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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Mecânica

Produção e Gestão de Energia - PGE


Mestrado em Engenharia Mecânica

Conversão de Energia Através de Sistemas Fotovoltaicos


Semestre de Verão 2017-2018

Corpo Docente Realizado por


Professor Paulo Santamaria Gouveia Rui Guerra - 40570
Pedro Saraiva - 40628
ÍNDICE
1 Introdução............................................................................................................................................. 1
2 Enquadramento Teórico ....................................................................................................................... 2
2.1 Recurso Energéticos ...................................................................................................................... 2
2.2 Energia Solar ................................................................................................................................. 7
2.2.1 Irradiância Solar .................................................................................................................. 10
2.2.2 Luz Solar .............................................................................................................................. 12
2.2.3 Incidência da Radiação Solar............................................................................................... 14
3 Sistemas Fotovoltaicos........................................................................................................................ 16
3.1 Células Solares ............................................................................................................................ 16
3.2 Método de Funcionamento ........................................................................................................ 17
3.3 Tipos de Células .......................................................................................................................... 18
3.3.1 Materiais ............................................................................................................................. 19
3.3.2 Custos .................................................................................................................................. 20
3.3.3 Maiores fabricantes de células solares ............................................................................... 22
3.3.4 Análise SWOT ...................................................................................................................... 22
3.4 Aplicações ................................................................................................................................... 24
3.4.1 Utility Interactivef Applications .......................................................................................... 24
3.4.2 Sistemas Stand-Alone ......................................................................................................... 25
4 Exercícios Práticos Básicos .................................................................................................................. 30
4.1 Exercício 1 ................................................................................................................................... 30
4.2 Exercício 2 ................................................................................................................................... 30
4.2.1 .................................................................................................................................................... 30
4.2.2 .................................................................................................................................................... 31
4.2.3 .................................................................................................................................................... 31
5 Conclusão ............................................................................................................................................ 32
6 Referências.......................................................................................................................................... 33
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Energia consumida per capita. Fonte: Wikipedia. ........................................................................ 2
Figura 2 - variação do preço médio anual de um barril de petróleo, normalizado para o valor do dólar de
2008. Fonte:BP workbook of historical data................................................................................................. 3
Figura 3 - Conversão de energia a partir de combustíveis fósseis. Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable
Energy in power Systems, Wiley 2008). ........................................................................................................ 4
Figura 4 - Contribuição relativa de diferentes fontes para a produção global de eletricidade em 2007.
Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008). .......................................... 5
Figura 5 - Percentagem de contribuição das diferentes fontes para geração de eletricidade em 2007.
Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008). .......................................... 6
Figura 6 - Percentagem de contribuição das diferentes fontes para geração de eletricidadena Holanda e
no Brasil. Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008). ........................... 7
Figura 7 - Destino da energia do sol que chega à Terra. Fonte: Biologia César e Sezar, Editora Saraiva. .... 8
Figura 8 - Percurso percorrido pela luz solar até atingir diferentes zonas na superfície. Fonte: L. Freris, D.
Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008). ......................................................................... 9
Figura 9 - Irradiação Solar no Planeta Terra. Fonte: Wikipedia. ................................................................. 10
Figura 10 - Representação da irradiação solar na Terra. Fonte: Arno Smets Book of Solar Energy. .......... 11
Figura 11 - Espetro eletromagnético. Fonte: Google imagens. .................................................................. 12
Figura 12 - Espetro da radiação solar. Fonte: Wikipedia. ........................................................................... 13
Figura 13 - Propriedades da luz (fotão)....................................................................................................... 14
Figura 14 - Ângulo de incidência solar. ....................................................................................................... 15
Figura 15 - Da célula solar até ao sistema fotovoltaico. ............................................................................. 16
Figura 16 - Constituição da célula fotovoltaica. .......................................................................................... 17
Figura 17 - Tipos de células fotovoltaicas. .................................................................................................. 19
Figura 18 - Gráfico de eficiências de células fotovoltaicas. Fonte: NREL.................................................... 21
Figura 19 - Maiores produtores de células solares no mundo. Fonte: Wikipedia. ..................................... 22
Figura 20 - Esquema "Utility Interactive Applications"............................................................................... 24
Figura 21 - Candeeiro de estrada com painel solar. ................................................................................... 25
Figura 22 - Retransmissores a alturas elevadas. ......................................................................................... 26
Figura 23 - Satélite alimentado por painéis fotovoltaicos. ......................................................................... 26
Figura 24 - Sinais de trânsito alimentados por painéis fotovoltaicos. ........................................................ 27
Figura 25 - Farol alimentado por sistemas fotovoltaicos............................................................................ 27
Figura 26 - Estação de carregamento alimentada por painéis fotovoltaicos. ............................................ 28
Figura 27 - Barco com sistema de painéis fotovoltaico. ............................................................................. 28
Figura 28 - Refrigerador alimentado a fotovoltaico. .................................................................................. 29
Figura 29 - Calculadora com painel fotovoltaico. ....................................................................................... 29
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Fluxo Solar Anual e Consumo Humano. Fonte: Energia Solar, Wikipedia. .................................. 9
Tabela 2 – Eficiência de conversão de diferentes tipos de célula .............................................................. 19
Tabela 3 – Análise SWOT dos Fotovoltaicos. .............................................................................................. 23
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1 INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas duas centenas de anos, a humanidade mostrou-se altamente eficiente no
aproveitamento dos generosos recursos naturais fósseis. No entanto, com o elevado crescimento
demográfico mundial, a utilização dos recursos naturais ultrapassa significativamente o que a natureza
pode renovar. Consequentemente, se se mantiver esta trajetória de consumo excessivo de recurso
naturais nos próximos anos, não será possível satisfazer as demandas da população mundial.

