Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Introdução: uma relação correta entre Teologia do Pluralismo Religioso e Diálogo Inter-
Religioso
A Teologia do Pluralismo Religioso (TPR) e o Diálogo Inter-Religioso (DIR) são postos em relação
com muita freqüência. Há quem, de fato, confunda os dois temas e os cite de modo equivocado um
pelo outro. E não deixa de ser freqüente o caso dos que não os distinguem, e pensam até que são a
mesma coisa, ou, antes, que um é parte do outro. Importa deslindar os conceitos.
A TPR pode revestir a forma de uma teologia setorial (teologia "de genitivo", que teologiza sobre
a pluralidade de religiões), ou a forma de uma teologia fundamental (teologia "de ablativo", que
teologiza de universa theologia, porém sub specie pluralitatis, ou seja, o que seria a chamada "teologia
pluralista"). Ora, em nenhum dos dois casos se pode confundir com o DIR, e também não conservam
com ele uma relação de meio a fim.
A TPR tem finalidade em si mesma, ainda que possa ser útil ao DIR, e o é. Todavia, à margem
de seu possível serviço ao DIR, mesmo nos lugares onde, por hipótese, não fosse praticável o DIR, a
TPR tem sentido e tem fundamento por si mesma.
A TPR, ramo teológico que ainda não tem cinqüenta anos, não surgiu historicamente do DIR nem
foi elaborada em sua maior parte por teólogos dedicados à prática do DIR.
A TPR é necessária e conveniente, não tanto "para dialogar com outros" mas sobretudo "para
dialogar com nós mesmos". Seu objetivo não é o diálogo com as outras religiões, e sim o diálogo com
nós mesmos: um "intradiálogo". E só mediante os efeitos desse intra-diálogo que a TPR poderá ser
eficaz depois para um possível DIR.
Isso significa que não entendem ou não propõem corretamente a TPR aqueles que interpretam
seus argumentos como se tivessem sido concebidos em função de objetivos do DIR, como se com ela
se pretendesse fazer mais fácil, ou mais cômodo o DIR. Há quem pense que a TPR negocia, manipula,
ou até sacrifica, as verdades de uma religião, caso julgue conveniente para o objetivo de fazê-las mais
aceitáveis aos outros no DIR.
A TPR busca a verdade de uma maneira crítica, honesta e sem complexos (sem complexos de
superioridade nem complexos de outro tipo), "custe o que custar" e "caia o que cair", com ousadia,
como deve ser toda busca honesta da verdade, sem medos nem interesses, à margem de que o DIR
pode ser mais fácil... ou talvez mais difícil.
Dito isso, pode-se afirmar também que, talvez por esse mesmo desinteresse e essa honradez
crítica, a TPR é uma ajuda inestimável para o DIR. O DIR só será benéfico se for honrado e
desinteressado. A TPR é independente do DIR, e seus críticos deveriam saber disso.
Esclarecida essa relação entre TPR e DIR, podemos dizer que é um acerto incluir o tema da TPR
no horizonte da preocupação desta assembléia da SOTER: "Religiões e paz mundial". Com efeito, a
TPR é um fator determinante para o futuro da paz entre as religiões e, portanto, para o futuro da paz
mundial.
Neste estudo queremos nos concentrar na TPR e em um ponto menos freqüentado: quais são os
novos "lugares teológicos" que atualmente possibilitam, reclamam e exigem a elaboração da TPR e/ou
a releitura pluralista das religiões? Onde estão esses lugares teológicos no mundo atual?
A TPR não é como a teologia bíblica, que poderia ser elaborada sem sair do grande farol
teológico-bíblico, e que é difícil que sua necessidade possa se sentir como um clamor na rua. Ao
contrário: a TPR surgiu para dar resposta a um clamor que vem da rua, da convivência social, e é uma
teologia que pode e deve ser feita dando resposta à inquietação e às intuições dos fiéis que lidam com
a problemática da pluralidade religiosa.
