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Antonio Tadeu Lyrio de Almeida

- Julho de 2000 -
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

ÍNDICE

PARTE I: OPERAÇÃO DOS TRANSFORMADORES


CAPÍTULO 1: ELETROMAGNETISMO BÁSICO ...........................................................................2
RESUMO .........................................................................................................................................2
1.0 - TENSÃO INDUZIDA .............................................................................................................2
2.0- CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE ............................................................3
CAPÍTULO 2: PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS TRANSFORMADORES
MONOFÁSICOS .................................................................................................................................4
RESUMO .........................................................................................................................................4
1.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO....................................................................................4
2.3 – Corrente Transitória de Magnetização (inrush)...................................................................6
4.1 - Relação de Transformação Teórica ou Relação de Espiras. ................................................7
4.2 - Relação de Transformação Real ..........................................................................................7
5.0 - PARÂMETROS REFERIDOS ................................................................................................7
6.0 - CIRCUITO EQUIVALENTE..................................................................................................8
7.0 - PARÂMETROS PORCENTUAIS ..........................................................................................9
CAPÍTULO 3: BANCO DE TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS........................................10
RESUMO .......................................................................................................................................10
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................10
2.0 – BANCO COM TRÊS TRANSFORMADORES...................................................................10
3.0 – CONEXÃO DELTA ABERTO OU DUPLO V ...................................................................11
4.0 – CONDIÇÕES PARA REALIZAR A CONEXÃO ...............................................................11
CAPÍTULO 4: PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS TRANSFORMADORES
TRIFÁSICOS .....................................................................................................................................12
RESUMO .......................................................................................................................................12
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................12
2.0 - NÚCLEO ...............................................................................................................................12
3.0 - ENROLAMENTOS ...............................................................................................................13
4.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO..................................................................................13
5.0 - RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO..................................................................................14
6.0 - CORRENTE EM VAZIO ......................................................................................................14
7.0 - CIRCUITO EQUIVALENTE E PARÂMETROS ................................................................14
CAPÍTULO 5: CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS E ACESSÓRIOS ..................................15
RESUMO .......................................................................................................................................15
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................15
2.0 - NÚCLEO ...............................................................................................................................17
3.0 - ENROLAMENTOS ...............................................................................................................18
3.1 – Generalidades ....................................................................................................................18
3.2- Enrolamento helicoidal .......................................................................................................18
3.3 - Enrolamentos discoidais (panqueca)..................................................................................18
3.4 - Enrolamentos em camadas.................................................................................................18
4.0 - DISPOSITIVOS DE PRENSAGEM E CALÇOS .................................................................19
5.0 - ISOLAMENTO......................................................................................................................19
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

6.0 – TAP’S OU DERIVAÇÕES...................................................................................................19


7.0 - BUCHAS ...............................................................................................................................19
7.1 - Generalidades.....................................................................................................................19
7.2 - Buchas a óleo .....................................................................................................................20
7.3 - Buchas Condensivas ..........................................................................................................20
8.0 - TANQUE ...............................................................................................................................20
9.0 - RELÉ BUCHHOLZ (TRAFOSCÓPIO)................................................................................20
9.1 - Considerações gerais..........................................................................................................20
9.2 - Características Físicas ........................................................................................................21
9.3 - Características de funcionamento ......................................................................................21
9.4 - Observações importantes ...................................................................................................22
9.5 - Defeitos mais importantes que podem ser captados pelo relé Buchholz ...........................22
9.6 - Teste em relés Buchholz ....................................................................................................23
10.0 - INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO..................................................................................24
10.1 - Considerações gerais........................................................................................................24
10.2 - Características Principais .................................................................................................24
10.3 - Cuidados no recebimento.................................................................................................25
10.4 - Manutenção......................................................................................................................25
11.0 - TERMÔMETRO INDICADOR DE TEMPERATURA DO ÓLEO (TIPO FLUÍDO EM
TUBO CAPILAR)..........................................................................................................................25
11.1 - Considerações gerais........................................................................................................26
11.2 - Termômetro do enrolamento............................................................................................26
11.3 - RTD - Registrador de Temperatura à Distância...............................................................28
12.0 - SECADOR DE AR DE SÍLICA - GEL...............................................................................28
13.0 - TUBO DE EXPLOSÃO.......................................................................................................29
14.0 - VÁLVULA DE ALÍVIO DE PRESSÃO DE FECHAMENTO AUTOMÁTICO..............29
15.0 - RELE DE SÚBITA PRESSÃO .......................................................................................29
16.0 - OUTROS ACESSÓRIOS ....................................................................................................30
16.1 - Relé detetor de gás ...........................................................................................................30
16.2 - Relé de falha de pressão tipo “J” .....................................................................................30
16.3 - Dispositivos diversos .......................................................................................................31
CAPÍTULO 6: GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS .....................................................................32
RESUMO .......................................................................................................................................32
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................32
2.0 - POTÊNCIA NOMINAL ........................................................................................................32
3.0 - TENSÃO NOMINAL ............................................................................................................32
4.0 - TENSÃO DE CURTO CIRCUITO OU IMPEDÂNCIA PORCENTUAL...........................33
4.1 - Trifásicos............................................................................................................................33
4.2 - Monofásicos .......................................................................................................................33
5.0 – CORRENTES........................................................................................................................33
5.1 - Corrente Nominal...............................................................................................................33
5.2 - Corrente em Vazio .............................................................................................................33
6.0 - CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO .................................................................................34
6.1- Considerações Gerais..........................................................................................................34
6.2 - Curto-Circuito no Transformador ......................................................................................34
7.0 - FREQÜÊNCIA NOMINAL ..................................................................................................35
8.0 - NÍVEL DE ISOLAMENTO ..................................................................................................35
9.0 - REGULAÇÃO .......................................................................................................................35
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

PARTE II: MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE TRANSFORMADORES

CAPÍTULO 7: ASPECTOS SOBRE A MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES ................38


RESUMO .......................................................................................................................................38
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................38
2.0 - ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO....................................................................................38
3.0 - TERMINOLOGIA USUAL...................................................................................................39
4.0 - TESTES E ENSAIOS EM TRANSFORMADORES DE POTÉNCIA.................................40
4.1- Ensaios de Rotina................................................................................................................40
4.2 - Ensaios de Tipo..................................................................................................................40
4.3 - Ensaios Especiais ...............................................................................................................40
4.4 - Testes a serem executados .................................................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................................41

CAPÍTULO 8: ANORMALIDADES EM TRANSFORMADORES................................................41


RESUMO .......................................................................................................................................41
1.0 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................41
2.0 - ESTATÍSTICA DE DEFEITOS ...........................................................................................41
3.0 - ANALISE DE ANORMALIDADES ....................................................................................42
4.0 - TABELA PARA CONSULTA RÁPIDA DE DEFEITOS, SUAS CAUSAS E SOLUÇÕES
........................................................................................................................................................43
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................................43

CAPÍTULO 9 MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE TRANSFORMADORES..............................47


RESUMO .......................................................................................................................................47
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................47
2.0 - COMENTÁRIOS SOBRE OS QUESITOS A AVALIAR DURANTE A MANUTENÇÃO
PREVENTIVA DE TRANSFORMADORES ...............................................................................47
3.0 - PROCEDIMENTOS PARA AS INSPEÇÕES ......................................................................50
4.0 - PROGRAMA GERAL DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA.............................................51
Tabela 7 – Programa Geral para Manutenção Preventiva – Semestral [ 1 ] ..................................54
Tabela 8 – Programa Geral para Manutenção Preventiva – Anual [ 1 ] ........................................54
Tabela 9 – Programa Geral para Manutenção Preventiva – Bienal [ 1 ]........................................54
Tabela 10 – Programa Geral para Manutenção Preventiva – Trienal [ 1 ].....................................55
5.0 - TESTES E ENSAIOS APLICÁVEIS MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES.......55
5.1 - Ensaios Realizáveis no Campo (Testes) ............................................................................55
5.2 - Periodicidade dos Ensaios - ...............................................................................................55
6.0 - ADEQUAÇÃO DAS EQUIPES DE MANUTENÇÃO ........................................................55
7.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................56
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................................56
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

PARTE III: TESTES E ENSAIOS

CAPÍTULO 10: RESISTÊNCIA ÔHMICA DOS ENROLAMENTOS............................................58


RESUMO .......................................................................................................................................58
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................58
2.0 – MÉTODO DA QUEDA DE TENSÃO .................................................................................58
3.0 – MÉTODO DA PONTE .........................................................................................................58
4.0 – OBTENÇÃO DOS RESULTADOS .....................................................................................59
4.1 – Transformadores Monofásicos ..........................................................................................59
4.2 – Transformadores trifásicos com conexão estrela sem neutro acessível ............................60
4.3 – Transformadores trifásicos com conexão estrela com neutro acessível............................60
4.4 – Conexão em delta ..............................................................................................................60
4.5 – Conexão em zig-zag ..........................................................................................................60
5.0 – CUIDADOS PRÁTICOS E OBSERVAÇÕES.....................................................................60
7.0 – EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS ....................................................................................61
8.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................61

CAPÍTULO 11: POLARIDADE E DEFASAMENTO ANGULAR.................................................62


RESUMO .......................................................................................................................................62
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................62
2.0 - POLARIDADE DE UM TRANSFORMADOR....................................................................62
3.0 - MÉTODO DO GOLPE INDUTIVO COM CORRENTE CONTÍNUA PARA A
DETERMINAÇÃO DA POLARIDADE.......................................................................................63
4.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE CONEXÕES DOS ENROLAMENTOS E DEFASAMENTO
ANGULAR ....................................................................................................................................63
5.0 - MÉTODO DO GOLPE INDUTIVO COM CORRENTE CONTÍNUA PARA A
DETERMINAÇÃO DO DEFASAMENTO ANGULAR..............................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................................65

CAPÍTULO 12: MEDIÇÃO DA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO.........................................66


RESUMO .......................................................................................................................................66
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................66
2.0 – RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO – TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS.......66
3.0 – RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMADORES TRIFÂSICOS................67
4.0 - DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO DE TENSOES ............................................................68
5.0 - MÉTODO DO VOLTÏMETRO.............................................................................................68
6.0 - DIAGRAMAS FASORIAIS E O TTR..................................................................................69
7.0 - DIAGRAMA FASORIAL E DEFASAMENTO ANGULAR ..............................................71
8.0 - DEFASAMENTO ANGULAR E O TTR .............................................................................71
8.1 - Transformador com neutro acessível .................................................................................71
8.2 - Transformadores com conexão Dd ....................................................................................71
8.3 - Transformadores sem Neutro Acessível ............................................................................71
9.0 - MÉTODO DO VOLTÍMETRO E O TTR.............................................................................74
10.0 - CONCLUSÕES ...................................................................................................................74
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

CAPÍTULO 13: PERDAS, CORRENTES DE EXCITAÇÃO E TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO


............................................................................................................................................................75
RESUMO .......................................................................................................................................75
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................75
2.0 - CORRENTE DE EXCITAÇÃO ............................................................................................76
3.0 - TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO.......................................................................................76
4.0 ENSAIO EM VAZIO...............................................................................................................77
4.1 Objetivo ................................................................................................................................77
4.2 - Considerações Gerais.........................................................................................................77
4.3 - Execução do ensaio............................................................................................................77
5.0 ENSAIO EM CURTO-CIRCUITO..........................................................................................78
5.1 Objetivo ................................................................................................................................78
5.2 Considerações Gerais ...........................................................................................................78
5.3 Execução do Ensaio - Transformadores com Dois Circuitos...............................................78
6.0 CUIDADOS PRÁTICOS E OBSERVAÇÕES....................................................................79

CAPÍTULO 14: AQUECIMENTO E ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA.....................................81


RESUMO .......................................................................................................................................81
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81
2.0 - REFRIGERAÇÃO .................................................................................................................82
2.1 - Transformador Imerso em Óleo com Resfriamento e Circulação de Óleo Natural (ONAN)
....................................................................................................................................................82
2.2 - Transformador Imerso em Óleo com Circulação Natural de Óleo e Opção para
Resfriamento Através de Ventilação Forçada (ONAN/ONAF).................................................83
2.3 - Transformadores em Óleo, Resfriamento a Água (ONWN)..............................................83
2.4 - Transformadores em Óleo, Resfriamento com Circulação Forçada ..................................83
2.5 - Outros Métodos..................................................................................................................83
2.6 - Transformadores a Seco (AN ou ANAN)..........................................................................83
3.0 - ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA .....................................................................................83
4.0 - TEMPERATURA AMBIENTE ............................................................................................84
5.0 - MÉTODOS DE CARGAS.....................................................................................................84
5.1 - Método da Carga Efetiva ...................................................................................................84
5.2 - Método da Oposição ..........................................................................................................84
5.3 - Método do Circuito Aberto ................................................................................................84
5.4 - Método do Curto-Circuito..................................................................................................84
6.0 – ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA - TRANSFORMADORES EM ÓLEO ......................84
6.1 – Verificação do Gradiente de Temperatura Óleo - Ambiente ............................................85
6.2 - Verificação do Gradiente de Temperatura Enrolamentos-Ambiente.................................85
7.0 - OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O ENSAIO DE AQUECIMENTO................86
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

PARTE IV: ASPECTOS E ENSAIOS DO SISTEMA DE ISOLAMENTO


CAPÍTULO 15: ASPECTOS GERAIS SOBRE O SISTEMA DE ISOLAMENTO ........................89
RESUMO .......................................................................................................................................89
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................89
2.0 - CONCEITUAÇÃO GERAL..................................................................................................89
3.0 – PROPRIEDADES DE UM ISOLAMENTO ........................................................................89
4.0 - COMPORTAMENTO DO ISOLAMENTO COM A APLICAÇÃO DE TENSÃO
CONTÍNUA ...................................................................................................................................90
5.0 - COMPORTAMENTO DO ISOLAMENTO COM APLICAÇÃO DE TENSÃO
ALTERNADA................................................................................................................................91
6.0 - ENSAIOS DIELÉTRICOS ....................................................................................................92

CAPÍTULO 16: RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO ......................................................................93


RESUMO .......................................................................................................................................93
1.0 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................93
2.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS DE RESISTÊNCIA DO ISOLAMENTO.....93
3.0 - TIPOS DE TESTES ...............................................................................................................94
3.1 - Prova rápida da resistência de isolamento .........................................................................94
3.2 - Índice de absorção e polarização .......................................................................................94
3.3 - Prova das duas tensões.......................................................................................................95
4.0 - CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO....................95
4.1 - Considerações gerais..........................................................................................................95
4.2 – Critério I (NBR 7036/1981) ..............................................................................................95
4.3 – Critério II...........................................................................................................................96
4.4 - Correção de temperatura ....................................................................................................96
5.0 - MEDIDA DA RESISTÊNCIA DO ISOLAMENTO EM TRANSFORMADORES EM
DOIS CIRCUITOS.........................................................................................................................97
5.1 – Considerações Gerais ........................................................................................................97
5.2 – Procedimento para a medida da resistência de isolamento ...............................................97
6.0 – CUIDADOS PRÁTICOS ......................................................................................................98
7.0 - CONCLUSÕES .....................................................................................................................98

CAPÍTULO 17: FATOR DE POTÊNCIA DO ISOLAMENTO .......................................................99


RESUMO .......................................................................................................................................99
1.0 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................99
2.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A PONTE DOBLE...............................................................100
2.1 - Generalidades...................................................................................................................100
2.2 - Princípio de Funcionamento ...........................................................................................100
2.3 - Painel e funções ..............................................................................................................100
2.4 - Cabos................................................................................................................................102
3.0 - PROCEDIMENTOS PARA MEDIÇOES COM A PONTE DOBLE.............................102
4.0 - MEDIÇÕES EM TRANSFORMADORES DE DOIS CIRCUITOS ..................................104
5.0 - CÁLCULO DO FATOR DE POTÊNCIA...........................................................................104
7.0 - CONCLUSÕES ...................................................................................................................105
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

PARTE V: FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES (ÓLEOS)


CAPÍTULO 18: TIPOS DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES ............................107
RESUMO .....................................................................................................................................107
1.0 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................107
2.0 - ÓLEOS MINERAIS ............................................................................................................107
3.0 - ASCARÉIS ..........................................................................................................................108
4.0 - FLUIDO DE SILICONE .....................................................................................................109
5.0 - FLUIDO RTEmp .................................................................................................................109
CAPÍTULO 19: PROPRIEDADE DOS FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES .........110
RESUMO .....................................................................................................................................110
1.0 - PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS .............................................................................110
1.1 - Coloração .........................................................................................................................110
1.2 - Ponto de Fulgor, de Inflamação e Combustão .................................................................110
1.3 - Ponto de fluidez ...............................................................................................................110
1.4 - Densidade.........................................................................................................................110
1.5 - Viscosidade ......................................................................................................................111
1.6 - Ponto de anilina................................................................................................................111
1.7 - Acidez (Número ou Índice de Neutralização)..................................................................111
1.8 - Tensão interfacial.............................................................................................................111
1.9 - Estabilidade à Oxidação...................................................................................................112
1.10 - Enxofre Corrosivo.........................................................................................................112
1.11 - Cloreto e Sulfetos Inorgânicos.......................................................................................112
2.0 - PROPRIEDADES ELÉTRICAS .........................................................................................112
2.1 - Rigidez Dielétrica ............................................................................................................112
2.2 - Fator de potência do óleo isolante....................................................................................112
3.0 - ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ........................................................................................112
CAPÍTULO 20: ENSAIO DE RIGIDEZ DIELÉTRICA.................................................................114
RESUMO .....................................................................................................................................114
1.0 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................114
2.0 - MEDIDA DA RIGIDEZ DIELÉTRICA - MÉTODO ASTM-D877...................................115
3.0 - MEDIDA DA RIGIDEZ DIELÉTRICA - MÉTODO VDE 370.........................................115
4.0 - CRITÉRIO DA CONSISTÊNCIA ESTATÍSTICA ............................................................115
5.0 - CUIDADOS COM O MEDIDOR DE RIGIDEZ ................................................................116
6.0 - TESTES NA ÁREA.............................................................................................................116
7.0 - CONCLUSÕES ...................................................................................................................116
CAPÍTULO 21: MANUTENÇÃO DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES ...........118
RESUMO .....................................................................................................................................118
1.0 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................118
2.0 - ASPECTOS DA MANUTENÇÃO .....................................................................................118
3.0 - AQUECIMENTO EXCESSIVO .........................................................................................119
4.0 - PRESENÇA DE ÁGUA ......................................................................................................119
5.0 - ENTIDADES NORMALIZADORAS.................................................................................120
6.0 - ENSAIOS NOS ÓLEOS ISOLANTES ...............................................................................120
7.0 – MANUTENÇÃO PERIÓDICA DOS ÓLEOS ...................................................................120
8.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................121
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

CAPÍTULO 22: ANÁLISE DOS GASES DISSOLVIDOS (CROMATROGRAFIA)...................123


RESUMO .....................................................................................................................................123
1.0 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................123
2.0 - GASES CARACTERÍSTICOS ASSOCIADOS A FALHAS ............................................123
3.0 - TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO .......................................................................................124
4.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................126

CAPÍTULO 23: TRATAMENTO DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES............128


RESUMO .....................................................................................................................................128
1.0 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................128
2.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO E CONTAMINANTES .......................128
3.0 - FILTRAGEM.......................................................................................................................129
4.0 - CENTRIFUGAS ..................................................................................................................131
5.0 - TRATAMENTO TERMOVÁCUO.....................................................................................131
6.0 - RECUPERAÇÃO DE ÓLEO COM TERRA FÜLLER ......................................................132

CAPÍTULO 24: AMOSTRAGEM DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES PARA


ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA ........................................................................................................134
RESUMO .....................................................................................................................................134
1.0 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................134
2.0 - TRANSFORMADORES COM BOMBAS DE CIRCULAÇÃO........................................134
3.0 - UTILIZAÇÃO .....................................................................................................................134
4.0 - ARMAZENAMENTO.........................................................................................................134
5.0 - DISPOSITIVOS...................................................................................................................134
6.0 - RECIPIENTE.......................................................................................................................135
7.0 - PROCEDIMENTOS ............................................................................................................135
7.1 - Retirada do óleo em tambores..........................................................................................135
7.2 - Retirada do óleo em transformadores ..............................................................................135

CAPÍTULO 25: AMOSTRAGEM DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES PARA


ANÁLISE CROMATROGRÁFICA................................................................................................137
RESUMO .....................................................................................................................................137
1.0 - AMOSTRAGEM DE GASES DE SELOS GASOSO (POR EXEMPLO, COLCHÕES DE
NITROGÊNIO) E RELÉS COLETORES DE GÁS (BUCHHOLZ) ..........................................137
1.1 - Generalidades...................................................................................................................137
1.2 - Material de amostragem...................................................................................................137
1.3 - Método de amostragem....................................................................................................137
2.0 AMOSTRAGEM DE ÓLEO DO TRANSFORMADOR ......................................................138
2.1 - Generalidades...................................................................................................................138
2.2 - Material de amostragem...................................................................................................139
2.3 - Método de amostragem....................................................................................................139
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES

CAPÍTULO 26: MANUSEIO E ESTOCAGEM DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS E


REFRIGERANTES..........................................................................................................................140
RESUMO .....................................................................................................................................140
1.0 - TRANSPORTE....................................................................................................................140
1.1 - Caminhões Tanque...........................................................................................................140
1.2 - Tambores..........................................................................................................................140
1.3 - Containers de borracha sintética ......................................................................................140
2.0 - ESTOCAGEM .....................................................................................................................140
2.1 - Tanques ............................................................................................................................140
2.2 - Tambores..........................................................................................................................141
2.3 - Containers ........................................................................................................................141
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
DE TRANSFORMADORES

PARTE I: OPERAÇÃO DOS TRANSFORMADORES


MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

CAPÍTULO 1: ELETROMAGNETISMO BÁSICO


"O essencial é invisível aos olhos"
Saint Exupery

RESUMO Pelo exposto, para que haja um aumento ou diminuição


Os transformadores tem seu princípio de da tensão induzida nos terminais a-b do condutor deve-se
funcionamento baseado nas leis da indução e conjugado alterar as grandezas relacionadas na expressão (1). Assim,
eletromagnético. Este texto apresenta de forma para uma modificação na velocidade é necessário atuar
simplificada algumas destas leis e fenômenos aplicados ao mecanicamente sobre o condutor e, para a mudança da
seu estudo. intensidade de campo, deve-se utilizar um eletroimã, o qual
permite o seu controle. Em relação ao comprimento imerso
1.0 - TENSÃO INDUZIDA no campo, pode-se adotar a hipótese de executar um
Sabe-se que sempre que houver movimento eventual aumento, colocando-se mais condutores em série
relativo entre um campo magnético e um condutor será com o primeiro; desta forma, se houverem “N” condutores
induzida uma tensão (f.e.m. - força eletromotriz) em seus em série, resulta:
terminais; esta é simplificadamente, a lei de Faraday, a qual
foi quantificada por Newmann, ou seja: e=NvlB (2)

e = V l B senθ (1) Por outro lado, supondo-se que o condutor execute um


onde: movimento circular uniforme, como esquematizado na
figura 2, tem-se:
e - força eletromotriz (tensão) induzida em um
determinado instante [V]; θ =ω ⋅t (3)
v - velocidade relativa entre campo e condutor [m/s];
l - comprimento do condutor imerso no campo onde:
magnético [m]; ω - velocidade angular [rad/s];
B - indução magnética [Wb/m2]; t - tempo [s].
θ - ângulo formado entre o campo magnético e a
velocidade instantânea do condutor, tomando-se “B”
como referência [rad].
A figura 1 esclarece o exposto, supondo campo
magnético uniforme (ou seja, “B” possui o mesmo valor
em qualquer ponto).
Na figura 1 mostra-se o sentido da f.e.m induzida,
o qual é dado pela regra de Fleming, ou seja:
a) sentido de “e” dado pelo polegar da mão
direita;
b) sentido de “v” dado pelo indicador da mão
esquerda;
c) sentido de “B” dado pelo dedo médio da mão
direita.

Figura 2 - Condutor em movimento circular uniforme.


Sabe-se que no movimento circular uniforme:
V = ω.R
Substituindo (3) e (4) em (2), resulta:
e = N . ω . l . B . senωt (5)
como:
Figura 1 - Força eletromotriz induzida em um condutor.
φmax = B . A (6)
Observe-se que o ângulo entre “v” e “B” na figura 1 é
90o. A=l.D (7)
________________________________________________________________________________
Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 2
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

D=2.R (8) l 1
Re = . (15)
e: A µ
ω = 2πf (9) µ - permeabilidade magnética do meio;
A - seção transversal do circuito magnético [m2]
obtém-se:

e = π . Nf φmax senωt = emax senωt (10)

A expressão (10) permite dizer que a tensão


induzida nos terminais de um condutor em movimento
circular uniforme, imerso em campo magnético igualmente
uniforme, é alternada e senoidal.
Se ao invés de apenas um condutor, houver uma
espira, como a mostrada na figura 3, executando o
movimento em condições idênticas tem-se: Figura 4 - Campo magnético criado por corrente
eesp = 2 . e = 2emax senωt (11) Pela figura 5 e expressão (14) nota-se que é possível
controlar a imantação de um determinado material
magnético, ou seja, aumentar ou diminuir o fluxo
magnético, dentro de certos limites, alternando-se a
corrente que circula pelas espiras. Esta corrente recebe o
nome de “corrente de excitação” e se relaciona como fluxo
magnético através da chamada curva de saturação.

Figura 3 - Espira imersa em campo magnético e


executando movimento circular uniforme.
O valor eficaz da tensão é:

E = E RMS = f N φmax = 4.44 N f φmax (12)
2
O valor médio é:
Figura 5 - Imantação de um material magnético.
E RMS
Emed = = 4 N f φmax (13)
111
.
2.0- CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE
Corrente circulando por um condutor cria um
campo magnético cuja intensidade é dada pela lei de Biot-
Savart e sentido pela regra de Ampère.
A lei de Biot-Savart é dada por:
H . l = NI = Re . φ (14)
onde:
H - intensidade de campo [A/m];
l - comprimento do circuito magnético [m];
Re - relutância do circuito magnético, dado por: Figura 6 - Curva de saturação (exemplo)

________________________________________________________________________________
Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 3
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

CAPÍTULO 2: PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO


DOS TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS
"Não se pode ensinar alguma coisa a alguém, pode-se apenas
auxiliar a descobrir por si mesmo.”

Galileu Galilei

RESUMO A expressão (1) pode ser rescrita como:

Este capítulo trata do princípio de Reφ = N110 (2)


funcionamento do transformador monofásico e
apresentando várias grandezas e aspectos de sua onde:
operação.
Re - relutância do núcleo;
1.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO φ- fluxo magnético.

O transformador monofásico, em sua forma mais Desta forma, verifica-se que a força
elementar, constitui-se de um núcleo de material magnetomotriz impulsiona o fluxo magnético pelo
magnético e enrolamentos, como mostra núcleo, sendo limitado pela relutância.. Naturalmente, se
esquematicamente a Figura 1. a corrente é variável no tempo, o fluxo magnético
também o é.

Por outro lado, sabe-se pela lei de Faraday, que


“sempre que houver movimento relativo entre o fluxo
magnético e um circuito por ele cortado., serão induzidas
tensões neste circuito”.

Pelo exposto, no transformador da Figura 1,


existirão tensões induzidas no primário (E1) e no
secundário (E2) , devido à variação do fluxo em relação
Figura - 1 – Transformador monofásico elementar às espiras.

O funcionamento do transformador monofásico Os valores eficazes das tensões induzidas são


baseia-se no principio de. que a energia elétrica pode ser dados por:
transferida entre dois circuitos devido ao fenômeno da
indução magnética. E1 = 4,44.N1.f.S.Bmax (3)
E2 = 4,44N2.f.S.Bmax (4)
Aplicando-se a tensão U1, no primário do
transformador, circulará uma pequena corrente onde:
denominada “corrente em vazio”, representada neste
texto por I0 . Se a tensão aplicada é variável no tempo, a E1, E2 - valores eficazes das tensões induzidas no
corrente I0 também o é. primário e secundário, em[V];
N1, N2 - número de espiras dos enrolamentos primário e
De acordo com a lei de Ampère, tem-se: secundário
f-- freqüência, [Hz];
H.l = N1I0 (1) S- seção transversal do núcleo do transformador, [m2 ];
B- valor da indução magnética no núcleo, [wb/m 2].
onde:
H é a intensidade do campo; Observe-se que:
l é o comprimento do circuito magnético;
N1I0 é a força magnetomotriz. φm =B.S (5)

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Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Monofásicos - 4
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

sendo φm o fluxo magnético (mútuo) do núcleo do Do diagrama tem-se:


transformador, [wb]. Deve-se observar que o
transformador não é ideal e, sendo assim, os
enrolamentos possuem resistência e capacitância (além,
I0 = I p2 + I m2 (6)
naturalmente, da indutância) e existem fluxos de
dispersão. Os efeitos capacitivos tornam-se importantes Ip = I0 cosϕ0 (7)
em transformadores acoplados à circuitos eletrônicos com
freqüências extremamente elevadas (em geral até 400 Hz, Im= I0 senϕ0 (8)
tais efeitos são desprezíveis) ou tensões com altos
valores. As perdas em vazio são:
Por outro lado, as bobinas, geralmente, são
montadas concêntricamente, para aproveitamento de uma P = U1 I0 cosϕ0 = U1 Ip (9)
parcela do fluxo de dispersão; como dado prático,
normalmente realiza-se esta montagem com as bobinas de onde ϕ0 é a defasagem entre U1 e I0.
maior tensão envolvendo as de menor. Tal disposição não
altera o funcionamento do transformador, apenas otimiza Naturalmente, é de interesse prático que as
o aproveitamento do fluxo. perdas sejam as menores possíveis. Para que tal ocorra, a
corrente a vazio deve ser, em quase sua totalidade,
utilizada para a magnetização do núcleo; em
conseqüência:

Im » Ip (10)

Assim, o valor do ângulo ϕ0 deve ser o maior


possível e o cosϕ0 (fator de potência em vazio) possuirá
baixos valores.
Figura 2 – Núcleo do transformador – Representação
esquemática É comum considerar-se que a corrente em vazio
é igual à de magnetização, pois, devido a expressão (10),
2.0 - CORRENTE EM VAZIO o erro cometido não é significativo.
2.1- Considerações Gerais
2.2 - Forma de Onda da Corrente em Vazio
A função da corrente em vazio é suprir as perdas
do transformador quando opera sem carga e produzir o A corrente em vazio assume valores bastante
fluxo magnético, como mostrado no item anterior. baixos situando-se na faixa de 1 a 7% da corrente
Considerando-se estes aspectos, esta corrente nominal do circuito primário. Desta forma, a queda de
pode ser subdividida em duas parcelas distintas, ou seja: tensão no primário é pequena nesta condição; isto leva a
a) Ip - Corrente ativa ou de perdas, considerar que:
responsável pelas perdas no núcleo e
está em fase com a tensão aplicada ao U1 =E1 (11)
primário U1; e,
b) Im — Corrente magnetizante ou reativa, Se a tensão aplicada ao primário U1 possuir
responsável pela criação do fluxo forma de onda senoidal, E1 também possuirá. Por outro
magnético (φm) e está atrasado de 900 lado, considerando-se as express5es (3) e (5), tem-se que
em relação à U1. o fluxo tem a mesma forma de onda de E1 (ou seja,
A Figura 3 esclarece o citado senoidal no caso), porém com defasagem de 900 elétricos.

Por outro lado, considerando-se a expressão (2),


tem-se que:

Reφ
Im= (12)
N1

Observe-se que o fluxo magnético é senoidal, N1


Figura 3 – Diagrama fasorial do transformador em vazio é constante, porém a relutância varia devido aos

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Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Monofásicos - 5
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

diferentes estados de saturação que ocorrem no núcleo. Convêm lembrar que o transitório da corrente de
Com tais considerações, conclui-se que a corrente de energização dura alguns ciclos nos pequenos
magnetização, obrigatoriamente, não é senoidal, o que transformadores, podendo atingir até vários ciclos nos
resulta em uma corrente em vazio igualmente não transformadores de força.
senoidal. A Figura 4 explica o exposto de forma gráfica. Um oscilograma típico para os regimes
transitório e permanente da corrente a vazio é mostrado
na Figura 5.

Figura 5 –Forma de onda da corrente de energização


Figura 4- Processo gráfico para a determinação da forma
de onda da corrente de magnetização.
3.0 - O TRANSFORMADOR EM OPERACÂO
Para a construção da forma de onda, adotar o
seguinte procedimento: Considere-se a figura 6.

a) Para um determinado instante, determina-


se o valor de φm;
b) Para este valor de φm (crescente ou
decrescente), verifica-se na curva de
Histerese o valor de i0;
c) Transporta-se para o dado t, o valor de i0
correspondente e, assim, tem-se um
ponto da curva de i0; Figura 6 – Transformador monofásico em operação
d) Repetir o processo para outros pontos e
traçar a forma de onda da corrente. Com o transformador operando em vazio, ou
sem carga, a corrente I0 magnetiza o transformador e
Como conseqüência do formato não senoidal da induz as tensões E1 e E2. Fechando-se a chave S do
corrente em vazio, há a produção de harmônicos, circuito secundário do transformador, haverá circulação
principalmente os de terceira ordem. da corrente I2 em seu enrolamento, cujo valor depende
exclusivamente da carga. Como visto, de acordo com a
2.3 – Corrente Transitória de Magnetização (inrush) lei de Ampère, I2 criará o fluxo de reação φ2 e de
dispersão φdisp2 , sendo que o primeiro tende a anular φm.
Tal fenômeno foi observado por Fleming em Para que o transformador continue magnetizado, haverá
1892, mostrando que quando um transformador é uma compensação de fluxo no primário, ou seja: para
conectado à rede, uma grande corrente transitória de manter a magnetização, o transformador exigirá da rede
magnetização (corrente inrush) é comumente observada. uma corrente suplementar a I0, de modo a compensar φ2 ;
O seu efeito é causar momentaneamente uma esta corrente receberá a denominação de I’2, a qual cria o
queda de tensão e poderá provocar a atuação de relés
fluxo φ1. Assim, a corrente primária I1 é:
instantâneos.
A amplitude desta corrente depende de dois
fatores:
I1= I 02 + I 22 (13)
a) ponto do ciclo da tensão no qual a
chave para energização foi fechada ; de onde:
b) Condições magnéticas do núcleo, nas
quais inclui-se a intensidade e a
polaridade do fluxo residual. I0= I 12 − I 22 (14)

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Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Monofásicos - 6
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Da expressão (14) é possível concluir que, em Devido a este fato, como citado anteriormente, a
qualquer condição de operação do transformador, sempre queda de tensão primária é mínima; assim:
existirá a corrente I0 e que somente ela é responsável pela
indução de E1 e E2, em outras palavras, E1 e E2 U1 ≈ E 1 (24)
independem do regime de carga.
Além disto, nesta condição:

4.0 - RELACÃO DE TRANSFORMACÃO U2 = E 2 (25)

A relação de transformação das tensões de um Assim:


transformador monofásico é definida de duas formas:
E1 U1
4.1 - Relação de Transformação Teórica ou Relação KN = ≅ (26)
de Espiras. E2 U 2
Definida por: A expressão (26) é importante, pois E1 e E2 são
acessíveis a uma medição; assim, utilizando-se um
E1 4,44 N 1 . f .B.S voltímetro no primário obtêm-se U1 e, no secundário,
KN = = (15) estando o transformador em vazio, U2; desta forma, acha-
E 2 4,44 N 2 f .B.S
se a relação do número de espiras com pequeno erro.
Portanto: 4.2 - Relação de Transformação Real

E1 N 1 Ao aplicar uma carga ZC ao secundário, a


KN = = (16) corrente I2 circula pelo secundário e I1 assume valores
E2 N 2 superiores a I0 assim, haverá queda de tensão no primário
Porém, sabe-se que: e no secundário e, portanto:

N2 U2 ≠ E 2 (27)
I 2' = I2 (17)
N1 Nestas condições, define-se a relação de
e, transformação real, ou a relação entre as tensões
primárias e secundárias quando do transformador em
carga; ou seja:
I1= I 02 + I 22 (18)

U1 I 2
Como K= ≅ (28)
' U 2 I1
I >> I 0
2 (19)

Eventualmente, se a queda de tensão secundária


tem-se que:
for pequena (o que acontece para transformadores bem
projetados) pode-se supor que:
I1= I2 (20)
Assim: KN = K (29)

I 2 N1 Observe-se que:
KN = = (21)
I1 N 2 a) se K > 1, o transformador é abaixador; e,
b) se K < 1, o transformador é elevador.
Desta forma:

E1 N 1 I 2 5.0 - PARÂMETROS REFERIDOS


K N= = = (22)
E2 N 2 I1
Em sistemas elétricos com várias tensões de
serviço, normalmente se emprega a redução de todas elas
No funcionamento em vazio: a uma mesma base. Desta maneira, todos os cálculos
podem ser realizados como se houvesse apenas um
I1 = I0 (23) circuito (é o caso da representação pu).
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Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Monofásicos - 7
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Na teoria dos transformadores reduz-se (ou


refere-se ) os valores de correntes e tensões do secundário
para o primário (ou vice-versa); em outras palavras, as
grandezas secundárias (ou primárias) são substituídas por
outras no primário (ou secundário) que produzam os
mesmos efeitos que as anteriores.
Observe-se que, referindo-se um dos lados ao Figura 7 – Transformador com parâmetros concentrados
outro constrói-se um circuito elétrico equivalente ao
transformador sem a presença de enrolamentos e núcleo. Com as grandezas secundárias referidas ao
Estes circuitos podem ser aplicados diretamente em primário tem-se o circuito da Figura 8.
sistemas de potência, facilitando quaisquer tipos de
cálculos.
Neste texto, as grandezas secundárias serão
referidas ao primário.

¾ Tensões
N1
E2 ' = E2 = K .E2 (30) Figura 8 – Transformador com as grandezas secundárias
N2 referidas ao primário
N1
U2 '= U 2 = K .U 2 (31) O circuito anterior pode ser representado pelo da
N2 Figura 9.
¾ Correntes
I2
I 2 '= (31)
K
¾ Impedâncias
U 2 ' U 2 .K U 2 2
ZC ' = = = K (32)
I2 ' I2 ' / K I2 Figura 9 – Transformador com ramo magnetizante
substituindo o núcleo
Portanto:
Na Figura 9, o núcleo é representado por uma
ZC’ = ZC K2 (33) reatância fictícia (Xm) responsável pelo fluxo magnético e
uma resistência fictícia (Rm) responsável pelas perdas no
Naturalmente, a resistência e reatância referidas núcleo.
são calculadas de maneira análoga, ou seja: Por outro lado, a representação do ramo é
desprezada devido aos baixos valores da corrente da
R’ = R K2 (34) corrente de magnetização, como mostra a Figura 10.
2
X’ = X K (35)

Observe-se que o fato de referir grandezas


secundárias ao primário, não altera o ângulo de fase e
potência fornecida a carga.

6.0 - CIRCUITO EQUIVALENTE


Figura 10 – Circuito equivalente sem o ramo
magnetizante
O transformador pode ser representado através
de um circuito equivalente, o qual permita analisar seus O circuito ainda pode ser o da Figura 11, onde se
efeitos sobre o sistema. tem:
A análise física do equipamento permite concluir
que o primário e secundário possuem resistência e RCC = R1 + R2’ (37)
reatância; assim é possível representá-lo através de
parâmetros concentrados como mostra a Figura 7. XCC = X1 + X2’ (38)

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Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Monofásicos - 8
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

sendo RCC e XCC chamados, respectivamente, de onde:


resistência e reatância de curto-circuito.
SN
ZB = 2 (42)
UN

sendo:

SN – potência nominal do transformador


UN – tensão nominal do transformador

É possível demonstrar que a impedância


percentual possui o mesmo valor se calculada pelo lado
Figura 11 – Circuito equivalente do transformador primário ou secundário.
Como se observa, a corrente de carga (no caso, Por outro lado, define-se “Tensão de curto-
I2’) é limitada apenas por RCC e XCC quando há um curto- circuito (UCC) a tensão que é necessário aplicar a um
circuito no secundário do transformador; desta forma, transformador, de modo que circule a corrente nominal
define-se “impedância de curto-circuito” como: no secundário, quando este está curto-circuitado.
2 2
Z CC = RCC + X CC (39)
Em termos práticos, verifica-se que:

XCC >> RCC (40)

Assim:

ZCC = XCC (41)

de onde, é comum representar o transformador como na


Figura 12. Figura 13 – Curto-circuito em transformadores

Na prática, as tensões de curto-circuito são


expressas por seus valores percentuais em relação a UN e
estão na faixa dela 10%. Desta maneira, a “tensão de
curto-circuito percentual” é expressa por:

U CC
U% = 100 (44)
UN
Figura 12 – Representação simplificada do transformador
Pode-se mostrar que:
O circuito da figura 12 facilita enormemente a
montagem de rotinas computacionais em sistemas de UCC% = Z% (45)
potência. Como por exemplo, programas para analise do
fluxo de carga e estabilidade sistemas. Da mesma forma, é possível definir a resistência
e reatância percentual como segue:

7.0 - PARÂMETROS PORCENTUAIS RCC P


R% = 100 = JT 100 (46)
ZB SN
A impedância de curto-circuito normalmente é
fornecida em porcentagem de uma impedância base, ou
seja: onde PJT são as perdas em carga e,

Z CC X CC
Z% = 100 (41) X% = 100 = Z % 2 − R% 2 (47)
ZB ZB

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Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Monofásicos - 9
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

CAPÍTULO 3: BANCO DE TRANSFORMADORES


MONOFÁSICOS
"Não creias impossível o que apenas improvável parece.”

William Shakespeare

RESUMO Desta forma, combinando-se estes tipos de


ligações, a transferência de energia realiza-se através das
Este capítulo analisa a transformação trifásica seguintes conexões:
executada através de bancos de transformadores
monofásicos. Primário D D Y Y
Secundário d y d y
1.0 - INTRODUÇÃO Sendo “D” e “Y”, respectivamente, as ligações
Considera-se como transformação trifásica delta e estrela do lado primário e “d” e “y” as
aquelas em que há transferência de energia elétrica de um equivalentes no secundário.
circuito elétrico trifásico (primário) a outro (secundário e, A figura 2 mostra algumas maneiras de conectá-
eventualmente, terciário), alterando-se ou não os níveis las a título de exemplo.
de tensões e correntes, porém mantendo-se a freqüência
constante.
Há várias possibilidades de se executar tal
transformação.
A forma mais básica para tanto é a de utilizar
dois ou três transformadores monofásicos independentes,
unidos entre si sem nenhuma interferência ou interação
entre os seus fluxos magnéticos, formando um banco.

2.0 – BANCO COM TRÊS TRANSFORMADORES


Para executar a ligação dos três transformadores
monofásicos independentes é necessário conectar os
primários e os secundários entre si.
Nesta situação, há a possibilidade de conectá-los
ou em delta (triângulo) ou em estrela.
H1 e H2 são os terminais iniciais e finais do primário
X1 e X2 são os terminais iniciais e finais do secundário
Figura 2 – Conexões em banco com três transformadores
monofásicos
Este sistema apresenta custo maiores em relação
a uma unidade trifásica. Entretanto, possibilita a
existência de apenas um transformador monofásico de
reserva com 1/3 da potência total para os três, enquanto o
trifásico exige outro de igual potência.
A ligação de bancos monofásicos é
freqüentemente empregada em instalações de grande
potência, onde o custo da unidade reserva resulta
significativo.
Além disto, em caso de falha de uma unidade, o
banco ainda pode operar em uma conexão especial,
porém com capacidade reduzida, mas sem interrupção de
Figura 1 – Ligações delta e estrela fornecimento.
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Capítulo 3: Banco de Transformadores Monofásicos - 10
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

3.0 – CONEXÃO DELTA ABERTO OU DUPLO V Observe-se, entretanto, que cada transformador
fornece a corrente de linha (e não a de fase).
Se um dos transformadores de um banco com Sendo assim, a potência suprida por um
conexão ∆∆ for retirado, mesmo assim é possível a transformador num delta aberto, comparada à potência
transformação trifásica sem alteração nas tensões. Obtêm- total trifásica, é:
se, assim, uma conexão conhecida como duplo V ou ∆
aberto ou, ainda, conexão Aaron. A figura 3 ilustra.
Potência por transformador U F I F cos ϕ
= =
Potência total trifásica 3U F I F cos ϕ
(1)
U L I L cos ϕ 1
= = = 0.577
3U L I L cos ϕ 3

De onde se conclui que a potência suprida por


transformador neste sistema é 57,5% da potência total.
Por outro lado, a expressão (1) também mostra
que, se três transformadores em Dd estão suprindo a
carga nominal e um transformador é removido, a
sobrecarga em cada um dos transformadores que
permanece seria de 173%, uma vez que a recíproca da
expressão (1) é a relação da carga total para a carga por
transformador.
Naturalmente, esta relação implica em que, se
dois transformadores estão operandos em duplo V e com
carga nominal, a adição de um terceiro transformador
aumenta a capacidade total de 173,2% (ou de 3 ).
Assim, um aumento no custo de 50%,
correspondente ao terceiro transformador, permite um
acréscimo da capacidade do sistema em 73,2%, ao
convertê-lo de duplo V em ∆∆.
Esta estratégia é interessante em sistemas de
distribuição, onde se espera uma ampliação futura. Em
outras palavras, em um primeiro momento instala-se os
transformadores conectados em duplo V e, se a demanda
aumentar com o passar do tempo, instala-se o terceiro
Figura 3 – Remoção de um transformador em conexão transformador. Com tal atitude, o custo inicial é menor.
Dd para obtenção do banco duplo V.

A figura 4 mostra com mais detalhes a conexão. 4.0 – CONDIÇÕES PARA REALIZAR A CONEXÃO

Analisando-se a figura 3, verifica-se que é


interessante que os transformadores possuam relações de
transformação iguais e sejam conectados com as
polaridades indicadas. Em caso contrário, as tensões no
secundário ficarão desbalanceadas.
A título de exemplo, se o transformador 1
possuir uma relação 13.800/127 V e o segundo,
13.800/115 V, a tensão secundária entre as fases “a” e
“c” será:

Figura 4 - Conexão delta aberto ou duplo V


U ca = −127∠0 0 − 115∠120 0 = 209,6∠151,6 0 V

Na figura 4, verifica-se que o sistema duplo V Observe-se que ocorrerá, adicionalmente, uma
produz três tensões de linha defasadas de 120º. sobretensão entre as fases “a” e “c”.

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Capítulo 3: Banco de Transformadores Monofásicos - 11
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

CAPÍTULO 4: PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO


DOS TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS
"É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe."

Epíteto

RESUMO

Este capítulo trata do princípio de


funcionamento do transformador trifásico e apresentando
várias grandezas e aspectos de sua operação.

1.0 - INTRODUÇÃO

A transformação trifásica pode ser realizada com


um transformador específico, destinado a este fim.
Neste caso, o custo inicial é mais baixo que os
dos bancos, pois existirá apenas uma unidade. Entretanto,
exige um outro transformador de mesma potência como
reserva.

2.0 - NÚCLEO
Figura 2 - Núcleo trifásico ideal.
Partindo do princípio que o transformador
trifásico agrupa três monofásicos em um, a composição O núcleo trifásico da figura 2 é o ideal;
entre os núcleos mais evidente é a mostrada na figura 1. entretanto, tem uma forma inconveniente e há uma
utilização excessiva de material em sua construção, o que
se reflete nos custos e inviabiliza a sua utilização. A
solução que se adota, em termos práticos, é bastante
simples, ou seja: retira-se um dos núcleos, inserindo entre
as colunas (ou pernas) laterais, uma outra com as mesmas
dimensões.

Figura 1 - Núcleos monofásicos compondo o trifásico.

Um sistema trifásico simétrico e equilibrado


possui três correntes com mesmo módulo, porém
defasadas de 120º elétricos uma das outras. Pela lei de
Ampère, elas originam fluxos nos núcleos monofásicos,
também defasados de 120º.
Figura 3 - Núcleo trifásico real.
Analogamente às correntes trifásicas, quando os
fluxos juntarem-se em um ponto, sua soma será nula, o
que ocorre no local de união dos três núcleos. Sendo O circuito magnético das três fases, neste caso,
assim, não há necessidade de sua utilização é, portanto, é resulta desequilibrado. A relutância da coluna central é
conveniente retirá-lo do circuito como medida de menor que as outras, o que origina uma pequena
economia de material. diferença nas correntes de magnetização de cada fase.

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Capítulo 4: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Trifásicos - 12
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Existem diversos tipos de núcleo, entretanto o fato a torna mais adequada para ser utilizada em presença
mostrado na figura 3 é o mais comum devido à sua de cargas desequilibradas.
facilidade construtiva e de transporte. Adotando-se a notação de designar-se a ligação
Este tipo de núcleo, em relação a três primaria através de letras maiúsculas e secundária através
monofásicos, apresenta como vantagem o fato de que, de minúsculas, tem-se:
qualquer desequilíbrio magnético causado pelas
diferentes condições elétricas das três fases, tendem Primário D D D Y Y Y
desaparecer graças à interconexão magnética existente Secundário d y z d y z
entre elas; assim, a fluxo de cada perna distribui-se
obrigatoriamente pelas outras duas. Além disso, existe a
economia de material em relação aos três monofásicos e Tabela 1 - Conexões dos enrolamentos.
conseqüente diminuição das perdas em vazio.
Como desvantagem, tem-se que as unidades
4.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
reservas são mais caras, pois deverão ter a potência total
do transformador a ser substituído; o monofásico de
O princípio de funcionamento é basicamente o
reserva, por outro lado, pode ter apenas um terço da
mesmo do monofásico, tanto em vazio como em carga.
potência do conjunto.
A figura 5, mostra o núcleo do transformador
trifásico com seus enrolamentos utilizando a conexão Dy.
Os terminais H1, H2 e H3 são os de maior tensão e os de
3.0 - ENROLAMENTOS
menor tensão são X1, X2 e X3, considerados nesta análise
Os enrolamentos de um transformador trifásico como primário e secundário, respectivamente.
podem ser conectados em estrela (Y), delta (∆) ou zig-
zag, conforme mostra a figura 4.

Figura 5 - Transformador trifásico em vazio.


Ao aplicar as tensões UAB, UBC e UCA ao
Figura 4 - Conexões possíveis dos enrolamentos de um primário, as correntes de magnetização de cada fase (I0AB,
transformador trifásico. I0BC e I0CA) circularão pelos respectivos enrolamentos. O
efeito resultante será, o surgimento de três fluxos
As ligações delta e estrela são as mais comuns. magnéticos alternados e defasados de 120º elétricos entre
si e, pela lei de Faraday, serão induzidas tensões nos
A ligação zig-zag é secundária típica; a sua enrolamentos primários (EAB, EBC e ECA) e secundários
característica principal é sempre afetar igual e (Eab, Ebc e Eca) Observe-se que, nos pontos A e B do
simultaneamente duas fases primárias, pois os seus núcleo, a soma dos fluxos é nula; isto significa que cada
enrolamentos são montados em pernas distintas seguindo trecho entre A e B age como um transformador
uma ordem de permutação circular. Naturalmente, este monofásico.

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Capítulo 4: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Trifásicos - 13
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Naturalmente, ao acoplar cargas ao secundário,


surgirão correntes opondo-se à variação do fluxo mútuo K = KN (3)
φM e, em conseqüência, tentam desmagnetizar o núcleo.
Assim, essas correntes são compensadas por parcelas
b) Na figura 6b:
adicionais de corrente absorvidas junto à rede, mantendo-
se φM constante e as tensões induzidas nos enrolamentos.
U1
K= (4)
U2
5.0 - RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO
Como os enrolamentos podem estar conectados
Como se sabe, a relação de transformação real é
de diversas maneiras, nota-se que para cada modo de
definida como a relação entre as tensões primárias (U1) e
ligação haverá uma diferença entre a relação de
secundárias (U2), ou seja:
transformação e de espiras; a tabela 2 mostra os valores
de K em função de KT para cada ligação:
U 1 E1
K= = (1)
U 2 E2 Ligação Dd Dy Dz Yy Td Yz
KN 2 2
No transformador trifásico a relação de K= KN KN KN 3KN KN
transformação tem a mesma definição, sendo as tensões 3 3 3
entre fases; porém, devido à conexão dos enrolamentos
(E1 e E2 são tensões induzidas entre os terminais dos Tabela 2 - Valores de K em função de KN
enrolamentos), ela não será, em todos casos, igual à para as diversas conexões.
relação de espiras.
A figura 6 mostra duas conexões de
transformadores trifásicos.
6.0 - CORRENTE EM VAZIO

Nos transformadores trifásicos, com a montagem


de núcleo mostrada, as correntes de magnetização devem
ser iguais entre si nas fases laterais e ligeiramente
superiores a da central.
Isto se deve ao fato de que as relutâncias das
pernas correspondentes são maiores.
Desta forma, adota-se um valor médio para a
corrente em vazio, ou seja:

I0 A + I0B + I0C
I0 = (5)
3
Figura 6 - Conexões dos transformadores trifásicos.
7.0 - CIRCUITO EQUIVALENTE E PARÂMETROS
Sendo assim, as relações de transformação K e
KN para cada caso seriam: De uma forma geral, os sistemas de potência são
representados por apenas uma fase e um neutro,
a) Na figura 6a: considerando as restantes como simétricas;
evidentemente, consegue-se isto com a ligação Y.
U1 E N No caso dos parâmetros porcentuais, tal fato é
K= e KN = 1 = 1 (2) irrelevante, pois independem das conexões dos
U2 E2 N2
enrolamentos; enquanto que nos magnetizantes, ocorre
exatamente o contrário.
e, estando o transformador em vazio, tem-se: Assim no caso do primário em ligação delta,
utiliza-se transformá-la na estrela equivalente. Desta
U1 ≅ E1 e U 2 = E 2 forma, o transformador trifásico será representado pelos
parâmetros de uma fase, supondo as conexões primárias
então, em estrela e carga trifásica simétrica e equilibrada.

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Capítulo 4: Princípio de Funcionamento dos Transformadores Trifásicos - 14
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

CAPÍTULO 5: CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS


E ACESSÓRIOS
“O segredo de aborrecer é dizer tudo”

Voltaire

RESUMO

Os transformadores são constituídos pela parte


ativa e diversos outros componentes. designados
genericamente por acessórios, necessários para o perfeito
funcionamento. Este texto mostra as principais partes
destes equipamento e alguns testes possíveis de serem
realizados.