Atendendo a esta problemática, têm se reunido esforços para se traçar um percurso de


independência de recursos naturais fósseis, e mais assente nas fontes energéticas inesgotáveis, como a
energia solar, eólica, geotérmica, entre outros. Para isso, têm-se desenvolvido sistemas tecnológicos que
nos permitam, futuramente, depender apenas de recursos energéticos renováveis, e que se revelem
sustentáveis.

A temática deste trabalho foca-se principalmente no aproveitamento da energia solar e na sua


conversão em energia elétrica, através de sistemas fotovoltaicos. Este método não é considerado dos
mais eficientes, sendo superado por dispositivos de aproveitamento de energia eólica (aerogeradores) e
energia hídrica (barragens). Ainda que apresente algumas desvantagens, como o facto de poder operar
apenas de dia, com condições climatéricas relativamente boas, i.e., céu limpo, e ainda não existir uma
solução sustentável para armazenamento da energia elétrica gerada, é uma opção versátil na medida em
que pode ser aplicável tanto em parques solares, como em residências privadas. É comum a utilização de
sistemas fotovoltaicos em zonas residenciais não só para produção de eletricidade, mas também para
aquecimento de águas, através de coletores solares.

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2 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 RECURSO ENERGÉTICOS

Para que haja uma boa compreensão dos sistemas fotovoltaicos, é necessário primeiramente ter
bem presente a definição de “Energia”, que nem sempre é tão clara. Cientificamente, podemos afirmar
que energia é a capacidade de um sistema realizar trabalho.

A energia está constantemente presente nas nossas vidas. É utilizada para aquecermos água ou
ar, para iluminação das casas ou ruas, para navegar na internet, no exercício físico, entre outros. A energia
pode assumir diversas formas no nosso quotidiano, como energia gravitacional, cinética, mecânica,
elétrica, radiação solar, química, nuclear. No entanto, é importante referir que a quantidade total de
energia é sempre conservada, ou seja, a forma como esta aparece pode mudar ao longo do tempo, mas
a sua quantidade total mantém-se. Isto significa que se queremos utilizar energia em nosso benefício,
geralmente a convertemos de uma forma para outra. Como exemplo disto, temos o motor elétrico que é
uma ferramenta que nos permite converter energia elétrica em energia mecânica.

A unidade S.I. de energia é o joule (J), no entanto é mais frequente utilizar quilowatt-hora (kWh)
para expressar energia elétrica. Como o trabalho aborda sistemas fotovoltaicos, cujo objetivo passa por
converter radiação solar em energia elétrica, será mais prático fazer uso dessa unidade.

Como já foi mencionado anteriormente, o Mundo que conhecemos na atualidade é baseado na


capacidade do ser humano de converter energia de uma forma para outra. Desta forma, as nações mais
prósperas e tecnologicamente desenvolvidas são também as que têm maior acesso e que utilizam mais

Figura 1 - Energia consumida per capita. Fonte: Wikipedia.

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energia per capita. Portanto, muitas pessoas acreditam que o maior desafio para a humanidade neste
século é abordar o problema energético.

Hoje em dia a humanidade enfrenta um problema de oferta e demanda. A população mundial


tem vindo a aumentar a um ritmo elevado, e alguns estudos preveem uma população mundial de 9 bilhões
em torno de 2040 em referência aos 7 bilhões de pessoas que vivem atualmente neste planeta. Todas
essas pessoas irão necessitar de energia, o que aumenta a demanda global de energia. Além disso, o
consumo de energia per capita está ligado ao padrão de vida de cada país. Em 2010, nos Estados Unidos
(EUA) foram utilizados cerca de 230 kWh de energia per capita por dia. Por outro lado, os países africanos,
como a Nigéria, utilizaram apenas um décimo desta energia, cerca de 23 kWh por dia per capita.

Ainda assim, alguns países têm visto os seus padrões de vida aumentar, como a China e a Índia,
onde vivem aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas. Estas pessoas representam mais de um terço da
população mundial. Tanto o aumento da população mundial como o aumento dos padrões de vida irão
traduzir-se numa maior demanda de energia. O International Energy Outlook 2013 prevê que o consumo
de energia irá aumentar cerca de 56% em 2040 em referência a 2010.

A crescente demanda por energia tem também um forte impacto económico. Se a procura por
um certo produto aumentar e a sua oferta se mantiver constante, os preços desse produto irão aumentar.
Isso também acontece com a energia. Como exemplo disso, é representado na Figura 2 o gráfico da
variação do preço médio anual de um barril de petróleo, normalizado para o valor do dólar de 2008.

Figura 2 - variação do preço médio anual de um barril de petróleo, normalizado


para o valor do dólar de 2008. Fonte:BP workbook of historical data.

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No gráfico acima, é possível reparar que os preços subiram durante a crise do petróleo nos anos
70. Nesta década, alguns países deixaram de produzir e comercializar petróleo durante algum tempo. A
segunda era de preços mais elevados do petróleo, começou no início dos anos 2000, devido à crescente
demanda de novas economias em crescimento.

Outro dos problemas está relacionado com o facto de que grande parte das infraestruturas que
produzem energia, como o caso das centrais termoelétricas, está fortemente dependente de
combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás. Os combustíveis fósseis não são nada mais do que
milhões de anos de energia solar armazenada na forma de energia química. O problema é que os seres
humanos consomem esses combustíveis fósseis a um ritmo mais elevado do que o ritmo a que eles são
gerados, através do processo fotossintético na natureza. Deste modo, é possível afirmar que os
combustíveis fósseis não são uma fonte de energia sustentável.

