blocos com conformação das paredes do temente do comportamento apresentado anteriormente
cálice rugosa como para os blocos com conformação nos blocos com inclinação da biela igual a 45º. Esse
das paredes lisa, e pode ser verificado nas Figuras 6 e 7 comportamento também se repete independente da
por meio das curvas força versus deslocamento. Os espessura da parede do cálice, como pode ser observado
deslocamentos máximos foram obtidos na região central na Figura 10.
da face inferior do bloco. Com o intuito de encontrar um valor representativo
Observa-se ainda que, independente da conformação para a força atuante no tirante, optou-se por verificar os
das paredes do cálice e sem presença de viga de travamento, valores de tensão em cada uma das seis barras utilizadas
a força última foi superior nos blocos com espessura da como armadura principal na seção onde atua o maior
parede igual a 15 cm quando comparados aos blocos valor de tensão, isto é, próximo ao meio do bloco. As
cuja espessura da parede era igual a 20 cm. Esse resultado Figuras 12 a 15 apresentam a distribuição de tensões
mostra que nem sempre blocos com grandes dimensões normais nas seis barras da armadura principal do tirante.
implicam blocos com maior capacidade resistente, e podem Observa-se, por meio dessas figuras, que na seção próxima
ser vistos na Figura 8. É possível ainda obter algumas ao meio do bloco os maiores valores de tensão não ocorrem
informações dos blocos comparando-se valores de força nas barras 3 e 4 no centro da seção, mas sim nas barras
última para diferentes inclinações da biela. intermediárias (barras 2 e 5), conforme Figura 11. Esse
Por meio da Figura 9 observa-se que, para o ângulo comportamento foi verificado em todos os modelos, exceto
da biela igual a 45º, a curva força versus deslocamento no BRH65A55_15.

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ANÁLISE DE BLOCOS DE CONCRETO ARMADO SOBRE DUAS ESTACAS COM CÁLICE EMBUTIDO 167

Bloco com parede rugosa, e = 15 cm Bloco com parede rugosa, e = 20 cm


3500 3500
(a) (b)
2800 2800

Força (kN)
2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BRH65A45_15 BRH65A55_15 BRH65A45_20 BRH65A55_20

Figura 6 Blocos com parede rugosa.

Bloco com parede lisa, e = 15 cm Bloco com parede lisa, e = 20 cm


3500 3500
(a) (b)
2800 2800
Força (kN)

2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BLH75A45_15 BLH75A55_15 BLH75A45_20 BLH75A55_20

Figura 7 Blocos com parede lisa.

Bloco com parede rugosa Bloco com parede lisa


3500 3500
(a) (b)
2800 2800
Força (kN)

2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BRH65A45_15 BRH65A45_20 BLH75A45_15 BLH75A45_20
BRH65A55_15 BRH65A55_20 BLH75A55_15 BLH75A55_20

Figura 8 Blocos com espessura igual a 15 cm e 20 cm.

Bloco com biela igual a 45º, e = 15 cm Bloco com biela igual a 45º, e = 20 cm
3500 3500
(a) (b)
2800 2800
Força (kN)

2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BLH75A45_15 BRH65A45_15 BLH75A45_20 BRH65A45_20

Figura 9 Blocos com inclinação da biela igual a 45º.

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168 BARROS & GIONGO

Bloco com biela igual a 55º, e = 15 cm Bloco com biela igual a 55º, e = 20 cm
3500 3500
(a) (b)
2800 2800
Força (kN) 2100 2100
1400 1400
700 700
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamentos (mm) Deslocamentos (mm)
BLH75A55_15 BRH65A55_15 BLH75A55_20 BRH65A55_20

Figura 10 Blocos com inclinação da biela igual a 55º.

520
494
468
443
417
392
366
Barra 1 340
315
Barra 2 289
Barra 3 263
Barra 4 238
Barra 5 212
Barra 6 186
161
135
109
83.8
Y 58.2
32.6
Z X

Figura 11 Barras da armadura principal do tirante.

Seção do modelo BLH75A45_15 Seção do modelo BLH75A45_20


539 539 531 531
476 477 476 477
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)

285 285
234 234

Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 12 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BLH75A45_15 e BLH75A45_20.

Seção do modelo BLH75A55_15 Seção do modelo BLH75A55_20


434 433 543 543
408 408
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)

386 386

295 295
203 203

Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 13 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BLH75A55_15 e BLH75A55_20.

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ANÁLISE DE BLOCOS DE CONCRETO ARMADO SOBRE DUAS ESTACAS COM CÁLICE EMBUTIDO 169

Seção do modelo BRH65A45_15 Seção do modelo BRH65A45_20


455 451 543 543
500 500

Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
351 349

336 336
192 192

Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 14 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BRH65A45_15 e BRH65A45_20.