1.0 - INTRODUÇÃO

A parte ativa dos transformadores, como citado


anteriormente, é composta pelo núcleo magnético e
enrolamentos. Por outro lado, os seus acessórios variam
de um transformador para outro conforme a sua potência
1 – Diafragma de alívio; 2 – Tubo de descarga; 3 – Bucha de alta
e nível de isolamento. A titulo de ilustração a figura 1 tensão; 4 – Manivela de controle do comutador; 5 – Tampa de visita e
apresenta uma vista explodida de um transformador abertura; 6 – Relé detetor de gás; 7 – Bucha de baixa tensão; 8 –
trifásico, enquanto as figuras 2 e 3 mostram a localização Termômetro; 9 – núcleo e bobina do transformador; 10 – Válvula de
dos acessórios e a parte ativa de um transformador dreno de óleo; 11 – Chave do comutador de tap’s; 12 – Bomba de óleo;
13 – Ventoinha; 14 – Radiador; 15 – Suspiro; 16 – tanque conservador
monofásico, respectivamente. de óleo; 17 – Indicador; 18 – Placa terminal; 19 – Poço.
Figura 2 –Localização de acessórios

Figura 3 - Parte ativa de um transformador monofásico

Neste sentido a NBR 5356/81 estabeleceu os que


devem ser utilizados com transformadores imersos em
óleo. A titulo ilustrativo a tabela 1 fornece um resumo das
informações da norma para transformadores de até 1000
Figura 1 – Vista explodida de um transformador trifásico kVA e a tabela 2 para transformadores de maior porte.
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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 15
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

ACESSÓRIOS POTÊNCIA (em kVA)


15 30 45 75 112,5 150 225 300 500 750 1000
Indicador Externo de De Coluna O O N N N
Líquido Isolante. Magnético O O O
Bujão de Drenagem. O O N N N
Meios de Ligação para Filtro. N N N N N
Dispositivo p/ retirada de amostra de óleo. N N N N N
Meios de Aterramento do Tanque. N N N N N N N N N N N
Meios p/ levantamento do Transformador N N N N N N N N N N N
Completamente Montado e da Parte Ativa.
Abertura para Inspeção. N N N N N N N N N N N
Apoios para Macaco. N N N N N
Provisão para Instalação do Termômetro do óleo. O O N N N
Dispositivo para Alívio de Pressão. O O O
Meios para Locomoção. N N N N N
Conservador de Óleo (em Transformadores Não - O O O
Selados).
Indicador de Temperatura do Óleo. O O O
Caixa com Blocos Terminais. O O O
Relé Detetor de Gás Tipo Buchholz (quando O O O
houver conservador).
Respirador com Secador de Ar (quando Houver O O O
conservador).
N – Acessórios Normais.
Tabela 1 – Acessórios para transformadores trifásicos com potência de até 1000 kVA.

ACESSÓRIO LOCALIZAÇÃO FUNÇÃO


Relé Detetor de Gás (Gás Relay). Tampa do Tanque. Coletar gases provenientes de falhas internas.
Relé J (Fault Pressure Relay). Parede Lateral do Tanque. Indicar sobrepressões bruscas no interior do
tanque.
Relé Bulchholz (Bulchholz Relay). Condutor de Óleo entre Tanque e o Sintetiza a função dos dois relés anteriores.
Conservador. Se usado, dispensa os mesmos.
Válvula de Alívio de Pressão (Pressure Tampa do Tanque. Aliviar sobrepressões bruscas, protegendo o
Relief Device). tanque contra deformações ou rupturas.
Tubo de Segurança (Safety Type). Tampa do Tanque. Idem anterior, não sendo utilizados
conjuntamente.
Termômetro de Óleo (Liquid Parte Superior do Tanque (Lateral ou Indicar por medição direta a temperatura do
Temperature Indicator). Tampa). óleo do topo.
Termômetro de Enrolamento – Imagem Parte Superior do Tanque (Lateral ou Indicar a temperatura do ponto mais quente
Térmica (Winding Temperature Tampa). do enrolamento através de medição indireta.
Indicator).
Indicador de Nível de Óleo (Líquid Lateral da Superfície do Tanque Indicar nível de óleo isolante.
Level Indicator). Lateral do Conservador. Topo da
Bucha.
Indicador de Fluxo de Óleo (Líquid Tubulação Inferior do Banco de Indicar o funcionamento da bomba de óleo.
Flowgage). Radiadores entre o Tanque e a Bomba
de Óleo.

Tabela 2 – Acessórios para transformadores de força.


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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 16
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

2.0 - NÚCLEO

O núcleo é utilizado como circuito magnético


para a circulação do fluxo criado nas bobinas primárias.
Compõe-se por chapas de aço-silício laminado com
espessuras variáveis, sendo estas agrupadas de tal modo
que resultem em pernas e culatras (jugo). Essas chapas
são isoladas entre si por verniz isolante.
Figura 5 - Corte da chapa a 45o
Existem dois tipos básicos, ou seja.
O corte a 90o permite os formatos UI, EI, L. ou 1
a) Núcleo envolvido (Core type ou tipo núcleo) como mostra a figura 6.
Utilizado para altas tensões, as quais requerem
muitas espiras e boa isolação. Caracterizaram-se e por
correntes relativamente baixas e pequeno fluxo
magnético Este tipo é ilustrado na figura 4.

Figura 6 - Corte de chapa a 90o


Outro aspecto construtivo importante é a seção
transversal do núcleo, sendo que esta, idealmente, deveria
ser circular para uma melhor distribuição do fluxo. Como
este tipo de construção e antieconômico, emprega-se.
a) Seção quadrada ou retangular para
pequenos transformadores;
b) Seção tipo cruz para médios e grandes
transformadores. Neste caso, cortam-se
as chapas em dois ou mais tamanhos
escalonados, de forma que a seção fique
inscrita em uma circunferência. Desta
maneira, aproveita-se melhor as chapas
e aumenta-se a superfície de
refrigeração do núcleo.
Pode-se ter cruz com 3, 4; 5 ou mais dentes e, no
caso de transformadores de grande potência, cruz com
canais de óleo.
Figura 4 - Núcleo de transformador trifásico

b) Núcleo envolveu/e (Shcll type ou encouraçado)

Usados em transformadores com tensões baixas,


onde há poucas espiras, baixa isolação. elevadas
correntes, altas freqüências e fluxos magnéticos.

O corte das capas pode se feito a 90o ou 45o,


dependendo da montagem do núcleo e da potência do Figura 7 - Seções transversais de núcleo: a) quadrada;
transformador. Observa-se que o corte a 45o permite que retangular; c) cruz com três dentes d) cruz com quatro
o fluxo circule com menor relutância. dentes

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 17
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Entre as espiras existem canais de transposição


onde os condutores são invertidos; sendo assim, cada um
deles ocupa todas as posições possíveis, conseguindo-se
uma repartição equilibrada de correntes (mesma
resistência ôhmica) e reduzindo-se as perdas no cobre e
por correntes parasitas. Com dois condutores haverá pelo
menos uma transposição.

Figura 8 - a) Seção transversal tipo cruz com 3 dentes e


canais de óleo; b) montagem do núcleo com este tipo de Figura 10 - Enrolamento helicoidal com a) dois
seção transversal condutores; b) três condutores; c) quatro condutores; d)
hélice indicando a transposição.

3.0 - ENROLAMENTOS
3.3 - Enrolamentos discoidais (panqueca)
3.1 – Generalidades
Usados na tensão superior. O enrolamento
As bobinas são montadas sobre tubos isolantes completo consiste de um número de discos superpostos
de papel baquelitizado ou envernizados, como ilustra a uns aos outros. Na realidade, compõe-se de espiras
figura 9. circulares dispostas paralelamente uma a outra no sentido
radial, podendo ou não possuírem canais para
refrigeração.
Os condutores a cada volta entrelaçam-se, pois
desta forma, o comprimento médio de cada espira, e.
consequentemente sua resistência ôhmica é igual.
Os discos são separados por calços isolantes e
são dispostos concentricamente com o secundário
ocupando, normalmente, a parte externa por facilidade de
isolamento e retirada das derivações.

Figura 9 – Montagem do Enrolamento

Existem diversos tipos de enrolamentos que


podem ser utilizados em transformadores, porém
pertencem a três grandes grupos básicos, ou seja,
helicoidais, discoidais e camadas. Figura 11 – Bobina em disco
3.2- Enrolamento helicoidal 3.4 - Enrolamentos em camadas

Usados na tensões inferiores (altas correntes). Dividem-se em diversas camadas concêntricas


Normalmente, constituídos por condutores retangulares e largas, cilíndricas e de pequena espessura conectadas em
se desenvolvem em hélice continua. série. Possuem excelente comportamento às sobretensões.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 18
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

4.0 - DISPOSITIVOS DE PRENSAGEM E CALÇOS A troca de taps pode ser executada em carga ou
em vazio. No primeiro caso necessita-se de “uni
Para dar consistência mecânica à parte ativa comutador sob carga, equipamento motorizado e com
utiliza-se vigas dispostas horizontalmente, fixadas por câmara de extinção, (devido ao caráter altamente indutivo
tirantes. dos transformadores) e a mudança deve ser a mais
Por outro lado, emprega-se calços em muitos discreta possível. No segundo, há uma tala de bornes
pontos da parte ativa, os quais têm por finalidade: interna ao tanque (tipo painel) ou um comutador externo
(tipo rotativo).
a) Dar rigidez às bobinas,
b) Isolar as bobinas do núcleo,
c) constituir vias para a circulação óleo e,
d) nivelar as janelas entre outras.

Com freqüência utiliza-se do fenolite, presspan


ou madeira na sua confecção.

5.0 - ISOLAMENTO

O isolamento existente nos transformadores é


feito, basicamente, entre camadas de espiras, bobinas,
enrolamentos e em relação à carcaça (massa).
O isolamento entre enrolamentos e o isolamento
em relação à massa denominam-se isolamento principal.
Ele é constituído por um ou mais cilindros isolantes de
papelão, de papel impregnado com resinas sintéticas e
outros materiais, colado(s) entre ambos enrolamentos e
entre os enrolamentos e culatra.
O isolamento entre camadas é formado por duas
camadas de papel. Por outro lado, o isolamento entre
espiras emprega várias camadas de papel enrolados sobre
os condutores.
O papel normalmente utilizado é o Kraft. Os Figura 12 - Comutador sob carga (LTC)
condutores ainda podem ser esmaltados.
O isolamento entre bobinas no sentido axial é
feito empregando-se madeira impregnada (madeirite) 7.0 - BUCHAS
e/ou camadas de presspan ou baquelite. No sentido radial,
7.1 - Generalidades
quando as espiras dividem-se em muitos grupos, utiliza-
se tubos isolantes. De um modo geral, existem
As buchas possuem a função básica de acoplar
espaçadores de presspan com vários milímetros entre
os terminais dos enrolamentos ao circuito externo, bem
elas, de modo a permitir a livre circulação de óleo.
como, manter isolado eletricamente estes enrolamentos e
cabos do tanque.
6.0 – TAP’S OU DERIVAÇÕES Entre elas há um certo espaçamento, devido a
necessidade de se isolar as entradas e saídas uma das
Por diversos motivos, as tensões das redes outras, onde o meio ambiente age como dielétrico. Este
variam. Sendo assim, necessita-se que o transformador fato caracteriza a eficiência da bucha ou se a o melhor
possua condições de alterar a sua tensão de entrada, por uso possível do poder dielétrico do ar a fim de assegurar
exemplo, para que a tensão secundária fique constante. isolamento adequado.
Desta forma, é possível a variação da relação de
São constituídas basicamente por:
transformação, comutando-se espiras de um dos
enrolamentos (ou de ambos). a) Corpo isolante de porcelana vitrificada;
Os pontos para a comutação de espiras b) Condutor passante de cobre eletrolítico
denomina-se “tap” ou ‘derivação”. Observe-se que as ou latão;
derivações em enrolamentos de tensão superior são mais c) Terminal de latão ou bronze;
econômicas, pois possuem condutores com bitola menor d) Vedações de borracha e papelão
que os de tensão inferior. higroscópico.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 19
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

As formas e as dimensões variam com a tensão e 8.0 - TANQUE


a corrente de operação. Os tipos mais comuns são as
buchas a óleo e as condensivas. Destinado a servir de invólucro da parte ativa e
de recipiente do liquido isolante.
7.2 - Buchas a óleo Na utilização destes tanques, é necessário
precaver-se quanto à expansão e contração do óleo com
Consiste numa haste condutora envolvida por as variações de temperatura. Assim, nos transformadores
um determinado número de finos cilindros concêntricos de distribuição é usual utilizá-lo completamente selado,
de material isolante, separados por calços de madeira contendo apenas um espaço livre entre a tampa e o óleo.
tratada, onde a haste e os cilindros isolantes são fixados Em grandes transformadores. devido ao fato de
dentro de dois cones ocos de porcelana. Completa-se os que a pressão interna pode assumir altos valores, utiliza-
espaços vazios com óleo isolante. Utilizados até 400 KV. se o conservador.
Estes dois tipos de tanques podem ser providos
de flanges nos terminais de alta e/ou baixa tensão.
O tanque pode conter radiadores constituídos por
tubos ou elementos, visando a aumentar a área de
dissipação do calor gerado pelas perdas.

Figura 13 - Exemplo de buchas à óleo - a) Instalação


exterior; b) Instalação interior

7.3 - Buchas Condensivas

Compõe-se de um corpo isolante de papel


baquelitizado enrolado sobre um tubo de cobre (ou
estanho). No isolamento são colocadas armaduras
semicondutoras de forma a constituírem capacitores Figura 15 - Transformador com radiadores e ventilação
cilíndricos e coaxiais. forçada
São usadas a partir de 30 KV.
9.0 - RELÉ BUCHHOLZ (TRAFOSCÓPIO)

9.1 - Considerações gerais

O relé Buchholz, tem como finalidade proteger


equipamentos elétricos que trabalham com líquidos
isolantes, em geral transformadores, quando equipados
com tanque de expansão.
Esse tipo de relé somente detecta problemas
originados no interior do transformador e, portanto, há
sempre a necessidade de se complementar a proteção
contra problemas externos, utilizando-se de outros
dispositivos.
O funcionamento deste relé baseia-se no fato de
Figura 14 - Exemplo de buchas condensivas que qualquer acidente que ocorra no transformador,

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 20
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

estará procedido de uma série de fenômenos, às vezes Internamente, o relé é composto por duas bóias.
imperceptíveis e sem gravidade, mas que conduzem à funcionando, normalmente, uma para alarme e outra para
distribuição progressiva do isolamento dos enrolamentos. desligamento; anexo a elas existem contatos de mercúrio,
Assim sendo, esse tipo de equipamento toma-se que permitem, conforme a posição das bóias, a conexão
importante devido a sua sensibilidade a gases de dos circuitos.
decomposição, que normalmente acompanham este tipo Note-se que, de acordo com o tipo do relé, o
de fenômeno. A figura 16 mostra uma vista do relé. mesmo pode vir equipado com somente uma bóia e um
contato.
Além disto, ainda há uma pequena janela situada
no corpo do aparelho, o qual é construído de ferro
fundido. Tal visor, além de permitir a verificação do nível
de óleo, facilita o exame do gás, orientando sobre a
natureza do defeito através da cor e pela sua quantidade.
Na parte superior do corpo do relé, encontra-se
um registro que permite recolher o gás acumulado. Na
parte inferior, outro destinado aos ensaios de
funcionamento das bóias, como mostra a figura 18.

Figura 16 – Relé Bhuchholz

Observe-se que o Buchholz substitui o relé de


gás e o de falha de pressão tipo “J”, os quais serão
analisados à frente

9.2 - Características Físicas

O relé Buchholz é um equipamento compacto,


de pouco volume é de fácil montagem, provido
normalmente de flanges de entrada e saída, que permitem
instalá-lo em série com a tubulação que une o tanque do
transformador com o de expansão do óleo isolante,
conforme mostra a figura 17. 1 – Registro de saída do gás; 2 – Bornes para ligação; 3 – Prensa cabos;
4 – Balança (bóia) de alarmes; 5 – Balança (bóia) de desligamento; 6 –
Furo de saída (dreno); 7 – Registro para teste

Figura 18 - Vista em corte do relé Buchholz.

9.3 - Características de funcionamento

O corpo do relé permanece normalmente cheio


de óleo, contendo as bóias b1 e b2 móveis em redor dos
eixos fixos (refira-se à figura 3), mas mantidas numa
mesma posição pela força hidrodinâmica do liquido
isolante.
Se em conseqüência de um defeito pouco
importante, são produzidos pequenas bolhas de gás, estas
sobem pelo tanque do transformador ao de expansão do
óleo. Contudo, tais bolhas serão captadas pelo corpo do
relé e armazenadas, razão pela qual o nível do óleo
baixará progressivamente á medida em que aumenta o
Figura 17 - Relé Buchholz instalado. volume na parte superior do receptáculo. Como
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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 21
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

conseqüência, a bóia superior b1 irá se inclinar, desprendimento de gás persistir, o nível do óleo no
acarretando o fechamento do contato superior quando a receptáculo irá abaixar, até que haja passagem direta para
quantidade de gás for suficiente. Posteriormente, se o o tanque de expansão. A figura 19 ilustra o exposto.

Figura 19 - Ação do Relé Buchholz

O contato superior permite, desta forma, que se temperatura, o relé Buchholz irá atuar, desligando o
acione uma sinalização ótica ou acústica. transformador. Pode-se considerar, conseqüente, que o
Por outro lado, a bóia b2 conservará sua posição relé constitui uma proteção de sobrecorrente, com
se o desprendimento de gás continuar lento. Caso o característica de tempo dependente de sobrecarga.
defeito se acentue o desprendimento se tomará violento, e Os contatos superior e inferior, também serão
se produzirão grandes bolhas, de tal forma que o óleo em acionados quando o nível de óleo baixar de um
conseqüência do choque. refluirá para o tanque de determinado limite. Neste caso, deve-se completar o nível
expansão. Este fluxo de óleo movimenta a bóia b2 e em de óleo baixar de um determinado limite. Neste caso,
conseqüência fechará o contato de mercúrio. O contato deve-se completar o nível e verificar a estanqueidade.
em questão, por sua vez, deverá estar ligado ao circuito Ressalta-se que quando um transformador entre
de proteção, forçando dessa maneira a abertura dos em serviço é comum o desprendimento de muitas bolhas
disjuntores, colocando o transformador fora de serviço. devido ao ar contido em seu interior. Nesta oportunidade
Esta operação é mostrada esquematicamente na figura d. é suficiente abrir-se o registro dando descarga do ar
Em caso de sobrecorrente anormal, obtêm-se o acumulado.
mesmo resultado. Nesta situação, uma grande quantidade
de pequenas bolhas irão surgir em torno de todo
enrolamento devido ao aquecimento, e. assim, irão atuar 9.5 - Defeitos mais importantes que podem ser
como se fosse uma grande bolha, o que significa que a captados pelo relé Buchholz
bóia b2 irá atuar devido ao refluxo do óleo.
Pelo exposto, verifica-se que a proteção a) Em caso de ruptura de uma conexão, se
Buchholz não funciona pela ação dos movimentos do produzirá um arco, o qual aumentará
óleo que resultam do seu aquecimento normal, tão pouco rapidamente por fusão dos condutores.
pelos efeitos eletrodinâmicos sobre as bobinas. Para que a Posteriormente, poderá alcançar o outro
bóia b2 seja acionada é necessário um movimento brusco, enrolamento provocando um curto circuito, e
devido a um forte desprendimento gasoso. consequentemente, a volatização do óleo;
b) Em caso de defeito de isolamento, causado por
contato com a massa, entre o enrolamento e o
9.4 - Observações importantes tanque. O surgimento do arco irá volatizar e
decompor o óleo no local em questão.
Convém notar-se que a formação de bolhas Freqüentemente, este problema é causado por
gasosas se manifesta somente quando a temperatura dos sobretensões;
enrolamentos se eleva ao ponto em que o óleo se volatiza c) Em caso de curto-circuito ou de sobrecarga
(acima de 150 0C). brusca, se produzirá, antes de mais nada, um
Por outro lado, tal temperatura pode ser forte aumento da temperatura, principalmente
suportada durante um breve período pelos enrolamentos, nas partes mais internas do enrolamento;
o que significa que segundo a magnitude da corrente de d) Em conseqüência de modificações nas
sobrecarga esse valor será alcançado mais ou menos propriedades químicas do óleo que reduzem sua
rapidamente. Portanto, quando obtida a referida rigidez dielétrica, facilitando a ocorrência de

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 22
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

precipitações eletrostáticas particularmente


elevadas. Nestes casos, a continua produção de
descargas poderá afetar o transformador.
Evidentemente, elas irão acarretar a
decomposição do óleo, provocando a formação
de gases;

e) No caso em que as juntas dos núcleos e os


extremos estão mal executados, ou se o
isolamento dos parafusos que seguram as chapas
de ferro estiverem deteriorados, poderão
produzir intensas correntes do Foucault. Esta
situação irá provocar um aumento da
temperatura no local, vaporizando o óleo e
provocando a formação de gases.

Note-se que observando-se a quantidade e o aspecto


dos gases desprendidos, pode-se localizar a natureza e a
gravidade de defeitos. A coloração destes gases fornece
uma boa indicação sobre a origem do problema, como
por exemplo:

a) Gás Esbranquiçado
Derivado da decomposição de algodão
ou papel, indica a queima da cobertura
isolante das espiras devido a um
sobreaquecimento por curto circuito;

b) Gás Cinzento
Derivado da queima de madeira ou
papéis, indica a soltura ou mal contato
de junção nos suportes de madeira. A
causa poderá ser uma solda mal feita ou
auto-soltura dos parafusos de junção;

c) Gás Amarelo
Derivado da queima do ferro, denuncia
defeitos no núcleo magnético;

d) Gás Amarelo com flocos Pretos


Caracteriza a formação de arcos
voltaicos no óleo a) Torneira; b) Mangueira; c) Válvula; d) Mangueira da bomba; e)
Parafuso de saída do ar; f) Porca para teste (ASEA); g) Bomba tipo
bicicleta
Ainda, com relação ao gás desprendido, pode-se
observar se o mesmo for combustível é indicativo de Figura 20 - Teste em relé Buchholz
problemas com a parte elétrica; em caso contrário, o
transformador poderá ser ligado sem problemas. O procedimento para a execução é o que segue:

a) Realizar a montagem do esquema


9.6 - Teste em relés Buchholz mostrado na figura 20;
b) Conectar um ohmímetro nos terminais
Caso haja interesse, é possível executar-se um de alarme do relé;
teste de funcionamento no relé Buchholz. Para efetuar-se c) Fechar a torneira (a);
o teste, basta seguir a orientação dada na Figura 20 e d) Desatarraxar a porca para teste (f),
acoplar os equipamentos auxiliares nela indicados. aproximadamente uma volta;

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 23
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

e) Inflar a mangueira (b) com cerca de 2 Tal acessório é composto por um sistema de bóia
kg/cm2 ou vinte bombeadas; e um mostrador (e componentes eletromecânicos), ambos
f) Abrir lentamente a torneira (a), separados hermeticamente.
observando pelo visor do relé a descida O sistema de bóia com compartimento de haste
do nível do óleo; variável aciona um imã permanente e transmite a altura
g) Observar se o ohmímetro indica do nível de óleo do interior do tanque de expansão para o
resistência zero, mostrando ponteiro.
continuidade, quando o nível do óleo Pode-se ter casos em que o indicador vem
alcançar a bóia de alarme b1; acoplado com microinterruptores, visando o acionamento
h) Verificar se o contato da bóia de de alarme quando de uma eventual ultrapassagem do
desligamento b2 não foi acionado. nível do ponto máximo ou mínimo.
i) Fechar a torneira (a); Observe-se que em transformadores antigos é comum
j) Afrouxar a válvula (c) para retirada do encontrarem-se o indicador de nível de óleo como um
ar do relé. Observar o nível do óleo no simples visor (ou seja, um tubo e vidro externo).
visor do relé.
k) Fechar novamente a válvula (c) após a 10.2 - Características Principais
saída do ar do relé (o nível do óleo a) A carcaça do equipamento é feita de
cobrirá totalmente o visor); alumínio fundido sob pressão;
l) Desatarraxar a porca para teste (f), b) As partes móveis são construídas de
aproximadamente uma volta; latão;
m) Inflar a mangueira (b) com cerca de 2 c) O material da bóia é cortiça;
kg/cm2 ou vinte bombeadas; d) Os indicadores de nível de óleo,
n) Conectar um ohmímetro nos terminais normalmente têm diâmetro do visor
de alarme do relé; entre 100 e 170 mm, com indicação
o) Abrir abruptamente a torneira (a); MIN., MÁX. e temperatura ambiente
p) Verificar a atuação da bóia de 250 C (refira-se à figura 22a);
desligamento b2 com a indicação de e) O material das gaxetas é borracha
continuidade pelo ohmímetro; sintética;
q) Afrouxar a válvula (c) para retirar todo f) O curso da haste da bóia é de 1200 em
o ar do relé. Observar o nível do óleo torno da sua articulação;
no visor do relé; g) O comprimento da haste é variável até
r) Fechar a válvula (c). aproximadamente 600 mm;
10.0 - INDICADOR DE NÍVEL DE ÓLEO

10.1 - Considerações gerais

O indicador é empregado para assinalar o nível


de óleo no transformador, sendo instalado numa das
extremidades do tanque de expansão. conforme ilustrado
na figura 21.

Figura 22 - Indicador de nível de óleo.

h) Cada microinterruptor permite a


reversão, possuindo um contato
normalmente fechado e um
Figura 21 – Indicador do nível de óleo no conservador normalmente aberto (ver figura 22c);
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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 24
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

i) A caixa de conexões possui terminais A caixa do termômetro é metálica, de construção


para a escolha da ligação desejada; e, ventilada e a prova de jatos de água.
j) Os cabos poderão ser instalados O instrumento está provido de dois
diretamente na caixa por meio de luvas amortecedores na parte traseira para evitar o efeito da
de passagem, ou embutidos em vibração quando o termômetro está montado no tanque.
tribulação de 1/2”. O sistema de medida é feito por um liquido, o qual sofre
variação de volume com a temperatura e que atua sobre
10.3 - Cuidados no recebimento um par de foles elásticos.
O indicador de nível de óleo montado no tanque de O bulbo do termômetro é provido de uma flange,
expansão está protegido contra danos durante o a qual é fixa a uma bolsa sobre a tampa do transformador
transporte. O braço da bóia é segurada na posição por meio de parafusos e gaxetas. A bolsa pode ser
superior através por meio de uma fita, colocada entre a soldada diretamente à tampa ou fixada por meio de
gaxeta e a tampa no topo do tanque de expansão. A fita parafusos conforme mostra esquematicamente a figura
deverá ser removida com cuidado para não deixar cair o 24. O bulbo pode ser assim retirado sem a necessidade de
braço e não ocasionar danos à bóia. se esvaziar o óleo do tanque de expansão.

10.4 - Manutenção
Este tipo de indicador de nível de óleo é de
construção robusta, porém para uma operação perfeita é
recomendável uma inspeção regular nas chaves auxiliares
e nos mancais. O acesso a estas partes é feito pela
desmontagem do anel do indicador retirando, também, o
vidro, o ponteiro e a placa indicadora. O mancal deverá
ser lubrificado com algumas gotas de óleo apropriado.
Para verificação dos contatos auxiliares, girar o pino do
ponteiro até as posições de limite. Verificar se o ponteiro
e os terminais estão bem fixo. Se o tanque de expansão
for removido, o braço deverá ser preso, conforme citado
anteriormente.

11.0 - TERMÔMETRO INDICADOR DE


TEMPERATURA DO ÓLEO (TIPO FLUÍDO EM TUBO
CAPILAR)
Figura 24 - Termômetro instalado.
O termômetro em si, consiste em um bulbo
cilíndrico com flange, uma extensão de tubo capilar e um Com o objetivo de se garantir uma boa
compartimento com mostrador, ponteiros e dispositivos transferência de calor, a bolsa onde se aloja o bulbo deve
de contatos, o qual é ilustrado na figura 23. estar com óleo. Sem o mesmo, a indicação do termômetro
não será correta. A figura 25 ilustra.

Figura 23 - Termômetro indicador de temperatura do


óleo. Figura 25 - Bolsa de alojamento do Bulbo.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 25
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

O termômetro pode vir equipado com 1, 2, 3 ou


4 contatos ajustáveis de sinalização ou controle (cápsula
de mercúrio), os quais operam independentemente um
dos outros.
O mostrador do termômetro é calibrado entre 10-
20 0C e está provido, normalmente, de um ponteiro para
indicar a temperatura atual e de dois outros
correspondentes, respectivamente ao primeiro e segundo
contatos. Os ponteiros secundários poderão ser
reajustados por meio de um pequeno imã permanente.
colocando-o sobre o vidro. Fixa-se o imã à caixa do
termômetro, mediante uma corrente. A figura 26
esclarece a montagem.

1 – Elemento aquecedor; 2 – Bolsa do bulbo; 3 – Transformador de


corrente; 4 – Termômetro; 5 – Bucha; 6 – tubo capilar.

Figura 27 - Termômetro de enrolamento.

Figura 26 - Partes do termômetro. Na figura 27 tem-se que o elemento aquecedor


(1) consiste de um resistor variável, enrolado
11.1 - Considerações gerais helicoidalmente, montada numa bolsa de aço (2) com
dois terminais (7) para conexão no transformador de
A constante de tempo de aquecimento do óleo é corrente e a resistência (6).
muito maior que as dos enrolamentos e, assim, O transformador de corrente (3) que alimenta o
dificilmente a temperatura do primeiro é um indicativo elemento aquecedor (1) pode estar colocado ao redor de
daquela correspondente ao segundo. Por outro lado, a um condutor sob a tampa ou num sub-flange ao redor de
temperatura que estes atingem estão diretamente uma bucha. A sub-flange é fornecida com uma caixa de
relacionados com a vida do isolamento e, em terminais para conexão dos condutores ao elemento
conseqüência, com a do próprio transformador. Desta aquecedor.
forma, em transformadores de maior porte é conveniente O indicador de temperatura de enrolamento
que se tenha um dispositivo que permita avaliar a consiste de um termômetro que recebe informação de
temperatura do ponto mais quente dos seus enrolamentos, temperatura do DETETOR.
visando um controle mais efetivo do aquecimento. Um transformador de corrente montado na caixa
Por outro lado, a medição da temperatura do do transformador de força é energizada pela corrente que
enrolamento só é possível através de métodos indiretos. passa em um dos enrolamentos deste transformador de
empregando-se sensores e, portanto. obtendo-se a força é ligado ao AQUECEDOR, como ilustra a figura
chamada “imagem térmica”. 28.

11.2 - Termômetro do enrolamento

Um termômetro de enrolamento pode possuir


vários contatos elétricos ajustáveis para determinadas
temperaturas.
O contato referente ao primeiro nível pode ser
usado para comandar a partida dos ventiladores, enquanto
o referente ao segundo nível, para comandar a partida das
bombas de circulação de óleo. O referente ao terceiro
nível pode fechar um circuito de alarme de alta
temperatura do enrolamento e aquele correspondente ao Figura 28 – Esquema de funcionamento do termômetro
quarto nível pode fechar um circuito de comando de
desligamento do transformador. Desta forma, pelo aquecedor circula uma
A figura 27 ilustra a montagem de um corrente proporcional á corrente do enrolamento do
termômetro deste tipo. transformador de força.
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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 26
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Como o detetor de temperatura (bolsa do O novo processo é um tubo capilar, participando


termômetro) é fechado dentro do aquecedor e ambos do bulbo do termômetro, cheio de líquido, colocado na
estão imersos em óleo, dentro da bolsa do aquecedor que bolsa do termômetro, geralmente na tampa do
está em contato com o óleo do transformador, a transformador. A base para a medição é, assim, a
temperatura do detetor representa a soma da temperatura temperatura do topo do óleo do transformador.
do óleo e da elevação de temperatura devido à corrente No sistema antigo, o aumento da temperatura do
que passa no enrolamento. ponto quente do enrolamento, medido no topo do óleo.
Desta maneira é indicada a temperatura total do era reproduzido por meio de uma resistência de
ponto mais quente do enrolamento e quando atinge a um aquecimento colocada na bolsa do termômetro. Este fato
limite preestabelecido irá comandar um circuito de levava á necessidade de uma potência de entrada
controle. relativamente alta e se tornava difícil de ajustar.
Este esquema tem uma vantagem, ou seja todo o
equipamento de indicação de temperatura é eletricamente No novo sistema, a resistência de aquecimento é
separado dos enrolamentos do transformador. colocada nos foles de medição do instrumento de medida.
A resistência ajustável tem a função de garantir Tal resistência forneceu uma indicação do aumento da
que a proporcionalidade entre a corrente que passa no temperatura no instrumento, proporcional ao quadrado da
aquecedor e a corrente que passa no enrolamento do corrente que por ela circula e, assim, também,
transformador de força, seja a mesma que existe entre a proporcional ao quadrado da tensão.
temperatura do aquecedor e a temperatura do Se a resistência é alimentada a partir de um
enrolamento do transformador. transformador de corrente, inserido no enrolamento que
Para que o dispositivo medidor de temperatura se deseja avaliar, obtém-se uma boa indicação da
funcione perfeitamente, é IMPORTANTE QUE O verdadeira temperatura do ponto mais quente do citado
OLEO DA BOLSA DO TERMÔMETRO SEJA enrolamento, em todas as condições de cargas e
MANTIDO A NÍVEL ADEQUADO. Se o termômetro temperatura.
tiver sido desmontado, deve-se verificar o nível de óleo, A corrente de tempo do indicador numa
quando o bulbo for montado novamente. mudança repentina de corrente é de cerca de 9 minutos,
O nível correto do óleo para a temperatura ambiente é que é da mesma ordem de grandeza da constante de
mostrado na figura 29. tempo do próprio enrolamento.

Uma resistência shunt ajustável é também


incorporada ao instrumento. Uma corrente de no máximo
1,5 A correspondente á carga nominal do transformador é
obtida a partir de um transformador de corrente colocado
no condutor ou na bucha do enrolamento a ser medido. A
resistência shunt é ajustada para fornecer uma tensão
através da resistência de aquecimento que corresponde à
elevação de temperatura medida ou calculada no ponto
quente do enrolamento, em relação à temperatura do topo
do óleo, O novo sistema possui um baixo consumo de
energia e é fácil de se ajustar a partir do nível do chão.

A figura 30 ilustra um termômetro deste tipo.

Figura 29 - Outros tipos de termômetro de enrolamento

Os termômetros mais modernos utilizam a


informação de corrente do TC diretamente sobre o seus
dispositivo de acionamento; este sistema é denominado
por “Indicador de Temperatura do Enrolamento com
Resistência Incorporada”. Tal sensor é um
desenvolvimento mais avançado do sistema anterior de
imagem térmica, para indicação do ponto quente do Figura 30 - Indicador de Temperatura do Enrolamento
transformador. com Resistência Incorporada.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 27
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

11.3 - RTD - Registrador de Temperatura à Distância chamada “barra”. Com o passar do tempo. a barra forma
um revestimento que se torna isolante térmico e impede a
O RTD é um instrumento utilizado para se troca de calor entre os condutores e o óleo, até provocar a
registrar graficamente a temperatura do enrolamento de interrupção das espiras por fusão do metal.
um transformador em um local distante. Paralelamente, o ar úmido provoca oxidação sobre o lado
O bulbo (parte sensora) do RTD é constituído de inferior da tampa pela qual, depois de algum tempo, se
uma resistência variável com a temperatura. E conectado destacam partículas metálicas que se depositarão sobre os
no topo do transformador e fica envolvido por outra enrolamentos, diminuindo a distância de isolação até
resistência alimentada pelo secundário de um provocar curto-circuitos que colocam o equipamento fora
transformador de corrente (TC), cujo primário é a bucha de funcionamento.
terminal de um dos enrolamentos (de forma idêntica ao O filtro de silica-gel colocado na parte inferior
bulbo do termômetro do enrolamento). do tanque de expansão, é composto por de um vaso
A resistência variável (bulbo), é conectada comunicante entre a parte interior do tanque de expansão
eletricamente ao registrado de temperatura instalado na e o ar externo, como ilustrado na figura 32.
sala de controle, por meio de dois condutores.
Um fonte de tensão alimenta o circuito,
conforme ilustra a figura 31.

Figura 32 - Filtro de silica-gel.

O filtro contém material higroscópico (silica-


gel), que retira a umidade do ar que o atravessa em
direção ao interior do tanque de expansão.
A ação absorvente do aparelho evita a oxidação
das moléculas superficiais do óleo que, como visto,
possui uma ação negativa sobre o transformador e impede
ações de condensação no interior do tanque de expansão.
Figura 31 - Esquema do RTD O silica-gel, por sua vez, se apresenta sob forma
cristalina, não sendo venenoso e é inodoro, sem sabor,
12.0 - SECADOR DE AR DE SÍLICA - GEL não dissipando gases e não sendo venenoso e é inodoro,
sem sabor, não dissipando gases e não sendo solúvel na
O tanque de expansão mantém sob a tampa do água, mesmo quando fragmentado. Quando no seu estado
transformador uma pressão constante no óleo isolante, o seco, apresenta uma coloração azulada, porém, quando
que impede a formação de ar úmido entre a superfície do úmido adquire uma tonalidade cor de rosa.
óleo e a tampa. Note-se que, nos equipamentos que não Existem pequenas variações das reações do
possuem tal acessório, poderá haver a presença de ar silica-gel com a umidade. De um modo geral absorve
principalmente quando há administração do valor da umidade em cerca de 20% de seu peso; porém ao atingir
carga, e, consequentemente, da temperatura e do nível do cerca de 15%, ele se torna cor de rosa e, neste ponto,
óleo. deverá ser feita a secagem ou troca dos cristais.
O ar úmido e frio oxida as moléculas superficiais Por outro lado, ressalta-se que também existem
do óleo, acarretando em aumento do seu peso; sendo sílicas brancas, as quais tomam-se amarelas com a
assim, estas se precipitam para o fundo atraídos pelos umidade; entretanto tal alteração é de difícil observação,
isolantes através de ação eletrostática, formando a razão pela qual não se recomenda o seu emprego.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 28
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

No caso de saturação do silica-gel, toma-se


necessário trocá-lo para renovar as propriedades
higroscópicas. Como alternativa, entretanto, pode-se
aquecê-lo lentamente sobre uma placa ou através do
contato com uma chama, recuperando o que estava
saturado (toma-se azul novamente).

13.0 - TUBO DE EXPLOSÃO

O tubo de explosão se destina á proteção do


transformador contra sobre-pressões súbitas,
Consiste, basicamente, de um tubo que de um
lado é conectado ao tanque do transformador, e no outro Figura 34 - Válvula de alivio de pressão
lado, possui um disco de ruptura.
Em caso de unia súbita elevação de pressão que
ultrapasse o valor de ruptura do disco, haverá o seu
rompimento, com abertura total da seção de passagem, 15.0 - RELE DE SÚBITA PRESSÃO
fazendo a pressão cair rapidamente.
O relé de súbita pressão é um equipamento de
proteção para transformadores do tipo selado, sendo
instalado acima do nível máximo do liquido isolante, no
espaço de gás compreendido entre este e a tampa do
transformador.
O relé é projetado para atuar quando ocorrem
defeitos no transformador que produzem elevação
anormal da pressão interna, sendo sua operação
ocasionada somente pelas mudanças rápidas da pressão
independentemente da pressão de operação do
transformador.
Para aumento de pressão de 0.4 atm/s o relé
opera em cerca de 3 ciclos, e para aumentos de pressão
mais rápidos (1 atm/s a 2 atm/s) a operação se dá em
menos de um ciclo. Por outro lado, o relé não opera
devido as mudanças lentas de pressão próprias do
funcionamento normal do transformador, bem como
durante perturbações do sistema (raios, sobretensões de
manobra ou curto-circuitos) a menos que tais
perturbações produza danos no transformador.

Figura 33 - Tubo de Explosão.

14.0 - VÁLVULA DE ALÍVIO DE PRESSÃO DE


FECHAMENTO AUTOMÁTICO

A válvula de alivio de pressão de fechamento


automático é instalado em transformadores imersos em
liquido isolante com a finalidade de protegê-los contra
possível deformação ou ruptura do tanque. Em caso de
defeito interno com aparecimento de pressões elevadas. A
válvula é extremamente sensível e rápida (opera em
menos de 2 milésimos de segundos), e fecha-se
automaticamente após a operação, impedindo assim a
entrada de qualquer agente externo no interior do
transformador. Figura 35 - Relé de súbita pressão.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 29
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

16.0 - OUTROS ACESSÓRIOS

16.1 - Relé detetor de gás

É um dispositivo destinado a revelar formação de gás no


interior do transformador, cujo aspecto é o mostrado na
figura 36.

Figura 37 - Vista explodida do relé de gás.

Quando há desenvolvimento de gás no interior


do transformador, ele atinge o receptor e dai se transfere à
câmara coletora do relé, fazendo baixar o nível de óleo
nela contido. O flutuador baixa então, acompanhando o
nível de óleo, sendo assim, e a existência de gás na
câmara é revelada pelo ponteiro do indicador., Quando o
volume de gás supera os 200 cm3, é acionada uma micro-
switch que atua sobre um alarme remoto para dar ciência
da anomalia existente
A análise do gás desprendido, particularmente o ensaio
de combustibilidade, constitui informação valiosa sobre a
existência de defeito interno no equipamento. Se durante
a manutenção for encontrada indicação de gás na câmara
de relé, devem ser tomadas providências para colhê-lo.

16.2 - Relé de falha de pressão tipo “J”

E um dispositivo de proteção contra aumentos


súbitos na pressão interna, aos quais geralmente se
Figura 36 - Aspecto do relé de gás. associam graves defeitos.
Sua função é idêntica a do Relé Buchholz e, em
A formação de gás, geralmente, está associada a geral são encontrados em transformadores de potência de
um defeito interno no equipamento, e a velocidade do procedência européia. Seu principio de funcionamento,
processo é diretamente proporcional à gravidade da falha. contudo, é inteiramente diferente.
A utilidade do relé se restringe à detenção de falhas O relé é montado em uma das paredes laterais do
incipientes, com formação razoavelmente lenta de gás, tanque principal a uma altura de aproximadamente 1/3 da
visto que para formações mais rápidas, outros altura do tanque e comunica-se com este através de uma
dispositivos de proteção, tais como o relé J e o válvula que, com o transformador em operação deve ser
dispositivo de alivio de pressão, tem maior eficácia. sempre mantida aberta e não deve ser acionada sob o
O relé é constituído de uma câmara coletora, risco de se gerar falsa indicação de defeito, com
normalmente cheia de óleo, situada no topo do tanque conseqüente desligamento do equipamento. O relé é
principal e a ele ligada através de um pequeno receptor, constituído por duas pequenas câmaras, uma inferior e
colocado em seu ponto mais elevado, que, por sua vez, se outra superior.
liga ao relé através de um tubo metálico. No interior da A câmara inferior contém óleo do transformador,
câmara um flutuador transmite a indicação de sua posição imerso no qual está um fole em forma de camisa
a um ponteiro de um mostrador, por acoplamento cilíndrica, reforçado externamente por uma mola sendo
magnético. Da parte superior da câmara um outro tubo que este fole contém óleo silicone especial.
vem ter uma válvula situada ao lado do painel de A câmara superior, parcialmente cheia com óleo
controle. que se destina a colheita de amostra de gás silicone especial, contém uma micro-switch, provida de
acumulado, para análise. A figura 37 ilustra. dois contatos (1 NA e 1 NF) com um terminal comum.
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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 30
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Os terminais dos contatos são conduzidos à parte externa f) Meios de ligação para filtro
do relé por um receptáculo de 3 pinos, com encaixe A ligação superior, para
definido por um ressalto, ao qual se conecta um transformadores com tensão máxima do
adaptador especial. equipamento igual ou inferior a 25.8
Na câmara inferior há ainda um orifício de KV e potência nominal igual ou inferior
comunicação com o exterior, vedado por uma pequena a 500 KVA. exceto os subterrâneos,
válvula, destinada a purgar alguma possível quantidade deve ser feita por meio de um tubo,
de ar ou gás contido na câmara, bem como a prover meio provido de bujão. localizado na parte
adequado de se testar o funcionamento do relé. superior da parede do tanque ou na
Quando ocorre um aumento de pressão interna tampa.
no transformador, o fole se contrai. Se a taxa de variação g) Dispositivo para retirada de amostra do
de pressão superar um determinado valor para o qual o óleo
relé está ajustado, esta provoca o deslocamento de um Deve ser colocado na parte inferior do
pistão que acionará a micro-switch e enviando uma tanque. em transformadores imersos em
ordem de isolamento para o equipamento através de um óleo, e na parte superior próximo à
relé externo. superfície do líquido, em
16.3 - Dispositivos diversos
transformadores a askarel;
h) Meios de aterramento do tanque
Conforme a NBR 5356/81, ainda podem estar Os transformadores de potência
presentes outros acessórios, os quais são relacionados a nominal igual ou inferior a 1000 kva
seguir (transcrito da citada norma). devem ter, na parte exterior do tanque,
a) Abertura de visita sempre que possível perto do fundo, uni
As dimensões da abertura de visita dispositivo de material não ferroso ou
devem permitir a passagem normal de inoxidável que permita fácil ligação á
uma pessoa adulta. Sempre que terra. Os transformadores de potência
possível, deve ser localizada na tampa nominal superior a 1000 kva devem ter
do transformador e, no caso de dois dispositivos de aterramento,
transformador dotado de comutador de localizados diagonalmente opostos;
derivações em carga, próxima ao i) Meios para suspensão da parte ativa, do
mesmo; transformador completamente montado,
b) Bujão para verificação do uivei de óleo das tampas, do conversor de óleo e dos
Os transformadores subterrâneos devem radiadores
possuir, pelo menos, um bujão para
verificação do nível de óleo, o qual Os transformadores devem dispor de
deve permitir a verificação do nivel meios (alças, olhais, ganchos, etc.), para
mínimo para funcionamento seguro. seu levantamento completamente
Nos transformadores providos de montado, inclusive com óleo; devem.
indicador de nível do óleo, dispensa-se dispor de meios para o levantamento de
a colocação desses bujões; sua parte ativa, do conservador de óleo
c) Válvulas de retenção do óleo e dos radiadores. Toda tampa cuja
Os transformadores imersos em óleo, massa seja superior a 15 kg deve dispor
providos de radiadores ou trocadores de de meio para seu levantamento;
calor destacáveis, devem possuir
válvulas que impeçam o escoamento do j) Abertura vara inspeção
óleo do tanque, quando da remoção Os transformadores devem ter, quando
total ou parcial dos mesmos. Estas necessário, uma ou mais tampas
válvulas devem possuir indicação das auxiliares na tampa principal, para
posições aberta e fechada; permitir o desligamento dos terminais
d) Bujão de drenagem do óleo internos para as buchas. mudanças de
Deve ser colocado na parte inferior do derivações e inspeção;
tanque;
e) Válvula de drenagem do óleo k) Apoio para macacos
Deve ser colocada na parte inferior da Podem ser feitos sob a forma de
parede do tanque. Todas as válvulas de ressaltos ou de alojamentos, devendo
drenagem do óleo devem ser providas ser adequados tanto para a colocação
de bujão; como para o acionamento de macacos.

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Capítulo 5: Características Construtivas e Acessórios - 31
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

CAPÍTULO 6: GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS


“Quem sabe e não faz, no fundo, não sabe”

Provérbio Chinês

RESUMO limite estabelecida em seu projeto. Isto significa que se o


transformador trabalhar com potência nominal não haverá
Neste capítulo são relatadas e analisas as perigo de sobreaquecimento e envelhecimento excessivo
grandezas que caracterizam um transformador. de condutores e isolantes. Observe-se, entretanto, que
esta não é a máxima potência que o transformador pode
1.0 - INTRODUÇÃO fornecer.
A potência de um enrolamento é a potência
Neste texto será analisada a característica aparente que este pode entregar ou receber, sendo a do
nominal dos transformadores monofásicos e trifásicos e enrolamento primário, a do transformador. Um
outras, tais como corrente de curto-circuito e regulação. enrolamento pode ter várias potências nominais,
Por outro lado, a característica nominal deve ser tal que o correspondentes às suas várias tensões nominais. Quando
transformador possa fornecer corrente nominal sob for indicada uma única potência nominal, entende-se que
condições de carga constante, sem exceder os limites de ela é válida para todas as tensões nominais.
elevação de temperatura afixadas pelas normas, O especificado acima se aplica à potência
admitindo-se a tensão aplicada igual a tensão nominal e nominal de serviço contínuo e de tempo limitado. Para
na freqüência nominal. fins de consulta veja a tabela 1, onde são mostradas as
potências nominais mais usuais para transformadores
A característica nominal é constituída, monofásicos; a tabela 2, fornece a dos transformadores
basicamente, das seguintes grandezas: trifásicos.
a) potências nominais dos enrolamentos; 5 100 1667 12500
b) tensões nominais dos enrolamento 10 167 2500 16667
c) correntes nominais dos enrolamentos;
15 250 3333 20000
d) freqüência nominal;
e) níveis de isolamento dos enrolamentos. 25 333 5000 25000
37.5 500 6667 33333
50 833 8333 50000
2.0 - POTÊNCIA NOMINAL 75 1250 10000 75000
Em um transformador, assim como em qualquer Tabela 1 – Potências Nominais para Transformadores
maquina, é válido o princípio da conservação de energia, Monofásicos (kVA)
ou seja:

Energia de Entrada = Energia de Saída + Energia Perdida 15 300 5000 37500


30 500 7500 50000
ou 45 750 10000 60000
75 1000 15000 75000
Potência de Entrada = Potência de Saída + Potência Perdida 112.5 1500 20000 100000
150 2500 25000 150000
Considera-se como potência nominal de um
transformador, a potência aparente (em VA ou múltiplos) 225 3750 30000 225000
indicada e garantida pelo fabricante, determinando um Tabela 2 – Potências Nominais para Transformadores
valor bem definido para a corrente nominal que pode ser
Trifásicos (kVA)
entregue com a tensão nominal aplicada. Em outras
palavras, a potência nominal é a maior potência que o Estas potências podem ser aumentadas através
transformador pode proporcionar sem que haja da ventilação forçada, por exemplo. Neste caso, conforme
aquecimento, produzido em regime normal de trabalho a NBR 5356/81, a potência máxima deve ser considerada
devido as perdas geradas, que ultrapasse a temperatura como a nominal.
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Capítulo 6: Grandezas Características - 32
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Conhecendo-se as tensões e correntes do b) Transformadores subterrâneos (NBR 5356)


transformador, pode-se calcular a potência aparente (S)
através de: Tensões (V)
Primária Secundária
S =m.U1.I1= m.U2.I2 (1)
216.5 Y/125
Onde: 12000 220 Y/127
m = 1, para transformadores monofásicos; 13200 231 Y/133
13800 380 Y/220
m = 3 para transformadores trifásicos;
400 Y/231
U1.I1 = tensão e corrente primaria;
U2,I2 = tensão e corrente secundária. 216.5 Y/125
220 Y/127
Naturalmente, nas condições ditas nominais: 21000 231 Y/133
SN =m.U1N.I1N =m.U2N.I2N (2) 380 Y/220
400 Y/231
Por outro lado, a potência ativa (P) e reativa (Q)
Tabela 4 – Tensões Nominais – Transformadores
são dadas por:
Subterrâneos (NBR 5456)
P = m.U2.I2.cosψ2 (3)
c) Transformadores para transmissão (força):
e
Q = m.U2.I2.senψ2 (4) Preferencialmente, as tensões devem ser:

As expressões apresentadas são válidas para 6,6 - 13,8 - 24 - 34,5 - 44 - 69 – 88


qualquer regime de carga. 138 – 230 – 345 - 440 - 500 - 765 kV.