Como mencionado anteriormente, a energia aparece na natureza de várias formas, existindo a


possibilidade de conversão para diferentes formas. Partindo dos combustíveis fósseis, é demonstrado no
diagrama da Figura 3 como é feita a conversão da energia.

Figura 3 - Conversão de energia a partir de combustíveis fósseis. Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008).

No processo de queima de combustíveis fósseis, aproximadamente 90% da energia química é


convertida em calor. A partir de motores térmicos, a energia térmica é convertida em energia mecânica.
Os motores térmicos apresentam normalmente uma eficiência inferior a 60%. A maior parte dos
automóveis atuais são baseados nesse princípio. Por sua vez, a energia mecânica pode ser convertida em
energia elétrica, através de geradores elétricos com eficiência de 90%. Isso mostra que em todas as etapas
do processo de produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, pelo menos 50% da energia
química inicial disponível, é “perdida” nas várias etapas de conversão.
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Como já referido, por forma a contornar os problemas ambientais consequentes da queima de


combustíveis fósseis, tem se investido cada vez mais na conversão de energias alternativas. Como
exemplo disso, temos a hidroeletricidade. Neste caso, a energia potencial obtida através da precipitação
em zonas de relevo mais elevado, é convertida em energia mecânica através das barragens. Para além
disso, através das chamadas barragens de marés, a energia potencial armazenada nas marés também
pode ser convertida em energia mecânica e subsequentemente eletricidade. A energia cinética do vento
pode ser convertida em energia mecânica usando moinhos de vento (energia eólica), e finalmente, a
energia solar pode também ser convertida em eletricidade, através dos já mencionados painéis
fotovoltaicos. As eficiências típicas da maioria dos módulos comerciais, rondam valores entre 15 a 20%.

É importante reforçar que fontes energéticas renováveis são aquelas que são repostas na
natureza a uma taxa igual ou superior à taxa de consumo pelo ser humano. Consequentemente, as
energias hídrica, eólica e solar são fontes de energia renováveis. Os combustíveis fósseis e a energia
nuclear não são considerados renováveis, uma vez que os seus combustíveis são consumidos mais
rapidamente do que são gerados na natureza. De todas as fontes de energia baseadas em produtos
químicos, térmicos, nucleares, hídricos, eólicos, solares e geotérmica, só um terço é utilizado para gerar
eletricidade.

Figura 4 - Contribuição relativa de diferentes fontes para a produção global de eletricidade


em 2007. Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008).

A eletricidade é uma forma de energia facilmente transportável, barata e com perdas


relativamente baixas, através de uma rede elétrica. Praticamente usada há mais de 100 anos, tornou
possível chegar à sociedade moderna em que vivemos, sendo símbolo da vida moderna e do progresso.

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Como mencionado anteriormente, o acesso à eletricidade determina o padrão de vida dos seres
humanos, e por isso, não deixa de ser importante referir que cerca de 1,2 bilhões dos 7 bilhões de pessoas
no mundo, ainda não tem acesso à rede elétrica. A eletricidade em todo o mundo é gerada principalmente
a partir do petróleo, carvão, gás, energia nuclear e hidroelétrica.

Na Figura 4, vemos a contribuição relativa de diferentes fontes para a geração global de


eletricidade em 2007. Cerca de 65% da eletricidade é proveniente de combustíveis fósseis, sendo o carvão
o principal contribuinte. Infelizmente, o carvão produz aproximadamente duas vezes mais dióxido de
carbono por unidade gerada de energia comparativamente ao gás. A Nuclear é responsável por 16% da
geração de eletricidade do mundo e a energia hidroelétrica com 19%, é de longe o maior contribuinte
entre as fontes de energia renováveis.

Na conversão de energia química e nuclear para eletricidade, dois terços da energia é perdida e o
restante é convertido em eletricidade. Cerca de 40% da energia elétrica é utilizada para fins residenciais,
47% é utilizada pela indústria e 13% são perdidos na sua distribuição. Há que referir que em 2007, o sector
dos transportes não teve um papel significativo no consumo de eletricidade, e por isso nem teve lugar na
Figura 4. Ainda assim, espera-se que o consumo de eletricidade relacionado aos transportes aumente
cada vez mais nas próximas décadas.

Em 2007, foram gerados cerca de 20200 TWh de eletricidade em todo o mundo. Se considerarmos
uma central nuclear de 0,5 GW, seriam precisas 5000 centrais nucleares instaladas em todo o mundo, se
as nossas necessidades de eletricidade fossem totalmente cobertas pela energia nuclear. As fontes de
geração de eletricidade podem diferir de país para país. Por exemplo, na Holanda, a geração de
eletricidade está muito dependente dos recursos de gás, enquanto no Brasil a hidroeletricidade é o
recurso mais importante. Nos últimos cem anos, a infraestrutura energética humana dependeu
fortemente de combustíveis fósseis.

Figura 5 - Percentagem de contribuição das diferentes fontes para geração de eletricidade


em 2007. Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008).
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Figura 6 - Percentagem de contribuição das diferentes fontes para geração de eletricidadena Holanda
e no Brasil. Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008).

O sol tem sido a principal fonte de energia para todos os processos na superfície do nosso planeta.
Como exemplo disso, temos o vento que é resultado da diferença de temperatura na atmosfera, induzida
pela irradiação solar, as ondas são geradas pelo vento, as nuvens e chuva que são inicialmente formadas
pela evaporação de água devido à luz solar. Como o sol é a única fonte de energia real que temos, é
necessário regressar a um período em que começámos a utilizar o sol para satisfazer nossas necessidades
energéticas.

