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Intertextualidade e Interdiscurso

Luísa Lana Viegas

Os objetos de reflexão desta resenha são os termos interdiscursividade e


intertextualidade, quais são as teorias que os permeiam e como cada autor lida com os temas.
Para isso, os textos de apoio teórico serão o capítulo ​Interdiscursividade e Intertextualidade
de Fiorin (2006), bem como os capítulos ​O discurso de Outrem ​e ​Língua, Fala e Enunciação
ambos presentes no livro ​Marxismo e Filosofia da Linguagem​, do autor russo Bakhtin (1992).
Assim que esses termos forem discutidos, em seguida serão apresentados possíveis diálogos
com outros autores sobre o tema intertextualidade e, para tal, será utilizado o capítulo
Intertextualidade - outros olhares ​de Koch, Bentes e Cavalcante, 2007.
Fiorin (2006) investigou em outras traduções se os termos interdiscursividade e
intertextualidade estavam realmente presentes em Bakhtin, entretanto o autor concluiu que os
termos não estavam presentes no texto original russo. Dessa forma, Fiorin procurou investigar
se essas noções estariam presentes na obra bakhtiniana sob outros nomes, e concluiu-se que
estavam.
Kristeva traduziu a obra de Bakhtin para o francês e discute as teorias do autor. A
autora ajudou a difundir e criar prestígio do termo intertextualidade no ocidente e para ilustrar
o processo de criação dos textos afirma: “como um mosaico de citações, todo texto é absorção
e transformação de um outro texto". Essa frase nos remete ao conceito de intertextualidade e,
de acordo com Kristeva, Bakhtin opera com essa noção porque considera que o "diálogo é a
única esfera possível da vida da linguagem", ou seja, o dialogismo é inerente à linguagem.
Assim, um texto absorveria outros textos, sendo essa a noção de intertextualidade, e esse
procedimento seria a real constituição do texto (KRISTEVA apud FIORIN, 2006, p. 163).
Kristeva e Barthes repensaram a noção de texto para que abarcasse essa
intertextualidade, para os autores texto: “é prática significante, em que desconstrói e
reconstrói a língua, em que é o lugar de constituição do sujeito, em que seu modo de
funcionamento real é a relação constitutiva com outros textos”. Mas essa redefinição para
Fiorin seria o que hoje compreendemos como discurso, no entanto, esse termo não foi
utilizado pelos autores na época, já que ele era de designação de outra área do conhecimento,
a retórica. O que seria então a intertextualidade? De acordo com Fiorin: “qualquer referência
ao outro, tomando como posição discursiva: paródias, alusões, estilizações, citações,

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ressonâncias, repetições, reproduções de modelos, de situações narrativas, de personagens,
variantes linguísticas, lugares comuns, etc” (FIORIN, 2006, p.165).
Para Bakhtin, ao nos relacionarmos com o mundo estamos nos relacionando com
ideologias e discursos e, a partir das palavras com as quais significamos o mundo estamos
expondo nossa ideologia. Para o autor, o ato da enunciação representa não são simplesmente
palavras, mas sim, conteúdos ideológicos, é social. Ainda, esse ato de enunciação é
essencialmente dialógico, já que “a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um
sentido ideológico ou vivencial. É assim que compreendemos as palavras e somente reagimos
àquelas que despertam em nós ressonâncias ideológicas ou concernentes à vida” (BAKHTIN,
1992, p. 96).
O interdiscurso em Bakhtin aparece sob nome de dialogismo, entretanto, é interessante
frisar que dialogismo não se equivale a diálogo face a face. Ainda, não se pode dizer que
existem dois tipos de dialogismo (entre interlocutores e o entre discursos) já que dialogismo é
sempre entre discursos. Dialogismo em Bakhtin seria então, modo de funcionamento real da
linguagem, inerente a ela. Isso porque o real se apresenta semioticamente, os nossos discursos
se relacionam com os discursos que semiotizam o mundo, e não com as coisas em si
(FIORIN, 2006, p. 166 - 167). Conforme Bakhtin (apud Fiorin, 2006, p. 177 - 178) no
dialogismo os sujeitos não se fundem, a singularidade de cada um se preserva e ocorre na
“interação viva das vozes sociais”. Isso pode ser comprovado em Bakhtin (1992, p. 151) em:
“aquele que apreende a enunciação de outrem não é um ser mudo, privado da palavra, mas ao
contrário um ser cheio de palavras interiores”.
Também é necessário considerar que é na sociedade que se situa o mecanismo para
apreender o discurso de outrem, já que ela escolhe e associa às estruturas gramaticais da
língua apenas os elementos da apreensão ativa da enunciação de outrem que são socialmente
pertinentes e constantes. A recepção ativa1 da enunciação de outrem, entretanto, se difere na
sua transmissão, já que no segundo caso é necessário levar em conta o seu fim específico e,
além disso, a terceira pessoa do discurso, aquela sobre a qual se refere e que reforça a