3.0 - TENSÃO NOMINAL Ainda conforme a NBR 5356, salvo indicação


em contrário, os transformadores devem ser capazes de
Tensão nominal é a tensão especificada a ser funcionar, na derivação principal, com tensão diferente da
aplicada, ou induzida em vazio nos terminais dos nominal, nas seguintes condições:
enrolamentos do transformador.
Observe-se que as tensões nominais de todos os a) com tensão aplicada ao enrolamento primário,
enrolamentos se manifestam simultaneamente em vazio, no máximo, de 5% a sua tensão nominal,
quando a um deles é aplicada a respectiva tensão mantida a corrente secundária nominal;
nominal. b) com tensão aplicada ao enrolamento primário
superior a 105% da tensão nominal e inferior a
A NBR 5356/81 sugere que as tensões nominais
110% da mesma; esta tensão, para uma
sejam:
corrente secundária igual a k vezes a corrente
nominal, deve ser limitada ao valor dado pela
a) Transformadores de distribuição (NBR 5440)
fórmula:
Tensão (V)
U(%)= 110 - 5K2 (5)
Tensão Primário Secundário
Máxima do Derivaçã Transformadores Transformadores Onde:
Equipamento o N.º
Trifásico e
KV (Eficaz) Monofásico Monofásico 0<k<1 (6)
Monofásico
(fase)
Trifásicos
(linha) s
1 2 3 4 5 6 No caso de funcionamento nas condições a) e
1 13800 7967 b), o acréscimo resultante na elevação de
15.0 2 13200 7621 2 terminais temperatura é, geralmente, tão pequeno que
3 12600 7275
200 ou 127 pode ser desprezado.
ou
1 23100 13337 3 terminais c) com tensão primaria 5% abaixo da tensão
380/220
25.8 2 22000 12702 ou
440/220 ou nominal do enrolamento primário, mantida a
3 20900 12067 220/127 254/127 ou potência nominal do enrolamento secundário,
1 34500 19919 sendo que, nesta condição, as elevações de
240/120 ou
38.0 2 33000 19053 230/115
temperatura das várias partes do transformador
3 31500 18187 não devem ultrapassar em mais de 50C as
elevações de temperaturas obtidas em
Tabela 3 – Tensões Nominais conforme NBR 5440 condições nominais;

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Capítulo 6: Grandezas Características - 32
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

d) em vazio, com tensão aplicada ao enrolamento 5.0 – CORRENTES


primário igual a 110% da sua tensão nominal,
sem que as elevações de temperatura 5.1 - Corrente Nominal
ultrapassem os limites fixados na própria
norma. A corrente nominal é a corrente para qual o
enrolamento foi dimensionado, de modo a resultar a
As disposições acima, para derivação principal potência nominal quando aplicada a tensão nominal.
são aplicáveis a qualquer outra derivação, substituindo-se
os termos “tensão nominal” e “corrente nominal” Ela pode ser calculada através de:
respectivamente, pelos termos “tensão de derivação” e
“corrente de derivação”. a) Primário

SN
4.0 - TENSÃO DE CURTO CIRCUITO OU I1N = (7)
IMPEDÂNCIA PORCENTUAL m.U 1N

É a tensão expressa usualmente em b) Secundário


porcentagem, em relação a uma determinada tensão, que
deve ser ligada aos terminais de um enrolamento para SN
obter a corrente nominal no outro enrolamento, cujos I 2N = (8)
terminais estão curto circuitados. m.U 2 N
A NBR 5440 fornece os valores máximos
admissíveis da tensão de curto circuito percentual em 5.2 - Corrente em Vazio
função da potência e tensão máxima do transformador.
Como se sabe, é a corrente que resulta da
aplicação de tensão no primário do transformador,
4.1 - Trifásicos estando o secundário aberto e é responsável pela
magnetização do núcleo.
a) Tensões máximas de 15 kV:
A NBR 5440 indica os valores máximos
- Potência: 1 KVA; Z% = 5% admissíveis para a corrente em vazio em função da
potência e tensão máxima do transformador, sendo tais
- Potências: 15 a 150 KVA; Z% = 3,5% valores transcritos na tabela 5 (trifásicos) e 6
(monofásicos).
- Potências: 225 a 300 KVA; Z% = 4.5% Nas citadas tabelas a corrente em vazio e dado
em porcentagem da nominal, ou seja:
b) Tensões máximas de 25,8 a 38 kV
I0
- Potência: 1 KVA; Z% = 5% I0 % = .100 (9)
I 1N
- Potências: 15 a 150 kVA; Z% = 4%
Tensão (kV)
Potência (kVA)
25.8 a 38 15
4.2 - Monofásicos
1 2.0 2.0
a) Tensões máximas de 15 kV 15 6.0 5.0
30 5.0 4.3
- Potência: 1 KVA; Z% = 5% 45 4.5 3.9
75 4.0 3.4
- Potências: 3 a 100 KVA; Z% = 2,5%
112.5 3.6 3.1
b) Tensões máximas de 25,8 a 38 kV 150 3.3 2.9
225 3.0 2.6
- Potência: 1 KVA; Z% = 5% 350 2.8 2.4

- Potências: 3 a 100 KVA; Z%=3% (para 38 kV) Tabela 5 – Corrente em Vazio Percentual –
e Z% = 2,5% (para 25,8 kV) Transformadores Trifásicos

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Capítulo 6: Grandezas Características - 33
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

6.0 - CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO Observe-se na figura 1, a existência das


correntes de curto-circuito dinâmica (ou de impulso ou de
6.1- Considerações Gerais crista) e uma permanente ou simétrica.
Os curtos-circuitos são causados por operação A relação entre os valores instantâneos da
indevida de equipamentos, falha na isolação devido a corrente de curto-circuito de crista (ICR) e da simétrica
surtos de tensão, animais e outros fatores. (ICC).é definido pelo fator de impulso k, ou seja:
Os principais tipos de curtos-circuitos são:
ICR = 2 .k.Ia (10)
a) trifásicos;
b) bifásico sem contato com a terra; Onde:
c) bifásico com contato com a terra;
d) monofásico à terra (curto à terra);
K= l + e-πR/X (11)
e) duplo curto à terra.
Naturalmente, muitos outros podem ocorrer, Sendo:
combinando-se os tipos mostrados.
A maioria das faltas que ocorrem são X - soma das reatâncias do transformador e do sistema;
assimétricas, ou seja, as citadas de b a e. Nestes tipos, as
tensões não se anulam no ponto de ocorrência do defeito, R - soma das resistências do transformador e do sistema.
o que torna seu cálculo bastante complexo, devendo-se
utilizar o método dos componentes simétricos 6.2 - Curto-Circuito no Transformador
(seqüências positiva, negativa e zero).
Dos curtos-circuitos assimétricos o curto fase- No caso da ocorrência de um curto-circuito no
terra é o de maior importância. Este defeito não é apenas secundário pode causar grandes avarias no transformador
o mais freqüente como também apresenta a maior faixa devido aos seus efeitos térmicos e eletrodinâmicos.
de valores.
Por outro lado, quando da ocorrência de curtos- Observe-se que os únicos fatores limitantes da
circuitos trifásicos, as tensões do ponto de defeito caem a corrente são a impedância do sistema (em geral, muito
zero e os três condutores passam a ser percorridos por baixa) e a do transformador.
correntes de curto-circuito simétricos; desta forma, e o
tipo mais fácil de ser calculado, sendo feito para apenas Em relação aos curtos-circuitos, os
uma fase. transformadores trifásicos ou bancos são classificados em
A incidência deste tipo de curto é pequena, duas categorias de potência nominal, ou seja:
estatisticamente, mas, em geral, resulta na maior corrente
de circulação no ponto de defeito. a) Categoria I
A ocorrência de um curto-circuito pode se dar na
passagem da corrente pelo zero ou não. Neste último SN ≤ 10000 kVA (12)
caso, ocorre um pico de corrente de curto-circuito.
b) Categoria II

SN > 10000 kVA (13)

A corrente de curto-circuito simétrica pode ser


calculada (valor eficaz) por:

100
I CC = .I N (14)
Z%
Onde:

I2N - é a corrente nominal do primário ou do secundário e,


para a categoria I;

Z% = Z% do transformador, para a categoria II (15)

Figura 1 - Oscilograma de um Curto-Circuito Trifásico Z% = (Z% do transformador + Z% do sistema) (16)


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Capítulo 6: Grandezas Características - 34
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

Observe-se que, a impedância percentual do Em termos percentuais tem-se:


sistema e dada por:
∆U
SN Reg % = .100 (19)
Z% = 100. (17) U2
S CC
Por outro lado, é possível mostrar que a
Onde: regulação pode ser dada em função dos parâmetros
percentuais, ou seja:
SCC - é a capacidade de curto-circuito do sistema e deve
ser obtida, junto à concessionária no local de instalação Reg % = fC . R% . cosϕ2 + fC . X% . senϕ2 (20)
do transformador.
A intensidade e a duração máxima da corrente Onde:
de curto que o transformador deve suportar são
normalizadas. fC - fração de plena carga, dada por
Se a ICC calculada for superior a 25 vezes a
corrente nominal, o transformador devera suportar I2
durante 3 segundos 25 vezes In. Porém, se a ICC calculada fC =
for inferior, o equipamento deverá suportar durante 2 I 2N
segundos a mesma corrente do caso anterior.
Observe-se que, a corrente de crista provoca Ainda pode-se ter que:
esforços mecânicos elevados sendo necessário que os
enrolamentos estejam muitos bem ancorados por Reg % = fC . Z% . cos(ϕ2-ϕi) (22)
cuidadosa disposição de calços e amarrações para tornar
o conjunto rígido. Onde:
Enquanto a corrente de pico afeta o
transformador em sua estrutura mecânica, a corrente ϕi = tan-1 (X% / R%) (23)
permanente afeta de forma térmica.
Os esforços mecânicos advindos da corrente de Observe-se a grande influência de I2 e cosψ2 no
curto são mais acentuados em transformadores de ligação valor da regu1ação; sendo assim, para transformadores, é
zig-zag, porque somente a metade de cada enrolamento definida para o valor nominal, da corrente e fator de
de fase é percorrido pela corrente induzida de outra fase. potência da carga unitário.

Para analisar a influência dos citados parâmetros


7.0 - FREQÜÊNCIA NOMINAL na regulação é possível levantar as curvas, tais como:
A freqüência nominal no Brasil é de 60 Hz.
a) Reg % = f(I2), cosϕ2 = cte;
b) Reg % = f(cosϕ2), I2 = cte.
8.0 - NÍVEL DE ISOLAMENTO
Por outro lado, nota-se que, quando a carga é
A determinação do nível de isolamento depende capacitiva, a regulação será negativa e, portanto, a sua
da tensão de linha do sistema ao qual são destinadas, tensão será maior que a tensão induzida no
sendo estas padronizadas pela NBR 5356/81. transformador. Este fenômeno é chamado de “Efeito
Ferranti”, e pode acontecer em todos os casos em que
existem cargas capacitivas.
9.0 - REGULAÇÃO Ao analisar-se as expressões da regulação, vê-se
que um grande valor de regulação significa grande
Define-se como “regulação de um diferença entre E2 e U2, ou seja, grande queda de tensão;
transformador, para um determinado cosψ2”, a variação se pelo contrário, o valor da regulação é pequeno, há uma
da tensão secundária ao passar do estado em vazio ao pequena queda de tensão; portanto, unicamente sob o
funcionamento em carga, permanecendo constante a ponto de regulação, diz-se que:
tensão aplicada ao primário e a freqüência. Esta variação
de tensão secundária é, praticamente, igual à diferença a) Boa regulação - pequeno valor;
existente entre U1 e U2’, ou seja: b) Má regulação - grande valor.
Pelas expressões apresentadas, nota-se a grande
Reg = ∆U = U1 - U2’ = E2 - U2 (18) influencia da reatância percentual na regulação,

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Capítulo 6: Grandezas Características - 35
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte I: Operação dos Transformadores

principalmente com baixos fatores de potência. Verifica- danificado caso ocorra um curto-circuito no sistema,
se que a pior regulação ocorre quando o cosψ2 é igual à ainda mais se o sistema for de grande porte.
relação entre R% e Z%, ou seja: Os esforços mecânicos no transformador são
proporcionais ao quadrado da corrente que flui por seus
R% enrolamentos. Durante o curto a corrente varia
cosϕ2 = (24) inversamente com Z% e, consequentemente, os esforços
Z% mecânicos com Z%2.
Estes esforços podem ser seis vezes maiores em
Assim: um transformador com impedância de 2% que em um
Reg % =Z% (25) com 5%.

Naturalmente, esta situação ocorre no caso de Na determinação da impedância que um


um curto circuito. transformador possuirá (no projeto), haverá uma questão
Quando se deseja boa regulação, o a decidir: considera-se a segurança ou a obtenção de boas
transformador deve possuir uma reatância com valores regulações para todos os fatores de potência?
baixos; entretanto, essa situação apresenta uma séria Esta questão torna-se, cada vez de maior
desvantagem, ou seja: um transformador com uma importância devido as grandes extensões dos sistemas
reatância de 2%, por exemplo, sujeita-se a ser seriamente elétricos.

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Capítulo 6: Grandezas Características - 36
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
DE TRANSFORMADORES

PARTE II: MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE


TRANSFORMADORES
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

CAPÍTULO 7: ASPECTOS SOBRE A MANUTENÇÃO


DE TRANSFORMADORES
“O que a gente mais esconde é mais ou menos o que os outros descobrem”

André Breton

RESUMO A manutenção corretiva é a forma mais primária


Este capitulo apresenta vários aspectos da de manutenção é a realizada após a ocorrência de um
manutenção de transformadores, diversas definições e defeito qualquer, o qual, em geral, torna indisponível o
alguns dos termos mais utilizados no jargão técnico do equipamento. Naturalmente, isto implica em
setor. desligamentos fora de previsão, em momentos pouco
adequados; levando, por vezes, a prejuízos consideráveis.
1.0 - INTRODUÇÃO Por outro lado, a manutenção preventiva é o
conjunto de atividades desenvolvidas visando a
A atual escassez de recursos, bem como o ocorrência de condições insatisfatórias, ou, se ocorrerem,
envelhecimento das plantas industriais, leva à procura de evitar que se tomem cumulativas, resultando em redução
processos mais eficientes, confiáveis e que diminuam o da necessidade de se adotarem ações conetivas.
custo do produto final, tornando-o mais competitivo; pela Um plano de manutenção preventiva deve conter
produtividade e qualidade. um conjunto de medições tecnicamente adequadas, as
Neste sentido, a manutenção assume grande quais devem ser selecionadas entre uma grande variedade
importância já que deve-se inspecionar, comissionar, de alternativas; além disto, é necessário que se associe
verificar indisponibilidades e causas de ocorrências confiabilidade e custo com um programa de atividades
visando evitar o seu agravamento ou repetição e compatíveis. Naturalmente, as medidas preventivas são
acompanhar o desempenho dos equipamentos durante sua endereçadas para as causas mais comuns de faltas dos
vida útil, entre outros fatores. Note-se que a manutenção transformadores de uma certa instalação. Além disto, nem
é a ação de reparar ou executar serviços nos sempre medições sofisticadas propiciam resultados mais
equipamentos e sistemas. efetivos que os obtidos com testes rotineiros, porém, seus
Em função destes aspectos, verifica-se que o custos, tempo despendido e pesquisa para implementação
sentido do termo “manutenção” é muito mais amplo que são sempre maiores. A relação custo/beneficio, neste
o clássico na atualidade (ou seja, a adoção de atitudes caso, pode ser muito alta. Também, note-se que as
visando corrigir falhas ou defeitos). medições não devem ser tão complexas que os resultados
A necessidade de inspeção e manutenção dos sejam de difícil análise e compreensão.
transformadores depende do grau de importância de seu Neste sentido, torna-se importante o conhecimento
serviço contínuo, localização no sistema, local de de estatísticas de falhas/defeitos e, em especial, suas
instalação e outros fatores; sendo assim ao se elaborar um causas. Para cada uma destas condições, as atividades
plano para tal, ele variará conforme a continuidade de selecionadas podem ser divididas em três tipos a saber:
serviço que exige do equipamento. a) Monitoramento continuo;
Por outro lado, as características de b) Medições periódicas;
transformadores novos ou reformados devem ser c) Técnicas preditivas.
avaliadas para que possam ser comparadas com valores
normalizados ou resultante de fruto de acordo entre Os resultados obtidos com tais atividades, caso
fabricante e compradores. sejam determinadas condições insatisfatórias, devem ser
Pelo exposto, verifica-se a importância do cuidadosamente analisados para verificar em qual
conhecimento e emprego de metodologia práticas instante a manutenção corretiva deve ser aplicada.
adequadas que forneçam subsídios técnicos para Como visto, a manutenção preditiva pode ser
preparação, execução e análise de testes e ensaios em encarada como uma sub-área da preventiva, porém
transformadores. apresentando algumas características especificas, a saber:
a) Não é necessário haver o desligamento do
2.0 - ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO equipamento para a sua aplicação;
b) Não há o dano do equipamento, como no caso
A divisão clássica das atividades de manutenção da conetiva; e,
é aquela onde se tem a corretiva, a preventiva, a preditiva c) Não se baseia em informações sobre a
e a sistemática. durabilidade de um certo componente.
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Capítulo 7: Aspectos sobre a Manutenção de Transformadores - 38
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

A manutenção sistemática é aquela que se d) Verificar a fidelidade dos desenhos finais e


caracteriza pela substituição de componentes dos fornecer subsídios para elaboração dos
equipamentos ou de todo ele. desenhos “como construído” (As Built”);
Outras atividades que se relacionam com o e) Garantir a segurança do pessoal e dos
conceito de manutenção, porém não estão inclusas nas equipamentos;
definições clássicas, são o comissionamento. a inspeção e f) Estabelecer os limites operativos confiáveis
a recepção de equipamentos. para os diversos equipamentos;
A recepção é o conjunto de atividades g) Completar o treinamento especifico da equipe
desenvolvidas para a colocação de uma instalação ou técnica responsável pela operação e
equipamento em operação. Tais atividades caracterizam- manutenção da instalação;
se pelo acompanhamento e execução dos serviços e h) Garantir a segurança da energização inicial;
encargos referentes às diversas fases por que passa uma i) Assegurar o fornecimento das peças reservas,
instalação, desde a fase de planejamento até a fase de acessórios e ferramentas especiais previstas em
entrada em operação comercial. contrato;
O comissionamento, de acordo com [1], é uma j) Orientar os órgãos das áreas financeiras quanto
etapa das atividades de recepção, que consiste em fazer aos itens a serem capitalizados/patrimoniados;
verificações e executar ensaios que demonstrem estar e,
todos os equipamentos e instalações de acordo com o 1) Transferir para os órgãos responsáveis a
projeto e funcionamento dentro das garantias contratuais responsabilidade pela guarda, operação e
e especificações, antes da entrada em operação comercial. manutenção da instalação.
Por outro lado, observe-se que, normalmente, os
equipamentos comprados são ensaiados na fábrica e, 3.0 - TERMINOLOGIA USUAL
dependendo do seu grau de importância e custo, é
necessário que o comprador verifique se o fabricante a) Os transformadores são “abaixadores” se
atende as normas e dispositivos contratuais. Assim é alimentados pelo lado de maior tensão e, caso
necessário inspecionar a execução de tais atividades. contrário, são “elevadores”;
Neste sentido, é possível levantar-se a questão b) O circuito, ou enrolamento, primário sempre é
sobre o fato de que se o equipamento já foi ensaiado na o que recebe energia da rede. O secundário,
fábrica, porque testá-los antes da entrada em operação? terciário, etc., são aqueles que fornecem
Os motivos, são variados, ou seja, os testes: energia à carga do transformador. Observe-se
que nem sempre, o primário é o lado de maior
a) Permitem, em sua maior pane, verificar se o tensão;
equipamento não foi danificado no transporte; c) O enrolamento de maior tensão chama-se,
b) Permitem verificar se o equipamento, quando genericamente, de AT (alta tensão) ou TS
armazenado à espera de montagem, não sofreu (tensão superior). O de menor, BT (baixa
qualquer avaria (corrosão, umidade, danos, tensão) ou TI (tensão inferior). Na existência
etc.); de um terceiro enrolamento, tem-se MT
c) Permitem verificar coretos aspectos de (média tensão) ou TM (tensão média);
montagem e alguns testes do fabricante. d) A carga de um transformador é um conjunto
dos valores das grandezas elétricas que
Assim, ainda conforme [1], os objetivos principais caracterizam as solicitações a ele impostas em
do comissionamento são: cada instante pelo sistema elétrico alimentado;
e) A característica nominal é um conjunto de
a) Fazer verificações e executar os ensaios que valores nominais atribuídos às grandezas que
demonstrem estar sendo ligados ao sistema, definem o funcionamento de um
para operação comercial, equipamentos e transformador, em condições especificadas por
instalações em condições de manter o nível de norma, e que servem de base às garantias de
confiabilidade, continuidade e segurança fabricante e aos ensaios. Elas sempre se
exigidos de acordo com o projeto e referem à derivação principal;
funcionamento dentro das especificações e f) Derivação é a ligação feita em qualquer ponto
garantias contratuais; de um enrolamento, de modo a permitir a
b) Levantar características, aferir e ajustar todos mudança de tensões e de correntes através da
os componentes dos diversos circuitos de mudança da relação de espiras;
controle, proteção, medição, supervisão, etc.; g) A determinação das características dos
c) Registrar valores iniciais dos parâmetros transformadores pode ser feita na área ou em
determinantes de cada equipamento, laboratórios dos fabricantes ou outros
indispensáveis ao estabelecimento de um credenciados para tal. No primeiro caso é
sistema confiável de manutenção e controle;
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Capítulo 7: Aspectos sobre a Manutenção de Transformadores - 39
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

comum o emprego da palavra “teste” e, no qualquer potência nominal, e à temperatura


outro, a da palavra “ensaio”. Observe-se que ambiente nos demais transformadores de
muitas vezes elas são utilizadas como potência nominal ≥ 750 kVA;
sinônimos; k) Verificação do funcionamento dos acessórios.
h) “Ensaios de rotina” são aqueles obrigatórios
em todos os transformadores e destinam-se a 4.2 - Ensaios de Tipo
verificar a qualidade e a uniformidade de mão
a) todos os ensaios especificados no item 4.1;
de obra dos materiais empregados em sua
b) fator de potência do isolamento;
fabricação;
c) elevação de temperatura;
i) “Ensaios de tipo” são aqueles que se destinam
d) tensão suportável nominal de impulso
a verificar se um determinado tipo, estilo ou
atmosférico, para transformadores com tensão
modelo de, transformador é capaz de funcionar
máxima do equipamento ≤ 145 kV;
satisfatoriamente nas condições especificadas;
e) nível de ruído;
j) “Ensaios especiais” são aqueles que deverão
f) nível de tensão de rádio interferência.
verificar uma determinada características do
transformador, não obtida pelos ensaios de
4.3 - Ensaios Especiais
rotina e de tipo;
k) O termo “falha” se refere a uma São os seguintes:
indisponibilidade momentânea, enquanto, o
a) ensaio de curto-circuito;
“defeito” é a situação na qual há o dano do
b) medição da impedância de seqüência zero em
equipamento ou um de seus componentes;
transformadores trifásicos;
1) “Comissionar” significa colocar em serviço ou c) medição dos harmônicos na corrente de
em uso. excitação;
d) medição da potência absorvida pelos motores
4.0 - TESTES E ENSAIOS EM TRANSFORMADORES de bombas de óleo e ventiladores;
DE POTÉNCIA e) análise cromatográfica dos gases dissolvidos
no óleo isolante;
Os ensaios em transformadores de potência são 1) outros de comum acordo entre comprador e
os citados na norma “NBR 5356 - Transformadores de fabricante.
Potência – Especificação” e relacionados a seguir.
Observe-se que a metodologia para sua execução 4.4 - Testes a serem executados
encontra-se na norma “NBR 5380- Transformador de
Os testes a serem executados variam conforme o
Potência - Metodologia de Ensaio”
programa de manutenção empregado, porém pode-se
dizer que alguns são bastante comuns, de uma forma
4.1- Ensaios de Rotina
geral, ou seja:
Eles são: a) resistência de isolamento;
b) análise do óleo;
a) Resistência elétrica dos enrolamentos; e) relação de tensões;
b) Relações de tensões; d) fator de potência do isolamento;
c) Resistência de isolamento; e) polaridade, ou defasamento angular e
d) Polaridade; seqüência de fases, para colocar em paralelo;
e) Deslocamento angular e seqüência de fases; 1) tensão de curto-circuito, para colocação em
f) Corrente de excitação: paralelo.
g) Perdas em vazio e em carga;
h) Tensão de curto-circuito; Para transformadores reparados ou submetidos a
1) Ensaios dielétricos: uma revisão completa é recomendável executar os
- tensão suportável nominal à seguintes testes:
freqüência industrial (tensão aplicada);
- tensão induzida, para transformadores a) resistência de isolamento;
com tensão máxima do equipamento ≥ 242 kV; b) relação de tensões;
- idem, para impulso atmosférico; c) tensão aplicada com 70% dos valores de tensão
- tensão induzida de longa duração, para estabelecidos;
transformadores com tensão máxima do d) estanqueidade;
equipamento ≥ 242 kV. e) análise completa do óleo;
j) Estanqueidade e resistência à pressão, à f) tensão de curto-circuito;
quente, em transformadores subterrâneos de g) corrente de excitação.
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Capítulo 7: Aspectos sobre a Manutenção de Transformadores - 40
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

No recebimento de transformadores é conveniente Naturalmente, em cada caso citado poderão ser


a execução dos seguintes testes: realizados outros testes.

a) análise completa do óleo;


b) fator de potência do isolamento;
c) resistência do isolamento do transformador e
fiação;
d) medição da relação de transformação em todas
as posições do comutador para
transformadores com comutador de derivação
sob carga; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
e) medição da resistência elétrica em todas as
posições do comutador para transformadores [1] - Batitucci, M.D. - “Comissionamento - A Primeira
com comutador de derivação sob carga; Atividade de Manutenção”- Manutenção, no. 28, jan/fev
f) verificação dos acessórios, se houverem. 91 -pp3l-38.

________________________________________________________________________________
Capítulo 7: Aspectos sobre a Manutenção de Transformadores - 41
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

CAPÍTULO 8: ANORMALIDADES EM
TRANSFORMADORES
“Nada é impossível, até que alguém duvide e prove o contrário.”

Anônimo

RESUMO usuário, da incidência de problemas nas diversas partes


do transformador.
O objetivo deste texto é o de analisar os
Enrolamentos
problemas que podem ocorrer com os transformadores, 51%
apontando suas prováveis causas e indicando os
procedimentos a adotar para corrigi-los.

1.0 - INTRODUÇÃO
Diversos
5%
Os transformadores são submetidos às mais
diversas solicitações durante sua vida útil, apesar de Núcleo
5%
exigir menos atenção que a maioria dos equipamentos
elétricos. Caixas Terminais
7% Comutador sob

O tempo de interrupção do fornecimento de Buchas


Carga
19%
energia quando ocorrem falhas nos transformadores é 15%

resultado direto de sua gravidade. Deste modo, o Figura 1 – Incidência de problemas em transformadores
conhecimento adequado de alguns sintomas, suas causas (em %)
e efeitos é de suma importância pois permite evitar a
evolução de problemas indesejáveis com prejuízos As figuras 2 a 7 detalham as causas de
financeiros elevados. ocorrências de problemas, relativamente às porcentagens
As principais avarias dizem respeito a indicadas na figura 1.
deficiências dos enrolamentos sejam por má compactação 27
Isolamento entre Espiras
Descargas Atmosféricas
das bobinas, por assimetrias existentes entre primário e 24
Umidade
Falhas Externas
secundário ou deformação das bobinas causada por curto- Sobrequecimento
circuito. São significativas, também, as solicitações Enrolamento Aberto
Deterioração
térmicas e dielétricas, provocando a alteração das Bloqueio Impróprio
Falhas à Terra
características elétricas e físico-químicas dos seus 13
12 Falhas entre Fases
materiais isolantes. Isto implica no “envelhecimento” de Diversos
Falhas Mecânicas
7
parte ou de toda a isolação. Os estágios avançados do 4
processo, produzem sedimentos oriundos da oxidação, 3 3
2 2 2
1
que, em última análise podem comprometer a operação
do transformador F1].
Figura 2 – Incidência de problemas nos enrolamentos de
2.0 - ESTATÍSTICA DE DEFEITOS transformadores relativos aos valores da figura 1.
Mecânicas
Os transformadores podem apresentar alguns 27
Elétrica
24 Contatos
problemas, apesar de não apresentarem partes em Terminais
movimento, isto se deve, principalmente, a: Tracking
Sobrequecimento
Curto/Falhas Externas
a) Sobretemperaturas; 13
12 Vazamento de Óleo

b) Ruído perceptível; 7

c) Curto-circuito entre enrolamentos (primário e 4


3 3

secundário) ou à terra.

A título de ilustração, a figura 1 apresenta um Figura 3 – Incidência de problemas nos comutadores sob
levantamento estatístico, realizado por um grande carga de transformadores relativos aos valores da figura 1
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Capítulo 8: Anormalidades em Transformadores - 41
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Envelhecimento, Contaminação e Rachamento 3.0 - ANALISE DE ANORMALIDADES


27 Animais
24
Arcos (Descargas)
Outros Analisa-se seguir algumas das anormalidades de
Umidade
Baixo Nível de Óleo ocorrência mais comuns, seus efeitos e suas causas
Descargas Atmosféricas básicas.
13 13
12
Via de regra, as seguintes condições são
7
responsáveis pelos problemas a seguir:
4

Sobretemperatura: Sobretemperaturas podem ser


causadas por sobrecorrentes, sobretensões, resfriamento
insuficiente, nível reduzido do óleo, depósito de
Figura 4 – Incidência de problemas nas buchas de sedimentos no transformador, temperatura ambiente
transformadores relativos aos valores da figura 1 elevada, ou curto circuito entre enrolamentos. Em
transformadores a seco, esta condição pode ser devido a
37
Conexões Soltas dutos de ventilação entupidos;
Terminais em Aberto
33
Elos ("Links")
Umidade Falha de Isolamento: Este defeito que se constitui em
Isolamento Insuficiente
Tracking
uma falha do isolamento dos enrolamentos do
Curto-circuito transformador; pode envolver faltas fase-terra, fase-fase,
trifásicas com ou sem contato para a terra ou curto-
10
circuito entre espiras. A causa destas falhas de isolamento
5 5 5 5
podem ser curto-circuitos, descargas atmosféricas,
condições de sobrecarga ou sobrecorrentes, óleo isolante
contendo umidade ou contaminantes;

Tensão Secundária Incorreta: Esta condição pode ser


Figura 5 – Incidência de problemas nas caixas terminais
oriunda de relação de transformação imprópria, tensão
de transformadores relativos aos valores da figura 1
primária anormal e ou curto-circuito entre espiras no
transformador:
Falha no Isolamento
86
Fita de Aterramento Destruída Falha da Bucha: As falhas de buchas podem ser causadas
por descargas devido a acumulação de contaminantes
sólidos e a descargas atmosféricas;

Descargas Internas: Descargas internas podem vir a ser


14 causadas por baixo nível de óleo que resultem na
exposição de partes energizadas, perda de conexões,
pequenas falhas no dielétrico. Usualmente, descargas
internas acabam por se tornar audíveis e causam rádio-
Figura 6 – Incidência de problemas nos núcleos de interferência;
transformadores relativos aos valores da figura 1
Falhas do Núcleo: Esta condição pode ser devido a
33 Falhas em TC Tipo Bucha problemas com parafusos de fixação, abraçadeiras, e
Partículas Metálicas no Óleo outros;
Danos durante o Transporte
Curtos Externos
Faltas à Terra no Flange da Bucha
Alta Corrente de Excitação: Usualmente, altas correntes
Solda no Tanque Mal Feita de excitação são devido a núcleo curto-circuitado ou
17 17 17
junções do núcleo abertas;

8 8
Baixa Rigidez Dielétrica: Esta condição pode ser causada
por condensação e penetração de umidade, devida à
ventilação imprópria em transformadores a seco, nas
serpentinas de resfriamento, nos resfriados a água, ou
diafragmas de alivio de pressão danificados ou, ainda,
Figura 7 – Incidência de problemas de origem variada em fugas ao redor dos acessórios do transformador nos
transformadores relativos aos valores da figura 1 demais tipos;
________________________________________________________________________________
Capítulo 8: Anormalidades em Transformadores - 42
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Oxidação do Óleo Isolante: A oxidação do óleo isolante Problemas com Equipamentos de Manobra: Muitos -

normalmente resulta na formação de ácidos e sedimentos transformadores são equipados com LTC’s (Load Taps
e, devido, principalmente, a exposição do óleo ao ar e a Changers) e outros dispositivos de manobra. Tais
elevadas temperaturas de operação; transformadores podem apresentar problemas extras
associados a estes dispositivos como, por exemplo, os
Diafragma de Pressão Rompido: Normalmente, tal fato oriundos do excessivo desgaste dos contatos fixos e
ocorre como resultado de uma falta interna que causou móveis, sobrepercurso do mecanismo de mudança de
uma elevação de pressão acima do normal. Outros fatores taps, condensação de umidade no óleo destes mecanismos
possíveis são o nível do óleo muito acima do normal ou entre outros. O desgaste excessivo dos contatos pode ser
valor excessivo de pressão interna devido a condições atribuído à perda de pressão das molas (molas fracas) ou
anormais de carregamento; a um tempo de espera insuficiente durante o percurso.
Problemas devido ao sobrepercurso do mecanismo de
Descoloração do Óleo Isolante:- A descoloração do óleo mudança de taps são, usualmente, devido a ajustes
isolante deve-se, principalmente, á sua carbonização incorretos dos controladores de contatos. A condensação
devido a chaveamentos nos LTC’s (Load Tap Changers), de umidade e carbonização deve-se a operação excessiva
falha do núcleo ou contaminação; ou ausência de filtragem. Outros problemas tais como
queima de fusíveis ou parada do sistema motor são
Perda de Óleo Isolante: A perda de óleo isolante em um devidos a curto circuitos nos circuitos de controle,
transformador pode ocorrer pelos parafusos de junções, travamento de origem mecânica, ou condições de
gaxetas, soldas, dispositivos de alivio de sobrepressão e subtensão no circuito de controle.
outros. As principais causas são: montagem inadequada
de partes mecânicas, filtros impróprios, junções Em função do exposto verifica-se que uma série
inadequadas, acabamento de superfícies incompatíveis de itens e procedimentos devem ser observados ao longo
com o grau necessário, pressão inadequada nas gaxetas, da histórico de operação de um transformador sob pena
defeitos no material utilizado e falta de rigidez das partes de comprometer seu funcionamento correto. Deste modo,
mecânicas; as rotinas de inspeção objetivando a manutenção
preventiva aplicáveis devem possuir um forte vinculo
Condensação de Umidade: A principal causa de com os problemas de pequena monta e defeitos que
condensação de umidade em transformadores a seco é a eventualmente ocorram ao longo da. vida útil do
falta de ventilação. Em transformadores imersos em óleo, equipamento.
por outro lado, isto pode ser resultado de rachaduras no
diafragma de alivio de sobrepressão, ou gaxetas
defeituosas; 4.0 - TABELA PARA CONSULTA RÁPIDA DE
DEFEITOS, SUAS CAUSAS E SOLUÇÕES
Problemas em Transformadores Selados a Gás: Em
transformadores selados a gás, nitrogênio, na grande A tabela 1, mostrada nas próximas páginas,
maioria dos casos, os problemas adicionais podem ser: a apresenta uma relação de possíveis anormalidades
sua falta, conteúdo de oxigênio superior a 5% ou mal durante a operação dos transformadores. Como auxílio,
funcionamento do regulador de gás. Estes problemas são apresenta, também, as suas causas e sugere-se métodos de
causados por fugas do gás por sobre o óleo ou nas inspeção para identificá-los, bem como, as atitudes
válvulas, espaço insuficiente ou não preenchidos pelo necessárias para solucioná-los.
gás;

Ruído Perceptível: Os transformadores podem apresentar REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


ruídos durante sua operação, estando relacionados com a
imperfeição no a perto das lâminas do núcleo ou de [1] Santos, F. G. P. S. – “Transformadores de Potência –
alguns parafusos, o grau de saturação a potência e a carga Inspeção e Manutenção” – Companhia Siderúrgica
alimentada; Nacional - CSN

________________________________________________________________________________
Capítulo 8: Anormalidades em Transformadores - 43
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

PROCEDIMENTOS
ANORMALIDADES CAUSAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES
PARA A INSPEÇÃO
Verificar se as tensões estão Mudar os tapes de ligação do
Sobretensões
dentro dos limites aceitáveis transformador
- Reduzir a carga
- Melhorar o fator de potência
da carga
- Para transformadores em
Verificar instrumentos do quadro
Sobrecarga paralelo, verificar a
para ler a corrente de carga
existência de correntes
provenientes de relação de
transformação ou
impedâncias diferentes
Melhorar a ventilação, ou
Verificar se as temperaturas
TEMPERATURAS Temperaturas ambiente então, colocar o transformador
estão dentro dos limites de
ELEVADAS muito altas numa temperatura ambiente
segurança e anotá-las.
mais baixa
Refrigeração Inspecionar o sistema de Repara o sistema de
insuficiente refrigeração refrigeração
Completar o óleo isolante até o
Nível baixo de óleo Verificar o nível do óleo isolante
nível correto
Lavar o núcleo e as bobinas por
Inspeção visual na superfície do meio de circulação de óleo com
Óleo lamacento
núcleo a prensa filtrante. Filtrar o óleo
e remover a lama
Verificar a corrente de excitação
Núcleo em curto-
nas perdas a vazio. Verificar a Reparar o núcleo
circuito
temperatura
Caso tenha ocorrido danos aos
Sobretensões Proceder os exames físicos e os
enrolamentos, estes devem ser
(atmosférico) ensaios elétricos
reparados ou substituídos
Caso tenha ocorrido danos aos
Proceder os exames físicos e os
Curto-circuito enrolamentos, estes devem ser
ensaios elétricos
reparados ou substituídos
DEFEITO NO Além da providência anterior,
ENROLAMENTO deve-se também levar a carga
Proceder os exames físicos e os
Sobrecarga do transformador para a
ensaios elétricos
nominal e verificar a
instrumentação
Substituir o óleo de rigidez
Proceder os exames físicos e os
Óleo de resistência dielétrica adequada ou tratar o
ensaios elétricos
óleo com filtro prensa
DEFEITO NO Ruptura do isolamento Proceder os exames físicos e os
Repara o isolamento do núcleo
NÚCLEO do núcleo ensaios elétricos
Verificar as perdas do ferro;
Núcleo em curto-
verificar visualmente o Repara o isolamento do núcleo
circuito
isolamento do núcleo
CORRENTE Ajustar as juntas para fechá-las
DE EXCITAÇÃO e apertar melhor todos os
MUITO ALTA dispositivos; mudar a conexão
Juntas do núcleo abertas Verificar as juntas
dos terminais ou a posição do
comutador de derivações, até
conseguir a tensão adequada

Tabela 1 – Anormalidades em transformadores, suas causas, procedimentos de inspeção e possíveis soluções [1]
________________________________________________________________________________
Capítulo 8: Anormalidades em Transformadores - 44
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

PROCEDIMENTOS
ANORMALIDADES CAUSAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES
PARA A INSPEÇÃO
Mudar a ligação na chapa de
Relação de Verificar a tensão primária e
terminais ou a posição do
transformação não secundária através de
comutador de tapes até
TENSÃO adequada instrumentos de medição
conseguir a tensão adequada
INADEQUADA
Verificar a tensão primária Mudar a ligação dos
Tensão de alimentação
através de instrumentos de enrolamentos ou reajustar a
anormal
medição tensão de alimentação
Verificar se todas as peças que
Algumas peça metálica
devem estar ligadas a terra estão Apertar todas as conexões
ARCO VOLTAICO isolada
de fato. Ex.: grampos, núcleo, etc
Verificar se as conexões estão
INTERFERÊNCIA Conexões soltas Apertar todas as conexões
bem firmes
DE RÁDIO
AUDÍVEL Nível do óleo muito
Manter o nível do óleo
baixo deixando expostas Verificar o nível do óleo
adequado
peças com tensões
Sobretensões por surto Verificar as condições de Limpar as porcelanas dos
de manobra ou limpeza dos isoladores e seu isoladores e ,caso necessário,
DESCARGA
atmosféricas; isoladores estado de operação (possíveis substituir os isoladores de
terminais sujos rachaduras, conexões adequadas) maneira devida
Danos mecânicos nas Inspecionar visualmente o local Reparar adequadamente o
VAZAMENTO DE
partes vedantes ou de vedação (roscas, juntas, vazamento previamente
ÓLEO
montagem inadequada gaxetas, etc.) identificado
Umidade no óleo e Retirar uma amostra do óleo e Filtrar o óleo; certificar-se de
CONDENSAÇÃO
vazamentos nas gaxetas proceder a ensaios que que todas as juntas estão
DE UMIDADE
e juntas determinem o nível de umidade estanques.
Apertar as peças frouxas; certas
Acessórios e peças
peças podem estar sendo
externas do
forçadas a ponto de entrar em
RUÍDO transformador estão
Inspeção auditiva ressonância; o ruído deve
PERCEPTÍVEL expostas em vibração de
desaparecer com a supressão de
ressonância fazendo
tensões e com o emprego de
ruído forte
calços
Vazamento ao redor dos Reparar juntas e refazer as
Inspecionar juntas e gaxetas
acessórios da tampa gaxetas se necessário
BAIXA RIGIDEZ Fazer o ensaio da serpentina de
DIELÉTRICA DO resfriamento e consertá-la, se
ÓLEO Serpentina de necessário. Obs.: para três soluções
Proceder uma inspeção visual
resfriamento vazando acima, deve-se filtrar o óleo e/ou secar
o transformador por meio de calor, para
restabelecer a rigidez do óleo.
Continuar com o óleo se a
Rigidez dielétrica; retirar a
Contaminado por rigidez dielétrica for
amostra do óleo e proceder a
vernizes satisfatória, caso contrário
análise cromatrográfica
recondicionar o óleo
Continuar com o óleo se a
ÓLEO BASTANTE A comutação das Rigidez dielétrica; retirar amostra
rigidez dielétrica for
DESCOLORADO ligações internas faz do óleo e proceder a análise
satisfatória, caso contrário
carbonizar o óleo cromatrográfica
recondicionar o óleo
Desarranjo no Rigidez dielétrica; retirar amostra
Reparar o enrolamento ou o
enrolamento ou no do óleo e proceder a análise
núcleo; recondicionar o óleo
núcleo cromatrográfica
Tabela 1 – Anormalidades em transformadores, suas causas, procedimentos de inspeção e possíveis soluções [1]
(continuação)
________________________________________________________________________________
Capítulo 8: Anormalidades em Transformadores - 45
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

PROCEDIMENTOS
ANORMALIDADES CAUSAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES
PARA A INSPEÇÃO
Lavar o núcleo, os enrolamentos
Retirar amostra do óleo e
e o tanque com o próprio óleo,
proceder o teste de rigidez
Exposição ao ar filtrá-lo e, se possível, repô-lo em
dielétrica e análise
OXIDAÇÃO DO condições, senão substitui-lo por
cromatrográfica
ÓLEO (LAMA OU outro novo
ACIDEZ) Verificar a temperatura do
Reduzir a carga ou melhorar o
Temperatura elevadas de transformador e executar o teste
resfriamento e proceder como no
funcionamento de rigidez dielétrica e análise
caso anterior
cromatrográfica
Ajustar o voltímetro que
A faixa de tensão do
Inspecionar o contator do comanda a comutação para que a
voltímetro de comando foi
número de comutação e faixa de tensão seja no mínimo
ajustada demasiadamente
inspecionar os contatos igual ao degrau de tensão +1%
pequena
da tensão normal
Ajustar o relé de tempo,
Inspecionar o contator do aumentando o retardamento para
Retardamento insuficiente número de comutação e impedir que o mecanismo de
DESGASTE inspecionar os contatos manobra receba excessos de
EXCESSIVO DOS comandos
CONTATOS
Atrito anormal do
Inspecionar o contator do Ajustar o acionamento das
acionamento das molas
número de comutação e molas; trocar os contatos caso
enfraquecidas ou a
inspecionar os contatos estejam avariados
desgaste dos contatos
Pressão de contato mais
Substituir os contatos gastos e
fraca devido a molas Verificar se os contatos tem
certificar-se de que a pressão seja
enfraquecidas ou a pressão de mola suficiente
adequada
desgaste dos contatos
MECANISMO Frenagens defeituosas ou Ajustar o mecanismo de
INDO ALÉM DO contatos do controlador Verificar o curso dos contatos frenagem; ajustar a posição dos
FIM DE CURSO mal ajustados contatos
MOTOR DE
ACIONAMENTO Tensão baixa na Verificar a tensão de alimentação Fazer com que a tensão do motor
PARA DE alimentação do motor do motor seja nominal
REPENTE
Análise do óleo (rigidez
Óleo com impurezas Filtrar o óleo
dielétrica)
ÓLEO Filtrar o óleo e ajustar o
Análise do óleo (rigidez
CARBONIZADO voltímetro do circuito de
Número excessivo de dielétrica) e verificação da faixa
comando dos contatos ou o relé
operações de tensão do voltímetro de
de retardamento, a fim de reduzir
comando
o n.º de vezes de funcionamento
VAZAMENTO DE
Caixa de embuchamento Inspeção visual da caixa de Apertar ou refazer as juntas de
ÓLEO NA CAIXA
não estanque embuchamento vedação, se for necessário
DE EIXO
CONDENSAÇÃO
Verificar se as entradas de ar
DE UMIDADE NAS Ventilação defeituosa Desobstruir as entradas de ar
estão desobstruídas
CAIXAS

Tabela 1 - Anormalidades em transformadores, suas causas, procedimentos de inspeção e possíveis soluções [1]
(continuação)

________________________________________________________________________________
Capítulo 8: Anormalidades em Transformadores - 46
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

CAPÍTULO 9 MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE


TRANSFORMADORES
“O passado é uma lição para se meditar, não para se reproduzir.”

Anônimo

RESUMO basear nas características técnicas e operativas,


normalmente, suportadas por estudos estatísticos. Deste
O objetivo deste texto é o de analisar os aspectos modo, inspeções de rotina, objetivando o levantamento de
e procedimentos relacionados com a manutenção dados de corrente, tensão, temperatura e parâmetros
preventiva de transformadores, sugerindo-se um plano de capazes de indicar a existência ou evolução de problemas
atuação, de forma a evitar a ocorrência de problemas internos ao equipamento também se inserem dentro das
posteriores. práticas de manutenção preventiva.
O objetivo das inspeções visando a manutenção
1.0 - INTRODUÇÃO preventiva de transformadores é salvaguardá-los contra
interrupções e danos através da detecção e eliminação de
A manutenção preventiva de transformadores, causas potenciais de defeitos. Por outro lado, a
ou de qualquer equipamento elétrico pode ser considerada manutenção periódica de transformadores deve vir a
como um dos ramos da técnica que mais evolui nos dias possibilitar muitos anos de operação livre de problemas.
de hoje pois, se constitui em uma poderosa ferramenta Note-se que o transformador é um equipamento
para garantir o funcionamento continuo das instalações muito simples e robusto e, em sendo assim, normalmente
responsáveis pelo suprimento de energia elétrica. O é esquecido e ignorado até que ocorram falhas. Via de
cunho dado a manutenção pode variar de um enfoque regra elas resultam em uma interrupção prolongada da
tipicamente econômico nas instalações industriais de carga conectada. Entretanto, como eles se constituem em
potência, a institucional nos grandes blocos residenciais. um dos elos vitais de qualquer sistema de transmissão ou
Naturalmente, se ocorrer um defeito, que poderia distribuição, devem receber a atenção e o cuidado
ou não ser detectado por uma manutenção preventiva, em necessários.
qualquer um dos casos, ocorre um prejuízo financeiro, Planos de inspeção, visando a manutenção em
tanto maior quanto maior for o bloco de carga transformadores devem ser determinados de acordo com
interrompida. Os prejuízos para as unidades fabris podem a natureza critica ou não de seu funcionamento, bem
atingir elevados valores e, além disto, dependendo do como, guardar um grau de proporção com a sua carga.
caso, resultar em grande dano a imagem institucional das Unidades responsáveis pelo suprimento de um grande
empresas de suprimento de energia elétrica. Com respeito grupo de consumidores, são obviamente mais importantes
a blocos residenciais, via de regra, o prejuízo institucional do que aqueles empregados em iluminação e distribuição
é o principal ponto a ser levado em conta, pois prejuízos e, portanto, necessitam maior atenção e cuidados.
econômicos raramente são muito elevados. Neste contexto, os critérios de manutenção
A avaliação precisa dos custos envolvidos em preventiva de transformadores. devem incluir rotinas de
qualquer tipo de interrupção de energia, principalmente, inspeção de grandezas elétricas e físicas da instalação e
quando se trabalha com conceitos estatísticos, sem do equipamento, reparos tais como pintura e/ou troca de
sombra de dúvida, resulta na necessidade de implantação elementos danificados, ensaios, recondicionamento ou
de programas de manutenção preventiva. Neste caso, os troca do liquido isolante e/ou do isolamento das bobinas,
objetivos principais são adequar a cada intervalo de bem como, qualquer outro procedimento especial que
tempo, as condições da instalação e seus equipamentos a seja recomendado pelo fabricante do transformador.
um novo período ininterrupto de funcionamento, isto
permite reduzir os custos dos problemas intempestivos, 2.0 - COMENTÁRIOS SOBRE OS QUESITOS A
que eventualmente ocorram durante os períodos de AVALIAR DURANTE A MANUTENÇÃO PREVENTIVA
operação normal. DE TRANSFORMADORES
Como citado anteriormente, executar a
manutenção preventiva de um equipamento não implica A rotina para a execução das inspeções relativas
necessariamente na abertura, desmonte e remonte, nem a manutenção preventiva de transformadores envolve a
ensaio do mesmo, mas na realização de uma série de observação visual de algumas de suas condições
procedimentos padrão. Estes, por sua vez, devem se especificas, bem como, quando possível, os reparos
________________________________________________________________________________
Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 47
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

necessários que podem ser realizados no campo. A quando de retiradas para ensaios) o nível do liquido está
freqüência destas inspeções depende, sobretudo, da abaixo do normal, ao se completá-lo, deve-se fazer uso do
importância critica do transformador, das condições fluido adequado, de fabricante reconhecido. Estes podem
ambientais, e/ou das condições operacionais. ser encontrados inclusive em pequenas quantidades em
A seguir se encontram listados alguns latas hermeticamente fechadas de 4 a 20 litros. Se, por
comentários sobre a importância da realização das rotinas outro lado, utilizar-se líquidos de tambores já abertos, e
de inspeção determinadas em função dos principais necessário ensaiar sua rigidez dielétrica e filtrá-lo, antes
problemas que podem ocorrer com os transformadores de usá-lo para preencher o transformador. Este
em operação normal. procedimento exige a presença de uma equipe de técnicos
mais habilitada pois o manuseio do liquido, os
Corrente de Carga: O aquecimento do transformador é procedimentos para sua colocação dentro dos
determinado pela sua carga, e sua temperatura de transformadores. Isto, via de regra, implica na parada da
operação determina sua expectativa de vida, sendo pois, instalação e a utilização de equipamento especifico.
importante monitorá-la constantemente, principalmente
quando de equipamentos de maior potência. Em Conexão a terra: O tanque do transformador é
transformadores menores a leitura pode ser feita diária solidamente aterrado de modo a eliminar descargas
semanalmente. elétricas entre ele e a malha de terra. Os condutores de
aterramento do tanque dos transformadores devem ser
Tensão: A tensão dos transformadores deve ser verificados quanto a perda de contato devido a quebra ou
monitorada de forma similar à corrente de carga, pois oxidação das conexões. Em subestações, a resistência de
para que seja mantida a tensão secundária, um nível terra depende sobretudo do seu tipo e tamanho, podendo
conveniente de tensão primária deve ser aplicado. As
variar de menos de 1 Ω para subestações de grande porte
leituras de tensão devem ser feitas em conjunto com a
até 25 Ω para as muito pequenas. A freqüência desta
corrente de carga ou através da utilização de voltímetros
inspeção e ensaios associados, que exigem a presença de
registradores. Em transformadores de menor importância,
equipe treinada no manuseio de equipamentos de ensaio,
as leituras de tensão devem ser feitas semanalmente.
deve ser semestral.
Em geral, a atenção que deve ser dada conexão a
Temperatura: A capacidade de carregamento do
terra de um transformador é mínima, mas de uma
transformador depende de sua capacidade térmica. O
importância considerável em proporção ao que ela
controle da temperatura de operação de um transformador
representa na proteção operacional do equipamento e
se reveste de elevada importância pois, quando o mesmo
pessoal. Tais conexões são realizadas com grampos
opera acima do seu nível máximo de temperatura, ocorre
apropriados de bronze, que atuam no sentido de apertar a
um decréscimo na sua expectativa de vida. Como
cordoalha derivada ao terminal de neutro e tanque do
exemplo, transformadores com isolamento classe A,
transformador, ao topo de uma haste de ferro galvanizado
operando 8º C acima de sua temperatura normal de
enterrado na solo e/ou conectada malha de terra da
trabalho, tem sua expectativa de vida reduzida à metade;
estação. São estes pontos de conexão que devem ser
do mesmo modo, transformadores com isolamento Classe
mantidos limpos de ferrugem ou oxidação, de modo a
B operando 12º C acima de sua temperatura normal de
sempre apresentarem uma resistência de contato
trabalho também tem sua expectativa de vida reduzida
desprezável. Devido a esta inspeção obrigatória e que tais
metade, fatos que reforçam a necessidade de um
conexões não podem ficar enterradas. Por outro lado não
monitoramento adequado. das condições de
é conveniente mantê-las expostas e, deste modo, as
carregamento, ou seja, corrente de carga e temperatura
mesmas ficam dentro de pequenas caixas enterradas ao
associadas.
nível do solo.
Nível do Fluido: O nível de fluido é importante pois o
mesmo, além de refrigerar o transformador também isola Conexões do Transformador ao Sistema: As conexões
as bobinas. Perdas de liquido podem ocorrer devido a dos condutores às buchas do transformador apresentam
evaporação ou por escoamento. Recomenda-se realizar uma tendência de perderem sua rigidez mecânica devido
leituras do nível de fluido juntamente com as leituras de ao aquecimento e resfriamento sucessivos que neles
carga. Devido ao importante papel desempenhado pelo ocorrem. Tal fato resulta em problemas de contatos
liquido dentro de um transformador, as quantidades elétricos, os quais são facilmente detectáveis com o
perdidas, dentro de limites, devem ser repostas o mais auxilio de equipamentos de termovisão. Por isso, é
rapidamente possível, sob pena de conduzir o recomendável que tais conexões sejam examinadas com
transformador à uma falha do isolamento. Observa-se que uma freqüência equivalente às das conexões para a terra.
é muito raro que o nível se encontre acima ou abaixo da Quando for encontrado uma anomalia, antes de se
marca Normal. Muitas vezes trata-se apenas do mau reapertar as conexões, deve-se lixar suas superfícies de
funcionamento da bóia do nível bastando repará-la. Se contato de modo a remover produtos da oxidação que
por algum motivo (vazamento, roubo ou desperdício dificultam a manutenção de um bom contato elétrico;
________________________________________________________________________________
Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 48
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Pára-Raios: Quando os transformadores são alimentados operacionais requerendo deste modo, atenção constante
por linhas de alta tensão, deve se usar pára-raios para das equipes de manutenção, cujo grau de especialização
protegê-los de descargas atmosféricas e sobretensões de exigido de seus integrantes é resultado básico de qual
manobra. Os pára-raios devem ser inspecionados quanto tarefa deve ser realizada pois, neste caso são
à perdas de conexões, atuação dos dispositivos de alivio contemplados problemas de cunho eletro-mecânico.
de sobrepressão e/ou desligador automático, quando
existirem, quebra de partes, sujeira e outros depósitos. Inspeção Externa: Deve ser feita uma inspeção externa
Durante a verificação, toda sujeira e depósitos devem ser semestralmente, a qual deve incluir verificação do tanque.
limpos, conexões perdidas devem ser refeitas, e partes radiadores, equipamentos auxiliares, fuga nas gaxetas, e
danificadas, quando possível, geralmente somente a base corrosão das partes de metal. Ainda, as conexões elétricas
isolante, substituídas. A verificação visual dos pára-raios, devem ser verificadas para determinar se não estão soltas
não se constitui em garantia de funcionamento adequado ou sobreaquecidas. As buchas do transformador devem
do mesmo. Por outro lado, os ensaios devem ser ser verificadas quanto a danos mecânicos, e serem
realizados por equipe adequada, a qual deve possuir, no limpas. a fim de, evitar descargas. A verificação do
mínimo, um transformador para realizar um ensaio de sobreaquecimento das conexões deve ser realizada com
tensão aplicada. A freqüência desta inspeção deve ser auxilio de um equipamento de termovisão, normalmente
anual ou seguir recomendação especifica dos fabricantes. operado por uma equipe de manutenção independente.
Deve-se atentar que os pára-raios são equipamentos responsável pela termovisão de todos os equipamentos da
acessórios e, como tal, possuem características de instalação. Já os ensaios da bucha exigem equipe treinada
desempenho distintas das do transformador, cobertas por no manuseio de equipamentos de ensaios específicos
normas igualmente distintas

Dispositivo de Alivio de Pressão: Este dispositivo é Vazamentos: As juntas e gaxetas se constituem em pontos
regulado para abrir sob uma pressão de 10 a 15 psi. As fracos de um transformador devido ao envelhecimento
inspeções de rotina do dispositivo de alivio de pressão que sofrem em poucos anos. Evidenciam suas condições
devem incluir a verificação de vazamentos em torno das físicas por vazamentos de liquido quase que
junções e rachaduras no diafragma devendo ser realizadas imperceptíveis. Não há o que reparar, elas devem ser
quadrimestralmente não exigindo equipe especializada. substituídas. Para esse trabalho, bastante enfadonho, o
transformador tem que ser posto fora de serviço e o pior,
Respiro: Muitos transformadores tem respiro do tipo o óleo tem que ser removido. A utilização nos dias de
aberto ou equipados com desidratador. A inspeção e hoje, de gaxetas de neoprene e outras borrachas sintéticas
manutenção dos respiradouros sem desumidificador (Bunas, Tiokol), altamente resistentes ao óleo, tem trazido
consiste verificação de sua condição física e na limpeza, um grande alivio a este ponto especifico.
com jatos de ar, de seus orifícios. A função do agente Não sendo através das juntas e gaxetas, os
desidratador é prevenir que a umidade não entre no vazamentos podem ocorrer também nas soldas e nas
tanque do transformador. Vários agentes desidratadores dobras do tanque. Um processo que tem dado certo para
contém silica-gel, o qual apresenta a cor azul quando seco estancá-los bater com cuidado ao redor do vazamento
e rosa quando úmido. A inspeção pode ser feita por cora uma talhadeira e em seguida amassar os rebordos
intermédio de um visor de vidro desenvolvido com um martelo de bola. Se for um furo, pode-se
especialmente para esta finalidade. O nível de umidade introduzir um pequeno parafuso auto-atarraxante e um
deve ser verificado mensalmente e o agente desidratador pouco de resina de vedação (tal como o glyptal).
recolocado ou recondicionado, caso esteja úmido, Vazamentos maiores requerem uma soldagem elétrica
aquecendo-se uma carga completa numa estufa ou forno sobre a própria chapa do tanque, que é realizada sem
temperatura de 150 a 200º C, esta operação, via de regra, esvaziar o óleo. E importante frisar aqui que o perigo de
não necessita ser realizada por uma equipe especializada, explosão ocorre justamente quando existe ar e vapores de
bastando para tanto que sejam respeitados os óleo dentro do tanque; existindo somente óleo é evidente
procedimentos e recomendações do fabricante do que não pode haver combustão no seu interior.
transformador.
Isoladores das Buchas: As quebras e rachaduras nos
Equipamentos Auxiliares: Equipamentos auxiliares isoladores das buchas que não provocam vazamento ou
necessários para refrigeração, tais como ventiladores, falta de estanqueidade no tanque principal podem ser
bombas de liquido do transformador, dispositivos de reparados em uma emergência (falta temporária de bucha
controle, relés e cablagem, devem ser verificados sobressalente). O reparo consiste em eliminar o esmalte
anualmente. O equipamento deve ser limpo, verificado das arestas relacionadas com a quebra ou rachadura e dar
quanto a sua operação normal e as partes eventualmente uma pintura de verniz altamente isolante na porcelana.
danificadas substituídas. E óbvio que os equipamentos Não se deve esquecer que a manutenção é aconselhável
auxiliares necessitam estar em perfeitas condições no caso até a substituição da peça avariada.

