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O que é um livro didático?

David Hamilton

School of Education,

University of Liverpool

Meu objetivo, hoje, é de dar atenção a uma questão que, presumivelmente, a


maioria de nós já tenha pensado sobre (por exemplo, Michael, 1990). No meu
caso, a pergunta “O que é um livro didático?” surgiu conjuntamente – ou como
nota – ao meu trabalho como educador (ver Hamilton, 1989, p. 51, nota 46).
Conceitualmente, não encontrei dificuldades em identificar livros didáticos,
como currículos, na organização e condução da prática docente. Porém, como a
maioria dos educadores descobriram, é muito mais fácil localizar um fenômeno
em um espaço lógico do que localizá-lo em um espaço histórico. Em outras
palavras, poderia eu encontrar qualquer evidência para minha suposição?
Quando, por instância, o livro didático surgiu?

Mas mesmo este problema empírico não pode ser abordado até que uma
definição possa ser oferecida para o termo 'livro didático'. O que se segue é,
então, um relatório sucinto sobre os meus próprios esforços acerca deste
problema - uma questão que, tanto quanto posso observar, tem recebido pouca
atenção de educadores recentes.

Talvez o problema conceitual fundamental esteja em encontrar uma maneira de


distinguir livros didáticos dos livros escolares [utilizados, no ambiente escolar,
mesmo não tendo sido produzidos para esta finalidade]. Não
surpreendentemente, a minha posição é de que os livros didáticos visivelmente
refletem importâncias pedagógicas. Ou seja, um livro didático não é apenas um
livro usado nas escolas. Pelo contrário, é um livro que foi conscientemente
concebido e organizado para servir os fins de escolaridade.

Nesse sentido, então, os livros didáticos são organicamente ligados às


mudanças nas circunstâncias de escolaridade. Na verdade, é possível prescrutar
as tendências da educação a partir do acompanhamento dos manuais escolares.

Minha tese é que os livros didáticos tiveram suas origens nos séculos XVI e
XVII. No entanto, mesmo estes desenvolvimentos foram prenunciados pelas
mudanças anteriores no layout [na estética] dos livros didáticos, discutidos por
Rouse e Rouse (1979), e na posterior organização de dicionários, compêndios e
enciclopédias, bibliografias nos séculos XV e XVI (ver, por exemplo, Strauss,
1966, Fischer, 1966 e Grafton & Jardine, 1986). De fato, no entanto, muitas
dessas alterações precoces na organização de livros não se destinavam a servir a
propósitos pedagógicos. Em vez disso, eles tinham a intenção de produzir
textos mais acessíveis aos seus usuários/poprietários regulares (por exemplo,
pastores).

Entretanto, mudanças importantes ocorreram na organização da escolaridade.


Grafton e Jardine, por exemplo, sugerem que um "currículo humanista
generalizado" surgiu no século XVI, tendo início com base em uma "ideologia
da rotina, da ordem e, acima de tudo, “método” (p. 123). E, como propus em
outra publicação (Hamilton, 1990, pp 25-28), a obsessão do século XVI com o
método [científico] trouxe uma ordem sem precedentes para o ensino.

Talvez a figura mais importante nesta transformação é Peter Ramus (?1515-


1572). Ramus capitalizou pensadores anteriores (por exemplo, Rudolph
Agricola, 1444-1485), os quais, de acordo com Grafton e Jardine, tinham dado
uma atenção considerável para a organização do conhecimento de acordo com a
"lugares comuns" e "argumentações". Estes identificaram as principais noções
ou títulos que ajudaram na estruturação de diferentes formas de discurso (por
exemplo, palestras, sermões, obituários). Daí em diante, sistemas elaborados de
lugares-comuns preparados por Agricola e seus discípulos (por exemplo,
Erasmus), desde os professores do século XVI com modelos que poderiam ser
seguidos no seu próprio ensino.

A contribuição subsequente de Ramus, ao que parece, foi a de agrupar, no


sistema de lugares-comuns, literalmente, termos relacionados ao ramo das
classificações taxonômicas. Além disso, a especialização do conhecimento pelo
método de Ramus também foi muito facilitada pela nova tecnologia da prensa
móvel (ver, por exemplo, Eisenstein, 1979 e Ong, 1958).