2.2 ENERGIA SOLAR

A Terra recebe 174 Petawatts (PW) de radiação solar (insolação) na camada mais externa da
atmosfera. Aproximadamente 30% dessa radiação solar é refletida para o espaço, enquanto que o
restante é absorvido por nuvens, oceanos e massas de terra. O espectro da luz solar na superfície da Terra,
é maioritariamente distribuído pelos intervalos visíveis e quase infravermelhos, com uma pequena parte
próximo dos ultravioleta.

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A superfície terrestre, os oceanos e a atmosfera da Terra absorvem a radiação solar, aumentando


assim a temperatura ambiente. A porção de ar quente contendo água evaporada dos oceanos aumenta,
causando circulação atmosférica ou convecção. Quando o ar atinge uma altitude elevada, onde a
temperatura é baixa, o vapor de água condensa-se em nuvens, proporcionando então a precipitação sobre
a superfície da Terra, completando o ciclo da água. O calor latente da condensação de água amplifica a
convecção, produzindo fenómenos atmosféricos como vento, ciclones e anticiclones. A luz solar absorvida
pelos oceanos e massas de terra, mantém a superfície a uma temperatura média de 14 °C. Através da
fotossíntese, as plantas verdes convertem a energia solar em energia química, produzindo alimentos,
madeira e a biomassa da qual derivam os combustíveis fósseis.

Figura 7 - Destino da energia do sol que chega à Terra. Fonte: Biologia César e Sezar, Editora Saraiva.

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Fluxo Solar Anual e Consumo Humano


Solar 3.850.000
Vento 2.250
Biomassa 200
Uso de energia primária* 539
Eletricidade* 67
Energia dada em Exajoule (EJ) = 10^18 J = 218 TWh
*Consumo a partir do ano de 2010
Tabela 1 - Fluxo Solar Anual e Consumo Humano. Fonte: Energia Solar, Wikipedia.

A energia solar total absorvida pela atmosfera da Terra, oceanos e massas de terra é de
aproximadamente 3.850.000 Exajoules (EJ) por ano. Em 2002, esse valor traduzia-se em mais energia
numa hora do que a utilizada no mundo inteiro durante esse ano. A fotossíntese capta aproximadamente
3.000 EJ por ano em biomassa. A quantidade de energia solar que chega à superfície do planeta é tão
elevada, que num ano equivale ao dobro da obtida de todos os recursos não renováveis, carvão, petróleo,
gás natural e urânio extraídos da Terra, combinados. A energia solar pode ser aproveitada em diferentes
níveis ao redor do mundo. Dependendo da localização geográfica, quanto mais próximo do equador,
maior será o aproveitamento da energia solar.

Figura 8 - Percurso percorrido pela luz solar até atingir diferentes zonas na superfície.
Fonte: L. Freris, D. Infield, Renewable Energy in power Systems, Wiley 2008).

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2.2.1 Irradiância Solar

A irradiância solar é uma medida de potência por unidade de área (superfície), num dado instante.
A superfície em questão pode ser um planeta ou um objeto terrestre dentro da atmosfera, planeta, ou
qualquer objeto exposto a raios solares fora de uma atmosfera, incluindo naves espaciais. Como
mencionado anteriormente, parte da radiação solar será absorvida, enquanto o restante será refletido.
Usualmente, a radiação solar absorvida causa aquecimento por radiância, no entanto, alguns sistemas
podem armazenar ou converter uma parte da radiação absorvida, como no caso de sistemas fotovoltaicos
ou plantas. A proporção de radiação refletida ou absorvida depende da refletividade ou albedo do objeto,
respetivamente.

Figura 9 - Irradiação Solar no Planeta Terra. Fonte: Wikipedia.

Devido à grande distância existente entre o Sol e a Terra, apenas uma mínima parte da radiação
solar emitida atinge a superfície da Terra. Esta radiação corresponde a uma quantidade de energia de
1x1018 kWh/ano. A quantidade de energia solar que atinge a superfície da Terra corresponde,
aproximadamente, a dez mil vezes à procura global de energia. Assim, teríamos de utilizar apenas 0,01 %
desta energia para satisfazer a procura energética total da humanidade.

A intensidade da radiação solar fora da atmosfera, depende também da distância entre o Sol e a
Terra. Durante o decorrer do ano, pode variar entre 147 e 152 milhões de quilómetros. Devido a este
facto, a irradiância varia também, assumindo um valore médio de 1350 W/m2.
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Figura 10 - Representação da irradiação solar na Terra. Fonte: Arno Smets Book of Solar Energy.

Uma vez que a atmosfera reduz a radiação solar através da reflexão, absorção (ozono, vapor de
água, oxigénio, dióxido de carbono) e dispersão (partículas de pó, poluição), o nível de irradiância na Terra
atinge um valor aproximado de 1.000 W/m2 ao meio-dia, em boas condições climatéricas,
independentemente da localização. Ao adicionar a quantidade total da radiação solar que incide na
superfície terrestre durante o período de um ano, obtém-se a irradiação global anual, medida em
kWh/m2.

Componentes da radiação:

• Radiação direta: constituída por raios solares recebidos em linha reta do sol;
• Radiação difusa: procedente de todo o céu visível, e originada pelos raios não diretos e dispersos
pela atmosfera. Depende fundamentalmente das nuvens, sendo muito variável no tempo;
• Radiação refletida no albedo: procedente do solo e com origem na reflexão da radiação incidente
na superfície. Depende das características do solo;
• Radiação global: é a soma da radiação direta e difusa, componentes anteriores;
• Radiação total: é a soma da radiação direta, difusa e de albedo.

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2.2.2 Luz Solar

A luz solar pode ser definida como uma porção da radiação eletromagnética emitida pelo sol que
se situa entre as radiações infravermelhas e as radiações ultravioletas (numa gama de comprimentos de
onda visível ao olho humano).