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Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 49
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Serpentinas de Resfriamento: As serpentinas de Estes contaminantes reagem com o liquido do


resfriamento, quando existirem, necessitam ter os transformador, produzindo ácidos e borra. O ácido, por
sedimentos originados da água que circula através delas sua vez, ataca a isolamento do enrolamento, e depósitos
removidos. O processo utilizado para este fim consiste no de sedimento tendem a diminuir a refrigeração. A
seu enchimento com uma solução de ácido clorídrico e umidade no fluido do transformador tende a baixar sua
água em partes iguais, que é deixado em repouso em seu rigidez dielétrica e, combinando com o sedimento, reduz
interior por cerca de uma hora. Logo após, deve-se o valor da suportabilidade dielétrica do isolamento e das
realizar a limpeza e remoção dos resíduos da solução placas terminais, dentro do tanque do transformador. A
utilizada com auxilio de um jato de água limpa (repetir a manutenção do liquido dos transformadores em
operação se achar necessário). Quando a serpentinas se condições operativas adequadas se constitui em uma das
apresenta com aspecto duvidoso convém fazer uma prova áreas que mais evoluíram ao longo dos tempos na
de estanqueidade com ar ou gás comprimido a 10 manutenção preventiva de transformadores; o conjunto de
atmosferas. Neste caso, na presença de falhas aparecerão ensaios realizados abrangem desde ao levantamento de
borbulhas na superfície do óleo, provenientes de tais características físico-químicas, como cor, por exemplo,
pontos localizáveis visualmente. ao levantamento das características elétricas . em
especifico, capacidade de isolamento. Os ensaios que
Pintura: A pintura que pertence a manutenção preventiva
procuram determinar as características elétricas do
é somente aquela realizada em áreas reduzidas por
liquido do transformador mais comumente realizados são
motivo de lascas, borbulhas e arranhões que venham a
os ensaios de rigidez dielétrica e fator de potência. O
surgir na superfície do tanque e de seus acessórios
tratamento e recondicionamento do liquido evoluiu de um
(radiadores, conservador, etc.). Esta pintura consiste em
tratamento a nível externo, para um tratamento interno
aplicar com pincel uma demão de “base” em seguida de
com o transformador desenergizado e finalmente nos
duas demãos de pistola de tinta de acabamento,
últimos anos para um tratamento interno com o
lembrando que as superfícies de trabalho devem ser
transformador energizado, fato que reduz ao mínimo as
previamente raspadas e aparelhadas.
interrupções de energia. As equipes que manuseiam o
Inspeção Interna: Esta inspeção envolve a investigação líquido isolante são bastante especializadas e via de regra,
interna do tanque e núcleo. Em transformadores do tipo quando de ensaios físico-químicos específicos, é
aberto cheios de liquido, a tampa da porta de inspeção necessário recorrer a especialistas externos. Considera-se
deve ser removida para verificar a existência de umidade uma periodicidade anual como adequada quando da
ou ferrugem ao redor dos suportes da bucha e da tampa verificação das características básicas do liquido do
superior do transformador. Para exame do tanque e do transformador.
núcleo, o liquido deve ser removido. O exame do núcleo O monitoramento da corrente de carga, tensão
deve ser feito para verificar o depósito de sedimentos, primária e/ou secundária, bem como. temperatura. pode
conexões abertas, ou qualquer avaria nas partes do ser realizado com instrumentos registradores, desde que
transformador. A evidência de carbono pode indicar os respectivos registros sejam verificados dentro de um
problemas internos. A inspeção dos enrolamentos deve período de tempo pré-definido, ou com o auxílio de
verificar danos nas barras terminais, conexões abertas, e instrumentos indicadores existentes no painel de controle
todas as conexões do enrolamento. Tendo em vista o grau do transformador cujas leituras e ou anomalias devem ser
de dificuldade e o tempo de indisponibilidade do lançadas em relatório apropriado. A escolha de um ou de
transformador, a inspeção interna do mesmo deve ser outro meio é função da importância do transformador
realizada de maneira extremamente criteriosa e é, dentro do sistema ao qual o mesmo se encontra conectado
basicamente, uma função direta da idade do
transformador, de seu histórico de sobrecargas e
problemas. A freqüência desta inspeção deve ser de 5 a 3.0 - PROCEDIMENTOS PARA AS INSPEÇÕES
10 anos ou mais, quando de transformadores de potência;
devido ao montante das tarefas a serem executadas, estas As inspeções que objetivam a manutenção
inspeções envolvem equipes dotadas de um grande preventiva devem verificar a existência e a ordem das
número de especialistas em várias áreas apresentando peças de reserva do transformador, mantê-las em
ainda um custo bastante elevado e sempre devem quantidade e acondicionamentos adequados.
envolver representantes do fabricante do transformador Um exemplo de cuidado mais especial no que
que, via de regra, são as pessoas mais adequadas para concerne a reserva é o caso dos tambores de liquido
opinar sobre os problemas que podem vir a ser (óleo) estocados, onde recomenda-se que os mesmos não
observados, bem como, auxiliar na correta profilaxia dos sejam deixados expostos às intempéries e que a tampa
mesmos. que tem bujão esteja voltada para baixo (deste modo
Liquido do transformador: Os líquidos dos pode-se obter a vedação perfeita do tambor).
transformadores estão sujeitos a deterioração, e os A tabela 1 apresenta os vários quesitos a
principais contaminantes são o ar, a umidade e o calor. inspecionar e os procedimentos para tanto.
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Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 50
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Quesito a Inspecionar Procedimento


Verificação da pintura, limpeza, nivelamento do transformador
Verificações Gerais
e fixação dos terminais
Verificação do nível de óleo, dos terminais, das condições do
Buchas centelhador, da fixação em geral e da possível existência de
trincas e vazamentos
Verificação da fixação, da existência de vazamentos e condições
Radiadores
de pintura
Verificação do funcionamento do indicador de nível de óleo e
Conservador de Óleo
das condições externas em geral
Verificação da lubrificação, vibrações anormais, aquecimento
Sistema de Ventilação
excessivo, ruídos e condições de fixação
Verificação do funcionamento dos dispositivos eletromecânicos
Válvula de Pressão Súbita
e da pintura
Relé de Gás Verificação da fiação, do acionamento e das condições externas
Verificação do acionamento, isolação da fiação, vazamentos e
Indicador magnético do nível de óleo no tanque
indícios de corrosão
Indicador magnético do nível de óleo
Idem anterior
do comutador sob carga
Verificação do mecanismo, do nível do óleo e indícios de
Relé de imagem térmica
corrosão
Verificação do acionamento, fiação do transformador de
Indicador de temperatura do enrolamento corrente, nivelamento do aparelho, nível de óleo e leitura de
temperatura
Verificação do estado da sílica-gel, juntas de vedação do óleo e
Secador de ar Sílica-Gel
indícios de corrosão
Verificação do acionamento, nível de óleo, resistência de
Comutador em carga aquecimento, motor, bornes e fiação, chave do comutador,
condições do sistema de aterramento e indícios de corrosão
Verificação do funcionamento dos dispositivos eletromecânicos
Válvula de alívio de pressão
e da pintura
Verificação da posição, existência de vazamentos e indícios de
Comutador sem carga
corrosão
Verificação da ligações, dos isoladores, grades de proteção e
Resistor de neutro
indícios de corrosão
Base do transformador Verificação dos trilhos e das condições mecânicas da carcaça
Verificação da fiação, chaves seletoras, contatores, relés
Painel
térmicos, fusíveis e condições mecânicas em geral
Verificação estado do tubo capilar, aferição da temperatura de
Termômetro do óleo
alarmes e dos ajustes
Verificação da existência de possíveis vazamentos e aferição
Manovacuômetro
das pressões (positivas e negativas e “zero”)

Tabela 1 – Quesitos a inspecionar e respectivos procedimentos

4.0 - PROGRAMA GERAL DE MANUTENÇÃO grande polêmica, pois envolve uma gama imensa de
PREVENTIVA conceitos técnicos e econômicos.
Ressalta-se que a aplicação de qualquer critério,
Os procedimentos utilizados na manutenção tradicional ou moderno, deve atentar para os resultados
preventiva são, na grande maioria dos casos, bem do desempenho estatístico dos equipamentos em campo,
definidos. Entretanto, a sua periodicidade é um ponto de bem como apresentar uma boa relação custo/beneficio.
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Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 51
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Por outro lado, reforçando o que foi dito, as


Sendo assim, a Tabela 2 apresenta uma sugestão tabelas 3 a 10 apresentam os quesitos de manutenção
para a execução das rotinas de manutenção preventiva, a preventiva em função da periodicidade para um grande
qual se baseia nos possíveis problemas que podem consumidor [1]. Note-se que existem divergências entre
ocorrer com os transformadores. ambas as filosofias.

Tipo de Transformador Natureza da Inspeção Freqüência da Inspeção


Nível do óleo (líquido isolante) cada turno
Temperatura ambiente cada turno
Temperatura do óleo cada turno
Temperatura do enrolamento
cada turno
(quando houver meios)
Corrente de carga cada turno
Tensão cada turno
Diafragma de alívio cada turno
Relés (funcionamento) mensal
Todos os Transformadores Alarmes de proteção mensal
Respirador mensal
Dispositivo de alívio de sobrepressão trimestral
Resistência de aterramento trimestral
Comutador de carga semestral
Pára-raios semestral
Conexões de terra semestral
Inspeção externa semestral
Equipamento auxiliar anual
Inspeção interna 5 a 10 anos
Rigidez dielétrica anual
Cor do óleo anual
Isolamento Líquido Número de neutralização anual
Tensão interfacial anual
Teste do fator de potência anual
Fator de potência anual
Índice de polarização anual
Isolamento Sólido Teste de análise de gás anual
Tensão induzida acima de 5 anos
Tensão aplicada acima de 5 anos
Temperatura de entrada e saída do ar cada turno
Limpeza por ar comprimido
semanal
(2 a 4 atmosferas)
Tipo Seco Resistência do isolamento semestral
Selado a gás ou tanque de expansão trimestral
Óleo inspeção acima do núcleo 20 anos
Inspeção geral 25 anos

Tabela 2 – Programa geral para manutenção preventiva de transformadores de potência

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Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 52
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Tipo de Transformador Natureza da Inspeção Freqüência da inspeção


Inspeção acima do núcleo 10 anos
Com conservador
Inspeção geral 15 anos
Tanque hermeticamente Inspeção acima do núcleo 10 anos
Fechado Inspeção geral 15 anos
Pressão ( no selo a gás ) Cada turma
Volume do gás no cilindro Cada turma
Circuito do alarme a baixa pressão Trimestral
Regulador do gás Trimestral
Selado a gás
Capacidade de oxigênio Semestral
Inspeção acima do núcleo 10 anos
Inspeção geral 15 anos
Inspeção geral 15 anos
Inspeção acima do núcleo 2 anos
Aberto Inspeção geral 4 anos
Inspeção sob a tampa Semestral
Temperatura de entrada e saída da água Semanal
Resfriado a água Vazão de entrada e saída da água Semestral
Ensaio de pressão Semestral
Motor e ventilador Mensal
Resfriamento do óleo com ar
Circuitos de controle Mensal
Resfriamento do óleo com água Temperatura de entrada e saída do óleo Semanal
Controle do ventilador Mensal
Ventilação forçada
Motor e ventilador Mensal

Tabela 2 – Programa Geral para Manutenção Preventiva de Transformadores de Potência ( continuação )

Trabalhos de Inspeção Trabalhos de Inspeção


Componentes Componentes
ou Manutenção ou Manutenção
Inspeção visual e leitura do Vazamento de óleo Inspeção Visual
Indicador de nível de óleo nível de óleo no Verificar entupimento,
( comutador sem carga ) conservador ou tanque e Trocador de calor do óleo
vazamento e refrigeração
nas buchas ( radiadores )
deficiente
Verificação da temperatura Relé de Gás Inspeção Visual e Leitura
do óleo do tanque dos
enrolamentos e da Tabela 4 – Programa Geral para Manutenção Preventiva
Indicador de Temperatura temperatura da água ou – Semanal [ 1 ]
óleo de entrada e saída do
sistema de refrigeração Trabalhos de Inspeção
Componentes
forçada ou Manutenção
Verificação da vazão de Inspeção Visual e Leitura
Indicador de vazão para Válvula de Segurança
água de óleo do sistema de da Pressão
óleo e água
refrigeração forçada Registrador do Computador Verificar e anotar o número
Verificação da pressão de de derivação em carga de operações registradas
Manômetro óleo e água do sistema de Silica-Gel do Desidratador Verificar a sua coloração
refrigeração forçada Verificar as condições de
Indicador de nível de óleo Inspeção visual e leitura do Circuito de Alarme de continuidade para
nível de óleo no conservador temperatura e pressão sinalização, alarme e
( comutador sob carga ) ou tanque e nas buchas desligamento
Tabela 3 – Programa para Manutenção Preventiva – Tabela 5 – Programa Geral para Manutenção Preventiva
Diário [ 1 ] – Mensal [ 1 ]
________________________________________________________________________________
Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 53
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Trabalhos de Inspeção Trabalhos de Inspeção


Componentes Componentes
ou Manutenção ou Manutenção
Verificar se houve Óleo
Realizar Testes Físicos e
Válvula de Sobretensão Químicos do óleo
abertura da válvula
Realizar testes físicos e Determinar o Ponto de
químicos do óleo se a Orvalho do colchão de gás
dos transformadores
Óleo do Tanque temperatura média
Gás selados e avaliar a
estiver entre 80 e 90 quantidade de água da
graus C isolação sólida com o
Verificar a concentração auxílio do gráfico de piper
destes gases no óleo se a Se as buchas e os isoladores
Gás Combustível no
temperatura média do tiverem sofrido os efeitos
Óleo Buchas e isoladores
óleo do topo do tanque da poluição, proceder a sua
for de 80 a 90 graus C limpeza
Com o auxílio do
Tabela 6 – Programa Geral para Manutenção Preventiva Conectores,
termovisor, verificar se há
– Trimestral [1 ] comutadores buchas,
pontos ou áreas
etc.
sobreaquecidas
Medir a resistência de terra
Trabalhos de Inspeção Aterramento do sistema de aterramento
Componentes
ou Manutenção do transformador
Mecanismo de Inspecionar e Verificar as condições dos
Acionamento providenciar lubrificação Cabos Aéreos cabos aéreos de ligações do
Inspecionar e transformador
Radiadores com providenciar lubrificação Tanque, Tampa e
Limpeza e Exame
Ventiladores de rolamentos dos Gaxeta
ventiladores Radiadores Limpeza e Exame
Radiadores Resfriados Providenciar limpeza e Limpeza, exame, teste de
Indicadores de nível de funcionamento, testes dos
água, circuito da água Exame óleo, temperatura. circuitos elétricos e da
Inspecionar e Válvula de segurança resistência de isolamento se
Ventiladores com Motor providenciar a for o caso
lubrificação Termostato
Verificar o Manômetro
Relé Buchollz funcionamento para Relés de Proteção
Alarme e desligamento Limpeza e Exame
Testes físicos e Mecanismo de Teste de Funcionamento
Químicos do óleo Testes Atendimento Teste de Circuitos Elétricos
Óleo do Tanque médias do tanque para ( Comutador ) Teste de Resistência de
temperatura de 80 a 90 Isolamento
graus C Tabela 8 – Programa Geral para Manutenção Preventiva
Providenciar limpeza e – Anual [ 1 ]
Buchas, Isoladores e
Verificar rachaduras,
pára-raios Trabalhos de Inspeção
lascas, poluição etc. Componentes
Ligações à Terra Verificar se existem ou Manutenção
Proceder a limpeza das
Determinar a
Gases Combustíveis do Buchas
buchas medir o fator de
Concentração dos Gases potência do isolamento nas
óleo
Combustíveis no Óleo buchas

Tabela 7 – Programa Geral para Manutenção Preventiva Tabela 9 – Programa Geral para Manutenção Preventiva
– Semestral [ 1 ] – Bienal [ 1 ]

________________________________________________________________________________
Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 54
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

Trabalhos de Inspeção fator de potência do isolamento (para


Componentes transformadores com potência superiores à 500
ou Manutenção
kVA);
Verificar fator de potência
Isolação
da isolação b) Ensaios físico-químicos nos líquidos isolantes
Realizar testes elétricos
Corrente de Excitação compreendendo corrente de
Óleo
excitação Ensaio Rtemp Askarel Silicone
Mineral
Verificar a resistência de Conteúdo de água X X X X
Isolamento
isolamento
Índice de
Verificar a resistência dos neutralização X X X X
Enrolamentos
enrolamentos em CC (Acidez)
Verificar sobretensão com Fator de Potência X X X X
Sobretensão
CC Cromatrografia(1) X X X X
Verificar aterramento do Viscosidade (2) X X X
Núcleo
núcleo Tensão
Verificar resistência de Interfacial(2)
X X X
Aterramento
aterramento Cor(2) X X X
Verificar as condições do
(1) Apenas para Transformadores com tensão primária igual ou
Sobrepressão diafragma do dispositivo de superior a 138 kV;
alívio de sobre pressão (2) Apenas para transformadores com potência superiores à 500 kVA.

Tabela 10 – Programa Geral para Manutenção Tabela 11 - Ensaios físico-químicos recomendados para
Preventiva – Trienal [ 1 ] manutenção do óleo

5.0 - TESTES E ENSAIOS APLICÁVEIS 5.2 - Periodicidade dos Ensaios -


MANUTENÇÃO DE
TRANSFORMADORES A inspeção e manutenção em transformadores
Como visto, nas inspeções periódicas o objetivo está intimamente ligada aos seguintes fatores: Tamanho.
é verificar as condições externas do transformador e o Potência, Tensão. Importância da Continuidade do
funcionamento de seus acessórios. No entanto, a Serviço e Condições Ambientais da área onde está
realização dos ensaios tem a finalidade de colher instalado o equipamento.
informações acerca das condições do funcionamento, que A periodicidade mais adequada para realização
venham a auxiliar no diagnóstico de possíveis dos mesmos será determinada em função desses fatores.
anormalidades. A referência [1] sugere que a periodicidade seja:
Para tanto devem ser estabelecidos critérios de a) Ensaios elétricos: Realizados a cada 18 meses;
aplicação de testes bem como os seus procedimentos de b) Ensaios físico-químicos nos líquidos isolantes:
execução, obtendo-se, assim, uma racionalização no que Realizada a cada 12 meses.
diz respeito às características do transformador.
5.1 - Ensaios Realizáveis no Campo (Testes) 6.0 - ADEQUAÇÃO DAS EQUIPES DE MANUTENÇÃO
Para os transformadores em operação serão As equipes que realizam as inspeções que se
indicados alguns ensaios que são possíveis de serem constituem nos procedimentos de manutenção preventiva
realizados no próprio local onde se encontram instalados. de transformadores, excetuando-se as que podem ser
A sua importância está no fato de permitir o realizadas pelos operadores, tais como monitoramento de
acompanhamento do grau de. deterioração dos materiais carga (corrente e tensão) e de temperatura, devem possuir
isolantes. Este procedimento visa detectar condições um bom grau de familiaridade com procedimentos e
irregulares que possam culminar em defeitos mais graves. equipamentos específicos. Algumas das rotinas, a
Assim sendo, na manutenção preventiva sugere- exemplo de termovisão, devem ser realizadas, por
se que sejam realizados os seguintes ensaios: equipes independentes, responsáveis pela inspeção de
a) Ensaios elétricos todo um conjunto de equipamentos. Ensaios específicos
como, por exemplo, análise cromatográfica, de custo
- relação de transformação;. elevado, devem ter sua realização adequada a um critério
- resistência ôhmica dos enrolamentos; de “custo x beneficio”, para não terem sua eficácia e
- resistência de isolamento e índice de utilidade posta em dúvida.
polarização; Sugere-se que as equipes de manutenção
rigidez dielétrica. responsável pela execução dos procedimentos detalhados
________________________________________________________________________________
Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 55
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte II: Manutenção e Inspeção de Transformadores

acima excetuando-se as inspeções internas, execução dos quando da definição de procedimentos e de tecnologias
ensaios de análise cromatográfica e termovisão sejam entre outros.
compostas por:

Encarregado: Nível Técnico ou Superior 7.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS


Coordenador e responsável técnico pela
execução de todos os procedimentos e Convém ressaltar que a correta contabilização
rotinas que constituem a Manutenção dos problemas de qualquer equipamento elétrico só
Preventiva. possui respaldo em valores estatísticos, que são os únicos
Mecânicos: Em número de dois, Nível Técnico; capazes de manusear conceitos como taxa de risco,
Responsáveis pela execução de todas os probabilidade de evolução para falha, que caso
procedimentos e rotinas que envolvam adequadamente utilizados resultam em procedimentos
predominantemente serviços de fundo, dotados de custos mínimos.
principalmente, mecânico, a exemplo Aperfeiçoamentos tecnológicos, via de regra,
de inspeções em radiadores; quando de sua introdução podem vir a modificar alguns
Eletrotécnicos: Em número de dois, Nível Técnico. dos pontos acima descritos, porém, sem sombra de
Responsáveis pela execução de todos os dúvida, qualquer novo aperfeiçoamento tecnológico
procedimentos e rotinas que envolvam merece um acompanhamento mais detalhado pois podem
predominantemente serviços de fundo, vir a causar problemas até o momento não detectados que
principalmente, eletrotécnico, a dependendo do caso podem apresentar ou não relevância,
exemplo de inspeção em relés, ensaios fato só verificado com o passar do tempo e coleta,
de tensão aplicada, resistência de algumas vezes, exaustivas de dados.
isolamento , rigidez dielétrica.
cablagem entre outros.

Deste modo, as funções e responsabilidade se


encontram bem definidas e distribuídas, convém ressaltar
que algum conhecimento interdisciplinar é extremamente
adequado e deve ser estimulado. O suporte necessário
pode ser realizado por uma equipe externa ou,
idealmente, por um laboratório, parte da própria estrutura,
função de um estudo acurado de custos envolvidos, que REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
no caso especifico de empresas concessionárias de
energia elétrica não deve, em principio, ser levado em [1] Santos, F. G. P. S – “Transformadores de Potência -
conta pois os benefícios a longo prazo de laboratórios e Inspeção e Manutenção” - Companhia Siderúrgica
equipe próprias são inquestionáveis, principalmente, Nacional – CSN.

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Capítulo 9: Manutenção Preventiva de Transformadores - 56
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
DE TRANSFORMADORES

PARTE III: TESTES E ENSAIOS


MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

CAPÍTULO 10: RESISTÊNCIA ÔHMICA DOS


ENROLAMENTOS
“Eu tenho pouca paciência com cientistas que pegam uma placa de madeira, procuram as
partes mais finas, e ali fazem um grande número de furos, onde furar é fácil”

Albert Einstein

RESUMO a) Aplicar uma fonte de corrente contínua aos


enrolamentos conforme mostrado na figura 1,
Este texto apresenta as técnicas de medição da
cuidando para que a corrente que circule não
resistência ôhmica dos enrolamentos para
seja superior a 15% do valor nominal do
transformadores com qualquer ligação.
enrolamento considerado, no tempo máximo
1.0 - INTRODUÇÃO
de 1 minuto;
b) As indicações dos instrumentos devem estar
Este ensaio consiste em determinar a resistência estabilizadas;
elétrica dos enrolamentos em corrente contínua a uma c) Após a estabilização, tomar as leituras,
determinada temperatura. simultaneamente, de corrente e tensão;
Os valores encontrados quando comparados com d) Através da lei de Ohm, calcular a resistência,
os de fábrica podem fornecer indicação sobre a existência ou seja:
de esperas em curto-circuito, conexões e contatos em más U
condições. Desta forma, pelos mesmos motivos, é R=
interessante um acompanhamento de seus valores alo I −U (1)
longo do tempo de funcionamento, referindo os valores RV
sempre à mesma temperatura para que se possa compará- onde:
los. U – leitura do voltímetro [V]
Observe que com a medição de resistência a frio I – leitura do amperímetro [A]
e a quente, é possível determinar a elevação dos Rv – Resistência interna do voltímetro [Ω]
enrolamentos quando em serviço.
As diversas normas internacionais sugerem que e) Devem ser feitas de três a cinco leituras com
a medição deve ser efetuada com corrente contínua por alguns valores diferentes de corrente (atuando-
método de ponte ou pelo método da queda de tensão. se no reostato), de forma a ficar demonstrada a
constância dos valores calculados dessas
2.0 – MÉTODO DA QUEDA DE TENSÃO leituras; após isto, obtém-se a média
aritmética, desprezando-se os valores que
Para determinação da resistência elétrica dos difiram de mais de 1% do valor médio;
enrolamentos por este método utiliza-se as conexões f) A ligação ou o desligamento da fonte de
mostradas na figura 1. corrente contínua pode causar sobretensões
consideráveis, sendo provável a ocorrência de
danos aos aparelhos. Desta forma, sugere-se
desconectar o voltímetro antes de qualquer
operação e, além disto, curto-circuitar os
terminais do amperímetro, desconectando-o
logo após.

3.0 – MÉTODO DA PONTE


Figura 1 – Esquema de Ligação no Método da Queda de
Tensão. Método da ponte é aquele em que se emprega a
ponte de Wheatstone, ou a de Kelvin, para obter a
Pode-se utilizar algumas variações do esquema resistência. Este método, aconselhável quando se deseja
da figura 1, tais como uma combinação de derivadores uma maior precisão nas medidas.
(shunts) e milivoltímetros ou potenciômetros, de modo De uma forma geral, para medidas inferiores a 1
que a medição possua a exatidão desejada. [Ω], a utilização da ponte de Wheatstone produz erros
O procedimento é o que segue: consideráveis devido às resistências dos fios de conexão e

________________________________________________________________________________
Capítulo 10: Resistência Ôhmica Dos Enrolamentos - 58
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

dos contatos com que se liga a resistência a medir à O galvanômetro G possui um “shunt”, o qual
ponte. fornece a sensibilidade da ponte.
Entende-se por resistência de contato àquela A medida de da resistência sempre deve ser feita
oferecida à passagem da corrente de um condutor para empregando-se quatro condutores, como mostra a figura
outro. O seu valor varia com a área, com as condições de 4.
superfície (rugosidade) e com a pressão de contato.
Para evitar inconvenientes utilização a ponte
Kelvin, também conhecida por ponte dupla de Thomson,
a qual é uma derivação da ponte de Wheatstone.
Existem tipos altamente sofisticados, para uso
exclusivo em laboratórios, e outras mais simples
adequados para emprego na área.
O esquema da ponte dupla de Thomsom (ou
Lorde Kelvin) é apresentado na figura 2, enquanto a
figura 3 fornece uma vista deste equipamento.
Figura 4 – Ligação da resistência a medir à ponte

A utilização desta conexão possibilita a


exclusão, ou compensação, dos valores das resistências
dos fios na medição a ser efetuada.
O procedimento para medições com as pontes é
o que se segue:

a) Calibrar e ajustar a ponte conforme suas


instruções de operação.
b) Fazer a ligação da ponte aos terminais dos
enrolamentos conforme mostra a figura 5.

Figura 2 – Circuito da Ponte Kelvin

Figura 5 – Método da ponte Kelvin

c) Devem ser efetuadas pelo menos 3 leituras,


modificando-se a cada vez o equilíbrio da
ponte. O valor da resistência é obtido
calculando-se a média aritmética destas
leituras.
d) Deverão ser registradas as temperaturas dos
enrolamentos ao início e final dos ensaios, bem
como, o tempo de execução de cada medição.

4.0 – OBTENÇÃO DOS RESULTADOS

A obtenção dos resultados dos valores de


Figura 3 – Ponte Kelvin (Nansen) resistência ôhmica depende da forma em que estão
ligados os enrolamentos.
O princípio de operação desta ponte é bastante
simples, ou seja, fechada a chave k, desloca-se o cursor 4.1 – Transformadores Monofásicos
F1 sobre a resistência R até conseguir-se o equilíbrio
(Ig=0). Esta situação é verificada através do indicador de A resistência medida entre as buchas por um dos
nulo da ponte. métodos é a própria do enrolamento.
________________________________________________________________________________
Capítulo 10: Resistência Ôhmica Dos Enrolamentos - 59
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

4.2 – Transformadores trifásicos com conexão


estrela sem neutro acessível 1 1 1

MEDIDOR

MEDIDOR
R2 R3 R2 R3 R2 R3
Na conexão estrela sem neutro acessível a
medição deve ser executada entre pares de buchas (H1H2, 3
3 2
3 2 R1 2 R1
H2H3, H3H1, e X1X2, X2X3, X3X1, como exemplifica a R1
MEDIDOR
figura 6.
MEDIDOR Figura 7 – Medida da resistência elétrica dos
1 2
1
R1 R2 2 1
2
enrolamentos conectados em delta.
R1 R2 R1 R2

As resistências dos enrolamentos são:

MEDIDOR
MEDIDOR

R3 R3 R3

3 2 R12 R31 R + R31 − R23


R1 = − 12
3 3

R23
(5)
R12 R13
R12 + R31 − R23 2
Figura 6 – Medida da Resistência elétrica dos
enrolamentos conectados em estrela sem neutro acessível

Neste caso, a resistência de cada enrolamento 2 R12 R23 R + R23 − R31


R2 = − 12 (6)
será: R12 + R23 − R31 2
1
R1 = (R12 + R13 − R23 ) (2)
2
1 2 R23 R31 R + R31 − R12
R2 = (R23 + R12 − R31 ) (3)
R2 = − 23 (7)
2 R23 + R31 − R12 2
1
R3 = (R31 + R23 − R21 ) (4) 4.5 – Conexão em zig-zag
2
Na conexão zig-zag, deve-se proceder
Onde: exatamente como no caso da estrela. Observa-se,
entretanto que os enrolamento dividem-se em duas partes.
R1 , R2 , R3 – são resistências dos enrolamentos sob teste
5.0 – CUIDADOS PRÁTICOS E OBSERVAÇÕES
R12 , R23 , R31 – são resistências medidas por um dos
métodos descritos, entre os terminais 1-2, 2-3 e 3-1, a) Deve-se medir a resistência dos cabos quando
respectivamente. se utiliza do método da ponte. Este valor deve
ser subtraído da resistência medida e, após
4.3 – Transformadores trifásicos com conexão isso, determinar a resistência do enrolamento.
estrela com neutro acessível b) Nunca efetuar as medições com o
transformador energizado.
Para transformadores conectados em estrela com c) Na medição da resistência a frio, o tempo até a
neutro acessível, faz-se medição, em geral, entre as estabilização da corrente de medição deve ser
buchas de fase e neutro. Entretanto, esta não é uma voa registrado e utilizado como base para efetuar
prática, pois a estrela é fechada praticamente no fundo do medições de resistências a quente, após o
tanque e, desta forma, o comprimento do cabo de neutro é desligamento da energia no ensaio de elevação
grande. Assim, a resistência deste trecho será somada ao de temperatura.
enrolamento. d) Para que se tenha uma base comparativa, a
Pelo exposto, é conveniente que, também neste resistência elétrica dos enrolamentos devem
caso, as medições sejam efetuadas como descrito no ser referidas à uma mesma temperatura. Isto
tópico anterior. pode ser executado através da expressão (8),
ou seja:
4.4 – Conexão em delta

A conexão em delta é aplicada unicamente para 234,5 + è


motores. Neste caso, a medição deve ser feita entre os R èr = R èe ⋅ (8)
pares de terminais, conforme exemplifica a figura 7. 234,5 + è e
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Capítulo 10: Resistência Ôhmica Dos Enrolamentos - 60
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Onde: i) Verificar a existência de cargas capacitivas nos


enrolamentos do transformador e drená-las,
Rθr – resistência elétrica na temperatura de caso existam.
referência;
Rθe – resistência elétrica na temperatura do ensaio;
temperatura de referência; 7.0 – EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
θe - temperatura dos enrolamentos nas condições
do ensaio; a) Método da Ponte: Ponte de Wheatstone ou
Kelvin.
Se o enrolamento for de alumínio, utilizar 225 ao b) Método da Queda de Tensão: Bateria de 12 V
invés de 234,5 na expressão (8). ou 24 V; Voltímetro CC (classe 0,5 ou
melhor); Amperímetro CC (classe 0,5 ou
e) .Nos transformadores providos com melhor); Reostato.
indicadores de temperatura e termômetros, a c) Para ambos: Termopares ou detetores de
temperatura dos enrolamentos pode ser obtida temperatura para colocar no enrolamento a ser
por leitura direta. Nos demais, deve-se medido, termômetro para leitura da
desenergizar o equipamento e aguardas de 10 a temperatura ambiente, cronômetro e
20 minutos para que os enrolamentos entrem ferramentas adequadas para se desconectar os
em equilíbrio térmico com o óleo. Em seguida, terminais dos enrolamentos.
medir a temperatura do topo do óleo com um
termômetro de alcool ou indicador digital. Não 8.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
é conveniente a utilização de termômetro de
mercúrio, já que uma eventual quebra poderá Os resultados das medição efetuadas devem ser
contaminar o óleo e atacar o isolamento sólido. comparados com os dados do fabricante, tendo-se o
f) Sempre verificar o manual da ponte a ser cuidado de utilizar as correções de temperatura a uma
utilizada, se for o caso. mesma base (normalmente 75°C, como já comentado).
g) Procurar obter o melhor contato possível entre
os terminais das pontes e dos enrolamentos, de Em caso de discordâncias maiores que 2%, deve
forma a reduzir a influência de contato. ser pesquisada a existência de anormalidades tais como:
h) Ao iniciar a medição com uma ponte Kelvin, a espiras em curto, número incorreto de espiras, dimensões
sensibilidade deve ser “mínima”. Após a incorretas do condutor e outros.
tentativa de se alcançar o equilíbrio, aumentar Pelo exposto, é importante que haja o histórico
a sensibilidade. das medidas efetuadas.

________________________________________________________________________________
Capítulo 10: Resistência Ôhmica Dos Enrolamentos - 61
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

CAPÍTULO 11: POLARIDADE E DEFASAMENTO


ANGULAR
“O conhecimento pode ser comunicado e ensinado, mas não a sabedoria”

Hermann Hesse

RESUMO casos, utiliza-se a diferença de fases (defasamento) ou


deslocamento angular entre as tensões dos terminais de
Este capitulo apresenta os conceitos de tensão inferior (XI-X2) e tensão superior (H1-H2),
polaridade e defasamento angular de transformadores. contado no sentido anti-horário.

1.0 - INTRODUÇÃO 2.0 - POLARIDADE DE UM TRANSFORMADOR

Geralmente o conceito sobre polaridade de A figura 1 mostra duas situações distintas para
transformadores é encarado com dificuldade. Porém, por as tensões induzidas em um transformador monofásico.
vezes, conhecê-la é fundamental pelos seguintes motivos: Na figura 1a, as tensões induzidas E1 e E2
dirigem-se para os bornes adjacentes H1 e .X1. Na figura
a) Ao acoplar dois ou mais transformadores em 1b, a marcação é feita de maneira diferente da anterior.
paralelo, seus secundários formarão uma sendo que as tensões induzidas continuam dirigindo-se
malha. Se todos possuírem a mesma para os mesmos bornes, porém não mais adjacentes.
polaridade, as forças eletromotrizes anulam-se; Nota-se que, na figura 1a, as tensões possuem
caso contrário, somam-se Nesta última mesmo sentido (estão em fase) ou com a “mesma
condição, surgirá uma corrente de circulação polaridade instantânea”. Na outra estão em oposição
com valores elevados, pois é limitada apenas (defasadas de 180o) ou com polaridades opostas.
pelas impedâncias secundárias.
Sendo assim, nota-se que uma das principais
condições para o paralelismo de
transformadores é a de possuírem a mesma
polaridade.
b) Utiliza-se transformadores de corrente (TC) e
transformadores de potencial (TP) em circuitos Figura 1 - Sentidos instantâneos de E1 e E2
de altas correntes e/ou tensões. A finalidade é
reduzir as grandezas primárias à níveis Pelo exposto, a polaridade refere-se ao sentido
compatíveis com a segurança de operadores e relativo entre as tensões induzidas nos enrolamentos
possibilitar a utilização de aparelhos de secundários e primários, ou da maneira como seus
proteção e medição menos robustos. terminais são marcados.
Quando ambos enrolamentos possuem a mesma
Nos circuitos de medição, principalmente nos de polaridade, o transformador é de polaridade subtrativa e,
energia, as leituras poderão ser totalmente enganosas caso em caso contrário, polaridade aditiva. A terminologia
a polaridade de um dos transformadores estiver invertida. utilizada origina-se das situações mostradas na figura 2.
Quanto à proteção, seja o caso de um relé diferencial, por
exemplo, ao inverter-se a polaridade de um dos TCs ao
qual está conectado, poderá haver uma corrente de
circulação através da bobina de operação e. portanto, uma
atuação indevida.
Para os transformadores trifásicos apenas o
conceito de polaridade é insuficiente para apresentar uma
relação definida entre as tensões induzidas nos
enrolamentos primário e secundário. Isto se deve aos a) b)
diversos tipos de conexões dos enrolamentos (deita,
estrela ou zig-zag), como explanado adiante. Nestes Figura 2 - Verificação da polaridade
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Capítulo 11: Polaridade e Defasamento Angular - 62
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Na figura 2a, a leitura do voltímetro fornece:

V = E1 – E2 portanto, polaridade subtrativa


Na figura 2b, tem-se:

V = E1 + E2 portanto, polaridade aditiva

3.0 - MÉTODO DO GOLPE INDUTIVO COM


CORRENTE CONTÍNUA PARA A
DETERMINAÇÃO DA POLARIDADE

Segundo a NBR 5380/1981. os métodos de


ensaio usados para a determinação da polaridade de
transformadores monofásicos são o do golpe indutivo, o
da corrente alternada, o do transformador padrão e do
transformador de referencia variável.
Apenas o método do golpe indutivo será Figura 4 - Transformador trifásico ∆ -Y
analisado, devido à sua maior aplicabilidade. Note-se na citada figura que, no enrolamento em
O esquema de ligações para o método é indicado na delta, as tensões são induzidas entre fases e, portanto,
figura 3. iguais a tensão na linha. No enrolamento estrela são
Observe-se que liga-se os terminais de tensão induzidas entre fase e neutro.
superior a uma fonte de corrente contínua. Adotando-se uma referência comum para ambas
Instala-se um voltímetro de corrente continua entre esses as tensões, verifica-se que há uma diferença de fase de
terminais de modo a se obter uma deflexão positiva ao se 30o elétricos entre elas.
ligar a fonte CC., ou seja. a polaridade positiva do Desta forma, para analisar o relacionamento
voltímetro ligado no positivo da fonte e, esses, em H1. entre tensões primárias e secundárias não basta a
Em seguida, insere-se o positivo do voltímetro indicação de polaridade, também e preciso indicar “a
em X1 e o negativo em X2. Fecha-se a chave, diferença de fases ou deslocamento angular entre elas.
observando-se o sentido de deflexão do voltímetro. Como os enrolamentos em delta não possuem
Quando as duas deflexões são em sentidos neutro real e as tensões de linha são sempre disponíveis, é
opostos, a polaridade é aditiva. Quando no mesmo conveniente definir o defasamento angular como o
sentido, é subtrativa. Tais conclusões baseiam-se na lei angulo entre as tensões induzidas em XI - X2 e H1 - H2
de Lenz. no sentido anti-horário. Pelo exposto, observa-se que o
deslocamento angular depende:
a) do sentido de enrolamento das bobinas,
b) da marcação dos terminais dos enrolamentos
(H1, H2, etc.):
c) das conexões dos enrolamentos.

Justifica-se, pois o sentido das tensões depende


do sentido dos enrolamentos.
Utilizando-se uma marcação dos terminais do
secundário diferente da adotada para o primário, pode-se
alterar a seqüência de fases das tensões e, evidentemente,
Figura 3 - Determinação da polaridade pelo método do
não obter-se o deslocamento angular correto (note-se que
golpe indutivo.
os dois itens definem a polaridade do transformador). As
conexões do enrolamento (deita, estrela ou zig-zag) são
4.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE CONEXÕES DOS fundamentais, como o próprio texto esclarece.
ENROLAMENTOS E DEFASAMENTO Observe-se que um transformador não pode
ANGULAR alterar a seqüência de fases do primário e secundário.
Evidentemente, pode-se alterá-la invertendo-se a
Seja, por exemplo, um transformador conectado marcação dos terminais em dois condutores de saída,
em deita no primário e estrela no secundário representado mas, não será o transformador (conexões internas)
na figura 4. responsável por esse fato.

________________________________________________________________________________
Capítulo 11: Polaridade e Defasamento Angular - 63
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

A tabela 1 fornece os deslocamentos angulares de 5.0 - MÉTODO DO GOLPE INDUTIVO COM


transformadores normalizados, sendo que outros são CORRENTE CONTÍNUA PARA A
possíveis de obtenção através da variação do número de DETERMINAÇÃO DO DEFASAMENTO
espiras da ligação zig-zag. ANGULAR

Conexões dos Defasamento Angular Existem vários métodos práticos para o


Enrolamentos Subtrativo Aditivo levantamento do defasamento angular, facilmente
executáveis em campo.
Dd, Yy, Yz 0° ou 0 180° ou 6
Uma alternativa bastante simples e eficiente é o
Dy, Yd, Yz 30° ou 1 210° ou 7 emprego do golpe indutivo, no qual utiliza-se uma pilha e
Dd, Dz 60° ou 2 240° ou 8 um voltímetro de zero central, a exemplo da
Dd, Dz 300° ou 10 120° ou 4 determinação da polaridade.
Inicialmente, deve-se verificar o positivo do
Dy, Yd, Yz 330° ou 11 150° ou 5 instrumento, ou seja liga-se a pilha aos seus terminais e
Tabela 1 – Conexões e defasamentos angulares observa-se o sentido da deflexão do ponteiro. Assim.
estabelece-se qual terminal é o positivo.
É bastante comum indicar as ligações Em seguida, liga-se a pilha às buchas de TS e o
transformador acrescido do DA., ou seja: voltímetro em três posições das buchas de TI, conforme
ilustra a figura 6.
Dy 210°, ou, Yd 150°, ou Dz 60°
Onde:
D ou Y - ligação delta, estrela no primário d, y ou z -
ligação delta, estreia ou zig-zag no secundário.
Como se sabe, as horas relacionam-se com os
ângulos formados pelos ponteiros de um relógio, ou seja:

1 hora = 30°°
Sendo assim, os exemplos anteriores são, Figura 6 - Conexões para o golpe indutivo
usualmente, denotados por.
Fecha-se a chave, fazendo, desta forma, H1,
Dy7, Yd5, Dz2 positivo, e H2, negativo, e verifica-se as respostas de
Observe-se que, conhecido o D.A. do tensão observadas nas buchas de TI. Os resultados
transformador, sabe-se qual é a sua polaridade, como obtidos devem ser comparados com aqueles constantes da
mostra a figura 5. tabela 2, a seguir.

Polaridade obtida entre as buchas


X1X2 X1X3 X2X3 Defasamento
X1 X2 X1 X3 X2 X3
+ - + - - + 0º
+ - 0 0 - + 30º
+ - - + - + 60º
0 0 - + - + 90º
- + - + - + 120º
- + - + 0 0 150º
- + - + + - 180º
- + 0 0 + - 210º
- + + - + - 240º
0 0 + - + - 270º
+ - + - + - 300º
+ - + - 0 0 330º

Figura 5 - Polaridade e Defasamento Angular - Tabela 2 - Determinação do defasamento pelo método do


Relacionamento. golpe indutivo
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Capítulo 11: Polaridade e Defasamento Angular - 64
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Muitas vezes, entretanto não se dispõe de uma


bateria e/ou, principalmente, de um voltímetro de zero
central. Assim, é interessante poder contar com uma
metodologia que utilize apenas uma fonte de tensão
trifásica e um voltímetro convencional.
Uma alternativa [1] é conectar as buchas H1 e X1
e ligar as de TS a uma fonte trifásica de tensão reduzida,
como ilustrado na figura 7.
Em seguida, mede-se as tensões entre os
seguintes pares de buchas Uh1h3, Uh2x3 e Uh3x2.
Estes valores, então, devem ser comparados, como
estabelecido na tabela 3.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Abreu, J.P.G – “Sistemática para Obtenção e


Alteração de Defasamentos Angulares - Estudo
Didático Aplicado”, Itajubá/MG, EFEI, Dissertação Figura 7 - Conexão do transformador para determinação
de Mestrado, 1980. do DA.

Defasamentos
Angulares →
0º 180º 30º 210º 60º 240º 120º 300º 150º 330º
Tensões a
Comparar ↓
UH1H2 e UH3X3 > < > < > < < > < >
UH2X3 e UH3X2 = = > < > < > < > <
UH2X2 e UH2X3 < > < > < > < > = =
UH3X3 e UH3X2 < > = = > < > < > <
Polaridade S A S A S A A S A S

Tabela 3 - Relações entre Tensões para Determinação do D.A, conforme [1].

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Capítulo 11: Polaridade e Defasamento Angular - 65
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

CAPÍTULO 12: MEDIÇÃO DA RELAÇÃO DE


TRANSFORMAÇÃO
“Quem nos entende, pode nos transformar”.

Henry Drummond

RESUMO Em função do exposto e visando a diminuir a


taxa de incerteza na utilização dos dados de ensaio,
O objetivo deste texto é apresentar uma efetua-se uma análise crítica dos erros inerentes aos
metodologia para a medição da relação de transformação métodos e fornece-se procedimentos adequados para
de transformadores trifásicos (considerando-se todas as minimizá-los.
conexões padronizadas) a partir do conhecimento prévio
de seu defasamento angular. Adicionalmente é mostrada
a influência grandeza na leitura do equipamento e efetua- 2.0 – RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO –
se urna análise de erros em relação aos valores obtidos TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS
pelo método da medição direta da relação de
transformação com níveis de tensões reduzidos (método Seja o transformador monofásico representado
do voltímetro) pela figura 1.

1.0 - INTRODUÇÃO

A medição da relação de transformação de um


transformador é padronizada como ensaio de rotina e
como teste básico em programas de manutenção
preventiva em transformadores reparados ou submetidos
à reformas ou, ainda, no comissionamento das unidades. Figura 1 - Transformador monofásico em carga
A sua importância se prende ao fato de que um
acompanhamento efetivo poderá indicar a presença de A relação de transformação das tensões de um
problemas, bem como, a adaptabilidade do transformador transformador monofásico é definida de duas formas:
ao sistema que se insere (por exemplo, na operação em
paralelo). a) Relação de Transformação Teórica ou Relação de
Os métodos mais freqüentemente empregados Espiras
para a sua obtenção são o do voltímetro e o da medição
da relação de espiras através de um equipamento Definida por: ¶
construído especificamente para este fim. É claro que
qualquer um deles deve oferecer valores suficientemente
precisos para que sejam válidos para os propósitos
E1 4.44 N 1 fBS
KN = = (1)
citados; inclusive, a tolerância normalizada nos ensaios E 2 4.44 N 2 fBS
de rotina é o menor valor entre 10% da tensão de curto-
circuito em percentagem ou ± 0,5% do valor da tensão Portanto:
nominal dos diversos enrolamentos se aplicada tensão
nominal no primário.
Em ambas as metodologias verifica-se que
E1 N 1
KN = = (2)
existem erros e incertezas em seus empregos e resultados, E2 N 2
Neste aspecto, o método do voltímetro é restritivo em
muitos casos, principalmente quando são aplicadas Por outro lado, prova-se que:
tensões reduzidas em relação à nominal; por sua vez, a
aplicação do medidor de relação de espiras a
transformadores trifásicos apresenta várias nuances que
E1 N 1 I 2
KN = = ≅ (3)
podem levar a enganos brutais. E2 N 2 I1

________________________________________________________________________________
Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 66
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

No funcionamento em vazio, tem-se que: Observe-se que:

I1 = I 0 (4) a) se K>1, o transformador é abaixador; e,


b) se K<1, o transformador é elevador.
onde: I0 - corrente em vazio.
3.0 – RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO
Devido a este fato, como citado anteriormente, a TRANSFORMADORES TRIFÂSICOS
queda de tensão primária é mínima; assim:
Nos transformadores trifásicos a relação de
U 1 = E1 (5) transformação real também é definida como em (9).
Entretanto, devido à conexão dos enrolamentos (El e E2
Além disto, nesta condição: são tensões induzidas entre os terminais dos
enrolamentos), ela não será, em todos os casos, igual à
relação de espiras.
U 2 = E2 (6)
A figura 2 mostra duas conexões de
transformadores trifásicos.
Assim:

E1 U 1
KN = = (7)
E2 U 2

A expressão (7) é importante, pois E1 e E2, são


inacessíveis a uma medição; assim, utilizando-se um
voltímetro no primário obtêm-se U1, e, no secundário,
estando o transformador em vazio, U2. Desta forma, acha-
se a relação do número de espiras com pequeno erro.

b) Relação de Transformação Real

Ao aplicar a carga ZC ao secundário, a corrente


12 circula pelo secundário e I1 assume valores superiores
Figura 2 - Conexões dos transformadores trifásicos
a I0. Assim, haverá queda de tensão no primário e no
secundário e, portanto:
Sendo assim, as relações de transformação K e
KN para cada caso seriam:
U 2 ≠ E2 (8)
a) Na figura 2a:
Nestas condições, define-se a relação de
transformação real, ou a relação entre as tensões U1 E1 N 1
primárias e secundárias quando do transformador em K= e KN = = (12)
carga, ou seja: U2 E2 N 2
U1 I 2 e, estando o transformador em vazio, tem-se:
K= ≅ (9)
U 2 I1
U 1 ≅ E1 e U 2 = E2 (13)
Eventualmente, se a queda de tensão secundária
for pequena (o que acontece para transformadores bem então:
projetados) pode-se supor que:
KN = K (10) KN ≅ K (14)

ou seja: b) Na figura 2b:

U 1 E1 N 1 I 2 U
K= = = ≅ (11) K= 1 (15)
U 2 E2 N 2 I1 U2
________________________________________________________________________________
Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 67
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Como os enrolamentos podem estar conectados ser feita de forma simultânea com dois voltímetros (e
de diversas maneiras, nota-se que para cada modo de TP’s, se necessário). Ainda recomenda-se que se faça um
ligação haverá uma diferença entre a relação de novo grupo de leituras permutando-se os instrumentos
transformação e de espiras; a tabela 1 mostra os valores visando compensar seus eventuais erros. A média das
de K em função de KN para cada ligação. relações obtidas desta forma é considerada como a do
transformador.
Ligação Dd Dy Dz Yy Yd Yz Observe-se que em geral, por facilidade e
KN 2K N
segurança, a alimentação do transformador é feita pelo
2K N 3K N
K KN KN lado de TS (Tensão Superior) com níveis reduzidos de
3 3 3
tensão em relação nominal do tap considerado; isto
Tabela 1 - Valores de K em função de KN, para as acarreta dois problemas fundamentais, a saber:
diversas conexões
a) A fonte, na maioria dos casos, apresenta
tensões desequilibradas, mascarando os
4.0 - DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO DE TENSOES resultados das medições;
b) Se aplicados, por exemplo, três níveis distintos
O ensaio de relação de tensões realiza-se de tensões, mesmo balanceadas, podem
aplicando a um dos enrolamentos uma tensão igual ou resultar três valores diferentes de relação de
menor que a sua tensão nominal, bem como, freqüência transformação.
igual ou maior que a nominal.
Para transformadores trifásicos, apresentando Em ambas as situações, os erros e incertezas
fases independentes e com terminais acessíveis, opera-se descaracterizam os objetivos de se medir a relação de
indiferentemente, usando-se corrente monofásica ou transformação.
trifásica, ou seja, como for mais conveniente. Se os Em primeiro caso é possível determinar-se uma
enrolamentos da tensão superior estiverem ligados em relação de transformação média, a qual representa mais
estrela com o neutro inacessível, usa-se corrente trifásica, adequadamente a do transformador.
operando-se do mesmo modo que com os Sugere-se que o seu cálculo sela feito
transformadores monofásicos. empregando-se:
Os métodos usados para o ensaio de relação de
tensões são:
U H + U H0
a) Método do voltímetro;
K= m (16)
b) Método do transformador padrão; U X +U X0
c) Método do resistor potenciométrico;
d) Método do transformador de referência de n
relação variável.
Onde:
A NBR 5356/81 estabelece que este ensaio deve
ser realizado em todas as derivações, o que se constitui a) U H = U H 1H 2 + U H 1H 3 + U H 2 H 3 (17)
em uma boa prática, principalmente, na recepção do
transformador.
Observe-se que as tensões deverão ser sempre b) U X = U X 1X 2 + U X 1X 3 + U X 2 X 3 (18)
dadas para o transformador em vazio
A citada norma admite uma tolerância igual ao c) Se a ligação do lado considerado for delta ou estrela
menor valor entre 10% da tensão de curto circuito em com neutro inacessível:
porcentagem ou ± 0,5% do valor da tensão nominal dos
diversos enrolamentos, se aplicada tensão nominal no U H0 = 0 (19)
primário.
Analisa-se a seguir, os métodos do voltímetro e
e/ou
do transformador de referência de relação variável, por
serem os mais utilizados.
U X0 = 0 (20)

5.0 - MÉTODO DO VOLTÏMETRO m=3 (21)


O principio deste método é alimentar o e/ou
transformador com uma certa tensão e medi-la
n=3
juntamente com a induzida no secundário. A leitura deve (22)
________________________________________________________________________________
Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 68
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

d) Se a ligação for estrela com neutro acessível, tem-se: m=6 (25)


e/ou
U H 0 = (U H 1H 2 + U H 1H 3 + U H 2 H 3 ) 3 (23)
n=6 (26)
e/ou A Tabela 2 exemplifica o exposto para um
transformador trifásico de 30 kVA, 13800-13200-12600-
1200/220 V, Dy 1, ensaiado conforme prescrito no
U X 0 = (U X 1 X 2 + U X 1 X 3 + U X 2 X 3 ) 3 (24) método em análise.