2
Uma teologia que não se feche em seu farol, que viva no mundo de hoje e respire a noosfera
planetária que respira nossa sociedade não deixará de se encontrar, nos mais variados âmbitos do
pensamento, com "lugares teológicos" em sentido amplo: realidades, transformações profundas do
pensamento, inquietações não expressas, novas convicções no subconsciente coletivo, reivindicações,
exigências..., que são questionamentos com os quais a fides quaerens intellectum pede aos brados que
a teologia, a TPR, elabore e responda à problemática da pluralidade religiosa.
Acredito que em uma época na qual muitos teólogos e teólogas têm medo de entrar no âmbito
da TPR, e se sentem tranqüilos porque no âmbito fechado de outros ramos teológicos pareceria não
ser imprescindível a TPR, abrir os olhos ao vasto panorama dos novos lugares teológicos que a
reclamam pode ser um chamado, um convite para se adentrar no âmbito da TPR.
Para proceder ordenadamente, mapearemos valendo-nos de uma lógica simples. Esclarecemos,
em todo caso, que nos referimos a alguns lugares teológicos laicos, da rua, da sociedade, do mundo.
A religião oficial ainda não se retratou da doutrina da escolha, continua pensando oficialmente o
mesmo de sempre, e não tem desejos de revisar esse pensamento, embora sinta um inconfessado
pudor diante da maior parte daquelas afirmações. Porém, na rua, o povo já abandonou aquela
convicção. O cidadão médio não pode aceitar as afirmações exclusivistas: que fora de sua religião não
há salvação, ou que todas as demais são inferiores, que a própria é a única revelada por Deus, e que
faz parte do seleto grupo dos escolhidos por Deus para receber uma revelação exclusiva e para realizar
a missão de salvação do mundo. Essa posição intelectual já não lhe é viável. Ele a sente como
impossível, não crível, até mesmo impensável. Parece-lhe, francamente, um "complexo de
superioridade", inaceitável na sociedade moderna, na qual uma humanidade globalizada tomou
consciência dos direitos humanos e da igualdade básica de todas as pessoas, povos e culturas.
Bem explicado, nem o exclusivismo nem o inclusivismo (forma mitigada do exclusivismo) são
aceitáveis para o cidadão médio, nem para a opinião pública, nem para o senso comum. Nos últimos
tempos, desenvolveu-se uma sensibilidade de profunda desconfiança em relação às atitudes de
privilégio ou exclusividade, que faz parte da nova lógica cultural moderna.
Esta "TPR laica" também é outro lugar teológico que chama a teologia atual a renovar sua
lógica, a reconhecer, examinar e discernir esta nova sensibilidade, esse novo "senso comum" que a
sociedade atual adquiriu em seu processo de amadurecimento. Não será que a teologia se esforce por
demonstrar, ou dê por indemonstrável, aquilo que para a sociedade per se patet. A TPR laica, da rua,
deu, em seu próprio nível, passos que muitos teólogos/as podem dar, recorrendo a esse lugar
teológico, amplamente difundido.
4. A perspectiva histórico-psicológico-evolutiva
A sociedade se tornou cada vez mais reflexiva nos últimos anos. Esta sociedade em que os
meios de comunicação se transformaram em seu sistema nervoso central, que facilita a passagem
contínua das idéias de uns a outros, funciona como uma consciência que vai crescendo,
acumuladamente, amadurecendo novas perspectivas em uma crescente profundidade e complexidade.
Todas as realidades são agora percebidas em sua dimensão histórica, evolutiva, causai..., já não
pontual, linear ou desprovida de perspectiva. De modo espontâneo, a todo mundo ocorre fazer sua
interpretação histórica, econômica, psicanalítica... E já ninguém se escandaliza de saber como foram
as coisas em sua origem e em sua evolução inevitável. O escândalo surge mais propriamente diante da
vontade de permanência de realidades históricas cuja hora já passou.
Culturalmente, a sociedade já não é ingênua, mas crítica. Há uma espécie de sexto sentido
crítico diluído na sociedade, acervo acumulado de tantas análises históricas, psicológicas, sociais,
filosóficas... Qualquer afirmação é colocada nesse contexto e nessa dimensão de perspectiva.
As afirmações religiosas, que desde sempre foram acolhidas por todas as gerações de nossos
ancestrais com uma receptividade direta, acrítica, ingênua, literal..., hoje são comentadas de forma
crítica até mesmo no meio de comunicação mais simples e popular, e de um modo espontâneo. A
crítica religiosa deixou um depósito sedimentado na consciência e no saber popular, que o protege de
qualquer escândalo.
