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PROCESSO DE ARMAZENAMENTO,
TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO DE
PRODUTOS EM UMA INDÚSTRIA DE
LATICÍNIOS
Naraiana Agapito (UFSC)
naraagapito@yahoo.com.br
Elane Schwinden Prudêncio (UFSC)
elane@cca.ufsc.br
1. Introdução
O agronegócio do leite tem sido marcado por transformações substanciais desde o ano
de 1990. Em nível institucional, em 1992, o Estado deixou de tabelar os preços, após controlar
o mercado por mais de 45 anos. No plano macroeconômico, a estabilização da economia
(Plano Real) possibilitou um significativo crescimento da demanda dos derivados lácteos,
colocando o Brasil entre os seis maiores produtores mundiais de leite. No segmento industrial,
as transformações implicaram em um intenso processo de aquisições, uma significativa
reestruturação produtiva e a reorganização dos canais de comercialização. Muitos laticínios,
com atuação em mercados regionais foram adquiridos por grandes empresas nacionais e
principalmente internacionais. Novas plantas industriais foram estruturadas, com maior
capacidade de processamento e houve racionalização na distribuição, com a reorganização
dos canais viabilizados por inovações no setor, no nível da produção, na embalagem e na
logística (MARTINS et al., 2004).
Os novos procedimentos adotados referentes às operações logísticas, contudo, deram-
se, em geral, de modo empírico (MARTINS et al., 2004). Entretanto, após a abertura do
mercado, importantes mudanças têm ocorrido nos vários setores da economia no intuito de
reposicionar as empresas no ambiente competitivo imposto pela entrada de empresas de
capital estrangeiro no país. O mesmo ocorreu com o setor de laticínios, pois a concorrência e
a exigência dos consumidores forçaram toda a cadeia produtiva a avaliar suas estratégias de
modo a alcançar vantagens competitivas com o mercado internacional, colocando em prática
as operações antes empíricas.
Com uma produção de leite de vaca em torno de 25.333 bilhões de litros, no ano de
2006, o Brasil apresenta a sexta colocação entre os maiores produtores mundiais (BRASIL,
2007). Mundialmente tem-se produzido e comercializado uma grande diversificação de tipos
de leite e derivados lácteos. A distribuição de lácteos no Brasil há algum tempo vem sendo
executada por pequenas, médias e grandes empresas que distribuem em todo o território
nacional desde leite na forma in natura até derivados lácteos mais sofisticados (DUARTE,
2002).
O leite e seus derivados são produtos que possuem características específicas, ou seja,
são perecíveis e, portanto exigem controles rígidos, principalmente quanto à necessidade de
refrigeração. Assim, a manutenção da cadeia do frio e o controle da qualidade são de
fundamental importância para assegurar que as propriedades dos produtos não sejam
alteradas, acarretando em problemas relativos à segurança alimentar dos consumidores.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi acompanhar as seguintes áreas de uma indústria
de laticínios: armazenamento, transporte e distribuição dos produtos acabados, ou seja, os
derivados lácteos.
1.1. A qualidade de leite e derivados lácteos
A busca pela qualidade, por parte das indústrias, está associada ao alcance da posição
competitiva dentro de um mercado concorrente e diante de consumidores cada vez mais
exigentes. Atualmente, o termo qualidade é entendido como “satisfação total do cliente”
(BÁNKUTI; BÁNKUTI; TOLEDO, 2006). No caso de alimentos, as características de
qualidade podem ser também divididas em mais duas classes, onde a primeira refere-se às
propriedades nutricionais, aos padrões microbiológicos e à ausência de substâncias nocivas,
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que possam acarretar riscos à saúde do consumidor; e a segunda relacionada aos padrões de
apresentação, ou seja, às características sensoriais do produto (QUEIROZ; MACHADO;
ZUIN, 2004).
O leite em temperatura ambiente é um excelente meio de cultura para os
microrganismos, pois eles encontram condições favoráveis ao seu crescimento, como os
lipídios, proteínas, carboidratos, água e pH próximo da neutralidade (CATÃO; CEBALLOS,
2001; ARCURI et al., 2006). Neste caso, utiliza-se a refrigeração para a manutenção da
cadeia do frio objetivando manter as qualidades do produto até a hora do consumo. A cadeia
do frio consiste basicamente em resfriar o produto desde a sua produção e mantê-lo frio ao
longo de toda a seqüência até o consumo final (NERO et al., 2005).
Em 2002, a implementação da IN 51 abriu as portas de novos mercados para o leite
brasileiro, garantindo a sustentabilidade da produção pelos próximos anos, porém, todas as
etapas desde a obtenção até a produção de derivados devem estar perfeitamente integradas.