Buchas
H1H2 H1H3 H2H3 X1X2 X1X3 X2X3 X1X0 X2X0 X3X0 K
Tap (V)
13800 523 527 524 8.33 8.35 8.28 4.84 4.79 4.81 62.9567
13200 530 533 531 8.79 8.81 8.76 5.12 5.90 5.10 58.732
12600 583 535 534 9.26 9.28 9.22 5.38 5.35 5.36 57.596
12000 520 524 521 9.54 9.55 9.48 5.55 5.50 5.52 54.653

Tabela 2 Valores medidos entre buchas e a relação de transformação média


-

Evidentemente, o acompanhamento da relação K = 54,568 (28)


de transformação entre buchas de mesmo índice fica
prejudicado, limitando a aplicabilidade do procedimento. e o desvio padrão:
Por outro lado, o emprego de tensões reduzidas
acarretam na diminuição da corrente em vazio. Isto σK = 0.1190 (29)
resulta em quedas de tensões distintas para cada tensão
aplicada, ou seja, mede-se a tensão primária e secundária,
porém esta última será proporcional á tensão primária e:
subtraída da queda de tensão causada.
Pelo, exposto, sugere-se, para minimizar as σK = 0.0022 (30)
incertezas, que sejam aplicadas várias tensões reduzidas, K
efetuadas as medições correspondentes, calculadas as
relações, a sua medida (K) e respectivo desvio padrão, O resultado de (30) indica a consistência dos
(σK). Neste caso, verifica-se a consistência dada por: dados e, assim, a média será considerada a relação de
transformação do tap. Como a relação de placa é de
σK 54,5455, o erro é de apenas 0.04%.
≤ 0.1 (27)
K
Se houver consistência, o valor médio será 6.0 - DIAGRAMAS FASORIAIS E O TTR
considerado como a relação de transformação para o tap
considerado. Em caso contrário, deve-se executar novo A sigla TTR (iniciais de Transformer Turn
elenco de medidas e repetido o processo. Ratio), embora marca de um determinado fabricante
Para o transformador do exemplo anterior, tornou-se sinônimo dos equipamentos, os quais
aplicando-se o método como exposto e as expressões incorporam um transformador monofásico com número
anteriores, obteve-se os valores constantes na tabela 3 de espiras variáveis, sendo aplicado correntemente. A
para o tap de 12000V. filosofia para o seu uso é, de forma básica, a mesma de se
obter a relação de transformação através do método do
UH/3 570 494 500 520 547 transformador padrão. Porém, como seu número de
(UX+UX0)/6 8.64 9.07 9.16 9.51 10.00 espiras é variável, pode ser utilizado até uma relação de
K 54.42 54.47 54.60 54.65 54.70 espiras igual a 130, a qual pode ser aumentada com
equipamentos auxiliares. Assim, a indicação do valor
correto é verificado em sua escala quando um indicador
Tabela 3 - Relações de transformação obtidas com (micro-amperímetro) registra deflexão nula.
tensões reduzidas.
A sua conexão às buchas do transformador a ser
A média das relações é: testado é executada através de quatro conectores, sendo:

________________________________________________________________________________
Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 69
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

a) Dois conectores, normalmente, do tipo Verifica-se, entretanto, que uma mesma conexão
“sargento”, para serem ligados nos admite formas distintas de ligação (caso das conexões
enrolamentos de tensão inferior do delta e zig-zag), o que pode resultar em diferentes
transformador sob teste. Um destes possui a defasamentos entre as tensões primárias e secundárias.
marcação de polaridade e será designado neste Tal situação pode levar a valores falsos quando
texto por “SP” e, o outro, “SN”. São os se emprega o TTR, considerando-se apenas as marcações
terminais de excitação; das buchas, o que é bastante comum.
h) Dois conectores, normalmente, do tipo Mesmo seguindo as instruções dos fabricantes
“jacaré” para serem ligados aos enrolamentos existem casos onde é possível obterem-se leituras, porém
de tensão superior do transformador sob teste. com a presença de erros inadmissíveis.
Um deles possui a marcação de polaridade e Este fato é facilmente comprovável com o
será designado neste texto por “JP” e, o outro, usuário freqüente do equipamento.
“JN”. Para exemplificar, a figura 4 apresenta uma
A figura 3 fornece uma vista do equipamento. ligação incorreta do TTR às buchas de três
transformadores trifásicos.

Figura 4 - Conexões incorretas dos terminais do TTR às


buchas do transformador sob teste.

De forma a se ter uma base para a avaliação de


erros, executou-se medidas em transformador trifásico
com relação de placa igual a 10, utilizando-se as ligações
da figura 4 e as corretas, e os resultados foram:

a) Caso 1 – Dy1 , com neutro acessível

Conexões Corretas Conexões Incorretas


9.992 7.390
9.994 4.725
Figura 3 – TTR (Instronic)
9.992 2.666
Para que seja feita a medição correta, deve-se
b) Caso 2 – Dy11, com neutro acessível
conhecer previamente quais são as bobinas “indutoras”
que serão ligadas aos terminais de excitação do TTR (SP
Conexões Corretas Conexões Incorretas
e SN), e as respectivas bobinas “induzidas” cujos
terminais serão ligados a (JP e JN). A polaridade destas 9.992 2.548
bobinas passam a ter importância pois se estiverem 9.995 5.091
invertidas, o TTR não fornecerá leitura. 9.992 7.248
Apesar da finalidade básica do TTR ser a de c) Caso 3 - Yd11, sem neutro acessível
fornecer a relação do número de espiras (K N) com
precisão, pode ser empregado para a obtenção da relação Conexões Corretas Conexões Incorretas
de tensões dos transformadores trifásicos. Note-se que, as
relações nem sempre são iguais devido aos vários tipos de 9.993 12.643
conexões dos enrolamentos destes últimos. Assim, é 9.990 14.791
necessário que sejam efetuadas correções específicas às 9.986 14.778
indicações do equipamento para que os resultados sejam
adequados. A tabela 1 mostra os fatores de correção a A forma mais simples de executar medidas
empregar. corretas com o TTR é construir os diagramas fasoriais de
________________________________________________________________________________
Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 70
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

tensões do transformador. Com tal diagrama, verifica-se 8.1 - Transformador com neutro acessível
quais as buchas de tensão inferior e tensão superior são
correspondentes, ligando-se à elas os conectores “SN - Para facilitar a compreensão da tabela 5. refira-
SI” e “JN – JP”, respectivamente, respeitando-se a se à figura 5.
polaridade.

7.0 - DIAGRAMA FASORIAL E DEFASAMENTO


ANGULAR

O conhecimento do diagrama fasorial é de pouca


utilização em termos práticos, mas, como visto, torna-se
de grande importância nas medições com o TTR.
Normalmente, vem estampado na placa do
transformador, porém existem casos onde é desconhecido Figura 5 – Aplicações dos terminais do TTR às buchas de
tais como aqueles onde as placas se perderam ou foram um transformador Dy1 sob teste.
pintadas e comissionamento ou reforma do
transformador, entre outras.
Para traçá-lo é necessário verificar como estão
8.2 - Transformadores com conexão Dd
ligados os enrolamentos para uma determinada conexão,
exigindo-se a abertura do transformador para verificação,
A figura 6 é a base para a compreensão da tabela
o que é pouco prático.
6.
Por outro lado, o defasamento angular é definido
como o ângulo de defasagem entre as tensões dos
terminais de tensão inferior (X1 – X2 ) e os de tensão
superior (H1 – H2 ), contado no sentido anti-horário.
Observe-se que o defasamento angular será
sempre o mesmo para determinada forma de fechamento
das conexões dos enrolamentos. Em conseqüência, o
defasamento angular está associado ao diagrama fasorial
em função das conexões.
A tabela 4 fornece as conexões dos enrolamentos
e respectivos defasamentos angulares, conforme a Figura 6 – Conexões dos terminais do TTR às buchas de
polaridade, aplicáveis a transformadores normalizados. um transformador Dd0 sob teste.

Conexões dos Defasamento Angular 8.3 - Transformadores sem Neutro Acessível


Enrolamentos Subtrativo Aditivo
A figura 7 auxilia o entendimento das tabelas 7 e
Dd, Yy e Yz 0º ou 0 180º ou 6
8.
Dd, Yd e Yz 30º ou 1 210º ou 7
Dd e Dz 60º ou 2 240º ou 6
Dd e Dz 300º ou 10 120º ou 4
Dy, Yd e Yy 330º ou 11 150º ou 5

Tabela 4 – Conexões e Defasamento Angular

8.0 - DEFASAMENTO ANGULAR E O TTR

Como o defasamento angular e as conexões Figura 7 – Aplicações dos terminais do TTR às buchas de
estão intrinsecamente associadas com o diagrama transformadores sem neutro acessível.
fasorial, basta conhecê-lo para utilizar o TTR de forma
adequada. Observe-se que na pesquisa sobre as conexões
De forma a estabelecer os critérios de Dz, verificou-se que a aplicação do TTR resulta sempre
correlação, estabelecendo-se um amplo programa de na obtenção direta da relação de transformação, sendo
testes com um transformador religável, resultando nos que, para a obtenção da relação de espiras deve-se utilizar
procedimentos mostrados nas tabelas dadas a seguir. o fator multiplicativo de 3/2.

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Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 71
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Conexão ↓ DA → O 6
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X0 X0 X0 X0 X0 X0
Yy SP X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H0 H0 H0 H1 H2 H3
JP H1 H2 H3 H0 H0 H0
DA → 1 11 5 7
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0
Dy
SP X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H3 H1 H2 H2 H3 H1 H1 H1 H2 H1 H2 H3
JP H1 H2 H3 H1 H2 H3 H2 H3 H1 H3 H1 H2
DA → 1 11 5 7
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X2 X3 X1 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X2 X3 X1
Yd
SP X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H0 H0 H0 H0 H0 H0 H1 112 H3 H1 H2 H3
JP H1 H2 H3 H1 H2 H3 H0 H0 H0 H0 H0 HO

Tabela 5 – Aplicações dos terminais do TTR às buchas de transformadores com neutro acessível.

DA → 0 2 10
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X3 X1 X2 X2 X3 X1 X2 X3 X1
SP X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H3 H1 H2 H3 H1 H2 H2 H3 H1
JP H1 H2 H3 H1 H2 H3 H1 H2 H3
DA → 4 6 8
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X3 X1 X2 X3 X1 X2 X2 X3 X1
SP X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H1 H2 H3 H1 H2 H3 H1 H2 H3
JP H2 H3 H1 H3 H1 H2 H3 H1 H2
Tabela 6 – Aplicações dos terminais do TTR às buchas de transformadores Dd.

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Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 72
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Conexão ↓ DA → 0 6
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X3 X1 X2 X1 X2 X3
SP X1 X2 X3 X2 X3 X1
Yy
JN H2 H3 H1 H2 H3 H1
JP H1 H2 H3 H1 H2 H3
Curto Entre X2X3 X1X3 X1X2 X2X3 X1X3 X1X2
DA → 1 11 5 7
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0 X0
Dy SP X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H3 H1 H2 H2 H3 H1 H1 H1 H2 H1 H2 H3
JP H1 H2 H3 H1 H2 H3 H2 H3 H1 H3 H1 H2
Curto Entre H2H3 H1H3 H1H2 H2H3 H1H3 H1H2 H2H3 H1H3 H1H2 H2H3 H1H3 H1H2
DA → 1 11 5 7
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X2 X3 X1 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X2 X3 X1
Yd SP X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3 X1 X2 X3
JN H0 H0 H0 H0 H0 H0 H1 H2 H3 H1 H2 H3
JP H1 H2 H3 H1 H2 H3 H0 H0 H0 H0 H0 H0
Curto Entre X2X3 X1X3 X1X2 X2X3 X1X3 X1X2 X2X3 X1X3 X1X2 X2X3 X1X3 X1X2
Tabela 7 – Aplicações dos terminais do TTR às buchas de transformadores sem neutro acessível.

Conexão ↓ DA → 1 11 5 7
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X2 X1 X3 X2 X1 X3 X2 X3 X1 X1 X3 X2
SP X1 X3 X2 X3 X2 X1 X3 X1 X2 X3 X2 X1
Yy
JN H2 H1 H3 H1 H3 H1 H1 H2 H3 H1 H3 H2
JP H1 H2 H2 H3 H2 H2 H3 H1 H2 H3 H2 H1
Curto Entre H2H3 H1H2 H1H3 H1H2 H1H3 H2H3 H1H2 H2H3 H1H3 H1H2 H1H3 H2H3
DA → 0 2 10
Terminais TTR 1º 2º 3º 1º 2º 3º 1º 2º 3º
SN X3 X2 X3 X3 X2 X3 X3 X3 X2
Dy SP X2 X1 X1 X1 X1 X2 X2 X1 X1
JN H3 H3 H2 H3 H2 H3 H3 H3 H2
JP H2 H1 H1 H1 H1 H2 H2 H1 H1
Curto Entre H1H2 H2H3 H1H3 H1H2 H2H3 H1H3 H1H2 H2H3 H1H3
Tabela 8 – Aplicações dos terminais do TTR às buchas de transformadores com ligação zig-zag.

________________________________________________________________________________
Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 73
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

9.0 - MÉT0D0 DO VOLTÍMETRO E O TTR Naturalmente, a tabela 9 é válida apenas para o


transformador testado e deve ser encarada como apenas
Como verificado anteriormente o método do de caráter orientativo. A sua análise, entretanto permite
voltímetro pode acarretar em incerteza nos resultados, tecer algumas considerações de ordem geral.
enquanto o do TTR, se corretamente aplicado, é Note-se que:
considerado como bastante preciso.
Considerando-se estas premissas, efetuou-se um a) A redução da tensão no método do voltímetro
estudo comparativo de erros entre as metodologias. resulta em um aumento dos erros, apesar do
Foram consideradas as várias conexões de um tratamento estatístico dado;
transformador religável e diversos níveis de tensão no b) Mesmo à tensão plena existem desvios,
método do voltímetro. O erro (ε%) foi calculado através embora inferiores a tolerância admissível; e,
de: c) com valores inferiores a 50% da tensão
nominal, os erros tornam-se significativos para
K V − K TTR qualquer conexão.
ε% = 100 (31)
K TTR
Onde: 10.0 - CONCLUSÕES

KV - relação de transformação obtida pelo método do Os resultados obtidos permitem concluir que o
voltímetro, utilizando-se dos procedimentos descritos; método do voltímetro pode ser restritivo conforme o
KTTR - relação de transformação obtida através do uso do objetivo de se determinar a relação de tensões.
TTR. Note-se que, mesmo após tratamento estatístico,
são encontrados desvios significativos para níveis
Os resultados são apresentados na Tabela 9. reduzidos de tensão de ensaio, procedimento, este,
amplamente utilizado.
Tensão Por outro lado, verifica-se que a conexão
Aplicada Dd Dy Dz Yy Yd Yz
incorreta dos terminais do TTR às buchas de
(%UN)
transformadores trifásicos também acarretam erros
100 0,325 0,152 0,301 0,102 0,213 0,102 consideráveis na medição da relação de tensões.
75 0,731 0,66 0,707 0,102 0,315 0,609
50 1,124 0,863 1,007 1,015 0,822 0,812 A metodologia apresentada, onde são
correlacionados o defasamento angular, as conexões dos
25 1,137 1,168 1,111 1,218 1,127 1,303
enrolamentos e os terminais do TTR, permite evitar tais
Tabela 9 Erros na relação de tensão (em %)
- inconvenientes e é de fácil implementação prática.

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Capítulo 12: Medição da Relação de Transformação - 74
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

CAPÍTULO 13: PERDAS, CORRENTES DE


EXCITAÇÃO E TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO
“Quantas coisas perdemos por medo de perder.”

Paulo Coelho

RESUMO As perdas em vazio correspondem a potência


ativa absorvida por um transformador, quando alimentado
Os ensaios de perdas em vazio e totais são em tensão e freqüência nominal, achando-se o(s) outro(s)
consideradas como de rotina nas normas, bem como, a enrolamento(s) sem carga.
avaliação da impedância ou tensão de curto-circuito Por outro lado, as perdas no ferro são as maiores
porcentual. Este texto analisa as metodologias de ensaio, parcelas das em vazio. As outras são consideradas
visando fornecer subsídios para o ensaio de aquecimento. adicionais e, em geral, possuem valores insignificantes.
Desta forma, perdas em vazio e perdas no ferro
1.0 - INTRODUÇÃO são, geralmente, utilizadas como sinônimos.
As perdas no ferro são as causadas pelos efeitos
O termo perdas refere-se à potência (ou energia da histerese magnética e pelas correntes de Foucault e
elétrica) que deixa de ser utilizada pela carga. são função do valor, freqüência e forma de onda da
Há basicamente dois tipos de perdas em tensão de alimentação.
transformadores: perdas em carga (ou em curto-circuito) As perdas adicionais em vazio são aquelas
e perdas em vazio. mostradas na tabela 1, ou seja:
O principal efeito destas perdas é causar o
aquecimento do transformador. a) perdas devido ao fluxo de dispersão;
A tabela 1 mostra a classificação das perdas b) perdas devido à corrente de fuga pelo
segundo sua origem. dielétrico.
Tipo Origem Natureza Localização Além disso, há as perdas no núcleo devido às
Chapas de núcleo modificações de estrutura das chapas de aço durante seu
Histerese Parafusos e tratamento mecânico.
elementos de Estas perdas são de difícil determinação
Fluxo mútuo montagem (núcleo) analítica, porém, é comum adotar que as perdas
(ferro) Chapas de núcleo adicionais situam-se entre 15 a 20% das perdas por
Correntes de Rebarbas, histerese e Foucault no núcleo.
Foucault parafusos, etc. Além disto, ainda existem as perdas por
(núcleo) histerese e Foucault nos parafusos, rebarbas e elementos
VAZIO Corrente em de montagem.
Efeito Joule Nos enrolamentos
vazio (cobre) As perdas em carga ou em curto-circuito (Pcc)
Fluxo de Estruturas de correspondem a potência ativa absorvida quando um dos
Correntes de
dispersão fixação, tanque e
Foucault enrolamentos for percorrido por corrente nominal estando
(ferro) ferragem em geral
o outro curto-circuitado. Se o transformador possuir mais
Fluxo
que dois enrolamentos, a definição é válida para cada par,
eletrostático Histerese
e corrente de elétrica e Dielétricos
estando os outros abertos.
fuga condução As perdas em curto-circuito são as:
(isolamento) a) por efeito Joule nos enrolamentos (PJ); e,
Corrente de aquelas
Efeito Joule Enrolamentos
CURTO- carga (cobre) b) devido às correntes parasitas nos
CIRCUITO Fluxo de enrolamentos.
(carga) dispersão Efeito Joule Condutores
(cobre)
A presença de perdas por efeito Joule é
Tabela 1 – Perdas existentes no transformador, sua inevitável, naturalmente. Entretanto, é possível minimizar
origem e localização os efeitos de corrente parasitas nos enrolamentos e, em
________________________________________________________________________________
Capítulo 13: Perdas, Correntes de Excitação e Tensão de Curto-circuito - 75
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

conseqüência, reduzir as perdas correspondentes. Para Im = I0 sen ψ0 (4)


tanto, adota-se o procedimento de subdividir os
condutores, isolando-os uns dos outros, colocando-os em As perdas em vazio são:
paralelo e executando transposições em diversos pontos
durante a confecção da bobina.
Desta forma, as perdas totais são a soma das
P0 = U1 I0 cos ψ0 = U1 IP (5)
perdas em vazio e das perdas em carga.
Observa-se que, para transformadores com onde ϕ0 é a defasagem entre U1 e I0.
vários circuitos, as perdas totais são referidas a uma Naturalmente, é de interesse prático que as
combinação específica das cargas nos enrolamentos. perdas sejam as menores possíveis. Para que tal ocorra, a
corrente a vazio deve ser, em quase sua totalidade,
utilizada para magnetização do núcleo, em conseqüência:
2.0 - CORRENTE DE EXCITAÇÃO
Im >> IP (6)
A corrente de excitação, vazio ou magnetização
(I0) é a corrente de linha que surge quando em um dos Assim, o valor do ângulo ϕ0 deve ser o maior
enrolamentos do transformador for ligado a sua tensão e possível e o cosϕ0, (fator de potência em vazio) possuirá
freqüência nominal, enquanto os terminais do outro baixos valores.
enrolamento estão abertos e apresentam tensão nominal. É comum considerar-se que a corrente em vazio
Seu valor encontra-se na faixa: é igual a de magnetização, pois devido a expressão (6), o
erro cometido não é significativo.
I0 = 1 a 6 % IN (1) A corrente de excitação de um enrolamento é
freqüentemente expressa em porcentagem da corrente
A sua função é suprir as perdas do transformador nominal deste enrolamento, como feito na expressão (1).
quando opera sem carga e produzir o fluxo magnético. Em transformadores de vários enrolamentos, esta
Considerando-se estes aspectos, esta corrente porcentagem é referida ao enrolamento de potência
pode ser subdividida em duas parcelas distintas, ou seja: nominal mais elevada.
Por outro lado, em transformadores polifásicos,
a) IP - corrente ativa ou de perdas, responsável pelas as correntes de excitação nos vários terminais de linha
perdas no núcleo e está em fase com a tensão aplicada podem ser desiguais, neste caso. é comum admitir que a
no primário U1 corrente de excitação é a média aritmética destas
b) Im - corrente magnetizante ou reativa, responsável pela correntes.
criação do fluxo magnético (φm) e está atrasado de 90º No transformador trifásico, por exemplo, tem-se:
em relação U1. I0 A + I 0 A + I 0 A
I0 = (7)
A figura 1 esclarece o citado. 3
onde,
I0A, I0B e I0C - são as correntes em vazio de cada fase.

3.0 - TENSÃO DE CURTO-CIRCUITO

A NBR-5356/1981 define como tensão de curto-


circuito como: a “tensão que aplicada entre os terminais
de linha de um transformador polifásico ou entre os
terminais de um transformador monofásico, sob
freqüência nominal, com o outro enrolamento curto-
circuitado e os demais, se houverem, em circuito aberto e
Figura 1 - Diagrama fasorial do transformador em vazio que faça circular no primeiro enrolamento uma corrente
correspondente a menor das potências nominais da
Do diagrama, tem-se: combinação em relação à respectiva derivação”.
A tensão de curto-circuito (UCC), em geral, é
expressa em porcentagem da nominal do enrolamento
I 0 = I P2 + I m2 (2) correspondente, ou seja:
e U CC
100 U CC % = (8)
IP = I0 cos ψ0 (3) UN
________________________________________________________________________________
Capítulo 13: Perdas, Correntes de Excitação e Tensão de Curto-circuito - 76
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

Por outro lado, a relação entre as perdas em Adicionalmente, é possível determinar o fator de
carga (PCC) e potência nominal (SN) fornece a resistência potência em Vazio e os chamados parâmetros do ramo
percentual do transformador, qual é a parcela resistiva da magnetizante.
impedância de curto-circuito, ou seja:
4.2 - Considerações Gerais
PCC
R% = 100 (9) Conforme a NBR-5380/1982, as perdas em
SN vazio e a corrente de excitação devem ser referidas a uma
tensão senoidal pura (ou seja, isenta de harmônicos) com
Com o conceito de impedância admite a fator de forma 1,11.
existência de resistência e reatância, tem-se que a Observe-se que o fator de forma é definido por:
reatância percentual (X%) do transformador é:
U ef
2 2 Ff = (15)
X % = Z % − R% (10) U med

X% >> R% (11) onde:

então: Uef - valor eficaz da tensão,


Umed - valor médio da tensão.
X% = Z% (12)
Desta forma, torna-se necessária a utilização de
Deve-se observar que R% varia com a dois voltímetros, sendo um para valores eficazes e. outro.
temperatura e X% não varia. Assim, quando se deseja para valores médios.
converter a impedância de curto-circuito de uma O ensaio pode ser feito em qualquer dos
temperatura θ para outra temperatura de referência θR enrolamentos (TS, TI ou outros, se existirem), porém o
tem-se: mas conveniente é o de menor tensão. por facilidade na
medição. A freqüência deve ser a nominal do
transformador.
Z θR % = Z θ2 % + Rθ2 %( K θ − 1 ) (13)
4.3 - Execução do ensaio
onde:
a) conectar os aparelhos e transformador como nas
ZθR% - impedância porcentual na temperatura de figuras 2 e 3, utilizando-se de TP’s e/ou TC’s,
se necessário;
referência (θR)
Zθ% - impedância porcentual na temperatura θ
Rθ% - resistência porcentual na temperatura θ

K + θR
Kθ = (14)
K +θ
sendo,

K = 234,5 para enrolamento de cobre, e


K = 225 para os de alumínio. Figura 2 - Conexões para transformadores monofásicos

4.0 ENSAIO EM VAZIO

4.1 Objetivo

O ensaio em vazio de transformadores tem como


finalidade a determinação de:

a) perdas em Vazio (P0);


b) corrente de excitação (I0). Figura 3 - Conexões para transformadores trifásicos

________________________________________________________________________________
Capítulo 13: Perdas, Correntes de Excitação e Tensão de Curto-circuito - 77
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

b) alimentar o transformador com o valor da a) perdas em carga;


tensão nominal, porém lido no voltímetro de b) tensão de curto-circuito e parâmetros
valor médio. A freqüência deve ser a nominal; porcentuais.
c) anotar os valores das potências, correntes e
valores de tensão eficaz e média, se o 5.2 Considerações Gerais
transformador for monofásico;
d) se o transformador for trifásico, tomar três pares Conforme estabelece a NBR-5380/1982 que este
de leituras separadas, permutando ciclicamente ensaio deve ser feito à freqüência nominal e que os
as ligações das fases, por exemplo, para os condutores utilizados para curto-circuitar o transformador
terminais da fonte (A,B,C) e do transformador devem ter seção igual ou superior a dos seus respectivos
(R,S,T) indicados na figura 3, pode-se ter: terminais, e devem ser tão curtos quanto possível e
afastados de massas magnéticas.
- 1ª posição: A com R, B com S, C com T As medições devem ser efetuadas rapidamente a
- 2ª posição: A com R. B com T. C com S intervalos suficientes para que a elevação de temperatura
- 3ª posição: A com S, B com R, C com T não cause erros significativos.
Os instrumentos podem ser ligados a qualquer
Neste caso, a potência em cada posição será a dos enrolamentos, porém é mais conveniente que o sejam
soma das leituras dos wattímetros W1 e W2 e as no de maior tensão, o curto deve ser efetuado no de
perdas em vazio, a média aritmética das três menor tensão. Se houver mais de dois enrolamentos
somas: envolvidos, os mesmos devem ficar abertos.

e) para os transformadores trifásicos, a medição da 5.3 Execução do Ensaio - Transformadores com


corrente de excitação deve ser feita como Dois Circuitos
segue:
a) medir a temperatura dos enrolamentos (θ1),
- tensão de alimentação no valor nominal ajustado conforme especificado no texto sobre
pelo voltímetro de valor médio (V1). A “Resistência dos enrolamentos”;
corrente será a média da leitura dos b) conectar os instrumentos ao transformador
amperímetros nas três fases. ou seja: como nas figuras 4 e 5, utilizando-se de TP’s
e/ou TC’s, se necessário;
I0 R + I0 S + I0T
I 01 = (16)
3
- tensão de alimentação no valor nominal ajustado
pelo voltímetro de valor eficaz (V2) A corrente
será a média da leitura dos amperímetros nas
três fases, ou seja:

I 0 R + I0 S + I0T
I 02 = (17)
3 Figura 4 - Conexões para o transformador monofásico

- se a leitura dos dois voltímetros não diferirem


entre si em mais de 10% a corrente de
excitação será:

I 01 + I 02
I0 = (18)
2
Figura 5 - Conexões para o transformador trifásico
5.0 ENSAIO EM CURTO-CIRCUITO
c) aplica-se uma tensão reduzida para que circule a
5.1 Objetivo corrente nominal;
d) tomam-se as leituras, simultaneamente, de
O ensaio em curto-circuito permite a obtenção corrente, tensão e potência. Nos
dos valores de: transformadores trifásicos, a potência

________________________________________________________________________________
Capítulo 13: Perdas, Correntes de Excitação e Tensão de Curto-circuito - 78
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

absorvida será a soma algébrica das indicações PAD


W1 e W2, ou seja: PADθR = (25)

Pm = W1 + W2 (19)
sendo Kθ dado pela expressão (14).
A tensão lida será a tensão de curto-circuito (UCC)
e a potência (Pm), as perdas em carga (PCC) Assim, as perdas em carga na temperatura de
acrescidas da carga dos aparelhos de medição; referência, são:
e) desliga-se o transformador e, com a mesma
PCC = PJθR + PADθR (26)
tensão, executar nova leitura de potência, esta
será a carga dos aparelhos (Pap). A potência
Naturalmente, para o cálculo dos parâmetros
realmente absorvida pelo transformador é:
porcentuais, deve-se utilizar o valor dado em
(26).
PCC = Pm - Pap (20)
h) nos casos em que não for possível realizar-se o
f) novamente determinar a temperatura dos ensaio com corrente nominal, o valor da
enrolamentos (θ2) impedância de curto-circuito e das perdas em
A temperatura do ensaio é considerada como: carga devem ser corrigidos como segue:

θ1 + θ2 Ie
θ= (21) Z% = Ze% (27)
2 IN
g) as perdas devem ser corrigidas para a Ie
PCC % = PCCe % (28)
temperatura de referência (θR), entretanto, as IN
componentes das perdas em carga, ou seja, as
ôhmicas (PJ) e as adicionais (PAD) variam onde:
diferentemente com a temperatura. As perdas ZCCe% - impedância obtida nas condições de
ôhmicas aumentam com a temperatura e as ensaio
adicionais diminuem, conforme citado na PCCe - perdas obtidas nas condições de
NBR-5380/1982. Desta forma, é importante ensaio
separá-las e efetuar as correções Ie - corrente de ensaio
independentemente. Z%- impedância corrigida para as condições
As perdas ôhmicas são calculadas por (22), ou nominais
seja: PCC - perdas corrigidas para as condições
nominais
PJ = (R1I12 + R2I22).m (22) IN - corrente nominal,
Naturalmente, após executadas estas correções
onde: devem ser efetuadas as de temperatura.
R1 e R2 são as resistências medidas dos
enrolamentos; 6.0 CUIDADOS PRÁTICOS E OBSERVAÇÕES
I1 e I2 são as correntes com as quais foi feito o
ensaio; a) Sempre que possível devem ser utilizados
m = 1, para transformadores monofásicos; wattímetros com baixo fator de potência (5%
m = 3, para transformadores trifásicos. ou 10%);
b) Em um outro transformador com terciário, as
Ainda, para os transformadores trifásicos, deve-se perdas P1CC, P2CC e P3CC, não possuem
atentar para a ligação dos enrolamentos, pois significado individualmente, podendo mesmo
na ligação delta, a corrente medida (linha) será assumirem valores negativos. Mesmo neste
maior que a de fase. caso, sua soma corresponde,
Desta forma, as perdas adicionais são: aproximadamente, à perda ou carga do
transformador;
PAD = PCC - PJ (23) c) Em transformadores com mais de três
circuitos, estes devem ser tomados aos pares,
Efetuando-se as correções, tem-se: seguindo-se o principio do método
especificado para os transformadores de três
PJθR = Pk Kθ (24) circuitos;
________________________________________________________________________________
Capítulo 13: Perdas, Correntes de Excitação e Tensão de Curto-circuito - 79
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

d) A norma NBR 5440/1984 fornece os valores Corrente Perdas Perdas Tensão de


limites das perdas, corrente de excitação e Potência de em vazio totais curto-circuito
tensões de curto-circuito para transformadores (kVA) excitação máxima máxima (impedância)
trifásicos de tensões máximas do equipamento (%) (W) (W) a 75º C (%)
de 15 kV e de 25,8 a 38 kV. 3 6.0 50 125
5 5.0 60 180
Tensão de 10 4.2 85 300
Corrente Perdas Perdas
curto-
Potência de em vazio totais 15 3.8 105 410 3.0 (p/ 38 kV)
circuito
(kVA) excitação máxima máxima 25 3.3 150 600
(impedância)
(%) (W) (W) 37.5 3.0 205 810 2.5 (p/ 25.8 kV)
a 75º C (%)
15 5.0 120 460 50 2.8 255 1010
30 4.3 200 770 75 2.2 290 1300
45 3.9 260 1040 100 1.6 350 1600
3.5
75 3.4 390 1530 Tabela 5 – Valores garantidos de perdas, correntes de
112.5 3.1 520 2070 excitação e tensões de curto-circuito em transformadores
150 2.9 640 2550 monofásicos de tensão máxima do equipamento de 25.8 a
225 2.6 900 3600 38 kV.
4.5
300 2.4 1200 4480
e) As tolerâncias admitidas para valores obtidos
Tabela 2 – Valores garantidos de perdas, correntes de nos ensaios em relação aos declarados pelos
excitação e tensões de curto-circuito em transformadores fabricantes são:
trifásicos de tensão máxima do equipamento de 15 kV. e.1) Para impedância de curto-circuito:
Tensão de - transformadores de dois circuitos: ±7.5%
Corrente Perdas Perdas - transformadores de três ou mais circuitos:
curto-
Potência de em vazio totais
(kVA) excitação máxima máxima
circuito ±10%
(impedância) - transformadores com enrolamentos em zig-
(%) (W) (W)
a 75º C (%) zag: ±10%
15 6.0 130 520
- autotransformadores: ±10%
30 5.0 215 860
e.2) Para as perdas:
45 4.5 290 1160
4.0 Número de unidades de Base de Perdas %
75 4.0 425 1700
cada ordem de compra determinação Vazio Totais
112.5 3.6 575 2300
150 3.3 715 2860 1 1 unidade 10 6
225 3.0 970 3880 2 ou mais Cada unidade 10 6
5.0 Média de todas as
300 2.8 1200 4800 2 ou mais 0 0
unidades
Tabela 3 – Valores garantidos de perdas, correntes de Tabela 6 – Tolerância nas perdas de transformadores
excitação e tensões de curto-circuito em transformadores
e.3) Para a corrente de excitação:
trifásicos de tensão máxima do equipamento de 25,8 a 38
A tolerância é de 20% do valor declarado.
kV.
f) Para fins de orientação, a tabela 7 fornece os
Corrente Perdas Perdas
Tensão de valores típicos de impedância em função da
curto- potência dos transformadores de dois circuitos
Potência de em vazio totais
circuito (os mostrados nas tabelas 3 e 6 são
(kVA) excitação máxima máxima
(impedância) específicos).
(%) (W) (W)
a 75º C (%)
3 5.2 45 120 Potência Nominal P Impedância de
5 4.2 55 165 kVA curto-circuito %
10 3.5 70 270 P ≤ 630 4.0
15 3.2 100 370 630 < P ≤ 1250 5.0
25 2.8 140 540 2.5 1250.< P ≤ 3150 6.0
37.5 2.5 190 730 3150 < P ≤ 6300 7.0
50 2.3 220 860 6300 < P ≤ 12500 8.0
75 2.1 270 1200 12500 < P ≤ 25000 10.0
100 2.0 330 1550 25000 < P ≤ 2000000 12.0
Tabela 4 – Valores garantidos de perdas, correntes de Nota: No caso de unidades monofásicas ligadas em banco trifásico, o
valor da potência nominal aplica-se ao banco trifásico.
excitação e tensões de curto-circuito em transformadores
monofásicos de tensão máxima do equipamento de 15 Tabela 7 - Valores típicos de impedância de curto-
kV. circuito de transformadores de dois enrolamentos
________________________________________________________________________________
Capítulo 13: Perdas, Correntes de Excitação e Tensão de Curto-circuito - 80
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

CAPÍTULO 14: AQUECIMENTO E ELEVAÇÃO DE


TEMPERATURA
“Uma vela nada perde, com sua chama, se acende uma outra que está apagada.”

Dinamor

RESUMO 1.0 - INTRODUÇÃO

O aquecimento é um dos fatores mais Quando o transformador opera em carga surgem


importantes na operação de equipamentos elétricos, pois as perdas em vazio, nos enrolamentos, e adicionais
define os seus limites de trabalho e a vida útil do gerando calor e, consequentemente, elevando a
isolamento. Este texto fornece o procedimento para temperatura dos enrolamentos. núcleo e panes metálicas.
avaliar as elevações de temperatura dos enrolamentos, Desta forma, as diversas normas internacionais
propiciando, assim, subsídios para avaliar o carregamento estabeleceram limites de temperatura admissível para os
dos transformadores. transformadores, os quais são relacionados na Tabela 1,
conforme especifica a ABNT através da norma NBR
5356/81.

Limites de Elevação de Temperatura (A)


Dos enrolamentos Do óleo Das partes metálicas
Método da variação da
Tipos de resistência Em contato Não em
Transformadores Circulação do com a isolação contato com a
Do ponto
óleo natural o Circulação sólida ou isolação sólida
mais quente
forçada sem forçada com adjacente à ou adjacente à
fluxo de óleo fluxo “dirigido” mesma mesma
rígido
Sem Não devem
conservador A temperatura
55 60 65 50 (D) atingir
ou gás inerte não deve
temperaturas
acima do óleo atingir, em
Em óleo superiores à
nenhum caso,
Com 55 (C) máxima
55 60 65 valores que
conservador especificada
venham
ou gás inerte 65 (C)(D) para o ponto
35 (D) 70 (D) 80 (D) danificar estas
acima do óleo mais quente
partes, outras
65 65 - da isolação
partes ou
90 90 - adjacente ou
Secos materiais
115 115 - em contato
adjacentes
140 140 - com esta

(A) - Os materiais isolantes, de acordo com experiência, prática e ensaios, devem ser adequados para o limite de
elevação de temperatura em que o transformador é enquadrado.
(B) - Medida próxima a superfície do óleo.
(C) - Medida próxima a parte superior do tanque, quando tiver conservador, e próxima à superfície do óleo, no caso de
gás inerte.
(D) - Quando for utilizada isolação de papel, este deverá ser termoestabilizado.

Tabela 1 Limites de Elevação de Temperatura


-

________________________________________________________________________________
Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 81
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

De forma a manter a temperatura das partes


dentro dos limites estabelecidos, evitando um De acordo com a citada norma, os
sobreaquecimento, utilizam-se diversos tipos de fluidos transformadores devem ser designados por um grupo de
refrigerantes, tais como óleo mineral, askareis e outros, quatro símbolos para cada método de resfriamento,
bem como vários sistemas para a transmissão de calor. excetuando-se os transformadores secos, sem invólucro
Um aquecimento excessivo resulta na protetor, que devem ser designados por dois símbolos,
diminuição do rendimento e da vida útil do isolamento. somente, para cada meio de resfriamento em contato com
Desta forma, a temperatura está intimamente ligada com os enrolamentos ou, no caso de enrolamentos revestidos
as perdas no transformador, ou seja, quanto maior as com material isolante (por exemplo, resina epoxi) com a
perdas, maior aquecimento (ou vice-versa) e menor superfície de revestimento.
rendimento; naturalmente, este fato se traduz na limitação A ordem na qual os símbolos devem ser
da potência possível a ser extraída do aparelho, ou seja, utilizados é indicada na Tabela 3.
afeta a capacidade de carga do transformador. Por outro
lado, o envelhecimento ou deterioração (“aging”) do 1ª Letra 2ª Letra 3ª Letra 4ª Letra
isolante é função do tempo e da temperatura. Sabe-se que Indica o meio de
nos transformadores, a distribuição de temperatura não é Indica o meio de
resfriamento em contato
uniforme e as partes que operam sob a mais alta resfriamento em contato
com o sistema de
temperatura sofrerá maior deterioração; desta forma, é com os enrolamentos
resfriamento externo
comum considerar-se a temperatura mais alta (ou seja,
dos enrolamentos) em estudos sobre o envelhecimento de Natureza do Natureza do
Natureza de Natureza da
isolantes. Não é possível predizer com precisão absoluta a meio de meio de
circulação circulação
vida de um isolante, mesmo sob condições de controle resfriamento resfriamento
excepcionais, por não estarem devidamente estabelecidos
os efeitos acumulados de temperatura e de tempo em sua Tabela 3 - Ordem dos símbolos, conforme a NBR
perda de vida. A experiência mostra que a vida do 5356/81 (ABNT)
isolante reduz-se à metade a cada 8º C de
sobretemperatura em operação contínua, mais Por exemplo, um transformador imerso em óleo
recentemente, é aceito que a citada deterioração é uma com resfriamento e circulação de óleo natural é
função exponencial da temperatura absoluta. designado por ONAN, um transformador seco, sem
invólucro protetor ou com invólucro ventilado e
resfriamento natural a ar, é designado AN. Para um
2.0 - REFRIGERAÇÃO transformador seco, com invólucro protetor não ventilado
e resfriamento natural a ar interno e externamente é
Pelo exposto no tópico anterior, nota-se a ANAN.
extrema importância da refrigeração, de modo a Os métodos para resfriamento mais comuns são
minimizar os problemas de aquecimento. os seguintes:
Desta forma, a NBR 5356/81 estabelece que os
transformadores devem ser designados de acordo com o ONAN, ONAN/ONAF, ONAN/ONAF/ONAF, OFAF,
método de resfriamento empregado. Os símbolos literais OFWF, ODAF, ODWF, ONAN/OFAF/OFAF,
correspondentes a cada método de resfriamento são os OJVAN/ODAF/ODAF, AN e ANAN.
indicados na Tabela 2.
Alguns destes processos são rapidamente analisados a
Natureza do Meio Ambiente Símbolo seguir.
Óleo O
Líquido isolante sintético não inflamável L 2.1 - Transformador Imerso em Óleo com
Resfriamento e Circulação de Óleo Natural
Gás G (ONAN)
Água W
Ar A O fluido refrigerante mais empregado
Natureza da Circulação Símbolo atualmente é o óleo mineral, que deve possuir alta rigidez
Natural N dielétrica (também servirá como isolante), baixa
viscosidade, baixo ponto de congelamento, alto ponto de
Forçada (no caso de óleo, fluxo não dirigido) F inflamação (para não atear-se fogo facilmente) e não deve
Forçada (com fluxo de óleo dirigido) D ter, sob hipótese alguma, ácidos corrosivos, alcalis e
enxofre que danifiquem seriamente núcleo e isolamento,
Tabela 2 Símbolos Literais Conforme NBR 5356/81
- além de impedir a transmissão de calor de maneira

________________________________________________________________________________
Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 82
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

eficiente. Ainda é necessário que não haja umidade no 2.4 - Transformadores em Óleo, Resfriamento com
óleo, pois partículas de água em suspensão diminuem sua Circulação Forçada
rigidez dielétrica, fato que poderá tornar-se
excessivamente perigoso para tensões elevadas. O óleo é bombeado para radiadores externos ao tanque
Neste processo de resfriamento, o óleo em refrigerados ou não à água. Podem ser OFWF, ODWF e
contato com a parte ativa aquece-se e torna-se menos outros.
denso que o resultante. O óleo mais leve (mais quente) A quantidade de óleo necessária aos
desloca-se para cima, forçando o óleo mais frio (menos transformadores refrigerados por este processo e,
denso) deslocar-se para baixo no tanque (carcaça); assim, aproximadamente, a metade que o equivalente ONAN
estabelece-se uma circulação de óleo, tendo no centro do com mesma potência.
transformador correntes ascendentes e correntes
descendentes nas proximidades das paredes. O óleo 2.5 - Outros Métodos
central retira o calor da parte ativa e as correntes
descendentes o transmitem para o ambiente (convecção Os métodos restantes utilizando líquidos para
natural). Deve-se lembrar que, para que o calor seja refrigeração, são derivações dos três apresentados acima.
retirado da parte ativa, é preciso que estas possuam
temperaturas superiores às das paredes e assim transmiti- 2.6 - Transformadores a Seco (AN ou ANAN)
lo ao ambiente. O núcleo é diretamente exposto trocando calor
Naturalmente, a refrigeração é eficiente quando com o ar. Transformadores com este tipo de resfriamento
o calor transmitido pelas paredes deixa a temperatura da oferecem muitas vantagens sobre os imersos em óleo.
parte ativa dentro dos limites especificados. Eles são interessantes para instalações interiores pela sua
A maioria dos transformadores de distribuição e segurança e por não poderem explodir, não possuem
grande parte dos de potência são resfriados desta forma. gases tóxicos e as probabilidades de fogo são mínimas.
Em transformadores pequenos (até 25 kVA) um tanque Por outro lado, possuem o inconveniente de que
liso possuí superfície suficiente para resfriá-los. Nos seu tamanho é maior que os submersos em óleo da
tamanhos médios entre 30 e 100 kVA, a parede pode ser mesma capacidade (maior área de dissipação).
corrugada ou com aletas, ou ainda, paredes lisas com
tubos verticais, aumentado a superfície dissipadora. Em
transformadores maiores utiliza-se radiadores dispostos 3.0 - ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA
por todo o tanque, com a superfície necessária para o
resfriamento. O ensaio de elevação de temperatura visa
determinar se o transformador, ao funcionar, não ficará
sujeito à temperaturas situadas acima de limites que
2.2 - Transformador Imerso em Óleo com Circulação prejudiquem o seu funcionamento ou que possam
Natural de Óleo e Opção para Resfriamento danificá-lo.
Através de Ventilação Forçada (ONAN/ONAF) Os limites de elevação de temperatura são
aqueles dados na tabela 1.
O processo é basicamente o mesmo do caso Observando-se a citada tabela, verifica-se que os
anterior, exceto por utilizar grande número de limites de elevação de temperatura são diferentes para o
ventiladores montados sob os radiadores e acionados por óleo e enrolamentos, já que estes se aquecem mais
motores controlados por termostatos. intensamente.
Ao serem utilizados consegue-se um aumento de Desta forma, para fins de determinar a elevação
potência com o mesmo aquecimento; ainda é possível ter- de temperatura dos enrolamentos sobre o ar ambiente, é
se três valores diferentes: a primeira ONAN. a segunda necessário obter-se a temperatura do óleo isolante, a qual
com uma bateria de ventiladores (ONAN/ONAF) e a pode ser:
terceira com outra bateria de ventiladores a) o valor da temperatura média do óleo;
(ONAN/ONAF/ONAF). b) o valor da temperatura do topo do óleo.
2.3 - Transformadores em Óleo, Resfriamento a A NBR 5380/1982 sugere que, quando da
Água (ONWN) execução do ensaio for necessário utilizar corrente
inferior á nominal, seja utilizado o método da temperatura
Este é um processo muito eficiente, consistindo- média do óleo.
se na colocação de serpentinas junto às paredes do A temperatura do topo do óleo pode ser
transformador ou na parte superior do tanque, nas quais considerado como o resultado da medida executada
circula água: o óleo cede calor à água, refrigerante a parte através de um termômetro ou par termelétrico imerso até
ativa. no máximo 5 cm de profundidade em relação ao nível do
Utilizado em grandes transformadores, vem óleo. Naturalmente, se o transformador possuir tanque de
sendo abandonado atualmente. óleo, o termômetro deve ser inserido neste.
________________________________________________________________________________
Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 83
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

O valor da temperatura média do óleo é a 5.3 - Método do Circuito Aberto


diferença entre a temperatura no topo do óleo e metade da Neste método aplica-se uma tensão de tal ordem
queda da temperatura nos trocadores de calor. a um dos enrolamentos, estando o outro aberto, que as
perdas em vazio sejam iguais às em plena carga.
Observe-se que o mesmo efeito pode ser obtido
4.0 - TEMPERATURA AMBIENTE se forem aplicadas tensões normais com freqüências
reduzidas, pois o fluxo será maior, aumentando as perdas
A temperatura ambiente é dada pela média das em vazio.
leituras obtidas num termômetro, colocado em um Este método pode implicar em aplicar grandes
recipiente cheio de óleo, que deve ser posto próximo do tensões, acima da nominal.
transformador, porém de maneira a não sofrer influência
do calor irradiado do mesmo. O termômetro também não 5.4 - Método do Curto-Circuito
deve receber correntes de ar.
Para efeito de ensaio, a temperatura ambiente Dos métodos indiretos previstos pelas normas
será tomada como a média das leituras, em intervalos de para determinar o aquecimento do óleo e dos
tempo iguais, durante o último quarto do período de enrolamentos de transformadores de potência nas
duração da experiência. condições normais de plena carga, o do curto-circuito é
No caso de o transformador ser com refrigeração de uso mais difundido, cujos resultados tem sido aceitos.
forçada, a água ou a ar, a temperatura a ser medida será a quer pelos fabricantes, quer pelos usuários.
de entrada e saída dos mesmos, acompanhada de medidas O único inconveniente que o processo apresenta refere-se
de vazão. à concentração das perdas totais em uma única parte (nos
Deve-se tomar o máximo cuidado na leitura enrolamentos). Este fato leva a uma distribuição interna
dessas temperaturas para se evitarem erros. Se a da temperatura, diferente da que ocorreria em condições
temperatura ambiente estiver entre 10º C e 40º C, não normais de funcionamento. Entretanto, com já disse, os
serão necessárias as correções de ensaio. Fora desses resultados são aceitos devido à precisão que oferecem.
limites, devem ser introduzidos fatores de correção. A técnica empregada consiste em se colocar um
dos enrolamentos em curto-circuito e no outro aplicar
uma tensão tal que produza, nos enrolamentos, correntes,
5.0 - MÉTODOS DE CARGAS que pelo efeito Joule seriam as responsáveis pela geração
de calor. As perdas devem corresponder a mesma
Para obter-se o aquecimento causado pela dissipada em condições normais de funcionamento.
operação normal do transformador, pode-se utilizar Observe-se que. normalmente, o ensaio é feito
métodos de carga efetiva, oposição e de curto-circuito. no tap de menor tensão.
Alternativamente, é possível utilizar-se do método do
circuito aberto.