Por isso o povo, em sua opinião pública mais madura, já não se sente confortável diante das
afirmações exclusivistas, nem se incomoda diante das pluralistas. Em sua perspectiva crítica, descobriu
4
que as antigas afirmações exclusivistas e inclusivistas são "explicáveis", se lhes discerne facilmente
uma gênese plausível que as explica. Da altura de nossa consciência crítica atual, aquele "complexo de
superioridade" cultural e religioso é explicável, embora já não seja justificável. Foi um "efeito ótico",
uma forma espontânea de enxergar dos povos em sua infância cultural, o que os fez considerar-se o
centro de tudo o que os rodeava. Como a criança que se sente o centro da realidade até que a
experiência a vai educando e a faz descobrir que existem outros centros, e que ela deve reconhecê-los
e "descentrar-se" (deixar de se considerar o centro) para amadurecer. É uma lei psicológico-evolutiva
conhecida que faz com que hoje já não nos escandalizemos.
A TPR pode, deve se alimentar desta perspectiva histórico-evolutiva tão evidente em nossa
sociedade hodierna, e tão escassa e temida no mundo institucional religioso, ligada com freqüência a
recordações anti-modernistas, anti-historicistas, anti-darwinistas, dogmáticas, fundamentalistas ou
infalibilistas. Esta nova consciência moderna, esta visão histórico-psicológico-evolutiva, é um novo
lugar teológico, fora do qual será difícil construir uma TPR à altura de nosso mundo atual.
6. A nova epistemologia
Podemos dizer que uma das mudanças profundas que diferenciam a sociedade tradicional da
sociedade moderna atual é seu acesso a uma nova consciência epistemológica. Sempre, ali onde os
seres humanos conhecem, há e houve uma dimensão epistemológica no âmbito, porém se pode dizer
que nenhuma sociedade como a atual teve consciência das mediações epistemológicas presentes em
seu próprio conhecimento.
Desde sempre, ancestralmente, a epistemologia religiosa dominante foi a "epistemologia mítica",
a do "realismo ingênuo": interpretava o conhecimento religioso em sua literalidade, em sua expressão
direta, tomando-o como uma descrição da realidade: adaequatio rei et intellectus. Dentro do âmbito
do cristianismo, isso foi assim até faz apenas algumas décadas para os católicos, e até há talvez dois
séculos para os protestantes.
Já faz tempo que se conquistou uma primeira fronteira crítica na medida em que se descobriu e
se tomou consciência dos jogos da linguagem, dos gêneros literários, da peculiaridade e do significado
dos mitos, tão importantes no âmbito religioso. Este primeiro nível de mediação, que foi desconhecido
e passou despercebido durante gerações, grande quantidade de gerações, deixou de fazer parte da
ingenuidade da sociedade atual.
5
Não podemos permanecer atados por reflexões e tradições que se fizeram há dezessete séculos, ou
até há vários milênios, pensando que sua própria letra escrita em pedra seja insuperável... Essa
epistemologia já não é a da sociedade atual. Os fixismos religioso-metafísicos ficaram superados na
consciência planetária atual. A teologia não tem de se armar de profetismo para assumir e proclamar
aquilo que a sociedade civil planetária já vê e assume há tempo; basta-lhe armar-se de sensatez,
humildade e honradez.
Aceitando esse senso comum majoritário da nova consciência planetária, a TPR recuperará com
naturalidade sua posição no panorama teológico, e acometerá sua nova tarefa, que já é urgente: a
reelaboração pluralista de todos os ramos teológicos e a releitura pluralista das próprias religiões. Só
então poderemos dizer que as religiões se puseram em condição de não arriscar a paz do mundo.
Introducción:
Una relación correcta entre Teología del Pluralismo Religioso y Diálogo Interreligioso
La Teología del Pluralismo Religioso (TPR) y el Diálogo Inter-religioso (DIR) son puestos en
relación con mucha frecuencia. Hay quienes, de hecho, confunden los dos temas, y los citan
equivocadamente uno por el otro. Y no deja de ser frecuente el caso de quienes no los distinguen, y
piensan incluso que son lo mismo, o bien que una es parte del otro. Importa deslindar los conceptos.