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O locutor enuncia em função da existência de um interlocutor, requerendo deste último uma atitude responsiva,
com antecipação do que o outro vai dizer, isto é, experimentando ou projetando o lugar e seu ouvinte. De outro
lado, quando recebemos uma enunciação significativa, esta nos propõe uma réplica: concordância, apreciação,
ação, etc. E, mais precisamente, compreendemos a enunciação somente porque a colocamos no movimento
dialógico dos enunciados, em confronto tanto com os nossos próprio dizeres quanto com os dizeres alheios.
(BAKHTIN apud RECHDAN, 2003).
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influência das forças sociais sobre a enunciação e a ação responsiva típica do diálogo
(BAKHTIN, 1992).
Desse modo, é possível pensar no dialogismo não só com enunciados anteriores, mas
ao construirmos nossos enunciados, o elaboramos pensando em uma resposta, em um
enunciado que ainda não foi dito, ou seja, a possível resposta é determinante na construção
(FIORIN, 2006). Ao exercer a linguagem, o sujeito lança mão da sua faculdade de escolha,
mas isso está longe de ser um ato individual. Ao se apropriar das palavras, o sujeito dá a elas
o sentido que deseja, moldando seu discurso a partir do seu lugar de fala – trabalha um
conjunto de fatores que envolvem as circunstâncias, o léxico e a sintaxe – também o
relacionando com outros discursos (BAKHTIN, 1992).
Para Bakhtin o texto está presente em todas as linguagens, em todas as semioses, onde
se manifestam pensamentos, emoções, sentidos e significados. Cada texto tem uma língua e é
único e irreproduzível. São irreprodutíveis por serem cada um uma enunciação, de um dado
autor, sujeito, vincula-se, desse modo, a uma relação dialógica (FIORIN, 2006, p. 178).
Entretanto, é importante frisar que texto é distinto de enunciado: “o enunciado é da ordem do
sentido; o texto é do domínio da manifestação”. Ou seja, o enunciado pode ser aproximado ao
que se entende por interdiscurso (já que se constitui nas relações dialógicas) e texto é a
manifestação do enunciado (a realidade imediata dada ao leitor). Enunciado também se difere
de discurso: “discurso deve ser entendido como uma abstração: uma posição social
considerada fora das relações dialógicas, vista corno uma identidade”. O enunciado
(interdiscurso) constitui o discurso, já que no seu funcionamento real, a linguagem é dialógica
(FIORIN, 2006).
Por isso, chamaremos qualquer relação dialógica, na medida em que é uma relação de
sentido, interdiscursiva. O termo intertextualidade fica reservado apenas para os casos em que
a relação discursiva é materializada em textos, é um tipo particular de interdiscursividade,
aquela em que se encontram num texto duas materialidades textuais distintas. Isso significa
que a intertextualidade pressupõe sempre uma interdiscursividade, mas que o contrário não é
verdadeiro. Quando a relação dialógica não se manifesta no texto, temos interdiscursividade,
mas não intertextualidade. Entretanto, é preciso verificar que nem todas as relações dialógicas
mostradas no texto devem ser consideradas intertextuais (FIORIN, 2006).
Koch, Bentes e Cavalcante (2007) se aprofundaram no estudo de intertextualidade e
no que elas denominaram de “diálogos possíveis” do tema com a visão de outros autores,