5.1 - Método da Carga Efetiva

Neste método, um enrolamento do


transformador é excitado com tensão nominal, estando o
outro ligado com uma carga adequada de modo a circular
a corrente nominal em ambos os enrolamentos. Figura 1 - Método do Curto-Circuito - Transformador
Este método é o que fornece maior precisão, entretanto e, Trifásico
conforme o exposto, é praticamente impossível de ser
executado em transformadores de média e grande
potência. 6.0 – ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA -
TRANSFORMADORES EM ÓLEO
5.2 - Método da Oposição
Para os transformadores imersos em óleo, o
Neste método, o transformador sob ensaio é método mais utilizado para a avaliação de elevação de
ligado em paralelo com outro transformador. Ambos são temperatura é o do curto-circuito, como já citado. Sendo
excitados com tensão nominal do primeiro para suprir as assim, observando o exposto, anota-se:
perdas em vazio. Uma segunda fonte C.A. é ligada ao a) a elevação de temperatura do topo do óleo sobre
outro enrolamento com uma tensão tal que produza as a temperatura do meio de resfriamento
correntes nominais para suprir as perdas nos externo;
enrolamentos. b) a elevação de temperatura média do óleo sobre
Como se observa, este método também é pouco a temperatura do meio de resfriamento externo,
prático. quando este método for utilizado.
________________________________________________________________________________
Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 84
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

O ensaio deve ser continuado até serem Instante Resistência X1, X2 Resistência H1, H2
satisfeitos um dos seguintes requisitos: [min] [ Ω] [ Ω]
1.30 0.0375 139
a) a elevação de temperatura não for inferior a 3º 1.45 0.0375 139
C em 1h; 2.00 0.0370 138.7
b) a elevação de temperatura no topo do óleo não 2.15 0.0370 138.6
varia mais de 1º C, durante três horas 2.30 0.0370 138.6
consecutivas.
2.45 0.0370 138.6
3.00 0.0370 138.6
Após atingida esta condição, reduz-se a corrente RCABO = 0.008 [Ω] RCABO = 0.008 [Ω]
no enrolamento ao seu valor nominal durante 1 hora,
Temperatura na superfície do óleo no início das medições = 74.3º C
registrando-se a temperatura no topo do óleo ou a Temperatura ambiente no instante do desligamento = 22º C
temperatura no topo do óleo ou a temperatura do óleo,
conforme o método utilizado. Tabela 5 – Resistência a quente – Transformador de 30
kVA
A seguir, desliga-se o transformador, a
circulação de água e a ventilação, se houverem. No caso 6.1 – Verificação do Gradiente de Temperatura Óleo -
Ambiente
da existência de bombas de óleo é indiferente se
continuem ou não funcionando. Mede-se as resistências
dos enrolamentos. O tempo entre o desligamento e a Baseando-se nos dados obtidos é possível traçar
medida da resistência deve ser a menor possível, no a curva de elevação de temperatura do óleo. A figura 2
máximo de 4 minutos. mostra os resultados com os dados da tabela 4.

As tabelas 4 e 5 mostram, respectivamente, os


registros da medição de temperatura e resistência para um
transformador de 30 kVA submetido ao ensaio.

Temperatura Temperatura Gradiente de


Horário na Superfície ambiente temperatura
do Óleo [ºC] média θ2 [ºC] θ1 - θ2 [ºC]
10:00 26,0 22,0 4,0
10:30 32,1 22,8 9,3
11:00 38,0 23,4 14,7
11:30 43,4 23,9 19,6
12:00 47,7 24,3 23,5
12:30 51,3 24,4 26,9
13:00 55,5 24,8 30,7
13:30 58,8 25,5 33,4
14:00 61,9 25,5 36,5 Figura 2 - Curva de elevação de temperatura do óleo
14:30 64,8 26,2 38,6
15:00 67,0 26,3 40,7 Conhecendo-se a temperatura máxima do óleo
15:30 69,3 26,6 42,7 θmax), determina-se o gradiente de temperatura óleo-

ambiente. Este valor deve ser comparado com o
16:00 71,2 26,3 44,9 normalizado, o qual é transcrito na Tabela 1, desta
16:30 72,5 25,4 47,1 comparação tem-se a aprovação ou não do transformador
17:00 74,0 25,0 49,1 sob o ponto de vista do aquecimento.
17:30 75,1 24,0 51,2 6.2 - Verificação do Gradiente de Temperatura
18:00 75,5 23,5 52,1 Enrolamentos-Ambiente

Tabela 4 - Elevações de Temperatura - Transformador de Ao se medir a resistência a quente dos


30 kVA enrolamentos, após o desligamento do transformador, tal
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Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 85
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

valor já será menor que o do exato instante do θ, θ0 - temperaturas correspondente a R e a R0,


desligamento. Isso porque, por mais rápido que se faça a respectivamente, em grau Celsius
medida após o desligamento, os enrolamentos já teriam R0 - resistência a quente em Ω
sua temperatura um pouco diminuída, conforme pode ser K0 - 234,5 para cobre e 225 para o alumínio
verificado na tabela 5 para um caso real. Assim, para a
determinação da resistência a quente, é necessária a Para o exemplo citado, utilizando-se
introdução de algumas correções. extrapolação, obteve-se os seguintes resultados:
A correção mais usada é a extrapolação gráfica, a) Resistência da TI (X1X2) no instante do
a qual é descrita a seguir. desligamento = 0,31 [Ω]; temperatura do
enrolamento de TI no instante do desligamento
Tomam-se varias medidas da resistência com = 97,86 [ºC];
tempos iguais ao tempo decorrido entre o desligamento e b) Resistência da TS (H1H2) no instante do
a primeira medida. Procura-se efetuar o maior número de desligamento = 139 [Ω], temperatura do
medidas dentro de 4 minutos. Com esses valores é enrolamento de TS no instante do
traçada uma curva da variação da resistência com o desligamento = 78,06 [ºC].
tempo, conforme se ilustra na Figura 3.

7.0 - OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O


ENSAIO DE AQUECIMENTO

a) No caso de transformadores de vários


enrolamentos, nos quais mais de dois
enrolamentos podem ser submetidos à carga
simultaneamente, em operação, os ensaios de
elevação de temperatura devem normalmente
ser executados sobre os enrolamentos tomados
aos pares separadamente;
b) Os transformadores a seco podem ser ensaiados
por um dos métodos já descritos ou pelo
chamado “método de excitação e perdas em
carga independentes”; este método visa a
obtenção das elevações de temperatura dos
enrolamentos em dois ensaios independentes
sendo um com aplicação das perdas em carga e
outro com as perdas em vazio;
Figura 3 - Processo gráfico para a determinação da As elevações de temperatura dos enrolamentos são
resistência para t = 0 obtidos:

Para a obtenção da resistência no exato instante b.1) T1 após o aquecimento obtido com a
do desligamento, determinam-se as variações de aplicação da corrente nominal do
resistência ∆R1 = (R1 - R2), ∆R2 = (R2 – R3), ∆R3 = (R3 – enrolamento, estando o outro enrolamento
R4) e ∆R4 = (R4 – R5) que são colocadas no gráfico, curto-circuitado;
conforme mostra a figura 6. Unindo-se os ponto P1, P2, P3 b.2) T2 após o aquecimento obtido com a
e P4, obtém-se a reta xy. Por P3, traça-se uma paralela a aplicação da tensão nominal do
P4R1, determinando no eixo das resistências o valor Rθ, enrolamento, estando o outro enrolamento
que é a resistência no instante do desligamento. em circuito aberto.

Com o valor da resistência a frio, da respectiva A elevação de temperatura total do enrolamento T


temperatura ambiente e da resistência a quente corrigida, é calculada pela seguinte fórmula:
calcula-se a temperatura dos enrolamentos com o 0.8
transformador operando em regime nominal por:   T 1.25 
T = T1 1 +  2   (2)
Rθ   T1  
θ= ( k + θ0 ) − k (1)
R0 c) O ensaio de aquecimento é virtualmente
impossível de ser realizado por apenas uma
sendo: pessoa;

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Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 86
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte III: Ensaios em Transformadores

d) Para evitar aquecimento, os transformadores do trocador não compromete a rigidez


normalmente possuem tanques de ferro com dielétrica do isolante propriamente dita.
superfície corrugada para aumentar a área de e) Os materiais isolantes elétricos são classificados
dissipação do calor. em classes de temperatura, definidas pela
Quando isso se torna insuficiente, são temperatura limite atribuída a cada uma,
acrescentados tubos ou radiadores. Nestes, o conforme mostra a Tabela 7.
óleo pode sofrer processo de convecção natural
ou forçada.
Utilizam-se igualmente ventiladores externos.
alimentados pelo serviço auxiliar da usina, Classe Temperatura Limite Atribuída (º C)
com a finalidade de aumentar a potência
extraível do transformador. Y 90
Em grandes subestações abrigadas utilizam-se A 105
transformadores com dois óleos isolantes E 120
distintos. O primeiro, chamado de “óleo vivo” B 130
é o que isola a máquina propriamente. O F 155
segundo, chamado de “óleo morto”, tem por
finalidade levar o calor para a parte externa da H 180
subestação, onde existe um trocador de calor. C maior que 180
Tal sistema é mais confiável, pois um
vazamento de água na tubulação da serpentina Tabela 7 - Classes de temperatura de materiais isolantes

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Capítulo 14: Aquecimento e Elevação de Temperatura - 87
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
DE TRANSFORMADORES

PARTE IV: ASPECTOS E ENSAIOS DO SISTEMA DE


ISOLAMENTO
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

CAPÍTULO 15: ASPECTOS GERAIS SOBRE O


SISTEMA DE ISOLAMENTO
“Não se preocupe com o pai da idéia, escolha as melhores e vá em frente”

Steve Tobs

RESUMO 2.0 - CONCEITUAÇÃO GERAL

O sistema isolante é um dos principais Ao se aplicar tensão nos enrolamentos, o


componentes de um equipamento elétrico. A sua seleção isolamento ficará submetido a uma diferença de potencial
inclui a análise de aspectos de projeto elétrico e originando um campo elétrico. Desta forma, considera-se,
mecânico, requisitos de operação normal e anormal, bem em termos práticos, que o conjunto de enrolamentos e
como, condições ambientais presentes. Assim, devido à isolamento torna-se uma espécie de capacitor e, em sendo
sua importância, este texto apresenta as suas propriedades assim, o mesmo pode ser representado como na figura 1.
básicas e os tipos de testes e ensaios comumente
executados

1.0 - INTRODUÇÃO
O sistema isolante representa um dos principais
aspectos para o funcionamento de um equipamento
elétrico, sendo a sua vida útil considerada como a do
próprio equipamento.
A vida útil de um isolamento sólido é
compreendida como o tempo necessário para que seus
elementos constituintes falhem ou seja, que sua força de Figura 1 - Representação esquemática do dielétrico entre
tração reduza-se a determinadas percentuais do original. enrolamentos
Note-se que no final da vida, a isolação se apresenta
frágil e quebradiça, com baixa resistência mecânica. Na figura 1, tem-se:
Embora, o sistema de isolamento de um
transformador seja composto por um fluído (em geral, a) R1 - Resistência elétrica à corrente de fuga;
óleo mineral) e papel, considera-se que o seu b) C - Capacitância do dielétrico;
envelhecimento está associado com a resistência c) R2 - Resistência elétrica representando as perdas
mecânica do segundo. por absorção; e,
Por outro lado, a deterioração das propriedades d) U - Diferença de potencial aplicada.
isolantes de um material depende, de forma básica, de
suas características físico-químicas e do regime de
operação a que for submetido. Note-se que muitos fatores 3.0 – PROPRIEDADES DE UM ISOLAMENTO
podem afetá-los tais como a umidade, sujeira, agentes
químicos, esforços dielétricos excessivos, danos Há um certo valor de tensão no qual o material
mecânicos e a temperatura, entre outros. isolante passa a ser condutor. Ela é chamada de “tensão
É interessante notar que durante o processo de de ruptura” e o fenômeno consiste em uma descarga
envelhecimento do papel, as suas propriedades dielétricas disruptiva. Em função deste aspecto, define-se Rigidez
praticamente não diminuem. Desta forma, um Dielétrica como a capacidade de resistir à tensão sem que
transformador envelhecido será mais sensível aos haja a citada descarga, conforme a distância entre os dois
esforços mecânicos, provenientes, principalmente, de pontos de aplicação, ou seja:
curto-circuitos no sistema, apesar de poder apresentar boa
isolação dielétrica. Nestes casos, a baixa resistência Uc
mecânica provocará uma diminuição dos espaçamentos Ec = (1)
dielétricos (falha mecânica), provocando a falha elétrica. dc
Em função do exposto, este texto analisa os
vários aspectos relacionados com o sistema isolante de onde,
forma a facilitar a compreensão das causas de se efetuar
testes e ensaios, bem como, analisar os seus resultados. Ec - rigidez dielétrica, em kV/mm ou kV/pol.;
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Capítulo 15: Aspectos Gerais sobre o Sistema de Isolamento - 89
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

Uc = tensão de ruptura, em kV; e, Constante. Dielétrica


dc = distância em mm ou polegada entre os dois pontos de Dielétrico
Relativa Er
aplicação de tensão (eletrodos).a rigidez dielétrica é o Ar 1,006
maior gradiente de potencial que um isolamento pode
suportar, sem que se produza a descarga disruptiva. Óleo de transformador 2,2 a 2,5
Papel 1,8 a 2,6
A tabela 1 fornece alguns valores de rigidez Parafina 2,1 a 2,6
dielétrica para vários materiais isolantes. Presspan 2,5
Porcelana 4,5 a 5,5
Dielétrico Rigidez (kV/mm) Vidro 3,5 a 16
Ar 30 Mica 5,0 a 7,0
Óleo Isolante 300
Tabela 2 - Constantes Dielétricas Relativas
Baquelites 250
Mica 2000 b) Absorção Dielétrica: a absorção dielétrica é um
Papel 400 fenômeno intimamente ligado à polarização do
meio que compõe o dielétrico;
Vidro 300 c) Perdas Dielétricas: em termos de corrente
Porcelana 300 contínua entende-se por perdas dielétricas
aquelas provocadas pela corrente de condução
Tabela 1 - Rigidez dielétrica de materiais isolantes ou de fuga (If) definida anteriormente. Em
termos de corrente alternada entende-se por
Note-se que vários fatores afetam os resultados perdas dielétricas aquelas provocadas pela
de rigidez dielétrica de uma substância isolante, tais como corrente de fuga e pela componente ativas da
a temperatura, freqüência, tempo, umidade entre outros corrente de absorção.
Além desta, outras propriedades importantes de
um isolamento são:
4.0 - COMPORTAMENTO DO ISOLAMENTO COM A
APLICAÇÃO DE TENSÃO CONTÍNUA
a) Constante Dielétrica Relativa (Er): ao
introduzir-se um material isolante entre as Quando se aplica tensão contínua a um
placas de um capacitor, sua capacidade dielétrico, como o representado na figura 1, a corrente
aumenta de um fator maior que a unidade que se estabelece é composta por três parcelas básicas, a
denominado Constante Dielétrica Relativa ou saber:
Índice Dielétrico Er.
a) corrente de deslocamento, ou de carga
A capacidade de um capacitor, cujo dielétrico capacitiva;
é o vácuo, é dada pela expressão (2), ou seja: b) corrente de absorção; e,
c) corrente de dispersão ou de fuga através do
dielétrico.
A A corrente de deslocamento ou de carga
C = E0 (2)
d capacitiva é aquela que surge no instante inicial da
energização e possui a mesma função que uma corrente
Onde: de carga de um capacitor (corrente “inrush”).,
dependendo do tratamento e forma do material isolante.
Eo - constante dielétrica do vácuo; Note-se que ela assume o valor máximo quando da
A - área das placas do capacitor; energização e decresce rapidamente a um valor
d - distância entre as placas. desprezível.
A corrente de absorção é aquela responsável pela
Após a introdução do dielétrico obtém-se a polarização dos dipólos elétricos que constituem a massa
nova capacitância dada por: do dielétrico. Um exemplo prático deste fenômeno é o
ressurgimento de tensão nos terminais de um capacitor
quando se retira o curto empregado para descarregá-lo.
A
C = Er E0 (3) Neste caso, há uma recombinação de pares eletrons-
d lacunas.
Em função deste aspecto, é necessário que em
A Tabela 2 fornece, a título de exemplo, um eventual teste da isolação, esta deve permanecer
alguns valores de constantes dielétrica relativa curto-circuitada durante um tempo suficientemente longo
Er de vários materiais isolantes. para que a tensão desapareça. Ainda em relação à citada
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Capítulo 15: Aspectos Gerais sobre o Sistema de Isolamento - 90
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

corrente, é necessário observar que ela também assume o Da figura 3, tem-se:


seu valor máximo quando da energização e decresce a
valor desprezível em um intervalo variável entre 10 Ia
minutos e várias horas (para o quartzo, entretanto, tgδ = (4)
desaparece quase que instantaneamente). Ic
A corrente de dispersão ou de fuga através do
dielétrico flui pela superfície e pelo interior da massa do ou, em termos percentuais:
dielétrico e é de caráter irreversível. Constitui-se na
componente mais importante quando se deseja avaliar o Ia
estado em que se encontra o isolamento, por aplicação de tgδ % = 100 (5)
tensão contínua ou alternada. Tal corrente não varia com Ic
o tempo de aplicação de tensão e, nestas condições, se
houver alguma elevação de seu nível é indicativo que o Observando-se que quanto menor for o ângulo
isolamento pode vir a falhar. menor será a corrente ativa Ia e mais próximo será a
A quantificação da dificuldade de circulação da componente capacitiva da total. Naturalmente, este fato é
corrente de fuga é chamada de "resistência de desejável em um sistema de isolamento e, em sendo
isolamento". assim, tem-se:
A figura 2 mostra a corrente total com suas três
componentes definidas anteriormente. cosϕ = tgδ (6)

Sendo ϕ o ângulo entre a tensão e a corrente


total, define-se o cosϕ com o fator de potência do
isolamento.
Embora o fator de potência seja definido da
mesma forma que a de um circuito de corrente alternada,
os conceitos não devem ser confundidos. Neste último
caso, é interessante que o fator de potência assuma altos
valores, enquanto que, no caso dos dielétricos, ele deverá
ser o menor possível.
Naturalmente, o cosϕ não é constante,
Figura 2 - Correntes em um dielétrico em função do
dependendo da freqüência e da temperatura.
tempo.
Em função do exposto, verifica-se que surgem
perdas no dielétrico, quando este é submetido a um
campo elétrico produzido pela tensão aplicada, as quais
5.0 - COMPORTAMENTO DO ISOLAMENTO COM
APLICAÇÃO DE TENSÃO ALTERNADA se traduzem em seu aquecimento. Tais perdas podem ser
calculadas através da expressão (5), ou seja:
Ao submeter o dielétrico a uma tensão alternada
U, fluirá uma corrente I em seu interior, maior ou menor Pdii = U 2 ωCtgδ (7)
dependendo da rigidez dielétrica do material. Esta
corrente pode ser subdividida em uma componente onde
reativa capacitiva (Ic) e uma ativa (Ia). O ângulo formado
entre I e Ic (δ) é chamado de ângulo de perdas dielétricas,
como mostra a figura 3. Pdi - perdas no dielétrico;
U - tensão aplicada;
C - capacitância do dielétrico;
ω - freqüência angular (ou 2πf, sendo f a
freqüência da tensão aplicada);
tgδ - tangente de perdas (fator de dissipação
dielétrica).

Em geral, tais perdas são desprezíveis, a não ser


em casos de freqüência e/ou tensões muito elevadas.
Por outro lado, no projeto de transformadores,
devem ser tomadas precauções para evitar que haja
Figura 3 - Diagrama fasorial simplificado das correntes grandes intensidades do campo elétrico em alguns pontos;
presentes em um dielétrico. neste caso, as perdas podem se tornar apreciáveis.
________________________________________________________________________________
Capítulo 15: Aspectos Gerais sobre o Sistema de Isolamento - 91
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

6.0 - ENSAIOS DIELÉTRICOS b) Testes de absorção de corrente pelo dielétrico,


com aplicação de DC; obtidos, normalmente
Como citado, um dielétrico deve apresentar com o megôhmetro ("Megger"), expresso em
propriedades elétricas e mecânicas suficientes para Ω ou MΩ;
suportar uma grande gama de solicitações tais como: as c) Testes com aplicação de alta tensão DC e
mecânicas e elétricas, exposição ao tempo, a agentes medição de corrente de fuga, obtidos, por
químicos e a corona, variação de temperatura, absorção exemplo, com o "Hy-Pot" expresso em termos
de umidade e outros. de corrente;
d) Teste de rigidez dielétrica, com aplicação de
As características elétricas de um dielétrico AC expresso em termos de tensão disruptiva.
podem ser comprovadas em termos práticos através de
testes ou ensaios não destrutivos com aplicação de tensão Dos testes relacionados, aqueles com aplicação
contínua ou alternada. Isto não ocorre com as de DC tem assumido maior importância e interesse,
características mecânicas, cuja maioria dos testes são particularmente em alta tensão, devido ao rápido
destrutivos. desenvolvimento da transmissão em DC e, também, ao
fato de que estes instrumentos são menores do que os
Dos testes/ensaios elétricos não destrutivos, os similares que utilizam AC.
mais comuns são:
Embora os testes com aplicação de DC ofereçam
a) Teste de perdas dielétricas, expresso através informações limitadas sobre o dielétrico, estes resultados
dos valores de tgδ ou cosϕ obtidos com os associados com os obtidos através de outros com
instrumentos ponte Schering e Doble, aplicação de AC oferecem maiores subsídios para análise
respectivamente, com aplicação de AC; e acompanhamento do estado do isolamento.

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Capítulo 15: Aspectos Gerais sobre o Sistema de Isolamento - 92
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

CAPÍTULO 16: RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO


“Cada ação é uma ação, e só existe um segredo: jamais deixe que o
hábito comande seus movimentos”

Paulo Coelho

RESUMO

Este texto analisa os aspectos conceituais


referente à medida da resistência do isolamento, os
procedimentos para executá-la e avaliar os resultados
obtidos.
1.0 - INTRODUÇÃO

A resistência de isolamento é a medida da


dificuldade oferecida à passagem de corrente pelos
materiais isolantes. Os seus valores se alteram com a
umidade e com a sujeira, constituindo-se, portanto, em
uma boa indicação da deterioração dos geradores
provocada por estas causas.
Deve-se observar, entretanto, que as várias
normas estabelecem que este ensaio não constitui critério a) Analógico
para aprovação ou rejeição do equipamento, fato este que
poderá ser comprovado pelas explanações a seguir. Desta
forma, pelas características do ensaio, constata-se que é
bastante útil para a verificação de curto-circuitos francos,
ficando a identificação dos defeitos menos pronunciados
a cargo dos ensaios da tensão aplicada e tensão induzida.

2.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS DE


RESISTÊNCIA DO ISOLAMENTO

Para a medição da resistência de isolamento


utiliza-se um instrumento denominado megôhmetro,
também conhecido popularmente por MEGGER (note-se
que esta é uma marca do fabricante James Biddle Co.)
Os megôhmetros atuais podem ser analógicos ou
digitais (motorizados ou eletrônicos), além do modelo b) Digital
clássico (ou seja, o manual com um "cambito" ou Figura 2 - Megôhmetros analógico e digital (Megabrás)
"manivela"), mostrados nas figuras 1 e 2.
A figura 3 mostra o circuito simplificado do
equipamento de um megôhmetro manual.

Figura 3 - Circuito simplificado de um megôhmetro


Figura 1 - Megôhmetro manual (AEMC Instruments) manual
________________________________________________________________________________
Capítulo 16: Resistência de Isolamento - 93
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

De forma básica, o megôhmetro é composto de para comparações ao longo do tempo. Note-se que uma
uma fonte de tensão e um galvanômetro de bobinas diminuição significativa da resistência de isolamento, por
cruzadas ("D" na figura 2) ou quocientimetro. A bobina exemplo, pode indicar uma imperfeição na isolação,
de controle "C" é ligada à fonte através da resistência de agravada pela presença de sujeira, umidade ou
ajuste R' e da resistência desconhecida Rx. contaminantes diversos e, ainda, determinar a
Como as bobinas C e D produzem conjugados necessidade de seu recondicionamento através de
antagônicos, o repouso da ponteiro indicador, para limpeza, secagem ou reparo parcial.
qualquer valor de Rx, apenas será conseguido quando Ainda é necessário esclarecer que a medida de
estes conjugados forem iguais e opostos. Nestas resistência do isolamento é feita entre os enrolamentos e
condições uma variação na tensão da fonte DC afeta as entre estes e a massa. Desta forma, é conveniente
duas bobinas C e D igualmente, não provocando assim uniformizar o potencial de toda a bobina, curto-
desvio do ponteiro indicador e nem alteração na leitura da circuitando os terminais.
resistência. Ressalta-se que os procedimentos e análises para
Desta forma, a leitura da resistência no a medição da resistência de isolamento com qualquer tipo
instrumento com bobinas cruzadas é obtida diretamente de megôhmetro são os mesmos. Os mais modernos
através do quociente das correntes I e Ix, ou seja, a apenas facilitam a execução do teste e diminuem as
deflexão a do ponteiro é proporcional à razão I/Ix. incertezas relativamente aos manuais, onde há a
Além dos terminais "line" (+) e "earth" (-), com necessidade de se acionar a manivela sempre com
os quais se executa a medida de resistência, a maioria dos velocidade constante, o que pode acarretar erros.
megôhmetros possuem um cabo denominado "guard" Tais megôhmetros, na realidade, podem ser
("guarda") acessível. Sua função é desviar do microprocessados e possuirem funções inteligentes para
quocientimetro as correntes que percorrem outras facilitar o uso e aumentar a exatidão das medições.
resistências, as quais estejam intrinsecamente ligadas com Memória, detecção automática do melhor intervalo para
a resistência que se deseja medir. realizar a medição (auto-escala), descarga dos potenciais
Seja o caso, por exemplo, de se medir a armazenados, determinação automática dos índices de
resistência entre os pontos A e B na figura 4. polarização e de absorção, realização automática do
ensaio de degraus de tensão, registro on-line dos valores
medidos em computador ou impressora, são funções que
estão presentes em diversos modelos. Além disto,
apresentam indicação do valor e da unidade de resistência
medida no seu display alfanumérico, indicação analógica
por barras (bar-graph) e cronômetro interno.

3.0 - TIPOS DE TESTES

3.1 - Prova rápida da resistência de isolamento

É recomendada para comparações com medidas


no ato, aplica-se o aparelho de medida durante 60
Figura 4 - Exemplo de aplicação do cabo "guard" segundos e, ao final deste tempo, anota-se a indicação,
embora o ponteiro ainda esteja defletindo.
Note-se que a resistência entre os pontos A e B Note-se que, para executar comparações de
está em paralelo com a associação série das resistências A forma adequada, é necessário que haja a correção da
e C e C e B. Assim, com a colocação do cabo guarda em temperatura de ensaio a uma comum de referência,
C esta duas últimas resistências não seriam avaliadas. conforme exposto à frente.
A tensão nos terminais dos megôhmetros não
deveria ser menor que a tensão de serviço normal do 3.2 - Índice de absorção e polarização
gerador, pois há o risco de que uma eventual falha não se
manifeste com os níveis mais reduzidos. No entanto, os O "índice de polarização" é uma avaliação da
equipamentos comerciais apresentam, em geral, tensões variação da resistência do isolamento com o tempo de
na faixa de 100 até 5000V, devido a dificuldade de se aplicação de tensão, ou, em outras palavras, da maneira
construir um equipamento portátil que atenda os valores que a corrente de absorção influencia na resistência do
de tensões exigidos. isolamento.
Por outro lado, verifica-se que o uso do Este índice é definido por (1), ou seja:
megôhmetro com níveis reduzidos de tensões podem Ri10
mascarar resultados e, em sendo assim, os resultados ip = (1)
devem ser utilizados apenas como um valor referencial Ri1
________________________________________________________________________________
Capítulo 16: Resistência de Isolamento - 94
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

onde: Onde as resistências devem ser medidas entre o s


enrolamentos e a massa durante 1 minuto, primeiro
Ri10 é a resistência de isolamento medida com a aplicando-se 500 V e, depois, 2500 V.
aplicação do megôhmetro durante 10 Os valores considerados adequados para o índice
minutos; serão:
Ri1 é a resistência de isolamento medida com a
aplicação do megôhmetro durante 1 minuto. 0,85 ≤ i e ≤ 1,25
A resistência Ri10 não precisa ser,
Valores superiores a 1,25 indicam um
necessariamente, medida a 10 minutos e, sim, após o
envelhecimento da isolação.
ponteiro do megôhmetro estabilizar. Entretanto, neste
caso, é conveniente esperar algum tempo para verificar se
4.0 - CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA
esta situação se mantém.
RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO
Observe-se que a medição de Ri10 é impraticável
com megôhmetros manuais. Assim, na obtenção do 4.1 - Considerações gerais
índice de polarização deve ser usado equipamentos
Os valores da resistência de isolamento variam
eletrônicos ou motorizados.
sensivelmente dependendo do projeto do transformador,
Para os casos em que não é possível obter o
dos materiais isolantes usados, da temperatura e de outros
índice de polarização, é comum utilizar-se o "índice de
fatores. Por uma simples medição sem valores de
absorção”, o qual é a relação das resistências do
referência, geralmente só se pode verificar se existem
isolamento a 1 minuto e 30 segundos, ou seja:
falhas (curtos entre enrolamentos ou entre um
Ri1 enrolamento e a massa) no isolamento.
ia = (2)
Ri 30 s Para se certificar se as partes isolantes
absorveram umidade, existem vários critérios, baseados
Os valores dos índices de polarização e absorção em fórmulas empíricas ou dados estatísticos. Os critérios
podem fornecer uma idéia das condições do isolamento.1. e a interpretação dos valores encontrados variam de
acordo com a prática e a experiência dos usuários do
Condições de Índice de Índice de gerador. Os critérios citados em seguida são considerados
Isolamento Absorção Polarização como orientação genérica e os valores de referência neles
Perigosa <1 < 1,0 obtidos não representam valores limites absolutos, mas
Ruim 1 a 1,1 1 a 1,5 sim de ordem de grandeza. Valores consideravelmente
Duvidosa 1,1 a 1,2 1,5 a 2 mais baixos, desde que estáveis em relação a medidas
anteriores, em condições idênticas, não indicam
Razoável 1,2 a 1,4 2a3
necessariamente irregularidades no isolamento, embora
Boa 1,4 a 2 3a4 seja aconselhável tentar elevar a resistência por secagem
Excelente >2 >4 do gerador.
Por outro lado, valores maiores do que os
Tabela 1 - Condições do isolamento em função dos
obtidos pelos critérios dados a seguir, não representam
índices de absorção e polarização.
uma garantia quanto ao comportamento do isolamento se
3.3 - Prova das duas tensões os mesmos forem inferiores aos valores obtidos em
medições anteriores em condições idênticas.
Este é considerado um teste bastante conclusivo Desta forma, verifica-se que o valor absoluto da
sobre a presença de umidade no isolamento. Consiste em resistência de isolamento não tem muito significado,
se executar duas provas separadas de absorção dielétrica, sendo boa prática a sua medição periódica e a
onde são aplicadas tensões diferentes. Na prova com comparação com resultados anteriores, convertidos
tensão elevada deve ser aplicada um nível, cerca de sempre a uma mesma temperatura. Se forem constatadas
quatro vezes superior ao de baixa tensão, mas os valores alterações, é provável que problemas estejam para
devem ser tais que não danifiquem o isolamento. Pode-se ocorrer.
aplicar, por exemplo, 500 a 2500 V.
A diferença de 25% nas resistências obtidas é 4.2 – Critério I (NBR 7036/1981)
uma indicação razoável da presença de umidade.
Uma avaliação derivada desta prova é o a) Para transformadores à temperatura de
denominado "índice de envelhecimento (ie)" definido por: operação de cerca de 60oC
- para transformador em óleo:
R i500 V Cerca de 1 MΩ por kV da classe de isolamento
ie = 1min
(3)
R i2500V - para transformador em ascarel:
1min Cerca de 0,2 MΩ por kV da classe de isolamento
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Capítulo 16: Resistência de Isolamento - 95
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

b) Para transformadores à temperatura de operação de Normalmente, adota-se 750 C como temperatura


cerca de 30oC base ou de referência para os transformadores.
- para transformador em óleo: A correção pode ser realizada empregando-se a
expressão (5), ou seja:
Cerca de 30 MΩ por kV da classe de isolamento
- para transformador em ascarel:
Ri 75 = Riθe ⋅ 2 a (6)
Cerca de 3 MΩ por kV da classe de isolamento

4.3 – Critério II Sendo:


Ri40 - o valor de resistência de isolamento na temperatura
Os valores mínimos de resistência dos de referência;
transformadores imersos em líquido isolante são dados
Riθe - o valor de resistência de isolamento na temperatura
por:
de ensaio (medida); e,
kE a dado por:
Ri 75 =
(4) θ − 75
SN
a= (7)
f 10
E – Classe de isolamento do enrolamento de maior tensão θ é a temperatura de ensaio.
no momento da medição, em kV;
SN – potência nominal , em kVA; Por exemplo, supondo-se que a resistência de
f – freqüência, em Hz; isolamento medida em uma avaliação foi de 50 MΩ à
Ri75 – resistência de isolamento, em MΩ; e, 250C, tem-se que:
k – constante multiplicativa dada pela tabela 2. 25 − 75

Transformadores Monofásicos Trifásicos Ri 75 = 50 ⋅ 2 10


= 1,56MΩ (8)
Óleo 7,95 2,65
Os mesmos resultados serão encontrados
Ascarel 0,795 0,265 dividindo-se a resistência medida pelo fator de correção fc
Tabela 2 – Valores da constante multiplicativa “k” fornecido na figura 6, conforme a temperatura de ensaio,
ou seja:
4.4 - Correção de temperatura
1 0 0 ,0

A resistência de isolamento é fortemente afetada


pela temperatura. Assim, é necessário referi-la a uma
mesma base para possibilitar eventuais comparações.
Fator de Correção

Para exemplificar este fato, apresenta-se na


figura 4 um exemplo de comportamento dos valores de 1 0 ,0

resistência de isolamento na temperatura em que foi


medida e em uma base comum.

1 ,0

0 ,1
0 20 40 60 80 100 120
o
Temperatura ( C )

Figura 6 - Fatores de correção da resistência do


isolamento para temperaturas diferentes de 750 C.
Assim:
Riθe
Ri 75 = (9)
Figura 5 - Comportamento da resistência de isolamento. fc
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Capítulo 16: Resistência de Isolamento - 96
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

5.0 - MEDIDA DA RESISTÊNCIA DO ISOLAMENTO f) De forma que as leituras não sofram influências de
EM TRANSFORMADORES EM DOIS CIRCUITOS resistências em paralelo com a que se está avaliando,
deve-se utilizar do cabo "GUARDA". Assim, os
5.1 – Considerações Gerais
terminais do megôhmetro deve ser aplicado como
Como citado anteriormente, os enrolamentos mostrado na tabela 4 e ilustrado nas figuras 9 e 10.
deverão estar em um potencial uniforme e, assim, eles são
curto-circuitados. Desta forma, as resistências de Resistência Circuitos Conectados aos Terminais
isolamento envolvidas em um transformador de dois Entre Line Guard Earth
circuitos são aqueles representados esquematicamente na TS – TI TS Carcaça TI
figura 7. TS – MASSA TS TI Carcaça
TI – MASSA TI TS Carcaça

Tabela 4 - Medidas das resistências de isolamento –


transformador de dois circuitos.

Figura 7 – Representação das resistência de isolamento


em um transformador de dois circuitos.
Na figura 7 tem-se:
ƒ TS – enrolamentos de tensão superior curto- a) Entre TS e TI
circuitados (buchas H1 , H2 , H3 );
ƒ TI – enrolamentos de tensão inferior curto-
circuitados (buchas X1 , X2 , X3 );
ƒ RiHX – resistência de isolamento entre os
enrolamentos de tensão superior e inferior; e,
ƒ RiHC – resistência de isolamento entre os
enrolamentos de tensão superior e carcaça (massa); e,
ƒ RiXC – resistência de isolamento entre os
enrolamentos de tensão inferior e carcaça (massa).

5.2 – Procedimento para a medida da resistência de


isolamento
a) Desenergizar o transformador;
b) Entre TS e Massa
b) Desconectar os cabos externos;
c) Curto-circuitar as buchas de um mesmo
circuito;
d) Ajustar o megôhmetro segundo especificações
do equipamento utilizado;
e) Selecionar a tensão para teste, segundo a tabela
3.
Tensão do
Tensão de teste
Transformador
até 220 V 500 V
220 a 4160 V 1000 V
4160 a 69000 V 2500 V
69000 a 230000 V 5000 V
c) Entre TI e Massa
Tabela 3 – Tensões recomendadas para medição da Figura 8 - Medida de resistência do isolamento –
resistência de isolamento transformador monofásico com dois circuitos.
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Capítulo 16: Resistência de Isolamento - 97
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

b) A comparação dos valores de resistência do


isolamento e dos índices de polarização ou de
absorção com um ensaio anterior permite, na
mesma temperatura, verificar se houve alguma
alteração notável na isolação; além disso,
permitem acompanhar o processo de secagem
do transformador;
c) Deve ser obtida a temperatura dos
enrolamentos, pelos motivos expostos
anteriormente;
d) Deve-se nivelar o megôhmetro;
e) Nos megôhmetros manuais deve-se procurar
manter invariável a rotação do cambito na
especificada pelo fabricante, para que a tensão
a) Entre TS e TI aplicada seja constante;
f) Deve-se sempre observar cuidadosamente o
ponteiro do megôhmetro quando em operação.
Se há oscilação excessiva do ponteiro é
provável que haja mau contato, fugas
intermitentes pela superfície do cabo de
ligação ou influência de circuitos energizados
nas proximidades;
g) Antes de começar a medição, aciona-se o
megôhmetro, “sem executar qualquer contato
entre os terminais” e ajustar os ponteiro no
“infinito”, girando o botão de ajuste para tal
fim.

7.0 - CONCLUSÕES
b) Entre TS e Massa
O ensaio de resistência de isolamento não pode
ser considerado um critério exato de avaliação das
condições do sistema isolante e de sua capacidade
operativa, entretanto, os valores medidos podem ser
usados como uma orientação sobre o seu estado,
baseando-se na avaliação do histórico da máquina.
A sua degradação pode ser avaliada através de
provas rápidas e do índice de polarização ao longo do
tempo. As possíveis causas devem ser investigadas e
eliminadas, para que não seja reduzida abruptamente a
sua vida útil.
Note-se que, se um alto valor de resistência de
isolamento não garante que não existam imperfeições no
sistema isolante, as quais possam causar falhas durante a
energização. É recomendável que, antes da aplicação de
c) Entre TI e Massa um ensaio de alto potencial ou liberação do equipamento
para operação, seja analisado o histórico de testes para se
Figura 9 - Medida de resistência do isolamento –
obter uma noção sobre suas condições operativas e evitar
transformador trifásico com dois circuitos.
problemas de maiores proporções.
Para que a análise se mostre eficiente é
6.0 – CUIDADOS PRÁTICOS necessário que o histórico dos resultados dos ensaios de
a) Deve-se tomar cuidado para que os cabos do resistência de isolamento seja registrado e usado em
megôhmetro não toquem em outras partes do comparações futuras, para observação da degradação do
equipamento, ou se toquem, para evitar isolamento, capacidade de operação e necessidade de
alteração na medida da resistência do uma intervenção corretiva, caso seja observada uma
isolamento; redução crítica em seus níveis.
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Capítulo 16: Resistência de Isolamento - 98
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

CAPÍTULO 17: FATOR DE POTÊNCIA DO


ISOLAMENTO
“Para cada novo cadeado que se projeta, inventa-se um pé-de-cabra capaz de arrombá-lo”

Editorial da “Folha de São Paulo (25/03/2000)

RESUMO Para a execução do ensaio o transformador deve


estar:
Este texto analisa os aspectos conceituais
referente à medida do fator de potência do isolamento, os a) Com todas as buchas montadas;
procedimentos para executá-la e avaliar os resultados b) com todos os enrolamentos curto-circuitados;
obtidos. c) com a temperatura do óleo e dos enrolamentos tão
próximos quanto possível de 20ºC.

1.0 - INTRODUÇÃO A medição deve ser feita com a freqüência de 60


Hz.
A medida do fator de potência do isolamento de Quando utilizado o método do watt por volt-
um transformador, em última análise, visa avaliar o ampére, a tensão aplicada deve ser:
comportamento da corrente de fuga. Como citado
anteriormente, quanto menor for o seu valor, em melhor a) entre 2,5 e 5 kV para enrolamentos de tensão
estado estará o isolamento. máxima do equipamento igual a 1,2 kV;
Em relação aos valores desejáveis do fator de b) entre 2,5 e 10 kV para enrolamentos de tensão
potência do isolamento, a Doble Engineering Company, máxima do equipamento superior a 1,2 kV.
um dos maiores fabricantes mundiais de pontes para a sua
medição, elaborou uma estatística baseadas em ensaios de As pontes especiais, entretanto, são mais
transformadores, obtendo em: empregadas em termos práticos, especificamente a
denominada ponte Doble. Observe-se que este termo
a) 87% dos ensaios, um fator de potência de 1,5% tomou-se sinônimo de equipamentos de campo para a
ou menos; medição do fator de potência do isolamento, apesar de
b) 76% dos ensaios, um fator de potência de 1% existirem outros fabricantes diferentes da Doble
ou menos; Engineering Company. A figura 1 mostra uma vista de
c) 52% dos ensaios, um fator de potência de 0,5% um equipamento como este.
ou menos.

Por outro lado, a norma “IEEE - 505”


recomenda que transformadores de transmissão e de
distribuição em óleo mineral, tenham fator de potência da
ordem de até 2%, se medidos à temperatura de 200ºC.
Observe-se, pelo exposto, que, na realidade, não
existe até o presente momento, uma relação de valores
limites que possam traduzir de imediato as condições
dielétricas de um transformador, sendo que cada um
possui o seu fator de potência específico. Devido a este
fato, deve-se obter um primeiro fator de potência quando
da recepção do transformador e as demais medições
devem ser feitas periodicamente e comparadas com os
valores anteriores.
Conforme a NBR-5356/1981, o fator de potência
do isolamento deve ser medido pelo método do watt por
volt-ampére, ou pelo método de ponte especial, entre os
terminais dos enrolamentos e entre estes e a terra. Este
ensaio deve preceder os ensaios dielétricos e pode ser
repetido após os mesmos, para efeito de comparação com Figura 1 - Ponte para a medição do fator de potência
os valores anteriormente obtidos. (Nansen)
________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 99
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

2.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A PONTE DOBLE Na figura 2 tem-se:

2.1 - Generalidades a) C, é um capacitor padrão próprio do


instrumento, a ar, colocado em série com o
Para avaliações de transformadores foram, e resistor R, sobre o qual, o cursor K pode ser
ainda o são, utilizadas três tipos de pontes Doble, ou seja, deslocado;
MEU-2500 V,MH-10.000 V e MHM-10.000V. b) R. é um resistor padrão, fixo, do instrumento;
O primeiro pode ser utilizado em qualquer c) V é um voltímetro graduado diretamente em
equipamento elétrico cujo isolamento suporte pelo menos mVA e mW, de 0 a 100, acoplado a um
2500 V, que é a tensão por ele aplicada ao espécime de amplificador, que pode ser ligado em A ou B;
ensaio. O segundo e o terceiro, cuja tensão aplicada é de d) C e RX representam a capacitância e a
10.000V, são utilizados em equipamentos de grande resistência de fuga do espécime sob ensaio (no
porte, com tensões acima de 138 kV. caso, entre os enrolamentos de alta e baixa
Observa-se que, na atualidade, a Doble e outros tensão e carcaça de um transformador).
fabricantes modernizaram sua linha de produtos. O
equipamento que avalia as condições do isolamento é o A chave de comutação pode conectar o
de código M4000. Permite as medidas de tensão, corrente voltímetro V nos terminais A e depois em B e, desta
para cargas resistivas, indutivas e capacitivas, perdas forma, tem-se:
dielétricas, fator de potência do isolamento e tangente
delta, capacitância, indutância e resitencia. Além disto, a) Quando V é conectado em A, fica submetido à
permite automação e análise de resultados com programa diferença de potencial RSJt, sendo, portanto, a
compatível com o Windows. A figura 2 mostra uma vista sua indicação proporcional à It, uma vez que
deste equipamento. RS é fixa. A leitura será na escala graduada em
mVA, pois corresponde à corrente total que
percorre o espécime;
b) Quando V é conectado em B, a tensão nesta
posição é proporcional à componente ativa Ir,
devendo, portanto, a leitura ser feita na escala
graduada em mW.

O fator de potência do isolamento (cosϕ) é dado,


em valores porcentuais, por:

mW
cos ϕ = 100 (1)
mVA
Figura 2 – Doble M4000 (Doble)
2.3 - Painel e funções
Este item, entretanto, analisa a ponte Doble -
MEU 2500 V por ser a mais empregada por usuários de A figura 4 na próxima página mostra um esboço
transformadores. do painel do MEU 2500 V, onde se tem as seguintes
funções para as diversas chaves e botões:
2.2 - Princípio de Funcionamento
a) Voltage: permite o ajuste da tensão de ensaio
A figura 3 mostra o circuito básico do Doble – entre 0 e 2500V, sendo estes valores lidos no
MEU 2500 V. kilovoltímetro;
b) Selector: possui três posições, ou seja,
“CHECK”, “MVA” e “MW”.

Se a chave encontra-se na posição “CHECK”,


permite o ajuste da indicação do medidor de
milivoltampere e miliwatts, multiplicado pela constante
100, com o auxilio do controle “METER ADJ”.
Se a chave estiver na posição “MW’, deve-se ler
o indicador e multiplicar pela constante indicada pelo
respectivo dial na faixa indicada pelo botão “RANGE”.
Figura 3 - Circuito básico da ponte Doble - MEU 2500 V A leitura fornece os miliwatts absorvidos pelo
isolamento.
________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 100
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

Figura 4 – Painel da Ponte Doble MEU 2500V


________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 101
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

Se a chave estiver na posição “MVA”, tem-se multiplicada pelo valor “K” fornece a
uma situação análoga a da posição “MW”. A leitura capacitância do espécime sob teste em
indica os milivoltamperes absorvidos pelo isolamento. picofarads (pF).
Observe-se que a Doble utiliza-se o prefixo “M”
como mili e não mega, como normalizado.
2.4 - Cabos
c) Range: o botão “RANGE” possui três posições, as
quais fornecerão os valores das constantes de A ponte DOBLE é fornecida com condutores
multiplicação para as leituras dos miliwatts e apropriados para conectá-la ao equipamento sob ensaio,
milivoltamperes, conforme mostrado na tabela 1. ou seja:

POSIÇÃO DA CHAVE MVA OU MW a) o cabo de alta tensão (HV) é um cabo coaxial


POSIÇÃO especial, com extremidade em forma de
MULTIPLICAR LEITURA POR gancho para contado com a parte ativa do
HIGH 2000 1000 200 100 20 equipamento;
MED 200 100 20 10 2 b) o cabo de baixa tensão (LV): é um cabo
simples;
LOW 20 10 2 1 0,2
c) o de aterramento (G) é uma cordoalha de fios
Tabela 1 - Constantes de multiplicação de cobre que conecta a carcaça do instrumento
ao neutro do circuito de alimentação e também
d) LV Switch: seleciona as posições “GROUND” à carcaça do equipamento.
“GUARD”, “UST”, conforme o ensaio a ser realizado.

A figura 5 ilustra o emprego da chave:


3.0 - PROCEDIMENTOS PARA MEDIÇOES COM A
PONTE DOBLE

Para a medição do fator de potência deve ser


respeitado o seguinte procedimento

a) Isolar o transformador das barras energizadas;


b) Desconectar todos os cabos externos dos
terminais das buchas e afastá-los das mesmas;
c) Desconectar os cabos de aterramento de cada
enrolamento;
d) Sendo o transformador monofásico, curto-
Figura 5 - Circuito de chave “LV Switch”
circuitar cada enrolamento em seus terminais;
e) Sendo transformador trifásico, curto-circuitar
No esquema da figura 5, tem-se:
todos os terminais de um mesmo enrolamento;
e) Aterrar o tanque;
− Chave na posição “GROUND”: mede-se a isolação g) Aterrar o instrumento por intermédio do
AT/BT +AT/TERRA; terminal do aterramento situado na parte
− Chave na posição “GUARD”: mede-se a isolação externa da caixa:
AT/TERRA. h) Colocar o plugue do cabo de ligação à fonte de
− Chave na posição “UST” (Ungrounded Specimen alimentação com 110 V, 60 Hz, no
Test): mede-se a isolação AT/BT; receptáculo, situado na parte externa da caixa;
i) Colocar o plugue do cabo de extensão do
e) POLAR1TY: determina o sinal positivo ou interruptor de segurança no receptáculo
negativo das leituras de mW e mVA; correspondente, do lado esquerdo da parte
f) RW SWITCH: permite fazer leituras com as externa da caixa;
chaves nas duas posições, tomando-se a média j) Colocar o plugue do cabo de alta tensão (HV)
aritmética das mesmas; no receptáculo, do lado direito da caixa, e o
g) MW adj: sua função é ajustar o ponteiro gancho no terminal do espécime a ser testado;
indicador de mW na posição do valor mínimo.
O botão possui um mostrador, cuja leitura Para executar os ensaios, o procedimento é o que segue:

________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 102
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

a) Colocar o botão VOLTAGE de controle da de medição deve ser colocada numa posição tal
tensão na posição zero, girando-o, totalmente, que permita ao ponteiro um desvio para além
no sentido anti-horário; da metade da escala e o mais próximo possível
b) Ligar o cabo de alimentação à fonte de 110 V, do fim da mesma. Anotar o valor indicado;
60 Hz; n) Mudar a chave REV SWITCH de posição e
c) Colocar o interruptor geral na posição fechada fazer nova leitura. Os valores lidos nas duas
(ON). A lâmpada de cor verde deve acender; posições da chave REV SWITCH serão
d) Colocar a chave seletora (SELECTOR) na anotados na ficha de registro de ensaios, assim
posição CHECK; como a média algébrica, que é o valor final a
e) Colocar a chave RANGE na posição HIGH; ser considerado. Toma-se a média das leituras
f) Colocar a chave seletora da constante de mVA porque o instrumento pode ficar exposto a
na posição 2000 (a mais alta); campos eletrostáticos que influem no resultado
g) Colocar a chave seletora da constante mW na da medição. Ao se mudar a chave VER
posição 2000 (a mais alta); SWITCH de posição, há a inversão do sentido
h) Colocar a chave LV SWITCH na posição da corrente na bobina móvel do instrumento
GROUND, ou GUARD, ou UST, conforme o indicador. Tomar o valor médio algébrico das
tipo de ensaio a ser realizado; duas leituras como resultado final da medição.
i) Colocar a chave de reversão REV SWITCH na A chave seletora das constantes de medição
posição à direita ou à esquerda. A posição deve permanecer na mesma posição durante as
central 0FF é desligada; leituras;
o) Colocar a chave SELECTOR na posição mW.
j) Apertar o botão interruptor de segurança. O Girar o botão MW ADJ até que o ponteiro
relé deve-se fechar e a lâmpada verde, apagar- indique o menor valor, que deve ser anotado.
se. Se não for ouvido o ruído de operação do Com a chave RANGE na mesma posição,
relé e a lâmpada verde não apagar, conectar o colocar a chave das constantes de
capacitor de terra ao circuito de alimentação da multiplicação em posições correspondentes a
seguinte forma: desconectar o cabo de valores menores, para se obter o menor valor
alimentação da fonte; ligar à terra o condutor indicada. Cada vez que a chave das constantes
de aterramento do capacitor; e colocar o de multiplicação é mudada de posição, o botão
plugue do cabo de alimentação no receptáculo MW ADJ deve ser girado para se obter a
do capacitor e o plugue deste no receptáculo da deflexão mínima. A leitura deve abranger meia
fonte; divisão da escala.
k) Apertar novamente o botão do interruptor de p) Mudar a posição da REV SWITCH e a nova
segurança. A lâmpada verde deverá apagar-se leitura deve ser feita. Anotar na folha de
e a vermelha, acender ao mesmo tempo que se registro de ensaios os valores lidos nas duas
ouvirá o ruído de fechamento do relé. Girar o posições da chave REV SWITCH, assim como
botão VOLTAGE até obter a tensão desejada. seu valor médio algébrico;
A tensão lida no voltímetro é a tensão aplicada q) Ler o valor indicado no mostrador ciclométrico
ao transformador sob teste. O instrumento não do botão do potenciômetro MW ADJ. Este
se presta para testes com tensão abaixo de 1,25 valor multiplicado pela constante
kV. Se o interruptor geral abrir com uma correspondente à posição da chave RANGE dá
tensão inferior a esse valor, o teste não poderá o valor da capacitância do espécime. Esta
ser realizado. Se o interruptor abrir com uma leitura é feita logo após as leituras de mW;
tensão entre 1,25 e 2,5 kV, o teste poderá ser
realizado conforme as instruções especificas
para esses casos; Deve-se observar que é possível que uma das
1) Com a chave SELECTOR na posição CHECK, leituras tenha valor negativo. Para se saber se tal fato
e a tensão ajustada para o valor desejado (2,5 ocorreu, procede-se da seguinte forma: quando a medição
kV, por exemplo); girar o botão METER ADJ é de mW, girar lentamente o botão POLARITY até que o
até que o ponteiro indicador (de mW ou mVA) ponteiro comece a se movimentar. Se o ponteiro iniciar
ocupe a posição 100; seu movimento em direção ao valor zero da escala, o
m) Mudar a posição da chave SELECTOR para a valor da leitura é positivo. Se, pelo contrário, seu
posição mVA. A chave RANGE deverá ser movimento inicial é em direção ao valor 100 da escala, o
colocada numa posição tal que permita o valor lido é negativo. Para o cálculo, somar os valores de
desvio máximo do ponteiro. Por exemplo, se a sinal positivo e subtrai-los quando um deles for negativo,
chave RANGE estiver na posição HIGH e a dividindo o resultado por 2.
leitura for menor que dez divisões mudá-la Terminada a medição, desativar o instrumento
para a posição LOW. A chave das constantes da seguinte maneira:
________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 103
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

a) Colocar a chave SELECTOR na posição Ensaio Cabo Cabo Chave


CHECK; Etapas Isolação
Nº HV em LV em LV
b) Reduzir a tensão a zero, girando o botão
01 TS TI Ground CA+CAB
VOLTAGE, totalmente, no sentido anti-
horário; Primeira 02 TS TI Guard CA
c) Desapertar os botões dos interruptores de 03 TS TI UST CAB
segurança; 01 TI TS Ground CB+CBA
d) Colocar as chaves de MVA, MW e RANGE na
posição correspondente ao valor máximo; Segunda 02 TI TS Guard CB
e) Colocar o interruptor geral na posição desligada 03 TI TS UST CBA
e retirar o plugue do receptáculo de 110 V;
f) Só então poderão ser recolhidos os cabos de Tabela 2 - Ligações do Doble em transformadores de dois
conexões. enrolamentos

5.0 - CÁLCULO DO FATOR DE POTÊNCIA

4.0 - MEDIÇÕES EM TRANSFORMADORES DE DOIS Como em cada ensaio há duas leituras para
CIRCUITOS obter-se os milivoltamperes e duas leituras para obter-se
os miliwatts, correspondentes as leitura nas duas posições
A medição do fator de potência do isolamento da chave reversora (REV SWITCH), é necessário
em transformadores com dois circuitos segue o calcular-se a média, ou seja:
procedimento relatado anteriormente.
mVA1 + mVA2
As isolações envolvidas neste tipo de mVA = (2)
transformadores são esquematicamente mostradas na 2
figura 6.
e

mW1 + mW 2
mW = (3)
2
Onde:
mVA, mVA1 e mVA2 - são os valores médio, primeira e
segunda leituras da chave mVA;
mW, mW1 e mW2 - são os valores médio, primeira e
segunda leituras da chave mW.
Com tais valores, calcula-se o fator de potência
com a expressão (1).
Naturalmente, os ensaios devem ser realizados
sempre em condições as mais próximas possíveis do
último ensaio e, assim, tornar viável a comparação dos
resultados sem correções de temperatura.
Por outro lado, a fim de conseguir valores
Figura 6 Representação esquemática do isolamento -
- referidos a uma mesma temperatura, quando se utiliza a
transformadores de dois enrolamentos. ponte Doble, devem ser feitas correções.
Para determinar o fator de potência corrigido a
20º C, utiliza-se a expressão:
Na figura 6, tem-se:
cos ϕ 20 = f Cθ cos ϕ θ (4)
a) CA - isolação entre o enrolamento de TS e
onde:
carcaça;
cos ϕ20 - fator de potência a 20º C;
b) CB - idem, para TI e carcaça;
c) CC - idem, para TS e TI. cos ϕθ - fator de potência medido à temperatura de
ensaio;
As ligações devem ser feitas conforme mostra a fcθ - fator de correção de temperatura dado na tabela 3,
tabela 2. em função do tipo de tanque do transformador, ou seja:
________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 104
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte IV: Aspectos e Ensaios do Sistema de Isolamento

a) Transformador com conservador: curva 6.0 - CONCLUSÕES


clientes da DOBLE;
b) Transformadores selados: curva IEEE; Em relação aos ensaios, deve-se observar que:
c) Transformadores com respiradouro: curva
DOBLE. a) Após ser executado um determinado ensaio,
desligar o instrumento (Doble) e aterrar o
Temperatura Cliente da equipamento sob ensaio;
Doble IEEE b) Nunca proceder a mudança da posição das
(ºC) Doble
20 1,00 1,00 (1,00) chaves de baixa tensão (LV SWITCH) e da
21 0,96 0,98 1,00 Reversora (REV SWITCH) com instrumento
22 0,91 0,96 0,99 de ensaio ligado;
23 0,87 0,94 0,99
24 0,83 0,92 0,98 Novamente, insiste-se no fato de que o valor
25 0,79 0,90 0,96 absoluto obtido, não possui muito significado, devendo
26 0,76 0,88 0,97 ser feitas comparações com resultados anteriores.
27 0,73 0,86 0,97
28 0,70 0,84 0,96
29 0,67 0,82 0,95
30 0,63 0,80 0,95
31 0,60 0,78 0,94
32 0,58 0,76 0,94
33 0,56 0,75 0,93
34 0,53 0,73 0,93
35 0,51 0,71 0,92
36 0,49 0,70 0,91
37 0,47 0,69 0,91
38 0,45 0,67 0,90
39 0,44 0,66 0,89
40 0.42 0,65 0,89
41 0,40 0,63 0,88
42 0,38 0,62 0.87
43 0,37 0,60 0,86
44 0,36 0,59 0,86
45 0,34 0,57 0,85
46 0.33 0,56 0,84
47 0,31 0,55 0,81
48 0,30 0,54 0,83
49 0,29 0,52 0,82
50 0,28 0,51 0,81
52 0,26 0,49 0,79
54 0,23 0,47 0,77
56 0,21 0,45 0,75
58 0,19 0,43 0,72
60 0,17 0,41 0,70
62 0.16 0,40 0,67
64 0,15 0,38 0,65
66 0.14 0,36 0,62
68 0,13 0,35 0,59
70 0.12 0,33 0,55
72 0,12 0,32
74 0.11 0,31
76 0,10 0,30
78 0,09 0,28
80 0,09 0,27

Tabela 3 - Fatores de correção de temperatura – Ponte


Doble
________________________________________________________________________________
Capítulo 17: Fator de Potência do Isolamento - 105
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
DE TRANSFORMADORES

PARTE V: FLUÍDOS DIELÉTRICOS E


REFRIGERANTES (ÓLEOS)
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 18: TIPOS DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS


E REFRIGERANTES
"A verdade alivia mais do que machuca. E estará sempre acima de qualquer
falsidade como o óleo sobre a água.”