La TPR puede revestir la forma de una teología sectorial (teología «de genitivo», que teologiza
sobre la pluralidad de religiones), o la forma de una teología fundamental (teología «de ablativo», que
teologiza “de universa theologia” pero “sub specie pluralitatis”, es decir, lo que sería la llamada
«teología pluralista»). Pues bien, en ninguno de los dos casos puede confundirse con el DIR, ni guarda
tampoco con él una relación de medio a fin.
La TPR tiene finalidad en sí misma, aunque pueda ser útil al DIR, y lo es. Pero al margen de su
posible servicio al DIR, aun en los lugares en los que, por hipótesis, no fuera practicable el DIR, la TPR
tiene sentido y tiene fundamento por sí misma.
La TPR, rama teológica que no tiene todavía 50 años, no ha surgido históricamente del DIR, ni
ha sido elaborada en su mayor parte por teólogos dedicados a la práctica del DIR.
La TPR es necesaria y conveniente, no tanto «para dialogar con otros», sino sobre todo «para
dialogar con nosotros mismos». Su objetivo no es el diálogo con las otras religiones, sino el diálogo
con nosotros mismos: un «intradiálogo». Y sólo mediante los efectos de ese intradiálogo la TPR podrá
ser eficaz después para un posible DIR.
Esto significa que no entienden o no plantean correctamente la TPR aquellos que interpretan sus
argumentaciones como si hubiesen sido concebidos en función de objetivos del DIR, como si con ella
se pretendiera hacer más fácil, o más cómodo el DIR. Hay quien parece pensar que la TPR negocia,
manipula, o sacrifica incluso, las verdades de una religión, si lo cree conveniente para el objetivo de
hacerlas más aceptables a los otros en el DIR.
La TPR busca la verdad, de una manera crítica, honesta y sin complejos (sin complejos de
superioridad ni complejos de otra clase), «cueste lo que cueste», y «caiga lo que caiga», a tumba
abierta, como debe ser toda búsqueda honesta de la verdad, sin miedos ni intereses, al margen de que
el DIR pueda resultar más fácil... o tal vez más difícil.
Dicho esto, se puede afirmar también que, tal vez por ese mismo desinterés y esa honradez
crítica, la TPR es una ayuda inestimable para el DIR. El DIR sólo será beneficioso si es honrado y
desinteresado. La TPR es independiente del DIR, y sus críticos debieran saberlo.
Aclarada esta relación entre TPR y DIR, sí que podemos decir que es un acierto incluir el tema de
la TPR en el horizonte de la preocupación de esta Asamblea de la SOTER: «Religiones y Paz mundial».
Efectivamente, la TPR es un factor determinante para el futuro de la paz entre las religiones, y por
tanto para el futuro de la paz mundial.
En este estudio, queremos centrarnos en la TPR, y en un punto menos frecuentado: ¿cuáles son
los nuevos «lugares teológicos» que hoy día posibilitan, reclaman y exigen la elaboración de la TPR y/o
la relectura pluralista de las religiones? ¿Dónde están estos lugares teológicos en el mundo actual?
La TPR no es como la teología bíblica, que podría ser elaborada sin salir del fanal teológico-
bíblico, y que es difícil que su necesidad pudiera sentirse como un clamor en la calle. Al contrario: la
TPR ha surgido para dar respuesta a un clamor que viene de la calle, de la convivencia social, y es una
teología que puede y debe hacerse dando respuesta a la inquietud y a las intuiciones de los creyentes
que lidian con la problemática de la pluralidad religiosa.
8
Una teología que no se encierre en su fanal, que viva en el mundo de hoy y respire la noosfera
planetaria que respira nuestra sociedad, no dejará de encontrarse, en los más variados ámbitos del
pensamiento, con «lugares teológicos» en sentido amplio: realidades, transformaciones profundas del
pensamiento, inquietudes inexpresadas, nuevas convicciones en el subsconsciente colectivo, reclamos,
exigencias... que son cuestionamientos con los que la fides quaerens intellectum pide a gritos que la
teología, la TPR, elabore y responda a la problemática de la pluralidad religiosa.