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enfatizando as possíveis diferenças presentes nesses olhares. Ao introduzirem o pensamento
de Gérard Genette, foi descrito que o autor tratava o diálogo entre textos como
transtextualidade e a sub classificou em alguns tipos. A ​intertextualidade restrita d​ e Genette
seria a presença efetiva de um texto em outro, por exemplo citações diretas, explicitamente
marcadas. Aqui é possível identificar uma divisão de vozes e, mais tarde, Koch chama isso de
intertextualidade explícita.​ Nesse sentido, em Bakhtin (1992) encontramos: “a tendência
fundamental da reação ativa ao discurso de outrem pode visar à conservação da sua
integridade e autenticidade.” Para Piègay-Gros a citação tem várias funções discursivas, entre
elas autoridade e ornamentação, criar o efeito de verdade, autenticação.
Genette na ​intertextualidade restrita também inclui casos de implicitação da
referência ao autor, o que seria, para Koch ​intertextualidade implícita, por exemplo quando a
fonte da enunciação não é explicitada, reportada a um enunciador genérico. Encontramos esse
caso presente também em Bakhtin (1992, p.154): “o narrador pode deliberadamente apagar as
fronteiras do discurso citado, a fim de colori-lo com as suas entoações, o seu humor, a sua
ironia, o seu ódio, com o seu encantamento ou o seu desprezo.”
Bakhtin considera que o texto se atualiza em uma enunciação – que tem enunciações
de outrem. Essas são visíveis no texto, no discurso, algumas explícitas, mostradas
sintaticamente, outras implícitas, com pistas, dicções: “manifesta-se assim, nas formas de
transmissão do discurso de outrem, uma relação ativa de uma enunciação a outra, e isso não
no plano temático, mas através de construções estáveis da própria língua”. No discurso
narrativo, por exemplo, a enunciação citada (discurso de outrem) está lá na íntegra e passa,
assim, a construir um tema daquele discurso narrativo, mas é, ao mesmo tempo, um tema
autônomo. Já no discurso indireto, pode haver a tendência de transferir a citação ao plano
temático, diluindo a palavra, mas isso não se efetua completamente, deixando a enunciação de
outrem ainda palpável (BAKHTIN, 1992, p. 148).
A respeito da autoria, Koch classifica 3 casos diferentes de intertextualidade: o
intertexto alheio, o próprio ou de enunciador genérico. O intertexto alheio seria de autoria
alheia, ou seja, a fonte da voz dentro do texto é atribuída a outrem. O intertexto próprio se dá
pela retomada de textos da autoria do mesmo autor, autotextualidade, por exemplo no
discurso acadêmico citando textos de trabalhos anteriores, como Koch citou ela mesma. O
enunciador genérico faz parte de uma comunidade, não tem como atribuir a ninguém. De
acordo com o critério da expressão, Koch classifica também intertextualidade como explícita

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ou implícita. Intertextualidade explícita ocorre quando a fonte for citada, já a implícita não há
citação expressa da fonte (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2007).
Considerando a função argumentativa que a intertextualidade carrega, Koch retoma
Sant’Anna e sugere a intertextualidade das semelhanças e das diferenças. Intertextualidade
das semelhanças se apoia na argumentação e isso em algum aspecto corresponde ao que
Maingueneau discute como sendo valor de captação. A intertextualidade das diferenças
incorpora outro texto para ridicularizá-lo, colocá-lo em questão, o que Maingueneau
classificava como valor de subversão (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2007).
Dentro de ​intertextualidade restrita​, Genette, além da citação, incluiu também a
alusão e o plágio. Alusão para ele ocorre quando um enunciado supõe uma relação com um
outro mas só é reconhecível para quem conhece ambos os textos. A relação de co-presença
dos textos foi posteriormente repensada por Piègay-Gros, para ele poderiam ser explícitas e
implícitas, o que tem o mesmo sentido empregado por Koch. Explícita seria marcada por
citação, enquanto implícita depende do leitor para ser recuperada (KOCH; BENTES;
CAVALCANTE, 2007).
Dentro de intertextualidade explícita Piègay-Gros acrescenta a definição de referência
- que equivale a citação - e remete o leitor a um outro texto mesmo sem o citar literalmente.
Mas isso, para as autoras, pode criar uma confusão, já que deveria na verdade ser classificado
como alusão. Assim, sugerem que para manter referência como intertextualidade explícita,
seria mais coerente considerá-la como remissão direta. Podemos ilustrar o exemplo da
menção direta a personagens conhecidos, que constituiria intertextualidade explícita por
referência/alusão. O problema é que referência e alusão são conceitos que ultrapassam a
intertextualidade, elas não ocorrem somente em situações de intertexto. Quando fazemos
remissão a um discurso cultural, compartilhado isso não necessariamente pode considerado
intertextualidade (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2007).
Por último, o plágio, tratando tanto por Piègay-Gros como por Genette seria uma
intertextualidade de apropriação indébita, já que usa o texto de um outrem como se fosse o
próprio, é um roubo intelectual. Em síntese, as intertextualidades trabalhadas por esses autores
até o momento foram explícitas (a de citação e a de referência) e implícitas (a de alusão e a de
plágio). Para Koch, Bentes e Cavalcante (2007) os critérios utilizados para classificação não
tiveram precisão suficiente, elas preferem falar em diferentes espécies de marcas no texto ao

