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Metodologia
Começámos por quartear a amostra para obter aproximadamente 100g (no nosso caso 88g) e ordenámos a
série de crivos por ordem decrescente de dimensão (-2φ no topo e "fundo" na base). De seguida inserimos a areia nos
crivos, colocámos a tampa e ligámos o agitador durante 15 minutos. Identificámos os sacos de plástico
correspondentes a cada dimensão de areia. Decorridos 15 minutos, o conteúdo de cada um dos crivos foi primeiro
vertido para uma folha de papel, sendo o crivo limpo com uma escova, e de seguida colocado no goblet respetivo.
Pesou-se cada conjunto "goblets + areia" e registaram-se os pesos, colocando-se, de seguida, o conteúdo de cada
goblet no saco respetivo com a ajuda de um pincel. Fechámos os sacos com o auxílio de uma máquina de vácuo.
Resultados
Depois de pesadas as amostras foram calculados os erros através da diferença entre o peso final e o inicial. Na
seguinte tabela, apresentam-se os resultados de cada grupo (sendo que o erro deverá ser inferior a 1%).
Conclusão
O facto de na berma o erro ter sido superior a 1% deveu-se ao facto de termos limpo os crivos em demasia.
Na análise estatística de qualquer ambiente é necessário olhar também para os valores e não só para a classificação.
Utilizando o método gráfico e olhando apenas para as areias superficiais (Face de Praia, Berma e Duna) recolhidas a
26 de setembro de 2016, o que significa final do Verão, podemos concluir que:
▪ É sempre areia fina, no limite da areia média a fina, o que significa que não há diferenciação granulométrica
dos 3 ambientes, porque se trata de um espaço relativamente estreito (a largura não é suficiente para termos
um sedimento com características granulométricas diferentes na berma e na duna, porque a duna é
alimentada a partir da berma).
▪ O parâmetro que nos dá as principais diferenças entre estes 3 ambientes é o desvio padrão. A areia de duna
encontra-se ligeiramente melhor calibrada do que os outros dois ambientes, porque se trata de um ambiente
de transporte e de deposição mais seletivo devido ao vento.
▪ A Duna destaca-se também pela sua distribuição simétrica. Na face de praia e na berma a assimetria é
negativa. Essa assimetria negativa poderá dever-se a conchas ou pequenos calhaus que fazem a cauda para o
lado dos mais grosseiros.
▪ Em termos de curtose não há grandes diferenças.
Em termos de análise de Visher na face de praia temos duas populações de saltação, o que não acontece em
nenhum dos outros ambientes, sendo a primeira pior calibrada que a segunda (sendo que a população de saltação
corresponde a 97,5%, ou seja, praticamente toda a distribuição). Na berma temos uma única população de saltação
que corresponde a 96,5% e na duna a 99,8% (praticamente só uma população).
A fonte de alimentação destas areias poderá ser a ribeira ou a deriva litoral. Por estes parâmetros não
conseguimos saber ao certo qual é a fonte principal, no entanto, existem elementos presentes nestas areias que
podiam ser utilizados para saber a fonte, nomeadamente a morfoscopia de areia ou pela análise do conteúdo dos
minerais pesados. Nestas areias temos essencialmente quartzo e bioclastos, sendo que esses bioclastos correspondem
a bivalves de água salgada que provêm de uma plataforma marinha próxima (fonte). As conchas encontravam-se
partidas, portanto, são organismos que já sofreram alguns ciclos sedimentares.
Na face de praia a areia superficial e a que foi colhida a 30-40cm têm características muito semelhantes. A
diferença está essencialmente nas areias colhidas a 70-80cm. Quando se depositaram essas areias o regime de
agitação seria diferente, ou seja, a energia das ondas seria um pouco mais elevada. Este metro de sedimento é muito
recente, porque se encontra num ambiente muito dinâmico, pelo que bastaria uma tempestade para o remover.
Comparando os nossos resultados com a bibliografia disponível, Oliveira (1967), podemos perceber que aquela
zona junto ao Rio Jamor corresponde a um M2 (apresenta sedimentos com medianas compreendias entre 390μ e os
240 μ), quer isto dizer que se encontra no limite da areia média a fina, portanto, um ambiente com pouca energia em
que a ação das vagas e das correntes não se faz sentir muito acentuadamente. Através de uma análise ao diagrama
das populações M1 e M2, podemos perceber que a população de saltação da população M2 é dominante. Deste modo,
os nossos resultados vão de encontro aos resultados da bibliografia para a mesma zona.