Creo que en una época en la que muchos teólogos y teólogas tienen miedo a entrar en el ámbito
de la TPR, y se sienten tranquilos porque en el ámbito cerrado de otras ramas teológicas pareciera no
ser imprescindible la TPR, abrir los ojos al vasto panorama de los nuevos lugares teológicos que la
reclaman, puede ser un llamado, una invitación a adentrarse en el ámbito de la TPR.
Una primera realidad que se presenta como lugar teológico, como lugar-fuente desde el que
elaborar la TPR es la experiencia misma que la sociedad actual está teniendo de la pluralidad, y la
digestión o recepción de la misma que está teniendo lugar tanto en la opinión pública como en el
ordenamiento social jurídico.
El pluralismo religioso (PR) no es un tema sólo religioso, ni mucho menos sólo eclesiástico, o
sólo de las religiones... Es, ante todo, un hecho laico. Está en la calle, en el trabajo, en las
migraciones, en la sociedad toda. Forma parte del pluralismo cultural actual. Y es un pluralismo que si
bien siempre existió de un modo disperso, confinado en los márgenes de aquellas sociedades
tradicionales, homogéneas e incomunicadas, en los últimos siglos y en las últimas décadas se ha
movilizado crecientemente y ha interpenetrado las sociedades más distantes, hasta marcarlas con un
pluralismo inédito e irreversible.
El pluralismo religioso ya es algo que nuestros ancestros sabían teóricamente, pero que no
podían experimentar. Ahora, para nuestros contemporáneos es experiencia cotidiana, inevitable, que
ya lleva décadas trabajando el subconsciente colectivo de nuestras sociedades.
Antes de que los teólogos/as elaboren una TPR formal académica, en la sociedad, en la calle, se
da ya una «teología laica» del pluralismo religioso, inexpresada verbalmente, pero claramente asumida
en gestos, en nuevas costumbres, ordenamientos jurídicos, valoraciones, nuevas formas de ver,
nuevas concepciones... que van surgiendo en la práctica, implícitas pero claramente presentes y
actuantes, que esperan que alguien las saque a la luz, las suba a un nivel consciente, y les dé la
expresión y argumentación debidas.
Esa «TRP laica» es un «lugar teológico» que reclama a los teólogos. Nuestra sociedad plural
valora ya de otro modo la pluralidad religiosa, en la calle, en la opinión pública, en la actualización
jurídica, en la propia familia (relaciones, matrimonios mixtos, educación inter-religiosa de los hijos...),
en la convivencia práctica con las otras religiones. Ya no piensa lo que le transmitieron sus mayores.
Ya no acepta el exclusivismo puro y duro bajo el que nuestros antecesores en la fe vivieron durante un
milenio bajo pena de excomunión. Tampoco comparte el inclusivismo que oficialmente han pasado a
proclamar las instituciones religiosas. Y la gente de la calle, y los formadores de opinión no han
esperado a que la teología profesional les marcara una orientación para ayudarles a afrontar la
interpretación de la nueva situación social de pluralismo cultural y religioso. Los ciudadanos, y los
cristianos/as entre ellos, no han esperado: han elaborado por sí mismos su TPR laica «de andar por
casa», para uso privado y público. Y ya está funcionando, hace tiempo, en las sociedades.
Paradójicamente, son las religiones, las Iglesias, y muchos cuerpos y entidades teológicos quienes
todavía tienen que discutir y decidir si van a abordar el tema.
La vida, como siempre, va por delante de las religiones y de las teologías formales. Este «lugar
teológico» de la experiencia social, clama por una TPR explícita y formal, y se ofrece a la vez como
materia, como fuente, como recurso, como experiencia ya realizada, con sus intuiciones, argumentos,
y soluciones ya experimentadas.
Como cristianos podríamos reconocer que, todas las generaciones de nuestros ancestros que
han vivido en el judeocristianismo, durante más de tres milenios, han convivido pacíficamente -y
también orgullosamente- con la convicción que les daba su religión de que formaban parte de «el
pueblo de Dios», el pueblo que Dios eligió entre todos los pueblos, para que fuera el depositario
privilegiado y único de la revelación, y el comisionado para llevarla a los demás pueblos, para así
salvarlos. Digo que pacífica y orgullosamente han aceptado sin objeciones, esta TPR ahí implícita que
su religión les presentó, y la han vivido orgullosamente, y muchos han arriesgado incluso su vida por
defender esa fe, o por llevarla misioneramente hasta los confines del mundo.