Seção do modelo BRH65A55_15 Seção do modelo BRH65A55_20


337 359 359 338 490 490
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
299 299
201 203
244 243

Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra Barra
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
(a) (b)
Figura 15 Tensão nas barras da armadura principal dos modelos BRH65A55_15 e BRH65A55_20.

Com os valores de tensão normal em cada barra é as tensões no encontro do bloco com o pilar e do bloco
possível obter um valor médio para a tensão nas barras com as estacas. Esses valores foram calculados por meio
da armadura principal do tirante, a partir do qual, do modelo de bielas e tirantes, no último passo de carregamento.
multiplicando-se pelo valor da área dessas barras, pode-
se encontrar o valor da força resultante Rst atuante em Considerações Finais
cada um dos modelos. Os resultados indicaram que em todos os modelos
Com o valor da força Rst e da força última atuante a formação da biela se inicia a partir do encontro do
no pilar, por meio do polígono de forças é possível encontrar pilar com o bloco. Entretanto, por tratar-se de resultados
o valor da força de compressão Rcb atuante nas bielas de numéricos, recomenda-se a realização de ensaios
compressão. Também é possível chegar ao valor das tensões experimentais para comprovar esse comportamento.
nodais no encontro do bloco com o pilar e do bloco com Verificou-se que os blocos com inclinação da biela
as estacas. de compressão igual a 45º apresentaram a mesma tendência
A Tabela 5 apresenta os valores das forças nas barras de comportamento, independente da espessura e da
da armadura principal e na biela comprimida, bem como configuração das paredes do cálice.

Tabela 5 Força última e tensões nodais nos modelos analisados

Força Rst Força Rcb


Modelo σcb,p (MPa) σcb,e (MPa)
(kN) (kN)
BLH75A45_15 785 1446 38,27 19,13
BLH75A45_20 711 1394 36,01 18,01
BLH75A55_15 564 1743 40,94 20,47
BLH75A55_20 800 1421 38,22 19,11
BRH65A45_15 727 1619 40,27 20,13
BRH65A45_20 686 1339 34,65 17,33
BRH65A55_15 598 1354 33,54 16,77
BRH65A55_20 408 1152 27,39 13,69

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170 BARROS & GIONGO

Em contrapartida, os blocos com inclinação igual ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-


a 55º tiveram comportamento distintos em relação à CAS. NBR 9062:1985: Projeto e execução de estruturas
configuração e à espessura das paredes do cálice. Os de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 1985.
blocos com parede rugosa apresentaram-se mais rígidos BARROS, R. Análise de blocos de concreto armado sobre
e tiveram força última superior à dos blocos com parede duas estacas com cálice totalmente embutido mediante
lisa. presença de viga de travamento. 2009. Dissertação de
Os resultados indicaram ainda a existência de grande (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
fluxo de tensões na região sob o fundo do cálice e o Universidade de São Paulo, São Carlos.
fundo do bloco. Deve-se, portanto, atentar para a verificação
BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur piex. Analles
dessa região durante a fase de projeto, a fim de evitar a
d’Institut Techique du Bâtiment et des Travaux Publics,
ruína do bloco por punção.
Paris, v. 20, n. 230, p. 223-295, fev. 1967.
Com os diagramas de tensões das barras da armadura
principal, foi possível calcular a força atuante no tirante. CANHA, R. M. F. Estudo teórico-experimental da ligação
Combinando esse valor com a força proveniente do pilar, pilar-fundação por meio de cálice em estruturas de concreto
obteve-se a força atuante na biela de compressão, assim pré-moldado. 2004. Tese (Doutorado) – Escola de
como as tensões nas regiões nodais. Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,
São Carlos.
Agradecimentos CHEN, W. F. Plasticity in reinforced concrete. New York:
Os autores agradecem ao Departamento de Engenha- McGraqw-Hill Book Company, 1982. 474 p.
ria de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos DELALIBERA, R. G. Análise numérica e experimental
e ao CNPq pelos auxílios concedidos durante a realização de blocos sobre duas estacas com cálice embutido utilizado
deste trabalho. na ligação pilar-fundação. 2009. Relatório de Pós-
doutorado FAPESP (em fase de elaboração) – EESC,
Referências Bibliográficas Universidade de São Paulo, São Carlos.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- DIANA Finite Element Analysis. User’s manual release
CAS. NBR 6118:2003: Projeto de estruturas de concreto – 9, Element Library. Delft, Netherland: TNO DIANA,
Procedimento. Rio de Janeiro, 2004. 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de concreto.
CAS. NBR 7480:2007: Aço destinado a armaduras para Rio de Janeiro: Interciência, 1978. v. 1-4.
estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de
Janeiro, 2007.

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