A ideia de que os mapas lógicos [do método proposto por Ramus] poderiam
ajudar o ensino de qualquer campo de investigação foi poderosa no século XVI.
Tais mapas ofereceram uma solução racional para tanto o “o quê?” quanto o
“como?” (da seqüência) de ensino. Como Grafton (1981, p. 47) tem reiterado, as
abordagens ramistas para o mapeamento do conhecimento fornecido aos
alunos funcionariam como uma "chave-mestra universal", que, se,
“devidamente aplicadas” poderia desbloquear qualquer uma das artes e das
ciências.

Globalmente, então, Ramus tinha formado um novo aparelho que, como


acreditava, iria trazer uma nova "ordem" - e absolutismo - para o arsenal
pedagógico de professores do ensino com formação universitária.

De fato, uma das mais extensas exposições de mapas ramistas, juntamente com
um dos primeiros usos de “currículo”, ocorre na Professio regia (1576), uma
compilação preparada por Thomas Fregius de Basileia. E um display
semelhante exaustivo de mapas ramistas foi oferecido na Enciclopédia (1630) de
Johann Heinrich Alsted (1588-1638) da Herborn Academy (Alemanha). Alsted
era um seguidor de Bacon (1561-1627), bem como Ramus, combinando os
diferentes eixos de seu trabalho. Assim, os mapas de Alsted não eram
meramente um reflexo do estado do conhecimento (cf. Ramus); ele também
acreditava serem isomórficas para com o mundo real (cf. Bacon). Em suma,
Alsted tinha uma visão naturalizada (ou essencialista) do conhecimento. Mapas
e taxonomias do mundo foram assumidas como sendo isomorfas do mundo
natural (ver, por exemplo, as discussões de Rief de 1969, e Slaughter, 1982).

O lugar de Alsted na história da educação é assegurado - em grande parte


porque ele é comemorado como o professor e mentor de John Amos Comenius
(1592-1670). Mas, no contexto deste artigo, vale a pena lembrar-se dele por duas
outras razões. Primeiramente, porque sua Enciclopédia também contém a
palavra "currículo". E, em segundo lugar, porque também dedica uma seção a
"didática".

Infelizmente, estou ficando ainda mais fora do meu alcance. Por um lado, eu
não tenho acesso à teoria desta parte da obra de Alsted (em grande parte
porque é em latim); e, por outro lado, por não apreender adequadamente o
significado e a importância cultural, na Europa de então, do termo "didática".
No entanto, a locação histórica de Alsted me leva a propor que não só
propunha aceitar que havia uma relação "natural" entre "palavras" e "coisas" (cf.
em título francês - Les Mots et les Choses - de Foucault, ou The Order Of
Things: an Archaelogy of the Human Sciences, 1970), mas que havia também
uma ordem natural na sequência das coisas.

Para concluir, eu sugeri que a concepção estética e a organização de textos


instrucionais [escolares, não na categoria de didáticos] deve muito a uma
suposição - derivada de Aristóteles - que o conhecimento poderia ser mapeados
e ordenados de acordo com a "natureza". Além disso, também sugiro que essa
hipótese do centralismo das questões estéticas também foi fundamental para o
surgimento do currículo e do pensamento didático. Na verdade, eu poderia
mesmo ir tão longe a ponto de propor que, nestes termos, o século XVII foi a era
de ouro dos livros didáticos, dos currículos e da didática.

Há um fechamento1 para esta história. Como Mary Staughter e, em menor


medida, Patricia Rief colocaram, o aumento das sínteses essencialistas
modernistas também foi sucedido por seu “declínio” (Slaughter, cap. 9).
Filosoficamente, cientificamente, socialmente e de qualquer forma (escreve
Mary Slaughter, p. 189), até o final do século as condições não eram o que
tinham sido antes. Quando da Revolução de 1688, o desenvolvimento da
filosofia mecanicista e atomicista desafiou e, finalmente, triunfou sobre o
paradigma da física Aristotélica.

A organização e a racionalidade dos livros didáticos (e currículos) nunca mais


foi a mesma. Talvez, por isso, o pós-modernismo no pensamento educacional
começou um pouco mais cedo do que é atualmente suposto.

1O autor aqui utiliza o termo “coda”, que caracteriza graficamente o fechamento da seção de
uma peça musical.

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