La religión oficial no se ha desdicho todavía de la doctrina de la elección, sigue pensando
oficialmente lo mismo que siempre, y no tiene deseos de revisar ese pensamiento, aunque siente un
inconfesado pudor ante la mayor parte de aquellas afirmaciones. Pero en la calle el pueblo ha
abandonado ya aquella convicción. El ciudadano medio no puede aceptar las afirmaciones
exclusivistas: que fuera de su religión no hay salvación, o que todas las demás son inferiores, que la
propia es la única revelada por Dios, y que forma parte del selecto grupo de los elegidos por Dios para
recibir una revelación exclusiva y para realizar la misión de salvación del mundo. Esa posición
intelectual no le resulta ya asequible. La siente imposible, increíble, impensable incluso. Le parece,
francamente, un «complejo de superioridad», inaceptable en la sociedad moderna, en la que una
Humanidad globalizada ha tomado conciencia de los derechos humanos y de la igualdad básica de
todas las personas, pueblos y culturas.
Bien explicado, ni el exclusivismo ni el inclusivismo (forma mitigada del exclusivismo) es
aceptable para el ciudadano medio, ni para la opinión pública, ni para el sentido común. En los últimos
tiempos se ha desarrollado una sensibilidad de profunda desconfianza hacia las actitudes de privilegio
o exclusividad, que forma parte de la nueva lógica cultural moderna.
También, esta «TPR laica», es otro lugar teológico que llama a la teología actual a renovar su
lógica, a reconocer, examinar y discernir esta nueva sensibilidad, ese nuevo «sentido común» que la
sociedad actual ha adquirido en su proceso de maduración. No vaya a ser que la teología se esfuerce
por demostrar, o dé por indemostrable, lo que para la sociedad “per se patet”. La TPR laica, de la calle,
ha dado, en su propio nivel, pasos que muchos teólogos y teólogas pueden dar, echando mano de este
lugar teológico, ampliamente difundido.
La sociedad se ha hecho más y más reflexiva en los últimos años. Esta sociedad en la que los
medios de comunicación se han convertido en su sistema nervioso central, que facilita el paso continuo
de las ideas de unos a otros, funciona como una conciencia que va creciendo, acumulativamente,
madurando nuevas perspectivas en una creciente profundidad y complejidad.
Todas las realidades son ahora percibidas en su dimensión histórica, evolutiva, causal... no ya
puntual, lineal o desprovista de perspectiva. Espontáneamente, a todo el mundo se le ocurre hacer su
10
V. La ética de lo imbonosímil
Todos estos aspectos de la nueva conciencia democrática de la sociedad actual no tienen que ver
sólo con la verdad, con la corrección intelectual, con la «verosimilitud»... sino también con la bondad,
con la corrección ética, con la «bonosimilitud». La antigua actitud tanto de la sociedad como de las
religiones respecto a la pluralidad cultural y religiosa no es que no parezca ahora verosímil, sino que
no parece tampoco «bonosímil».
Hay personas y grupos que todavía tienen dificultad para aceptar el pluralismo religioso como un
bien «de principio» (de derecho, no sólo de facto). Pero gracias al avance de la mentalidad
democrática y a la sensibilidad por los derechos humanos, la mayor parte de las sociedades humanas
sí aceptan hoy día la libertad religiosa, que nadie debe ser forzado religiosamente contra su conciencia.
Ahora bien, muchos, supuesta esa libertad de conciencia de las personas, siguen pensando que «una
sociedad homogénea donde todo el mundo fuese de mi propia religión sería lo ideal», mejor que una
sociedad heterogénea y plural...
Esto es algo que también ha cambiado en la sociedad actual. La homogeneidad, la falta de
pluralismo, la unidad de toda la sociedad o de todo el mundo en una única religión... no sólo no parece
ya fácticamente posible -y de un modo irremediable-, sino que tampoco parece siquiera deseable. Es
un cambio de valoración de 180 grados.