Toda a radiação eletromagnética, incluindo a luz visível, propaga-se no vácuo a uma velocidade
constante, designada por velocidade da luz, que é uma constante física representada por c
(aproximadamente 300 000 m/s). A velocidade c não depende da velocidade do objeto que emite a
radiação, de modo que a velocidade da luz emitida por uma fonte em alta velocidade é a mesma que a de
outra fonte estacionária, embora a frequência (que define a cor) e a energia sejam diferentes, por efeito
Doppler. c é, portanto, uma constante física.

As grandezas físicas básicas da luz são:

• Brilho (ou amplitude);


• Cor (ou frequência);
• Polarização (ou ângulo de vibração).

Figura 11 - Espetro eletromagnético. Fonte: Google imagens.

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O espectro da radiação solar é próximo ao de um corpo negro com uma temperatura de cerca de
5800 K. O Sol emite radiação EM na maior parte do espectro eletromagnético. Embora o sol produza raios
Gama como resultado do processo de fusão Nuclear, estes fotões de alta energia são convertidos em
fotões de baixa energia antes de chegar à superfície do Sol e são emitidos para o espaço, então o Sol não
emite raios gama. O Sol, no entanto, emite raios-X, ultravioleta, luz visível, infravermelho e até ondas de
rádio. Quando a radiação ultravioleta não é absorvida pela atmosfera ou outro revestimento protetor, ela
pode causar danos à pele, conhecidos como queimaduras solares, ou desencadear uma mudança
adaptativa na pigmentação da pele humana. O espectro de radiação eletromagnética que atinge a
atmosfera da Terra abrange uma faixa de 100 nm a cerca de 1 mm

Figura 12 - Espetro da radiação solar. Fonte: Wikipedia.

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O fotão é uma partícula elementar existente na radiação eletromagnética (luz). No espaço vazio
(vácuo perfeito) os fotões movem-se à velocidade da luz, c. A energia de um fotão (medida em
electrãoVolt, eV) depende do comprimento de onda ʎ (medido em metros, ou μm) da radiação:
1.24
𝐸[𝑒𝑉] =
ʎ[μm]

Figura 13 - Propriedades da luz (fotão).

2.2.3 Incidência da Radiação Solar

O ângulo de incidência da radiação solar através da atmosfera terrestre, altera o seu trajeto e
distância percorrida. Essa incidência varia ao longo do ano de acordo com a declinação da Terra face ao
Sol. A massa de ar (MA) afeta o espectro da radiação solar que chega à superfície da Terra, sendo esse
fenómeno traduzido pela seguinte expressão (em que θ é o ângulo entre os raios solares e a vertical, ou
zénite):
1
𝑀𝐴 =
cos⁡(𝜃)

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Figura 14 - Ângulo de incidência solar.

Posição do sol relativamente a um plano horizontal (fig.14)

• O zénite é a direção vertical sobre o plano horizontal;


• Distância zenital, θz é o ângulo entre o zénite e a radiação direta no plano;
• Elevação solar, s = 90 - θz é o ângulo entre o plano horizontal e a radiação direta no plano;
• O Azimute solar, s é o ângulo formado entre a direção Sul e a projeção da linha Sol -Terra
sobre a horizontal. O azimute para oeste é positivo e para Este é negativo;
•  é a inclinação do plano, que corresponde ao ângulo entre a “linha do painel/coletor” e
a horizontal.

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3 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

3.1 CÉLULAS SOLARES

Uma célula solar é um dispositivo físico elétrico capaz de converter a energia da luz solar
diretamente em eletricidade através do efeito fotovoltaico. Estas células são utilizadas em conjunto
(normalmente em conjuntos de 36, 60 ou 72 células ligadas em série) para formar os módulos solares,
também conhecidos como painéis fotovoltaicos. A energia gerada pelos painéis fotovoltaicos é
chamada de energia solar fotovoltaica.

Figura 15 - Da célula solar até ao sistema fotovoltaico.

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3.2 MÉTODO DE FUNCIONAMENTO

Os painéis fotovoltaicos consistem em sistemas compostos de vários materiais semicondutores.


Estes materiais, por sua vez, tornam-se condutores elétricos quando ficam expostos a luz ou ao calor, mas
que funcionam como isoladores a baixas temperaturas.

Mais de 95% dos painéis solares produzidos mundialmente utilizam silício (Si) como o seu
material condutor. Sendo o segundo elemento mais abundante á face da terra, o silício tem as vantagens
de estar disponível em quantidades suficientes no nosso meio ambiente e ainda o facto de o seu
processamento não ser prejudicial ao mesmo. Para produzir um painel fotovoltaico, o material
semicondutor deve receber um processo de “doping”. “Doping” consiste na introdução intencional de
elementos químicos, com o qual se pode submeter um maior número de portadores de carga positiva
(camada semicondutora p) ou portadores de carga negativa (camada semicondutora condutora n) no
material semicondutor. Se duas camadas semicondutoras contaminadas diferentemente combinados,
então a chamada junção p-n resulta no limite das camadas.de portadores na camada de carga positiva (p)
ou excesso de portadores na camada de carga negativa (n) no material semicondutor. Se existirem duas
camadas de semicondutores diferentes combinadas, então ficamos perante uma fronteira de uma p-n
junction.

Figura 16 - Constituição da célula fotovoltaica.

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Nesta junção, forma-se um campo elétrico interior, levando a uma separação dos portadores de
carga que são excitados pela luz. Através de contactos metálicos, dá-se então a presença de uma carga
elétrica. Se o circuito externo estiver fechado, o que representa um consumidor conectado, então existe
uma passagem direta de corrente. Normalmente, as células fotovoltaicas de silício apresentam uma
dimensão 10cmx10cm e contêm uma camada anti refletora transparente que os protege, e assim diminui
a perda por reflecção da superfície do painel.