Miguel de Cervantes

RESUMO Petrobrás desenvolveu um óleo isolante nacional de base


parafínica, denominado AV10, aplicáveis a equipamentos
Este texto analisa algumas das características de classe de isolante de até 34,5 kV. Na atualidade,
dos vários fluídos utilizados em transformadores, encontra-se em fase de testes a sua aplicação para tensões
relacionando-se as principais vantagens e desvantagens da ordem de 138 kV.
do uso de cada um dos tipos.
a) Tipo A (naftênico): são aqueles empregados
para tensão máxima do equipamento superior a
1.0 - INTRODUÇÃO 34,5 kV;
b) Tipo B (parafínico): são aqueles empregados
Os tipos de óleos mais utilizados são os minerais para tensão máxima igual ou inferior a 34,5
e os sintéticos, já que os animais e vegetais alteram kV.
facilmente as suas características físico-químicas em De uma maneira geral, os óleos minerais
presença das tensões e potências dos transformadores diferenciam-se pela qualidade relativa de compostos, ou
modernos. seja, possuem os mesmos tipos de compostos variando-se
Os óleos minerais são derivados do petróleo. Por apenas sua composição relativa. Desta forma, a definição
outro lado, os sintéticos apresentam várias origens, sendo exata do tipo do óleo só é possível através do óleo cru de
os ascaréis, os fluídos de silicone e o fluído RTEmp os origem.
mais utilizados. Em relação aos óleos minerais tem-se que,
quando entram em contato com o oxigênio do ar, se
2.0 - ÓLEOS MINERAIS oxidam, formando borras. Por outro lado, observa-se que
a concentração de oxigênio no óleo, aumenta o risco de
Os óleos minerais são obtidos através de explosões no caso de um arco acidental. Pelo exposto, é
processos de refinação e extração adequados a partir de interessante que os óleos contenham algum tipo de
determinadas frações de destilação do petróleo natural. inibidor de oxidação.
Ignorando impurezas ou traços de aditivos especiais, são Nos processos normais de refinação há o
exclusivamente constituídos por hidrocarbonetos, os surgimento de pequenas quantidades de compostos
quais, de acordo com a sua origem, apresentam estruturas químicos que exercem naturalmente a função citada.
moleculares diferentes. Isto pode resultar em variações de Com o passar do tempo, entretanto, estes
suas propriedades. produtos são consumidos, resultando em um aumento da
Existem dois tipos de óleos minerais, ou seja, os velocidade de deterioração e oxidação do óleo
parafínicos e naftênicos, sendo estes os mais utilizados Ressalta-se que, mesmo com o tratamento do
na atualidade. óleo os processos aplicados não permitem o
Por outro lado, sabe-se que apenas 15% das restabelecimento das propriedades inibidoras.
reservas mundiais conhecidas de petróleo bruto possuem Em sendo assim, surgiram inibidores sintéticos
base naftênica. Tal fato levou diversos países a de oxidação, sendo o DBPC o que apresenta melhores
desenvolverem estudos e processos para a obtenção de resultados. O DBPC possui vários nomes comerciais, tais
óleos com base parafínica, incluindo o Brasil. como Ionol, Topanol e Vianol.
Deve-se ressaltar que, no passado, estes foram Os óleos minerais são sempre miscíveis, porém
inicialmente os óleos minerais utilizados em nem sempre compatíveis em relação ao seu desempenho
equipamentos elétricos, sendo abandonados em favor do em serviço.
naftênico devido às suas limitações de elevação de A operação de completar o nível de óleo deve,
temperatura e nível de isolamento admissíveis. No em equipamento, ser feita preferencialmente com óleo
presente, há indicações que o óleo parafínico poderá se isolante novo do tipo A ou B, conforme o caso.
tornar o substituto dos óleos de base naftênicas. Entretanto, em nenhuma situação, as propriedades do
Neste contexto, e considerando-se a absoluta óleo adicionado devem ser inferiores àquelas do óleo do
dependência brasileira de fornecedores externos, a equipamento.
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Capítulo 18: Tipos de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 107
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Óleos novos do mesmo tipo e não contendo Naturalmente, o tratamento deve ser realizado
aditivos são considerados compatíveis com qualquer por empresas especializadas.
outro óleo e podem ser misturados, em qualquer Os ascaréis foram, universalmente, reconhecidos
proporção. como perigosos agentes poluidores do meio ambiente,
A prática indica que normalmente nenhum sendo sua produção suspensa em 1972 e 1977, no Japão e
problema é encontrado quando óleo novo é adicionado EUA, respectivamente.
em pequena percentagem (menos que 5%), a óleos Em 1981, os ascaréis foram proibidos no Brasil,
usados. Entretanto, uma adição maior que 5% a um óleo sendo que a regulamentação governamental estabelece
altamente envelhecido pode causar a precipitação de que “os equipamentos que possuam ascaréis, poderão
borra. continuar com esse dielétrico até que seja necessário seu
No entanto, quando grandes quantidades de esvaziamento, após o que somente poderão ser
óleos usados ou de novos e usados vão ser misturados, é reenchidos com outros que não contenham ascaréis”
recomendável realizar ensaios em laboratórios para Além disso, é proibido o seu despejo, direta ou
determinar se as propriedades de mistura dos óleos são indiretamente, nos cursos e coleções d’água ou locais
ainda satisfatórias. Ensaios de compatibilidade são expostos às intempéries.
particularmente importantes no caso de óleos inibidos. Algumas empresas adotam precauções para o
As características principais, incluindo pessoal que trabalha diretamente com o produto,
estabilidade à oxidação, são determinadas na mistura dos utilizando equipamentos de segurança como:
óleos. A proporção dessa mistura deve ser a mesma que a
encontrada na prática ou, se isso não for conhecido, deve − óculos de vidros ou de plásticos;
se usar uma razão 1:1. − aventais, protetores de pernas, agasalho e
Os resultados obtidos na amostra da mistura não outros (tipo clorovinil);
deve ser inferiores aos do pior dos óleos individuais. − luvas compridas (tipo clorovinil ou de
Caso ocorra alguma dúvida, referente a plástico).
compatibilidade, recomenda-se consultar o fornecedor do
óleo e/ou o fabricante do equipamento. Além disto, é necessário ter-se um local
Pelo exposto, nota-se que podem ser misturados separado para guardar os materiais protetores. No caso de
apenas óleos do mesmo tipo (ou parafínicos ou algum deles tomar contato com o ascarel, ele deverá ser
naftênicos). limpo com tecido de algodão embebido de acetona.
O aproveitamento dos transformadores que
3.0 - ASCARÉIS contenham ascarel, substituindo-se por outro óleo isolante
é possível desde que haja:
Askarel (ou Ascarel) é uma marca registrada da
Monsanto que se tornou sinônimo de qualquer óleo a) esvaziamento total do ascarel;
sintético resultante da mistura de policloro difenol (PCB) b) fabricação total de nova bobina, devido a
com triclorobeniza (C6H3C3), que, além de possuir quase impregnação do ascarel;
todas as características dos óleos minerais, praticamente c) substituição total da carcaça;
não é inflamável. Existem diversas marcas, como: d) desmontagem do núcleo, a fim de lavagem das
Pyranol (GE), Aroclor (Monsanto), Inerten chapas de silício e demais componentes;
(Westinghouse), Elophen (Bayer), Pyralene (Proelec), e) alterações de projeto original do
Sanotherm (Mitsubishi) e outros. transformador, isto é, aumento de cerca de
Devido as suas boas propriedades dielétricas, de 10% dos radiadores, mudança dos materiais
dissipação térmica, segurança ao fogo (não se inflamam das gaxetas e outros, dependendo das
em temperaturas normais de operação do transformador), características do material a ser utilizado.
durabilidade e preço comparativamente baixo foram
empregados com sucesso nos transformadores em Além de todas essas alterações deve-se levar em
instalações internas e próximos a edifícios. conta o preço do óleo substituído.
Por outro lado, sob determinadas condições, tais
como em presença de um arco voltaico, há a liberação de No Brasil, acredita-se que esta mudança seja
gás HCl. Além disto, apresentam a característica de mais onerosa que a aquisição de uma nova unidade, dado
dissolver certos vernizes e a borracha natural. Ainda tem- que não existem estudos para a avaliação de desempenho
se que, peças isolantes à base de resina fenólica, tais destes transformadores e, muito menos, normas definidas
como baquelite, alteram as características dos ascaréis. para o procedimento dessa troca ou concentração
Os ascaréis apresentam problemas no seu permissível do ascarel em outros óleos isolantes.
recondicionamento em virtude de serem tóxicos e pela
utilização de percolação com terra fuller, sendo produtos Os ascaréis são todos miscíveis e compatíveis
não biodegradáveis. entre si.
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Capítulo 18: Tipos de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 108
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

4.0 - FLUIDO DE SILICONE e) seu custo é o maior entre os diversos tipos de


O termo que geralmente se refere ao composto óleos.
de um polímero de dimetil siloxano que pode ser usado Pelas características expostas, é viável
como dielétrico líquido na eletrotécnica. tecnicamente a substituição de outros óleos pelo fluído de
A presença deste composto trás grande margem silicone. Porém, atenta-se que deve-se, ainda, serem
de segurança na aplicação em transformadores, o que o esclarecidos alguns aspectos sobre sua capacidade de
tornou um substituto para o ascarel. Apresenta ainda uma segurança por meio de testes apropriados.
resistência ao fogo muito maior que os óleos minerais.
A primeira característica importante do fluído de 5.0 - FLUIDO RTEmp
silicone para aplicação em transformadores é a sua não
inflamabilidade sob altas temperaturas de operação. Trata-se de um hidrocarboneto parafínico de alto
Nos transformadores operando com silicone em peso molecular produzido pela RTE Corporation e
temperaturas normais, faixa de 75º C, tem uma longa vida lançado no mercado norte americano em 1978.
útil. E por outro lado, em caso de temperatura elevada em Suas características são semelhantes ás do óleo
torno de 150º C por período de tempo bem prolongado é mineral e possui várias vantagens, como:
possível a operação com este fluído devido a sua a) Alto ponto de fulgor e de inflamação; deve-se
estabilidade química, que é excelente. observar que, de acordo com a “NEMA”, o
Em caso de baixa temperatura, a viscosidade do fluido RTEmp é menos inflamável que os óleos
fluído de silicone não sofre grande alterações. à base de silicone;
Apresenta, ainda, outras características b) possui alta rigidez dielétrica (superior ao dos
favoráveis, como: outros óleos), grande capacidade de
a) não é propagador de chama, pois mesmo que interrupção de arcos voltaicos, praticamente
entre em combustão, o fluído tenderá à auto- não cria borra e é não corrosivo;
extinção, ou seja, durante o processo de c) compatível com todos os materiais empregados
combustão forma-se uma camada de sílica na construção de transformadores;
sobre a superfície, a qual restringe o acesso de d) quando submetido a um arco não gera ácidos
oxigênio, exercendo um efeito extintor; fortes e partículas abrasivas, bem como, sua
b) apresenta baixa toxidade e nenhuma evidência rigidez dielétrica não decai rapidamente;
de bio acumulação; e) é biodegradável e menos tóxico que o óleo
c) excelente compatibilidade com praticamente mineral.
todos os materiais empregados na construção Pode ser usado para substituir os outros óleos
de transformadores, como vernizes, papéis, conforme mostrado a seguir:
fibras, fenolites e outros; a) sendo o RTEmp totalmente compatível e
d) testes de desempenho mostraram que o fluído miscível com todos os ascaréis, não é exigida
não cria borra, não se oxida nem, tampouco, nenhuma modificação no reenchimento dos
muda sua viscosidade por mais de 20 anos, transformadores. No entanto a mistura não
quando em operação em transformadores; deve ultrapassar o limite máximo de 40% do
e) são miscíveis com os ascaréis. volume; isto porque o peso específico
Entretanto, apresenta desvantagens, como: resultante toma um valor próximo a unidade,
a) Possui peso especifico próximo ao da água, sendo difícil a separação da água existente no
devendo o cuidado no manuseio serem sistema;
redobradas, pois o fluido quando exposto ao ar b) na substituição do óleo mineral, uma
úmido, estabelece rapidamente um equilíbrio, percentagem maior que 2% do óleo
absorvendo umidade graças a grande facilidade convencional não é desejável, dada que haverá
de difusão dos gases e vapores nos silicones um decréscimo do ponto de inflamação:
em geral. A quantidade de água absorvida é portanto, uma lavagem no equipamento com
proporcional à umidade relativa do ar; solvente tipo querosene, para este caso, é um
b) atacam as borrachas de silicone utilizados nas quesito obrigatório. Observe-se que,
gaxetas de certos transformadores. As gaxetas entretanto, é totalmente miscível com o óleo
devem ser substituídas; mineral em quaisquer proporções;
c) não são biodegradáveis e ainda não está muito c) na substituição do fluído de silicone
clara a sua influência sobre o meio ambiente recomenda-se uma lavagem do equipamento
no caso de um derramamento; devido a miscibilidade de silicone com o
d) sob condições de arco voltaico gera ácidos RTEmp.
fortes e partículas abrasivas, bem como, a Suas desvantagens são a alta viscosidade e custo
rigidez dielétrica diminui rapidamente; atual muito superior ao do óleo mineral.

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Capítulo 18: Tipos de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 109
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 19: PROPRIEDADE DOS FLUÍDOS


DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES
"Existem verdades que a gente só pode dizer depois de ter conquistado o
direito de dizê-las.”

Jean Cocteau

RESUMO Quando da realização de um teste, se constatado


um baixo ponto de fulgor, verifica-se a presença de
Este texto analisa as propriedades físico-químicas e contaminantes combustíveis voláteis perigosos no óleo.
elétricas dos vários fluidos utilizados em Por outro lado, o ponto de inflamação é a
transformadores. temperatura onde os vapores de um óleo, quando
aquecidos no mesmo aparelho para determinar o ponto de
fulgor, se inflamam e continuam queimando por mais de
1.0 - PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS cinco segundos (esta temperatura assume um valor um
pouco superior à do ponto de fulgor).
1.1 - Coloração Por razões de segurança, o ponto de inflamação
dos óleos não deve situar-se abaixo de um valor mínimo.
A cor de um óleo isolante não deve ser Além disso, é uma medida grosseira para a volatilidade
considerada corno uma propriedade, mas sim como uma do óleo (isto é, a pressão do vapor), já que o ponto de
indicação prática dos limites (aproximados) de seu estado inflamação é tanto maior quanto menos volátil for o óleo.
atual. Esta característica não é totalmente independente
Qualquer óleo mineral com o envelhecimento irá da viscosidade. Em geral, quanto menos viscoso for um
perder sua coloração liquida e irá tomando uma óleo menor será o seu ponto de inflamação e vice-versa.
tonalidade mais escura para posteriormente apresentar O ponto de combustão é a temperatura que o
uma cor marrom bem escura. óleo se inflamará espontaneamente em contato com o ar.
A norma ASTM-D-1500 e a MB-351 numeram Observe-se que o conhecimento destas
as cores do óleo isolante conforme a tabela 1. temperaturas são importantes pois o óleo pode ficar
submetido a faiscas elétricas ou a aquecimento exagerado
Número da Cor Cor Padrão quando em operação.
1 lírio
1.3 - Ponto de fluidez
1,5 creme claro
2 amarelo pálido A temperatura mais baixa na qual o óleo escoa
2,5 cidra pálido extra em condições perfeitamente estabelecidas; praticamente
não é afetado pela contaminação e deterioração do óleo.
3 cidra pálido
A determinação desta temperatura tem
3,5 laranja pálido extra importância para a identificação do tipo de óleo e as
4 laranja pálido condições em que pode ser usado.
4,5 vermelho descorado
1.4 - Densidade
5 vermelho claro
6 vermelho escuro A razão entre a massa específica de um óleo e a
sua massa específica na água, medida a 4º C.
7 vinho A densidade não é um parâmetro para medir a
8 marrom qualidade de um óleo isolante, porém serve para que se
determine sua adequação à aplicações específicas, tais
Tabela 1 Classificação de cores conforme ASTM
- como em climas frios que pode ocorrer a formação de
gelo que ficará flutuando no óleo podendo gerar
1.2 - Ponto de Fulgor, de Inflamação e Combustão disrupturas.
Um dos métodos para a determinação da
Ponto de fulgor é a menor temperatura na qual densidade é mergulhar um densímetro no óleo isolante
os vapores de um óleo se inflamam por um pequeno sob análise (o qual permanece em equilíbrio a uma certa
intervalo de tempo, quando em contato com uma chama. profundidade).

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Capítulo 19: Propriedades dos Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 110
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Este densímetro possui uma haste onde se lê, ao este por sua vez, já são afetadas pela simples presença de
nível da superfície, o valor da densidade. Com a substância ácidas.
utilização de um termômetro mede-se a temperatura do Portanto, o índice de acidez mede a quantidade
óleo no momento da leitura da densidade, já que a de ácidos minerais existentes no óleo, formados por
densidade varia com a temperatura. oxidação e que são responsáveis diretos pela formação de
A faixa de densidade relativa dos produtos de borra.
petróleo encontram-se entre 0,700 a 1,050. No caso de adição ao óleo, por exemplo, de
hidróxido de potássio (KOH), o número de neutralização
1.5 - Viscosidade desejado será dado pela quantidade de hidróxido (em mg)
necessário para neutralizar uma grama de óleo (mg
A viscosidade mede a resistência do fluido ao KOH/g).
escoamento, bem como, o grau de atrito interno ao A cifra ou número de neutralização varia entre 0
escoar. Geralmente é determinada através do tempo e 1, considerando-se um índice normal de acidez o que se
necessário para que escoe um certo volume de tal fluido apresenta com valor 0,4; alguns ensaios mostram que a
em condições preestabelecidas. borra começa a se formar a partir deste índice, ou seja,
Quanto mais viscoso for um fluido, mais verifica-se que quanto mais escura for a cor do óleo, o
dificuldade ele encontrará para escoar; a água, por mesmo estará com uma acidez maior.
exemplo, escoa com bastante facilidade e assim possui A tabela 2 fornece alguns elementos
baixa viscosidade. relacionados ao controle da acidez.
A viscosidade dos fluidos dielétricos é uma
grandeza que depende fortemente da temperatura. Ela Índice de
varia inversamente com as variações da temperatura, (o Interpretação Observação
Neutralização
que representa uma relação essencial para o óleo em
Até 0.05 Novo Óleo novo, sem uso.
termos de refrigeração). Sendo assim, quanto maior for a
sua temperatura, mais facilidade ele encontrará para
escoar, trocando calor com meio externo. Óleo usado. Tratamento
Desta forma, a viscosidade deve ser tal que de 0,05 a 0,25 Bom
desnecessário.
permita a circulação de óleo livremente pelas aletas de
refrigeração do transformador.
A viscosidade não é afetada pela contaminação Improvável formação de
ou deterioração de um óleo, mas serve para identificar o lama. Tratar ou trocar.
seu tipo. de 0,25 a 0,40 Duvidoso
Desnecessário lavar
núcleo com jato de óleo.
1.6 - Ponto de anilina
Início de formação de
Ponto de anilina é a temperatura em que há a lama. Tratar ou trocar.
separação de anilina de uma mistura de anilina e óleo. de 0,40 a 0,7 Precário Lavar todos os
O ponto de anilina está, de certa forma, componentes com jato de
relacionado com a propriedade de dissolver materiais óleo
com os quais entra em contato e com seu conteúdo Formação franca de
aromático. lama. Trocar.
Indispensável lavagem de
1.7 - Acidez (Número ou Índice de Neutralização) todos os componentes
acima de 0,7 Perigoso
com jato de óleo.
Os ácidos constituem justamente um tipo de Verificar isolamento
substância cuja presença é apenas tolerada em pequenas sólido do transformador
quantidades. A acidez normalmente admitida nas – possíveis danos.
especificações para óleos isolantes novos é de 1 a 2
moléculas de ácido para cada 10 moléculas de óleo; isto Tabela 2 - Controle de Acidez
corresponde, aproximadamente, ao limite de detecção dos
métodos vulgares de determinação de acidez de óleos Observe-se que a análise da acidez do óleo é
minerais. imprescindível para a verificação da qualidade do óleo.
A presença de ácidos nos óleos isolantes é
indesejada pois se trata de substância atividade química 1.8 - Tensão interfacial
relativamente elevada. A sua presença pode provocar o
ataque dos diversos materiais usados nos transformadores A forte atração reciproca entre moléculas da
(em particular, os metais) e, como conseqüência, haverá superfície de um líquido resulta em um fenômeno
uma diminuição das características dielétricas do óleo; denominado tensão interfacial. Sendo assim, nos óleos
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Capítulo 19: Propriedades dos Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 111
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

novos, o valor da tensão interfacial é uma medida para a circulação de uma corrente por seu interior (corrente de
pureza do óleo e, portanto, para avaliação de que houve fuga). Naturalmente, estas condições mostram que haverá
adequada remoção de contaminantes (em particular perdas dielétricas no óleo.
subprodutos da refinação). O fator de potência do óleo é a relação entre tais
Supondo-se dois líquidos não miscíveis, por perdas e o produto da tensão aplicada e a corrente total
exemplo, água e óleo, tem-se que este flutua sobre o que circula pelo óleo em VA.
primeiro devido a sua menor densidade. O valor do fator de potência é indicativo do
Se certos contaminantes são agregados ao óleo, estado do óleo, ou seja, um alto valor indica a presença de
tais como ácidos gasosos saponificados, partículas de pó contaminantes ou produtos de deterioração, tais como
ou produtos de oxidação, estas substâncias tendem a água, oxidação e outros.
concentrar-se entre a mistura de água-óleo; quanto maior
for essa concentração, menor será o valor da tensão
interfacial. Quando há imposição, normalmente 3.0 - ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
especifica-se o valor mínimo de 0,040 N/m.
A experiência mostra, no entanto, que existem A norma NBR 7036 define as características
óleos isolantes, de qualidade comprovada por muitos desejáveis dos óleos minerais, conforme mostra a tabela
anos de serviço satisfatório, cuja tensão interfacial no 3.
estado novo tem valores de ordem de 0,030 N/m. Por outro lado, a NBR 7037 fornece faixas de
valores e recomendações em função de resultados que
1.9 - Estabilidade à Oxidação devem ser obtidos através de ensaios. A tabela 3
transcreve tais valores, sendo que deve-se acrescentar 5
A formação de borra e acidez, em decorrência da kV aos valores de rigidez dielétrica mostradas no caso
oxidação durante a armazenagem, processamento ou de dos ascaréis
um longo período de serviço deve ser a mínima possível.
Essa característica é essencial para reduzir a passagem da Valores Limites
corrente, a corrosão metálica, maximizar a vida útil do Características
Tipo A Tipo B
isolamento, a rigidez dielétrica e garantir boa dissipação
de calor. Claro, límpido, isento de
A quantidade de borra formada é um bom fator Aparência materiais em suspensão e
para se avaliar as características de oxidação de um óleo. sedimentos
Pode ser apresentada em uma das três formas seguintes: Cor ASTM, máx. 1 1
a) porcentagem de matéria insolúvel formada Densidade (a 20º C) 0.900 0.860
num determinado período de tempo; Ponto de fulgor , mín. (ºC) 140 140
b) tempo necessário para formação de matéria Ponto de fluidez, mín. (ºC) -15 -9
insolúvel ou de excesso de acidez; Índice de Neutralização (mg
c) tempo necessário para o óleo reagir com um 0.04 0.04
KOH /g), máximo
determinado volume de oxigênio. Viscosidade (cSt), máx. 20ºC 25 25
1.10 - Enxofre Corrosivo Não Não
Enxofre corrosivo
corrosivo corrosivo
Os compostos de enxofre podem causar a
Fator de potência, máx. a
corrosão de certos materiais presentes nos equipamentos, 0.5% 0.5%
100ºC
tais como cobre e prata.
Tensão interfacial (dina/cm)
1.11 - Cloreto e Sulfetos Inorgânicos 40 40
mín. a 25ºC
A presença de cloretos e sulfatos inorgânicos Rigidez dielétrica kV/2.5 mm
indica a corrosividade do óleo e a presença de 30 30
mín. – eletrodo de disco
contaminantes. Conteúdo de água (ppm) máx 35 35
Cloretos e sulfetos Isento Isento
2.0 - PROPRIEDADES ELÉTRICAS Estabilidade a oxidação após
0.5 0.5
164 horas a 100ºC, O2, Cu
2.1 - Rigidez Dielétrica Borra, máx. 0.15% 0.15%
Analisada no Capítulo 20.
Tabela 3 - Características dos óleos isolantes
2.2 - Fator de potência do óleo isolante
Como todo dielétrico, o óleo isolante ao ser Para fins de consulta, a tabela 4 fornece dados
submetido a uma diferença de potencial, permite a dos óleos obtidos de catálogos de diversos fabricantes.

________________________________________________________________________________
Capítulo 19: Propriedades dos Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 112
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Resultados
Valores Limites
Típicos
Óleo Usado Método de
Ensaios
Óleo Óleo Óleo Satisfatório A Recondicionar Após Tratamento Ensaio
Novo Usado Novo A
Até Até Regenerar Até
Acima Acima Acima
230kV 230kV 230kV

50 > 40 > 30 > 30 > 35 25 – 30 25 – 35 > 33 > 38 ASTM D877


Rigidez 65 > 70 - > 60 > 70 50 – 60 50 – 70 > 65 > 76 (NBR 6869)
Dielétrica - - - > 24 > 27 20 – 24 20 – 27 > 25 > 30 ASTM D1816
70 > 58 - > 48 > 54 40 - 40 40 – 54 > 30 > 60 ASTM D1816

Conteúdo Método Karl


de Água 10 15 < 35 < 25 < 15 25 - 40 15 – 40 < 40 < 20 < 15 Fischer - ASTM
(ppm) D1533/MB-818
ASTM
Acidez
D974/MB
(mgKOH/g 0.03 0.1 - 0.2 < 0.04 < 0.3 < 0.1 - > 0.4 < 0.1
101 – ASTM
óleo)
D664/MB-494
Tensão ASTM 971/
Interfacial 0.045 0.02–0.03 > 0.04 > 0.02 0.02 – 0.025 < 0.02 > 0.03 NBR 6234/
N/m ASTM D2285
ASTM D1500
Cor 0.5 1 – 1.5 < 1.0 >3 3-4 >4 <2
MB-351

0.01 0.1 – 0.3 < 0.05 0.05 0.5 – 1.5 > 1.5 < 0.1 20º C
Fator de
- - < 0.05 - - - - 25º C ASTMD
Potência
0.07 - < 0.03 - - - - 100º C 924
(%)
0.1 - - - - - - 90º C VDE370

Tabela 4 – Característica de Óleos Isolantes

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Capítulo 19: Propriedades dos Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 113
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 20: ENSAIO DE RIGIDEZ DIELÉTRICA


“Nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas.”

Anônimo

RESUMO

Em relação às propriedades elétricas de um


fluído refrigerante e isolante, verifica-se que a mais
importante é a rigidez dielétrica. Sendo assim, os
próximos tópicos fornecem a metodologia para a sua
medição.

1.0 - INTRODUÇÃO
a) Eletrodos ASTM
A rigidez dielétrica de um líquido isolante é uma
média de sua capacidade de resistir à tensão elétrica sem
falhar, ou seja, o valor de tensão na qual ocorre uma
ruptura do fluido entre dois eletrodos posicionados no
interior de uma cuba de material isolante em condições
preestabelecidas.

b) Eletrodos VDE

Figura 1 – Eletrodos imerso em cuba de óleo isolante.

Desta forma, a rigidez dielétrica é:


UC
EC = (1)
dC

onde: c) Outros tipos de Eletrodos

EC - rigidez dielétrica, em kV/mm ou kV/pol.; Figura 1 - Eletrodos mais usados para a determinação da
UC - tensão de ruptura, kV; rigidez dielétrica de óleos isolantes (dimensões em mm).
dC - distância em mm ou polegada.
Observa-se que o valor da rigidez dielétrica se
Os tipos mais comum de eletrodos e respectivos altera conforme o formato e a distância dos eletrodos.
espaçamentos em milímetros são mostrados na figura 2, Sendo assim, quando se fornece o valor da
sendo os de formatos ASTM (ou ANSI ou ABNT) e VDE, rigidez é obrigatório também informar o tipo de eletrodo
os mais utilizados no Brasil. e “gap’ utilizado pois a tensão de ruptura será diferente.
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Capítulo 20: Ensaio de Rigidez Dielétrica - 114
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

A figura 3 esclarece para o caso de uma rigidez Ë necessário que não haja a formação de bolhas
de 40 kV/mm, onde a tensão de ruptura é de 60 kV para e, portanto, deve-se deixar o óleo em repouso por cerca
os eletrodos VDE e de 85 kV para os do tipo ASTM. de 2 (dois) a 3 (três) minutos antes de iniciar o ensaio. Se
o aparelho possuir misturador deixá-lo ligado.
Feito isto, aplica-se continuamente uma tensão
crescente a razão de 3 kV/seg. até que ocorra a ruptura na
amostra existente na cuba, com intervalos de 1 (um)
minuto, no mínimo. O valor obtido deverá ser anotado.
O ensaio deve ser repetido mais cinco vezes
utilizando-se a mesma amostra, desprezando-se a
primeira medida.
A rigidez dielétrica é expressa pelo valor médio
dos cinco valores restantes se o resultado apresentar
consistência estática. Se isto não se verificar, executa-se
novo grupo de cinco medidas, e o valor da rigidez será a
média das dez medidas efetuadas.
No segundo grupo de medidas nenhuma das
leituras é desprezada.
Se, por outro lado, deseja-se novamente
determinar se a rigidez dielétrica está acima ou abaixo do
Figura 3 – Rigidez dielétrica e tensão de ruptura para valor especificado pelas normas, faz-se seis leituras,
vários tipos de eletrodos desprezando-se a primeira, se as cinco últimas leituras
possuírem valores superiores, o óleo está aprovado
Muitas vezes, diz-se que a rigidez dielétrica é 30 quanto à este aspecto.
kV, por exemplo. Na verdade, isto deve ser considerando
como 30 kV/0,1” ou 30 kV/2,54 mm. caso os eletrodos
sejam do tipo disco (ANSI/ABNT). 3.0 - MEDIDA DA RIGIDEZ DIELÉTRICA - MÉTODO
A figura 4 apresenta a imagem de um medidor VDE 370
de rigidez completo.
Utiliza-se os eletrodos da figura 2 b) e o medidor
deve ser capaz de atingir a pelo menos 90 kV.
Deve-se verificar o espaçamento correto dos
eletrodos (2,5 mm), encher a cuba de óleo cobrindo-os.
Atentar, também neste caso, para que não haja a
formação de bolhas e, portanto, é conveniente deixar a
amostra de óleo em repouso por cerca de 1 a 3 minutos
antes de iniciar o ensaio. Se houver agitador, deixá-lo
ligado.
Feito isto, aplica-se continuamente uma tensão
crescente na razão de 2 KV/seg., até que ocorra a
ruptura., anotando-se este valor.
O ensaio é repetido mais cinco vezes, utilizando-
se a mesma amostra, sendo válidas as mesmas condições
anteriores.

Figura 4 – Medidor de rigidez dielétrica (Nansen) 4.0 - CRITÉRIO DA CONSISTÊNCIA ESTATÍSTICA

2.0 - MEDIDA DA RIGIDEZ DIELÉTRICA - MÉTODO O critério da consistência estática consta em se


ASTM-D877 determinar a relação entre o desvio padrão (δ) e valor
___

Utiliza-se os eletrodos de discos planos médio das leituras ( X ), e verificar se ela é menor ou
mostrados na figura 2 a), sendo conveniente verificar se igual a 0,1, ou seja:
estão são ajustados a uma distância de 0,1 polegada (2,54 δ
mm) entre si. ____
≤ 0,1 (2)
O medidor de rigidez deve ser capaz de atingir a X
tensão de, pelo menos, 40 kV.
A cuba deve ser enchida com uma amostra de Se tal não ocorrer, é provável que o erro da
óleo, de forma a cobrir os eletrodos. média seja excessivo.
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Capítulo 20: Ensaio de Rigidez Dielétrica - 115
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

A média e o desvio padrão, por outro lado, são Ainda, a titulo de exemplo, supondo-se que o
dados por: grupo de cinco novas leituras seja:

34, 36, 32, 35, 36 kV,


1 5
X= ∑ xi
5 i =1
(3) A rigidez dielétrica será:

e, RigidezDielétrica =
29 + 32 + 33 + 40 + 36 + 34 + 36 + 32 + 25 + 36
10

δ=
1
4
[∑ (x ) − 5 X ]
5
i =1 i
2
(4) ou:

Rigidez Dielétrica = 34.3 kV


Se, por exemplo, em um ensaio forem obtidas as
seguintes leituras, na ordem em que foram feitas,
5.0 - CUIDADOS COM O MEDIDOR DE RIGIDEZ
50 KV, 29 KV, 32 KV, 33 KV, 40 KV, 36 KV
Independentemente do tipo de teste a ser
Desprezando-se a primeira leitura, ou seja, 50 executado, é importante que a cuba e os eletrodos estejam
KV, tem-se de (3): bem limpos e secos antes do enchimento do óleo.
Para a limpeza deve-se utilizar uma mistura de
1 benzol e álcool na proporção de 2/3 e 1/3,
x= (29 + 32 + 33 + 40 + 36 ) = 34 kV respectivamente, e secar de preferência na estufa.
5 Os eletrodos e o interior da cuba não devem ser
tocados.
E, de (4):

6.0 - TESTES NA ÁREA


δ=
4
(
1 2
)
29 + 322 + 332 + 402 + 362 − 5( 34)2 = 4.138
O envelhecimento excessivo ou a contaminação
podem ser observados através da inspeção visual,
Então: baseando-se na cor e matérias estranhas no óleo
Para uma verificação rápida do conteúdo de
δ 4.183 umidade, pode-se utilizar o “teste de crepitação”,
= = 0.123 > 0.1 adotando-se o seguinte procedimento:
x 34
a) colocar uma pequena amostra de óleo em um
Portanto, deve-se executar mais um grupo de tubo limpo e seco;
cinco leituras. b) aquecer o conjunto com um queimador de gás
a uma temperatura superior a 100 0C;
Pode-se utilizar um critério alternativo, ou seja, c) um som crepitante indicará a presença de água
determinar a diferença entre o maior e a menor leitura, e em perigosa concentração.
multiplicar-se o resultado por 3 (três). Se o produto for
maior que o valor mais próximo do mínimo das cinco Observe-se, entretanto, que o teste de rigidez é o
leituras é provável que o erro seja excessivo. que realmente avaliará as condições dielétricas do óleo.
Sendo assim, no caso do exemplo anterior, tem-
se que o maior valor é de 40 KV e o menor 29 KV.
Então, a diferença é 11 KV e, assim: 7.0 - Conclusões

3x 11 = 33 kV Assim como em vários outros testes, é


conveniente o acompanhamento da evolução da rigidez
Comparando-se com o maior valor mais dielétrica do óleo ao longo do período de funcionamento
próximo de 20 kV, o qual é 32 kV, tem-se: do transformador.
A comparação entre o valor atual com o anterior
33 > 32 permite que se tenha idéia de uma possível deterioração
do óleo, se a rigidez diminuiu sensivelmente.
Portanto, deve-se executar mais um grupo de Entretanto, mesmo que a rigidez se mantenha
cinco leituras. estável não significa, necessariamente, que o óleo se
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Capítulo 20: Ensaio de Rigidez Dielétrica - 116
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

encontre em boas condições, pois poderão existir outros na realidade, não é uma característica intrínseca, sendo
fatores que não são detectados por seus respectivos testes. antes determinada pelo estado de poluição do óleo.
Desta forma, a idéia da avaliação da qualidade Desta forma, a rigidez pode assumir baixos
de um fluido dielétrico baseando-se apenas no valor de valores com o aumento da presença de agentes
sua rigidez dielétrica não se constitui em boa prática. Ela, contaminantes tais como a água e partículas sólidas.

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Capítulo 20: Ensaio de Rigidez Dielétrica - 117
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 21: MANUTENÇÃO DE FLUÍDOS


DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES
“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um
feito, mas hábito”

Aristóteles

RESUMO Naturalmente, em operação normal, os gases são


formados a uma taxa bastante baixa. Entretanto, a
Apresenta-se, a seguir, as filosofias básicas de
ocorrência de falhas modifica consideravelmente este
manutenção em fluidos dielétricos.
panorama, mesmo que ela seja incipiente no momento.
O perfeito conhecimento da composição dos
1.0 - INTRODUÇÃO gases dissolvidos nos óleos minerais isolantes possibilita
Para que um fluído dielétrico e refrigerante a detecção de falhas, sendo, portanto, uma poderosa
(óleo) cumpra suas funções de maneira satisfatória, ferramenta na manutenção dos transformadores.
deve apresentar algumas características básicas, tais A manutenção preventiva consiste em verificar a
como: adequação destas propriedades. Na preditiva, por sua vez,
analisa-se qualitativa e quantitativamente a presença
a) Baixo teor de umidade, pois as partículas de
destes gases, sendo os mais importantes:
água em suspensão diminuem suas
propriedades dielétricas; a) Hidrogênio (H2);
b) Elevada resistência à oxidação, para evitar a b) Metano (CH4);
formação de borras e ácidos; c) Monóxido de Carbono (CO);
c) Composição química tal que não altere as d) Dióxido de Carbono (CO2);
propriedades dos diversos elementos do e) Etileno (C2H4);
transformador; f) Etano (C2H6);
d) Viscosidade suficientemente baixa para g) Acetileno (C2H2).
permitir grande mobilidade das partículas
aquecidas, de forma a não prejudicar a A verificação dos níveis de presença de tais
transferência de calor; gases é importante, pois eles estão relacionados com a
e) Resistência elevada à inflamação, de forma a decomposição do sistema de isolamento óleo/papel.
tornar mais segura a instalação elétrica. A celulose do papel isolante quando submetida a
aquecimento em um sistema fechado a temperaturas da
Naturalmente, é necessário analisar se com uma ordem de 150º C leva a formação dos seguintes produtos
certa freqüência se o fluído de um transformador em de decomposição:
operação está em boas condições de trabalho.
Assim, a sua manutenção preventiva, a) Monóxido de Carbono;
principalmente, é de grande importância para o bom b) Dióxido de Carbono;
desempenho do equipamento. c) Água.

Se a temperatura se eleva a 250 0C ou acima,


2.0 - ASPECTOS DA MANUTENÇÃO
observa-se a formação de cerca de 4 vezes mais
O acompanhamento sistemático e criterioso das monóxido de carbono do que dióxido de carbono.
condições dos fluidos dielétricos torna possível No caso dos óleos minerais, quando submetidos
prolongar a vida útil deles mesmos, bem como do a temperaturas inferiores a 500º C em presença de
transformador. Além disto, obtêm-se desempenhos oxigênio, produzem pequenas quantidades de CO2, água,
melhores e menores ocorrências de falhas ao longo do hidrogênio, etileno, etano e metano. Entretanto, quando
funcionamento do conjunto. submetidos a temperaturas muito superiores ou a esforços
Observa-se que, em um transformador em elétricos severos como, por exemplo, um arco, os gases
operação, o conjunto isolante óleo/papel é submetido a se formarão em maior quantidade.
uma série de esforços térmicos e elétricos que levam à Em função do exposto, quaisquer atitudes para a
sua decomposição parcial. executar a manutenção em óleos isolantes, devem,
Desta forma, há a decomposição do óleo, necessariamente, envolver quatro elementos básicos, ou
resultando na alteração das propriedades físico-químicas seja: o aquecimento excessivo, presença de água e de
e na formação de alguns gases. oxigênio e contaminação.
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Capítulo 21: Manutenção em Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 118
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

3.0 - AQUECIMENTO EXCESSIVO As operações acima do limite de 140º C


Um aquecimento excessivo resulta na conforme a citada norma, devem ser tratados com um
diminuição da vida útil do isolamento, ou seja, o seu certo cuidado, pois poderá haver formações de gases na
envelhecimento ou deterioração (“aging”) é função do isolação sólida e no óleo, o que pode representar um risco
tempo e da temperatura. potencial para a integridade de rigidez dielétrica do
Apesar das temperaturas maiores ou os pontos transformador.
mais quentes estarem localizados nos enrolamentos e,
4.0 - PRESENÇA DE ÁGUA
portanto, o seu isolamento sólido sofrer maior
degradação, também o óleo é afetado. A presença de água no sistema de isolação de
Embora não seja possível predizer com precisão transformadores pode dar-se por contaminação externa
absoluta a vida de um isolante é geralmente aceito a regra (falha de vedações ou do sistema de preservação contra
de Montsinger que estabelece que “a vida do isolante umidade - respiro) ou pela decomposição por hidrólise da
reduz-se pela metade a cada 8 a 10º C de celulose e do óleo isolante.
sobretemperatura em operação contínua”. A água age como catalisador, acelerando a
Os transformadores fabricados no Brasil, em deterioração do óleo isolante e da celulose da isolação
geral, admitem uma elevação de temperatura dos sólida alterando desfavoravelmente suas propriedades
enrolamentos não superior a 55º C e elevação de dielétricas e mecânicas do papel.
temperatura de ponto mais quente do enrolamento acima Uma parte da água contida no papel é mantida
do ambiente, não superior a 65º C. na superfície de suas fibras, enquanto a outra, penetra
A vida útil máxima do óleo pode ser atingida nestas fibras por capilaridade (ou seja, é absorvida). Uma
quando a temperatura do óleo isolante, da parte superior terceira parte está quimicamente ligada à celulose, sendo
do tanque do transformador em serviço, não for maior esta a água de cristalização da mesma.
que 60º C. A capacidade de absorção de água no óleo, por
Admitindo-se que a vida útil de um óleo isolante outro lado, também está ligada com a temperatura.
seja de 20 anos, considerando-se um limite critico do Sabe-se que, quanto maior a temperatura, tanto
índice de neutralização de 0,25 mg KOH/g e a citada lei maior a solubilidade da água no óleo. Assim, uma
de Montsinger, tem-se a relação entre elevação de quantidade de água de 100 ppm estará completamente
temperatura do topo do óleo e vida útil mostrada na dissolvida a 40º C, enquanto que a 20º C, parte desta água
figura 1. terá virado emulsão. Após certo conteúdo da emulsão,
haverá, formação de gotas (dispersão).
O óleo deve conter o menor teor possível de
água, de forma a aumentar a capacidade de isolamento do
sistema, reduzir as perdas dielétricas e a corrosão
metálica, assegurar uma elevada rigidez dielétrica e, em
conseqüência, uma vida útil maior para o transformador.
A figura 2, para exemplificar o exposto,
apresenta na área hachurada, valores obtidos
experimentalmente por vários pesquisadores, onde se
verifica que há uma diminuição da rigidez conforme se
aumenta o conteúdo de água no óleo, considerando-a
como único contaminante.

Figura 1 - Vida útil estimada em função da elevação de


temperatura.
Para estes transformadores, a norma NBR 5416
adota os limites admissíveis de temperatura fornecidos
pela tabela 1.
MÁXIMA Topo do Óleo 110º C
TEMPERATURA Ponto mais Quente 150º C
Tabela 1 - Máximas Temperaturas Admissíveis pela NBR Figura 2 Rigidez dielétrica em função do teor de água no
-

5416 óleo
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Capítulo 21: Manutenção em Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 119
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

5.0 - ENTIDADES NORMALIZADORAS Normas Aplicáveis


Ensaios Físicos
Existem várias entidades que padronizam ou ASTM NBR
normalizam os óleos isolantes utilizados em
Rigidez Dielétrica à freqüência D.1816 MB.330
transformadores, disjuntores e em outros equipamentos industrial
elétricos. As principais são: a) Eletrodos VDE
b) Eletrodos e m disco
a) ABNT Associação Brasileira de Normas
- D.877
Técnicas; Fator de potência e constante
b) ASTM American Society for Testing Materiais; D.924
- dielétrica a 25º C e 100º C
c) IEC Internacional Eletrotechnical Comission;
- Rigidez dielétrica à tensão de
D.3300
d) GCOI Grupo Coordenador de Operação
- impulso
Interligada. Resistividade à 25º C D.1169

6.0 - ENSAIOS NOS ÓLEOS ISOLANTES Tabela 3 - Ensaios elétricos e normas aplicáveis

Os ensaios no óleo isolante podem ser químicos, Os ensaios químicos e respectivas normas são os
físicos e elétricos. relacionados na tabela 4.
As normas aplicáveis aos ensaios físicos são
dadas na tabela 2. Normas Aplicáveis
Ensaios Químicos
ASTM ABNT
Normas Aplicáveis Índice de neutralização, nº de
Ensaios Físicos
ASTM NBR neutralização ou acidez MB.249
Ponto de Anilina D.611 MB.299 a) através de cor – método de D.664 MB.1236/
titulação NBR 6307
Cor: D.1500 MB.351 b) indicador de cor – método
a) método do colorimento de titulação D.974 MB.101
(“ASTM Color Scale”)
MB.292 Estabilidade à oxidação a 100º C D.2112
b) método T. Robson PMB.947
c) método do cronômetro – 164 horas D.2440
Saybolt D.156 MB.187 MB.899
Enxofre corrosivo (medição de
D.1275 MB.902
Tensão Interfacial (método do D.971 alta temperatura)
MB.320 MB.106
anel) D.2285 Teor de água
D.1533 MB.818
(método Karl Fischer)
Ponto de fulgor e combustão D.92 MB.50 Cloretos e sulfatos inorgânicos
a) método vaso aberto D.878 MB.901
(det. qualitativa)
b) aparelho fechado
D.93 MB.42 Enxofre total D.1552
MB.820 Teor de inibidor DBPC D.2668
Ponto de fluidez D.97
MB.102
Densidade D.287 Tabela 4 – Ensaios Químicos e Normas Aplicáveis
a)
D.1298 MB.104
c) Densidade específica
d) Densidade relativa D.1481 7.0 – MANUTENÇÃO PERIÓDICA DOS ÓLEOS
Viscosidade Cinemática e D.445 MB.293
dinâmica Em geral, dos ensaios relacionados
a) viscosidade cinemática D.88
b) viscosidade Saybolt MB.326 anteriormente, bastam apenas cinco deles para o controle
D.2161
rotineiro do estado do óleo, ou seja , sua manutenção
D.1218
Índice de refração a 25º C
D.1807 periódica. Eles são, em ordem de importância:
Índice de refração e dispersão
D.1807 a) rigidez dielétrica;
Ótica específica
Coeficiente de expansão térmica b) acidez;
D.1903
(Petróleo e Askareis) c) fator de potência;
Exame visual
D.1524 d) tensão interfacial; e,
D.2144 e) teor de água.
NBR.7274
Análise de gases D.3612
/7070 Uma vez detectado qualquer anomalia, devem
ser realizados outros ensaios para a identificação do
Tabela 2 - Ensaios Físicos e normas aplicáveis problema.
Sugere-se que se adote a periodicidade destes
Os ensaios elétricos e respectivas normas são os ensaios dada na tabela 5, em função da temperatura do
fornecidos na tabela 3 topo do óleo.

________________________________________________________________________________
Capítulo 21: Manutenção em Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 120
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Temperatura (ºC) Intervalos


60 a 70 Anual
70 a 80 6 meses
80 a 90 4 meses
90 a 100 Mensalmente

Tabela 5 - Periodicidade de ensaios em função da


temperatura continua do topo do óleo.

Se não for possível a avaliação da temperatura


do topo do óleo, é recomendável que tais ensaios sejam Figura 4 – Analisador de teor de água no óleo e gases
aplicados, pelo menos, anualmente ao óleo de pelo método de Karl-Fischer (Nansen)
transformadores em serviço e que apresentam,
previamente, condições satisfatórias.
Em transformadores novos, por outro lado, é
conveniente adotar o seguintes procedimento.

a) antes de energizar;
b) 24 (vinte e quatro) horas após energizado,
visando a coleta de gases para análise;
c) alguns dias após energização;
d) 6 (seis) meses após energização.

A periodicidade da coleta de gases será tratada


em capítulo específico.

8.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As equipes próprias de manutenção da maioria dos


usuários de transformadores verificam, na maioria das
vezes, apenas o ensaio de rigidez dielétrica, sendo
comum possuírem o equipamento apropriado para tanto.
No caso dos demais ensaios, há necessidade de
equipamentos adicionais como os mostrados nas figuras 3
4 e 5 para a medição do fator de potência do óleo, Figura 5 – Medidor de tensão interfacial - Tensiometro
avaliação do teor de água e da tensão interfacial, (Kruss)
respectivamente.
Observa-se que estes equipamentos extras
implicam em custos adicionais, não só com a aquisição e
manutenção, mas também pela necessidade de empregar-
se mão-de-obra especializada.
Desta forma, é comum efetuar somente a
retirada de amostras de óleo, sendo os ensaios efetuados a
baixo custo por empresas especializadas (por exemplo, o
Cepel, Brastrafo e a Sipase entre outras).
O material para a coleta são fornecidos pela
prestadora de serviço ou ela envia algum técnico para a
amostragem.
Os resultados são apresentados até através de e-
mail e, em geral, podem ser comparados com os de um
grande banco de dados da empresa fornecedora.
Na próxima página, a título de exemplo,
apresenta-se os resultados destes ensaios em um
Figura 3 – Medidor de fator de potência do óleo transformador de 75 kVA realizado por um determinado
(Nansen) laboratório.

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Capítulo 21: Manutenção em Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 121
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Cliente.............XXXXXXXXXXX S/C LTDA.


Equipamento...TRANSFORMADOR Série Num.....S/ SÉRIE
Fabricante.......YYYYYYY Identific.........TF-02/SE-2100
Tensão............2,4 KV Ano Fabric.....
Potência..........75 KVA Data Amost....08/07/97
Volume...........500 L. Motivo............MANUTENÇÃO PERIÓDICA
Local...............