Oficialmente, las grandes religiones mundiales universalistas, conquistadoras del mundo, todavía
respaldan la misión proselitista, y sueñan con un mundo que llegue a ser un día «un sólo rebaño y un
solo pastor». Pero en la calle la gente piensa de otra manera. No lo considera positivo, no lo cree
bueno; tal vez puede parecerle verosímil, materialmente factible, pero no lo considera deseable,
porque no lo considera bueno, no le parece «bonosímil». No le parece justa la actitud proselitista,
arrasadora de las diferencias; no le parece respetuosa de las culturas y/o religiones menores. Es mejor
el respeto a la diversidad, la pluralidad.
La TPR oficial heredada choca con esta nueva lógica, con esta percepción intuitiva y en buena
parte axiomática (indemostrable por tanto) de la mentalidad moderna. Por eso, la nueva TPR debe
confrontarse con este lugar teológico que es esta nueva sensibilidad social, esta nueva lógica de la
pluralidad que hoy viven tantas sociedades asumidamente plurales.
11
Podemos decir que uno de los cambios profundos que diferencian la sociedad tradicional de la
sociedad moderna actual es su acceso a una nueva conciencia epistemológica. Siempre, allá donde los
seres humanos conocen, hay y ha habido una dimensión epistemológica en al ámbito, pero se puede
decir que ninguna sociedad como la actual ha tenido conciencia de las mediaciones epistemológicas
presentes en su propio conocimiento.
Desde siempre, ancestralmente, la epistemología religiosa dominante ha sido la «epistemología
mítica», la del «realismo ingenuo»: interpretaba el conocimiento religioso en su literalidad, en su
expresión directa, tomándolo como una descripción de la realidad: “adaequatio rei et intellectus”.
Dentro del ámbito del cristianismo, esto ha sido así hasta hace apenas unas décadas para los católicos,
y hasta hace tal vez dos siglos para los protestantes.
Hace ya tiempo que se ha conquistado una primera frontera crítica en cuanto que se ha
descubierto y se ha tomado conciencia de los juegos del lenguaje, de los géneros literarios, de la
peculiaridad y del significado de los mitos, tan importantes en el ámbito religioso. Este primer nivel de
mediación, que fue desconocido y pasó desapercibido durante generaciones, multitud de generaciones,
ha dejado de formar parte de la ingenuidad de la sociedad actual.
Pero la maduración epistemológica de la sociedad ha ido mucho más allá; ha llegado a descubrir
el papel que el sujeto del conocimiento, nosotros mismos, jugamos en la construcción de ese
conocimiento, que es tanto como decir en la construcción de la realidad en la que vivimos («el
lenguaje es la casa del ser»). Sabemos ahora que, en cuanto sujetos conocedores, entramos en la
construcción de nuestro conocimiento con nuestros propios intereses, con nuestras categorías
culturales, con nuestras limitaciones... Nuestro conocimiento no cae del cielo, ni brota de la realidad
por una simple intuición cognoscitiva, sino que es una elaboración nuestra, cargada de subjetividad en
su misma objetividad. Hoy sabemos que en nuestro conocimiento hay más de subjetivo que de
objetivo, ya desde los primeros momentos del conocimiento, cuando «aprehendemos» la realidad,
puesto que sabemos que no simplemente «conocemos», sino que «conocemos como», en función de
los filtros con los que percibimos selectivamente la realidad.
Consecuencia de toda esta conciencia epistemológico-crítica es la revisión del estatuto
epistemológico mismo de nuestro propio conocimiento: éste lo hemos confundido tradicionalmente con
la misma realidad; el conocimiento mismo nos resultaba transparente, como inexistente, de modo que
al conocer creíamos estar en la misma realidad. Confundíamos el conocimiento con la realidad. Hoy
dejamos de confundirlo, y sabemos que el conocimiento no es la realidad misma, no es el territorio
mismo, sino solamente un «mapa»...