Desta maneira, a obtenção de um leite com qualidade torna-se muito importante e pode ser
conseguida através do controle de vários fatores desde a coleta da matéria-prima. No entanto,
outros cuidados também são importantes como a conservação, transporte e distribuição do
leite em condições adequadas (DÜRR, 2005).
1.2. A importância da logística em uma indústria de laticínios
A introdução do conceito de logística no agronegócio do leite possibilita significativas
economias nos custos de transporte e em ganhos com a melhora da qualidade (MARTINS et
al., 2004). Assim sendo, a logística contribui para tornar mais eficientes as atividades de toda
a cadeia produtiva do leite (RIBEIRO, 1999). Portanto, logística é definida como parte da
Gestão da Cadeia de Suprimentos que planeja, implementa e controla de maneira eficiente e
efetiva o fluxo direto e reverso, a armazenagem de produtos, bem como os serviços e
informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o
objetivo de atender aos requisitos do consumidor (CSCMP, 2007). Segundo Novaes (2004), o
longo caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos
componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores, e chegando finalmente ao
consumidor através do varejista, constitui a Cadeia de Suprimento.
Martins et al. (2004) relatam que com o cuidado na obtenção, transporte,
armazenamento e distribuição de leite e derivados, pode-se contar com a sustentabilidade do
negócio do leite nos pequenos e médios laticínios, gerando aumento na rentabilidade da
empresa; além da melhora da competitividade e produção nacional de leite.
Para Bowersox & Closs (2001) o armazenamento ou o estoque é definido como a
acumulação de recursos materiais em um sistema de transformação. Geralmente, não é viável
providenciar produção ou entrega instantânea aos clientes, por isso é necessário manter
estoque, que age como “amortecedor” entre a oferta e a demanda (BALLOU, 1993). Segundo
Vialta, Moreno & Valle (2003) a estocagem também compreende a manutenção de produtos e
ingredientes em um ambiente que proteja sua integridade e qualidade, mantendo o alimento
livre de contaminação por pragas, contaminantes químicos, físicos, microbiológicos e/ou
outras substâncias inaceitáveis, reduzindo danos e perdas durante o armazenamento, ou seja, a
estocagem.
O transporte é, em geral, responsável pela maior parcela dos custos logísticos
(FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 2000), porém é essencial, pois nenhuma indústria
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2. Material e métodos
A pesquisa foi realizada através de um estudo de caso tendo como base o
acompanhamento das áreas da indústria de laticínios que envolveram as seguintes etapas:
armazenagem, transporte e distribuição dos derivados lácteos produzidos.
3. Resultados e discussão
3.2. Acompanhamento do armazenamento, transporte e distribuição dos derivados
lácteos
O acompanhamento do armazenamento, transporte e distribuição dos derivados
lácteos foi realizado através das etapas descritas na Figura 1.
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Armazenamento
Expedição
Carregamento
Transporte
Distribuição
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4. Conclusão
Através do acompanhamento do armazenamento, transporte e distribuição dos
derivados lácteos, fica evidente que a adoção do resfriamento é uma medida importante para
garantir a qualidade, evitando desperdícios e gerando vantagens econômicas para os
produtores, a indústria e os consumidores. Observou-se também que o controle nestas etapas é
importante para o aumento da eficiência no transporte e distribuição dos produtos acabados e
na redução dos custos logísticos.
Somente através do cadastramento e controle dos parâmetros destas etapas, será
possível manter e/ou melhorar a qualidade dos derivados lácteos. Entretanto, este
procedimento deve ser realizado conjuntamente com as outras etapas referentes ao
processamento dos produtos.
Referências
ARCURI, E. F.; BRITO, M. A. V. P.; BRITO, J. R. F.; PINTO, S. M.; ÂNGELO, F. F.; SOUZA, G. N.
Qualidade microbiológica do leite refrigerado nas fazendas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia. Vol. 58, n.3, p. 440-446, 2006.
BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São
Paulo: Atlas, 1993.
BANCO de Alimentos e Colheita Urbana. Organização e controle de almoxarifado (Mesa Brasil Sesc-
segurança alimentar e nutricional). Programa Alimentos Seguros. Convênio
CNC/CNI/SENAI/ANVISA/SESI/SEBRAE. Rio de Janeiro: Sesc/DN, 2003.
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VIALTA, A.; MORENO, I.; VALLE, J. L. E. Boas Práticas de Fabricação, Higienização e Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle na Indústria de Laticínios: 1 – Requeijão. Indústria de laticínios. p. 56-63,
jan. – fev. 2002.