Podemos então afirmar que uma célula solar funciona com base em três etapas:

1. Os fotões na luz solar atingem o painel solar e são absorvidos por materiais
semicondutores, como o silício;
2. Os Eletrões (carregados negativamente) são excitados pela luz solar e, por sua vez
libertados dos seus átomos, permitindo a sua circulação no material, produzindo
eletricidade. Devido à composição especial das células solares, os eletrões só se podem
mover em uma única direção;
3. Uma matriz de células solares converte a energia solar numa quantidade utilizável de
eletricidade de corrente contínua (DC).

3.3 TIPOS DE CÉLULAS

Podemos distinguir três tipos diferentes de painéis, de acordo com o seu tipo de cristal, sendo
eles monocristalino, policristalino e amorfo. Para produzir uma célula de silício monocristalino, é
necessário um material ser absolutamente semicondutor puro. Barras monocristalinas são extraídas do
silício fundido e depois serrado em chapas finas. Este processo de produção garante um nível
relativamente alto de eficiência.

Por sua vez, a produção de painéis policristalinos tem uma melhor relação de rentabilidade.
Neste processo, silício líquido é derramado em blocos que posteriormente são serrados em chapas.
Durante a sua solidificação, as estruturas variadas do cristal são formadas, porém com maior
probabilidade de surgir defeitos nas suas bordas. Devido a estes defeitos, este tipo de célula apresenta
uma menor eficiência.

Por fim, se um filme de silício é depositado num vidro ou outro material de substrato, denomina-
se célula amorfa ou de camada fina. A espessura da camada é inferior a 1 μm (espessura de cabelo
humano: 50 - 100 μm), por isso os custos de produção são menores devido aos baixos custos de material.
No entanto, a eficiência das células amorfas é muito menor do que a das outras duas células. Por causa

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disso, eles são usados principalmente em equipamentos de baixa potência como calculadoras ou
elementos de fachada.

Material Eficiência aproximada (%) Eficiência laboratorial em %


de produção
Sílica monocristalina 20 14-17
Sílica policristalina 18 13-15
Sílica amorfa 13 5-7
Tabela 2 – Eficiência de conversão de diferentes tipos de célula

Figura 17 - Tipos de células fotovoltaicas.

3.3.1 Materiais

Como já foi mencionado anteriormente, a maioria das células fotovoltaicas são produzidas a
partir de silício, uma vez que é um dos elementos mais abundantes à face da terra e sem qualquer
perigo para o ambiente quando utilizado no processamento destas células. No entanto, por forma a
atingir maiores eficiências, têm se utilizados outros tipos de elementos.

• Célula solar de telureto de cádmio

Uma célula solar de telureto de cádmio usa um filme fino de telureto de cádmio (CdTe), uma
camada semicondutora para absorver e converter luz solar em eletricidade. O preço mais baixo do módulo
de filme fino cotado é de US $ 1,76 por watt-pico, com o menor preço do módulo de silício cristalino (c-
Si) em US $ 2,48 por watt-pico. O cádmio presente nas células seria tóxico se libertado. No entanto, a
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libertação é impossível durante o funcionamento normal das células e é improvável durante incêndios em
telhados residenciais. Um metro quadrado de CdTe contém aproximadamente a mesma quantidade de
Cd que uma pilha de níquel-cádmio de célula C, numa forma mais estável e menos solúvel.

• Seleneto de Cobre-Índio

O seleneto de cobre e índio-gálio (CIGS) é um material de bandgap direto. Ele tem a maior eficiência
(aproximadamente 20%) entre os materiais de filme fino. Os métodos tradicionais de fabricação envolvem
processos de vácuo, incluindo co-evaporação e pulverização catódica. Desenvolvimentos recentes na IBM
e na Nanosolar tentam reduzir o custo sem utilização de processos de vácuo.

• Multijunção de arsenieto de gálio

Células multijuncão de alta eficiência foram originalmente desenvolvidas para aplicações


especiais como satélites e exploração espacial, mas atualmente, a sua utilização em concentradores
terrestres pode ser a alternativa de menor custo em termos de $ / kWh e $ / W. Estas células multijunção
consistem em múltiplos filmes finos produzidos usando epitaxia de fase de vapor metalorgânico. Uma
célula de junção tripla, por exemplo, pode consistir dos semicondutores: GaAs, Ge e GaInP2. Cada tipo de
semicondutor terá uma energia de intervalo de bandas características, que faz com que ele absorva a luz
mais eficientemente numa determinada cor, ou mais precisamente, para absorver a radiação
eletromagnética sobre uma porção do espectro. Os semicondutores são cuidadosamente escolhidos para
absorver quase todo o espectro solar, gerando eletricidade da maior parte da energia solar possível.

Os dispositivos multijuntivos baseados em GaAs são as células solares mais eficientes até hoje.
Em outubro de 2010, as células metamórficas de junção tripla atingiram uma alta recorde de 42,3%. Esta
tecnologia está atualmente sendo utilizada nas missões do Mars Exploration Rover, que passaram muito
além da sua vida útil de 90 dias.

As células solares GaAs de tripla junção também foram usadas como fonte de energia dos quatro
vencedores holandeses do World Solar Challenge Nuna em 2003, 2005 e 2007, e também pelos carros
solares holandeses Solutra (2005), Twente One (2007) e 21 Revolução (2009).

3.3.2 Custos

O custo de uma célula solar é dado por unidade de pico de energia elétrica. Os custos de
fabricação incluem necessariamente o custo de energia necessário para fabrico. As tarifas de consumo
solar específicas variam em todo o mundo, e até mesmo entre estados e regiões dentro de vários países.