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invés da ausência de marcação. Se houvesse de fato ausência, não seria possível identificar o
intertexto, sendo mais pertinente utilizar a ideia de graus de explicitude.
A paratextualidade, outro conceito descrito por Genette seriam segmentos de textos
que envolvem, compõe um determinado texto. No caso de um livro o paratexto envolve o
título, prefácio, epígrafes, etc. O que deve ser observado nessa situação é se essas partes são
ou não consideradas intertextos, já que ela fazem parte do texto em si. Dessa forma, só serão
consideradas intertexto se tiverem sido extraídas de outros textos (caso da epígrafe) (KOCH;
BENTES; CAVALCANTE, 2007).
A arquitextualidade é outra categoria definida por Genette como uma filiação do texto
a outras categorias como os tipos de discursos, gêneros, modo de enunciar, etc. Para Genette
seria abstrata e implícita e exige conhecimento prévio dos textos para ser identificada. Não é,
entretanto, intertextualidade em si, mas enquadramento do texto em categorias como gênero e
discurso. Genette classifica a categoria metatextualidade como uma crítica, já que convoca
um texto-fonte. As autoras aproximam esse conceito ao de intertextualidade temática, já que
existe a inserção de conceitos de uma determinada área do conhecimento (KOCH; BENTES;
CAVALCANTE, 2007).
O último tipo apresentado por Genette é a hipertextualidade e é uma relação de
derivação, anterioridade. O autor chama o texto fonte de hipotexto e o texto derivado dele de
hipertexto. Assim, engloba todas as situações em que um texto fonte sofreu alterações e
derivou um novo. Exemplos de derivação seriam a paródia, o pastiche e o travestimento
burlesco. A paródia busca retrabalhar o sentido do texto fonte. O travestimento burlesco, por
outro lado, consiste na reescrita e na conservação de conteúdo de um texto fonte. O pastiche
se faz pela imitação de um estilo. É importante salientar que para Genette, suas categorias não
eram excludentes, assim um texto pode ser classificado de mais de uma forma (KOCH;
BENTES; CAVALCANTE, 2007).
Considera-se que foi possível atingir o objetivo da resenha de estudar os termos
intertextualidade e interdiscurso com o referencial proposto. Ainda, foi possível perceber que
mesmo as nomenclaturas sendo diferentes, os conceitos estão presentes em diferentes autores.
Destaca-se a questão da intertextualidade pressupor sempre uma interdiscursividade, mas que
o contrário não é verdadeiro. Verifica-se importante perceber o estilo escolhido na realização
do intertexto, qual sua proposta e o que a escolha de um em detrimento do outro nos informa
sobre a orientação do texto.

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Referencial Teórico
BAKHTIN, M. ​O discurso de Outrem.​ In: Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo:
Hucitec, 1992, p. 144-154.
BAKHTIN, M. ​Língua, Fala e Enunciação.​ In: Marxismo e Filosofia da Linguagem. São
Paulo: Hucitec, 1992, p. 90-110.
FIORIN, J. L. ​Interdiscursividade e intertextualidade.​ In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: outros
conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, I.G.V., BENTES, A.C., CAVALCANTE, M.M. ​Intertextualidade - outros olhares​.
In: Intertextualidade: diálogos possíveis. São Paulo: Cortez, 2007, p. 118 - 145 / 166p.
RECHDAN, Maria LetÍcia de Almeida. DIALOGISMO OU POLIFONIA? 2003. Disponível
em: <https://www.ufrgs.br/soft-livre-edu/polifonia/files/2009/11/dialogismo-N1-2003.pdf>.
Acesso em: 30 set. 2018.

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