Esta nueva conciencia epistemológica reviste su dificultad, y todavía estamos en una fase de
búsqueda como para llegar a conclusiones pacíficamente poseídas. En todo caso, parece que la
dirección general de esta evolución nos lleva hacia la superación del «realismo ingenuo» en que hemos
vivido tradicionalmente, en dirección hacia una conceptuación más compleja del «conocimiento del
conocimiento». En la epistemología actual el conocimiento tiende a des-absolutizarse, a perder la
rigidez de la inflexibilidad e infalibilidad que tradicionalmente le habíamos atribuido. Tiende a hacerse
evidente el carácter contingente de nuestro conocimiento. Para evitar la palabra «relativismo», que
podría confundir a algunos, diríamos que el conocimiento se revela cada vez más relacional, más
mediado y condicionado, y menos metafísico.
Como resulta obvio, la ascensión de esta nueva toma de conciencia epistemológica funge como
un marco o contexto enteramente nuevo en el que colocar y recolocar las afirmaciones clásicas de las
religiones, lo que tiene que ver con su resistencia al pluralismo. Podemos decir que está llegando
ahora el «fin del sueño dogmático religioso», el fin del dogmatismo, de la absolutización de cualquier
cultura o elemento cultural. Hemos tomado conciencia de la función insuperable que juegan en nuestro
conocimiento los modelos, filtros, categorías culturales, los «paradigmas»... que hacen que todo sea
según el color del cristal con que se mira. Una cierta dosis de pan-relacionalidad se revela ahora como
la actitud más sana y recomendable.
La mayor parte de las religiones se mantiene al margen de este giro epistemológico radical tan
importante que está dando la sociedad moderna. Consideran que no va con ellas. Otras se sienten
gravemente amenazadas por el «relativismo» que creen que comporta. Se adivina que este tema va a
ser un conflicto más largo y más difícil de resolver.
12
Esta nueva conciencia epistemológica de la sociedad actual comporta, lleva dentro de sí,
también, una nueva TPR laica. El capítulo epistemológico de la TPR está ya servido, en esa nueva
conciencia epistemológica. Es también un lugar teológico que debe ser visitado y frecuentado por el
teólogo para elaborar la TPR formal y académica a la altura de esta sociedad hodierna con una nueva
conciencia epistemológica.
El mundo humano, la sociedad, la noosfera están cambiando, fermentando, creciendo, sin cesar,
y con un ritmo que todo hace pensar que es de crecimiento exponencial. Un crecimiento de conciencia
que se va extendiendo por toda la noosfera. Un nuevo «sentido común», que no existía, que no se
daba, y que ahora se constituye en el suelo compartido, como un axioma global, por todos los saberes.
¿Puede la teología seguir quedando atada a sus antiguos presupuestos de escuela, a sus gastadas
referencias domésticas, o debe bajar a la arena y dialogar cara a cara, y a trabajar codo a codo con
toda la humanidad pensante?
Esa creciente conciencia planetaria incluye lo que he llamado una «teología laica», inexplícita,
inexpresada, ignorada, incluso con frecuencia inconsciente. La conciencia social colectiva elabora su
propia TPR, avant la lettre, y antes también que la propia teología profesional y/o académica. Ésta
debe apresurar el paso, para disminuir o eliminar la brecha o el retraso entre una y otra.
Tenemos derecho a hacer historia, a crearla hoy, y a no resignarnos a ser sus herederos
pasivos, o sus víctimas, permaneciendo atados a tradiciones y fixismos religioso-metafísicos
milenarios. No podemos permanecer atados por reflexiones y tradiciones que se hicieron hace 17
siglos, o varios milenios incluso, pensando que su misma letra escrita en piedra sea insuperable... Esa
epistemología no es ya la de la sociedad actual. Los fixismos religioso-metafísicos han quedado
superados en la conciencia planetaria actual. La teología no tiene que armarse de profetismo para
asumir y proclamar lo que ya la sociedad civil planetaria ve y asume hace tiempo; le basta armarse de
sensatez, humildad y honradez.
Aceptando ese sentido común mayoritario de la nueva conciencia planetaria la TPR recuperará
con naturalidad su posición en el panorama teológico, y acometerá su nueva tarea, que ya es urgente:
la re-elaboración pluralista de todas ramas teológicas, y la relectura pluralista de las religiones
mismas. Sólo entonces podremos decir que las religiones se habrán puesto en condiciones de no
arriesgar la paz del mundo.