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Tais tarifas de consumo podem ser altamente eficazes no incentivo ao desenvolvimento de projetos de
energia solar. Atualmente, a eficiência das células solares está em torno de 20%.

As células solares de alta eficiência são de elevado interesse para diminuir o custo da energia
solar. Muitos dos custos de uma central solar são proporcionais à área da central. Uma célula de maior
eficiência pode reduzir o custo da área e da central, mesmo que as próprias células sejam mais caras. As
eficiências de células descobertas, para serem úteis na avaliação da economia de usinas de energia solar,
devem ser avaliadas sob condições realistas. Os parâmetros básicos que precisam ser avaliados são a
corrente de curto-circuito, tensão de circuito aberto.

Figura 18 - Gráfico de eficiências de células fotovoltaicas. Fonte: NREL.

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3.3.3 Maiores fabricantes de células solares

Figura 19 - Maiores produtores de células solares no mundo. Fonte: Wikipedia.

3.3.4 Análise SWOT

Estando o mercado das energias renováveis em plena expansão, é importante estudar a


competitividade da tecnologia fotovoltaica, de forma a realçar melhorias que poderão ser feitas num
futuro próximo. A competitividade da energia solar através da tecnologia fotovoltaica pode ser estudada
fazendo uma análise SWOT, onde serão identificadas as Forças (Strenght), Fraquezas (Weakness),
Oportunidades (Oportunities) e Ameaças (Threat) aplicadas ao mercado Português. Para tal, é
apresentada uma tabela contendo a análise SWOT da tecnologia fotovoltaica como recurso renovável.

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Tabela 3 – Análise SWOT dos Fotovoltaicos.

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3.4 APLICAÇÕES

Nos dias de hoje, a energia solar consiste numa das mais abundantes formas de energia
renovável, tendo até o potencial para substituir parcialmente os combustíveis fosseis. Isto deve-se ao
facto de a quantidade de radiação solar que atinge a superfície da terra ser cerca de 10 mil vezes superior
à energia elétrica global atualmente consumida. Desta forma, estes tipos de energia já estão a ser usados
numa variedade de aplicações, as quais podem ser agrupadas em duas principais categorias: “utility
interactive systems” e sistemas “stand-alone”.

3.4.1 Utility Interactivef Applications

Neste tipo de sistemas de painéis fotovoltaicos, os próprios estão conectados a inversores que
convertem a corrente continua produzida pelo painel em corrente alternada. Esta eletricidade pode de
seguida alimentar eletrodomésticos ou até alimentar diretamente a rede. Assim, quando um edifício
recebe esta energia, a mesma pode ser distribuída a aparelhos e iluminação ou a outro tipo de
equipamentos quando necessário. Sendo que os sistemas de painéis fotovoltaicos estão restritos ao
funcionamento unicamente quando expostos ao sol, um sistema de backup é frequentemente requerido
para garantir a continuidade de abastecimento elétrico independentemente das condições climáticas.

São estas as razões que levam este tipo de sistemas a ser frequentemente utilizados em casas
ou edifícios comerciais para diminuir os custos elétricos. Um sistema bem desenhado com um

Figura 20 - Esquema "Utility Interactive Applications".

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armazenamento próprio pode ser uma boa perspetiva para o deslocamento de energia durante as horas
de maior pico.

3.4.2 Sistemas Stand-Alone

Este outro tipo de sistemas usa a eletricidade produzida diretamente, não dependendo de
conexões a rede. Quando os requerimentos chegam durante a noite ou quando existe pouca luz solar, é
usado um sistema de armazenamento que mantem o funcionamento do sistema. Existem inúmeras
aplicações de sistemas de painéis fotovoltaicos “stand-alone”, cujo alguns dos quais serão mencionados
de seguida.

• Iluminação

Com a invenção das lâmpadas LED (light emitting diode) como fontes de baixa necessidade
energética, foi possível aos sistemas de painéis fotovoltaicos serem considerados ótimos na utilização em
sistemas de iluminação remota ou móvel. Desta forma, estes sistemas em combinação com
armazenamentos em baterias são muito usados para providenciar iluminação em sinais de informação
em autoestradas, instalações de uso publico, estacionamentos, iluminação em comboios, etc.

Figura 21 - Candeeiro de estrada com painel solar.

• Comunicações

Os sinais necessários num sistema de comunicações precisam de ampliação depois de intervalos


de distância. Várias das torres de transmissão estão situadas para realizar um aumento do sinal de radio,

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televisão e telemóvel. Terrenos elevados são escolhidos, principalmente como locais para estações de
retransmissão. Os quais normalmente se localizam longe de linhas de energia. Assim, para reduzir a

Figura 22 - Retransmissores a alturas elevadas.

dificuldade e custo associado aos geradores, sistemas de painéis solares estão a ser instalados como
alternativas viáveis.

Para além deste tipo de exemplo também temos o caso dos satélites usados pelos sistemas de
comunicação que são alimentados por sistemas de painéis fotovoltaicos.

Figura 23 - Satélite alimentado por painéis fotovoltaicos.

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• Sistemas de Sinalização

Sistemas de navegação, tais como faróis, sinais de aviso em autoestradas e aéreos, podem ser
casos em que se encontram longe de redes elétricas. Desta forma, sistemas de painéis fotovoltaicos
podem ser considerados uma opção viável como fonte de energia para este tipo de aplicações
importantes. Até mesmo sinais de trânsito portáteis podem ser alimentados por sistemas de painéis
fotovoltaicos.

Figura 25 - Farol alimentado por sistemas fotovoltaicos.

Figura 24 - Sinais de trânsito alimentados por painéis fotovoltaicos.