ENSAIOS MÉTODO VALOR LIMITE DO ÓLEO


ENSAIO MEDIDO EM USO NOVO
Aspecto Visual - VISUAL NORMAL LÍMPIDO NORMAL
Cor - ABNT PMB351 1,5 4,0 max 1,0 max
Densidade a 20/4 0C - NBR 7148 0,852 0,9 max 0,9 max
Tensão inter. a 25 0C dina/cm NBR 6234 19,6 20,0 min 40,0 min
Teor de água ppm NBR 10710 26 35,0 max 15,0 max
Índice neutralizado mg ABNT MB-101 0,068 0,3 max 0,03max
KOH/g
Rigidez dielétrica KV/ NBR 6869 44 30,0min 40,0min
2,5mm
Fat. de dissipação 90 0C % ABNT MB 3474 0,81 10% max 0,4%max

DIAGNÓSTICO
Primeira análise realizada em nosso laboratório:
Dados iniciais de controle.
Óleo mineral isolante parafínico.
Propriedades dielétricas do óleo isolante em condições normais.
Contaminação do óleo por produtos de oxidação, sem grandes prejuízos ao equipamento
mas, com ataque aos metais e materiais isolantes.
Sugerimos que o óleo seja regenerado ou substituído, optando-se pelo mais econômico, o
mais breve possível.
Próxima Amostragem: Após regeneração ou substituição.

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Capítulo 21: Manutenção em Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 122
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 22: ANÁLISE DOS GASES DISSOLVIDOS


(CROMATROGRAFIA)
“Faça as coisas o mais simples que você puder, porém não as mais simples.”

Albert Einstein

RESUMO estabelecer uma correlação entre os gases dissolvidos no


A análise cromatrográfica dos gases dissolvidos óleo e o tipo de falha.
nos óleos isolantes assumiu uma importância
fundamental para a manutenção preditiva de Os principais gases presentes são o acetileno
transformadores. Neste sentido, apresenta-se a seguir a (C2H2), etileno (C2H4), metano (CH4), etano (C2H6),
conceituação geral sobre o assunto e algumas técnicas de hidrogênio (H2), óxido de carbono (CO) e dióxido de
análise carbono (CO2).

Observe-se que, para todos os tipos de falhas,


1.0 - INTRODUÇÃO tais elementos estarão presentes, porém com
concentrações diferentes. O gás com maior concentração
A deterioração de um dielétrico constituído de é o “chave”, ou seja:
papel impregnado é sempre acompanhado por um
processo de degradação do óleo e, eventualmente, de a) Gás Chave Acetileno (C2H2): indicação da
outros isolantes orgânicos. Isto ocorre com a formação de existência de descargas elétricas, desde arcos
uma mistura complexa de produtos de decomposição, francos até níveis inferiores de descargas
cuja atividade e tipo dependem da energia dissipada. parciais;
Parte desses produtos são gasosos nas condições normais b) Gás Chave Etileno (C2H4): indicativo de óleo
e dissolvem-se no óleo. Assim, podem ser extraídos a superaquecido;
partir de uma amostra e analisados com métodos de c) Hidrocarbonetos saturados (metano - etano):
elevada sensibilidade. são formados em quantidades significativas
Desta forma, a análise dos gases dissolvidos no quando da decomposição do óleo a partir de
óleo permite detectar eventuais faltas ou defeitos 150 0C a 180 0C. Entretanto, um lento acúmulo
associados aos dielétricos, inclusive antes de um eventual de metano (CH4) e etano (C2H6) ocorre durante
dano do equipamento. São exemplos, a existência de o envelhecimento normal dos materiais
arco, sobreaquecimento, descargas elétricas e pirólise dos isolantes;
materiais da celulose. d) Hidrogênio (H2): associado com o metano
Neste sentido, a análise pode ser útil para: (CH4), com pequenas concentrações de etano
(C2H6) e etileno (C2H4), indica que há a
a) Controle e acompanhamento do desempenho produção de descargas parciais. Se o
do equipamento em operação, realizando-se hidrogênio for encontrado em grande
ensaios periódicos; quantidade, com concentrações pequenas de
b) Auxiliar na detecção de eventuais alterações outros gases, indica a existência de água e sua
provocadas por ensaios dielétricos, como no decomposição eletroquímica (eletrólise);
caso de ensaio de tensão induzida, por e) Monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2):
exemplo; sempre estão presentes visto que são
c) Acompanhamento da operação do produzidos pelo envelhecimento, mesmo que
equipamento no caso de aplicação de normal do óleo e principalmente da celulose.
sobrecargas. O monóxido de carbono se apresenta,
predominante, quando da decomposição do
papel à temperatura muito elevadas,
2.0 - GASES CARACTERÍSTICOS ASSOCIADOS A especialmente em situação de ocorrência de
FALHAS arcos.
Os dados obtidos de análise de equipamentos em
operação bem como, de danificados e de experiências em A tabela 1, a seguir, apresenta, de forma resumida,
laboratório com falhas simuladas, possibilitam o exposto

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Capítulo 22: Análise dos Gases Dissolvidos (Cromatrografia) - 123
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Gases Chave Tipo de Falha Dielétrico A citada norma ainda apresenta o diagnóstico
através da relação entre as concentrações de gases
Acetileno (C2H2) Arco
conforme transcrito na tabela 5 mostrada na próxima
Hidrogênio (H2) página.
Descargas parciais Óleo
Metano (CH4) Alternativamente, a tabela 3 fornece diagnóstico
Etileno (C2H4) Superaquecimento de falhas pelo método de Rogers.

Hidrogênio (H2) CH4 C2H C2H C2H


DIAGNÓSTICO
Monóxido de Descargas parciais CH2 CH C2H C2H
Carbono (CO) Situação normal. Se a
relação CH4/CH2. deve-se
Papel - - - -
Monóxido de suspeitar de ocorrência de
Carbono (CO) descargas parciais
Superaquecimento
Dióxido de Pontos quentes com ligeiro
+ - - -
Carbono (CO2) sobreaquecimento
Óleo (com Pontos quentes com
Hidrogênio (H2) Eletrólise + + - - sobreaquecimento ainda
umidade)
modesto
Tabela 1 - Gases chaves e tipos de falhas. Aquecimento excessivo
- - + -
dos condutores
Mau contato - circulação
3.0 - TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO + - + de corrente (conexões
superaquecidas)
O diagnóstico é a conclusão a ser tirada de uma Descarga capacitiva com
série de dados sobre os gases presentes no óleo do - - - +
pequena energia
equipamento, identificando eventuais falhas, sua origem e
- + - + Falhas no condutor
gravidade.
Existem várias técnicas para o diagnóstico e sua Arco com centelhamentos
confiabilidade aumenta com a disponibilidade de - - + + persistentes com possível
informações anteriores e a experiência do laboratório efeito colateral
encarregado da análise. NOTA: “+” SIGNIFICA Relação MAIOR QUE A UNIDADE;
A norma NBR-7274 da ABNT apresenta “-“SIGNIFICA RELAÇÃO MENOR QUE A UNIDADE.
concentrações de gases típicas associadas à diversos tipos Tabela 3 - Diagnóstico de falhas - Método de Rogers
de falhas, como transcrito na tabela 2.
A tabela 4 apresenta os valores considerados
normais de concentração de gases em ppm (vol./vol.)
Tipos de Concentração de Gases (%) para diversas entidades.
Defeitos Entidade H2 CO CH4 C2H6 C2H4 C2H2
CO H2 CH4 C2H6 C2H4 C2H2
CEGB (Inglaterra) -
<
Arco do Óleo 60 5 1,6 3,3 30 transformadores 240 580 160 115 190 11
0,01 elevadores
Descarga CEGB (Inglaterra) -
Parcial no 0,2 86 13 0,5 0,2 0,1 transformadores de 100 350 120 65 30 35
Óleo transmissão
LCIE (Bélgica) 80 1000 200 200 100 5
Óleo <
Superaquecido 0,01
2 16 17 63 2 BBC (Suíça) 200 1000 50 15 60 15
265 kV
Celulose < < < 400 300 200 150 300
92 6,7 1,2 ≤ 10 MVA
Superaquecida 0,01 0,01 0,01 Mitsubishi até 275 kV 400 200 150 150 200
< < < < < ≥ 10 MVA
Eletrólise 99,9
0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 500 kV 300 200 100 50 100
Dornenbur 200 1000 50 15 60 15
Tabela 2 - Valores típicos de concentração de gases no Tabela 4 - Valores normais de concentração de gases
óleo isolante, conforme NBR 7274 (ppm)

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Capítulo 22: Análise dos Gases Dissolvidos (Cromatrografia) - 124
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Relação (Ver Nota 4)


Falha Característica C2H2 CH4 C2H4 Exemplos Típicos
C2H4 H2 C2H6
Sem falha 0 0 0 Envelhecimento normal
0 Descargas nas bolhas de gás resultante de
Descargas parciais de pequena densidade de
mas não 1 0 impregnação incompleta, de supersaturação ou de alta
energia
significativo umidade
Descargas parciais de alta densidade de Como acima, porém provocando arvorejamento ou
1 1 0
energia perfuração da isolação sólida
Centelhamento continuo no óleo devido a más
conexões de diferentes potenciais ou potenciais
Descargas de energia reduzida (ver nota c) 1-2 0 1–2
flutuantes. Ruptura dielétrica do óleo entre materiais
sólidos
Descargas de potência. Arco. Ruptura dielétrica do
Descargas de alta energia 1 0 2 óleo entre enrolamentos, entre espiras ou entre espira
e massa, corrente de interrupção no seletor
Falha térmica de baixa temperatura
0 0 1 Aquecimento generalizado de condutor isolado
< 150º C (ver nota d)
Falha térmica de baixa temperatura Sobreaquecimento local do núcleo devido a
0 2 0
150º C - 300º C (ver nota e) concentrações de fluxo. Pontos quentes de
Falha térmica de temperatura média temperatura crescente, desde pequenos pontos no
300º C – 700º C
0 2 1 núcleo, sobreaquecimento do cobre devido a
correntes de Foucault, maus contatos (formação de
Falha térmica de alta temperatura carbono por pirólise) até pontos quentes devido a
> 700º C (ver nota f)
0 2 2
correntes de circulação entre núcleo de carcaça

a) O código utilizado para as relações é dado abaixo sendo que, para efeito de codificação, as relações com denominador igual a zero são consideradas
iguais a zero.

Código
Relação entre os gases
característicos (R) C2H2 CH4 C2H4
C2H4 H2 C2H6
0.1 > R 0 1 0
0.1 < R < 1 1 0 0
1<R<3 1 2 1
3<R 2 2 2

b) Os valores dados para as relações devem ser considerados apenas como típicos;
c) Nesta tabela, a relação C 2 H 2 se eleva de um valor compreendido entre 0,1 e 3 a um valor superior a 3, a relação C 2 H 4 de um valor
C2 H 4 C2 H 6
compreendido entre 0,1 e 3 a um valor superior a 3, quando a intensidade da descarga aumenta;
d) Neste caso, os gases provêm principalmente da relação
degradação da isolação sólida, o que explica o valor da relação C 2 H 4 .
C2 H 6
e) Este tipo de falha é indicado normalmente por um aumento da concentração dos gases. A relação CH 4 é normalmente da ordem de 1, o valor real,
H2
superior ou inferior à unidade, depende de numerosos fatores, tais como o tipo de sistema de preservação do óleo, a temperatura e a qualidade do óleo.
f) Um aumento da concentração de C2H2 pode indicar que a temperatura do ponto quente é superior 1000º C.
g) Os transformadores equipados com comutador de derivações em carga podem indicar falhas do tipo 202/102 se os produtos de decomposição
formados pelos arcos no comutador puderem difundir-se no óleo do tanque principal do transformador.
h) Na prática, podem ocorrer combinações de relações diferentes da tabela. Para esses casos deve-se considerar a taxa de crescimento e/ou os perfis
típicos de composição.

Tabela 5 - Diagnóstico de falhas

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Capítulo 22: Análise dos Gases Dissolvidos (Cromatrografia) - 125
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Algumas entidades de pesquisa sugerem o


acompanhamento da velocidade de formação dos gases
dentro dos transformadores (taxa de crescimento); a
tabela 6 fornece os limites admissíveis da taxa de
crescimento dos gases.

Taxa de Crescimento – cm3 por dia (CNTP)


Gás Normal Limite
Hidrogênio (H2) <5 > 100
Metano (CH4) 2 300
Etano (C2H6) 2 300
Etileno (C2H4) 2 300
Acetileno (C2H2) 2 50
Monóxido de Carbono (CO) 100 500
Dióxido de Carbono (CO2) 300 1000
Figura 1 – Cromatógrafo à gás (CGS)
Tabela 6 – Limites da taxa de crescimento de gases
Assim como nos ensaios físico-químicos, na
análise cromatográfica também é comum efetuar somente
4.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
a retirada de amostras de óleo, sendo os ensaios efetuados
a baixo custo por empresas especializadas (por exemplo,
A análise cromatográfica é uma das ferramentas o Cepel , a Brastrafo e a Sipase, entre outras).
mais importantes na manutenção preditiva de O material para a coleta são fornecidos pela
equipamentos elétricos. prestadora de serviço ou ela envia algum técnico para a
Através da análise da composição dos gases amostragem.
(Hidrocarburetos) dissolvidos no fluido isolante pode-se Os resultados são apresentados até através de e-
detectar falhas elétricas incipientes ou seja, defeitos mail e, em geral, podem ser comparados com os de um
elétricos não detectados em nenhum outro ensaio elétrico grande banco de dados da empresa fornecedora.
atualmente conhecido. Na próxima página, a título de exemplo,
No entanto isto implica na aquisição de um apresenta-se os resultados destes ensaios realizado por
cromatógrafo como o mostrado na figura 1 e de mão-de- um determinado laboratório para um transformador de
obra especializada. 3750 kVA.

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Capítulo 22: Análise dos Gases Dissolvidos (Cromatrografia) - 126
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Cliente...........XXXXXXXXXXXXX S/C LTDA.


Equipamento.. TRANSFORMADOR Série Num.......31334
Fabricante.......YYYYYYYY Identific...........TF-27201B/SE-2720
Tensão............13,8 KV Ano Fabric......1977
Potência..........3750KVA Data Amost.....08.07.97
Volume...........3255 L Motivo............MANUTENÇÃO PERIÓDICA
VALORES ENCONTRADOS VAL. DE REFERÊNCIA
GÁS
( PPM ) ( PPM )
H2 (Hidrogênio) 273 200
O2 (Oxigênio) 3.600 20.000
N2 (Nitrogênio) 88.800 80.000
CO (Monóxido de carbono) 186 500
CH4 (Metano) 28 100
CO2 (Dióxido d carbono) 9.051 5.000
C2H4 (Etileno) 32 60
C2H6 (Etano) 46 100
C2H (Acetileno) ND 15
TOTAL 102.016
Combustíveis 565 975

DIAGNÓSTICO

Ensaio realizado conforme NBR 7070 e diagnósticos baseados na norma NBR 7274.

Primeira análise realizada em nosso laboratório:


dados iniciais de controle.

Resultados como se apresentam sugerem a ocorrência de:

1. Valor de H2 indicando descargas parciais ou geração por pintura interna;


2. Relação CO2/CO demonstrando degradação da celulose provocada pelo envelhecimento
e/ou celulose super aquecida.

Deverá ser feita nova amostragem para avaliação/acompanhamento da taxa de


crescimento de gases.

Próxima amostragem: 3 meses

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Capítulo 22: Análise dos Gases Dissolvidos (Cromatrografia) - 127
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 23: TRATAMENTO DE


FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES
"Quando você elimina o impossível, o que sobra por mais incrível que pareça
só pode ser a verdade.”

Arthur Conan Doyle

RESUMO a) custo do material;


b) disponibilidade do material usado;
O tratamento visando a recuperação ou c) custo total do processo em face da qualidade
regeneração dos óleos é o tema deste texto. do produto final;
d) manutenção e amortização do equipamento;
1.0 - INTRODUÇÃO e) custo da retirada e estocagem do óleo;
f) custo de transporte;
A qualidade do óleo isolante é afetada pela g) custo de laboratório;
presença de impurezas, cujo surgimento é inevitável. h) custo do óleo novo em face do custo do óleo
Naturalmente, este fato resulta em prejuízos às recuperado;
propriedades isolantes do óleo e, em conseqüência, afeta i) perda do óleo durante a recuperação;
a operação do transformador. j) custo dos inibidores e da mistura no processo;
Considera-se que há a contaminação primária e e,
secundária do óleo. k) valor do óleo usado quando o mesmo puder ser
A primária é composta por partículas de água e utilizado para outro fim.
gases dissolvidos e são, normalmente, acompanhadas por
sólidos provenientes do processo de fabricação do De uma forma geral, o recondicionamento é o
transformador. tratamento que apresenta menor custo e é amplamente
As impurezas secundárias são as acumuladas difundido entre os usuários de óleos isolantes. Note-se
durante o funcionamento do transformador e constituem que existem vários equipamentos para a sua execução,
os principais fatores conhecidos do envelhecimento do tais como os filtros prensa, as centrifugas e os
óleo, ou seja: desidratadores a vácuo (tratamento é termovácuo).
A recuperação requer uso de equipamento
a) sólidos, inclusive coloidais; especial, envolvendo o uso de terra Füller e outras
b) acidez; substâncias químicas. Este processo é executado apenas
c) gás e umidade (como produto da oxidação). por empresas especializadas e, em geral, torna-se
antieconômico para o tratamento de pequenas
Pelo exposto, por vezes é necessário o quantidades de óleo. Nesta situação, por vezes, é melhor
tratamento do óleo isolante a fim de que mantenha suas rejeitar o óleo usado, limpar o transformador e substituir
características operativas. por óleo novo.
Note-se que existem vários métodos, sendo que Por outro lado, sabe-se que é impossível
cada um deles apresenta melhor desempenho para certas estabelecer-se a importância de ensaios específicos ou
impurezas. Desta forma, é comum haver a utilização de recomendar valores limites de ensaios para todas as
dois ou três métodos. aplicações existentes do óleo isolante em serviço. Desta
forma, a ABNT classifica os óleos em serviço em quatro
2.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO E grupos, sugerindo os métodos de tratamento para o óleo
CONTAMINANTES sob exame, conforme mostrado resumidamente a seguir:

O termo tratamento do óleo é genérico e inclui o a) Grupo 1 - este grupo envolve os óleos que
seu recondicionamento e a sua recuperação. O estão em condições satisfatórias para continuar
recondicionamento é o meio pelo qual são removidas as em serviço;
impurezas primárias, enquanto a recuperação é o b) Grupo 2 - neste grupo enquadram-se os óleos
processo da remoção da contaminação secundária. que requerem processo de recondicionamento,
A decisão entre a execução do isto é uma remoção mecânica de umidade e
recondicionamento e da recuperação se atem a vários contaminantes insolúveis. Isto é conseguido
fatores, ou seja: através de filtração e centrifugação;

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Capítulo 23: Tratamento de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 128
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

c) Grupo 3 - neste grupo enquadram-se os óleos


que já apresentam poucas características de
óleo isolante, devendo ser recuperados ou não,
dependendo das conclusões econômicas. A
recuperação envolve o uso de métodos e
processos, que resultarão numa benéfica
mudança das suas características químicas;
d) Grupo 4 - neste grupo enquadram-se os óleos
que já perderam suas características isolantes e
por isso é tecnicamente aconselhável que
sejam colocados a disposição.

Quanto às impurezas, como citado Figura 1 – Filtro-prensa (Elengenharia)


anteriormente, tem-se:
Normalmente, adotam-se dois métodos para a
a) Ar e gases; filtragem do óleo, ou seja:
b) Sólidos não coloidais: Partículas
mecanicamente filtráveis, do tamanho de 0,1 a) no próprio transformador, o bombeamento do
mícron ou maiores, são consideradas não óleo é feito diretamente para o filtro-prensa,
coloidais. As principais fontes de retornando continuamente ao transformador;
contaminação são partículas sólidas (como b) fora do transformador, o óleo é retirado do
poeira) e fibras (de celulose, por exemplo); transformador e transferido para um
c) Sólidos coloidais: partículas sólidas de 0,1 reservatório externo, retornando ao
mícron ou menor, as quais são suficiente equipamento após o recondicionamento;
pequenas para permanecerem em suspensão normalmente, é feita uma secagem do
indefinidamente ou por período de tempo transformador nesta situação.
muito longo. A principal fonte de
contaminação é o envelhecimento do próprio A figura 2 mostra um sistema para
óleo. São geralmente produtos do fenômeno recondicionamento do óleo, onde este é bombeado do
denominado “floculação”. Este processo é registro inferior do transformador.
altamente sensível a traços de eletrólitos, A maneira mais eficiente é bombear o óleo do
resinas, sabões e outros produtos de oxidação; registro inferior do transformador para o filtro-prensa e
d) Acidez: o envelhecimento do óleo do para o registro superior do mesmo, fazendo assim um
transformador é acelerado pela temperatura, circuito fechado. O óleo é bombeado para o canal de
presença de oxigênio e umidade no óleo e o admissão e dai penetra no espaço interno dos quadros,
aumento da acidez é proporcional ao tempo de sendo então forçado a passar pelo papel filtro, fluindo por
operação. suas ranhuras, até, até atingir o canal de saída, já
purificado.
O processo de envelhecimento inicia-se na Não devem ser usadas mangueiras de borracha
oxidação do óleo pelo oxigênio dissolvido. Os produtos comum. Normalmente são fornecidas mangueiras de
iniciais da oxidação constituem de ácidos orgânicos de neoprene ou, caso se requeira, metálicas.
baixo peso molecular, peróxidos, álcoois e cetonas.
Posteriormente, a polimerização de hidrocarbonetos não
saturados precipita-se em borra. Os depósitos de borra e o
aumento na viscosidade do óleo são os principais fatores
do sobreaquecimento do isolamento e formação de
carbono coloidal, bem como, da formação de
hidrocarbonetos voláteis.
A acidez aumenta com a afinidade do óleo para
com a umidade e acelera o processo de floculação.

3.0 - FILTRAGEM

Após a determinação de contaminantes no óleo é


possível a remoção de sólidos do óleo do transformador
através de filtragem, sendo o filtro-prensa, como o Figura 2 - Recondicionamento do óleo utilizando filtro-
ilustrado na figura 1, um dos método mais utilizados. prensa
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Capítulo 23: Tratamento de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 129
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

O óleo, ao entrar no filtro-prensa, divide-se Observe-se que é muito importante secar os


igualmente por todos os quadros filtrantes com a pressão papéis filtro, para não ocorrer transferência de água para
que recebe, atravessa o papel filtro e vai direto a placa o óleo. Por outro lado, sabe-se que os filtros de papéis,
filtrante, onde é retirado por pequenos orifícios quando absolutamente secos adquirem um elevado poder
localizados na parte inferior da placa, e transferido para a higroscópio, absorvendo a umidade existente no óleo
tubulação de saída. A figura 3 mostra um modelo isolante processado e diminuindo o período operacional
esquemático de passagem do óleo no filtro. da filtragem. Sabe-se que cerca de 850 litros de óleo pode
ser processados com cada kg de papel filtro.
Desta forma, é necessário secá-los em estufas.
Existem diversos tipos de estufas de secagem,
para cada tamanho de papel-filtro padronizado. Esses
filtros são equipados com hastes para suporte das folhas
de papel e termostato, que deve estar regulado para a
temperatura de 100º C.
São vários compartimentos de secagem
independentes, com sistema de chaminé, que prevê uma
distribuição uniforme de calor, permitindo igualmente a
substituição de ar úmido por ar seco. Há, também, um
duto de óleo para que papéis usados não venham a
oferecer perigo de incêndio nas resistências de
aquecimentos.
As folhas devem estar espaçadas de 2 mm no
Figura 3 - Modelo esquemático da passagem de óleo no
interior da estufa para assegurar melhor secagem.
filtro
O papel-filtro deve ser aquecido de 6 a 12 horas.
Após a secagem, o papel deve ser colocado
Estes tipos de filtros tendem a aerar o óleo e,
imediatamente no filtro-prensa e usado, pois, por suas
desta forma, só é indicado em transformadores com
características higroscópicas, reabsorve cerca de 2/3 da
tensões inferiores a 69 kV. Além disto, quando forem do
umidade total, o que pode fazer em 10 mm.
tipo descoberto não devem ser utilizados em ambientes
A titulo ilustrativo, a figura 4 apresenta uma
com umidade relativa superior a 70%.
estufa de secagem.
No inicio da filtragem, é conveniente utilizar
apenas duas folhas de papel filtro entre as seções (chapas)
do filtro-prensa, fazendo óleo circular primeiro pela folha
de maior espessura e, depois, pela de menor.
Posteriormente, deve-se utilizar de duas a quatro folhas
de papel filtro.
Este procedimento baseia-se no fato de que o
óleo em sua primeira passagem pelo equipamento poderá
estar muito sujo, resultando em um esforço excessivo da
máquina. Desta forma, sempre é conveniente verificar a
cor e o estado dos papéis filtro a serem utilizados.
Durante o processo de filtragem, as folhas
devem ser removidas a intervalos regulares de, por
exemplo, urna hora. Um aumento considerável da pressão
no filtro (4,5 a 5 kg/cm) é indicativo de que os papéis Figura 4 - Estufa de secagem (Elengenharia)
estão saturados e que devem ser substituídos em
intervalos menores. O término do recondicionamento será
A capacidade do filtro-prensa depende da determinado pelo teste da rigidez dielétrica. Caso haja
temperatura do óleo, sendo que o óleo mais quente impossibilidade de executar este ensaio, o
circula mais facilmente que o frio. Entretanto, é recondicionamento deverá continuar até que não
importante observar que alguns contaminantes se apareçam impurezas nos papéis-filtro.
dissolvem com o aumento da temperatura e, assim, não Pelo exposto, o filtro apresenta várias vantagens,
podem ser filtrados. tais como a simplicidade de operação e baixo custo
O óleo com temperaturas muito baixas reduz a inicial. Por outro lado, apresenta as desvantagens de
capacidade do filtro, porém a filtragem e secagem são exigir uma alta demanda de mão de obra na mudança do
mais eficientes. Assim, é comum uma vazão de 1500 a papel, necessita de estufa de secagem, permite a
2500 litros por metro quadrado/hora, sendo a temperatura exposição do óleo à condições atmosféricas e eventuais
ótima de processamento entre 40 e 60º C. vazamentos de óleo.
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Capítulo 23: Tratamento de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 130
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

A ação do filtro-prensa sobre os diversos tipos A tabela 2 fornece a ação da centrífuga sobre as
de impurezas é fornecida na tabela 1. impurezas contidas no óleo isolante.

Contaminantes Eficiência do Filtro Contaminantes Eficiência do Filtro


Água Emulsionada Parcial Água Emulsionada Excelente
Água Dissolvida Parcial Água Dissolvida Nenhuma
Ar e Gases Nenhuma Ar e Gases Nenhuma
Sólidos não Coloidais Excelente Sólidos não Coloidais Parcial
Coloidais – Partículas e Coloidais – Partículas e
Parcial Parcial
Borras Borras
Acidez Nenhuma Acidez Nenhuma
Secagem do Transformador Nenhuma Secagem do Transformador Nenhuma

Tabela 1 - Ação do filtro sobre impurezas Tabela 2 - Ação da centrífuga sobre impurezas

Em geral, limites de temperatura para o


4.0 - CENTRIFUGAS processamento situam-se entre 40 e 80º C, sendo a
temperatura ótima recomendada de 60º C.
As centrífugas permitem separar contaminantes
livres em suspensão nos óleos, tais como sedimentos e
carbono. 5.0 - TRATAMENTO TERMOVÁCUO
De forma básica, consistem de um tambor
girando à alta velocidade, o qual podem ser do tipo A desgaseificação e a desidratação térmicas
clarificador ou purificador. No primeiro tipo, o óleo é acelerada à vácuo em óleo de transformadores é um dos
descarregado, ficando na separadora a água e as métodos mais eficientes e econômicos para a remoção de
impurezas sólidas; no segundo tipo, tem-se a remoção de água dissolvida e gases.
partículas sólidas e dois tipos de liquido.
A figura 6 mostra uma instalação típica de
termovácuo.

Figura 6 - Instalação típica de termovácuo

Figura 5 – Centrífuga (Alfa Laval) Na instalação mostrada na figura 6, tem-se que o


óleo é introduzido no aquecedor através de uma válvula
Em geral, a centrífuga pode retirar maior de controle de fluxo na câmara a desidratador à vácuo,
concentração de contaminantes que o filtro-prensa onde o óleo fica exposto ao vácuo.
convencional, mas não pode remover alguns dos O desidratador pode ser de dois tipos, sendo que
contaminantes de maneira tão eficiente quanto ele; em em um deles o óleo é borrifado através de um orifício
conseqüência deste fato, a centrífuga é em geral usada dentro da câmara de vácuo sob a forma de jatos (sprays).
para o processamento de grandes quantidades de óleo No outro, o óleo flui sobre urna série de chicanas dentro
contaminado. Freqüentemente o material, após da câmara de vácuo, formando-se, então, uma película
centrifugação, é passado através de um filtro-prensa para fina de modo que uma extensa superfície é exposto ao
a purificação final. vácuo.
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Capítulo 23: Tratamento de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 131
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Observe-se que a exposição, sob a forma de uma A tabela 3 fornece a ação do sistema de
fina película, é condição obrigatória para a obtenção de termovácuo sobre as impurezas.
boa eficiência de remoção de água ou gás.
O vapor da água e o gás libertado são evacuados
através de um sistema de bombeamento a vácuo e o óleo Contaminantes Eficiência do Filtro
limpo descarregado por uma bomba de descarga de óleo Água Emulsionada Parcial
para o destino requerido.
O sistema de tratamento a termovácuo Água Dissolvida Excelente
disponíveis no mercado, como o da figura 7, realizam as Ar e Gases Excelente
funções de evacuar, secar e aquecer um transformador e, Sólidos não Coloidais Nenhuma
ao mesmo tempo, desumidificar o óleo e recarregá-lo a Coloidais – Partículas e
uma vazão pré determinada. Nenhuma
Borras
Acidez Nenhuma
Secagem do Transformador Parcial

Tabela 3 - Ação do sistema de termovácuo sobre as


impurezas

6.0 - RECUPERAÇÃO DE ÓLEO COM TERRA


FÜLLER

O termo “Terra Füller” refere-se a qualquer


argila que possua uma capacidade purificadora e de
descoloração adequada para ser empregada de forma
comercial no refino e purificação de óleos isolantes.

A atuação da terra Füller sobre o óleo é chamado


de absorção, ou seja, há a aderência das moléculas ou
Figura 7 – Sistema de termovácuo (Micafil) íons das impurezas à sua superfície; note-se que a terra
Füller ativada é altamente porosa.
A especificação de desempenho típico destas
unidades de tratamento de óleo a vácuo incluem a
capacidade de: A purificação do óleo por terra Füller é um
processo complexo, onde se tem:
a) reduzir o teor de água do óleo isolante limpo
de 100 ppm em peso para 10 ppm ou menos; a) filtragem;
b) reduzir o teor de ar no óleo de 12% em volume b) absorção;
para menos de 0,25%; c) atividade catalítica, que causa reações
c) remover 99,7% de todas as partículas de 0,3 formando produtos os quais, por sua vez,
mícrons ou maiores; aceleram a absorção.
d) aumentar a temperatura do óleo entrante;
e) manter o vácuo dentro de um transformador Entre os processos de purificação com terra
previamente seco. Füller, o do “leito fixo” é o mais utilizado. Neste método,
o óleo flui através de uma camada de terra Füller
Depois da secagem do transformador e de enchê- compactada, pela força da gravidade ou pressão.
lo com óleo; o transformador fica parado por um período
de tempo, a fim de permitir que a umidade do óleo e da Isto fará que sejam utilizados equipamentos
isolação alcance um equilíbrio. É retirada uma amostra do como cartuchos e sacos de terra Füller, colunas
óleo e seu teor de umidade é medido. Se o teor de compactadas e leitos de tipo pré-revestidos. Os principais
umidade é menor que o especificado pelo fabricante, critérios neste método são o tempo de contato, velocidade
então o transformador é considerado seco. de vazão do óleo pelo leito de terra Füller, contaminação
do óleo e tamanho e tipo de terra Füller.
Observe-se que, se o óleo apresenta material
sólido e/ou borras é aconselhável passá-lo previamente A figura 8 mostra uma instalação típica para o
por um filtro antes de processá-lo a vácuo. processamento pelo método do leito fixo.
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Capítulo 23: Tratamento de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 132
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

A ação do processamento por terra Füller sobre


as impurezas é mostrada na tabela 4.

Contaminantes Eficiência do Filtro


Água Emulsionada Parcial
Água Dissolvida Parcial
Ar e Gases Nenhuma
Sólidos não Coloidais Parcial
Coloidais – Partículas e
Excelente
Borras
Acidez Excelente
a) Coluna acondicionada com terra Fuller Secagem do Transformador Nenhuma

Tabela 4 - Ação do sistema de processamento com terra


Füller sobre as impurezas

Observe-se que, isolantes usados, os quais forem


tratados com terra Füller, não possuem tão alta resistência
oxidação quanto o óleo novo.
A figura 9 mostra uma imagem deste
equipamento.

b) Ilustração do tratamento
Figura 8 – Método do Leito Fixo
Na figura 8 tem-se que, na entrada do leito, o
nível de contaminação do óleo alcançou o equilíbrio com
o carregamento de terra Füller por adsorvato. Na
extremidade efluente do leito existe uma porção não
utilizada de terra Füller. Numa zona intermediária,
denominada de “zona de transferência de massa”, o
carregamento de terra Füller muda de equilíbrio, de onde
o leito está saturado com adsorvato, para um leito não
utilizado.
A zona de transferência de massa progredirá
lentamente na direção da extremidade efluente do leito,
sendo que ao atingi-la a qualidade de óleo será
rapidamente incrementada. Figura 9 – Equipamento para regeneração (Elengenharia)

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Capítulo 23: Tratamento de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 133
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 24: AMOSTRAGEM DE FLUÍDOS


DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES PARA ANÁLISE
FÍSICO-QUÍMICA
“Não queira ser bravo, quando basta ser inteligente.”

Paulo Coelho

RESUMO Para tanques e equipamentos providos de


registros para amostragem recomenda-se a utilização do
A norma NBR 7037/1981 fornece o dispositivo tipo sangria, conforme figura 2.
procedimento para a retirada de amostras do óleo
isolante, como transcrito a seguir. Em tanques desprovidos deste registro,
recomenda-se a utilização do dispositivo indicado na
figura 1.
1.0 - INTRODUÇÃO

As amostras do óleo isolante não devem ser


recolhidas nas seguintes condições ambientais:

a) em dias chuvosos, de muita poeira ou com ventos


fortes;
b) quando houver umidade relativa do ar muito elevada;
procurar, sempre que possível colher a amostra com
umidade abaixo de 75%;
c) antes das nove horas e depois de dezessete horas.

2.0 - TRANSFORMADORES COM BOMBAS DE


CIRCULAÇÃO

Para transformadores que possuem bombas de Figura 1 - Dispositivo para retirada de amostra
circulação, as mesmas devem ser acionadas pelo menos
trinta minutos antes da retirada.

3.0 - UTILIZAÇÃO

As amostras devem ser retiradas de modo a


evitar qualquer contaminação, não devendo ficar expostas
ao ar ambiente e à luz por mais de cinco minutos após sua
retirada, quando se tratar de frasco de vidro claro e
transparente.

4.0 - ARMAZENAMENTO

As amostras devem ser armazenadas em


compartimento escuro, isento de poeira e umidade, de
modo a evitar qualquer contaminação.

5.0 - DISPOSITIVOS

O dispositivo recomendado para retirada de


amostras em tambores e transformadores desprovidos de
Figura 2 – Dispositivo para retirada de amostra de óleo
registro é do tipo imersão (pipeta), conforme figura 1.
isolante
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Capítulo 24: Amostragem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes para Análise Físico-Química - 134
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

Lavar os dispositivos de amostragem externa e a) lavar os frascos com aguarrás para retirar o
internamente com aguarrás mineral, com agitação óleo (duas vezes no mínimo);
constante. Lavar com detergente interna e externamente b) lavar com detergente;
muito bem e a seguir enxaguar com bastante água c) enxaguar com bastante água, agitando sempre
destilada; posteriormente enxaguar com álcool etílico e o frasco;
deixar escorrendo por meia hora. Em seguida, colocar os d) estando o frasco limpo, enxaguar muito bem
dispositivos em estufas para secar a 100º C durante pelo com água destilada. Para saber se o mesmo
menos 30 minutos, devendo se ter o cuidado de não tocar está limpo, não devem aparecer goticulas de
nas partes que podem entrar em contato com o óleo. Essa água, pois isto indica que ainda contém óleo;
lavagem é feita o mais cedo possível, após sua utilização, e) enxaguar muito bem o frasco com álcool
sendo os dispositivos guardados em sacos plásticos etílico, deixando escorrer o excesso de boca
selados, que serão por sua vez colocados em caixas para baixo até secar;
fechadas, aguardando a próxima utilização. f) colocar deitado na estufa a aproximadamente
100º C, sem a tampa durante meia hora;
g) retirar da estufa após seco, tampar e guardar
6.0 - RECIPIENTE em local limpo; se durante duas semanas não
for usado o frasco, refazer a operação de
As amostras devem ser recolhidas em frascos limpeza partindo da alínea c).
claros e transparentes, com as paredes isentas de
porosidade, temperados e com capacidade para um litro. Cada frasco deve ser identificado através de
Devem, ainda, possuir boca de 32 mm e tampa de vidro formulário adequado.
esmerilhada de padrão internacional, (ver figura 3) ou por
frascos de reagentes de dois litros, claros com tampa de 7.0 - PROCEDIMENTOS
vidro esmerilhada ou por tampa de plástico resistente ao
óleo isolante. As tampas deve ser seguras por 7.1 - Retirada do óleo em tambores
prendedores de aço os quais servem também como
suporte para os rótulos de identificação. Os frascos - verificadas todas as condições, introduzir a
devem ser protegidos durante a amostragem e transporte, pipeta (figura 1) até o fundo do tambor. Tomar
por uma manta tecida de fibra acrílica que é retirada após cuidado para não permitir entrada de óleo
a chegada do frasco no laboratório. durante a imersão, pois isso acarretará a não
representatividade da amostra;
- liberar o dedo polegar da pipeta de modo a se
obter uma pequena amostra, pela subida do
óleo dentro da pipeta;
- recolher a amostra no frasco de modo a ter
espaço para colocação da tampa sem que o
óleo extravase;
- tampar, rotular e guardar o frasco na caixa
apropriada dentro de 5 minutos;
- fechar o tambor, guardando-o em lugar
abrigado.

7.2 - Retirada do óleo em transformadores

- limpar a torneira da amostragem de óleo do


transformador com pano apropriado, limpo e
seco;
- abrir a torneira do equipamento e deixar
escoar, para um depósito, cerca de dois ou
mais litros. Isto deve ser feito antes de colher a
amostra, a fim de eliminar as impurezas
sólidas situadas junto á torneira;
- acoplar o dispositivo apropriado à saída da
válvula de amostragem do transformador;
- lavar o frasco com o próprio óleo a ser
Figura 3 - Frasco de amostragem
amostrado, antes de retirar a amostra
Os frascos de amostragem devem ser limpos definitiva. Para isso, e necessário retirar uma
conforme o procedimento mostrado a seguir: pequena quantidade de óleo no frasco, tampá-
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Capítulo 24: Amostragem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes para Análise Físico-Química - 135
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

lo e revolvê-lo vagarosamente, de modo que o - fechar a torneira de amostragem de óleo do


óleo entre em contato com toda a parede equipamento. Este passo pode ser feito ao
interna do frasco. Desprezar o óleo de mesmo tempo em que se processe a alínea f)
lavagem; anterior;
- colar no frasco a etiqueta de identificação da
- tampar o frasco, cuidando para que o mesmo amostra, devidamente preenchida;
fique bem vedado, colocar a proteção de folha - colocar o frasco, devidamente lacrado e
de alumínio e selar com fita adesiva. etiquetado, na caixa para transporte, tendo o
(Exatamente como estava antes de ser usado); cuidado de não expor a amostra à luz solar

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Capítulo 24: Amostragem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes para Análise Físico-Química - 136
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 25: AMOSTRAGEM DE FLUÍDOS


DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES PARA ANÁLISE
CROMATROGRÁFICA
“Tudo que o mundo precisa são de exemplos e não de opiniões.”

Paulo Coelho

RESUMO f) o transporte das amostras será facilitado se


forem usados recipientes especiais que
A norma NBR-7070/1981, estabelece os procedimentos mantenham as amostras no lugar durante o
para a amostragem de óleo para análise de gases percurso.
dissolvidos, conforme mostrado a seguir.
1.2 - Material de amostragem

1.0 - AMOSTRAGEM DE GASES DE SELOS GASOSO a) um tubo impermeável a gases, resistente ao


(POR EXEMPLO, COLCHÕES DE NITROGÊNIO) óleo; por exemplo, tubo de poli
E RELÉS COLETORES DE GÁS (BUCHHOLZ) (tetrafluoretileno) PTFE provido de uma
conexão que possa ser adaptado ao orifício de
1.1 - Generalidades amostragem do relé ou da camada de gás;
b) uma seringa à prova de gás de dimensões
a) Durante a migração do gás para o relé coletor apropriadas (de 25 cm a 250 cm ); por
sempre ocorrem mudanças na composição dos exemplo, seringas de vidro tipo médico ou
gases formados por uma falha e, comparando- veterinário com pistão de vidro ou, como
se a composição dos gases livres com aqueles alternativa, outros tipos com juntas àprova de
que permanecem dissolvidos no óleo, pode-se óleo;
freqüentemente obter informações quando ao c) recipientes para transporte projetados de
tipo e localização da falha. maneira a manter a seringa firmemente no
b) as amostragens de gás dos relés devem ser lugar durante o transporte.
feitas tão rápido quanto possível, uma vez que
uma demora excessiva pode causar uma 1.3 - Método de amostragem
reabsorção seletiva dos componentes no óleo
restante no interior do relé, o que poderia O dispositivo deve ser conectado como mostra a
mascarar evidências valiosas. figura 1. As conexões devem ser tão curtas quanto
c) são necessárias certas precauções quando se possível e cheias de óleo no inicio da amostragem.
recolhem amostras de gás, a saber: A válvula de amostragem (5) deve ser aberta. Se
- a ligação entre o dispositivo para amostragem houver sobrepressão no relé, a torneira de três vias (4)
e o recipiente deve ser feita de forma a evitar a deve ser cuidadosamente aberta, permitindo que qualquer
entrada de ar; óleo presente seja eliminado.
- ligações provisórias devem ser tão curtas Quando o gás alcançar a torneira de três (4), esta
quanto possíveis; deve ser manobrada de maneira a fechar a purga e
- a impermeabilidade aos gases de qualquer conectar a seringa. Em seguida, a torneira (2) deve ser
tubulação de plástico ou de borracha deve ser aberta e, sob a pressão do gás, a seringa (1) se encherá
previamente verificada. livremente, tomando-se cuidado para que o pistão não
d) as amostras de gás devem ser devidamente seja expelido. Quando uma quantidade suficiente de
etiquetadas e analisadas o mais rápido amostra tiver sido recolhido, a torneira (2) deve ser
possível, de preferência num período do fechada e o dispositivo desconectado.
máximo de duas semanas; Qualquer óleo que haja na seringa deve ser
e) o oxigênio, se presente no gás, pode reagir com expelido invertendo-se a seringa e pressionando-se
alguma quantidade de óleo retirada com a ligeiramente o pistão.
amostra. Recomenda-se, portanto, manter a Na ausência de sobrepressão dentro do
amostra abrigada da luz (por exemplo, transformador, uma bomba de ar suplementar deve ser
envolvendo-se a seringa em uma folha de conectada, entre a extremidade do dispositivo de
papel de alumínio), o que retardará a oxidação; amostragem e a torneira (2), para aspirar o gás.
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Capítulo 25: Amostragem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes para Análise Cromatrográfica - 137
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

A válvula do equipamento da amostragem (5) f) uma parte do oxigênio dissolvido presente na


deve ser fechada no fim da amostragem. amostra de óleo pode ser consumida por
oxidação. Essa reação pode ser retardada
mantendo-se a amostra abrigada da luz,
envolvendo por exemplo, o recipiente de
amostragem em uma folha de papel de
alumínio. A amostra não só deve ficar abrigada
da luz solar com também da luz de lâmpada
fluorescente que emite radiação ultravioleta.
g) as amostras devem ser cuidadosamente
etiquetadas;

1) seringa, 2) torneira, 3) tubos de conexão, 4) torneira de três vias, 5)


válvula de amostragem, 6) válvula do relé buchholz ou do colchão de
gás, 7) vaso de refugos.

Figura 1 - Amostragem por meio de seringas

2.0 AMOSTRAGEM DE ÓLEO DO TRANSFORMADOR

2.1 - Generalidades
Figura 2 - Modelo de etiquetas
a) O método de amostragem por seringa (dado a
seguir) é adequado qualquer que seja o meio
de transporte das amostras; A etiqueta deve ser preenchida conforme as
b) Os métodos descritos são convenientes para instruções abaixo:
equipamentos contendo grandes volumes de
óleo, tais como transformadores de potência. g.1) dados completos sobre a origem da amostra;
Para transformadores de distribuição ou outros g.2) detalhes sobre o equipamento de onde a
equipamentos com pequeno volume de óleo, é amostra foi coletada;
essencial que se assegure que o volume total g.3) responder se o equipamento está ou não em
de óleo retirado não afete o bom funcionamento e, em caso afirmativo, dizer a
funcionamento do equipamento. partir de quando (mês e ano);
c) a seleção dos pontos nos quais as amostras g.4) responder sim, de acordo com o tipo de
serão tiradas deve ser cuidadosamente feita. camada (nitrogênio ou ar) superior ao óleo
Normalmente, a amostra deve ser tirada em isolante,
ponto representativo do total de óleo do g.5) tipo de conservador (aberto, com membrana
transformador e onde não existam mudanças ou com bolsa);
na composição, tais como as devidas à g.6) responder se o óleo isolante foi trocado ou
cavitação de bombas. Entretanto, algumas desgaseificado após o equipamento ter sido
vezes será necessário deliberadamente tirar energizado e, em caso afirmativo, dizer
amostras onde não se espera que elas sejam quando;
representativas, como, por exemplo, ao se g.7) responder se o óleo isolante foi
tentar localizar uma falha; recondicionado (filtrado ou secado) após o
d) normalmente, a tomada de amostra deve ser equipamento ter sido energizado e, em caso
feita na válvula inferior de amostragem. afirmativo, dizer quando;
e) as amostras devem ser retiradas com o g.8) responder sim ou não, no caso do óleo do
equipamento na condição normal de CDC estar ou não em comunicação com o óleo
funcionamento (isto é importante para se do tanque principal;
verificar a taxa de produção de gás); g.9) informações sobre as condições ambiente do
óleo isolante no momento da coleta;
Nota - O operador deverá estar habilitado para g.10) informações sobre a natureza e a localização
respeitar as normas de segurança, quando da da válvula de amostragem utilizada;
coleta de amostras de óleo em equipamento g.11) outras informações úteis sobre o histórico do
energizado. equipamento.

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Capítulo 25: Amostragem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes para Análise Cromatrográfica - 138
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

2.2 - Material de amostragem retirar deve levar em consideração o nível de óleo do


equipamento;
a) Um tubo impermeável, resistente ao óleo; por c) a torneira de três vias deve ser então aberta de
exemplo, tubo de poli (tetrafluoretileno) PTFE forma a permitir que o óleo penetre lentamente
para conectar a seringa ao equipamento; esse na seringa. O pistão não deve ser puxado, mas
tubo deve ser o mais curto possível e possuir permitido que recue sob a pressão do óleo;
uma torneira de três vias.
Nota: Na ausência de uma válvula de amostragem adequada à d) a torneira de três vias deve ter sua posição
adaptação direta de um tubo, pode ser necessário mudada de forma a permitir a evacuação do
improvisar-se utilizando uma flange perfurada ou uma óleo da seringa, e o pistão empurrado para que
bucha de borracha, resistente ao óleo, sobre o dispositivo a seringa se esvazie. Deve-se assegurar que a
de enchimento.
superfície interna da seringa e do pistão esteja
b) seringa à prova de gás, de vidro ou possuindo
completamente lubrificada pelo óleo;
juntas de plástico ou de borracha à prova de
óleo, com pistão de vidro ou de plástico. Seu
e) repetir a operação descrita em c;
volume pode estar compreendido entre 25 cm e
1) a torneira da seringa deve ser então fechada,
250 cm , dependendo principalmente da
juntamente com a válvula de amostragem;
sensibilidade do procedimento analítico
g) a seringa deve ser desconectada;
utilizado e do volume de óleo do equipamento
h) a amostra deve ser corretamente etiquetada.
a ser amostrado. A seringa deve estar equipada
com uma torneira, permitindo que possa ser
fechada hermeticamente.

Figura 3 – Seringa de três vias


Nota: A estanqueidade aos gases de um tipo de seringa pode
ser testada mantendo-se uma amostra de óleo em uma
seringa durante duas semanas e analisando-se as taxas de
hidrogênio no inicio e no fim deste período. Uma seringa
aceitável permitirá perdas de hidrogênio menores que
2,5% por semana.

c) Recipientes para transporte projetados de


maneira a manter as seringas firmemente no
lugar durante o transporte, permitindo ao
mesmo tempo que o pistão da seringa
permaneça livre.

2.3 - Método de amostragem

a) A bucha ou tampa da válvula de amostragem


deve ser removida e o orificio de saida limpo
com um pano, a fim de eliminar toda sujeira
visível. O dispositivo deve ser então conectado
como o indica a figura 4, e a válvula principal
de amostragem, aberta.
b) A torneira de três vias deve ser ajustada para
pennitir que 1 a 2 litros possam ser eliminados
Notas: 1. O objetivo deste procedimento é eliminar o óleo contido
nas conexões para amostragem, devendo ser eliminado, no
inicio, duas vezes o volume estimado destas conexões;
2. Estes procedimentos não se aplica a equipamentos com
pequeno volume de óleo; para estes casos, o volume a Figura 4 - Amostragem de óleo com seringa

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Capítulo 25: Amostragem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes para Análise Cromatrográfica - 139
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

CAPÍTULO 26: MANUSEIO E ESTOCAGEM DE


FLUÍDOS DIELÉTRICOS E REFRIGERANTES
“Não se preocupe com o pai da idéia, escolha as melhores e vá em frente”

Steve Tobs

RESUMO permite considerá-lo totalmente isentos de propriedades


contaminantes do óleo. De qualquer forma, para as
O texto a seguir apresenta os procedimentos empresas que utilizam baseadas em garantia de
padronizados pela ABNT para o manuseio e estocagem fabricantes, recomenda-se a adoção das seguintes
de fluídos dielétricos e isolantes. medidas:
- utilizá-los unicamente como embalagens
1.0 - TRANSPORTE provisória, evitando-se mantê-los por longos
períodos;
1.1 - Caminhões Tanque - segregar os destinados a óleos limpos dos
destinados a óleos que exijam
Deverão ser empregados com exclusividade para recondicionamento ou regeneração, uma vez
transporte de óleos novos ou recondicionados. Quando que sua limpeza adequada se reveste de grande
empregados no transporte de óleos que necessitam dificuldade;
regeneração, os tanques deverão ser submetidos a uma - as suas válvulas devem ser firmemente
criteriosa limpeza, após utilização. fechadas após enchimento e, se possível,
As superfícies internas dos tanques deverão ser posicionadas de forma a manter pressão
pintadas à base de resina epóxi curada com anima, a interna positiva em relação à externa sobre as
menos que sejam de aço inox ou alumínio. mesmas.

1.2 - Tambores Nota - Todo óleo supostamente em condição de uso deve ser submetido
aos ensaios básicos imediatamente após o transporte, de forma a
permitir uma classificação adequada, quer para efeito de estocagem,
O transporte em tambores quando conveniente e quer para imediata utilização.
econômico, deverá reger-se pelas recomendações abaixo
discriminadas:
2.0 - ESTOCAGEM
- ser lacrado e próprio para armazenamento não
abrigado; Estes procedimentos referem-se apenas à óleos
- ter capacidade de 200 litros; limpos ou recondicionáveis.
- ter revestimento interno resistente à ação do óleo A estocagem de óleos destinados á regeneração
(revestimento à base epóxi); obedecerá a critérios particulares de cada empresa.
- ter duas aberturas, em sua parte superior, providas de
bujões que sejam ao óleo e não permitam entrada de 2.1 - Tanques
umidade.
A estocagem em tanques deve ser
Os bujões e os selos devem ser do tipo “tri- preferencialmente utilizada devendo os tanques possuir as
sure” ou similar. seguintes características básicas:
Os tambores devem ser transportados ou em
posição horizontal com a linha de centro dos bujões - o revestimento protetor interno deve ser
niveladas, de forma a manter pressão interna em relação à mesmo já indicado para reservatório de
parte externa sobre os bujões, ou em posição vertical com caminhões tanques;
os bujões para baixo, sobre vigas de madeira que - os tanques, em particular os destinados a óleo
impeçam o contato com o piso. limpo, devem ser providos de dispositivos
capazes de evitar a penetração de umidade
1.3 - Containers de borracha sintética (respiros com silica-gel) ou pressurizadores de
nitrogênio);
É necessário levar-se em consideração que a - as tubulações de conexões aos tanques ser
experiência insuficiente com este tipo de embalagem não mantidas limpas e livres de umidade.
________________________________________________________________________________
Capítulo 26: Manuseio e Estocagem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 140
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE
TRANSFORMADORES
Parte V: Fluídos Dielétricos e Refrigerantes (Óleos)

2.2 - Tambores tambores; no segundo caso o número de filas não deve


exceder de três tambores para evitar o amassamento dos
Os tambores deverão ser estocados tambores inferiores.
preferencialmente em local coberto. Deverão ser Os tambores devem ser claramente marcados,
empilhados ou na posição vertical, com os bujões para num dos tampos, para completa identificação do óleo nele
baixo, sobre estrados de madeira, de forma a permitir a contido.
operação de empilhadeira, ou na posição horizontal com
os bujões situados de tal forma que a linha de centro dos
mesmos fique aproximadamente em posição horizontal. 2.3 - Containers
No primeiro caso o número de filas superpostas
varia com as condições locais de armazenamento e com A estocagem em container de borracha é
os recurso disponíveis para empilhamento e remoção de desaconselhável

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Capítulo 26: Manuseio e Estocagem de Fluídos Dielétricos e Refrigerantes - 141

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