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• Carregadores de Veículos de Bateria Elétrica

Veículos elétricos podem ser carregados através de estações de carregamento alimentadas por
painéis fotovoltaicos. Barcos e outros veículos ligeiros podem ser também carregados diretamente
utilizando este tipo de sistemas.

Figura 26 - Estação de carregamento alimentada por painéis fotovoltaicos.

Figura 27 - Barco com sistema de painéis fotovoltaico.

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• Refrigeração

Sistemas de painéis fotovoltaicos são também considerados bastante adequados para


armazenamento e transporte de medicamentos e vacinas que requerem a necessidade de refrigeração.

Figura 28 - Refrigerador alimentado a fotovoltaico.

• Produtos de consumidor

A tecnologia de fotovoltaicos está a ser usada no comércio para produtos considerados como
produtos para o consumidor. Pequenas aplicações que requerem uma corrente continuam tais como
brinquedos, relógios, calculadoras, rádios, televisões, lanternas, ventoinhas, etc. podem ser também
operadas através de sistemas painéis fotovoltaicos.

Figura 29 - Calculadora com painel fotovoltaico.

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4 EXERCÍCIOS PRÁTICOS BÁSICOS

4.1 EXERCÍCIO 1

A energia solar instalada em todo o mundo em 2012 foi de 102 GW. Assuma um valor de geração
total de eletricidade em todo o mundo de 20200𝑇𝑊ℎ por ano. Assuma um fator de capacidade para
energia solar de 15%.

Qual percentagem da geração total de eletricidade em todo o mundo foi coberta pela energia
solar em 2012?

O fator de capacidade descreve a percentagem de tempo em que a instalação de energia está a


operar na capacidade nominal durante um determinado período. Por exemplo, um fator capacidade de
50% significa que a instalação produzirá metade da energia na capacidade nominal durante um
determinado período. Portanto, a energia produzida pela energia solar por dia será:

𝐸 = 102𝐺𝑊 ∗ 24ℎ ∗ 0.15 = 367.2𝐺𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎


A percentagem de energia solar instalada seria então:
367.2𝐺𝑊ℎ ∗ 365⁡𝑑𝑖𝑎𝑠/𝑎𝑛𝑜
𝑆𝑜𝑙𝑎𝑟(%) = ∗ 100 = 0.66%
20200𝑇𝑊ℎ/𝑎𝑛𝑜

4.2 EXERCÍCIO 2
4.2.1
Duas definições explicadas anteriormente são o Watt-peak e a eficiência. Como exemplo,
consideramos um módulo solar com uma superfície de 1.5𝑚2 e com uma potência de output de 300𝑊𝑝 .
Watt-peak é a energia gerada por um módulo ou dispositivo sob condições de teste padrão (STC –
Standard Test Conditions). As Condições de Teste Padrão correspondem à irradiância da luz de
1000𝑊𝑚−2 com uma forma espectral igual a 𝑀𝐴1.5 ao espectro. Então, sob condições STC, o módulo
daria uma potência de 300𝑊.

A eficiência é a fração da energia solar convertida em energia elétrica, sob STC. A eficiência de
uma célula solar é dada por:
𝑃𝑜𝑢𝑡 300
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = = = 0.2
𝑃𝑖𝑛 1000 ∗ 1.5

Portanto, o painel acima tem uma eficiência de 20%.

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4.2.2
A saída de energia de um módulo solar no STC é 250𝑊𝑝⁡com uma área de 2⁡𝑚2 , enquanto o
espectro fornece 1000𝑊𝑚−2 em STC. Quanta energia de radiação o módulo recebe em watts (W)?

𝑃𝑖𝑛 = 2 ∗ 1000 = 2000𝑊

4.2.3
Qual é a eficiência total do módulo em (%)?
𝑃𝑜𝑢𝑡 250
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = = = 0.125 = 12.5⁡%
𝑃𝑖𝑛 2 ∗ 1000

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5 CONCLUSÃO

A enorme quantidade de pesquisa que tem sido feita desde o início da década guiou a um
aumento do interesse em relação à utilização de sistemas fotovoltaicos para satisfazer as necessidades
energéticas. Apesar de não ser dos sistemas mais eficientes no que toca a conversão de energia, sempre
é melhor do que não utilizar definitivamente, ajudando também a combater os problemas dos
combustíveis fósseis. Há ainda que mencionar que o Sol é a nossa única fonte real de energia, e
independentemente do sistema em utilização, deve ser aproveitada ao máximo para satisfazer a demanda
energética.

Como vimos, os sistemas fotovoltaicos têm uma panóplia de aplicações. Podem ser instalados
diretamente nas construções de edifícios em vez de utilizar uma estrutura de suporte associada e, para
além disto, estes sistemas estão disponíveis em módulos flexíveis podendo ser instalados em quase todo
o tipo de superfícies para absorver energia solar.

Assim, ao entender melhor estes sistemas, é possível compreender que um futuro em que seja
possível a utilização dos mesmos para uma vida sustentável, pode não ser algo que esteja tão longe de
acontecer como há uns anos. Sendo que com estes não existe danificação do estado da natureza, existe
a vantagem de ocorrer constante investigação, que ajuda na melhoria contínua da sua utilização.

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6 REFERÊNCIAS

• https://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/global.html#global, acesso em 4/2018;


• https://en.wikipedia.org/wiki/Solar_irradiance, acesso em 4/2018;
• Slides da UC de Aplicações Energéticas Renováveis, professor João Antero Cardoso;
• https://www.nrel.gov/, acesso em 5/2018;
• Solar Energy: The physics and Engineering of Photovoltaic Conversion, Technologies and
Systems, Arno Smets.

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